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CAPÍTULO V

MODELOS DE ATENÇÃO À
SAÚDE
Modelos de atenção à saude são combinações de tecnologias estruturadas para a
resolução de problemas e para o atendimento das necessidades de saúde da população,
sejam elas individuais ou coletivas.

Sistemas de saúde, as organizações de saúde e suas formas de interagir, bem como o


trabalho das diversas corporações de trabalhadores e a sua valoração social mudam ao
longo da história e nas diversas localidades bondes encontram-se inseridos,
dependendo, acima de tudo, do tipo de enfoque que utilizamos para abordá-los.
A segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX são marcadas por
uma evolução dos hospitais, com o reconhecimento de direito e de fato, da medicina
como profissão, dotada de autonomia técnica, poder jurisdicional e auto-
regulamentação. A medicina passa a ser vista como uma ciência e o modelo passa a ser
hospitalo-cêntrico e com uma visão biomédica.

A partir da metade do século XX, dois principais sistemas de saúde são criados:

• Os sistemas Nacionais Públicos de Saúde: nos países socialistas e na maioria dos


países europeus, que tem caráter de acesso universal, fortemente regulado e
financiado pelo aparato estatal

• Sistema liberal privatista: principalmente nos EUA, onde a população compra os


serviços de saúde direto dos prestadores, através de diferentes tipos de associações.

No pós guerra, a extensão da proteção social, que engloba a assistência a saude a toda a
população, se deu tendo como objetivo principal disponibilizar médicos e hospitais para
a população. Isto fez com que houvesse um grande aumento da procura a serviços
hospitalares. No entanto, o gasto com a medicina hospitalar cada vez mais especializada
e a dependência de equipamentos de alta tecnologia, aumentou o gasto com a
assistência a saúde, numa medicina focada na especialização e no cuidado a doença. A
medicina com o propósito de melhorar a qualidade de vida e os indicadores de saúde
passaram a ser questionadas, devido a substituição pela tecnologia. A OMS lança então
um programa saúde para todos nos anos 2000, que implicava numa recrientação dos
serviços de saeude, que procurava enfatizar a prevenção de doenças e a promoção de
saúde, a inter-setorialidade, a multidisciplinariedade e a atenção primária.

Modelos Assistenciais no Brasil

No Brasil, de forma geral, os movimentos em relação ao sistema de saúde, se dão de


forma similar ao ocorrido em outros países.

No entanto, desde a época do império, o estado se ocupava da questão do saneamento e


do controle de epidemias e endemias, no entanto haviam poucos hospitais, em sua
maioria militares, deixando a construção e a manutenção de hospitais a cargo da
filantropia. A medicina privada se fazia presente nas grandes cidades apenas para as
classes mais abastadas.

No início do século XX, num período chamado de sanitarista camapnhista, o Estado


amplia as ações de cunho higienista para vigilância portuária e para campanhas
sanitárias, como as promovidas por Oswaldo Cruz. Essas campanhas geralmente eram
de cunho autoritário, usando estratégias militares para sua implementação, gerando
diversos levantes populares, como a revolta da vacina. Nesse período, o crescimento dos
hospitais, se deu a nível federal, voltado para as grandes epidemias e a saúde mental,
com pequenos hospitais municipais e estaduais voltados para urgências e emergências.

Durante a ditadura militar, há a criação do INPS, explicitando a compra de serviços do


setor privado em detrimento de construção própria. A partir de então, começam os
movimentos que levaram a criação do SUS.

Entre 1976 e 1999 a rede de atenção a saúde, publica e privada, apresenta uma grande
expansão, onde cerca de 72% eram estabelecimentos publicos, 93% constituindo a
ampliação da rede ambulatorial, indicando a reversão do modelo hospitalo-cêntrico.

Atualmente, no Brasil, existem diversas formas de organizar e prover os serviços


públicos e privados de saúde. São elas:

• Modelo Liberal Privatista: encontrado na rede de saúde completentar


• Sistema Nacional e Público de Saúde: concepção do SUS, que se enquadra no
sanitarista campanhista.
• Medicina comunitária: é uma alternativa aos modelos hegemonicos, é um
modelo centrado nos Cuidados Primários em Saúde, por uma multiplicidade
de programas que visam ampliar a assistência médica a populações
desassistidas. Propõe uma reorganização dos profissionais de saeude, a partir
de profissionais generalistas, que seriam os responsáveleis por implementar
ações curativas e preventivas, com serviços organizados regional e localmente,
por níveis de atenção.
• Ações programáticas de Saúde (APS): baseados em centros com profissionais
médicos semi especialistas, como clínicos, pediatras e ginecologistas,
enfermeiros e outros trabalhadores, que visam aumentar o nível de saúde ou
reduzir ou controlar a carga de doenças, por meio de ações programáticas de
saúdee. As APS são inicialmente voltadas para atenção infecto-contagiosas e
parasitárias e então esntendeu-se das mais variadas formas.
• Sistemas Locais de Saúde (SILOS): tem por finalidade aumentar a eficiência e
a eficacia dos sistemas de saúde e prover maior equidade no acesso a eles.
Cada local deve fazer os arranjos necessários a implementação de uma série de
diretrizes, como as delineadas na medicina comunitária, para melhor se
adequar ao lugar onde serão coladas em prática.

Diretrizes OMS

• Saúde é qualidade de vida: saúde não é mais apenas a ausência de doença e o


conceito de saúde pode ser definido de forma diferente em cada local. O
importante é que as condições para que haja saúde sejam garantidas.
• Políticas públicas devem ser saudáveis e promover saúde
• Participação social: a sociedade deve ser capaz de se organizar para discutir e
deliberar formas de enfrentar os probelmas, de forma local ou nacional e a
participação social é fundamental na mobilização para a saúde.
• Auto-cuidado: cada cidadão deve se envolver pessoalmente para conseguir
mais saúde para si mesmo e para a coletividade, ampliando os conhecimentos
sobre si mesmo.
• Ação intersetorial: a ação conjunta e articulada de vários setores permitem as
condições necessárias que aproxima a saúde dos seus objetivos.
• Reorganização dos serviços de saúde: possibilitar a constituição de um sistema
de saúde que tem maior protagonismo no imenso leque de ações que visam a
qualidade de vida.

Produção de Saúde

• Equipes de referência: a equipe ou profissional de referência são aqueles aos


quais se vinculam um certo numero de cidadãos ou famílias pelos quais a
equipe se reponsabiliza, acompanhando-os ao longo do tempo, seja nos
aspectos que envolvem o controle das suas doenças, seja em relação a
promoção da sua saeude. Essa equipe pode ter diversas constituições. Utilizar
o apoio de especialistas não isenta a equipe de referência de continuar se
responsabilizando pela condução e acompanhamento dos casos.
• Apoio especializado matricial: assegura retaguarda especializada a equipe de
profissionais encarregados da atenção a problemas de saúdee.
• Formação de vínculo: dá-se entre o usuário e a equipe, num processo de co-
responsabilização pela saúde do usuário e na finalidade de apoia-lo nos
processos de produção da sua própria saeude. Para que isso ocorra, é
necessário que o usuário seja adscrito a uma equipe se saúde, que pode ter os
mais variados formatos.
• Responsabilização clínica e sanitária: uma equipe deve assumir a
responsabilidade clínica, mas também sanitária sobre uma determinada
população sob sua responsabilidade. As questões ambientais, epidemiológicas
e que dizem respeito à população por ela assistida também fazem parte de seu
escopo de responsabilidades. Os usuários também são responsáveis por essas
condições.
• Identificação de risco e vulnerabilidade: riscos e vulnerabilidades tanto
individuais como coletivos deverão ser identificados pela equipe e traçadas
diretrizes para sua abordagem. Indivíduos ou coletividades sujeitas à maior
probabilidade de danos à sua saúde deverão receber abordagem diferenciada.
• Utilização de múltiplos paradigmas: o paradigma biomédico é insuficiente,
embora necessário, para que os problemas dos usuários sejam abordados em
sua complexidade.É preciso alargar os campos de conhecimento para dar
conta da abordagem de um objeto que foi ampliado.
• Trabalho em equipe: não apenas o médico, mas um variado leque de
trabalhadores de saúde necessita ser organizado de forma a aumentar a
capacidade dos serviços de resolver problemas e produzir saúde. Organizar o
trabalho de forma que estas equipes de saúde efetivamente atuem como equipe
é de extrema relevância para o sistema de saúde.
• Construção de autonomia: um dos principais objetivos do trabalho em saúde é
ampliar autonomia dos usuários do sistema de forma que possam cuidar
melhor de si e também dos outros.
• Elaboração de projetos terapêuticos singulares: o processo de adoecimento é
diferente para cada sujeito e tem impactos diferentes na vida de diferentes
sujeitos, de forma que as abordagens precisam ser singularizadas.
• Elaboração de projetos de intervenção na comunidade: problemas comuns ao
contexto da vida dos usuários sob a responsabilidade de uma determinada
equipe de referencia necessitam ser abordados pela equipe e pela comunidade.

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