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Em que consiste o método científico?

Método indutivista
Método das conjeturas
e refutações (Popper)
SÍNTESE

de d
Leis u
e teorias

çã
Problema Conjetura Refutação
ão

o
in d u ç

Factos
Previsões O cientista Perante o problema, Diante de uma
adquiridos
e não parte de o cientista hipótese ou teoria,
através da observações puras conjetura uma o cientista deve
explicações
observação e imparciais, mas possível explicação testá-la, ou seja, ver
sim de problemas. (hipótese ou teoria). se resiste à refutação.

Como se distinguem as teorias científicas


das teorias não-científicas?

Critério de verificabilidade Critério de falsificabilidade (Popper)

Uma teoria é científica se, e só se, Uma teoria é científica somente se for
for constituída por proposições empiricamente falsificável, isto é, se for
empiricamente verificáveis, ou seja, caso possível conceber um teste experimental
o seu valor de verdade possa, na prática que seja capaz de mostrar que a teoria é
ou em princípio, ser determinado a partir falsa.
de observações.

O método indutivista tem três momentos: • Este critério foi inventado pelos positivistas
• 1º momento: a ciência começa com a obser- lógicos para distinguir frases declarativas com
vação; ou seja, os cientistas começam por ob- sentido de frases declarativas sem sentido.
servar os factos de forma imparcial, rigorosa • De acordo com este critério, uma teoria é
e isenta de pressupostos teóricos. científica se, e só se, for constituída por pro-
• 2º momento: formulam-se teorias e leis: os posições empiricamente verificáveis, ou seja,
cientistas procuram inferir enunciados gerais caso o seu valor de verdade possa, na prática
(teorias e leis) a partir de enunciados singu- ou em princípio, ser determinado a partir de
lares. observações.
• 3º momento: realização de previsão, expli- As principais objeções que se podem levantar
cação e confirmação – a partir das teorias, os à conceção indutivista da ciência e ao seu cri-
cientistas deduzem previsões e explicações tério de demarcação são as seguintes:
que possam ser confirmadas.
• A observação não é o ponto de partida.
O critério de demarcação sugerido por uma con- • Algumas teorias científicas referem-se a obje-
ceção indutivista da ciência designa-se por cri- tos que não podem ser observados.
tério de verificabilidade.

IV. 2 . O estatuto do conhecimento científico 213


• As inferências indutivas são injustificáveis futada pela experiência (ou seja, se for falsa).
(isto é, há o problema da indução). • O argumento de Popper para o seu critério de
• A lógica subjacente à verificação é falaciosa. falsificabilidade é o seguinte: (1) Uma teoria
• A atitude de verificabilidade é autodefensiva, que garante só verificações ou confirmações
uma ameaça à racionalidade e dogmática. e que ignora possíveis refutações não pode
ser concebida ou mostrada como falsa. (2) Se
• O critério de verificabilidade é autorrefutante.
uma teoria é científica, então faz afirmações
O método do falsificacionismo de Popper tem ou previsões que poderiam ser concebidas ou
três etapas: mostradas como falsas. (3) Logo, uma teoria
• 1ª etapa: o problema – o ponto de partida que garante só verificações ou confirmações
para a investigação científica não é a observa- e que ignora possíveis refutações não é cien-
ção pura e imparcial dos factos, mas sim um tífica.
problema levantado por uma observação que • O critério de falsificabilidade não é uma con-
entra em confronto com as teorias e expecta- dição suficiente para se ter boas teorias, pois
tivas de que já dispomos. também é necessário que estas sejam claras,
• 2ª etapa: a conjetura – perante o problema, precisas, audazes e informativas, ou seja, é
o investigador conjetura uma possível expli- preciso que tenham um elevado conteúdo em-
cação (isto é, uma hipótese ou teoria) para os pírico.
factos observados, baseado na sua experiên- • Para se ter boas teorias científicas é preciso
cia passada. atender aos graus de falsificabilidade, que
• 3ª etapa: a refutação – no final, resta ao cien- indicam que quanto maior for a probabilidade
tista testar a sua hipótese, isto é, recorrer de um enunciado ser refutado, maior informa-
aos testes experimentais, não para confirmar ção ele terá. Por isso, as boas teorias são as
uma hipótese, mas para tentar provar a sua que têm um grau de falsificabilidade elevado.
falsidade, ou seja, para tentar refutá-la.
As principais objeções que se podem levantar
O critério de demarcação sugerido por Karl ao falsificacionismo são as seguintes:
Popper designa-se por critério de falsificabili- • Nem todas as teorias científicas são falsificá-
dade. veis.
• Este critério é definido desta forma: uma teo- • O falsificacionismo não está de acordo com a
ria é científica somente se for empiricamente prática científica.
falsificável, isto é, se for possível conceber • Não é razoável abandonar uma teoria apenas
um teste experimental capaz de mostrar que porque foi refutada por um teste experimental.
a teoria é falsa.
• O falsificacionismo subestima a importância
• Por um lado, uma teoria é falsificável se for das confirmações no progresso científico.
possível refutá-la pela experiência. Por outro
lado, uma teoria é falsificada se tiver sido re-

SUGESTÕES
Livros Filmes e séries
(disponível em
• Nigel Warburton (1992), “Ciência” in Elementos Básicos www.filosofia11.sebenta.pt)
de Filosofia. Trad. Desidério Murcho. Lisboa: Gradiva, • Cosmos
2ª Ed., 2007, pp. 179-202.
• Karl Popper (1963), “Ciência: Problemas, Objetivos, Internet
Responsabilidades” in O Mito do Contexto. Trad. Paula (disponível em
Taipas. Lisboa: Edições 70, 2009. www.filosofia11.sebenta.pt)
• O Problema da
• Karl Popper (1963), Conjeturas e Refutações. Trad.
Demarcação
Benedita Bettencourt. Coimbra: Almedina, 2006.
• Lisa Bortolotti (2008), Introdução à Filosofia da Ciência.
Trad. Jorge Beleza. Lisboa: Gradiva, 2013.

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