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UEM – CTC – DEC

HIDRÁULICA II
DEC 2577

PROFA. DRA. CLÁUDIA TELLES BENATTI


CAPÍTULO 7
PORTO

ESCOAMENTOS EM SUPERFÍCIE
LIVRE

DEC 2577 UEM 02/2019 Profa. Dra. Cláudia Telles Benatti


AULA 02

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Distribuição de velocidade
Desenvolvimento dos estudos nos próximos capítulos é feito
utilizando a velocidade média em uma seção
• Devido a presença da superfície livre e ao atrito ao longo das
paredes do canal, as velocidade em um canal não estão
uniformemente distribuídas na seção reta do mesmo

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Distribuição de velocidade
Canais apresentam uma não uniformidade nos perfis de velocidade e
não apresentam simetria axial
• Distribuição de velocidade não é simétrica em relação ao eixo
devido a presença de superfície livre
• De maneira geral, perfil parabólico em canal prismático
• Máxima velocidade ocorre pouco abaixo da superfície livre

vmáx.
1 vméd.
Isotáquia ou z
linha de igual b
velocidade v
Seção transversal
Distribuição de velocidades
na linha central de um canal
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Distribuição de velocidade
A máxima velocidade ocorre abaixo da superfície livre devido a
presença de correntes secundárias e é uma função da razão do
canal
• Em um canal fundo e estreito a localização do ponto de máxima
velocidade estará mais abaixo da superfície do que de um canal
largo com a mesma profundidade.

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Distribuição de velocidade
Distribuição de velocidade em uma seção do canal depende também
de outros fatores, como formato da seção, rugosidade do canal e
presença de curvas.
• Em uma curva a velocidade aumenta significativamente no lado
convexo devida a ação centrífuga do fluxo.
• Efeito do vento tem muito pouco efeito na distribuição de
velocidades.

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Distribuição de velocidade
Distribuição de velocidade em uma seção do canal depende também
de outros fatores, como formato da seção, rugosidade do canal e
presença de curvas.
• Em um canal largo, rápido, raso, ou em um canal muito liso, a
velocidade máxima pode ocorrer na superfície.
• Em geral, a rugosidade do canal aumenta a curvatura do perfil de
distribuição de velocidades e a máxima apresenta-se abaixo da
superfície d´água

Leito liso
Leito rugoso

Efeito da rugosidade na
distribuição de velocidades
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Distribuição de velocidade
Curvas de isovelocidade em diferentes seções de canais

Isotáquia

Canal triangular Canal trapezoidal

Tubo
Vala rasa

Seção retangular
estreita
Canal natural irregular
Fonte: White (2011)
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Distribuição de velocidade
Curvas de isovelocidade em um canal natural – uma seção transversal
do rio Amazonas, medida a uma vazão de

2,2
2,6
2,6
2,8
3,0
2,4
00

2,6
10

2,0
2,4
2,6

1,0
20
1,0

2,0
2,4

30

40 2,6
2,4
50

60

Fonte: Baptista (2012)


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Distribuição de velocidade
Observações em campo em rios e canais mostram que, em uma
vertical com profundidade de fluxo , a velocidade média ocorre a
um nível a partir da superfície, e pode ser calculada a partir de

em que,
= velocidade média na vertical
e = velocidades nas profundidade e medidas a
partir da superfície, respectivamente

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Distribuição de velocidade
Distribuição típica de velocidades

A velocidade na superfície está relacionada com a velocidade


média , em que e é um coeficiente compreendido entre
0,80 e 0,95, a ser determinado em calibrações em campo.
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Distribuição de velocidade
Escoamento permanente que depende de três coordenadas
para a definição das propriedades é chamado de
tridimensional

Modelo tridimensional, no qual


• Caso dos canais retangulares estreitos com relação largura da
superfície livre pela altura d’água menor do que 3

Canal retangular estreito


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Distribuição de velocidade
Modelo bidimensional, no qual
• Com uma relação largura da superfície livre pela altura d’água
maior do que 3, pode-se usar uma aproximação bidimensional

(7.5)

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Distribuição de velocidade
Modelo bidimensional, no qual
• Distribuição de velocidades na região central da seção em canais
muito largos (canais em que ) pode ser considerada a
mesma de um canal retangular de largura infinita.
• Nestas condições, as laterais do canal não influenciam na
distribuição de velocidades na região central.
• Fluxo na região central de canais muito largos pode ser
considerado bidimensional.

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Distribuição de velocidade
Modelo unidimensional, no qual
• Cálculos podem ser ainda mais simplificados considerando
escoamento unidimensional
• Velocidade pontual só irá variar com uma coordenada geométrica
ao longo do canal
• Velocidade média na seção reta é única e representativa

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Coeficientes de correção
Devido a não uniformidade na distribuição das velocidades nas
seções dos canais pode ser necessário o uso dos coeficientes de
correção de energia cinética (α – coef. Coriolis) e da quantidade de
movimento (β – coef. De Boussinesq).

(7.6)

(7.7)

em que,
= velocidade pontual [ ]
= velocidade média na seção [ ]
= área da seção reta [ ]

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Coeficientes de correção
Para um escoamento bidimensional, como em um canal retangular
largo, em que
𝐵

𝑏
A partir das Eq. (7.6) e (7.7)

(7.6)

(7.7)

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Coeficientes de correção
Para um escoamento bidimensional, como em um canal retangular
largo em que
𝐵

𝑏
As Eq. (7.6) e (7.7) ficam

(7.8)

(7.9)

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Coeficientes de correção
(7.8)

(7.9)

As integrais acima podem ser resolvidas


• analiticamente se a função é conhecida
• numericamente se medidas pontuais das velocidades em várias
verticais são conhecidas

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Tipos de escoamento

Obs.:

• Dados experimentais indicam o valor de varia de 1,03 a 1,36 e o


valor de varia de 1,01 e 1,12, para escoamento turbulento em
canais prismáticos razoavelmente retilíneos
• O valor de α é geralmente maior para canais pequenos e menor
para canais maiores com considerável altura d´água
• Canais retilíneos com seção reta regular o efeito da não
uniformidade das velocidades é pequeno, podendo, portanto, ser
adotados valores de e iguais a unidade

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Tipos de escoamento

Obs.:

• Em canais irregulares, em que o escoamento pode dividir-se em


regiões distintas, α pode exceder 2 e deve ser considerado.

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Distribuição de velocidade
Considerando o canal dado pela seção composta:

3 2
1

Divisão de um canal principal e margens de cheia

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Distribuição de velocidade
Considerando o canal dado pela seção composta:

3 2
1

Divisão de um canal principal e margens de cheia

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Exemplo 7.1 [Porto] Considere o escoamento bidimensional em um
canal retangular largo, com o perfil de velocidade mostrado abaixo. A
velocidade próxima ao fundo é de ea do fundo a
velocidade é máxima e igual a . O perfil de velocidade pode
ser aproximado por uma parábola. Determine a velocidade média na
seção e os coeficientes e . Verifique se o regime de escoamento é
laminar ou turbulento e também se é fluvial ou torrencial.
Viscosidade da água 2

Perfil de velocidades
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Exemplo 7.1 [Porto] Solução
Distribuição vertical da velocidade é descrita por um perfil
parabólico, portanto na forma:

Determinação dos parâmetros , e


• Pelas condições do problema
Se   (1)

Se  

(2)
Tem-se também que em a velocidade é máxima. Assim

 (3)
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Exemplo 7.1 [Porto] Solução
A partir das três equações encontradas

tem-se

A equação da parábola fica

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Exemplo 7.1 [Porto] Solução
A velocidade média no escoamento bidimensional é dada, para uma
abscissa fixa, por
(7.5)

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Exemplo 7.1 [Porto] Solução
Determinação do coeficiente

(7.8)

Determinação do coeficiente

(7.9)

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Exemplo 7.1 [Porto] Solução
Para determinar se o regime é laminar ou turbulento
(7.2)
·
+2·
Como o canal é largo,
·
+2·
(7.9)
Logo
7,754 · 10
Regime turbulento

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Exemplo 7.1 [Porto] Solução
Para determinar se o regime é fluvial ou torrencial
(7.4)

Como o canal é retangular


·

Logo

Regime fluvial

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Exemplo 1.1 [Chaudhry] A distribuição de velocidades num rio muito
largo (canal retangular largo) de de profundidade varia desde
próximo ao fundo até na superfície, de acordo com
a equação:

Determine os coeficientes α e β, cuja inclusão nas equações de


Bernoulli e Quantidade de Movimento permitem a correta análise
dimensional.

Perfil de velocidades

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Exemplo 1.1 [Chaudhry] Solução
Determinação da Velocidade média
Para a seção retangular dada

Considerando a descarga incremental , através de uma área


incremental

em que,
= velocidade pontual [ ]

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Exemplo 1.1 [Chaudhry] Solução
Por definição

Portanto, a Eq. para a velocidade média pode ser escrita como

Para a seção retangular dada

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Exemplo 1.1 [Chaudhry] Solução
Determinação do coeficiente
(7.8)

Determinação do coeficiente
(7.9)

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Bibliografia para consulta
• Porto, R.M. Hidráulica Básica, São Carlos: EESC-USP, 2006. (Livro texto)
• Baptista, M., Lara, M., Fundamentos de Engenharia Hidráulica, 3. ed. Belo
Horizonte: editora UFMG, 2012.
• Chadwick, A. et al. Hidráulica para engenharia civil e ambiental, 5. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2017.
• Chow, Ven Te. Open-channel Hydraulics. New York: McGraw-Hill, 1959.
• Subramanya, K. Flow in open channels. 3.ed. New Delhi: McGraw Hill, 2009.
• Ávila, G.S. Hidráulica de canales. México: UNAM, 2002.
• Cengel, Y.A.; Cimbala, J.M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. 3.
ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
• White, F.M. Mecânica dos fluidos, 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.
• Akan, A.O. Open Channel Hydraulics. Oxford: Butterworth-Heinemann, 2006.

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