Você está na página 1de 55

TERAPIA NUTRICIONAL NA HIPERTENSÃO Prof.

José Aroldo Filho


goncalvesfilho@nutmed.com.br

É um dos mais importantes fatores de risco para o


desenvolvimento de doenças cardiovasculares,
independente de outros fatores (Chemin). Fatores de risco  Raça negra;
 Jovens;
Dos com hipertensão (HAS), 90 a 95% apresentam
 PAD persistentemente >115mmHg;
hipertensão essencial ou primária para qual a causa não
pode ser determinada, incluindo uma combinação de  Tabagismo;
fatores ambientais e genéticos.  DM;
 Hipercolesterolemia;
Nos outros 05% a HAS surge como resultado de outra  Obesidade;
doença, normalmente endócrina e, desta forma é
 Consumo excessivo de bebida
considerada como uma hipertensão secundária. (Krause
2010) Dependendo da extensão da doença de base, a alcoólica;
hipertensão secundária pode ser curada.  Evidência de lesão em órgão-alvo.
Cardíaco  Hipertrofia cardíaca;
A HAS é pressão sangüínea sistólica de 140 mmHg ou  Sinais ECG de isquemia ou
mais e/ou pressão sangüínea diastólica de 90 mmHg ou
sobrecarga ventricular esquerda;
mais. (Krause 2010)
 IAM;
No Sixth (VI) Report of Joint National Comittee on  Insuficiência cardíaca.
Detection, Evaluation and Treatment of Blood Pressure Olhos  Exsudatos e hemorragias de retina;
(JNC VI) citado pelo Dan (2009), a HAS é classificada em  Papiledema.
estágios com base no risco de desenvolver doença
cardiovascular, como mostra a tabela 1. Renal  IRC
SNC  AVE
A classificação proposta por Chemin e Krause (2010) é a
Seventh (VII) Report of Joint National Comittee on Fisiopatologia (Krause)
Detection, Evaluation and Treatment of Blood Pressure
(JNC VII) e encontra-se na tabela 02. A pressão sangüínea é uma função do débito cardíaco
multiplicado pela resistência periférica (a resistência nos
vasos sangüíneos ao fluxo de sangue).
Tab.1 Classificação da Pressão Sangüínea (mmHg) em
Adultos a partir dos 18 anos (Dan, 2009 e Chemin, 2011) PS = débito cardíaco x resistência periférica
Categoria Sistólica Diastólica O diâmetro dos vasos afeta o fluxo de sangue. Quando o
Ótima < 120 E < 80 diâmetro está diminuído como na aterosclerose, a
Normal < 130 E < 85 resistência e a pressão sangüínea aumentam.
Normal elevada 130 a 139 Ou 85 a 89 Inversamente, quando o diâmetro está aumentado (como
/ Limítrofe na terapia com droga vasodilatadora), a resistência se
Hipertensão reduz e a pressão sangüínea é diminuída.
Estágio 1 140 a 159 Ou 90 a 99
Estágio 2 160 a 179 Ou 100 a 109 Muitos mecanismos mantêm o controle homeostático da
Estágio 3  180 Ou  110 pressão sangüínea. Os reguladores principais são:
- o sistema nervoso simpático  para controle a curto
Tab.2 Classificação da Pressão Sangüínea (mmHg) em prazo  em resposta a uma queda na pressão o sistema
Adultos a partir dos 18 anos (Chemin e Krause 2010) nervoso simpático, secreta norepinefrina, um
vasoconstritor que atua nas artérias pequenas e arteríolas
Categoria Sistólica Diastólica para aumentar a resistência periférica e aumentar a
Normal < 120 < 80 pressão sangüínea
Pré-hipertensão 120 - 139 80 – 89 - o rim  para controle a longo prazo  o rim regula a
Estágio 1 140 a 159 90 a 99 pressão sangüínea por controlar o volume de fluído
Estágio 2 ≥160 ≥100 extracelular e secretar renina que ativa o sistema renina-
angiotensina. (Fig. 01)
Pré-hipertensão  essa classificação foi introduzida, a fim
de melhorar os programas de educação de cuidados na Com a redução da pressão arterial ou diminuição do
volume circulante e/ou redução da pressão de perfusão
diminuição dos níveis de PA, e dessa forma prevenir o
renal (1), as células glomerulares do rim secretam renina
desenvolvimento da hipertensão na população em geral.
em resposta à (2). A renina cliva o angiotensinogênio
secretado no fígado em angiotensina I (3).
Apesar dos pacientes hipertensos serem, com freqüência,
assintomáticos, a HAS não é uma doença benigna.
A angiotensina I é rapidamente convertida em angiotensina
Os sistemas cardíaco, cerebrovascular e renal são II através da enzima conversora de angiotensina (ECA)
afetados pela pressão sangüínea cronicamente elevada. nos pulmões e outros tecidos. A angiotensina II é um
potente vasopressor e também atua estimulando a
produção de aldosterona (4), consequentemente tem-se
Dos fatores de risco e prognóstico adverso na HAS, a
KRAUSE (2013) inclui o seguinte quadro: reabsorção de sódio e água, com aumento da pressão
arterial.
 Aumento da atividade física
 Interrupção do tabagismo

Vários estudos demonstraram efeitos da modificação


destes fatores no controle da HAS.

Excesso de Peso Corporal

O peso corporal é um determinante da pressão sangüínea,


independente da raça, em todas as idades.

Segundo Chemin, estima-se que 20 a 30% da prevalência


de HAS possa ser explicada por esta associação.

O risco de desenvolvimento de HAS é de 2 a 6 vezes


maior nos indivíduos acima do peso. (Krause, 2010) e as
reduções na PA ocorrem mesmo sem que atinjam o peso
corporal desejável. Adicionalmente, existe um efeito
sinérgico entre a perda de peso e a terapia
medicamentosa. (Krause, 2010)

Para cada Kg de peso perdido, espera-se uma redução de


aproximadamente 1 mmHg nas medidas de PAS e PAD.
(Krause, 2010)

As alterações fisiológicas propostas para explicar a ação


do sobrepeso sobre a pressão são:

Fig. 1 Sistema renina-angiotensina-aldosterona. - a resistência à insulina e a hiperinsulinemia (a ingestão


excessiva de energia também  a insulina que é um
Quando os mecanismos regulatórios hesitam, a HAS se potente retentor de sódio), (Krause 2010 e Chemin)
desenvolve. As possíveis causas de HAS são um sistema - a distribuição centrípeta da gordura, independente da
nervoso simpático hiperativo, um sistema renina- obesidade estão associadas à pressão arterial elevada e a
angiotensina estimulado, uma dieta de baixo teor de resistência à insulina; (Chemin)
potássio e o uso de ciclosporina. Todos estes causam - ativação do sistema nervoso simpático e do sistema
vasoconstrição, que resulta em isquemia ou alterações renina-angiotensina-aldosterona, (Krause 2010)
arteriais. Na maioria das causas da hipertensão, a - ações tróficas nos vasos arteriais (Krause 2010) e
resistência periférica aumenta. (Krause 2010) - alterações fisiológicas nos rins. (Krause 2010)
- níveis elevados de marcadores inflamatórios (Krause
A inflamação crônica também pode estar envolvida no 2010)
desenvolvimento da hipertensão – marcadores
inflamatórios como proteína C reativa estão aumentados A perda de peso diminui a resistência vascular, o volume
em pacientes hipertensos. A ptn C reativa inibe a formação sangüíneo total, o débito cardíaco e a atividade do sistema
de óxido nítrico pelas células endoteliais, pode gerar nervoso simpático, suprime o sistema renina-angiotensina
vasoconstrição, adesão de leucócitos, ativação plaquetária e melhora a resistência á insulina.
e trombose. (Krause, 2010)
A recomendação para prevenção e controle do aumento
da HAS é a manutenção do peso dentro da faixa de
Prevenção Primária normalidade do IMC (18,5 a 24,9 kg/m²). (Chemin / Krause
/ Cuppari 2014). Tem-se redução de 5 a 20mmHg na PAS
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da 10kg de peso reduzido (Cuppari 2014).
hipertensão são:
Consumo Excessivo de Cloreto de Sódio
- pressão sangüínea normal a elevada/pré-hipertensão
(Krause) Existe um papel etiológico para o sal no desenvolvimento
- história familiar de hipertensão (Krause) da HAS.
- ancestralidade afro-americana (Krause)
- sobrepeso (Krause, Dan e Chemin) O excesso de sódio inicialmente eleva a pressão arterial
- consumo excessivo de sal, (Krause, Dan e Chemin) por aumento da volemia e, conseqüentemente, com
- inatividade física e (Krause, Dan e Chemin) aumento do débito cardíaco. Através dos mecanismos de
- consumo de álcool. (Krause, Dan e Chemin) auto-regulação, ocorre um aumento da resistência vascular
periférica, mantendo-se elevados os níveis de pressão
Fatores Dietéticos arterial. A alta ingestão de sal também influencia outros
mecanismos pressores como aumento da vasoconstrição
São importantes a mudança de diversos fatores dietéticos renal, aumento da reatividade vascular nos agentes
com o objetivo de prevenir e controlar a HAS, a saber: vasoconstritores (catecolaminas e angiotensina II) e
elevação dos inibidores da Bomba de Na/K ATPase. (Dan
 Perda de peso, caso haja sobrepeso e Chemin)
 Limitação da ingestão de álcool
 Adoção do padrão alimentar DASH (Dietary Algumas pessoas com HAS não aumentam a pressão
Approaches to Stop Hypertension) sangüínea com ingestões maiores de sal (HAS resistente
 Redução da ingestão de sódio ao sal). Porém, cerca de 30 a 60% dos hipertensos são
sensíveis ao sal (Chemin e Krause), mais comumente os Krause (2010):
indivíduos de raça negra, com idade avançada, obesos, - 88,72ml de uísque
com diabetes, disfunção renal, hipertensão e em uso de - 709,76ml de cerveja
ciclosporina. (Krause 2010) - 295,74ml de vinho

- segundo a Krause, as pessoas sódio-sensíveis Atividade Física


experimentam redução de 10 mmHg na pressão quando
seguem uma dieta com pouco sal ou aumento de 05% As pessoas menos ativas têm probabilidade 30 a 50%
quando fazem reposição do sal após restrição. maior de desenvolver HAS do que seus correspondentes
ativos. (Krause 2010)
Segundo Cuppari (2005), o consumo médio de sal da
população está em torno de 10 a 12 gramas ao dia (sódio Assim, recomenda-se o aumento da quantidade de
intrínseco e extrínseco), sendo que o consumo total de atividade física de intensidade baixa para moderada:
sódio pode ser considerado como provenientes de 03
fontes: 75% de alimentos processados, 10% de sódio - Krause (2010)  30 a 45 minutos na maioria dos dias na
intrínseco e 15% de sal de adição. semana como um importante adjuvante para a prevenção
primária da HAS;
Recomenda-se, então:
- Chemin e Dan (2009)  atividade aeróbica, 30 minutos,
04 vezes na semana / ou pelo menos 30 min por dia, 3
Redução da ingestão de sal para 06 gramas diários ou vezes na semana, segundo a Cuppari (2014).
2400 mg de sódio / dia, equivale a 100 mEq/dia.
(Chemin, Dan 2009), A Krause (2010) recomenda realização de 60 a 90 min.
diários de atividade física de moderada intensidade para
Redução da ingestão de sal para 05 gramas diários ou indivíduos que tentam MANTER O PESO APÓS A
2000 mg de sódio / dia. Promove redução de 2 a 8mmHg PERDA.
na PAS (Cuppari 2014/Soc Brasil Cardiologia 2010).
Potássio

Segundo Chemin, Cuppari e Dan (2009), em termos O potássio da dieta é inversamente relacionado com a
práticos, deve-se considerar 2g de sal próprios do pressão sangüínea, isto é, ingestões aumentadas de
alimentoss (aproximadamente 26 a 30mEq, deve ser potássio estão relacionadas com pressões sangüíneas
proveniente de sódio intrínseco). menores.

Porém, as recomendações da Krause de 2010 diferem das Segundo a Krause, os efeitos da ingestão de potássio
anteriores: sobre a pressão englobam:

Recomendações da Krause, 2010:  a resistência vascular periférica reduzida pela


dilatação arteriolar direta;
- Todos os indivíduos  2,4 g de sódio ou 6g de sal ao dia  perda aumentada de sódio e água pelo corpo;
- Indivíduos hipertensos  1,5g de sódio ao dia  supressão da secreção de renina e angiotensina,
diminuição de tônus adrenérgico e;
A restrição mais importante para atingir estas metas deve  estimulação da bomba de sódio-potássio.
ser dos alimentos processados e do sal de adição. A
restrição de sal auxilia também na maior eficácia das
drogas hipotensoras. Recomendações:
- Krause (2010) – 4,7g/dia
O uso de substitutos de sal contendo cloreto de potássio - Cuppari (2005), de 02 a 04 gramas ao dia.
poderá ser recomendado, porém devemos lembrar que o
uso destes substitutos deverá ser cuidadosamente
monitorado na insuficiência renal. Estas recomendações devem ser alcançadas com a
alimentação (dieta enriquecida) e não com suplementação.
Segundo a Krause (2010)  1 colher de chá de sal = 2400
mg de sódio. Cálcio

Consumo de Álcool Maior quantidade de cálcio oriundo de laticínios versus o


cálcio oriundo de outras fontes que não derivados do leite
Segundo a Krause (2010), 5 a 7 % de HAS na população é tem sido associada com < incidência de AVC. (Krause,
decorrente do uso de álcool. 2010)

Para prevenir isto, recomenda-se que a ingestão de Peptídeos derivados das proteínas do leite, principalmente
álcool deve ser: dos produtos a base de leite fermentado, funcionam como
- inferior a duas doses por dia para homens e enzimas conversoras de angiotensina, diminuindo a PA. (A
- 01 dose ao dia para mulheres ou pessoas com menor Krause 2010 fala isso, porém este maceanismo
peso. aumentaria a PA).

30ml/g de etanol = 02 doses de bebidas, que equivale a: Recomenda-se para prevenção e tratamento da HAS,
aumento da ingestão de potássio, cálcio e magnésio,
Cuppari (2005), Chemin, Dan (2009) juntamente com o controle rígido da pressão.
- 60ml de bebidas destiladas,
- 720ml de cerveja Uma ingestão de cálcio entre 1000 e 2000 mg/dia é
- 240 ml de vinho recomendada. (Krause 2010)
Magnésio

Este mineral é um potente inibidor da contração da


musculatura lisa vascular e pode desempenhar um papel
na regulação da pressão sangüínea como vasodilatador.
(Krause 2010)

Porém, na maioria dos estudos a suplementação de


magnésio tem sido ineficaz na alteração da pressão o que
faz com que a sua suplementação não seja recomendada
de rotina para prevenção da HAS. (Krause)

Lipídios

Tem sido demonstrado que a suplementação com grandes


doses de óleo de peixe (média de 3,7 g/dia) pode
promover uma redução modesta na pressão sistólica e
diastólica, especialmente em pessoas hipertensas mais
velhas. (Krause 2010)

Segundo a Krause (2010), embora os AG possam não


afetar diretamente a PA, foi demonstrado que uma dieta
enriquecida com óleo de oliva resulta em redução de 48%
na necessidade de medicação anti-hipertensiva.

DIETA DASH
A dieta DASH (Abordagens Dietéticas para Diminuir a
Hipertensão) diminui de maneira eficaz a pressão
A adoção da Dieta DASH pode reduzir a PAS em 6 a 11
sangüínea.
mmHg e a PAD em 3 a 6 mmHg. (Krause, 2010). Pode-se
Ela é usada tanto para prevenção quanto para controle da ter redução em até 8 a 14mmHg (Cuppari 2014).
HAS.
A dieta DASH não é recomendada para portadores de IRC
terminal. (Krause, 2010)
O plano alimentar DASH equilibra macro e micronutrientes
de uma maneira considerada ideal para redução
Resumo das Recomendações para Modificação do estivo
expressiva dos níveis de pressão arterial.
de vida para prevenção e controle da HAS segundo VI
Joint National Commitee on Prevention, Detection,
A dieta DASH consiste em: (Krause)
- ingestão de duas vezes o número médio de porções Evaluation and Treatment of High Blood Pressure (Krause)
diárias de frutas, vegetais e produtos lácteos com baixo
teor de gordura;
- 1/3 da ingestão usual de carne bovina, de porco e
presunto;
- metade do uso típico de gordura e;
- ¼ do número de lanches e doces.

Objetivo: diminuir o consumo de gordura total, saturada e


colesterol (com aumento da relação
poliinsaturado/saturado) e aumentar o aporte de proteína e
cálcio. É também rica em potássio, magnésio e fibras.

Uma das características de grande relevância no plano


alimentar DASH é quantidade de sódio, pois, neste caso, a
quantidade de sódio é a que corresponde a uma dieta
normossódica.

Sendo assim, a eficácia deste plano alimentar está


associado ao conjunto de nutrientes e não, exclusivamente
ao sódio. Medicações (Krause, 2010)

No entanto, o sódio exerce papel muito importante na Devem-se observar as medicações em uso pelo paciente,
redução da pressão e benefícios ainda maiores são pois várias medicações ou aumentam a pressão
alcançados quando se associa o plano alimentar DASH a sangüínea ou interferem com a eficácia das drogas anti-
uma restrição de sódio (2400mg). (Chemin e Dan, 2009) hipertensivas. Estas incluem, anticoncepcionais orais,
esteróides, drogas anti-inflamatórias não-esteróides
(AINES), descongestionantes nasais, supressores de
apetite, antidepressivos tricíclicos ciclosporina e inibidores
de monoaminoxidase.
Tratamento Médico - Diuréticos: promovem depleção de volume e perda de
sódio.
A meta do tratamento é diminuir a morbimortalidade. - Diuréticos tiazídicos: Depletam potássio - risco para
hipopotassemia.
A avaliação dos pacientes com HAS tem 03 objetivos: - Diuréticos poupadores de potássio: Espironolactona ou
(Krause, Dan, Chemin) triamtereno.

1. Identificar as causas conhecidas de HAS; Segundo a Krause (2010), dependendo do grupo de risco,
2. Avaliar a presença ou ausência de lesão em órgãos-alvo 6 a 12 meses de modificações no estilo de vida podem ser
e doença cardiovascular e tentadas antes da terapia com drogas ser iniciada. Mesmo
3. Identificar outros fatores de risco cardiovascular que que as modificações do estilo de vida não sejam capazes
possam definir o prognóstico e orientar o tratamento. de corrigir completamente a pressão sangüínea, elas
ajudarão a aumentar a eficácia dos agentes
O tratamento da HAS engloba dois tipos de abordagens: farmacológicos e melhorar outros fatores de risco de
(Dan) doença cardiovascular.

- o farmacológico (à base de drogas anti-hipertensivas, A perda de peso e a mudança de hábitos alimentares são
como -bloqueadores, inibidores da ECA, diuréticos e condições fundamentais no tratamento da HAS.
outros) e;
- o não farmacológico, com base em mudanças no estilo O tratamento farmacológico é iniciado se a pressão
de vida, em que a dieta desempenha papel fundamental. permanecer elevada após 06 a 12 meses de alterações no
estilo de vida. A maioria dos pacientes com HAS mais
O tratamento padrão para a HAS inclui diuréticos e beta – grave requerem o tratamento com drogas, contudo, as
bloqueadores, embora outros fármacos sejam igualmente modificações do estilo de vida ainda são parte do
eficazes. (Krause, 2010) tratamento, mesmo quando as drogas são usadas.
ABORDAGENS COMPLEMENTARES – KRAUSE (2013)
TERAPIA NUTRICIONAL NA HIPERTENSÃO até o momento, variantes genéticas que, possam ser
ARTERIAL - VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver
HIPERTENSÃO HAS.

Fatores de risco para HAS 9 - Outros fatores de risco cardiovascular

1 - Idade Os fatores de risco cardiovascular frequentemente se


apresentam de forma agregada, a predisposição genética e
Existe relação direta e linear da PA com a idade, sendo a os fatores ambientais tendem a contribuir para essa
prevalência de HAS superior a 60% na faixa etária acima de combinação em famílias com estilo de vida pouco saudável.
65 anos. Entre metalúrgicos do RJ e de SP a prevalência de
HAS foi de 24,7% e a idade acima de 40 anos foi a variável Prevenção primária
que determinou maior risco para esta condição.
1 - Medidas não-medicamentosas
2 - Gênero e etnia
Mudanças no estilo de vida são entusiasticamente
A prevalência global de HAS entre homens e mulheres é recomendadas na prevenção primária da HAS, notadamente
semelhante, embora seja mais elevada nos homens até os nos indivíduos com PA limítrofe. Mudanças de estilo de vida
50 reduzem a PA bem como a mortalidade cardiovascular.
anos, invertendo-se a partir da 5a década. Em relação à cor,
a HAS é duas vezes mais prevalente em indivíduos de cor Hábitos saudáveis de vida devem ser adotados desde a
não-branca. Estudos brasileiros com abordagem simultânea infância e adolescência, respeitando-se as características
de gênero e cor demonstraram predomínio de mulheres regionais, culturais, sociais e econômicas dos indivíduos. As
negras com excesso de HAS de até 130% em relação às principais recomendações não-medicamentosas para
brancas. Não se conhece, com exatidão, o impacto da prevenção primária da HAS são: alimentação saudável,
miscigenação sobre a HAS no Brasil. consumo controlado de sódio e álcool, ingestão de
potássio,combate ao sedentarismo e ao tabagismo.
3 - Excesso de peso e obesidade
2 - Medidas medicamentosas
O excesso de peso se associa com maior prevalência de
HAS desde idades jovens. Na vida adulta, mesmo entre Estudos foram realizados com o objetivo de avaliar a eficácia
indivíduos fisicamente ativos, incremento de 2,4 kg/m2 no e a segurança de medicamentos na prevenção da HAS. Nos
índice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de estudos TROPHY e PHARAO a estratégia medicamentosa
desenvolver hipertensão. A obesidade central também se foi bem tolerada e preveniu o desenvolvimento de HAS em
associa com PA. populações jovens de alto risco. Para o manejo de
indivíduos
4 - Ingestão de sal com comportamento limítrofe da PA recomenda-se
considerar
Ingestão excessiva de sódio tem sido correlacionada com o tratamento medicamentoso apenas em condições de risco
elevação da PA. A população brasileira apresenta um cardiovascular global alto ou muito alto. Até o presente,
padrão nenhum estudo já realizado tem poder suficiente para indicar
alimentar rico em sal, açúcar e gorduras. Em contrapartida, um tratamento medicamentoso para indivíduos com PA
em populações com dieta pobre em sal, como os índios limítrofe sem evidências de doença cardiovascular.
brasileiros Yanomami, não foram encontrados casos de
HAS. Por outro lado, o efeito hipotensor da restrição de 3 - Estratégias para implementação de medidas de
sódio tem sido demonstrado. prevenção

5 - Ingestão de álcool A implementação de medidas de prevenção na HAS


representa um grande desafio para os profissionais e
A ingestão de álcool por períodos prolongados de tempo gestores
pode aumentar a PA e a mortalidade cardiovascular em da área de saúde. No Brasil, cerca de 75% da assistência à
geral. Em populações brasileiras o consumo excessivo de saúde da população é feita pela rede pública do Sistema
etanol se associa com a ocorrência de HAS de forma Único de Saúde - SUS, enquanto o Sistema de Saúde
independente das características demográficas. Complementar assiste cerca de 46,5 milhões. A prevenção
primária e a detecção precoce são as formas mais efetivas
6 - Sedentarismo de evitar as doenças e devem ser metas prioritárias dos
profissionais de saúde.
Atividade física reduz a incidência de HAS, mesmo em
indivíduos pré-hipertensos, bem como a mortalidade e o Tratamento não-medicamentoso e abordagem
risco de DCV. multiprofissional

7 - Fatores socioeconômicos Com relação ao tratamento não-medicamentoso, devemos


considerar:
A influência do nível socioeconômico na ocorrência da HAS
é complexa e difícil de ser estabelecida. No Brasil a HAS foi 1 - Controle de peso
mais prevalente entre indivíduos com menor escolaridade.
A relação entre os aumentos de peso e da pressão arterial é
8 - Genética quase linear, sendo observada em adultos e adolescentes.
Perdas de peso e da circunferência abdominal
A contribuição de fatores genéticos para a gênese da HAS correlacionam-se com reduções da PA e melhora de
está bem estabelecida na população. Porém, não existem, alterações metabólicas associadas. Assim, as metas
antropométricas a serem alcançadas são o índice de massa muitas vezes observadas em lacto-vegetarianos, têm sido
corporal (IMC) menor que 25 kg/m2 e a circunferência identificadas como fatores predisponentes à HAS em adultos
abdominal < 102 cm para os homens e < 88 para as seguidores desse estilo alimentar. Fato relevante é a
mulheres. observação de que os vegetarianos apresentam, em geral,
menor IMC, fato que, independentemente do tipo de dieta,
O sucesso do tratamento depende fundamentalmente de se associa a menor PA.
mudança comportamental e da adesão a um plano alimentar
saudável. Mesmo uma modesta perda do peso corporal está Dieta vegetariana para hipertensos - grau de recomendação
associada a reduções na PA em pessoas com sobrepeso, IIa; nível de evidência B.
mas o alcance das metas deve ser perseguido. A utilização
de dietas radicais, como as ricas em carboidratos ou em Dietas da moda e programas de emagrecimento
gorduras, deve ser desencorajada, pois não são comercialmente disponíveis, avaliados comparativamente,
sustentáveis a longo prazo e resultam invariavelmente em demostraram baixa adesão a longo prazo. Apesar de a
abandono de tratamento. O acompanhamento dos redução de peso obtida associar-se a redução da PA, há
indivíduos após o emagrecimento deve ser estimulado com evidências de que dietas com altos teores de gordura
o objetivo de evitar o reganho de peso. Foi demonstrado que associam-se com maior risco de infarto do miocárdio e
manter o IMC abaixo de 25 kg/m2 preveniu em 40% o mortalidade cardiovascular, não havendo razões para a sua
desenvolvimento de HAS em mulheres, em um estudo com recomendação.
seguimento médio de 14 anos.
Dietas comerciais (da moda) para hipertensos - grau de
Controle de peso - grau de recomendação I e nível de recomendação III; nível de evidência D.
evidência A.
3 - Redução do consumo de sal
A cirurgia bariátrica é considerada o tratamento efetivo para
obesidade moderada a grave. Em pacientes com obesidade A relação entre PA e a quantidade de sódio ingerido é
grave, a cirurgia bariátrica reduz a mortalidade e tem heterogênea. Este fenômeno é conhecido como
potencial para controlar condições clínicas como HAS e sensibilidade ao sal. Indivíduos normotensos com elevada
diabetes melito tipo 2. Assim como no tratamento sensibilidade à ingestão de sal apresentaram incidência
convencional, é necessário seguimento dos indivíduos a cinco vezes maior de HAS, em 15 anos, do que aqueles com
longo prazo no sentido de evitar o reganho de peso. baixa sensibilidade.

Cirurgia bariátrica para hipertensos com obesidade grave ou Alguns trabalhos demonstraram que o peso do indivíduo ao
moderada (com distúrbios metabólicos associados): grau de nascer tem relação inversa com a sensibilidade ao sal e está
recomendação I e nível de evidência A. diretamente relacionado com o ritmo de filtração glomerular
e HAS na idade adulta. Uma dieta contendo cerca de 1 g de
2 - Estilo alimentar (dietas DASH, mediterrânea, vegetariana sódio promoveu rápida e importante redução de PA em
e outras) hipertensos resistentes. Apesar das diferenças individuais de
sensibilidade, mesmo modestas reduções na quantidade de
O padrão dietético DASH (Dietary Approaches to Stop sal são, em geral, eficientes em reduzir a PA. Tais
Hypertension), rico em frutas, hortaliças, fibras, minerais e evidências reforçam a necessidade de orientação a
laticínios com baixos teores de gordura, tem importante hipertensos e “limítrofes” quanto aos benefícios da redução
impacto na redução da PA. Um alto grau de adesão a esse de sódio na dieta. A necessidade nutricional de sódio para
tipo de dieta reduziu em 14% o desenvolvimento de os seres humanos é de 500 mg (cerca de 1,2 g de sal),
hipertensão. Os benefícios sobre a PA têm sido associados tendo sido definido recentemente, pela Organização
ao alto consumo de potássio, magnésio e cálcio nesse Mundial de Saúde, em 5 g de cloreto de sódio ou sal de
padrão nutricional. A dieta DASH potencializa ainda o efeito cozinha (que corresponde a 2 g de sódio) a quantidade
de orientações nutricionais para emagrecimento, reduzindo considerada máxima saudável para ingestão alimentar
também biomarcadores de risco cardiovascular. O quadro 1 diária. O consumo médio do brasileiro corresponde ao dobro
demonstra como adotar uma dieta ao estilo DASH. do recomendado.

Dieta DASH - grau de recomendação I e nível de evidência Dieta hipossódica - grau de recomendação IIb e nível de
A. evidência B.

A dieta do Mediterrâneo associa-se também à redução da 4 - Ácidos graxos insaturados


PA. O alto consumo de frutas e hortaliças revelou ser
inversamente proporcional aos níveis de PA, mesmo com Observa-se uma discreta redução da PA com a
um mais alto percentual de gordura. A substituição do suplementação de óleo de peixe (ômega 3) em altas doses
excesso de carboidratos nesta dieta por gordura insaturada diárias e predominantemente nos idosos. As principais
induz à mais significativa redução da PA. fontes dietéticas de ácidos graxos monoinsaturados (oleico)
são óleo de oliva, óleo de canola, azeitona, abacate e
Dieta mediterrânea para hipertensos - grau de oleaginosas (amendoim, castanhas, nozes, amêndoas).
recomendação Tem-se demonstrado que a ingestão de óleo de oliva pode
IIa; nível de evidência B. reduzir a PA, principalmente devido ao elevado teor de ácido
oléico.
Dietas vegetarianas são inversamente associadas com a
incidência de doenças cardiovasculares. Isto se explica em 5 - Fibras
razão de fornecerem menor quantidade de nutrientes, como
gordura saturada e colesterol. Entretanto, essas dietas são As fibras são classificadas em solúveis e insolúveis. As
deficientes em micronutrientes como ferro, vitamina B12 e solúveis são representadas pelo farelo de aveia, pectina
cálcio, sendo necessária a suplementação para atender às (frutas) e pelas gomas (aveia, cevada e leguminosas: feijão,
recomendações vigentes. As deficiências de micronutrientes, grão de bico, lentilha e ervilha). As fibras insolúveis são
representadas pela celulose (trigo), hemicelulose (grãos) e Há associação entre a ingestão de álcool e alterações de PA
lignina (hortaliças). A recomendação de ingestão de fibra dependentes da quantidade ingerida. Claramente, uma
alimentar total para adultos é de 20 a 30 g/dia, 5 a 10 g quantidade maior de etanol eleva a PA e está associada a
devendo ser solúveis. O betaglucano, presente na aveia, maiores morbidade e mortalidade cardiovasculares. Por
determina discreta diminuição da PA em obesos, efeito outro lado, as evidências de correlação entre uma pequena
nãoobservado em indivíduos com peso normal. ingestão de álcool e a consequente redução da pressão
arterial ainda são frágeis e necessitam de comprovações.
6 - Proteína de soja Em indivíduos hipertensos, a ingestão de álcool,
agudamente e dependentemente da dose, reduz a PA,
As principais fontes de soja na alimentação são: feijão de porém ocorre elevação algumas horas após o seu consumo.
soja, queijo de soja (tofu), farinha, leite de soja e o Tendo em vista a controvérsia em relação à segurança e ao
concentrado proteico da soja. O molho de soja (shoyu) benefício cardiovascular de baixas doses, assim como a
industrializado contém elevado teor de sódio, devendo ser ação nefasta do álcool na sociedade, devemos orientar
evitado. A substituição isocalórica de parte da proteína aqueles que têm o hábito de ingerir bebidas alcoólicas a não
alimentar por um composto de soja associada a outras ultrapassarem 30 g de etanol ao dia, para homens, de
medidas não-medicamentosas promoveu queda da PA em preferência não habitualmente; sendo a metade dessa
mulheres após a menopausa. quantidade a tolerada para as mulheres. As quantidades dos
mais comuns tipos de bebidas que contêm 30 g de etanol
7 - Oleaginosas estão colocadas na tabela 1. Para aqueles que não têm o
hábito, não se justifica recomendar que o façam.
Há controvérsias sobre os efeitos da suplementação das
diferentes castanhas em relação à redução da PA. O Redução do consumo de álcool para hipertensos - grau de
consumo de oleaginosas pode trazer benefícios à saúde se recomendação IIb, nível de evidência B.
integradas a um plano alimentar saudável.
Recomendação de consumo de álcool para hipertensos:
8 - Laticínios grau de recomendação III, nível de evidência D.

O consumo de duas ou mais porções diárias de laticínios 13 - Atividade física


magros correlacionou-se a menor incidência de HAS. Tais Ensaios clínicos controlados demonstraram que os
benefícios provavelmente estão associados ao maior aporte exercícios aeróbios (isotônicos), que devem ser
de cálcio. complementados pelos resistidos, promovem reduções de
PA, estando indicados para a prevenção e o tratamento da
9 - Alho HAS. Para manter uma boa saúde cardiovascular e
qualidade de vida, todo adulto deve realizar, pelo menos
O alho, cujo principal componente ativo é a alicina, tem ação cinco vezes por semana, 30 minutos de atividade física
metabólica, podendo atuar na coagulação, aumentando o moderada de forma contínua ou acumulada, desde que em
tempo de sangramento e promovendo discreta redução de condições de realizá-la. A frequência cardíaca (FC) de pico
pressão. deve ser avaliada por teste ergométrico, sempre que
possível, e na vigência da medicação cardiovascular de uso
10 - Café e chá constante. Na falta do teste, a intensidade do exercício pode
ser controlada objetivamente pela ventilação, sendo a
Os polifenóis contidos no café e em alguns tipos de chás atividade considerada predominantemente aeróbia quando o
têm potenciais propriedades vasoprotetoras. Os riscos de indivíduo permanecer discretamente ofegante, conseguindo
elevação da PA causados pela cafeína, em doses habituais, falar frases completas sem interrupções. Embora haja
são irrelevantes. possibilidade de erros com a utilização de fórmulas que
consideram a idade, na impossibilidade de utilização da
11 - Chocolate amargo ergometria pode-se usar a fórmula FC máxima = 220 -
idade, exceto em indivíduos em uso de betabloqueadores
O chocolate amargo (com alto teor de cacau) pode promover e/ou inibidores de canais de cálcio não-diidropiridínicos. A
discreta redução da PA, devido às altas concentrações de recomendação é de que inicialmente os indivíduos realizem
polifenóis. atividades leves a moderadas. Somente após estarem
adaptados, caso julguem confortável e não haja nenhuma
12 - Álcool contraindicação, é que devem passar às vigorosas.
Exercícios:
7) No manejo alimentar da hipertensão arterial,
1) A hipertensão arterial é um importante fator de risco de recomenda-se a redução da ingestão de sódio
doença cardiovascular. Sobre os fatores que podem interferir associado: (PMRJ 2000)
no controle da pressão sanguínea é incorreto dizer:
(A) ao aumento da ingestão de magnésio
(A) O efeito do NaCl sobre o aumento da pressão arterial
(B) à diminuição da ingestão de cálcio
é maior em indivíduos hipertensos e nos que possuem
(C) à diminuição da ingestão de magnésio
história familiar de hipertensão.
(D) ao aumento da ingestão de potássio
(B) Recomenda-se a ingestão adequada de magnésio,
(E) à diminuição da ingestão de potássio
cálcio e fósforo como terapia adjunta para
hipertensão.
8) A restrição de sódio é uma pratica comum para o
(C) A sensibilidade da PA ao NaCl é potencializada com
nutricionista no controle de diversas doenças. A
alto consumo de sacarose.
composição em cloreto e sódio do sal de cozinha e
(D) É recomendado manter uma proporção na ingestão
respectivamente, de: (PMRO 2004)
Na: K de 1,0.
2) São fatores de risco para o desenvolvimento da (A) 60% e 40%
hipertensão: (Governo do Estado do Piauí –2006) (B) 40% e 60%
(C) 50% e 50%
(A) sobrepeso e consumo excessivo de carboidratos;
(D) 70% e 30%
(B) histórico familiar de hipertensão e alta atividade física;
(E) 30% e 70%
(C) ancestrais afro-americanos e sobrepeso;
(D) consumo de álcool e alta atividade física;
9) Para prevenção da hipertensão arterial, preconiza-se
(E) histórico familiar de hipertensão e alta atividade física.
como mudança do estilo de vida: (UFRJ/UNIRIO
3) Na hipertensão, quando se recomenda restrição 2005)
moderada de sal, isto significa 6 gramas de sal, o que
corresponde a: (Governo do Estado do Piauí –2006) (A) diminuir a atividade física aeróbica;
(B) aumentar o consumo dos ácidos graxos trans;
(A) 2400mg de sódio/dia (C) adotar o padrão alimentar descrito no estudo DASH;
(B) 1400mg de sódio/dia (D) consumo diário de vinho mínimo de 500mL;
(C) 1800mg de sódio/dia (E) consumo mínimo de cloreto de sódio de 15g/dia
(D) 2800mg de sódio/dia
(E) 1500mg de sódio/dia 10) Qual a quantidade de Na+ que deve ser ofertada ao
hipertenso moderado? (Prefeitura de Itaituba, Pará, 2006)
4) Para a prevenção e controle da hipertensão arterial
deve-se: (Ministério da Saúde 2005) (A) 150 a 200 mEq.
(A) limitar a ingestão de álcool ate o máximo de 50ml de (B) 90 a 120 mEq.
etanol por dia; (C) 70 a 100 mEq.
(B) aumentar a atividade física anaeróbica; (D) 200 a 300 mEq.
(C) reduzir a ingestão de sódio, para no máximo 100
mmol/dia; 11) No tratamento e na prevenção da Hipertensão Arterial
(D) manter a ingestão adequada de potássio de Sistêmica, bem como na prevenção de Doenças
aproximadamente 90mmol/dia; Cardiovasculares, além da restrição de sódio, é importante
(E) manter uma ingestão adequada de cálcio e magnésio um bom aporte dietético de: (Estado Tocantins, 2005)
para a saúde em geral.
(A) ácido fólico, tiamina e potássio.
5) Segundo a Associação Médica Americana as (B) cobre, zinco e magnésio.
estratégias de alvo dirigem as intervenções para (C) cálcio, magnésio e potássio.
baixar a pressão sanguínea em indivíduos que estão (D) cálcio, potássio e tiamina.
em maior risco de desenvolver hipertensão. Não é (E) cálcio, ácido fólico e potássio.
considerado o fator que influencia o desenvolvimento
da hipertensão arterial (Bombeiros – 2001) 12) No que se refere à Hipertensão Arterial, pode-se dizer
que o potássio induz a queda da pressão arterial. Qual o
(A) história na família de hipertensão mecanismo de ação proposto para o potássio? (UFPR,
(B) atividade física 2003)
(C) sobrepeso Estimula a diminuição da produção de prostaglandinas.
(D) consumo de sal excessivo Aumenta a produção de óxido nítrico.
(E) consumo de álcool Estimula o aumento da natriurese.
Diminui os níveis de cortisol e aldosterona.
6) Para o planejamento de uma dieta restrita em sódio, (E) Aumenta a secreção de norepinefrina
considera-se importante que você profissional de
nutrição conheça as fontes dietéticas de sódio. O 13) No controle da pressão arterial, é incorreto afirmar:
norte americano consome muito mais que o mínimo
de 250mg de sódio diário necessário para os humanos (A) Rins e fígado são reguladores homeostáticos da
manterem a vida. 35 a 80% do sódio dietético são pressão sanguínea
provenientes de: (Bombeiros 2001) (B) Atividade física atua no controle da pressão arterial
(C) Anticoncepcionais orais e esteróides podem aumentar
(A) sal adicionado aos alimentos durante a preparação ou a pressão arterial
na mesa (D) Atingir ou manter o peso corpóreo normal previne para
(B) alimentos processados o desenvolvimento da hipertensão arterial
(C) água quimicamente diluída (E) Diuréticos aumentam a pressão sanguínea
(D) alimentos protéicos de origem animal
(E) alimentos protéicos de origem vegetal
14) Sobre a hipertensão arterial em adultos, assinale a
alternativa correta: 1. cereais e derivados ( ) 1-2 porções
2. leguminosas, nozes e sementes ( ) 2-3 porções
(A) a hipertensão pode ser definida como uma pressão 3. frutas ( ) 2 porções ou menos
sistólica igual ou maior que 130mm Hg e/ou pressão 4. laticínios desnatados ( ) 4-5 porções
diastólica igual ou maior que 90 mm Hg 5. carnes, aves e peixes ( ) 7-8 porções
(B) a restrição de sal (consumo de até 4g/dia) é
recomendada no tratamento da hipertensão arterial A seqüência correta é:
(C) a principal causa de morte em indivíduos hipertensos
(A) 2–4–5–3–1
é a falência renal
(B) 3–4–5–2–1
(D) o consumo de bebidas alcoólicas não está associado
(C) 2–5–4–3–1
ao desenvolvimento da hipertensão arterial
(D) 4–5–2–1–3
(E) 2–5–4–1–3
15) São fatores que contribuem para o desenvolvimento
da hipertensão:
20) Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) nas afirmativas
abaixo relacionadas a medidas de controle da hipertensão
(A) Fumo, atividade física e álcool
arterial: (Especialização INCA/2009)
(B) Sobrepeso, baixas temperaturas e fumo
(C) Atividade física, altas temperaturas e álcool
( ) Ingestão reduzida de gordura saturada e colesterol.
(D) Álcool, alta ingestão de sal e inatividade física
( ) Manter o potássio e o zinco dietéticos adequados.
16) Sobre as mudanças no estilo de vida para preservação ( ) Reduzir a ingestão de sal para < 6 g/dia.
e controle da hipertensão, NÃO é correto afirmar: ( ) Realizar exercícios aeróbicos regularmente.
(Prefeitura Municipal de Mesquita – 2006)
A seqüência CORRETA é:
(A) limitar a ingestão de álcool até no máximo de 30ml de
(A) F,V,F,F
etanol por dia;
(B) V,F,V,V
(B) aumentar a atividade física aeróbica;
(C) V,V,F,V
(C) reduzir a ingestão de sódio para no máximo
(D) F,F,V,F
200mmol/dia;
(D) manter a ingestão adequada de cálcio e magnésio
21) No tratamento da hipertensão arterial, a dietoterapia é
para a saúde em geral;
fundamental, não somente no que concerne à ingestão de
(E) abandonar o tabagismo e diminuir a ingestão de
sódio, mas também na qualidade dos lipídeos. O óleo é
gordura saturada e colesterol.
fonte de ácido graxo linolênico é conhecido como: (Unirio,
2009)
17) O aumento da prevalência de Hipertensão arterial pode
ser observada em pacientes que apresentam: (Residência (A) de oliva.
– HUPE/1998) (B) de milho.
(C) de girassol.
(A) Aumento do peso corporal, aumento da relação (D) de soja.
cintura-quadril e aumento da resistência a insulina (E) de coco.
(B) Aumento do peso corporal, dimuição da relação
cintura-quadril e diminuição da resistência a insulina 22) Vários estudos de intervenção nutricional têm
(C) Diminuição do peso corporal, aumento da relação demonstrado a eficácia das alterações dietéticas na
cintura-quadril e diminuição da resistência a insulina prevenção da hipertensão ou diminuição da pressão
(D) Aumento do peso corporal, diminuição da relação sangüínea em pessoas com pressão normal-elevada. Além
cintura-quadril e aumento da resistência a insulina dos fatores dietéticos, alterações no estilo de vida também
(E) Diminuição do peso corporal, diminuição da relação podem diminuir a incidência de hipertensão. Deste modo, a
cintura-quadril e diminuição da resistência a insulina afirmativa INCORRETA de procedimento para a
diminuição da incidência de hipertensão é: (Macaé, 2009)
18) A hipertensão arterial é um importante fator de risco
para a doença cardiovascular. O sal é o componente da (A) Parar de fumar diminui o risco cardiovascular;
dieta mais lembrado para ser restringido, entretanto (B) Manter a ingestão adequada de potássio dietético,
evidências cada vez maiores têm mostrado que o mesmo aproximadamente 90 mmol/dia
deve ser feito com a sacarose. As conseqüências de altas (C) Reduzir o consumo de gordura saturada e colesterol
ingestões de sacarose sobre a pressão arterial são total para saúde cardiovascular geral
(Prefeitura de Vassouras – 2007): (D) Limitar a ingestão de álcool para 40ml de etanol para
as mulheres e 80ml de etanol para os homens
(A) Reduzir a sensibilidade ao NaCl e efeito
antinatriurético; 23) O ganho de peso durante a vida adulta é responsável
(B) Aumentar a sensibilidade ao NaCl e efeito pela elevação de grande parte dos níveis pressóricos
antinatriurético; observada com o envelhecimento. No estudo de
(C) Reduzir a sensibilidade ao NaCl e efeito natriurético; Framinghan, o aumento de peso foi considerado preditivo
(D) Aumentar a sensibilidade ao NaCl e efeito natriurético; de uma elevação de pressão arterial. No que diz respeito a
(E) Neutralizar a sensibilidade ao NaCl e efeito esta estudo, podemos afirmar que: (Macaé, 2009)
natriurético.
(A) O aumento de 10% do peso corporal corresponde a
19) Considerando a dieta DASH (Dietary Approaches to elevação de pressão arterial de 7 mmHg
Stop Hypertension), utilizada para prevenção e controle da (B) O aumento de 10% do peso corporal corresponde a
hipertensão, relacione os grupos alimentares apresentados elevação de pressão arterial de 10 mmHg
na coluna da esquerda com os respectivos números de (C) O aumento de 5% do peso corporal corresponde a
porções diárias citados na coluna da direita. (Secretaria de elevação de pressão arterial de 7 mmHg
Saúde do Estado/2009)
(D) O aumento de 5% do peso corporal corresponde a (E) consumo de laticínios e alimentos com baixo teor de
elevação de pressão arterial de 10 mmHg gordura saturada

24) Os dois mecanismos que explicam o efeito hipotensor 29) Therezinha, 66 anos, foi encaminhada ao ambulatório
do consumo elevado de potássio dietético são: (UFRJ- de nutrição com diagnóstico de diabetes tipo 2 e
2009) hipertensão arterial, com pressão arterial de 150x80
(A) aumento na liberação de renina e efeito natriurético; mmHg. Na anamnese alimentar foi identificado o uso de
(B) diminuição na liberação de óxido nítrico e redução da edulcorante (frutose), alimento dietético (chocolate), frutas
síntese oleoginosas (abacate) e vinho tinto. (Residência
de tromboxano; HUPE/2001)
(C) inibição da liberação de renina e vasodilatação direta;
(D) produção reduzida de calidina e aumento da síntese de Exames bioquímicos:
tromboxano; Glicose: 146 mg/dl
(E) redução da vasodilatação endotélio dependente e Hemoglobina glicosilada: 9%
efeito Colesterol total: 190 mg/dl
natriurético. LDL: 115mg/dl
HDL: 35 mg/dl
25) O consumo recomendado de sal de cozinha (NaCl) e Triglicerídeos: 255 mg/dl
sódio (Na) para prevenção e tratamento da hipertensão
arterial sistêmica é, respectivamente: (UFRJ-2009) Avaliação antropométrica:
(A) 8 e 3,2 g/dia; Peso atual: 69kg
(B) 10 e 6 g/dia; Estaura: 1,50 m
(C) 4 e 1,6 g/dia;
(D) 2 e 0,8 g/dia; Objetivando a redução dos níveis de pressão arterial de
(E) 6 e 2,4 g/dia. Therezinha, você, nutricionista deste ambulatório,
prescreveu, além de dieta hipossódica, adição de:
26) No processo de prevenção da hipertensão arterial, (A) aveia
algumas modificações de hábitos alimentares e estilo de (B) linhaça
vida são recomendados. Assinale a opção que apresenta (C) fitosteróis
uma dessas modificações: (Marinha – 2009) (D) probióticos
(A) Aumentar a atividade física anaeróbica de modo a
promover o aumento de massa muscular 30) A adoção de estilo de vida saudável é o principal fator
(B) Restringir o consumo de cloreto de sódio a 10g ao dia na prevenção da hipertensão arterial. Assinale a opção em
(C) Restringir o consumo de etanol a 100ml ao dia, dando que todos são fatores de prevenção. (Residência
preferência ao vinho tinto UFF/2011)
(D) Aumentar a oferta de magnésio, potássio e cálcio (A) Restrição de sódio, história clínica e reduzido consumo
(E) Promover o ajuste do peso corporal , mantendo o de álcool.
índice de massa corpórea (IMC) entre 25 e 29,9 kg/m² (B) Atividade física e maior consumo de potássio, cálcio e
magnésio.
27) Sobre a prevenção primária da hipertensão, é (C) Peso adequado, atividade física e hereditariedade.
CORRETO afirmar que: (INCP, 2010) (D) Restrição de sódio, comorbidade e maior consumo de
1 – A abordagem dietética na prevenção primária do fibras.
controle da hipertensão apresenta eficácia comprovada na
obesidade mórbida e no consumo de álcool. 31) A hipertensão arterial é uma doença crônica de
2 – A prevenção primária da hipertensão pode melhorar a etiologia múltipla e fisiopatogenia multifatorial, que causa
qualidade de vida e os custo associados com o tratamento lesão em órgãos alvos, coração, cérebro, vasos e rins.
médico de hipertensão e suas complicações Assinale a opção em que TODAS são medidas dietéticas
3 – É comprovado que a abordagem dietética na para controle da hipertensão e dos fatores de risco
prevenção primária da hipertensão pode reduzir em média cardiovascular: (Residência INCA/2011)
8kg de peso corporal ou 20% do peso corporal. (A) Redução do consumo de sódio, líquidos e maior
ingestão de alimentos fontes de tiamina.
(A) Somente as afirmativas 1 e 2 estão corretas (B) Maior ingestão de alimentos fontes de potássio e cálcio
(B) Somente as afirmativa 1 e 3 estão corretas e redução do peso corpóreo.
(C) Somente a afirmativa 2 está correta (C) Dietas ricas em fibras, redução do consumo de etanol
(D) Todas as afirmativas estão corretas e maior consumo de vitaminas antioxidantes.
(D) Restrição de alimentos com fontes elevadas de sódio,
28) De acordo com a dieta DASH (Dietary Approaches to maior consumo de ácido graxo ômega 3,
Stop Hypertension) usada tanto para prevenção, quanto no ácido graxo poli-insaturado e fibras.
controle da hipertensão, não se recomenda: (PM Itaocara,
2010):
(A) suplementação de cálcio e potássio Gabarito:
(B) o consumo de maior quantidade de frutas e hortaliças,
cerca de 8 a 10 porções por dia. 1B 2-C 3-A 4-C 5-B 6-B 7-D 8A 9-C
(C) o aumento do consumo de leguminosas, nozes e 10C 11C 12C 13E 14B 15D 16C 17A 18B
sementes para 4 a 5 porções ao dia
(D) suplementação de magnésio e óleo de peixe 19A 20B 21D 22D 23A 24C 25E 26D 27C
28C 29B 30B 31B
TERAPIA NUTRICIONAL NA DOENÇA Prof. José Aroldo Filho
goncalvesfilho@nutmed.com.br
CARDIOVASCULAR

Fisiopatologia e etiologia
- obesidade,
A doença arterial coronariana (DAC) resulta do fluxo de - homocisteína e
sangue impedido para a rede de vasos que circundam o - dietas ricas em gorduras e colesterol.
coração e servem o miocárdio. Sua principal causa é a
aterosclerose que envolve alterações na composição e O depósito de lipídios e outros materiais (produtos de
estrutura da íntima da parede das artérias que produzem eliminação celular, cálcio, fibrina) na camada íntima é
fluxo sangüíneo prejudicado ou inadequado. (Fig. 1) chamado de placa ou ateroma.

Segundo a Krause, a aterogênese é dividida em 05 fases e


a presença dos fatores de risco influenciam a progressão
para lesão mais complicada:

 Fase 01 ou assintomática  consiste de pequenas


estrias de gordura que não são obstrutivas e que são
observadas em pessoas com menos de 30 anos;
 Fase 02  é caracterizada por placa de alto teor de
gordura (LDL plasmático que entra na parede endotelial)
que é mais propensa à ruptura;
 Fase 03  caracterizada por lesões agudas
complicadas com trombo não oclusivo;
 Fase 04  consiste de lesões agudas complicadas
com trombo oclusivo (o que gera provação de oxigênio e
nutrição do miocárdio), levando a angina, infarto e morte;
 Fase 05  lesão fibrótica ou oclusiva.

Na progressão da lesão aterosclerótica, o LDL oxidado


converte o macrófago em célula espumosa e o HDL
Fig.1 Progressão da aterosclerose com deposição de diminui o número e a atividade dos macrófagos, o que
lipídios, cálcio e fibrina na íntima da parede das artérias impede a ruptura da placa e a formação de trombo.
(Krause)
A aterosclerose nas artérias coronárias pode causar infarto
e angina (sensação de desconforto no tórax, ou em região Processo aterosclerótico (Chemin e Krause, 2010):
próxima, tipicamente provocado por esforço ou ansiedade,
em geral, durando alguns minutos, aliviado pelo repouso); Vários fatores lesam o endotélio, tornando-o mais
nas artérias cerebrais, acidente vascular cerebral (AVC); permeável e facilitando a entrada de LDL oxidada no
na circulação periférica, claudicação intermitente subendotélio. A LDL oxidada, torna-se um estímulo para a
(sensação de cãibra nas pernas que se torna presente liberação de citocinas que promovem ativação do
durante exercícios ou caminhadas e ocorre como resultado macrófago com fagocitose do LDL. O macrófago ativado
do suprimento de oxigênio diminuído) e grangrena (morte juntamente com o subendotélio liberam a MCP-1 (proteína
tecidual quase sempre em massa considerável, quimioatrativa de monócito 1) atraindo monócitos
geralmente com perda de suprimento vascular (nutritivo) e circulantes. Este processo inflamatório leva o endotélio a
seguida de invasão bacteriana e putrefação) e pode afetar expressar moléculas de adesão como a ICAM-1 (molécula
também os rins. de adesão intercelular 1), VCAM-1 (molécula de adesão
vascular 1), E e P selectinas que promovem a penetração
de monócitos no subendotélio. Os monócitos
Aterosclerose transformam-se em macrófagos que captam LDL oxidada,
formando as células espumosas que darão origem as
É a causa mais comum de DAC e da mortalidade com esta estrias gordurosas, que são a primeira lesão da
relacionada. (Krause, 2010) aterosclerose.
A aterosclerose é um processo que se desenvolve em A formação das células espumosas é acompanhada pela
artérias musculares médias e grandes (coronárias e migração de células musculares lisas presentes na
artérias das extremidades inferiores) e em artérias camada muscular para o subendotélio. Moléculas como
elásticas (aorta, carótidas e ilíacas). (Chemin) PDGF (fator de crescimento derivado de plaquetas), IGF-1
(fator de crescimento semelhante à insulina 1) e TNFα
É uma resposta inflamatória e proliferativa às lesões da estão envolvidos na proliferação da camada muscular lisa,
parede arterial (lesão endotelial). Este processo começa levando a formação das placas fibrosas ou ateroscleróticas
na infância e leva décadas para avançar e sua patogênese que são a lesão madura e contém uma capa fibrosa rica
é multifatorial. em células musculares lisas envolvendo um núcleo
lipídico.
Alguns fatores que produzem lesão endotelial são:
- hipercolesterolemia, O crescimento da lesão está associado à redução do
- colesterol LDL oxidado, lúmen arterial reduzindo o fluxo sanguíneo. Quando a
- hipertensão (HAS), lesão provoca estreitamentos superiores a 70% do lúmen
- fumo, das coronárias ocorrem sintomas de insuficiência
- diabetes mellitus (DM), coronariana (angina). Porém é a formação do trombo
arterial sobreposto à placa rota a maior responsável pela peso, intolerância à glicose, atividade física, doenças (DM,
ocorrência de eventos agudos e potencialmente letais. tireóide, fígado) e estação do ano.
Como o desenvolvimento da lesão é lento podem se
desenvolver colaterais para a área de isquemia, evitando As lipoproteínas ricas em triglicerídeos (TG) incluem os
áreas de necrose ou infarto do miocárdio. Porém quando a quilomícrons e VLDL e outros remanescentes formados no
evolução da placa é rápida não há tempo para formação catabolismo. Os IDL, quilomícrons e VLDL remanescentes
de colaterais são aterogênicos, uma vez que uma vez que ativam as
plaquetas e a cascata de coagulação, levando a formação
do coágulo. (Obs. na Krause 2010, no quadro de
Disfunção Edotelial lipoproteínas fala que os quilomícrons não são
aterogênicos, porém, em vários momentos adiante no
O óxido nítrico (ON) é um vasodilatador chave produzido capítulo fala que são).
pelas células endoteliais a partir do aminoácido L-arginina.
Ele inibe a agregação plaquetária e a proliferação de Pacientes com deficiência de lipoproteína lípase (LPL)
células de músculo liso e diminui a aderência de terão TG muito alto e necessitam de dieta com 10% de
monócitos. Sem a vasodilatação do ON, a vasoconstrição gordura. (Krause). Pacientes com hiperquilomicronemia,
aumenta a probabilidade de ruptura da placa. recomenda-se ingestão de no máximo 15% das calorias
totais na forma de lipídeos. Os indivíduos com níveis
Os níveis de ON estão diminuídos em diabéticos, elevados de TG geralmente evidenciam altos índices de
hipertensos, indivíduos com DAC e fumantes. O teor de L- apo B, possibilitando a essas partícula um longo período
arginina é bem alto em nozes, por este motivo seu para depósito dos lipídios na parede arterial. (Krause,
consumo diminui a incidência de DAC. A disfunção 2010)
endotelial é reversível – pode ser modificada pela dieta e
por mudanças no estilo de vida. (Krause, 2010) Devido à natureza hidrofóbica das gorduras neutras,
triglicerídeos e éteres de colesterol, o mecanismo de
Trombose transporte e distribuição dos lípides no plasma não seria
possível sem alguma forma de adaptação hidrofílica. Os
Resulta da ruptura da capa fibrosa da placa de ateroma. lípides são, então, transportados por estruturas micelares
Os fatores de risco para trombose são: tabagismo, complexas, denominadas lipoproteínas, que consistem de
estresse, uso de cocaína, hipercolesterolemia, fibrinogênio uma camada externa que contém proteína (apolipoproteína
e lipoproteínas, fibrinólise prejudicada e infecção. ou simplesmente apo), lípides polares (fosfolípides e
colesterol não-esterificado) e um núcleo mais terno de
A placa de ateroma mais vulnerável a ruptura possui capa lípides neutros (triglicerídeos, ésteres de colesterol e
fibrosa fina, com intensa atividade inflamatória local e vitaminas lipossolúveis).
hipercoagulabilidade, presença de um volume lipídico no
seu núcleo superior a 50% do volume total da placa, além
de poucas células musculares lisas e muitos macrófagos. Lipoproteínas e Metabolismo

Prevenção de DAC As lipoproteínas plasmáticas diferem quanto à origem, à


proporção das frações lipídica e protéica e quanto às
Diversos fatores de risco têm sido associados ao aumento propriedades físicas.
das DAC.
A porção protéica das lipoproteínas, denominada
Lipídios e Lipoproteínas Sanguíneas apolipoproteína (apo), exerce várias funções fisiológicas no
metabolismo das lipoproteínas: age como co-fatores de
Os lipídios do sangue (colesterol, triglicerídeos e enzimas, ligantes de receptores de superfície celular, além
fosfolipídeos) são transportados no sangue ligados a de permitir a solubilização da macromolécula em meio
proteínas (as lipoproteínas) que variam em composição, aquoso.
tamanho e densidade. As lipoproteínas mais densas são
as que têm mais proteína e as menos densas, mais lipídios Transporte exógeno de Lipídios (Fig. 02)

O colesterol total (CT) tem uma relação positiva direta com Os lipídios absorvidos são transportados pelos
DAC. Ele constitui o colesterol contido em todas as quilomícrons, (que possuem apo B-48 como sua principal
lipoproteínas: lipoproteína) através do sistema linfático para a corrente
- 60 a 70% encontra-se na LDL sangüínea. Na circulação, interagem com a lipoproteína
- 20 a 30% na HDL e HDL e recebem coletsterol, apo CII, apo CIII e apo E. Ao
- 10 a 15% na VLDL adquirir apo CII, sofrem a ação da lípase lipoprotéica (LPL)
que está presente no endotélio capilar da maioria dos
IMPORTANTE  o CT já foi recomendado como medida tecidos, que hidrolisa os TG que são enviados como
para triagem de risco, mas hoje, recomenda-se um perfil ácidos graxos para os tecidos extra-hepáticos para
completo de lipoproteínas. Apesar disso, uma redução de utilização.
10% no colesterol total pode levar ao decréscimo de cerca
de 30% na incidência de DAC. (Krause, 2010). Os quilomícrons remanescentes são, então, captados no
fígado (a apo E que fará a interação dos quilomícrons com
Os níveis de CT são afetados pela idade, dieta de alto teor os hepatócitos, promovendo seu reconhecimento para
de gordura, gordura saturada e colesterol, genética, captação hepática, segundo a Krause (2010), a apo E
hormônios sexuais, esteróides exógenos (anabolizantes ou também atua inibindo o apetite)
hormônios sexuais), drogas (-bloqueadores, tiazídicos),
Ingestão de gordura Absorção de colesterol,
fosfolipídios e TG

AG para tecidos periféricos

Ação de hidrólise pela


LPL (presente Transporte pelos
endotélio células QUILOMÍCRONS na corrente
musculares e sangüínea
adiposas)
Captação de quilomícrons
remanescentes

Fig 02 Metabolismo exógeno de lipídios.

Transporte endógeno de lipídios (Fig. 03) colesterol e em apo E) e, em seguida, LDL (cerca de 50%),
que farão o transporte de colesterol para os tecidos
A VLDL é sintetizada no fígado para transporte de TG e periféricos. A LDL é rica em apo B-100. Após a sua
colesterol endógenos (60% da partícula de VLDL é TG). A formação, 60% da LDL é capturada pelos receptores de
principal apolipoproteína da VLDL é a apo B100. No LDL no fígado, adrenais e outros tecidos. O restante é
sangue, as VLDL incorpora, também as Apo CI, CII, CIII e catabolizado através de receptores não renais (tanto o n.°
Apo E provenientes das HDL. De modo semelhante aos quanto atividade destes receptores são os maiores
quilomícrions, os TG/fosfolipídios da VLDL sofrem ação da determinantes do nível de colesterol sérico). Um pouco da
LPL que hidrolisa os TG que são enviados como ácidos LDL pode ser oxidada e captada pelas células endoteliais
graxos para utilização em tecidos periféricos. Os VLDL e macrófagos na parede arterial, levando aos primeiros
(ricas em apo C e apo E) remanescentes podem ser estágios da aterosclerose.
captados no fígado ou transformarem-se em IDL (ricas em

VLDL sintetizadas no fígado para


transporte de TG e colesterol endógeno

Ação de hidrólise pela LPL


(presente endotélio células AG para tecidos periféricos VLDL remanescentes
musculares e adiposas)

Transporte de colestrol para


tecidos extra hepáticos LDL IDL

Fig. 03 Metabolismo endógeno de lipídios.

(CETP), no plasma, a HDL tranfere ester de colesterol


Transporte reverso de colesterol (Fig. 04) para quilomícrons e VLDL em troca de TG. O
remanescente destas lipoproteínas será também captado
O colesterol livre nos tecidos extra-hepáticos é esterificado no fígado. A HDL é a lipoproteína de maior conteúdo
na circulação e transferido para a HDL. Após, o transporte protéico, por isso seu papel em dirigir o metabolismo
reverso de colesterol ocorre por duas vias: 1) após ação da lipídico. A apo A-I é a principal lipoproteína da HDL, e tem
lípase hepática que hidrolisa fosfolipídeos e triglicerídeos, papel antiinflamatório e antioxidante. A apo C e a apo E da
as HDL são captadas pelo fígado por meio de receptores HDL são transferidas para os quilomícrons e VLDL e a apo
específicos denominados SR-BI, que captam E ajuda o fígado a fazer o reconhecimento dos
seletivamente colesterol esterificado e 2) quando por ação quilomícrons/VLDL remanescentes.
da enzima proteína de transferência de éster de colesterol
Colesterol livre dos tecidos extra- Esterificação sérica pela Lecitina Transporte do colesterol esterificado
hepáticos colesterol Acil transferase para HDL

1
2
Ação de hidrólise pela LPL
(presente endotélio células Ação da Proteína de transferência do
musculares e adiposas) colesterol esterificado para a VLDL

Captação do VLDL remanescentes pelo AG para tecidos periféricos


fígado

Fig 04 Metabolismo do transporte reverso de colesterol.

Lipoproteína Apoproteínas Função Origem


Quilomicron (QM) B-48, CII, CIII, E Transporte de triglicerídeos exógenos Intestinal
QM remanescente B-48, E Transporte de colesterol exógeno Intravascular
VLDL B-100, CII, CIII, E Transporte de triglicerídeos endógenos Hepático
IDL B-100, E Transporte de colesterol Endógeno Intravascular
LDL B-100 Transporte de colesterol aos tecidos Intravascular
HDL AI, AII, CII, CIII, E Transporte reverso de colesterol Intestinal, hepático e intravascular

Avaliação de Lipoproteínas
Segundo Chemin, de acordo com a etiologia as
O perfil de lipoproteínas engloba o colesterol total, LDL, dislipidemias podem ser classificadas em:
HDL e TG após jejum de 8-12 horas. O LDL pode ser
obtido pela fórmula de Friedewald (LDL= CT – HDL – 1. primárias, quando são resultantes de causas genéticas
(TG/5)), que pode ser usada com valores de TG<400 associadas ou não a fatores ambientais e podem ser
mg/dl. classificadas em:
- hipercolesterolemia isolada,
Os valores para avaliação de todas as lipoproteínas, - hipertrigliceridemia isolada,
colesterol total e TG encontram-se na tabela 01. - hiperlipidemia mista (↑TG e CT),
- redução isolada de HDL ou em associação com ↑ LDL
O colesterol total e o LDL aumentam com o e/ou TG.
envelhecimento, em média, entre os 20 e os 65 anos
aumentarão 13% em homens e 21% em mulheres. 2. secundárias, quando são causadas por outras doenças
ou uso de medicamentos.
Deve-se avaliar perfil lipídico de: - causas clínicas incluem: diabetes mellitus, nefropatia
1. portadores de DAC ou de outras manifestações de crônica, hipotireoidismo, obesidade, alcoolismo e lúpus
aterosclerose, independente do sexo e da idade. eritematoso sistêmico.
2. todos os homens e mulheres com 20 anos ou mais. - causas medicamentosas incluem: diuréticos,
Segundo a Krause (2010), este exame deve ser realizado betabloqueadores, anticoncepcionais, corticosteróides,
a cada 5 anos. retinóides, anabolizantes e anti-retrovirais.

HIPERLIPIDEMIAS GENÉTICAS – KRAUSE, 2013


Tab.01 Valores em mg/dl para avaliação de
lipoproteínas, colesterol e TG HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR – hiperlipidemia tipo
IIa – é um distúrbio monogenético. Defeitos no receptor de
Exame Valor Classificação LDL causam hipercolesterolemia familiar. O tratamento
Triglicerídeos < 150 Normal com estatina melhora a função e a estrutura arterial. A
identificação de xantomas (depósitos de LDL colesterol)
150 a 199 Limite superior
identifica a maioria dos pacientes.
200 a 499 Alto
≥ 500 Muito alto HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR POLIGÊNICA –
Colesterol Total < 200 Desejável defeitos de vários alelos, sendo o alelo Apo E-4 o mais
200 a 239 Limite superior comum. Verifica-se LDL acima do percentil 90 em dois ou
 240 Alto mais membros de família, sem qualquer xantoma de
LDL < 100 Ótimo tendão. O tratamento é mudança de estilo de vida
100 a 129 Próximo do ótimo / associado a drogas hipocolesterolemiantes.
acima do ótimo
130 a 159 Limite superior HIPERLIPIDEMIA COMBINADA FAMILIAR – dois ou mais
160 a 189 Alto membros de família possuem TG ou LDL acima do
 190 Muito alto percentil 90. Está associada à hiperprodução hepática de
HDL < 40 Baixo Apo B-100 ou defeito no gene da lípase hepática.
 60 Alto
DISBETALIPOPROTEINEMIA FAMILIAR – é incomum e
está associada a catabolismo de remanescentes de VLDL
e QM atrasado, pois a Apo E-2 substitui as Apo E-3 e E-4. Fatores de Risco Modificáveis:
As concentrações de colesterol variam de 300 a 600mg/dl
e TG de 400 a 800mg/dl. O tratamento envolve redução de  Fumo de Cigarro:
peso, controle glicêmico e do DM, restrição de lipídios
saturados e colesterol. - É um fator de risco que se torna muito maior quando
associado com outros fatores de risco e influencia
diretamente eventos coronarianos agudos (inclusive
Avaliação do Risco de Doença formação de trombos), instabilidade da placa e arritmias.
Cardiovascular - Mulheres que fumam e usam anticoncepcionais orais tem
10 vezes mais chance de desenvolver DAC do que as
Os fatores de risco para doenças cardiovasculares podem mulheres sem estes fatores de risco.
ser divididos em modificáveis e não modificáveis. Observe - O risco é maior quanto maior o n.° de cigarros e cigarros
abaixo os Fatores de Risco modificáveis de acordo com de baixo teor de alcatrão não diminuem o risco.
as diferentes referências: - O fumo passivo também é considerado um fator de risco.
- O fumo diminui o HDL (6-8 mg/dl), aumenta VLDL e
DAN E CHEMIN: glicose.
- Tabagismo - Cessar o fumo diminui em 50% o risco e após 15 anos o
- DM risco é semelhante ao da população geral.
- HAS - Chemin  é um fator de risco independente para
- Dislipidemias aterosclerose. Aumenta em 18% a mortalidade
- Obesidade, principalmente central cardiovascular em homens e 31% em mulheres, para cada
- Sedentarismo 10 cigarros fumados ao dia.
- Fatores psicossociais (Chemin, não considera este)
Obs: a ausência desses fatores não garante proteção
total contra DCV.  LDL-colesterol:

KRAUSE - Conclusivamente ligada à doença cardiovascular e


eventos agudos.
- A LDL  com o envelhecimento, genética, dieta, baixos
níveis de estrogênio, progestinas, DM, hipotireoidismo,
síndrome nefrótica, hepatopatia, obesidade e algumas
drogas esteróides e anti-hipertensivas.
- Dietas com alto teor de gordura e colesterol  o LDL
porque diminuem os receptores de LDL no fígado, assim,
menos LDL é eliminada do plasma e seus níveis
aumentam.
- Os valores para avaliação da LDL encontram-se na
tabela 01, porém pessoas já com doença cardiovascular
ou de, o alvo é sempre LDL < 100 mg/dl, pois quanto
menor, há regressão das lesões e retardo do progresso da
aterogênese, bem como menor morbi-mortalidade primária
e secundária.
Diferentemente, a Krause (2010) coloca que índice de
LDL-C < 70mg/dl é apropriado para pacientes de risco
muito alto. (Incluem-se neste grupo, os pacientes
diabéticos e os já portadores de doença cardiovascular) e
mantém a recomendação de níveis < 100mg/dl para
pacientes de alto risco (aqueles com 2 ou mais fatores de
risco).

Recomenda-se a observação dos seguintes fatores


nutricionais que afetam o LDL (KRAUSE, 2013):

- Avaliação, prevenção e manejo dos fatores de risco: são Aumentam LDL Ácido graxo saturado e trans;
incluídos na KRAUSE (2013), os seguintes fatores de risco Colesterol dietético;
principais: HAS; idade (>45 para homens e > 55 para Excesso de peso.
mulheres); DM; TFG<60ml/min; microalbuminúria e história Diminuem LDL Ácido graxo poli-insaturado;
familiar prematura de DCV (homens <55 anos e mulheres Fibra viscosa;
<65 anos). Nos fatores de estilo de vida inclui-se o sono Estanóis;
insuficiente. Perda de peso;
Proteína de soja;
A AHA sugere que a prevenção primária da Doença Proteína de soja contendo isoflavonas
Arterial Coronariana (DAC) deve começar aos 2 anos de (evidência limitada).
idade, sendo a atividade física enfatizada para
manutenção de peso ideal. O rastreio precoce é indicado
em crianças com história familiar de hipercolesterolemia ou  Hipertensão (HAS):
DAC.
- É definida como pressão sangüínea média de 140/90
Concentrações Colesterol total (mg/dl) LDL (mg/dl) mmHg ou pelo uso de medicação anti-hipertensiva.
Aceitável <170 <110 - A prevalência de HAS aumenta com a idade e é maior
Limítrofe 170 – 199 110 – 129 em negros do que em brancos.
Alto ≥200 ≥130
- A HAS causa lesão vascular e estresse do miocárdio por adrenérgicos, hipertrigliceridemia e fatores genéticos.
isso contribui para o avanço da doença cardiovascular. Adicionalmente, a Krause (2010) coloca a inflamação.
Além disso, é um fator que compõe a Síndrome
Metabólica.  Obesidade:
- Chemin  é um dos mais importantes fatores de risco
para as doenças cardiovasculares. Cerca de 25% das - Conforme  IMC  DAC.
mortes por DAC são explicadas pela HAS. - A obesidade afeta as DAC, provavelmente por estar
relacionada com outros fatores de risco coexistentes como
 Hipertrofia ventricular esquerda: intolerância a glicose, HAS, dislipidemia, marcadores
inflamatórios (IL-6, TNF-alfa e proteína C reativa), apnéia
- Há o aumento do ventrículo esquerdo pela HAS e carga do sono, estado pró-trombótico e disfunção endotelial .
de trabalho. Pode ocorrer secundariamente à obesidade. - Quanto menor o peso corpóreo, menores os níveis de
proteína C reativa e de fibrinogênio.
 Diabetes Mellitus (DM): - A obesidade abdominal é mais preditiva de DAC e afeta a
tolerância a glicose e os níveis séricos de lipídeos.
- Tanto DM tipo I quanto tipo II aumenta o risco de DAC. - Pequenas perdas de peso podem melhorar o LDL, HDL,
- O fator de risco atribuível ao DM é a presença de outros os TG, a HAS, a tolerância à glicose e os valores de
fatores de risco concomitantes como dislipidemia, HAS e proteína C reativa, mesmo sem atingir-se o peso ideal.
obesidade. - Chemin  a obesidade visceral está associada à
- Chemin  os diabéticos têm 3 a 5 vezes mais risco de produção de citocinas e mediadores que reduzem a
desenvolver doença cardiovascular do que indivíduos não sensibilidade à insulina, o que gera uma resposta
diabéticos. Cerca de 80% dos diabéticos tem como causa compensatória no pâncreas, havendo hiperinsulinemia.
de morte as doenças cardiovasculares. Essa alteração hormonal favorece o aparecimento de
Entre os efeitos da hiperglicemia persistente, está a hipertensão, dislipidemia caracterizada por aumento de
formação de produtos finais de glicosilação avançada TG, redução de HDL e aparecimento de LDLs pequenas e
(AGE), classe heterogênea de proteínas e lípides densas com maior potencial aterogênico.
glicosilados que se acumulam no tecido vascular, O adipócito também produz o inibidor do ativador do
induzindo proliferação celular e a inflamação e, plasminogênio 1 (PAI-1), importante trombolítico que inibe
consequentemente a progressão acelerada da a agregação plaquetária. O excesso de tecido adiposo
aterosclerose. O grau de glicosilação é determinado pela promove redução da produção de adiponectina que é um
concentração da glicose e pelo tempo de exposição à mediador que melhora a sensibilidade insulínica.
hiperglicemia. Além disso, alterações hemostáticas
contribuem para a hipercoagulabilidade e um estado pró-  Fatores psicossociais:
trombótico.
- Personalidade tipo A (urgência de tempo, impaciente e
Inatividade física: compulsivo), estresse, depressão e nível educacional
(inferior a 2° grau), estão associadas ao aumento do risco
- É um fator de risco independente para DAC e da de doença cardiovascular.
magnitude da hipercolesterolemia, HAS e do fumo.
- O risco de sedentários é 02 vezes maior que a de  Triglicerídeos (TG):
fisicamente ativos.
- É o fator de risco modificável mais prevalente. - Níveis aumentados é fator de risco para DAC.
- Uma atividade física de intensidade moderada por 30 - As lipoproteínas ricas em TG – remanescentes de
minutos é recomendável (caminhar, subir escadas, quilomícrons, VLDL e IDL- são capazes de ultrapassar a
jardinagem, limpar a casa). (Krause) barreira endotelial e fornecer material lipídico (TG e
- A atividade física diminui o risco de DAC por retardar a colesterol esterificado) para macrófagos e células
aterogênese, aumentar a vascularidade do miocárdio, musculares lisas que se encontram na íntima arterial.
aumentar a fibrinólise e modificar outros fatores de risco - É comum o aumento de TG na Síndrome Metabólica.
como aumentar o HDL, melhorar a tolerância à glicose e - Em função de seus papéis, normalmente TG e HDL estão
sensibilidade da insulina, auxiliar o controle do peso e inversamente relacionados, ou seja, quando os TG  o
diminuir a pressão sangüínea. HDL .
- Chemin  atividade física também melhora a -  TG - dieta (vegetariana, baixo teor de gordura,
hipertrigliceridemia. Para alcançar os benefícios, carboidrato refinado) estrógenos, obesidade, DM não
recomenda-se a execução de 3 a 6 sessões por semana, tratado, nefropatia crônica e hepatopatia.
de exercícios aeróbicos com duração de 40 minutos em -  TG – perder peso em pacientes com sobrepeso, dieta
média. com baixo teor de gordura saturada e colesterol, baixa
ingestão de carboidratos refinados, aumentar a atividade
 HDL-colesterol: física, cessar o fumo, tratar o DM, se presente e diminuir o
consumo de álcool.
- Fator de risco independente negativo para a incidência de
DAC e mortalidade em homens e mulheres (HDL >  Lipoproteína (a):
60mg/dl – protetor e HDL< 40mg/dl – fator de risco).
- O mecanismo anti-aterogêncio é desconhecido, mas - Lipoproteína não envolvida no transporte de lipídeos.
sugere-se que pode alterar positivamente o endotélio, além - Tem semelhança estrutural com o plasminogênio, uma
do seu papel no transporte reverso de colesterol que pró-enzima envolvida na quebra de fibrina, porém não tem
auxilia a prevenir o acúmulo de lípides na parede arterial. sua ação, estimulando assim, a fibrinogênese.
-  HDL – estrógeno exógeno, exercício, perda de gordura - Não é recomendada dosagem para triagem de rotina.
corporal em excesso e consumo moderado de álcool. - Os seus níveis diminuem com estrógeno, esteróis e
-  HDL – obesidade, fumo, esteróis adrenérgicos e niacina.
relacionados (anabólicos, anticoncepcionais com
predominância de progesterona), bloqueadores -  Estresse Oxidativo:
- Quanto maior a oxidação do LDL, maior a aterogênese. - A PCR foi encontrada no ateroma arterial e, portanto, é
- Substâncias que diminuem a oxidação do LDL incluem considerada agora tanto um fator de risco como um
vitamina C, E, beta caroteno, selênio, flavonóides, AGENTE CAUSAL para a aterotrombose.
magnésio e gordura monoinsaturada.
Os níveis para risco são:
 Álcool: Baixo (< 1mg/L)
Médio (2-3 mg/L)
- O consumo de 01 dose de álcool ao dia por mulheres ou Alto (>3 mg/L)
02 doses de álcool por dia por homens diminui o rico de
DAC, porém não é recomendado.  Homocisteína

Fatores de Risco Não Modificáveis - É um metabolito da metionina.


- Como fator de risco é controversa, pois está fortemente
(Dan): relacionada com outros fatores de risco como idade, fumo,
 Sexo masculino pressão sangüínea, colesterol aumentado e sedentarismo.
 Idade >=45 anos(H) >=55 anos (M) - Além disso, a creatinina sérica é um forte preditor de
 História familiar precoce de aterosclerose (< 55 homocisteína plasmática, pois conforme declina a função
anos (H) < 65 anos (M) renal, aumenta a homocisteínae baixos níveis de folato e
 Raça (adicionada pela Chemin, 2011) vitamina B12 causam aumento da homocisteína, mas seus
baixos níveis não produzem doença cardiovascular.
(Krause):
- A homocisteína tem sido mais preditora de risco em
 Menopausa
pacientes com insuficiência renal avançada ou naquele
 Idade
com aterosclerose, pois ela, nestes pacientes, atua como
 História Familiar
pró-coagulante ou produzindo lesão endotelial.

- Aumentar a ingestão de vitaminas B6, B12 e ácido fólico


Fatores de risco não modificáveis
diminuem a homocisteína, porém não se sabe se as
doenças cardiovasculares.
 Idade:

- Quanto maior a idade, maior a ocorrência de DAC. Tem Tratamento


maior risco de DAC:
Homens com mais de 45 anos e Segundo a Krause, a abordagem de saúde pública para
Mulheres com mais de 55 anos, o que significa, prevenção primária de DAC consiste de quatro diretrizes
normalmente após a menopausa dietéticas maiores:
- padrão alimentar saudável global,
 História familiar: - peso corporal apropriado,
- Uma história familiar de doença prematura (menos de 55 - perfil de colesterol desejável e
anos para homens e menos de 65 anos para mulheres) é - pressão sangüínea desejável.
um forte fator de risco, mesmo quando outros fatores de
risco são considerados. Segundo a Krause (2010), as metas de dieta e estilo de
vida propostos para redução do risco de DCV são da
 Menopausa: American Heart Association (2006):
- consumir uma dieta saudável em geral
- O estrógeno protege contra DAC em mulheres na pós- - obter peso corporal saudável
menopausa provavelmente por prevenir lesão vascular. - obter níveis recomendados de LDL, HDL e TG
Quanto menores os níveis de estrógeno, maior o risco. - obter pressão sangüínea normal
- obter nível de glicose normal
Fatores de risco emergentes – Marcadores - estar fisicamente ativo
- evitar o uso e a exposição a produtos que contenham
Inflamatórios (Krause, 2010/2013)
tabaco.
O papel da inflamação na DCV justifica o uso de
Outra estratégia de prevenção primária é a redução de
marcadores inflamatórios para indicar a presença de
fatores de risco em pessoas que ainda não tem o
aterosclerose em indivíduos assintomáticos ou a sua
diagnóstico da doença, sendo que a hipercolesterolemia,
extensão em pacientes com sintomas.
mais especificamente a LDL, tem sido o alvo principal.
(Krause)
Os marcadores mais amplamente estudados são o
Fibrinogênio e a proteína C reativa.
Dois cálculos são feitos para avaliar o risco de DAC em
 Fibrinogênio
pessoas sem doença estabelecida. Primeiro são contados
- O Fibrinogênio plasmático é um preditor independente de
os fatores de risco, a saber: (Krause 2010)
risco para DAC.
- Os fatores associados ao índice de fibrinogênio elevado
- Fumo,
são: Tabagismo, DM, HAS, obesidade, sedentarismo,
- HAS (> 140/90 mmHg ou em uso de medicação
níveis elevados de TG e fatores genéticos.
hipertensiva)
- O  de trombos está relacionado ao fibrinogênio - Baixo colesterol HDL (<40 mg/dl),
plasmático. - História familiar de DAC prematura (DAC em parente do
sexo masculino de primeiro grau com menos de 55 anos e
 Proteína C –reativa (PCR) DAC em parente do sexo feminino de primeiro grau com
- Como a aterogênese é um processo inflamatório, a PCR menos de 65 anos) e
mostrou-se elevada (> 3) em indivíduos com angina,
- Idade (homens  45 anos e mulheres  55 anos).
infarto do miocárdio,AVC e doença vascular periférica.
Depois, estes fatores são pontuados, a partir do estudo de * Se houver tratamento medicamentoso – considera-se o
Framinghan, levando em consideração a idade para se parâmetro
determinar o risco de DAC em 10 anos. Este sistema
classifica o paciente em uma das 03 categorias: (Krause,
2010) Fatores Dietéticos
1. risco alto (isto é, 20% dos indivíduos desenvolverão Vários fatores dietéticos afetam positivamente ou
DAC ou terão um evento decorrente dentro de 10 anos); negativamente os lipídios séricos, a aterogênese e a DAC.
2. risco moderado (isto é, um risco de 10 a 20% de nova
DAC em 10 anos) e Segundo a Krause, quando se investigam os efeitos dos
3. baixo risco (menos de 10% de risco). ácidos graxos sobre os lipídios séricos, 02 pontos de
Obs.: a Krause de 2010 coloca uma classificação adicional comparação são feitos: como os ácidos graxos se
que sería a de risco muito alto (chance > 30% de comparam quando substituídos por carboidratos e como se
desenvolver DAC em 10 anos) comparam quando eles substituem os ácidos graxos
saturados.
Segundo Chemin, usam-se as mesmas categorias de risco
acima (alto, moderado ou baixo risco), porém as categorias Ácidos graxos Saturados (AGS)
de risco são definidas da seguinte forma:
 Risco alto: doença cardiovascular estabelecida;
diabetes mellitus; ou > 3 fatores de risco.
 Risco intermediário: 2 fatores de risco ou Os AGS não possuem duplas ligações e são sólidos à
síndrome metabólica. temperatura ambiente.
 Risco baixo: 0 – 1 fator de risco.
AGS:
Nesta classificação são considerados fatores de risco: HDL - é a principal causa alimentar de elevação do colesterol
baixo, TG alto, hipertensão arterial, diabetes mellitus, LDL do plasma.
fumo, antecedente familiar de infarto ou AVC e idade - em função da sua estrutura retilínea, permite maior
avançada (homens > 45 anos e mulheres > 55 anos). entrada de colesterol nas partículas de LDL.
(Chemin). As metas de LDL e lipídios não HDL são (Chemin/Cuppari 2014)
diferentes para estes pacientes por conta de seu risco e
encontram-se na tabela 04. Mecanismo ação  os AGS aumentam o LDL por:
- diminuírem a síntese e atividade dos receptores celulares
Tab. 04 Metas de lipoproteínas (mg/dl) para categorias de B-E de LDL.
risco do estudo de Framinghan
Categoria Meta LDL Meta Não-HDL
1. Alto risco < 100* < 130 Na tabela 02 abaixo podemos observar a estrutura e fontes
2. Risco moderado < 130 < 160 do AGS na ordem de seu poder de aterogenicidade.
3. Baixo risco < 160 < 190 (Krause)
* opcional <70mg/dl – Krause de 2010 e <70mg/dl segundo Dan (2009)
para aterosclerose acentuada
Os TCM são ácidos graxos saturados, mas como sua
O ATP III classifica os outros fatores de risco (além dos já absorção é direta, via veia porta para o fígado, sua
citados acima) em fatores de estilo de vida (obesidade, ingestão não aumenta os níveis de TG em quilomícrons.
inatividade física, dieta aterogênica) e fatores de risco
emergentes (lipoproteína (a), homocisteína, fatores pró-
trombóticos e pró-inflamatórios e glicemia de jejum
alterada). Os fatores de estilo de vida constituem as áreas
de intervenção e os fatores de risco emergentes guiam as Tab. 02 Ácidos graxos saturados (Krause e Dan)
decisões com relação à intensidade da terapia de redução
do risco. Poder Ácido graxo Fontes e características
aterogênico
Além da abordagem para diminuição da LDL, deve ser 01 Mirístico Gordura do leite, cerne de
dada atenção a indivíduos portadores de síndrome (C14:0) palmeira e óleo de coco, leite e
metabólica que também devem ter seu estilo de vida derivados
alterado. A síndrome metabólica é um conjunto de fatores 02 Palmítico Mais rico na dieta,
Na tabela 05 podemos observar os fatores de risco para a (C16:0) corresponde a 60% do AGS da
definição de síndrome metabólica que é considerada na dieta. Rico em alimentos de
presença de pelo menos 03 fatores. origem animal, mas também
presente em alimentos de
Tab. 05 Critérios para Identificação da Síndrome origem vegetal (óleo de dendê)
metabólica 03 Láurico Único ácido graxo saturado de
Fator de risco Limite (C12:0) cadeia média. Fontes: óleo de
Obesidade abdominal cerne de palmeira, óleo de
Homens > 102 cm coco
Mulheres > 88 cm
Triglicerídeos*  150 mg/dl Apesar de ser um ácido graxo saturado o ácido esteárico
Colesterol HDL* (C18:0) este não tem feito sobre os lipídios sangüíneos e é
Homens < 40 mg/dl considerado neutro, aparentemente porque é rapidamente
Mulheres < 50 mg/dl convertido em ácido oléico (C18:1) ao entrar no corpo.
Pressão Sangüínea*  130 /  85 mmHg
Glicose de jejum* ≥ 100 mg/dl (Krause, 2010,
Com um aumento de 1% no VET vindo de AGS é previsto
Dan, 2009) um aumento de 2,7 mg/dl no colesterol plasmático. Mas,
apesar de os AGS serem hipercolesterolêmicos, nem Outro AGP3 é o ácido -linolênico. Ele também é
todas as pessoas respondem da mesma maneira. essencial ao ser humano e é encontrado em vegetais,
principalmente soja e linhaça.
Todos os AG diminuem os TG de jejum se substituídos por
carboidratos na dieta. (Krause) Os AGP3:
- não afetam o colesterol total,
Segundo Cuppari (2005) os ácidos graxos de cadeia curta - diminuem os TG (em 25 a 30% - Krause).
como o ácido cáprico (encontrado na carne bovina, - aumentam o HDL (Chemin)
manteiga e coco) não aumentam o colesterol sérico. - diminuem ou não alteram o LDL em indivíduos
normocolesterolêmicos
Segundo Chemin, para se diminuir o consumo de AGS -aumentam o LDL em indivíduos
aconselha-se restrição na ingestão de gordura animal, leite hipercolesterolêmicos, (de 05 a 10% - Krause)
e derivados integrais, polpa de coco e de alguns óleos
vegetais (dendê e coco).
A ação dos AGP3 na diminuição dos TG ocorre porque
Segundo a Krause (2010), de todas as gorduras eles inibem a síntese de VLDL, apo B100 e diminuem a
adicionadas a dieta, as mais hipercolesterolêmicas são lipemia pós prandial. A ação na diminuição dos TG
óleos de semente de palma, de coco, banha de porco e a depende da dose de AGP3.
manteiga.
Os AGP3 também afetam outras etapas da aterogênese,
Ácidos Graxos Poliinsaturados 6 (AGP6) pois são precursores de prostraglandinas que interferem
na coagulação sangüínea, ou seja, um aumento na
O ácido linoléico (C18:2) é o mais abundante AGP6 ingestão de AGP3 leva a um maior tempo de
na dieta, além de constituir-se um ácido graxo essencial e sangramento ( viscosidade do sangue). Além disso,
ser precursor dos demais ácidos graxos poliinsaturados da Chemin coloca que os AGP3 auxiliam no relaxamento
série ômega 6. das artérias, na redução da pressão arterial e também tem
efeitos antiarrítmicos e anti-inflamatórios.

Os efeitos demonstrados destes AG até o momento é


As recomendações da quantidade ideal de AGP3 na
a redução do CT e do LDL. Os mecanismos de ação
dieta ainda não está bem estabelecida.
propostos são:
- FAO (Food and Agriculture Administration) e a OMS
- diminuição a produção e aumento da remoção de LDL
(Organização Mundial de Saúde) recomendam a ingestão
(provavelmente pelo aumento da atividade do receptor
de 1 a 2% das calorias totais da dieta. (Chemin e Dan,
hepático de LDL)
2009)
- alteração da estrutura das LDL de forma a diminuir o
- A American Dietetic Association (ADA) recomenda o
conteúdo de colesterol da partícula.
consumo semanal de 180g de peixes ricos em ômega 3.
(Chemin e Dan, 2009)
- Ingestão de peixe rico em w-3 pelo menos 2x/sem.
As principais fontes são óleos vegetais (com exceção do
(Dan, 2009 e Krause, 2010)
de coco, cacau e dendê ou palma), molhos para salada e
- Para aqueles com DCV: 1g de EPA e DHA
margarinas.
combinados/dia. (Dan, 2009 e Krause, 2010)
- Para aqueles com hipertrigliceridemia: 2 a 4 g de
Uma desvantagem dos AG poliinsaturados (AGPI) é a
EPA e DHA/dia (Dan, 2009 e Krause, 2010)
suscetibilidade à peroxidação lipídica, quando são
incorporados a LDL, aumentando a fagocitose destes
pelos macrófagos. A ingestão habitual de AGP6 é de
Conteúdo de AG 3 em animais marinhos (por 100g)
07% do VET, quantidades aumentadas aumentam a
(Chemin)
oxidação do LDL e por isso, não são recomendadas.
Alimento AG3
O W-6 exerce efeito adverso na função do endotélio Cavala 1,8 – 5,1
vascular e estimular a produção de citocinas pró-
inflamatórias. Além disso, recomenda-se baixa razão w- Arenque 1,2 – 3,1
6/w-3. (Krause, 2010) Sardinha 1,7
Segundo a Krause, na dieta se o carboidrato for Salmão 1,0 – 1,4
substituído por ácido linoléico ocorre  LDL e  HDL e se o Atum 0,5 – 1,6
ácido linoléico substituir AGS na dieta ocorre  LDL e 
HDL. Um aumento de 1% no VET com base em AGP6 é Truta 0,5 – 1,6
previsto uma diminuição no colesterol total de Linguado 0,2
aproximadamente 1,4 mg/dl.
KRAUSE (2013)  ÁCIDOS GRAXOS POLI-
Ácidos Graxos Poliinsaturados 3 (AGP3)
INSATURADOS (PUFAS) DA SÉRIE ÔMEGA 3: os W3
estimulam a produção de óxido nítrico, que promoveria
São considerados cardioprotetores primários ou
vasodilatação e relaxamento de vasculatura.
secundários. Os principais são o ácido eicosapentaenóico
(EPA – C20:4) e o ácido docosaexaenóico (DHA - C20:6)
Ácidos Graxos Cis-Monoinsaturados (AGCM) ou Série
que são ricos em peixes marinhos, óleos de peixe e
ômega 9
cápsulas de óleos de peixe.
O ácido oléico (C18:1) é o AGCM mais prevalente na dieta.
A principal fonte de AGCM é o azeite de oliva, mas
também é encontrado no óleo de canola, azeitona, abacate Recomenda-se não mais que 1% do VET de ingestão
e oleoginosas (castanhas, nozes e amêndoas). de AG Trans (cerca de 1 a 3g/dia) (Krause, 2010)

Segundo a Krause, substituir ácido oléico por HC não


produz efeito nas lipoproteínas, mas substituir AGS por Conteúdo de ácido elaídico em alimentos produzidos no
AGCM diminui o colesterol total, LDL e TG, de maneira Brasil (por 100g) (Chemin)
semelhante aos AGP. Alimento Ac Elaídico
Segundo Chemin, Dan (2009) e Cuppari (2014) o Biscoito wafer sabor morango 7,24
ácido oléico é considerado neutro por não interferir na Tablete de caldo de carne 5,32
concentração de CT e LDL.
Biscoito cream cracker 1,57
Populações que vivem no Mediterrâneo possuem menor Biscoito de maisena 1,36
risco de desenvolver doenças cardiovasculares em virtude
da principal fonte de gordura ser o azeite (efeitos anti- Carne bovina, cupim cru 0,30
inflamatórios) associado com alto consumo de cereais,
Carne bovina, filé mignon magro cru 0,10
vegetais e frutas.
Carne bovina, lagarto cru 0,08
KRAUSE (2013) – MUFAS: a substituição de ácido oleico
Carne de frango,peito sem pele cru 0,03
por carboidratos quase não tem efeito significativo sobre
os lipídios séricos. A substituição de AGS por MUFAS Leite condensado 0,20
diminui CT, LDL e TG no mesmo grau que os ácidos
graxos poli-insaturados (PUFAS). Os efeitos dos Chocolate ao leite 0,17
MUFAS no HDL depende do conteúdo gorduroso da dieta.
Quando a dieta fornece mais de 35% do VET como Quantidade de Gordura Dietética
lipídios, sendo >15% de MUFAS a concentração de HDL
não se altera ou se eleva ligeralmente, quando comparada A ingestão total de gordura está relacionada com a
com dietas de baixo teor de lipídios. obesidade que afeta outros fatores de risco para
aterosclerose. O aumento da ingestão de gordura aumenta
a lipemia pós-prandial e os remanescentes de
Ácidos Graxos Trans (AGT) quilomícrons e ambos estão associados com maior risco
de DAC.
Os AGT contêm pelo menos uma dupla ligação na
configuração trans, os seja os dois átomos de hidrogênio Segundo o Dan (2009), o excesso de calorias leva ao
estão em lados opostos. aumento do LDL.
A dupla ligação trans é resultado da fermentação
bacteriana anaeróbica que ocorre em animais ruminantes Mecanismo de ação: Excesso de gordura  excesso de
(5% da gordura total) e é desta forma introduzida na calorias  aumento do peso  sobrecarga do fígado 
cadeia alimentar. Também pode ser formada durante o produz mais VLDL  o excesso desta é transformada em
processo de hidrogenação, que solidifica óleos líquidos LDL.
(60% da gordura total produzida), dando origem as
gorduras hidrogenadas, margarinas e shortenings, que são Dietas com baixo teor de gordura só diminuem o LDL
usados na composição de sorvetes cremosos, cookies, quando acompanhadas da diminuição de AGS (Adult
chocolates, pães, cremes e sobremesas aeradas, óleos Painel Treatment III (ATPIII) – ingestão total de gordura 25-
para fritura industrial e molhos para salada (maionese). 35% e de AGS <7%).

O AGT mais comum na dieta é o ácido elaídico, que é o Colesterol Dietético


isômero trans do ácido oléico.
O colesterol é encontrado somente em produtos de origem
A ingestão desses AG aumenta o risco de DAC. Eles: animal.
- aumentam o LDL, da mesma forma que os AGS
- reduzem o HDL O colesterol dietético aumenta o LDL, porém em
extensão menor que os AGS. (Krause, Dan e Chemin).
Mecanismo de ação:
- A configuração trans confere semelhança estrutural com
os AGS, o que pode explicar a ação de elevar o LDL. Aumentar 25mg de colesterol dietético aumenta em
- Supressão da atividade dos receptores de LDL no fígado, 01mg/dl o colesterol sérico, porém aumentar mais de
- Tem ação inibindo a formação de ácidos graxos 500mg o colesterol dietético parece aumentar muito pouco
essenciais de cadeia longa (que aumentam o número de a mais o colesterol sérico, o que significa que parece haver
receptores de LDL), por interferir na ação da enzima um limiar para uma resposta do colesterol plasmático ao
desaturase. Essa ação também pode promover mudanças colesterol dietético.
na produção de eicosanóides (Chemin).
Algumas pessoas são hiporresponsivas (não aumentam o
Se aumentarmos a ingestão de gordura trans em 03% do colesterol sérico frente a aumentos de colesterol dietético)
VET há um aumento no LDL superior aos AGS e se enquanto outras são hiperresponsivas. Sugeriu-se que os
aumentarmos o trans em 06% do VET há diminuição do hiperresponsivos podem ter alelo E-4 e taxas precárias de
HDL. As gorduras hidrogenadas mais sólidas são as que conversão de colesterol em ácidos biliares o que provoca
mais elevam a colesterolemia. (Krause) aumento do colesterol.

O consumo de AGT é bastante variável entre a população. Os AGS e o colesterol dietético têm efeito sinérgico sobre
Nos Estados Unidos é em média de 2,6% do VET. os níveis de colesterol LDL, juntos, eles diminuem a
síntese e atividade dos receptores de LDL, aumentam
VLDL enriquecida com apo E, aumentam todas as O álcool aumenta os TG dependendo da dose e tem um
lipoproteínas e diminuem o tamanho dos quilomícrons efeito maior em pessoas com TG > 150 mg/dl. O álcool
(associadas a DAC). também aumenta o HDL, mas seu uso com este objetivo
não é recomendado.
Fibras
O resveratrol do vinho (componente antifúngico da casca
As fibras solúveis (pectinas, gomas, mucilagens, da uva) aumenta o HDL e inibe a oxidação do LDL, além
polissacarídeos de algas e algumas hemiceluloses) de reduzir o fibrinogênio.
diminuem o colesterol sérico total e o LDL (as fibras
insolúveis não têm esta ação). Café

Recomendações de fibras: Os grãos de café possuem duas substâncias lipídicas,


- Cuppari (2005/2014) - 20 a 30g ao dia, sendo 25% denominadas cafestol e kahweol, que aumentam o
de fibra solúvel colesterol sérico.
- Chemin e NCEP (National Cholesterol Education
Program) – 20 a 30g/dia, sendo 5 a 10g de fibra solúvel A água quente, utilizada para o preparo do café, remove
- Krause (2010) – 25 a 30 g/dia, sendo 6 a 10g de fibra algumas substâncias gordurosas dos grãos e estas ficam
solúvel presentes no líquido que não é coado, segundo Cuppari
- ADA – 20 a 35g/dia (2005), o coador de pano também tem a capacidade de
reter estas substâncias). Portanto a recomendação é
Segundo a Krause, a quantidade de fibra necessária sempre usar o filtro de papel, pois estes têm a capacidade
para obtenção da ação hipolipemiante depende da fonte e de reter as substâncias citadas.
pode ser visualizada na tabela 03.
O consumo de 720 ml de café ao dia aumenta o colesterol
Tab.03 Quantidade de fibra solúvel diária necessária para total (9mg/dl), o LDL (6 mg/dl) e o HDL (4 mg/dl) com efeito
produzir efeitos na diminuição do colesterol (Krause) maior para o café fervido (método europeu, expresso ou
Fonte Quantidade (g) árabe) do que do café filtrado (método americano). Porém,
Pectina 6-40 os estudos não demonstram relação entre consumo de
Gomas 8-36 café e aumento da incidência e mortalidade por DAC.
Psílio 10-30
Farelo de aveia seco 25-100 Antioxidantes
Farinha de aveia 57-140
Feijões secos ou leguminosas 100-150 Dois componentes da dieta que afetam a oxidação da LDL
são os níveis de ácido linoléico na partícula e a
A média de diminuição do colesterol com o uso de fibras disponibilidade de antioxidantes.
solúveis é de 14% para hipercolesterolêmicos e de 10%
para normocolesterolêmicos. (Krause) Dentre os compostos estudados salientamos a vitamina E,
flavonóides, vitamina C e betacaroteno.
Os mecanismos propostos para esta ação são:
1) a fibra se liga aos sais biliares no intestino favorecendo A vitamina E é o antioxidante mais concentrado carreado
a sua excreção e aumentando a necessidade de colesterol na LDL, sendo a sua quantidade 20 a 300 vezes maior que
para síntese de novos sais biliares; qualquer outro antioxidante. A função mais importante da
2) as bactérias colônicas fermentam a fibra e produzem vitamina E é prevenir a oxidação de AGP na membrana
ácidos graxos de cadeia curta (acetato, propionato e celular. Parece que a vitamina E e os carotenóides estão
butirato) que inibem a síntese de colesterol. (limitando a inversamente relacionados com a doença cardiovascular
ação da HMG-CoA redutase) mas estudos ainda não são conclusivos.

Segundo Chemin, o farelo de aveia é o alimento mais rico A American Heart Association não recomenda a
em fibras solúveis e com maior capacidade de diminuir o suplementação de carotenóides ou vitamina E para
colesterol sanguíneo, reduzindo a absorção de colesterol e prevenção de DAC.
retardando a digestão das gorduras.
Além disso, alimentos com quantidades concentradas dos
A American Heart Association não recomenda a fitonutrientes catequinas (uvas vermelhas, vinho tinto, chá
suplementação de fibras para prevenção de DAC, ainda verde, chocolate e óleo de oliva) melhoram a reatividade
que muitas pessoas o façam. vascular. (Krause, 2010)

O Dan (2009), relata ainda algumas funções adicinais das Cálcio


fibras:
 Redução do colesterol (fibras solúveis) Parece produzir pequenas diminuições de colesterol LDL
 Redução do triglicerídeo (principalmente fibras em homens hipercolesterolêmicos, pois provavelmente
solúveis) este mineral aumenta a formação de sabões insolúveis
 Redução da HAS ( solúveis e insolúveis) com os ácidos graxos disponíveis, mas maiores pesquisa
 Redução da Glicemia pós- prandial (solúveis e ainda estão em desenvolvimento.
insolúveis)
Proteína da soja
Frutooligossacarídeos (FOS) – reduzem o LDL. Segundo
Chemin também reduzem os TG. O uso de FOS com Substituir a fonte protéica por soja diminui o colesterol total
alimentos que contêm certos tipos de lactobacilos parece (9%), LDL (13%) e TG (11%) não possuindo efeito nos
potencializar o efeito redutor do perfil lipídico. níveis de HDL.

Álcool
Os efeitos são adicionais aos da dieta passo I e parecem consumo mínimo de 2g/dia para redução média de 10 a
ocorrer somente em pessoas com hipercolesterolemia. Há 15% do LDL-colesterol.
uma resposta dose-dependente de ingestão de soja e os
efeitos são independentes de outros fatores de risco. Os fitosteróis são encontrados adicionados a margarina
sendo recomendada a ingestão de 20g/d, para atingir 1,6g
Ingestão de 25g de proteína de soja ao dia com, pelo de fitosterol.
menos, 50mg de isoflavonas intactas diminui o LDL em 4 a
O ATP III inclui os estanóis como parte das
8% em pessoas hipercolesterolêmicas e assim, a
recomendações para diminuição do LDL em adultos. Os
incidência de DAC.
esteróis não afetam os níveis de TG e HDL.
Segundo o Dan (2009), um produto deverá conter 6,25g de
Flavonóides (Cuppari, 2005 e Dan, 2009)
proteína da soja ou mais, pouca quantidade de gordura
total (<3g) e gordura saturada (<1g) e possuir baixo teor de
São oxidantes polifenólicos encontrados nos alimentos,
colesterol (<20mg) para efetivamente melhorar o perfil
principalmente em verduras, frutas, grãos, sementes,
lipídico. (Não mencionam o peso total do produto!!!)
castanhas, condimentos e ervas, e também em bebidas
como vinho tinto, suco de uva e chá verde.
Acredita-se que as isoflavonas possam estar relacionadas
à prevenção da aterosclerose pelas ações que exercem
Os flavonóides mais importantes são quercetina (frutas,
sobre concentração dos lípides plasmáticos, efeitos
grãos, batata, berinjela, feijão marrom e cebola), campferol
antioxidantes, efeitos antiproliferativos e antimigratórios
(rabanete, couve, escarola e nabo), miricetina (vinhos e
sobre as células musculares lisas, efeitos sobre a
suco de uva) e crisina.
formação do trombo e na manutenção da reatividade
vascular normal. (Chemin e Dan, 2009)
Estudos demonstram relação inversa entre o consumo de
alimentos ricos em flavonóides e mortalidade por DAC em
Porém, segundo a Krause (2010), Somente grandes
virtude de sua ação na inibição da oxidação da LDL-
quantidades de ingestão de proteína de soja (pelo menos
colesterol e na redução da agregação plaquetária.
metade da ingestão de proteína diária) podem diminuir o
LDL em pequeno % quando a soja é substituída pela Oleuropeína e hidroxitirosol são poderosos antioxidantes
proteína animal. presentes no azeite de oliva, principalmente no extra
Recomendação: 28 – 57 g de soja/dia. virgem.

Estanóis e Esteróis Conduta Dietoterápica nas Dislipidemias


Os esteróis vegetais também são conhecidos como (Dan, 2009)
fitosteróis e são em extrato vegetal de sementes de
girassol e soja. Hipertrigliceridemia Grave

Os fitosteróis mais comuns são: sitosterol, campesterol e Dieta hipolipídica: <15% do VET
estigmasterol. Eles reduzem o colesterol LDL por reduzir a > quantidade de fibras
absorção intestinal do colesterol exógeno (dietético) e do Açúcar simples< 10%
colesterol endógeno (produzido pelo fígado e liberado no Restringir bebidas alcoólica
intestino junto com a bile).
Hipercolesterolemia isolada
Para que o colesterol seja absorvido na luz intestinal, ele
precisa se tornar solúvel através da sua interação com a
bile e formação de micelas, caso contrário permanecerá
insolúvel e será eliminado nas fezes.

Quando os fitosteróis estão presentes na dieta eles são


introduzidos nas micelas, impedindo a entrada ou
deslocando o colesterol destas micelas.

A redução na absorção do colesterol estimula o fígado a


aumentar a síntese de colesterol, porém esse aumento
não é suficiente, havendo também um aumento no número
de receptores de LDL. Consequentemente caem o CT e
LDL, sem alterar o HDL.

Segundo Chemin e Dan (2009), a dose de 1,6g de


fitosteróis reduz de 8 a 15% os níveis de colesterol e LDL.
Segundo a Krause, o consumo de 02 a 03 gramas ao dia Hipertrigliceridemia isolada
diminui o colesterol em 09 a 20%.

Cuppari (2014)  uma dieta balanceada fornece cerca de


200 a 400mg de fitoesteróis, no entanto é necessário
Dislipidemia mista (aumento de CT, LDL e TG)
Terapia Clínica e Nutricional
Para alguns pacientes que consigam seguir e queiram evitar
a terapia com drogas podes ser utilizadas dietas de teor de
Alteração do Estilo de vida gordura muito baixo que são eficazes para atingir as metas
de lipídio sangüíneo. estas dietas também podem ser
Segundo a Krause, a terapia nutricional que inclui atividade usadas como adjuvante para a terapia de drogas, para
física é a intervenção primária para pacientes com colesterol prevenção secundária e possível regressão das lesões. tais
LDL elevado. Com dieta, exercício e redução do peso, dietas contém:
geralmente os pacientes podem atingir as metas de lipídios - quantidade mínima de produtos de origem animal,
séricos. Segundo Krause (2010) e Cuppari (2005), as - AGS (< 3% VET),
recomendações dietéticas do ATP III, conhecidas como dieta - colesterol (< 5mg/dia) e
de alteração do estilo de vida terapêutico (AEVT) é uma - gordura total (< 10% VET).
dieta passo II intensificada (Tabela 07).
Prevenção Secundária da DCV (Krause)
Segundo a Krause (2010) a dieta AEVT deve ser seguida
por 06 semanas. Na 2ª visita a LDL é avaliada e a terapia é A prevenção secundária inclui:
intensificada conforme necessário. Adjuvantes como 1. para de fumar completamente;
esteróis/estanóis vegetais, fibras e soja são incorporadas na 2. reduzir a pressão sangüínea para menos de 140/90
dieta na segunda visita. ou 130/85 se DAC, insuficiência renal ou DM estiverem
presentes;
Na terceira visita (após mais 06 semanas) o tratamento da 3. reduzir o colesterol LDL para menos de 100 mg/dl e
síndrome metabólica começa se o LDL-alvo for atingido. os níveis de não HDL para menos de 130 mg/dl;
Aumentar a atividade física e diminuir a ingestão de energia 4. atividade física moderada por 30 minutos por dia três
para facilitar a perda de peso são peças chave para a quatro vezes por semana;
normalizar os fatores de risco da síndrome metabólica. 5. controle de peso para atingir IMC abaixo de 25;
6. hemoglobina glicosilada abaixo de 7%;
7. uso indefinido de duas drogas anti-hipertensivas após
IM, a menos que contra-indicado.
Tab. 06 Composição da dieta de alteração do estilo de vida
(Krause, 2010; Cuppari, 2005; Dan, 2009) (Recomendações Normalmente para atingir níveis menores de colesterol LDL,
do ATP III, AHA e Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemia a terapia de dieta agressiva é necessária.
2010)

Nutrientes Ingestão recomendada Tratamento Farmacológico


Gordura total 25 a 35% VET
Ácidos graxos ≤ 7% VET A terapia farmacológica segue é dependente da categoria de
saturados risco e do alcance da meta de colesterol conforme a tabela
Ácidos graxos Até 10% VET 08.
poliinsaturados
Ácidos graxos Até 20% do VET Independente da droga, as alterações do estilo de vida
monoinsaturados sustentam todo o tratamento. Uma dieta AEVT com drogas
Carboidratos 50 a 60% do VET pode reduzir os lipídios em até 40%.
Fibra 20 a 30 g/dia
Proteínas Aproximadamente 15% do VET As drogas de diminuição dos lipídios uma vez iniciadas são
Colesterol < 200 mg/dia necessárias por toda a vida.
Calorias Para atingir e manter o peso desejável
Obs.: segundo a Krause de 2010, a recomendação de fibras As classes de drogas englobam:
é de 25-30g/dia. Além disso, a Krause coloca que a perda do 1. Seqüestrantes de ácidos biliares (colestiramina)
excesso de peso é primordial para a redução do LDL, 2. Ácido nicotínico
juntamente com as demais medidas dietéticas. 3. Inibidores da redutase da HMG-Coa (lovastatina,
provastatina)
Segundo a Krause (2010), junto ao padrão dietético de 4. derivados do ácido fíbrico (clofibrato, genfibrozil),
AEVT, o padrão DASH também é bastante apropriado para 5. probucol
a prevenção e o tratamento de DCV.
Obs: as classes 1, 2 e 3 são as de 1ª escolha para o
Dieta de Alteração do Estilo de Vida (AEVT) (Krause) tratamento (NCEP, 2001).

O ATP III recomenda a dieta AEVT para a prevenção Hoje existem várias drogas para a redução de LDL-c, sendo
primária e secundária da DCV. as estatinas (ou inibidoras da HMG-CoA redutase, enzima-
chave na síntese endógena de colesterol) as de primeira
Para atingir os objetivos acima, esta dieta enfatiza os grãos, escolha.
cereais, leguminosas, vegetais, frutas, carnes magras, aves,
peixes e produtos lácteos sem gordura. Nenhum grupo Têm-se também as resinas seqüestrantes de sais biliares
alimentar deve ser restringido, é uma questão de escolha. (colestiramina) que atuam ligando-se aos ácidos biliares no
intestino, diminuindo sua absorção e forçando, assim, sua
Nesta dieta, o uso de fibras e ésteres de esterol/estanol é maior produção a partir de colesterol hepático, precursor de
encorajado. Atualmente os ésteres de estanol/esterol estão ácidos biliares.
amplamente disponpiveis apenas na margarina. É Os fibratos são drogas que tem maior efeito na redução dos
recomendado também limitar o consumo de sódio a 2400mg TG, pois estimulam a atividade da enzima lípase
ao dia. lipoprotéica, aumentando a retirada de ácidos graxos da
circulação, aumentando a oxidação hepática de sais biliares
Dietas Agressivas (Krause) e reduzindo a exportação hepática de TG em VLDL.
Tabela 7. Classificação para Prevenção e Tratamento das DCV: (Chemin)

(Krause, 2010 e Dan, 2009)

Obs.: O Dan (2009) coloca que o nível de LDL-colesterol ideal para indivíduos com aterosclerose acentuada <70mg/dl e o HDL
deve ser (>40mg/dl para homens e > 50mg/dl para mulheres e diabéticos.

Tab. 8. Medidas Terapêuticas iniciais e períodos de avaliação (Dan, 2009)

meses. Se após 6 meses a 01 ano não tiver havido


diminuição adequada do colesterol, pode-se considerar
terapia com drogas para crianças com mais de 10 anos.

Na tabela 10 podemos observar os limites de colesterol total


Tratamento da Hipercolesterolemia em Crianças e e LDL para crianças e adolescentes e na tabela 11 os níveis
Adolescentes séricos recomendados de TG e HDL.

Com relação à triagem, o NCEP recomenda: Tab. 9 Níveis séricos de colesterol e LDL em mg/dl em
 Triagem de crianças e adolescentes cujos pais e avós, crianças e adolescentes
aos 55 anos ou menos descobriram ter aterosclerose, Categoria Colesterol total Colesterol - LDL
ou sofreram de alguma doença cardiovascular ou foram Aceitável < 170 < 110
submetidos a terapia cardíaca invasiva; Limite 170 a 199 110 a 129
 Triagem de colesterol na prole de um pai com um Alto  200  130
colesterol sangüineo de 240mg/dl ou mais.

Em 1991, o Programa de Educação em Colesterol (NCEP) Tab. 10 Níveis séricos de TG e HDL-colesterol em mg/dl em
fez recomendações para o tratamento da crianças e adolescentes
hipercolesterolemia a ser aplicado a adolescentes e crianças Lipídeos Idade Desejável Risco
com mais de 02 anos: séricos
HDL-c Abaixo 10 > 40
 Dieta nutricionalnete adequada, variada anos
 Ingestão de energia adequada para promover
10-19 anos >30
crescimento
TG Abaixo 10 < 100 > 100
 Gordura saturada – menos que 10% VET
anos
 Gordura total – máximo 30% VET
10-19 anos < 130 > 130
 Colesterol dietético – menos que 300mg/dia

Em crianças com hipercolesterolemia, usa-se uma dieta


passo I por 03 meses, após reavalia-se. Se o nível desejável
não for atingido usa-se então a dieta passo II por mais 06
INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) normal após o 4° ou 5° dia pós-IAM, desde que já
(CUPPARI, CHEMIN E DAN, 2009) estejam deambulando.
 seguir recomendações do NCEP para prevenir
complicações secundárias.
A principal causa do IAM é a privação de fluxo
sangüíneo para o miocárdio. O trombo ocorre sobre uma
placa aterosclerótica complexa e irregular, geralmente
fissurada e ulcerada.

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento


do IAM são:
- herança genética;
- sexo masculino;
- idade > 45 anos para homens e > 55 anos para mulheres;
- HAS;
- DM;
- dislipidemias;
- obesidade;
- tabagismo;
- estresse e;
- alterações hemostáticas.

A terapia nutricional terá como objetivo diminuir a


sobrecarga cardíaca. Para isso, recomenda-se hábitos
alimentares saudáveis, dieta equilibrada e individualizada,
promovendo, assim, a manutenção e a recuperação do
estado nutricional, e considerando fatores como idade, sexo,
peso e presença ou não de patologias associadas. (Cuppari)

Para o cálculo das necessidades calóricas, pode-se


usar a fórmula de Harris-Benedict, acrescentando-se os
fatores de lesão e estresse. Porém, na maioria dos
pacientes a oferta de 20 a 30 kcal/kg supre as
necessidades. (Cuppari)

O paciente deverá permanecer em jejum nas primeiras


04 a 12 horas (no máximo, segundo Chemin e Dan).
Vômitos e náuseas são comuns nas primeiras 24horas.
Após diagnosticado o evento e, ao iniciar a alimentação, é
recomendado seguir as seguintes orientações:
 em caso de pacientes hemodinamicamente estáveis,
porém com incapacidade de se alimentar por via oral,
deve-se instituir suporte nutricional por via enteral,
utilizando baixa velocidade de infusão; (Chemin e Dan)
 fracionar a dieta em 4 a 6 vezes ao dia, ou seja,
pequenos volumes e várias vezes, evitando assim
sobrecarga do trabalho cardíaco no processo de
digestão;
 consistência líquido-pastosa para melhor mastigação,
deglutição e digestão, afastando o risco de bronco-
aspiração;
 evitar temperaturas extremas dos alimentos, prevenindo
assim, resposta vagal;
 incluir fibras (solúveis e insolúveis) para facilitar o
funcionamento intestinal, a quantidade recomendada é
de 20 a 30 gramas ao dia;
 pode-se usar suplementos orais para atingir-se as
necessidades calóricas do pacientes, caso seja
necessário;
 recomendações de macro e micronutrientes devem
estar de acordo com o quadro clínico e exames
laboratoriais;
 necessidade hídrica do indivíduo adulto em torno de
1500 ml ao dia (30 ml/kg/dia) e em idosos mínimo de
1700 ml ao dia (30 kcal/kg/dia).
 contra-indica-se o uso de alimentos que dificultem o
funcionamento intestinal, bem como alimentos
flatulentos que possam causar desconforto
digestório;
 considerando a boa evolução do quadro, pacientes
infartados podem voltar à alimentação com consistência
I DIRETRIZ SOBRE O CONSUMO DE GORDURAS E SAÚDE Prof. José Aroldo Filho
goncalvesfilho@nutmed.com.br
CARDIOVASCULAR - 2013

EFEITOS E RECOMENDAÇÕES DO CONSUMO DE possível razão seria o alto consumo de gordura saturada e
COLESTEROL SOBRE MECANISMOS colesterol por certas populações, e o ovo pouco
FISIOPATOLÓGICOS DO PROCESSO acrescentará como risco para doença cardiovascular.
ATEROSCLERÓTICO: BIOMARCADORES E
DESFECHOS CLÍNICOS Há estimativa de que 30% da população respondem
negativamente à ingestão de colesterol. Se um indivíduo
COLESTEROL responsivo ingerir dois ovos por dia, pode exceder as
recomendação do American Heart Association (AHA),
O colesterol alimentar é um composto vital para o ultrapassando o limite superior de consumo em 126mg, que
organismo, essencial na formação das membranas das pode sugerir que ele pode ter um aumento de 0,05-
células, na produção de hormônios sexuais, da vitamina D e 0,07mmol/L no colesterol total plasmático.
de sucos digestivos, além de desempenhar papel importante
nos tecidos nervosos e originar sais biliares. Há populações que podem se beneficiar do decréscimo de
ingestão de colesterol dietético, como aquelas com diabetes,
Estudos epidemiológicos clássicos evidenciam forte que podem possuir anormalidades no mecanismo para o
associação entre alto consumo de colesterol e maior transporte de colesterol.
incidência de aterosclerose, conforme demonstrado em
populações com ingestão muito alta de alimentos ricos em Deve-se ter cuidado na forma de preparo do ovo; quando
colesterol. esse é frito ou mexido, há adição de gorduras, aumentando
as calorias e dependendo do tipo de gordura, elevando o
A resposta da colesterolemia decorrente do consumo de colesterol.
colesterol alimentar é variável em animais e humanos, e as
razões para diferenças interpessoais ainda não estão
totalmente esclarecidas.

Sabe-se, no entanto, que alguns genótipos podem


influenciar as concentrações de LDL e VLDL. Há sugestões
de que a absorção intestinal de colesterol seja governada
pelo genótipo das apoE-LP; indivíduos portadores do alelo
E-4 apresentam maior absorção do colesterol alimentar, e os
alelos E-2, menor absorção desse, quando submetidos a
dieta rica em colesterol.

Em razão da controvérsia sobre efeito


colesterolemizante do colesterol alimentar, diversas
diretrizes internacionais recomendam a restrição de
gorduras totais e do colesterol da dieta, objetivando EFEITOS E RECOMENDAÇÕES DO CONSUMO DOS
redução e controle do colesterol e LDL-c plasmáticos. ÁCIDOS GRAXOS SATURADOS SOBRE MECANISMOS
FISIOPATOLÓGICOS DO PROCESSO
OVO ATEROSCLERÓTICO: BIOMARCADORES E
DESFECHOS CLÍNICOS
O ovo é um alimento com baixo custo e uma excelente fonte
de vários nutrientes, tais como folato, riboflavina, selênio, ÁCIDOS GRAXOS SATURADOS (SFA)
colina e vitaminas A, D, E, K e B12, além de sais minerais
(ferro, fósforo, cálcio, magnésio, sódio, potássio, cloro, iodo, Durante as ultimas décadas, as recomendações médicas e
manganês, enxofre, cobre e zinco), proteína de alta nutricionais promoveram a mensagem de diminuição do
qualidade e lipídeo, que tornam biodisponíveis importantes consumo de ácidos graxos saturados. As recomendações
nutrientes, como luteína e zeaxantina, associadas com a foram indicadas tanto pela ação dos ácidos graxos
prevenção da degeneração macular, além de fonte de saturados no aumento do LDL-c quanto no aumento do risco
gorduras saturadas e colesterol. de doença cardiovascular, evidenciado pelos diversos
estudos epidemiológicos.
Um simples ovo contém de 50 a 250 mg de colesterol,
dependendo do tamanho. Discussões atuais questionam essas recomendações, pois,
com a indicação de diminuição de gordura saturada, houve
As recomendações atuais restringem o consumo de ovo e um aumento de consumo de outros nutrientes, tais como
limitam o consumo de colesterol em até 300 mg ao dia. carboidratos (CH) refinados. Evidências colhidas
recentemente mostram que a substituição de gordura
No entanto, essa recomendação sobre ovo tem sido revista saturada por carboidratos simples pode ter grande impacto
e novas pesquisas indicam que a ingestão de um ovo ao dia no aumento do risco de doença cardiovascular e diabetes.
pode ser aceitável, se outros alimentos ricos em colesterol
forem limitados na dieta. HISTÓRICO DE ESTUDOS SFA

A grande quantidade de nutrientes (DHA, proteínas e Entre os vários componentes dietéticos, são os ácidos
vitaminas) pode contribuir para controlar a graxos trans que mais aumentam LDL-c, seguido dos
colesterolemia. Isso pode ser uma das razões das ácidos graxos saturados, que também aumentam HDL-c
diferentes respostas do ovo à colesterolemia. Outra e não alteram a relação CT/HDL, se comparados ao
consumo de carboidratos. O consumo de 1% do VCT de Em metanálise observou-se evidência insuficiente que a
SFA está associado com aumento de 1,3 a 1,7 mg/dL no ingesta de SFA aumenta risco DCV e acidente vascular
LDL-c e 0,4 a 0,5 mg/dL de HDL-c. encefálico (AVE).

Já estudos com obesos mostraram que dieta rica em SFA e


Diferentes SFA podem ter efeitos diversos no perfil lipídico e pobre em CHO, em comparação com outras, foi considerada
fatores de risco cardiovascular. Metanálise recente mostrou a mais benéfica, pois melhorou a razão HDL/LDL.
que, se comparado a carboidratos, o ácido graxo láurico
(C12:0) é o que mais aumenta o LDL-c, seguido do Em relação à hipertensão, em um estudo não foi verificada
mirístico (C14:0) e do palmítico (C16:0). associação entre SFA e incidência de hipertensão arterial,
após ajuste por idade, IMC e consumo de álcool. Já em
Já o esteárico pode provocar pequena redução no LDL- outro estudo, o consumo de SFA foi associado
c. positivamente com diminuição das pressões sistólica e
diastólica, mantendo a controvérsia sobre efeitos na
No tocante ao HDL-c, na mesma comparação com aumento da pressão arterial.
carboidratos, os AG láurico, mirístico e palmítico
aumentam em maior % o HDL-c, enquanto o esteárico As evidências parecem ser limitadas no que concerne ao
provoca um pequeno aumento no HDL-c. efeito pró-inflamatório dos SFA e em relação ao efeito dos
SFA na incidência de resistência insulínica e DM.
O efeito dos ácidos graxos é comparado com outros
nutrientes, no caso acima com carboidratos. Portanto, ao se Alguns estudos recentes mostram efeitos benéficos do
analisar os efeitos desses AG, deve-se verificar qual consumo de SFA, tais como: associação inversa dos SFA
nutriente foi substituído pelo AG em questão. com progressão da aterosclerose coronariana em mulheres
pós -menopausa e associação inversa de SFA com
A substituição de SFA por carboidratos pode gerar efeitos mortalidade por AVE.
controversos, pois depende do tipo de carboidrato; os
carboidratos simples, refinados podem ocasionar efeitos
neutros ou piores que os SFA.

Os principais efeitos observados quando há troca de


SFA por carboidratos são: diminuição do Colesterol
total, LDL-c e HDL-c, aumento TG, aumento da
incidência de obesidade, diabetes, doença cardíaca e
risco para síndrome metabólica. Parece não haver
benefícios para diminuição do risco DCV.

O estudo Women´s Health Initiative não mostrou associação


entre substituição de SFA por carboidratos e risco de doença
cardiovascular. No entanto, uma metanálise mostrou que a
substituição SFA por CH aumenta o risco de eventos
coronarianos.

A troca por SFA por monossaturados resulta na


diminuição no LDL-c, mas também pode acarretar em
diminuição do HDL-c (efeito menor que troca por poli).

A substituição por Ácido Graxo poli-insaturado (PUFA) é


considerada a melhor escolha, pois pode ocasionar
diminuição do LDL-c, aumento da razão HDL/LDL,
diminuição da razão CT/HDL, redução de risco de DCV,
segundo diretrizes da FDA e WHO e pode provocar
efeito benéfico na doença cardíaca isquêmica, no
entanto pode levar a diminuição no HDL-c.

Recentemente, Mozaffarian e cols. em Metanálise e


anteriormente em estudos clínicos mostraram que a
substituição de 5% do VCT de SFA por PUFA ocasionou
10% de redução de risco cardiovascular.

A concentração de LDL-c basal do indivíduo, condições


preexistentes (obesidade, diabetes, resistência insulínica,
hipertrigliceridemia e outras), além de fatores genéticos,
podem influenciar na resposta ao SFA. Além disso, a
composição de outros nutrientes do alimento também pode
alterar a intensidade da resposta à ingesta de SFA.

DOENÇA CARDIOVASCULAR

Os efeitos do ácido graxo saturado na prevenção de risco de


doença cardiovascular são controversos.
O grupo tratado com óleo de coco apresentou aumento
significativo da fração não HDL e triglicérides.

ÓLEO DE PALMA

Após o alerta sobre os malefícios do consumo de alimentos


contendo gorduras trans, a indústria de alimentos encontrou
no óleo de palma um substituto equivalente favorecendo a
elevação do seu consumo nos últimos anos por meio dos
alimentos industrializados.

Além de apresentar baixo ponto de fusão, o óleo de palma


apresenta grande resistência à oxidação em razão do
elevado teor de ácidos graxos saturados, especialmente de
ácido palmítico (cerca de 40%).

O perfil sanguíneo de ácidos graxos reflete a maior fonte de


gordura consumida; dessa forma, dietas com alto teor de
ácido palmítico elevam o teor desse tipo de gordura no
sangue.

Estudos em humanos e animais, que comparam o efeito


metabólico de diferentes dietas, entre elas dieta com
alto teor de óleo de palma, observaram aumento
significativo de LDL-c e do colesterol total.

Em macacos, o óleo de palma foi fator desencadeador de


aterosclerose em comparação ao óleo de cártamo.

POSICIONAMENTO SOBRE TEMAS SELECIONADOS

COCO E ÓLEO DE COCO

O coco e o óleo de coco (Coco nucifera) são importantes


fontes naturais de gorduras saturadas, especialmente de
ácido láurico (C12:0) .
CHOCOLATE
Em respeito à dislipidemia, sabe-se que gorduras
Originário da América do Sul, o chocolate é o produto obtido
sólidas saturadas ricas em ácido láurico resultam em
a partir da mistura de derivados de cacau (Theobromacacao
perfil lipídico mais favorável do que uma gordura sólida
L.), massa (ou pasta ou liquor) de cacau, cacau em pó e ou
rica em ácidos graxos trans.
manteiga de cacau, com outros ingredientes.
Em relação aos demais tipos de gorduras saturadas,
A gordura do chocolate, derivada do cacau, é constituída por
especialmente ácido mirístico e palmítico, o ácido láurico
dois ácidos graxos saturados, o ácido palmítico e o
apresenta maior poder em elevar LDL- C, bem como HDL-C.
esteárico, e o ácido oleico monoinsaturado, em adição de
uma pequena quantidade (menos do que 5%) de outros
Entretanto, esse efeito parece não ser a causa do aumento
ácidos graxos.
da prevalência de DCV de acordo com estudos realizados
na Ásia, onde o óleo de coco representa até 80% da gordura
Embora seja conhecido que o consumo de gorduras
consumida em algumas regiões.
saturadas aumenta os níveis de colesterol, o consumo
regular de manteiga de cacau e chocolate rico em cacau não
No Brasil, um ensaio clínico mostrou redução da relação
se relaciona a esse aumento.
LDL:HDL, aumento do HDL-C e redução da
circunferência abdominal no grupo que utilizou óleo de
As quantidades de ácido graxo esteárico são
coco. Apesar dos potenciais benefícios do óleo de coco
responsáveis pelo efeito neutro sobre o metabolismo do
no HDL, os estudos experimentais comprovam o efeito
colesterol.
hipercolesterolêmico do coco e seus subprodutos,
como o recente estudo com cobaias que comparou óleo
Deve-se ter cuidado, no entanto, com chocolate
de coco com azeite de oliva e óleo de girassol.
confeccionado com leite, pois pode conter grande
quantidade de ácidos graxos mirístico e láurico, Entre os tipos de preparação, deve-se dar preferência ao
conhecidamente hipercolesterolêmicos. grelhado, pois essa técnica evita a reabsorção da
gordura pela carne, além de preferir carne bem passada,
pois a carne mal-passada com gordura apresenta as
maiores taxas de gordura saturada e, portanto, deve ser
evitada.

É importante destacar que para os alimentos cozidos a água


utilizada no processo não deve ser reaproveitada, para que
a gordura não seja reabsorvida.

MANTEIGA Os altos teores de colesterol se concentram mais nas


vísceras (no bucho e no fígado), no coração de frango e
De acordo com a Portaria n° 146, “com o nome de manteiga no camarão.
entende -se o produto gorduroso obtido exclusivamente pela
bateção e malaxagem, com ou sem modificação biológica do É importante observar que o salmão possui um alto teor
creme pasteurizado derivado exclusivamente do leite de de gordura saturada se comparado com o namorado,
vaca, por processos tecnologicamente adequados. porém possui uma quantidade significativa de gorduras
insaturadas.
A matéria gorda da manteiga deverá estar composta
exclusivamente de gordura láctea”. De modo geral, estudos que analisaram o impacto de
planos alimentares com consumo controlado de carne
Richards analisou a composição em ácidos graxos da vermelha indicaram redução da pressão arterial e menor
manteiga e os predominantes foram: mirístico (14:0), risco de mortalidade por doenças cardiovasculares.
palmítico (16:0), esteárico (18:0) e oleico (18:1). Os
ésteres de colesterol constituem aproximadamente 10% Grupos vegetarianos também apresentam menores níveis
dos esterois do leite. de colesterol sanguíneo quando comparados a onívoros.

Em estudos com indivíduos hipercolesterolêmicos e


com síndrome metabólica que compararam diferentes
tipos de margarina e manteiga, o valor de LDL-c
manteve-se inalterado ou pouco aumentado após
consumo de manteiga.

No entanto, os estudos oferecem variadas quantidades de


produto e o tempo de seguimento é variado, mantendo a
controvérsia na literatura sobre a ação da manteiga nos
lípides.
QUEIJOS

O queijo é um alimento sólido fabricado a partir do leite de


vaca, cabra, ovelha, búfala e/ou outros mamíferos, sendo
um concentrado lácteo constituído de proteínas, lipídios,
carboidratos, minerais, cálcio, fósforo e vitaminas
(especialmente A, B2, B9, B12 e D).

A crença popular de que queijos de cor branca são


adequados à saúde cardiovascular merece ser revista. O
leite integral apresenta elevado teor de gorduras
CARNE
saturadas, especialmente ácido palmítico e mirístico.
Dessa forma, qualquer queijo cujo principal ingrediente
As carnes habitualmente consumidas são importante fonte
seja o leite integral será semelhante fonte de gorduras
de proteínas de alto valor biológico, vitaminas do complexo
saturadas.
B e, especialmente as carnes vermelhas, de ferro de ampla
biodisponibilidade em comparação ao ferro presente em
Observa-se que queijos mais amarelos, como parmesão e
alimentos vegetais.
minas padrão, contêm grandes quantidades de gordura
saturada. Da mesma forma, a versão light de alguns
No entanto, podem fornecer quantidades significativas de
produtos pode conter menor quantidade dessa gordura.
gorduras saturadas, especialmente ácido palmítico e, em
menor proporção, ácido esteárico, em razão do tipo de
O consumo excessivo de queijos como minas frescal,
animal, do tipo de criação do animal e da localização da
requeijão cremoso, creme de queijo comum (cream
carne (corte).
cheese), creme de queijo light (cream cheese light) entre
outros queijos de cor branca pode representar risco à
O valor do colesterol, independentemente do tipo de carne
dieta pobre em gorduras saturadas. Recomenda-se
ou de preparo, não varia significativamente. O problema
controlar o tamanho das porções consumidas.
maior está no teor de gordura saturada.
Sugere-se que adequações individuais na dieta sejam feitas
Ao se preparar quaisquer tipos de carnes, é necessário que
por nutricionista para que alcancem as recomendações de
se remova a gordura aparente e a pele (aves), pois a
cálcio.
gordura penetra no interior da carne durante o preparo.
associado a um risco reduzido de desenvolver diabetes,
após ajustes para o consumo de fibras e diversos fatores
relacionados ao estilo de vida.

Não existem estudos randomizados controlados de


longo prazo em relação à qualidade das gorduras
dietéticas e o risco de desenvolver diabetes.

Dessa forma, os conceitos vigentes se baseiam em estudos


de curto prazo tendo como desfechos a mudança de
indicadores relacionados à fisiopatologia do diabetes. Os
dados disponíveis de estudos de intervenção sugerem, em
geral, efeitos benéficos sobre a sensibilidade a insulina
quando SFA e TFA são substituídos por MUFA ou PUFA.

O estudo multicêntrico KANWU foi o maior ensaio


randomizado controlado sobre diferentes intervenções
dietéticas com diferentes fontes de ácidos graxos. Os
voluntários (n = 162) receberam dietas isocalóricas que
diferiram apenas no conteúdo de gorduras. O principal
EFEITOS E RECOMENDAÇÕES DO CONSUMO DOS achado foi demonstrar que a substituição de SFA por MUFA
ÁCIDOS GRAXOS MONOINSATURADOS SOBRE promoveu uma melhora da sensibilidade a insulina. A
MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS DO PROCESSO substituição isocalórica de carboidratos por MUFA também
ATEROSCLERÓTICO: BIOMARCADORES E melhora a sensibilidade a insulina.
DESFECHOS CLÍNICOS
Outros estudos de menor porte corroboram a hipótese de
ÁCIDOS GRAXOS MONOINSATURADOS (MUFA) que o consumo de MUFA pode exercer efeitos benéficos
sobre a resistência a insulina, enquanto outras investigações
Efeitos sobre o metabolismo lipídico mostraram poucas mudanças na sensibilidade a insulina
induzidas por PUFA ou MUFA em indivíduos com
Quando comparada a dieta hipogordurosa (NCEP Step intolerância a glicose e diabetes tipo 2, embora tenham
II) ou a dietas pobres em gorduras, mas ricas em ocorrido mudanças significativas na composição de ácidos
carboidratos, a dieta rica em MUFA proporciona efeitos graxos plasmáticos.
mais favoráveis sobre os níveis de triglicérides e HDL-c,
para o mesmo grau de redução da colesterolemia. No que diz respeito à dieta do Mediterrâneo, numa revisão
sistemática e Metanálise envolvendo mais de 500 mil
Com relação à dieta do Mediterrâneo, rica em MUFA, uma indivíduos, a aderência a esse padrão de dieta associou-se
revisão sistemática e Metanálise de estudos epidemiológicos a pequena redução da glicemia (3,89 mg/dL) e diminuição
e ensaios randomizados controlados mostrou que a de 31% no risco de síndrome metabólica.
aderência a esse padrão dietético associa-se a modificações
discretas do HDL-c (aumento de 1,17 mg/dL) e triglicérides Efeitos sobre a pressão arterial
(redução de 6,14 mg/dL).
Estudos epidemiológicos demonstram relações distintas
Existem também evidências de uma relação entre tipo de entre o tipo de gordura ingerida e mudanças na pressão
gordura consumida e características qualitativas da LDL. arterial.
Pela presença de ligações duplas, os ácidos insaturados são
particularmente suscetíveis a modificação oxidativa. Modificações nas proporções das gorduras, com
redução de SFA e aumento de MUFA, podem colaborar
Estudos demonstram que dietas contendo MUFA em para uma redução da pressão arterial. No entanto, esse
substituição ao PUFA tornam a LDL menos suscetível à efeito benéfico pode ser anulado se a gordura total
oxidação, o que pode resultar, em teoria, em inibição do consumida for excessiva.
processo aterogênico, já que é amplamente aceito que a
molécula de LDL oxidada tem relevante papel na Estudos de intervenção mostram que os MUFA de fontes
inflamação vascular, na disfunção do endotélio e na vegetais, especialmente quando parte da dieta do
formação de células espumosas na parede intimal. Mediterrâneo, podem diminuir discretamente a pressão
arterial e possivelmente desempenham um papel relevante
Efeitos sobre o metabolismo glicídico na prevenção da hipertensão arterial.

Há evidências fisiopatológicas de um efeito positivo dos Em um desses estudos, Appel e cols. encontraram uma
MUFA sobre diversos mecanismos envolvidos na redução da pressão sistólica de 1,3 mmHg em indivíduos
etiopatogenia do diabetes tipo 2. sem hipertensão, quando comparada a uma dieta rica em
carboidrato, e de 2,9 mmHg entre os hipertensos.
Estudos mecanísticos em humanos demonstram que
intervenções de curto prazo, com substituição de PUFA por Esses resultados são corroborados por uma revisão
MUFA, ou o simples aumento do consumo de MUFA, pode sistemática e Metanálise que sugere que a aderência à dieta
acarretar melhoras na resistência a insulina, resposta da do Mediterrâneo associa-se a um efeito favorável sobre a
célula beta na produção de insulina, aumento da resposta de pressão arterial.
produção de incretinas (aumento de GLP-1) e redução do
clearance de insulina. Outros efeitos sobre mecanismos relacionado à
aterotrombose
No Nurses’ Health Study, o consumo de castanhas, uma
importante fonte de PUFA e MUFA nessa população, foi
O uso de MUFA está relacionado a melhorias da função tradicionais para a doença cardiovascular aterosclerótica. A
endotelial e da adesão monocitária, além de reduções de melhor evidência nesse sentido se faz para os efeitos
marcadores inflamatórios e agregação plaquetária. hipocolesterolêmicos quando os MUFA substituem os SFA.

Uma parte desses efeitos foi evidenciada com o uso


específico de óleo de oliva, incluindo proteção contra
trombogênese e estresse oxidativo.

Efeitos sobre eventos cardiovasculares

Vários estudos observacionais de larga escala indicam uma


associação entre consumo de MUFA e redução de risco
cardiovascular. Apenas um estudo, com betacaroteno e
alfatocoferol em fumantes, falhou em demonstrar esse
achado.

Em uma análise de estudos de coorte prospectivos e


ensaios randomizados investigando a relação entre
exposição a diferentes padrões dietéticos e eventos
coronarianos, tanto o consumo de MUFA como a aderência
à dieta do Mediterrâneo mostraram-se associados a menor
risco de doença arterial coronariana, e o papel protetor da
dieta mediterrânea foi observado até mesmo nos estudos
clínicos randomizados.

Recomendações

Com base nas considerações aqui expostas, pode-se dizer


que existe um conjunto de evidências a favor dos benefícios
dos MUFA para um melhor controle dos fatores de risco
EFEITOS E RECOMENDAÇÕES DO CONSUMO DOS
ÁCIDOS GRAXOS POLI-INSATURADOS SOBRE Efeitos sobre a pressão arterial
MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS DO PROCESSO
ATEROSCLERÓTICO: BIOMARCADORES E Em uma Metanálise de 36 ensaios clínicos randomizados, a
DESFECHOS CLÍNICOS suplementação com óleo de peixe (dose mediana 3,7 g/dia)
mostrou reduzir a pressão arterial sistólica em 3,5 mmHg e a
ÁCIDOS GRAXOS POLI-INSATURADOS (PUFA) diastólica em 2,4 mmHg. Redução de tônus adrenérgico e
da resistência vascular sistêmica são mecanismos
 Ácidos graxos poli-insaturados Ômega-3 de origem propostos.
marinha (Docosaexaenoico (DHA) e eicosapentaenoico
(EPA)) Efeitos sobre a inflamação

Os ácidos graxos Ômega-3 de origem marinha, ácido Sendo precursores de eicosanóides e outros mediadores
docosaexaenoico (DHA) e ácido eicosapentaenoico (EPA), anti-inflamatórios, os ácidos graxos Ômega-3 poderiam
exercem inúmeros efeitos sobre diferentes aspectos proporcionar efeitos anti-inflamatórios, com possíveis
fisiológicos e do metabolismo que podem influenciar a benefícios para inúmeras condições patológicas, incluindo
chance de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. as cardiovasculares. Vários estudos experimentais têm
mostrado uma gama de efeitos anti-inflamatórios dos ácidos
Embora seja consensual que o consumo regular de peixes graxos Ômega- 3, embora as investigações in vivo, em
ricos em ácido graxo Ômega-3 faça parte de uma dieta humanos, tenham mostrado resultados conflitantes.
saudável, a recomendação de suplementar a dieta com
cápsulas de óleo de peixe cerca-se por controvérsias, Em alguns estudos transversais e de coorte, o consumo de
fomentadas por resultados conflitantes de estudos clínicos. ácido graxo Ômega-3 marinho pela dieta associou-se a
menores níveis plasmáticos de marcadores inflamatórios,
Efeitos sobre o metabolismo lipídico incluindo moléculas de adesão e Proteína C-Reativa (PCR).

Estudos clínicos mostram que a suplementação com 2 a De forma concordante, níveis de Ômega -3 marinho no
4 g de EPA/DHA ao dia pode diminuir os níveis de plasma e em membranas de eritrócito ou granulócito
triglicérides (TG) em até 25% a 30%, aumentar associaram-se inversamente aos níveis de PCR em
discretamente os de HDL-C. indivíduos saudáveis ou com doença arterial coronariana
estável.
Efeitos sobre o metabolismo glicídico
Em estudos de intervenção de pequeno porte,
Estudos de coorte prospectivos envolvendo um grande alimentação rica em Ômega-3 marinho e suplementação
número de participantes sugerem que o maior consumo de com óleo de peixe ou DHA mostraram resultados
ácido graxo Ômega-3 associa-se a maior incidência de compatíveis com uma atenuação da resposta
Diabetes Mellitus (DM). inflamatória em indivíduos com diabetes e
hipertrigliceridêmicos.
No entanto, tal associação não é consistente, havendo até
mesmo evidências de que concentrações plasmáticas mais Em outros ensaios, a dieta suplementada com Ômega-3
elevadas de EPA/DHA possam se associar a menor chance não provocou alterações significativas em parâmetros
de novos casos de diabetes. inflamatórios em indivíduos com síndrome metabólica
(1,24 g/dia) e pacientes com infarto do miocárdio prévio
Além disso, uma Metanálise de 23 estudos clínicos (5,2 g/dia), o mesmo ocorrendo com a suplementação
randomizados não evidenciou alterações significativas de com ácidos graxos poli-insaturados sobre os níveis de
hemoglobina glicada, glicemia de jejum ou insulina de jejum PCR em indivíduos saudáveis (2,0 ou 6,6 g/dia).
quando ácido graxo Ômega-3 (dose média 3,5 g/dia) foi
suplementado a indivíduos diabéticos. Obviamente, diferenças na metodologia (perfil da população,
forma e dose de suplementação e parâmetros analisados)
De forma semelhante, outra Metanálise de 26 ensaios podem ter contribuído para essas discrepâncias de
clínicos constatou que a suplementação com óleo de peixe resultados. Portanto, a real relevância clínica dos efeitos
(2-22 g/dia) não alterou os níveis de hemoglobina glicada em anti-inflamatórios dos ácidos graxos Ômega-3 de origem
pacientes diabéticos. marinha é ainda incerta.
cardíaca), redução da frequência cardíaca basal e limitação
Efeitos sobre a função endotelial da arritmia de reperfusão.

A disfunção do endotélio está intimamente associada à Esses efeitos podem explicar os resultados benéficos dos
inflamação da parede vascular. Assim como ocorre para os ácidos graxos Ômega-3 sobre a prevenção de morte súbita
efeitos da suplementação com ácido graxo Ômega-3 observada em alguns estudos.
marinho sobre a resposta inflamatória, os efeitos sobre a
função endotelial in vivo , em humanos, são controversos. Efeitos sobre eventos cardiovasculares

Uma análise recente de 33 ensaios de intervenção Apesar de várias evidências antigas sugerirem efeito
sugere que os ácidos graxos Ômega-3 de origem protetor de peixes e dos ácidos graxos Ômega-3 de origem
marinha podem melhorar a função endotelial em sujeitos marinha sobre eventos cardiovasculares, sobretudo em
dislipidêmicos com sobrepeso e em diabéticos, embora indivíduos que já apresentavam doença cardiovascular, os
os resultados sejam conflitantes em pacientes com estudos mais recentes não mostraram benefícios da
doença cardiovascular e inconsistentes em indivíduos suplementação com Ômega-3 em sujeitos que já haviam
saudáveis. apresentado manifestações de doença aterosclerótica.

Efeitos sobre a aterosclerose Uma das possíveis razões relaciona- se com o perfil da
população estudada, especialmente no que se refere ao uso
Em modelos de aterosclerose em camundongos, vários mais frequente de medicamentos sabidamente protetores
estudos relatam que óleo de peixe e EPA atenuam o (exemplo: estatinas, betabloqueadores, inibidores da enzima
processo aterosclerótico, embora isso não tenha ocorrido em de conversão da angiotensina), ao controle mais agressivo
outras condições experimentais. dos fatores de risco tradicionais, e ao maior número de
procedimentos de revascularização nos estudos mais
Alguns estudos populacionais sugerem uma associação contemporâneos.
inversa entre consumo de peixe ou ácido graxo Ômega-3 de
cadeia longa/marinho e marcadores de aterosclerose Dessa forma, questiona-se se os ácidos graxos Ômega-3
subclínica, como espessura médio-intimal de carótida e podem trazer reais benefícios adicionais quando o paciente
calcificação coronariana, embora tal relação pareça ser fraca é manejado de acordo com as recomendações atuais.
e não consistente.
Eventos arrítmicos e morte súbita
Em um ensaio randomizado com pacientes com doença
arterial coronariana, a suplementação com Vários estudos observacionais sugeriram que os ácidos
aproximadamente 1,5 g/dia de ácido graxo Ômega-3 por graxos Ômega-3 podem exercer uma proteção particular
dois anos provocou menos progressão e mais regressão da contra morte súbita, sobretudo nos pacientes vitimados por
aterosclerose coronariana, medida por angiografia invasiva infarto do miocárdio. Esse efeito benéfico foi também
quantitativa, em relação ao uso de placebo, embora as verificado numa subanálise do ensaio randomizado GISSI-
diferenças tenham sido pequenas. Prevenzione, mas não no mais recente, OMEGA.

Nesse mesmo estudo, todavia, a suplementação não Essa hipótese também foi verificada em pacientes
modificou a evolução da aterosclerose carotídea avaliada portadores de cardiodesfibrilador implantável.
por ultrassonografia, o que contrasta com os resultados de
outro estudo randomizado no qual EPA altamente purificado Os resultados foram inconsistentes, sugerindo desde um
(1,8 g/dia) mostrou atenuar a progressão do espessamento discreto efeito benéfico dos ácidos graxos Ômega-3 na
médio-intimal de carótida em diabéticos. redução de arritmias ventriculares graves nesse subgrupo de
pacientes, até ensaio sugerindo um efeito pró-arrítmico em
É possível também que o ácido graxo Ômega-3 exerça alguns pacientes.
papel protetor de eventos cardiovasculares através da
modulação das características da placa aterosclerótica, Subgrupo de pacientes com insuficiência cardíaca sistólica
tornando-a mais estável.
O grande ensaio randomizado GISSI-HF mostrou
Em um estudo randomizado de pacientes aguardando redução de mortalidade quando ácido graxo Ômega-3 (1
endarterectomia de carótida, a suplementação com óleo de g/dia) foi suplementado a pacientes em classe funcional
peixe mostrou que os Ômega-3 rapidamente se incorporam II-IV, em consistência com outros estudos
na placa aterosclerótica e podem induzir modificações epidemiológicos e observacionais que sugeriram uma
compatíveis com um perfil menos vulnerável a fenômenos relação inversa entre consumo de peixe ou Ômega-3 e
de ruptura e instabilização, observação consistente com eventos relacionados à insuficiência cardíaca.
achados experimentais.
Recomendações
Efeitos antiarrítmicos
Como a grande maioria dos estudos avaliou EPA e DHA de
Vários estudos experimentais mostraram efeitos forma combinada, no momento não existe evidência
antiarrítmicos dos ácidos graxos Ômega-3, atribuídos suficiente para se fazer recomendações separadas para
especialmente a um efeito direto sobre canais iônicos. cada um desses ácidos graxos.

Outros mecanismos relatados incluem modulação do tônus


autonômico (melhora da variabilidade da frequência
Notas sobre suplementos de Ômega-3 redutor de triglicérides pelo consumo de grandes
quantidades de óleo de linhaça em humanos.
Administração
Efeitos sobre o metabolismo glicídico
Existem no mercado várias formulações de óleo de peixe
rico em ácido graxo Ômega-3. Os efeitos do ALA sobre o perfil glicêmico também não
têm sido consistentes, havendo, no entanto, sugestões de
Em nosso meio, a quantidade de EPA e DHA por cápsula que o seu consumo possa beneficiar o metabolismo
de óleo de peixe é variável, alcançando 90% ou 1000 mg glicídico. Dados prospectivos do Cardiovascular Health
nas apresentações mais concentradas; o restante da Study mostraram que concentrações plasmáticas mais
cápsula é composto por outros ácidos graxos poli- elevadas de ALA associaram-se a menor chance de novos
insaturados, monoinsaturados e saturados, além de casos de Diabetes Mellitus (DM).
gelatina e glicerina com veículos.
De forma concordante, em uma grande análise prospectiva
Preparação mais purificada, com 85% de EPA-DHA, é de mais de 43 mil chineses, o consumo de ALA associou-
comercializada no exterior, e formulação semi-sintética de se inversamente ao risco de aparecimento de DM.
EPA está sendo avaliada em estudos clínicos.
Na revisão sistemática e metanálise de ensaios
É altamente recomendado que a suplementação seja randomizados e controlados citada antes, a
prescrita e acompanhada por um profissional médico e/ou suplementação com ALA reduziu a glicemia em 3,6
nutricionista especialista na área. mg/dL. Com relação à linhaça, um estudo randomizado
revelou melhora da sensibilidade a insulina.
Efeitos colaterais
Tem sido sugerido que ingestão de >14 g de ALA ao dia
Os efeitos colaterais da suplementação de ácido graxo reduz marcadores inflamatórios. De fato, várias
Ômega-3 mais comumente relatados são os investigações atestam uma relação inversa entre consumo
relacionados com o trato gastrointestinal, que podem de ALA e parâmetros inflamatórios, incluindo PCR sérica.
ocorrer em ~4% em dosagens < 3 g/dia e em até ~20%
em dosagens de 4 g/dia. A suplementação com ALA diminui os níveis de
marcadores inflamatórios em indivíduos
Além disso, a sensação de “cheirar peixe” é causa dislipidêmicos, o que ocorre especialmente quando a
frequente de descontinuação do suplemento. Podem dieta de base é rica em gordura saturada e pobre em
contribuir para melhor aderência: congelar o óleo de peixe, monoinsaturada.
consumir durante as refeições, modificar o horário da
ingestão ou mudar para outra formulação. Efeitos sobre eventos cardiovasculares

Segurança Embora ainda esteja em discussão a real influência dos


ácidos graxos Ômega-3 de origem vegetal sobre a doença
Considerando a descrição de efeitos antiplaquetários dos cardiovascular, a maior parte dos estudos observacionais
ácidos graxos Ômega-3 marinhos, uma preocupação justa prospectivos sugere que o consumo de ALA pode proteger
seria a possibilidade de facilitar sangramentos. contra eventos cardiovasculares.

No entanto, estudos clínicos não têm revelado Na análise prospectiva de mais de 45 mil homens do
aumento do risco de hemorragias induzido por ácido Health Professionals Follow-up Study, por exemplo, o
graxo Ômega-3, mesmo quando prescritos em altas consumo de ácido graxo Ômega-3, tanto de origem
doses (~3-4 g/d), por tempo prolongado (> 2 anos) e marinha como vegetal, associou-se à redução do risco
mesmo quando associados a aspirina e clopidogrel ou cardiovascular, com pouca influência da ingestão de
varfarina. Ômega-6.

A preocupação com ingestão de contaminantes, como Já no Nurses’ Health Study, que acompanhou mais de 76
mercúrio, também não se justifica. De forma semelhante mil mulheres, o consumo de ALA associou-se
ao que ocorre para a maioria das espécies de peixe, o óleo inversamente ao risco de morte súbita cardíaca, mas não a
de peixe comercializado contém pouco ou nenhum outros tipos de desfechos coronarianos fatais ou infarto do
mercúrio. miocárdio não fatal.

 Ácidos graxos poli-insaturados Ômega-3 de origem Metanálises e revisões sistemáticas têm mostrado
vegetal resultados contraditórios e, no estudo randomizado e
controlado Alpha Omega, margarina suplementada com
Efeitos sobre o metabolismo lipídico ALA por 40 meses não reduziu a taxa de eventos
cardiovasculares maiores em pacientes que já haviam
O ácido graxo alfalinolênico (ALA) tem demonstrado sofrido infarto do miocárdio.
efeitos inconsistentes sobre os níveis lipídicos. Em uma
revisão sistemática e metanálise de 14 ensaios Recomendações
randomizados e controlados com suplementação com
ALA, não se observou influência significativa sobre Considerando o exposto, pode-se dizer que há indícios de
colesterol total, LDL-colesterol ou triglicérides, possíveis benefícios cardiovasculares dos ácidos graxos
encontrando-se um efeito mínimo sobre o HDL-colesterol Ômega- 3 de origem vegetal, embora conclusões mais
(redução de 0,4 mg/dL). definitivas, sobretudo sobre os efeitos sobre desfechos
duros (morte, infarto do miocárdio), devam aguardar
Especificamente, os efeitos da linhaça em animais de estudos randomizados e controlados futuros.
experimentação variam de efeito nulo a discreta
redução lipídica, e uma revisão sugeriu um efeito
Efeitos sobre eventos cardiovasculares

Mesmo com algumas limitações quanto a tamanho


amostral e uniformidade de desfechos, os resultados
combinados dos estudos clínicos randomizados e
observacionais fornecem evidências de que a substituição
dos SFA e carboidratos refinados (por exemplo, açúcar,
pão branco, arroz branco, batata) por PUFA Ômega-6, ao
redor de 5% a 10% de energia consumida, reduz o risco
de doença cardiovascular, sem evidências clínicas de
eventos adversos.

Nos países ocidentais ou ocidentalizados em relação à


 Ácido graxo poli-insaturado N-6 (ALA) dieta, a substituição de 1% do consumo de energia a partir
de SFA por PUFA tem sido associada com uma redução
Efeitos sobre o metabolismo lipídico de 2%-3% na incidência de doença coronariana. Esse
benefício ainda pode estar subestimado em razão da
Vários estudos apontam para um efeito redutor de grande quantidade de SFA que co-ocorre em algumas
colesterol pelo Ácido Linoleico (AL) em humanos. Altos fontes de alimentos com PUFA.
níveis plasmáticos de PUFA são associados com uma
redução da razão entre o colesterol total e o HDL-c, e Para Mente e cols., em estudo envolvendo indivíduos em
estudos epidemiológicos mostram que a substituição de prevenção primária e secundária de estudos de coorte
10% de calorias provenientes de SFA por PUFA Ômega-6 prospectivos e ensaios clínicos randomizados, o consumo
associa-se a uma redução de 18 mg/dL no LDL-c, maior de PUFA não se associou a menor risco de doença arterial
que a observada com reposição semelhante por coronariana, ao contrário do que foi observado para a
carboidratos. ingestão de peixes ou PUFA Ômega-3 marinho.

Efeitos sobre o metabolismo glicídico De fato, vários estudos mostram que a redução nos
desfechos cardiovasculares é menor com a substituição
Estudos observacionais, utilizando marcadores biológicos dos SFA por PUFA Ômega-6 do que quando comparada
da ingestão de gorduras ou de questionários dietéticos, com uma substituição por uma mistura de PUFA Ômega-6
sugerem uma associação inversa entre a ingestão de com Ômega-3.
Ômega-6 e risco de Diabetes Mellitus (DM), embora os
dados nem sempre sejam consistentes. A relação Ômega-6/Ômega-3

No Nurses’ Health Study, envolvendo 84.204 mulheres O papel da relação Ômega-6/Ômega-3 na dieta sobre a
com idade entre 34 e 59 anos, sem DM, doença patogênese de doenças cardiovasculares, inflamatórias e
cardiovascular ou câncer, seguidas prospectivamente por autoimunes tem sido objeto de bastante controvérsia nos
seis anos, a ingestão de PUFA, avaliada por questionários últimos anos.
devidamente validados, associou-se a um menor risco de
DM tipo 2. A espécie humana experimentou mudanças drásticas na
sua alimentação em relação à ingestão de ácidos graxos
Em homens, outro grande estudo prospectivo, o Health nos últimos milênios. Com a revolução agrícola, houve um
Professionals Follow- Up Study, também mostrou que a aumento do consumo de cereais, óleos e grãos ricos em
ingestão de AL estava associada a um menor risco de DM ácidos graxos Ômega-6 e uma diminuição paralela da
tipo 2 naqueles com idade < 65 anos e IMC < 25 kg/m2. ingestão de ácidos graxos Ômega-3. A relação Ômega-
6/Ômega-3, originalmente em torno de 1:1 a 2:1, hoje
Em contrapartida, no estudo Singapore Chinese Health se situa de 15:1 a 40:1 na dieta ocidental.
Study, no qual mais de 43 mil chineses foram avaliados
prospectivamente, o consumo de Ômega-6 não se Em teoria, o aumento da ingestão de Ômega-6 poderia
associou ao aparecimento de novos casos de DM. elevar a geração de mediadores inflamatórios implicados
com diversas processos patológicos, incluindo
Os dados provenientes de pequenos estudos de aterosclerose e seus fatores de risco tradicionais, como
intervenção também são controversos no que diz respeito hipertensão arterial, diabetes e obesidade. No entanto, a
ao efeito dos PUFA Ômega-6/AL sobre a sensibilidade a real relevância clínica desse possível efeito é motivo de
insulina. intensa discussão.

Embora não conclusivas, existem, portanto, evidências Efeitos sobre a inflamação


que permitem sugerir a substituição de SFA e trans por
PUFA com o objetivo de diminuir o risco de DM tipo 2. O Ácido Araquidônico (AA) é o substrato para a produção
Além disso, há evidências de um maior efeito protetor dos de uma ampla variedade de eicosanoides (metabólitos de
ácidos graxos Ômega-6 em relação aos Ômega-3 sobre o carbono 20-AA), e alguns têm características pró-
risco de DM. inflamatórias, vasoconstritoras e/ou pró-agregantes, como
a prostaglandina E2, o tromboxano A2 e o leucotrieno B4.
Mais estudos controlados de longo prazo são necessários
para identificar a melhor composição de AG da dieta para O AA, no entanto, também serve de substrato para outros
reduzir o risco de DM tipo 2. Além disso, há poucos dados eicosanoides com características anti-
disponíveis sobre os efeitos da qualidade da gordura da inflamatórias/antiagregantes, como a prostaciclina, a
dieta em indivíduos com DM, e a proporção ideal de SFA, lipoxina A4 e ácidos epoxieicosatrienoicos, que possuem
PUFA e MUFA nesse subgrupo permanece incerta. importante efeito vasodilatador.
Além disso, alguns estudos mostram que o consumo de Recomendações
AL e sua proporção no soro relacionam-se inversamente
com as concentrações de proteína C-reativa.

A maior parte dos estudos conclui que, para a promoção


de saúde geral, a relação Ômega-6/Ômega -3 deveria ser
mais baixa do que a atualmente encontrada na população
geral ocidental. Alguns especialistas advogam diminuir
essa relação por meio tanto do aumento do consumo de
Ômega-3 como também pela redução de Ômega-6. De
forma condizente, em um estudo clínico prospectivo de
prevenção secundária em indíviduos pós-infarto do
miocárdio, uma dieta experimental mediterrânea
caracterizada, entre outros fatores, por ser mais rica em
ácido linolênico e oleico e mais pobre em linoleico,
associou-se a uma redução de até 70% na mortalidade
total. Tal dieta incluía substituição de óleo de milho por
azeite de oliva e diminuiu a relação Ômega-6/ Ômega-3
até 4/1.

Enquanto, porém, existem evidências substanciais de que


o aumento da ingestão de Ômega-3, particularmente dos
ácidos docosaexaenoico (DHA) e eicosapentaenoico
(EPA), confere proteção contra doenças cardiovasculares,
não existem evidências convincentes de que a redução do
consumo de Ômega-6, por si só, faça o mesmo. Pelo
contrário, pode até aumentar o risco cardiovascular.

Além disso, a validade de se utilizar apenas a relação EFEITOS E RECOMENDAÇÕES DO CONSUMO DOS
Ômega -6/Ômega-3 na prática clínica e sua relação com o ÁCIDOS GRAXOS TRANS SOBRE MECANISMOS
risco cardiovascular tem sido questionada por diversos FISIOPATOLÓGICOS DO PROCESSO
especialistas. ATEROSCLERÓTICO: BIOMARCADORES E
DESFECHOS CLÍNICOS
Ambos os ácidos Ômega-6 e Ômega-3 têm sido
associados a efeitos benéficos para a saúde  Ácidos graxos Trans
cardiovascular. Entretanto, a importância da relação
Ômega-6/Ômega-3 fundamenta-se na competição Colesterol total e frações e triglicérides
existente entre os ácidos linoleico (Ômega-6) e
alfalinolênico (Ômega-3) pela ação da enzima delta-6 Os ácidos graxos trans relacionam- se fortemente com o
dessaturase, que converte ambos em diferentes risco cardiovascular, especialmente em razão de
subespécies. aumentarem a concentração plasmática de colesterol e de
LDL-c, bem como possuem efeito adverso adicional, em
Por um lado, um consumo elevado de ácido linoleico pode razão de reduzirem a concentração plasmática de HDL-c,
diminuir o metabolismo do ácido alfalinolênico a EPA e lipoproteína inversamente relacionada a eventos
DHA, limitando os benefícios do ácido Ômega-3. Por outro, cardiovasculares.
a afinidade maior da enzima delta-6-dessaturase pelos
ácidos graxos Ômega-3 pode fazer que os metabólitos Uma importante Metanálise discutiu os resultados de 60
essenciais derivados da bioconversão do ácido linoleico estudos bem controlados e reafirmou o impacto dos ácidos
não sejam produzidos de forma satisfatória, o que graxos trans tanto sobre a elevação da colesterolemia
justificaria uma recomendação para um pequeno aumento quanto sobre a redução da concentração plasmática de
de seu consumo quando comparado ao ácido Ômega-3. HDL-c.

Diante dessas questões e até que surjam novas Em razão da sua importância no contexto da doença
informações científicas que permitam modificações de cardiovascular, diversos mecanismos têm sido
conduta, as recomendações dietéticas atualmente devem investigados com o propósito de elucidar as suas possíveis
ser feitas com base no consumo total de cada PUFA e não ações na elevação da colesterolemia e no
somente com base na relação Ômega-6/Ômega-3. desenvolvimento da aterogênese.

Já foi demonstrado que, pelo fato de possuírem cadeia


retilínea de carbono, promovem o aumento das
concentrações de colesterol total e LDL-c por
mecanismos semelhantes aos dos ácidos graxos
saturados. Nesse sentido, verifica-se que os ácidos
graxos trans empacotam-se nas LDL-c, o que
disponibiliza maior espaço nessa partícula para o
transporte de colesterol e, além disso, reduzem a
expressão gênica dos receptores hepáticos (receptor
B-E) responsáveis pela captação das partículas de
LDL.

A redução da concentração plasmática de HDL-c pode


ser explicada pelo fato de os ácidos graxos trans
induzirem aumento da atividade da CETP, proteína glicose, caracterizada pelo HOMA - IR (Homeostasis
envolvida em importante etapa do transporte reverso Model Assessment) devido a maior lipogênese
de colesterol, a qual é responsável pela transferência hepática.
de colesterol éster das HDL para VLDL e LDL.
Além disso, esses ácidos graxos induzem redução da
Adicionalmente, aumentam o catabolismo das Apo A1, síntese das proteínas estimuladoras de acilação (ASP), as
principal proteína presente nas HDL, a qual é responsável quais estão relacionadas com a captação de triglicérides
por parte da retirada de colesterol presente nos pelo adipócito e sua redistribuição.
macrófagos das placas de ateroma, e diminuição do
catabolismo da apolipoproteína B-100. Essas proteínas interagem com membranas celulares,
estimulando a diacilglicerol, a qual, via proteína C-quinase,
Cabe ainda ressaltar que os ácidos graxos trans reduzem regula a síntese de triglicérides. Além disso, as ASP agem
as HDL2, subfração mais sensível a modificações sobre a captação da glicose independentemente da ação
alimentares. da insulina. Dessa forma, a diminuição da concentração
plasmática das ASP no plasma, por meio do consumo de
Além disso, demonstrou-se em animais que essa gordura ácidos graxos trans, poderia contribuir indiretamente para
induz a produção de partículas de HDL mais enriquecidas o fenômeno de resistência periférica à ação da insulina.
em triglicérides, as quais são melhor substrato para a
lipase hepática, enzima envolvida no catabolismo das A resistência à ação da insulina é provavelmente a
HDL. Dessa forma, os ácidos graxos trans induzem perfil principal alteração que precede e predispõe à síndrome
lipídico pró-aterogênico, fato que culmina em maior risco metabólica. Diversos autores têm sugerido que a
cardiovascular. esteatose hepática não alcoólica (NAFLD) seja uma das
manifestações clínicas da síndrome metabólica no fígado.
Com relação à influência desses ácidos graxos da dieta
sobre a capacidade da HDL em retirar colesterol de Estudo de intervenção conduzido em camundongos LDL-/-
macrófagos, demonstrou-se que a gordura trans não submetidos a dieta com 40% de gordura, enriquecida com
alterou a eficiência dessa partícula em comparação aos diferentes ácidos graxos, demonstrou que todos os
ácidos graxos poli-insaturados ou saturados. animais desenvolveram esteatose hepática. No entanto, o
grupo de animais que consumiu ácidos graxos trans
Portanto, sua ação deletéria não pode ser explicada pela apresentou maior infiltrado de gordura e desenvolveu
participação na primeira etapa do transporte reverso de esteato-hepatite não alcoólica (NASH) devido a maior
colesterol. É importante salientar que, neste estudo, lipogênese.
realizado com indivíduos normais e jovens, utilizou-se
quantidade regular de gordura (30% das calorias). Dessa Em outro experimento, testaram-se padrões relacionados
forma, outras possíveis ações aterogênicas desses ácidos ao estilo de vida ocidental, os quais incluíam o consumo
graxos, relativas ao efluxo de colesterol das artérias, de dieta rica em gordura, ácidos graxos trans e frutose,
necessitam ser mais bem exploradas. além de intervenções que induziram comportamento
sedentário em camundongo. Neste estudo, observou-se
Além da sua ação sobre a colesterolemia, os ácidos que os ácidos graxos trans exerceram a maior influência
graxos trans também influenciam a concentração na promoção da esteatose hepática.
plasmática de triglicérides. Em camundongos com
deficiência no receptor de LDL-c, o consumo de dieta Além disso, já se demonstrou que os ácidos graxos trans
normolipídica enriquecida com ácidos graxos trans prejudicam a função mitocondrial e aumentam o estresse
aumentou a expressão hepática de genes envolvidos na do retículo endoplasmático, condições relacionadas ao
síntese de TG e na produção de VLDL, tais como a ácido fenômeno de resistência periférica à ação da insulina.
graxo sintase (FAS), a proteína de ligação ao elemento
responsivo a esteroides-1c (SREBP-1c), a proteína O consumo de trans vem sendo acompanhado pelo
microssomal de transferência de triacilglicerois (MTP) e a aumento na incidência da obesidade mundial, epidemia
apo B100. que vem crescendo, em todas as faixas etárias,
contribuindo para o desenvolvimento da aterogênese.
Utilizando o mesmo modelo animal, trabalho recente
mostrou perfil de lipoproteínas mais aterogênico, com Biomarcadores inflamatórios
aumento nas concentrações de VLDL, LDL, CT e TG com
relação aos animais que consumiram dieta hiperlipídica A forte associação entre consumo de trans e doença
contendo ácidos graxos poli-insaturados ou saturados. cardiovascular não pode ser explicada apenas por sua
ação sobre os lípides plasmáticos, uma vez que outras
Outros efeitos deletérios dos ácidos graxos trans no vias metabólicas estão envolvidas na indução da
contexto cardiovascular estão relacionados ao aumento aterogênese.
nas concentrações plasmáticas de LDL pequenas e
densas, partículas reconhecidamente mais aterogênicas. Em razão de os processos inflamatórios estarem
intimamente relacionados aos eventos cardiovasculares,
Glicemia e resistência a insulina diversos estudos clínicos de intervenção foram conduzidos
nos últimos anos no sentido de elucidar a implicação
Diversos estudos demonstraram piora na sensibilidade desses ácidos graxos sobre a inflamação. Estudos de
à ação da insulina induzida pelos ácidos graxos trans intervenção encontraram efeitos variados na ação dos
em animais e em humanos, particularmente entre ácidos graxos trans e marcadores inflamatórios.
indivíduos que apresentam predisposição a resistência
a insulina, elevando, assim, o risco para o Estudos crossover demonstraram aumento da
desenvolvimento de diabetes tipo 2. concentração plasmática de TNF-alfa, IL-6, e PCR após o
consumo de ácidos graxos trans, tanto em indivíduos
Em comparação aos ácidos graxos saturados e poli- saudáveis quanto em portadores de hipercolesterolemia.
insaturados, os trans prejudicam a tolerância a
Outro estudo não mostrou elevação da proteína C-reativa. Estudos anteriores demonstraram que indivíduos
As investigações nas quais houve aumento da infartados apresentavam maior concentração de ácidos
concentração plasmática de IL-6, proteína C-reativa e E- graxos trans no tecido adiposo quando comparados a
selectina tiveram a duração de 4-5 semanas e utilizaram controles saudáveis.
7% do valor calórico total na forma de ácidos graxos trans.
O alto teor de ácidos graxos trans encontrados nos tecidos
Mozafarian e cols. demonstraram em importante revisão a foi reflexo de maior consumo de produtos industrializados.
elevação da concentração plasmática de TNF-alfa, PCR e Verificou-se também maior conteúdo de trans em
IL-6 com ácidos graxos trans, provocando efeitos pró- eritrócitos de mulheres, fato que elevou em 2,7 vezes o
inflamatórios, alterações intimamente relacionadas à risco para doença cardiovascular e redução na
disfunção endotelial. vasodilatação mediada pelo fluxo.

Neste estudo, os efeitos foram mais proeminentes quando Estudos de desfecho cardiovascular
os ácidos graxos trans foram comparados aos poli-
insaturados e efeitos adversos, tais como aumento da Importantes estudos epidemiológicos, como Nurses’s
relação CT/HDL-c e disfunção endotelial foram observados Health Study, Health Professionals Followup Study e
em comparação a SFA. Alpha-Tocopherol Beta-Carotene Study, evidenciaram
maior risco para doença coronariana com o consumo de
Outra investigação realizada com indivíduos saudáveis gordura trans.
demonstrou que o consumo de ácidos graxos trans (8% do
valor calórico total da dieta) provocou aumento significativo No entanto, no estudo European Antioxidant Myocardial
da concentração plasmática de PCR e de E-selectina em Infarctionand Cancer (EURAMIC), a concentração de
comparação ao consumo de dieta controle. Todavia, neste ácidos graxos trans no tecido adiposo não foi
estudo, o consumo de TRANS não induziu aumento das significativamente associada ao risco de infarto do
concentrações plasmáticas de fibrinogênio e IL-6. miocárdio.

Outro estudo realizado com indivíduos adultos saudáveis Recente revisão mostrou que cinco estudos caso-controle
demonstrou que o consumo de dieta contendo 7% do VCT e quatro estudos prospectivos detectaram associação
na forma de ácidos graxos trans, durante um período de positiva entre o consumo de trans e eventos
três semanas, teve poucos efeitos sobre a concentração cardiovasculares.
plasmática de IL-6, proteína quimiotática para monócitos
(MCP)-1 e receptor 2 do TNF). A análise desses estudos evidenciou que a substituição
isocalórica de 2% de ácidos graxos trans na dieta
O consumo desse ácido graxo acarretou apenas em aumentou em 24%-34% o risco para infarto agudo do
pequena redução da concentração plasmática do receptor miocárdio. Estudo prospectivo conduzido em mulheres
1 do TNF (4%) e ligeiro aumento da concentração da E- mostrou que a redução de ácidos graxos trans é mais
selectina (6%) em relação à dieta controle. Deve-se eficiente na prevenção da doença arterial coronariana do
ressaltar, no entanto, que grande parte dos indivíduos que a redução de gordura total da dieta. Essa investigação
estudados era de jovens. mostrou ainda que a substituição de 2% das calorias
provenientes de ácidos graxos trans por insaturados
reduziria o risco relativo de doença cardiovascular em
A partir do exposto, conclui-se, até o presente momento, 53%.
que os resultados sobre a ação dos ácidos graxos trans
sobre processos inflamatórios são ainda controversos. Demonstrou-se associação positiva entre o consumo
de trans e infarto agudo do miocárdio, doença arterial
Provavelmente isso ocorra em razão da grande coronariana e morte súbita em homens. Contudo, esse
variabilidade nos critérios de inclusão dos indivíduos, bem risco parece ser maior quando se analisa mortalidade
como idade, presença ou não de dislipidemia além da por doença coronariana.
duração do estudo e percentual de ácidos graxos trans das
dietas. Assim, mais estudos são necessários para elucidar
o papel desses ácidos graxos na indução da resposta
inflamatória em indivíduos com risco cardiovascular.

Aterosclerose e função endotelial

Bassett e cols. verificaram que camundongos LDLr-KO


que consumiram ácidos graxos trans desenvolveram mais
lesões ateroscleróticas quando comparados aos grupos
que não consumiram essa gordura. Lesão ainda maior foi
observada naqueles que consumiram dieta rica em
colesterol adicionada de trans, salientando a sua ação
potencializadora sobre o efeito colesterol alimentar.

Ácidos graxos trans também elevam o risco de doença


cardiovascular por provocarem ação direta no
endotélio, induzindo apoptose, por meio de ativação
da via das caspases. Recente revisão avaliou o
resultado de estudos clínicos controlados sobre o
risco e desfecho cardiovascular e mostraram piora na
função endotelial induzida pelos ácidos graxos trans
quando comparados aos ácidos graxos saturados.
expressão do receptor hepático de LDL concomitante ao
aumento na expressão dos genes que codificam para
colesterol-7a-hidroxilase (CYP7A1) e SREBP-2263.

Esses resultados sugerem que a modificação da posição


do ácido graxo na molécula do glicerol proporcionado pela
interesterificação possa modular as concentrações
circulantes de LDL pela regulação de enzimas-chave
envolvidas no metabolismo do colesterol.

Estudos em humanos

Em humanos, tanto o óleo de soja parcialmente


hidrogenado quanto o interesterificado
proporcionaram aumento na razão LDL-c/HDL-c
quando comparados ao óleo de palma. Além da
alteração nas concentrações de lípides plasmáticos, a
gordura interesterificada exerceu um efeito adverso
sobre o metabolismo da glicose, reduzindo a
concentração plasmática de insulina e aumentando a
glicemia de jejum.

Quando, porém, comparado à margarina, contendo


elevados teores de ácido linoleico e moderados de
trans, o consumo de margarinas contendo óleo de
palma (láurico, mirístico, palmítico, oleico e linoleico)
ou óleo de palma interesterificado favoreceu o
aumento nas concentrações de LDL-c em homens
hipercolesterolêmicos.

Além disso, foi demonstrado que a interesterificação


transferiu quantidades significativas de ácido palmítico
para a posição sn-2 e de ácidos graxos insaturados (AGI)
EFEITOS E RECOMENDAÇÕES DO CONSUMO DOS para as posições sn-1 e sn-3, o que foi refletido nos
ÁCIDOS GRAXOS INTERESTERIFICADOS SOBRE quilomícrons do plasma.
MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS DO PROCESSO
ATEROSCLERÓTICO: BIOMARCADORES E Geralmente, a posição sn-2 em óleos vegetais é ocupada
DESFECHOS CLÍNICOS por AGI e, de acordo com Wang e cols., inserir um SFA
nessa posição pode prejudicar o metabolismo de LDL-c e,
também, a atividade da lecitina colesterol aciltransferase
 Ácidos graxos Interesterificados
(LCAT), enzima que transfere ésteres de colesterol
presentes nas lipoproteínas circulantes no plasma para
Estudos com animais
HDL-c.
Em ratos Wistar, a mistura de óleo de cártamo rico em
Outro estudo conduzido em mulheres demonstrou, no
oleico, óleo de cártamo rico em linoleico, óleo de linhaça e
entanto, que o ácido palmítico nas posições sn-1 e sn-3 foi
metil éster de ácido erúcico, na proporção 8,5:74:17,5:0,5
(p/p%), submetida a interesterificação química, favoreceu responsável pelo aumento na concentração plasmática de
TG e na redução dos valores de insulina no início da
menor concentração de colesterol total e livre no plasma
resposta pós-prandial (0-90 min), eventos que estão
quando relacionado ao grupo de animais que recebeu a
associados ao risco cardiovascular.
dieta com a mistura sem passar pelo processo de
interesterificação.
Com relação à influência dos tipos de interesterificação
sobre o perfil de lipoproteínas, verificou-se que a
Além disso, os animais que consumiram tanto a mistura
interesterificação química aumentou a concentração pós-
interesterificada quanto a não interesterificada tiveram
menor tempo de coagulação com relação ao grupo que prandial de TG (85%) em indivíduos obesos, fato não
observado em eutróficos, sugerindo que a
recebeu uma dieta padrão.
interesterificação pode afetar indivíduos saudáveis de
maneira diferente daqueles que já têm um risco para
O efeito do óleo de coco e farelo de arroz ou óleo de coco
desenvolver DCV e diabetes mellitus tipo 2.
e de gergelim misturados ou submetidos a
interesterificação enzimática, com proporção de ácidos
Em indivíduos saudáveis, a interesterificação química não
graxos saturado: monoinsaturado: poli-insaturado 1:1:1 e
alterou as concentrações plasmáticas de lipídeos, mas
razão poli-insaturado/ saturado 0,8 a 1 por 60 dias,
favoreceu a menor concentração do dímero D, um produto
também foi avaliado em ratos Wistar.
de degradação da fibrina associado com o risco para
doença cardiovascular.
Os animais que consumiram óleos interesterificados
apresentaram concentrações reduzidas de CT, LDL-c e TG
Em suma, até o presente momento, não há evidências
quando comparados com ratos alimentados com óleos
científicas que permitam concluir o efeito do rearranjo
misturados, embora não tenha sido observada alteração
de ácidos graxos na gordura interesterificada sobre
no tamanho e na composição de fosfolípides hepáticos.
parâmetros metabólicos e de desenvolvimento da
aterosclerose e desfecho cardiovascular. Contudo,
Posteriormente, o mesmo grupo de pesquisadores
cabe ressaltar que há grande predominância de ácidos
verificou que essa ação estaria associada ao aumento na
graxos saturados na gordura interesterificada de Alimentos ricos em lipídios que apresentam insaturações
utilização industrial. em sua composição química necessitam de cuidados
especiais em seu manuseio, de forma que a preservação
das características saudáveis desses alimentos seja
mantida. As duplas ligações que caracterizam a
denominação “insaturação” desses lipídios são ligações
extremamente sensíveis a diversas condições físico -
químicas como temperaturas elevadas, exposição a luz e
oxigênio. A desestabilização e oxidação dessas
insaturações culminam com o surgimento e incorporação
de isômeros trans nesses alimentos.

Com características potencialmente deletérias, ações


alternativas têm sido elaboradas para minimizar ao
UTILIZAÇÃO PRÁTICA DO ÁCIDO GRAXO DA DIETA máximo a ocorrência desse fenômeno. Tais precauções
COM BASE EM EVIDÊNCIAS devem estar presentes desde a aquisição desses produtos
no mercado até o momento de serem manipulados e,
A composição nutricional de uma dieta varia de acordo posteriormente, armazenados.
com os objetivos propostos para cada indivíduo e de
fatores socioeconômicos e culturais, tendo sempre como Os óleos de oliva (azeite), por exemplo, são comumente
base diretrizes nutricionais cientificamente fundamentadas. comercializados em frascos do tipo âmbar, mesmo não
Dessa forma, esta Diretriz traz dois modelos dietéticos sendo fontes especiais de ácidos graxos poli-insaturados
(anexo) com o objetivo de exemplificar o alcance das e, portanto, mais estáveis às alterações anteriormente
recomendações nutricionais aqui discutidas. descritas. Contudo, no caso dos azeites extravirgem, a luz
pode rapidamente danificar os especiais compostos
Cabe ressaltar que são apenas exemplos dietéticos gerais fenólicos presentes nesses óleos, os quais apresentam
e, portanto, devem ser ajustados de acordo com as importantes características funcionais especialmente
necessidades individuais e as características peculiares de relacionadas às atividades antioxidantes.
cada região do Brasil.
Manipulação
O modelo dietético 1 compreende uma dieta de 2.000
Kcal, com recomendação mínima de 25% do valor calórico Especial atenção deve ser dada à semente de linhaça ou
total (VCT) em lípides totais, teor de ácidos graxos ao seu óleo. A semente de linhaça vem sendo cada vez
saturados menores do que 7% do VCT e equilíbrio entre mais consumida pelo seu teor importante de ácidos graxos
ácidos graxos monoinsaturados, poli-insaturados, Ômega- Ômega-3 (C18:3 – alfa-linolênico).
3 e Ômega-6, além de colesterol total.
A linhaça marrom apresenta em sua composição um
O modelo 2 compreende igualmente 2.000 Kcal, porém conteúdo aproximado de 58% de ácidos graxos Ômega-3.
com a recomendação máxima de 35% do VCT em lípides, Em razão desse elevado teor e da presença de três
teor de ácidos graxos saturados entre 7%-10% do VCT e insaturações nessa molécula, o Ômega-3 é alvo de
adequação dos demais lípides preconizados nesta Diretriz. interferentes exógenos ao organismo (luz, temperatura e
oxigênio) e endógenos (espécies reativas de oxigênio),
Diversas são as estratégias nutricionais capazes de alterações que reduzem de forma significante sua
compor o modo de ação para a manutenção da saúde atividade e o tornam potencialmente deletério ao
cardiovascular ou a redução do risco de danos organismo.
cardiovasculares. Entre elas encontra-se a dieta
propriamente dita, com o incentivo ao consumo de Mesmo sendo essa semente e, consecutivamente, seu
alimentos saudáveis como os ricos em ácidos graxos óleo ricos em vitamina E, é um erro tal óleo ser
Ômega-3, maior teor de grãos integrais, distribuição comercializado em frascos transparentes, como
racional de vitaminas e minerais, enfatizando-se a redução comumente se observa. Caso seja necessário o consumo
do conteúdo de sódio. de óleo de linhaça, a orientação é procurar por frascos do
tipo âmbar e posteriormente armazená-los em geladeira,
Além disso, a substituição pontual de alimentos ricos em além de devidamente vedados.
gorduras prejudiciais por outros com perfis mais
adequados no que tange a seus conteúdos de ácidos Ainda, outra forma de comercialização da semente de
graxos tem sido adotada como prática eficaz. linhaça é a sua forma triturada. É certo que o ácido graxo
Ômega-3 contido nessa semente está localizado no seu
Contudo, quando se trata de gorduras, diferentemente de interior, mais especificamente em seu gérmen. Para
outros macronutrientes, deve-se destinar atenção especial acessar essa substância, o gérmen deve ser exposto;
para o modo de conservação e manipulação desses contudo, apenas a ação mecânica da mastigação é
alimentos, a fim de preservar ao máximo suas insuficiente, tendo sido comum adotar a trituração como
propriedades benéficas e de evitar alterações químicas em alternativa. Isso ocorre pela resistência à sua capa
suas estruturas, capazes de aumentarem ainda mais o celulósica às enzimas intestinais, permanecendo
risco de eventos cardiovasculares. A importância da inalterada e eliminada integralmente.
conservação da estrutura dos ácidos graxos nos alimentos
tem se tornado atualmente um capítulo à parte nas A linhaça triturada normalmente encontrada em
estratégias de ações nutricionais. supermercados é armazenada em embalagens plásticas
transparentes e em contato direto com a luz ultravioleta da
Modo de conservação, manipulação e preparo dos iluminação artificial dos ambientes. Além disso,
alimentos ricos em gorduras mono e poli-insaturadas e infelizmente não é possível saber ou garantir o método de
suas fontes alimentares trituração adotado pela indústria, e nem sobre quanto
tempo essa semente ficou exposta a luz e oxigênio antes
de ser embalada. Portanto, deve-se adotar um olhar É sabido que o método de fritura é capaz de atingir fácil e
cauteloso sobre esse produto. rapidamente temperaturas elevadas. Dependendo da
temperatura, o óleo se oxida e é capaz de agregar a si
Aquisição dos produtos no mercado compostos tóxicos, capazes de descaracterizarem por
completo o objetivo proposto, que é a cocção com
Óleos e gorduras de origem vegetal apresentam, qualidade.
naturalmente, quantidades importantes das vitaminas
lipossolúveis A e E, capazes de auxiliar na estabilização A ausência de equipamentos técnicos para a mensuração
química desses óleos. Contudo, quanto maior a presença da qualidade ou temperatura dos modos de cocção nas
de ácidos graxos insaturados no alimento, maior a chance casas é um fator complicador para a manutenção dessa
de oxidação e peroxidação desses lipídios, mesmo com a qualidade; contudo, algumas alternativas de ordem prática
presença dessas importantes vitaminas. podem ser adotadas a fim de se evitar o comprometimento
dos alimentos.
Óleos como os de soja, milho, girassol, canola e
amendoim apresentam razoável estabilidade quando O ponto de fumaça é uma característica crucial que marca
mantidos sob temperaturas abaixo de 25°C, mesmo depois o surgimento de compostos tóxicos no óleo, além de ser
de abertos pelo consumidor, pois são estabilizados pelas indicativo da isomerização e oxidação dos ácidos graxos.
vitaminas lipossolúveis. Tal ponto oscila com cada tipo de óleo, que pode variar
entre 120°C e 230°C como temperatura de início.
Outros óleos, como os de linhaça, açafrão, gergelim e
prímula, extremamente ricos em ácidos graxos poli- Comumente adota-se em média 150°C como temperatura
insaturados, necessitam de cuidados extras. Geralmente segura para frituras. Entretanto, tal temperatura pode ser
comercializados em embalagens protegidas da luz (frascos insuficiente para fritar determinados alimentos. A fritura de
âmbar), devem ainda ser armazenados, depois de abertos, verduras encontra-se adequada entre 160°C e 165°C.
dentro de geladeiras e bem vedados, protegendo-os então
da temperatura e do oxigênio, A temperatura indicada para a maioria das frituras
encontra- se entre 170°C e 175°C275. Acima de 180°C a
A recomendação aqui adotada é para a aquisição da temperatura é tida como alta e já traz grandes
semente em seu estado bruto, e nunca triturada. A consequências para o óleo.
trituração pode ser feita por meio de liquidificador, mixer ou
pilões tradicionais. Contudo, deve-se rapidamente A forma caseira de se verificar temperatura aproximada do
armazenar esse pó em frascos plásticos opacos óleo é a seguinte: toma-se um pedaço pequeno de pão,
(abrigando-se da luz), adequadamente tampados juntamente ao óleo na frigideira. Se o pão foi ao fundo e
(abrigando-se do oxigênio) e mantidos sob congelador não subiu, a temperatura deve estar entre 150°C. Se o pão
(preferencialmente) ou geladeira (abrigando-se da foi ao fundo e subiu lentamente, a temperatura está entre
temperatura). 160°C e 165°C. Se o pão foi ao fundo e rapidamente
chegou à superfície, está entre 170°C e 175°C. Caso o
No momento de sua utilização, deve-se retirar apenas a pão se queime, e não se afunde, a temperatura está alta (>
quantidade desejada para uso e abrigá-la novamente. 180°C).
Caso não seja possível seguir tais recomendações,
orientamos veementemente a não utilização desse produto De modo geral recomenda-se o aquecimento do óleo em
triturado. O consumo de um lipídio oxidado ou rancificado fogo moderado e nunca alto. Orienta-se para que, de
pode ser extremamente deletério ao organismo. forma alguma, se fumegue o óleo, com o objetivo de não
alcançar o ponto de fumaça. Recomenda-se a não
Preparo de alimentos reutilização do óleo aquecido. Além disso, mesmo
filtrando-se posteriormente ao uso, pequenos fragmentos
Com exceção da utilização de óleos para a composição de de alimentos são capazes de acelerar sua degradação.
alimentos frios como saladas, toda a forma de cocção
deve levar em conta as seguintes orientações: Os óleos de palma e dendê são estáveis para frituras;
contudo, possuem alto teor de ácidos graxos saturados, os
Do cozimento em água quais são prejudiciais à saúde, devendo-se recorrer a
alternativas.
Óleos utilizados para a cocção de alimentos refogados em
água fervente como arroz, feijão, soja, legumes, etc. Os óleos adequados para o cotidiano de frituras são os de
apresentam em geral boa resistência às alterações soja e canola, com quantidades semelhantes de ácidos
químicas e físicas. A temperatura de cocção em sistema graxos mono e poli -insaturados em sua composição.
aberto (100°C) ou fechado (pressão a 120°C) é insuficiente
para isomerização ou oxidação das moléculas de ácidos Recentemente o INMETRO analisou a composição de
graxos. lipídeos e a influência do aquecimento em três tipos de
azeite de oliva (extravirgem, mistura de virgem com
O tempo de cocção é um importante fator delimitador; refinado e mistura de extravirgem com refinado) com
contudo, alterações não têm sido observadas em cocções variados percentuais de acidez e de diversas
em água nas temperaturas descritas aqui. Ácidos graxos procedências.
monoinsaturados como os encontrados no azeite de oliva
são estáveis a esse tipo de cocção; entretanto, mais uma Os resultados demonstraram que não houve variação
vez, as propriedades fenólicas encontradas nos azeites significativa no perfil de ácidos graxos saturados,
extravirgem são bastante reduzidas e prejudicadas mesmo monoinsaturados e poli-insaturados Ômega-3 e Ômega-6
sob temperaturas brandas, em geral, acima de 80°C. do azeite de oliva extravirgem e nas misturas de azeite de
oliva quando submetidos à temperatura de 170°C por 10 e
Do cozimento em óleo 30 minutos. Também não foi detectada diferença no perfil
lipídico entre as amostras de azeite de oliva extravirgem
orgânicos e não orgânicos.
sementes oleaginosas em geral, como noz, castanha-do-
Segundo posicionamento da ANVISA, no entanto, a brasil, castanha de caju, amêndoa, avelã etc.
análise de azeite de oliva aquecido pelo INMETRO
verificou apenas o óleo isoladamente e não a combinação Alimentos de origem vegetal considerados fontes de
de alimento + azeite aquecido, sabidamente um dos Ômega-3 são de ocorrência rara na natureza. Isso requer
fatores que podem potencializar a reação de oxidação atenção, uma vez que os ácidos Ômega-3 são também
quando se submete o óleo ao aquecimento. essenciais ao organismo humano.

Fontes Os representantes vegetais desses lípides são a soja (5%


a 7%), a canola (7% a 10%) e a semente de linhaça (58%
As recomendações nutricionais de macronutrientes a 60%). Contudo, é salientado que o Ômega-3 encontrado
destinadas a indivíduos saudáveis variam muito pouco de nesses vegetais é o ácido alfalinolênico (C18:3), o qual
acordo com a literatura científica, o que não ocorre com pode ser convertido nos principais representantes da
indivíduos portadores de enfermidades específicas. classe, EPA (eicosapentaenoico) e DHA (docosa-
Independentemente da estratégia nutricional, se com baixo hexaenoico).
ou alto teor de lipídeos, por exemplo, é fundamental que
sejam selecionadas fontes alimentares adequadas de A conversão em tais ácidos é baixa, devendo-se dar
ácidos graxos; igualmente importante é o cuidado quanto prioridade para o consumo de Ômega-3 proveniente de
ao modo de preparo e armazenamento dessas fontes fontes animais, e assim obtendo-se diretamente os ácidos
alimentares para o cumprimento dos objetivos propostos. EPA e DHA.

Ácidos graxos poli-insaturados como os da série Ômega-6 Sendo os peixes, invariavelmente, a primeira opção
e os saturados ocorrem amplamente na natureza, portanto profilática ou da terapêutica dietética amplamente
é necessário cuidado extra para que seu consumo não recomendada por profissionais de saúde, compreendemos
seja extrapolado. que cabe neste documento um direcionamento específico
sobre tal conduta, no intuito de clarificar a melhor forma de
Gorduras saturadas são necessárias ao organismo para fazê-lo.
funções estruturais e energéticas; entretanto, o consumo
excessivo de ácidos graxos saturados pode trazer riscos Ômega-3 em peixes de água fria
ao organismo, como discutido anteriormente nesta Diretriz.
Entre os anos 1980 e 1990, o aumento do consumo de
Já os ácidos graxos Ômega-6 são lípides essenciais à peixes foi fortemente atrelado à redução do risco de
saúde, sendo necessário adquiri-los por meio de fontes desenvolvimento de doenças cardiovasculares,
alimentares, uma vez que o organismo é incapaz de especialmente os eventos ligados a aterosclerose e
sintetizá-los. reincidências pós-infarto. No entanto, a maioria dos
trabalhos faz retrato sobre o consumo de óleo de peixe, e
Sua característica poli- insaturada garante diversos atribui ao peixe, na forma de alimento, os benefícios
benefícios ao organismo, desde que dentro dos limites encontrados. É certo que a inclusão do peixe em
recomendados de consumo. De acordo com a literatura, detrimento a outros tipos de carne é capaz de promover
proporções de Ômega-6 e Ômega-3 são estabelecidas benefícios à saúde humana, especialmente pelo fato de
como benéficas, garantindo equilíbrio químico e fisiológico ser uma carne magra.
ao organismo.
Sendo uma carne magra, por melhor que seja o perfil de
Quantidades desbalanceadas da razão Ômega-6 / Ômega- ácidos graxos do óleo desse peixe em relação aos ácidos
3 (acima de 7:1) podem exercer grandes danos à saúde, graxos Ômega-3, a quantidade de gordura a ser ingerida é
como o agravamento de processos inflamatórios de pequena, se fornecida apenas pelo filé. Existe exceção
características subclínicas que caracterizam atualmente a para alguns peixes classificados como gordos como
obesidade. demonstram as tabelas brasileiras de composição de
alimentos e outras referências; contudo, não são os que
Esse processo inflamatório sistêmico, de baixo grau, apresentam os melhores conteúdos de ácidos do tipo
predispõe também os indivíduos ao surgimento de Ômega-3.
doenças como a aterosclerose, uma vez que esse
fenômeno se constitui num dos pilares para o início do Ainda são conflitantes os estudos que tentam apontar
processo de aterogênese que ocorre no endotélio melhorias conquistadas pela mudança de hábito alimentar
vascular. relacionada ao aumento do consumo de peixes e a
tentativa de atrelar esse consumo ao aumento da ingestão
Alimentos de origem animal são ricos em gorduras de Ômega-3.
saturadas, e, portanto, até mesmo peixes devem ser
observados nesse intuito. É possível que esses conflitos ocorram justamente pela
enorme variedade de peixes estudados, incluindo a
Já os alimentos de origem vegetal são, em geral, fontes de diferença entre espécies, se são de vida livre (selvagem)
ácidos graxos insaturados, com prevalência significativa ou não (cativeiro), água doce ou salgada, se em fase de
em Ômega-6. Alimentos como os óleos de milho, girassol, desova e, especialmente, baseado nas dietas que
algodão, gergelim, cártamo e prímula são fontes quase consomem.
exclusivas de Ômega-6.
Outro fator capaz de exercer grandes variações sobre o
Deve-se ressaltar ainda que são diversos os produtos acúmulo de lípides em peixes é o tamanho do animal, pois
derivados desses óleos, como margarinas, maioneses e peixes mais velhos e, portanto, mais pesados acumulam
atualmente os azeites compostos (mistura de óleo de oliva mais gorduras em seus tecidos. De qualquer forma, parece
e óleos de girassol ou milho). Ainda como fontes haver mecanismos evolutivos e de sobrevivência que
importantes de Ômega-6 compreendem as nozes e direcionam maior acúmulo de ácidos graxos Ômega-3 para
tecidos como cérebro, fígado, ovas e olhos dos peixes de
água fria. Não obstante, um dos produtos comumente composição e a melhor relação w-6:w -3. Contudo, um filé
encontrados em mercados e farmácias, como referência de 100 g é capaz de trazer apenas 1% de Ômega-3.
de grande possuidor de tais ácidos, é o óleo de fígado de
bacalhau, na forma de emulsão. De forma prática, recomendamos que, para a confecção
de dietas balanceadas em ácidos graxos Ômega-6 e 3,
Sendo o fator dietético/ração o principal responsável pela tais cálculos devam levar em conta a quantidade
conquista e acúmulo de ácidos Ômega-3 em peixes, uma específica de cada ácido graxo em gramas, em vez de
vez que esses animais não possuem a capacidade de ater-se apenas à razão w-6:w-3.
sintetizá-los, torna-se necessária a observação cuidadosa
desse quesito. Houve grande aumento na demanda
mundial de consumo de peixes e, consecutivamente, a
necessidade de aumento em sua produção.

Diante disso, e longe da vida livre, a fonte primária de


acesso a tais ácidos é a ração industrializada. Em razão
do alto custo, foram criadas alternativas à adição de óleo
de peixe nessas rações, como a suplementação a partir
dos óleos de soja, canola e linhaça, uma vez que o peixe é
capaz de derivar competentemente o ácido alfalinolênico
em EPA e DHA, diferentemente dos humanos.

Uma série de trabalhos demonstra a baixa incorporação de


gorduras totais em músculo de peixes de água fria, o que
reforça a ideia de serem peixes magros. Recentemente o
INMETRO demonstrou um trabalho no qual encontrou
também baixa quantidade de gordura em partes
comestíveis pela população em geral, de peixes da costa
brasileira.
Contudo, enfatiza-se que não há dúvidas de que o perfil de
ácidos graxos Ômega-3 dos peixes é excelente. Mas é
preciso que haja quantidade suficiente de gordura na
carne desses animais para que as recomendações
nutricionais sejam alcançadas, bem como os efeitos
benéficos desses ácidos graxos.

O intuito desta reflexão sobre a quantidade de gordura em


peixes de água fria é atentarmos para o fato de que esses
peixes possuem um ótimo perfil de ácidos graxos Ômega-
3, como já dito; contudo, muitas vezes esse conteúdo pode
estar em locais pouco consumidos pela população em
geral, como cérebro, fígado e vísceras, regiões que
apresentam grandes quantidades de gordura, justificando,
por sua vez, a qualificação de “peixes gordos” aos
salmões, arenques, bacalhaus, anchovas, entre outros,
como comumente observamos em diversos estudos
apontados neste documento.

Quando extraídas essas gorduras e analisadas como um


todo, apresentam um perfil excelente de ácidos Ômega-3;
contudo, não são todas as populações que consomem
cérebro e fígado de peixes.

Ômega-3 em peixes em geral

Mesmo sendo o filé fonte restrita de Ômega 3, o seu


consumo é incentivado, uma vez que, além de ser uma
carne magra, é fonte de proteínas de altíssimo valor
biológico, como também de micronutrientes. Dessa forma,
sugere- se como alternativa à incongruência apontada o
consumo de peixes associado ao consumo de vegetais
ricos em Ômega- 3, o que suplantará de forma eficaz
qualquer deficiência, desde que também respeitados os
limites de ingestão de Ômega-6.

Tais peixes apresentam pouca gordura presente em seus


músculos, no caso, o filé. O peixe com o maior teor de
gordura é o Filhote, com aproximadamente 10%; no
entanto, desse total, apresenta aproximadamente 50% na
forma de ácidos graxos saturados. O peixe que apresenta
o melhor perfil de ácidos graxos é a Pescadinha, que
possui a menor quantidade de ácidos saturados em sua
EXERCÍCIOS: 06) As pesquisas científicas com lipídeos indicam os
seguintes critérios na adequação de dietas para adultos:
01) As dietas de muito poucas calorias são consideradas (Governo do Estado do Piauí –2006)
agressivas para o tratamento de doença coronariana, mas
parecem ser efetivas na redução da hiperlipidemia tipo II, (A) < 10% de gordura poliinsaturada e < 200mg de
porque apresentam, respectivamente, o seguinte teor de colesterol;
gordura e colesterol: (Prefeitura Municipal de Niterói – (B) > que 30% de gorduras totais e < 200mg de
2000) colesterol;
(C) > 15 % de gordura poliinsaturada e > 300mg de
(A) abaixo de 3% e acima de 05 mg colesterol;
(B) abaixo de 5% e acima de 10mg (D) > 15% de gordura saturada e < 200mg de colesterol;
(C) acima de 3% e abaixo de 10mg (E) < 10% de gordura saturada e < 300mg de colesterol.
(D) acima de 5% e abaixo de 05mg
07) Apenas uma das alternativas abaixo não é
02) À respeito da dislipidemia e doença cardíaca característica da síndrome metabólica. Assinale-a:
coronariana coloque F ou V e assinale a seqüência (Instituto de Ass. Social e Cidadania – 2006)
correta:
( ) São exemplos de fatores causadores da (A) Hipertensão arterial
hipercolesterolemia branda: obesidade, fatores genéticos e (B) Peso excessivo
estrogênio exógeno (C) Diabetes tipo 2
( ) Os ácidos graxos saturados mirístico, palmítico e (D) Risco aumentado de doença coronariana
esteárico aumentam o colesterol plasmático (E) Tolerância à insulina.
( ) Fazem parte da terapia não medicamentosa máxima:
evitar o tabagismo, alcançar e manter o peso desejável e 08) Segundo o “National Cholesterol Education Program”
terapia de reposição hormonal (NCEP/1993), as dietas dos estágios 1 e 2 para Doenças
( ) A colestiramina diminui a absorção de folato, glicose e Cardiovasculares devem conter, respectivamente:
cálcio, além das gorduras e vitaminas lipossolúveis da (Ministério da Saúde 2005)
dieta
(A) teor inferior a 30% de gorduras totais, 8 a 10% de
(A) F, F, F, V ácidos graxos saturados e teor inferior a 300mg de
(B) V, F, V, F colesterol /dia;
(C) V, V, F, F (B) teor inferior a 20% de gorduras totais, 6 a 8% de
(D) F, F, V, V ácidos graxos saturados e teor inferior a 200mg de
colesterol /dia;
03) A fração da fibra dietética que tem ação (C) teor inferior a 35% de gorduras totais, 8% de ácidos
hipocolesterolemizantes é: (Cia Nacional de graxos saturados e teor inferior a 400mg de colesterol
Abastecimento – 2005) /dia;
(A) celulose (D) teor inferior a 35% de gorduras totais, 6% de ácidos
(B) hemicelulose graxos saturados e teor inferior a 200mg de colesterol
(C) arabinanas /dia;
(D) psylium (E) teor inferior a 20% de gorduras totais, 12% de ácidos
(E) xilanas graxos saturados e teor inferior a 300mg de colesterol
/dia;
04) Quanto aos ácidos graxos C18:3 n-3 e C18:2 n-6, é
correto afirmar que: (Prefeitura Municipal de Niterói – 09) A ateroesclerose é uma doença multifatorial que se
2003) inicia na infância. Dentre os fatores abaixo, aquele que
causa lesões ateroescleróticas é: (Nutricionista Jr. 2005)
(A) devem ser obtidos de vegetais e de outros organismos
que possuam as vias enzimáticas para a sua síntese (A) dieta com baixo teor de fibras alimentares.
(B) são sintetizados por humanos a partir do excesso de (B) dieta com baixo teor de gorduras monoinsaturadas.
energia da dieta (C) nível sérico reduzido de protrombina.
(C) são preferencialmente oxidados por humanos para (D) nível sérico elevado de homocisteina.
obtenção de energia (E) nível serico reduzido de cálcio.
(D) possuem tipicamente uma única dupla ligação
(E) são armazenados, em grande quantidade, como 10) A circunferência abdominal apresenta positiva
triglicerídeos no tecido adiposo correlação com a quantidade de gordura intra-
abdominal em adultos. Sendo assim, os valores
05) Os fatores da dieta que influenciam profundamente os limítrofes de circunferência abdominal associados ao
níveis e o metabolismo das lipoproteínas, alterando a desenvolvimento de doenças relacionadas à
susceptibilidade dos indivíduos em relação à aterosclerose obesidade para homens e mulheres, respectivamente,
são: (Prefeitura Municipal de Niterói – 2003) em cm, são: (Nutricionista Jr 2005)

(A) gordura dietética, fibras e consumo de álcool; (A) 94 e 82


(B) proteínas, cromo e fibras; (B) 94 e 88
(C) balanço energético da dieta, cromo e consumo de (C) 100 e 82
álcool; (D) 102 e 80
(D) selênio, fibras e cobre; (E) 102 e 88
(E) balanço energético da dieta, selênio e gordura
dietética.
11) A síndrome metabolica é uma doença que acomete 16) “Uma medida de colesterol total é o colesterol contido
grande parte dos pacientes obesos e tem como em todas as frações de lipoproteínas”. Cerca de 60 a
principais características, exceto: (Nutricionista 2005 - 70% do total de colesterol é carreado em: (Bombeiros
Prefeitura Águas de Lindóia – SP) – 2001)

(A) Aumento da lipoproteína de alta densidade. (A) lipoproteínas de densidade muito baixa;
(B) Hiperinsulinemia. (B) lipoproteínas de densidade intermediária;
(C) Aumento da lipoproteína de baixa densidade. (C) lipoproteínas de baixa densidade;
(D) Intolerância à glicose (D) lipoproteínas de alta densidade;
(E) quilomícrons.
12) Assinale (V) verdadeiro ou (F) falso com relação à
nutrição na doença cardiovascular e em seguida 17) “O colesterol sanguíneo em altos níveis é um forte
escolha a alternativa correta: (Prefeitura de Águas de preditor de mortalidade por doença cardíaca (CHD)”.
Lindóia – SP) Você concordaria com a seguinte afirmação:
(Bombeiros 2001)
( ) A recomendação de fibra alimentar para adultos é de
35g ao dia. (A) as populações que consomem dietas ricas em ácidos
( ) Os grãos de café contem duas substâncias que elevam graxos poliinsaturados têm níveis de colesterol
o colesterol sérico , entretanto estas ficam retidas na hora sanguíneo mais altos e risco de CHD;
do preparo do café devido a água fervente e o filtro de (B) as populações que consomem dietas ricas em ácidos
papel. graxos saturados têm níveis de colesterol sanguíneo
( ) Flavonóides são oxidantes polifenóicos encontrados mais altos e riscos de CHD;
principalmente em sementes, castanhas, ervas, vinho tinto (C) as populações que consomem dietas ricas em ácidos
e chá verde. graxos monoinsaturados têm níveis de colesterol
( ) Dentre os ácidos graxos poliinsaturados, suas principais sanguíneo mais altos e risco de CHD;
fontes são os óleos vegetais: girassol, milho e soja. (D) as populações que consomem dietas ricas em ácidos
graxos eicosahexaenóico e docosahexaenóico têm
A) F, V, F, V níveis de colesterol sanguíneo mais altos e risco de
B) F, V, V, F CHD;
C) V, F, V, F (E) as populações que consomem dietas ricas em ácidos
D) F, V, V, V graxos linoléico e linolênico têm níveis de colesterol
sanguíneo mais altos e risco de CHD.
13) A medida do colesterol total sanguíneo indica a
quantidade de colesterol contida em todas as 18) Em 1991, o Programa Nacional de Educação do
lipoproteínas. O percentual do colesterol total Colesterol (NCEP) fez recomendações para
sanguíneo, normalmente carreado na lipoproteína de tratamento da hipercolesterolemia a ser aplicado em
baixa densidade, é: (Concurso da Residência em adolescentes e crianças acima da idade de dois anos.
Nutrição-HUPE 2005) Qual dos padrões alimentares abaixo relacionados
não foi considerado? (Bombeiros – 2001)
(A) 60 – 70%
(B) 20 - 30% (A) dieta nutricionalmente adequada, variada
(C) 40 – 50% (B) ingestão de energia adequada para suportar o
(D) 80 – 90% crescimento e desenvolvimento e manter o peso
corpóreo apropriado
14) São ácidos graxos saturado, polinsaturado e (C) gordura saturada, mais que 10% das calorias totais
monoinsaturado, respectivamente, os seguintes: (D) gordura total, uma média de não mais que 30% das
(Concurso da Residência Nutrição- HUPE 2004) calorias totais;
(E) colesterol da dieta, menos que 300 mg/dia
(A) ácido elaídico, ácido linoléico e ácido oléico
(B) ácido miristico, ácido a-linolêico e ácido láurico 19) Dos fatores dietéticos mencionados abaixo, assinale
(C) ácido esteárico, ácido eicosapentaenóico e ácido aquele que não tem efeito sobre os níveis de
oléico colesterol sérico: (Bombeiros – 2001)
(D) ácido palmítico, ácido docosaexanenóico e ácido
capróico (A) fibras solúveis;
(B) fibras insolúveis;
15) Quais são os fatores dietéticos que possuem efeitos (C) colesterol dietético;
adversos no metabolismo das lipoproteínas? (D) gordura saturada;
(Comando da Marinha 2004) (E) pectinas, gomas e mucilagens.

(A) Aumento da ingestão de gorduras saturadas, 20) É considerado um fator de risco negativo para doença
colesterol e excessiva ingestão calórica. cardíaca coronariana (CHD): (Bombeiros 2001)
(B) Diminuição do consumo de fibras insolúveis e
alimentos funcionais (A) colesterol HDL<35mg/dL
(C) Aumento da ingestão de flavonóides e de ácidos (B) diabetes
graxos ômega 6 (C) colesterol HDL 60mg/dL
(D) aumento da ingestão de carboidratos simples, (D) hipertensão
colesterol e ácidos graxos poliinsaturados (E) menopausa precoce
(E) Aumento da ingestão de gorduras monoinsaturadas,
fibras solúveis e colesterol
21) Os ácidos graxos essenciais são precursores de (B) a proporção ideal recomendada de ácidos graxos é
eicorsanoides (prostaglandinas, troboxanos e 15% polinsaturados, 10% saturados e o restante
leucotrienos), compostos como hormônios que ajudam monoinsaturados
no controle da pressão sanguínea, freqüência (C) o total de lipides dietéticos deve ser inferior a 30% do
cardíaca, dilatação vascular, coagulação sanguínea, VET
lipólise e resposta imunológica. São consideradas (D) a proporção de ácidos graxos saturados deve ser > a
fontes alimentares do ácido graxo eicosapentaenóico, 10% do VET
precursor das prostraglandinas e tromboxanos da (E) a proporção de ácidos graxos monoinsaturados deve
série 3 que apresentam funções como prevenir a ser menor que 10% do VET
formação de coágulos e causar vasodilatação:
(Bombeiros – 2001) 27) Um homem, de 40 anos, fumante, sem historia familiar
de doença coronariana e sem outros fatores de risco
(A) óleos de girassol e açafrão não modificáveis, apresentou, no exame periódico,
(B) óleos de peixe dosagem do colesterol sanguineo de 190mg/dl e HDL
(C) leguminosas de 30mg/dl. Visando à prevenção de doença
(D) vegetais de folhas verdes coronariana, a conduta mais adequada é: (HUPE
(E) óleo de soja 2002)

22) As lipoproteínas de alta densidade (HDL) possuem (A) iniciar dieta passo I
efeito antiaterogênico. Dos fatores relacionados (B) analisar as lipoproteínas
abaixo, assinale o que promove o aumento de HDL: (C) reavaliar o paciente em um ano
(Bombeiros – 2001) (D) sugerir programa de hipertensão

(A) obesidade 28) Em pacientes com dislipidemia aterogência que


(B) anticoncepcionais orais dominantes em progesterona apresentam síndrome metabólica o cuidado nutricional
(C) agentes bloqueadores b-andrenérgicos devera objetivar, primeiramente: (PMAR 2003)
(D) hipertrigliceridemia
(E) exercício físico (A) o controle da ingestão de gorduras e dos níveis de
triacilglicerol lípase hepática, que degrada LDL
23) Os estudos epidemiológicos identificaram os maiores (B) a redução da massa corporal e da ingestão de
fatores de riso para doença cardíaca coronária (DCC). gorduras abaixo de 10% das calorias totais
É considerado um fator de risco não modificável para (C) o aumento da atividade física e o uso de acido
DCC: (Bombeiros – 2001) nicotínico, que elevam os níveis de HDL – colesterol
(D) a diminuição da resistência insulínica pelo aumento da
(A) hipertensão atividade física e a restrição calórica
(B) obesidade
(C) inatividade 29) Os fatores de risco para doença cardíaca coraniana
(D) uso de cigarros em adultos incluem: (PMRJ-2001)
(E) história familiar positiva
(A) fumo e colesterol HDL maior ou igual a 60mg/dl
24) São exemplos de fibras solúveis que têm importante (B) menopausa prematura sem reposição de estrogênios e
efeito na diminuição do colesterol sérico: (PMRJ 2000) colesterol HDL menor que 35mg/dl
(C) idade inferior a 30 anos para homens e hipertensão
(A) pecitina e hemicelulose em aveia (D) diabetes e colesterol sanguíneo menor que 200mg/dl
(B) lignina e celulose (E) colesterol LDL menor que 130mg/dl e idade igual ou
(C) celulose e hemicelulose em aveia maior que 55 nos para mulheres
(D) hemicelulose em aveia e lignina
(E) celulose e pectina 30) O oxido nítrico é reconhecido como um potente
vasodilatador e pode ser produzido por muitas células
25) Em relação aos lipídios, assinale a alternativa correta: a partir da: (UERJ/UNIRIO 2005)
(CSM)
(A) vitamina C
(A) as necessidades dietéticas de ácido aracdônico para (B) arginina
crianças foram estimadas de 1 a 3% do total de (C) cisteína
calorias (D) vitamina D
(B) os TCM são responsáveis pelo fornecimento de (E) piridoxina
ácidos graxos w3
(C) os TCC são representados na alimentação enteral, 31) Na primeira abordagem nutricional, as características
principalmente pelos óleos vegetais da dieta de um indivíduo com diagnóstico de
(D) somente os ácidos graxos linoléicos e aracdônico são hipercolesterolemia são: (UERJ/UNIRIO 2005)
considerados essenciais para o homem
(E) o balanceamento dos ácidos graxos w3 com os w6 (A) lipídios<20% do valor energético da dieta (sendo mais
parece modular a resposta imunológica em situações de 10% de ácidos graxos polinsaturados),
de estresse colesterol<100mg/dia e restrição de sódio;
(B) lipídios<30% do valor energético da dieta (sendo 5%
26) Segundo recomendações da Associação Americana de ácidos graxos polinsaturados), coleterol
de Cardiologia (AHA) em relação ao consumo de <300mg/dia e carboidrato < 45% do valor energético
lípides dietéticos, é correto afirmar que: (Corpo de da dieta;
Saúde da Marinha) (C) lipídios< 20% do valor energétic da dieta (sendo mais
de 10% de ácidos graxos polinsaturados), colesterol<
(A) o consumo de lipides dietéticos deve ser > a 35% do 300mg/dia e redução do peso;
VET
(D) lipídios< 30% do valor energético da dieta (sendo mais (B) Prevenção secundária com menos de dois fatores de
de 10% de ácidos graxos polinsaturados), colesterol< risco.
300mg/dia e incentivo à atividade física; (C) Prevenção primária com mais de dois fatores de risco.
(E) lipídios> 20% do valor energético da dieta (sendo 15% (D) Prevenção secundária com mais de dois fatores de
de ácidos graxos saturados), colesterol< 300 mg/dia e risco.
incentivo à atividade física. (E) Prevenção terciária.

32) Devido aos papéis metabólicos diferentes, as 36) Assinale a dieta preconizada para o indivíduo a seguir:
lipoproteínas também variam em aterogenicidade. A Homem de 46 anos foi internado referindo sensação de
lipoproteína que se correlaciona inversamente com peso sobre o coração, sudorese e tontura, com ausência
aterosclerose é: (Residência Nutrição -HUPE 2003) de síncope. Apresenta história pregressa de hipertensão
arterial, em uso irregular de medicação. Ao exame foi
(A) IDL constatado (Itatiaia – 2007):
(B) LDL – PA: 196 x 110 mmHg na posição supina
(C) HDL – PA: 130 x 70 mmHg em decúbito
(D) VLDL – FC: 110 bpm
– Sobrepeso
33) Os ácidos graxos saturados tendem a elevar o (A) Normocalórica, normoproteica, normolipídica e
colesterol sanguíneo em todas as frações de hipossódica severa.
lipoproteínas. Desses ácidos, aqueles considerados (B) Hipocalórica, hipoproteica, hipolipídica e hipossódica
como mais aterogênicos são (Residência Nutrição severa.
HUPE 2003): (C) Hipocalórica, hiperproteica, hipolipídica e hipossódica
severa.
(A) esteárico, oléico, mirístico (D) Hipercalórica, hiperproteica, hiperlipídica e hipossódica
(B) oléico, linoléico, palmítico moderada.
(C) láurico, mirístico, palmítico (E) Hipocalórica, normoproteica, hipolipídica e hipossódica
(D) linoléico, esteárico, láurico moderada.

34) O National Cholesterol Education Program (NCEP) 37) Os lipídeos produzidos pelo organismo são
recomenda, para diminuir a prevalência das doenças transportados no sangue através de: (Prefeitura de
crônicas não transmissíveis em crianças com mais de Vassouras – 2007)
2 anos de idade, a seguinte modificação dietética:
(FIOCRUZ 2006) (A) Fosfolipídeos;
(B) Vitaminas lipossolúveis
(A) restringir consumo de gordura total para até 20%; (C) Vitaminas hidrossolúveis
(B) ingerir até 12% de gordura saturada; (D) Lipoproteínas
(C) consumir entre 10 a 15% de gordura monoinsaturada; (E) Vitamina D e C
(D) ingerir até 400 mg de colesterol total;
(E) restringir consumo de gordura insaturada para até 6 38) Um paciente dislipidêmico, apresentando níveis de
colesterol total de 300mg/dl, HDL – 30mg/dl, e LDL –
35) Analise o quadro clínico abaixo para responder a 180mg/dl e uma história familiar de cardiopatia. A conduta
próxima questão (Itatiaia – 2007): dietoterápica baseada na fase I do Programa Nacional de
Educação do Colesterol (NCEP) consiste no fornecimento
PAN, 61 anos, sexo feminino, chegou ao ambulatório de de: (Residência – HUPE/2000)
um hospital geral para uma avaliação física completa. Está
na fase pós-menopausa, tem hipertensão arterial leve e (A) 20 a 30g de fibras insolúveis
nega diabetes. (B) menos que 300mg/dl
(C) 35% ou menos de gorduras das calorias totais
Faz uso de hidroclorotiazida, progesterona, estrógeno (D) menos que 7% das calorias totais de ácido graxo
conjugado e vitamina E. É fisicamente ativa, faz aulas de saturado
dança de salão três vezes por semana, mas é fumante (E) ácidos graxos poliinsaturados com relação de Omega
(um maço por semana). 3/Omega 6 de1:1

Nunca teve sintomas que sugerissem claudicação 39) A elevação dos níveis séricos de homicisteína é um
intermitente ou angina. Não possuímos informações fator significativo para o desenvolvimento da aterosclerose.
quanto a sua história familiar. Concentração elevada deste aminoácido está relacionada
à deficiência das seguintes vitaminas:
Exame físico:
Altura: 1,69 m e Peso Atual: 69 Kg (A) B1, B6 e C
IMC: 24,21 Kg/m2 (B) C, B2, B12
Freqüência Cardíaca: 73 bpm, regular. (C) B1, B2, folato
Pressão Arterial: 150/90 mmHg (D) Folato, B6, B12
Exames Bioquímicos:
Colesterol Total: 275 mg/dl 40) O ácido graxo saturado que não aumenta as
LDL-C: 195 mg/dl concentrações de LDL-colesterol quando comparado aos
HDL-C: 35 mg/dl ácidos graxos insaturados, é o? (Residência –
Triglicérides: 249 mg/dl HUPE/2004)
Qual o perfil de risco de desenvolvimento de
Doenças Cardiovasculares de PAN? (A)Láurico
(B)Esteárico
(A) Prevenção primária com menos de dois fatores de (C)Mirístico
risco. (D)Palmítico
pós-prandial;
41) Os ácidos graxos saturados tendem a elevar o (B) aumento da lipólise e inibição da síntese de apo B-100;
colesterol sangüíneo em todas as frações de lipoproteínas. (C) redução da glicogenólise e aumento da excreção de
Desses ácidos, aqueles considerados como mais gordura;
aterogênicos são: (Residência – HUPE/2003) (D) inibição da síntese de VLDL-colesterol e redução na
absorção
(A)Esteárico, oléico, mirístico entérica de gorduras;
(B)Oléico, linoléico, palmítico (E)aumento da síntese de apo B-100 e redução da
(C)Láurico, mirístico, palmítico glicólise.
(D)Linoléico, esteárico, palmítico
47) A síndrome metabólica é um transtorno complexo
42) Os ácidos graxos saturados, trans e poliinsaturados representado por um conjunto de fatores de risco
omega-6 apresentam, respectivamente, as seguintes cardiovascular. O seu diagnóstico inclui como condição
propriedades sobre os lipídios séricos: (Residência HUPE essencial a presença de: (Marinha -2009)
/ 2007)
(A) hipertensão arterial
(A) ↑ Colesterol LDL, ↓ Colesterol HDL e ↑ oxidação da (B) diabetes
LDL (C) hipertrigliceridemia
(B) ↓ Colesterol HDL, ↑ Colesterol LDL e ↑ oxidação da (D) hiperglicemia
LDL (E) obesidade abdominal
(C) ↑ Colesterol LDL, ↓ Colesterol HDL e ↓ oxidação da
LDL 48) Em relação aos lipídios, assinale a opção incorreta:
(D) ↓ Colesterol HDL, ↑ Colesterol LDL e ↓ oxidação da (Marinha – 2009)
LDL
(A) O ácido α-linolênico é convertido, de forma lenta, em
43) Nas dislipidemias, a terapia nutricional precisa ter em ácido eicosapentaenóico e docosaexaenóico,
vista que: (Prefeitura do RJ – 2008) precursores de mediadores químicos menos potentes
(B) A deficiência de ácidos graxos ômega 3 e ômega 6
(A) as fibras insolúveis representadas pela celulose, causa retardo de crescimento
hemicelulose e lignina ajudam na eliminação do (C) Em nutrição enteral, a quantidade de TCM não deve
colesterol ultrapassar 17% do valor calórico total
(B) os ácidos graxos eicosapentanóico (EPA) e (D) Os ácidos graxos de cadeia curta podem ser
decosaexaenóico (DHA) estão presentes no salmão, sintetizados pelos colonócitos, que atuam na
sardinha e arenque fermentação de fibras de polissacarídeos não
(C) os ácidos graxos polinsaturados da série ômega-9, digeríveis e nos hidratos de carbono da dieta que
cujo precursor é o ácido oléico aumenta a agregação escapam do processo digestivo
plaquetária (E) O coco, o cacau e a palma são fontes vegetais de
(D) os ácidos graxos trans-isoméricos possuem a ácidos graxos saturados
propriedade de elevar HDL-colesterol e reduzir LDL-
colesterol 49) Dentre os fatores de risco para doenças
cardiovasculares, alguns são considerados independentes,
44) Das alternativas abaixo a que está INCORRETA em e sua identificação e controle são de máxima importância
relação à concentração plasmática de homocisteína e o para a prevenção destas doenças. Indique a condição que
risco cardiovascular é: (Macaé, 2009) constitui um fator de risco independente para doença
arterial coronariana, sendo porém, passível de controle:
(A) A homocisteína é um fator de risco independente para (Marinha – 2009)
o desenvolvimento de doença cardiovascular
(B) O nível sérico normal de homocisteína pode estar (A) raça
associado à um risco maior de doença cardiovascular (B) hipertensão arterial
(C) A suplementação com folato, cobalamina e tiamina (C) estresse emocional
reduz os níveis de homocisteína em quase todos os (D) idade maior que 45 anos para homens e maior que 55
indivíduos anos para mulheres
(D) A substituição da ingestão de gordura por frutas e (E) sedentarismo
hortaliças pode também produzir um significativo
decréscimo nos níveis séricos de homocisteína 50) A quantidade diária de fibra solúvel necessária para
produzir efeito na redução dos lipídios é de: (PM Itaocara,
45) No tratamento dietético das hipercolesterolemias, a 2010)
ingestão recomendada de gorduras totais e ácidos graxos
monoinsaturados são, respectivamente: (UFRJ – 2009) (A) 100 a 150 granas de oectina; 150 a 200 gramas por
leguminosas
(A) 30 a 40% e inferior ou igual a 10%; (B) 30 a 60 gramas de pectina; 110 a 190 gramas por
(B) 15 a 25% e superior ou igual a 25%; leguminosas
(C) 20 a 30% e superior ou igual a 15%; (C) 10 a 50 gramas de pectina; 100 a 150 gramas por
(D) 25 a 35% e inferior ou igual a 20%; leguminosas
(E) 30 a 35% e superior ou igual a 10%. (D) 50 a 100 gramas de pectina; 110 a 190 gramade por
leguminosas
46) Os mecanismos pelos quais o ácido graxo ômega-3 (E) 6 a 40 gramas de pectina; 100 a 150 gramas por
reduz as concentrações plasmáticas de triglicerídeos são: leguminosas
(UFRJ-2009)
51) Em relação à conduta nutricional no paciente
(A) inibição da síntese de VLDL-colesterol e redução da dislipidêmico, assinale a alterantiva INCORRETA: (PM São
lipemia Gonçalo, 2010):
dadas pelo nutricionista visando contribuir para a
(A) a pectina, presente por exemplo no farelo de aveia é normalização desse quadro: (Emgeprom, 2010)
considerada uma excelente aliada no combate à
dislipidemia tipo IIa, pois ela aumenta a excreção de sais (A) redução da ingestão de carboidratos simples e
biliares, forçando o fígado à retirar muito colesterol da colesterol
corrente sangüínea, reduzindo assim, os níveis séricos de (B) redução da ingestão de colesterol e aumento da
LDL. ingestão de vitamina B12 e ferro
(B) os ácidos graxos PUFAS da série ômega 3 como o (C) redução da ingestão de gorduras saturadas e de
EPA e o DHA são capazes de aumentar a fluidez de carboidratos em geral
membranas e diminuir a agregação de plaquetas, o que (D) redução da ingestão de carboidratos simples e
representa importante proteção cardiovascular. aumento da ingestão de ferro
(C) os flavonóides são substãncias presentes nos óleos
vegetais que reduzem a gliconeogênese hepática, sendo 57) Sobre os ácidos graxos, é correto afirmar que:
úteis no tratamento da hipertrigliceridemia (Engeprom, 2010)
(D) os ácidos graxos na forma TRANS aumentam o
colesterol sérico e diminuem o HDL-colesterol (A) a única vantagem apresentada pelos transisoméricos
(E) a soja é rica em isoflavonas que auxilia na redução do em relação aos saturados é a de não reduzirem o
excesso de colesterol, pois desvia este para a produção de colesterol tipo HDL (lipoproteína de alta densidade)
hormônios esteróides (B) as principais fontes de monoinsaturados ômega 9 são
os peixes de água fria, como o salmão
52) Assinale a alternativa correta a respeito das (C) o ácido linoléico (ômega 6) é poliinsaturado,
dislipidemias: (PMERJ, 2010) encontrado principalmente nos óleos de girassol, milho e
soja
(A) os ácidos graxos saturados levam a (D) entre eles, os do tipo poliinsaturado devem estar
hipercolesterolemia por aumentarem os receptores B-E, presentes em maior proporção calórica na dieta para
aumentando a remoção plasmática de LDL-c. tratamento da hipercolesterolemia
(B) os ácidos graxos trans aumentam a síntese dos ácidos
exxeciais de cadiea longa e reduzem o número de 58) Assinale a alternativa que apresenta os fatores
receptores LDL-c. nutricionais que podem aumentar o LDL-colesterol.
(C) os ácidos graxos ômega 3 diminuem a trigliceridemia (Fiocruz/2010)
plasmática por aumentarem a secreção hepática de VLDL
e apo B. (A) Colesterol dietético e ácidos graxos saturados e trans.
(D) o ácido graxo oléico (ômega 9) é considerado neutro (B) Excesso de peso e ácidos graxos poli-insaturados.
por não interferir na concentração de colesterol LDL-c. (C) Estanóis e proteína de soja.
(D) Perda de peso e fibra viscosa.
53) Os flavonóides são oxidantes polifenóicos que podem (E) Estanóis e fibra viscosa.
reduzir o risco de doença coronariana e só NÂO são
encontrados na(o): (Petrobrás, 2010) 59) A recomendação nutricional para o tratamento da
hipertrigliceridemia consiste em: (IABAS/2010)
(A) soja
(B) amora (A)ingestão máxima de 300mg de colesterol por dia
(C) uva vermelha (B)menor consumo de carboidratos simples
(D) alho (C)maior consumo de gordura saturada em relação a
(E) chá verde poliinsaturada
(D)maior consumo de vitaminas antioxidantes
54) Um indivíduo do sexo masculino, fumante, com 50 (E)maior consumo de potássio
anos de idade que apresenta obesidade abdominal e
diabetes mellitus deve ser aconselhado a manter npiveis 60) A prescrição dietoterápica para o paciente pós-infarto
de LDL-colesterol, em MG/dl, abaixo de: (Petrobrás, 2010) agudo do miocárdio deverá contemplar: (IABAS/2010)

(A) 100 (A)35 a 40 kcal/kg/dia


(B) 110 (B)Jejum de 72 horas após o diagnóstico
(C) 130 (C)Consistência branda para melhor aceitação
(D) 150 (D)Preparações geladas
(E) 160 (E)De 20 a 30g de fibras solúveis e insolúveis

55) Os fitosteróis são extratos vegetais naturais 61) Dentre as recomendações da American Heart
encontrados em sementes de girassol e grãos de soja. Association (2006) para a redução do risco de doença
Estudos mostram que, quando ingeridos regularmente, os cardiovascular em adultos, não se inclui: (IABAS/2010)
fitosteróis podem causar: (Petrobrás, 2010)
(A)Consumir dieta rica em vegetais e frutas
(A) aumento do LDL-c e do HDL-c (B)Limitar a ingestão de gordura saturada para menos que
(B) aumento do HDL-c sem interferência no LDL-c 7% da Energia e gordura trans para menos que 3% da
(C) diminuição do LDL-c e do HDL-c energia
(D) diminuição do LDL-c e aumento do HDL-c (C)Consumir peixes, especialmente peixe gorduroso, pelo
(E) diminuição do LDL-c sem interferência no HDL-c menos duas vezes na semana
(D)Minimizar a ingestão de bebidas e alimentos com
56) L.C., gênero masculino, 38 anos, eutrófico, colesterol adição de açúcar
total de 185 mg/dl, HDL-colesterol de 46 mg/dl, LDL- (E)Escolher e preparar alimentos com pouca ou nenhuma
colesterol de 112 mg/dl, triglcierídeos de 145 mg/dl, quantidade de sal
glicemia de jejum de 121 mg/dl, hematócrito de 37% e
hemoglobina de 12,5g/dl. Fará parte das orientações
62) São fatores de risco modificáveis para as doenças
cardiovasculares: (Residência UFF/2011) GABARITO:

(A) dislipidemia, hipertensão arterial e uso de 1 – 2-A 3- 4 – 5– 6– 7– 8– 9– 10


anticoncepcionais. D D A A E E A D –
(B) hereditariedade, dislipidemia e hipertensão arterial. E
(C) obesidade, diabetes e história familiar. 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
(D) sedentarismo e tabagismo –A –D –A –C – – – – – –
A C B C B C
63) Assinale a resposta falsa quanto à utilização de 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
alimentos funcionais na prevenção e tratamento da –B –E -E -A -E -C -B -D -B -B
Doença Arterial Coronariana (DAC). (Residência 31- 32- 33- 34- 35- 36- 37- 38- 39- 40-
UFF/2011) D C C C C E D B D B
41- 42- 43- 44- 45- 46- 47- 48- 49- 50-
(A) Os flavonóides inibem a oxidação da lipoproteina de C A B C D A E D B E
baixa densidade (LDL). 51- 52- 53- 54- 55- 56- 57- 58- 59- 60-
(B) As fibras insolúveis auxiliam na redução da ingestão C D A A E D C A B E
calórica, porque aumentam a saciedade. 61- 62- 63- 64- 65-
(C) A soja reduz os níveis pressóricos devido à presença C D C A A
de isoflavona, que tem função semelhante ao estrógeno
humano.
(D) Leuropeína e hidroxitirosol, presentes no azeite, inibem
a expressão de moléculas de adesão.

64) Assinale a opção CORRETA quanto à recomendação


dietética para tratamento das hipercolesterolemias:
(Residência INCA/2011)

(A) Gordura total 25-35% das calorias totais; ácidos graxos


saturados < 7% das calorias totais; ácido graxo poli-
insaturado até 10% das calorias totais e ácido graxo
monoinsaturado até 20% das calorias totais; colesterol <
200mg/dia.
(B) Gordura total até 25% das calorias totais; ácidos
graxos saturados até 10% das calorias totais; ácido
graxo poli-insaturado até 10% das calorias totais e ácido
graxo monoinsaturado até 10% das calorias totais;
colesterol até 100mg/dia.
(C) Gordura total até 30% das calorias totais, sendo 1/3 de
ácidos graxos saturados, 1/3 de ácido graxo poliinsaturado
e 1/3 de ácido graxo monoinsaturado; colesterol 200-
250mg/dia.
(D) Gordura total até 35% das calorias totais, sendo
10%de ácidos graxos saturados, 10% de ácido graxo poli-
insaturado e 10% de ácido graxo monoinsaturado;
colesterol 300-350mg/dia.

65) Considerando os principais tipos de ácidos graxos, é


correto afirmar que: (Corpo de Saúde da Marinha 2011)

(A) os ácidos graxos saturados podem ser de cadeia


curta, média ou longa
(B) o colesterol é o principal triglicerídeo de cadeia longa
insaturada
(C) o ácido graxo oléico é um ácido graxo monoinsaturado
essencial de cadeia média
(D) amêndoas e manteiga são as principais fontes de
ácidos graxo de cadeia média
(E) os ácidos insaturados ômega 9 não dependem da
carnitina para sua oxidação na mitocôndria

Você também pode gostar