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Índice

1. Introdução............................................................................................................................................1
1.1. Objectivos........................................................................................................................................1
1.2. Geral................................................................................................................................................1
1.3. Específicos.......................................................................................................................................1
2. Descontos Comerciais.....................................................................................................................2
2.1. Conceito de Desconto..................................................................................................................3
2.1.1. Fórmula de Desconto...............................................................................................................4
2.2. Tipos de Descontos Financeiros..................................................................................................4
2.2.1. Desconto comercial..................................................................................................................4
2.2.2. Valor do desconto comercial....................................................................................................5
2.2.3. Valor actual comercial.............................................................................................................5
2.2.4. Taxa de juro efectiva................................................................................................................8
2.2.5. Equivalência de capitais...........................................................................................................9
2.3. Desconto Racional.....................................................................................................................11
2.3.1. Valor do desconto racional....................................................................................................12
2.3.2. Valor do desconto racional em função do valor nominal.......................................................12
2.3.3. Valor actual racional..............................................................................................................12
2.4. Juro composto............................................................................................................................14
2.4.1. Cálculo do montante..............................................................................................................14
2.5. Desconto Composto...................................................................................................................16
2.5.1. Cálculo do valor actual..........................................................................................................16
2.5.2. Equivalência De Capitais Diferidos.......................................................................................18
2.6. Desconto Bancário.....................................................................................................................19
2.6.1.Valor do desconto bancário..........................................................................................................20
2.6.2. Valor Descontado Bancário...................................................................................................20
2.7. Desconto Composto Racional....................................................................................................21
2.7.2. Cálculo Do Valor Presente Ou Actual...................................................................................21
2.7.3. Cálculo Do Desconto Racional Composto.............................................................................21
2.7.4. Taxa De Desconto Efectiva Exponencial...............................................................................21
3. Conclusão..................................................................................................................................23
4.Referências Bibliográficas......................................................................................................................24
1. Introdução

A matemática Financeira é geralmente entendida como um ramo da matemática que estuda as


variações quantificáveis que ocorrem nos capitais (contribuições em dinheiro) financeiros ao
longo tempo. Ela é o ramo da matemática responsável pelo estudo das operações financeiras,
onde são trocados fluxos de dinheiro que podem sofrer variações quantitativas ao longo do
tempo. Segundo Rankia (2020) “isto deve-se ao facto de que o capital, graças ao tempo que gasta
em depósito, gera lucros”.

Segundo o Centro de Integração ao Mundo do Trabalho- VOCAÇÃO (s.d), a “Matemática


Financeira encontra importantes aplicações práticas no âmbito das actividades comerciais, tanto
no que se refere às operações bancárias de crédito comercial como em avaliações de estratégias
de compra e vendas mercantis”. De acordo com a instituição supracitada “as operações de
Descontos Comerciais são uma das formas mais tradicionais de financiamento do capital de giro
das empresas, incorporam, além da taxa de desconto paga à vista, certas características de
tributação (IOF) e de despesas bancárias que impõe um maior rigor na determinação de seus
resultados”.

É portanto, neste contexto que a presente pesquisa de natureza Bibliográfica, visa discorrer em
torno dos Descontos Comerciais. Objectivando a compreensão de sua de sua importância e
necessidade no nosso quotidiano.

1.1. Objectivos
1.2. Geral
 Debruçar sobre os Descontos Comerciais.
1.3. Específicos
 Compreender o que são Descontos Comerciais;
 Descrever os Tipos de Descontos Comerciais;
 Demonstrar os Cálculos Usados nos Descontos Comerciais.

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2. Descontos Comerciais

Se uma pessoa deve uma quantia em dinheiro numa data futura, é normal que entregue ao credor
um título de crédito, que é o comprovante dessa dívida.

De acordo com GOTARDELO (2010, P. 32) “Todo título de crédito tem uma data de
vencimento, porém o devedor pode resgatá-lo antecipadamente, obtendo com isso um
abatimento denominado desconto. Portanto, desconto é a denominação dada a um abatimento
que se faz quando um título de crédito é resgatado antes do seu vencimento”.

Todo título de crédito tem uma data de vencimento; porém, o devedor pode resgatá-lo
antecipadamente, obtendo com isso um abatimento denominado desconto. Na concepção de
GOTARDELO (2010, P. 32) os títulos de créditos mais utilizados em situações financeiras são a
nota promissória, a duplicata e a letra de câmbio:

A nota promissória é um comprovante da aplicação de um capital com vencimento


predeterminado. É um título muito usado entre pessoas físicas ou entre pessoas físicas e
uma instituição financeira.
A duplicata é um título emitido por uma pessoa jurídica contra seu cliente (pessoa física
ou jurídica), para o qual ela vendeu mercadorias a prazo ou prestou serviços a serem
pagos no futuro, segundo um contrato.
A letra de câmbio, assim como a nota promissória, é um comprovante de uma aplicação
de capital com vencimento predeterminado; porém, é um título ao portador, emitido
exclusivamente por uma instituição financeira.

Ainda sobre os títulos de crédito financeiro, CRESPO (2009, P. 137) existem certas situações
que podem ocorrer:

Que o devedor efectue o pagamento antes do dia predeterminado. Neste caso, ele se
beneficia com um abatimento correspondente ao juro que seria gerado por esse dinheiro
durante o intervalo de tempo que falta para o vencimento;
Que o credor necessite do seu dinheiro antes da data predeterminada. Neste caso, ele
pode vender o título de crédito a um terceiro e é justo que este último obtenha um lucro,
correspondente ao juro do capital que adianta, no intervalo de tempo que falta para o

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devedor liquidar o pagamento; assim, ele paga uma quantia menor que a fixada no título
de crédito.

Em ambos os casos há um benefício, definido pela diferença entre as duas quantidades. Esse
benefício, obtido de comum acordo, recebe o nome de desconto. As operações anteriormente
citadas são denominadas operações de desconto, e o ato de efectuá-las é chamado descontar um
título.

GOTARDELO (2010, P. 32) são elementos do cálculo do Desconto:

Data do vencimento -- fixado no título, para o pagamento (ou recebimento) da


aplicação;
Valor nominal ou futuro – valor indicado no título, a ser pago no dia do vencimento;
Valor actual ou presente – líquido pago (ou recebido) antes do vencimento;
Prazo – é o número de dias compreendido entre o dia em que se negocia o título e o de
seu vencimento, incluindo o primeiro e não o último, ou, então, incluindo o último e não
o primeiro.
2.1. Conceito de Desconto

Inerente às definições do termo Desconto nos moldes financeiros, os seguintes conceitos nos
ajudam a compreender:

Para GOTARDELO (2010, P. 32) Desconto é a quantia a ser abatida do valor futuro ou nominal,
isto é, a diferença entre o valor futuro e o valor presente.

Já Bute (s.d, P. 39) diz que desconto “é a operação de se liquidar um título antes de seu
vencimento, o que envolve geralmente uma recompensa pelo pagamento antecipado. Assim,
desconto é a diferença entre o valor nominal de um título e o seu valor actualizado apurado nos
períodos antes de seu vencimento”.

Por seu turno CRESPO, também define Desconto como sendo “a quantia a ser abatida do valor
nominal, isto é, a diferença entre o valor nominal e o valor actual”. (2019, P. 138).

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2.1.1. Fórmula de Desconto

d=N-A

Resumidamente, compreendemos que o desconto é uma operação financeira muito importante no


mercado financeiro. Notamos ainda que o mesmo corresponde a diferença existente entre o valor
a ser pago no dia do vencimento e o valor a ser recebido antes do vencimento.

2.2. Tipos de Descontos Financeiros


2.2.1. Desconto comercial

Também chamado de desconto bancário, é o mais usado em capitalização simples.

Segundo GOTARDELO (2010, P. 34) Chamamos de “desconto comercial ou “por fora” ao valor
que se obtém pelo cálculo do juro simples sobre o valor nominal ou valor futuro do compromisso
que seja saldado n períodos antes do vencimento, à uma taxa i, fixada”. O autor avança que no
cálculo de desconto simples, sempre que o mesmo não for explicitado, deve-se considerar
desconto comercial.

Chamamos de desconto comercial, bancário ou por fora o equivalente ao juro simples, produzido
pelo valor nominal do título no período de tempo correspondente, e à taxa fixada. CRESPO
(2009, p. 138).

Notações:

dc = valor do desconto comercial;

FV = valor futuro ou nominal do título;

Vc = valor actual comercial ou valor descontado comercial n = número de períodos antes do


vencimento;

i = taxa de desconto;

Por definição, temos dc = FV.i.n que é o valor do desconto comercial.

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O desconto comercial simples só deve ser empregado para períodos curtos, pois para prazos
longos o valor do desconto poderá ultrapassar o valor nominal do título ( resultado incoerente,
sem nexo).

Um dos modelos de juros simples mais utilizados no mercado financeiro é o chamado juro
antecipado, juro adiantado, desconto de títulos ou simplesmente desconto bancário.

Este é o modelo utilizado na modalidade de desconto e também por


empresas de factoring, bem como em transacções de curto prazo quando
o pagamento for efetuado em uma única parcela, inclusive para cálculo
de preço de venda.

Este modelo consiste em calcular o Valor Presente descontando do Valor


Futuro (Valor de Face) uma parcela igual ao produto do Valor Futuro
pela “taxa de juros” e pelo número de períodos até o vencimento do
título negociado. Esse tipo de desconto incide sobre o valor nominal
(Valor de resgate) do título, proporciona maior volume de encargos
financeiros efectivos nas operações. A modalidade de desconto
comercial é amplamente adoptada pelo mercado em operações de crédito
bancário e comercial em curto prazo. Bute (s.d, P. 40)

2.2.2. Valor do desconto comercial

Temos, pela definição:

Que é o valor do desconto comercial.

2.2.3. Valor actual comercial

O valor actual comercial ou valor descontado comercial é dado por:

A=N–d

Substituindo d pelo seu valor obtido em (1), vem:

A=N–N×i×n

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Daí:

Que é o valor actual comercial.

Exemplo 1:

Um título de 6.000,00 mt vai ser descontado à taxa de 2,1% ao mês. Faltando 45 dias para o
vencimento do título, determine:

a) O valor do desconto comercial;

b) O valor actual comercial.

Resolução:

Temos:

a) Sabemos que:

d=N×i×n

Logo:

d = 6.000,00 × 0,0007 × 45 ⇒ d = 189,00, isto é, o desconto comercial é de: 189,00 mt.

b) Como:

A=N–d

Vem:

A = 6.000,00 – 189,00 ⇒ A = 5.811,00, isto é, o valor actual comercial é de: 5.811,00 mt.

NOTA:

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Obteríamos o mesmo resultado lembrando que: A = N (1 – i × n) e d = N – A

Daí:

A = 6.000,00 (1 – 0,0007 × 45) = 5.811,00 e d = 6.000,00 – 5.811,00 = 189,00.

Exemplo 2:

Uma duplicata de 6.900,00 mt foi resgatada antes de seu vencimento por 6.072,00 mt. Calcule o
tempo de antecipação, sabendo que a taxa de desconto comercial foi de 4% ao mês. Resolução:

Temos:

Como:

A = N (1 – i × n) ou N (1 – i × n) = A

Vem:

6.900 (1 – 0,04 × n) = 6.072 ⇒

⇒ −0,04 × n = − 1 + 0,88 − ⇒ −0,04 × n = −0,12 ⇒

Isto é, a antecipação foi de: 3 meses.

NOTA:

O problema também poderia ser resolvido empregando a fórmula do desconto (d = N × i × n),


lembrando que: d = N − A ⇒ d = 6.900 − 6.072 ⇒ d = 828 Logo:

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828 = 6.900 × 0,04 × n ⇒ 276 × n = 828 ⇒

2.2.4. Taxa de juro efectiva

A taxa de juro, que no período n torna o capital A igual ao montante N, é a taxa que realmente
está sendo cobrada na operação de desconto. Essa taxa é denominada taxa de juro efectiva.
Assim, simbolizando a taxa efectiva por if, temos:

C (1 + if × n) = M (valor do montante)

Como:

C=AeM=N

Temos:

A(1 + if × n) = N

Daí:

Lembrando que:

N–A=d

vem:

Exemplo:

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Um título de 6.000,00 mt foi descontado à taxa de 2,1% ao mês, faltando 45 dias para o seu
vencimento. Sabendo que o desconto comercial foi de 189,00 mt, calcule a taxa de juro efectiva.
Resolução:

Temos:

Como:

A = N – d ⇒ A = 6.000 – 189 ⇒ A = 5.811

vem:

Isto é:

if = 0,000723 a.d.

ou:

if = 0,0217 a.m. ou if = 2,17% a.m.

NOTA: Assim, para que haja igualdade entre o capital empregado e o valor actual do título, é
necessário que a taxa de juro seja maior que a taxa de desconto, cuja relação nos é dada pela
fórmula (3).

2.2.5. Equivalência de capitais

Às vezes temos necessidade de substituir um título (ou mais) por outro (ou outros) com
vencimento diferente ou, ainda, de saber se duas formas de pagamento são equivalentes. Esses
problemas estão ligados, de modo geral, à equivalência de capitais diferidos.

Dizemos que dois ou mais capitais diferidos são equivalentes, em certa época, quando seus
valores actuais, nessa época, são iguais. A solução deste tipo de problema consiste em
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estabelecer uma data — data de comparação — e comparar os valores atuais dos títulos em
questão, nessa data. Se resultar uma igualdade, podemos concluir que esses capitais diferidos são
equivalentes.

No regime de juro simples, essa data de comparação deve ser a data zero, isto é, a data em que a
dívida foi contraída; isto porque, neste regime, não podemos fraccionar o prazo de aplicação, já
que o juro é admitido como formado no fim do período de aplicação.

Exemplo:

Queremos substituir um título de R$ 5.000,00, vencível em 3 meses, por outro com vencimento
em 5 meses. Sabendo que esses títulos podem ser descontados à taxa de 3,5% ao mês, qual o
valor nominal comercial do novo título?

Resolução:

Temos:

Para que exista equivalência, devemos ter:

A = A′

Como:

A = N(1 − i × n) ⇒ A = N(1 − 0,035 × 5) ⇒ A = 0,825N

A′ = N′(1 − i′ × n′) ⇒ A’ = 5.000,00 (1 − 0,035 × 3) = 5.000,00 × 0,895 ⇒ ⇒ A′ = 4.475,00

vem:

Logo, o valor do novo título é de: 5.424,00 mt.

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Exemplo 2:

Uma pessoa deseja trocar dois títulos, um de valor nominal de 3.000,00 mt e o outro de 3.600,00
mt, vencíveis, respectivamente, dentro de 2 e 6 meses, por um único título vencível em 4 meses.
Sendo a taxa de juro igual a 3% ao mês, qual será o valor do novo título?

Resolução:

Temos:

Para que exista a equivalência pretendida, devemos ter: A = A1 + A2

Como A = N(1 − i × n), vem:

A = N(1 − 0,03 × 4) ⇒ A = 0,88N

A1 = 3.000,00 (1 − 0,03 × 2) ⇒ A1 = 2.820,00 A2 = 3.600,00 (1 − 0,03 × 6) ⇒ A2 = 2.952,00.

Daí:

Logo, o valor do novo título será de: 6.559,00 mt.

2.3. Desconto Racional

Chamamos de desconto racional ou por dentro o equivalente ao juro produzido pelo valor actual
do título numa taxa fixada e durante o tempo correspondente. CRESPO (2009, 147).

Segundo o autor, na prática, somente o desconto comercial é utilizado; porém, é necessário


fazermos um rápido estudo do desconto racional porque, como veremos adiante, o desconto
composto está ligado a esse conceito.

2.3.1. Valor do desconto racional

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Chamando:

temos, pela definição:

2.3.2. Valor do desconto racional em função do valor nominal

Como:

Substituindo (5) em (4), temos:

dr = (N − dr) i × n = dr = N × i × n − dr × i × n ⇒

⇒ dr + dr × i × n = N × i × n ⇒ dr (1 + i × n) = N × i × n

Daí:

Que é o valor do desconto racional em função do valor nominal do título.

2.3.3. Valor actual racional

O valor actual ou descontado racional é dado por:

Ar = N − d r

Substituindo dr pelo seu valor, obtido em (6), vem:

Daí:

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Lembrando que d = N × i × n e substituindo em (6), vem o que nos permite
concluir que o desconto racional é menor que o desconto comercial.

Exemplo:

Um título de R$ 6.000,00 vai ser descontado à taxa de 2,1% ao mês. Faltando 45 dias para o
vencimento do título, determine:

a) o valor do desconto racional;

b) o valor actual racional.

Resolução:

Temos:

a) Como:

vem:

isto é:

dr= 183,00 mt

b) Como:

A r= N – dr

vem:

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Ar = 6.000,00 − 183,00

isto é:

A r= 5.817,00 mt

2.4. Juro composto

Anteriormente vimos que o regime de capitalização simples, no qual o juro produzido por um
capital é sempre o mesmo, qualquer que seja o período financeiro, pois ele é sempre calculado
sobre o capital inicial, não importando o montante correspondente ao período anterior.

Assim, um capital de 100,00 mt, aplicado a 2% ao mês, tem a seguinte evolução no regime de
juro simples:

ANO JURO MONTANTE


0 — 100,00
1 100 × 0,02 × 1 = 2 102,00
2 100 × 0,02 × 1 = 2 104,00
3 100 × 0,02 × 1 = 2 106,00

De acordo com CRESPO (2009, p.153) o regime de capitalização que vamos estudar neste
capítulo é o mais comummente usado. Nele, o juro a partir do segundo período é calculado sobre
o montante do período anterior. Daí afirmamos que neste regime “o juro rende juros”.

Juro composto

É aquele que em cada período financeiro, a partir do segundo, é calculado sobre o montante
relativo ao período anterior. CRESPO (2009, p.153). Assim, no regime de juro composto, o juro
produzido no fim de cada período é somado ao capital que o produziu, passando os dois, capital
e juro, a render juro no período seguinte.

2.4.1. Cálculo do montante

Tomando o exemplo anterior, de acordo com a definição, temos:

ANO JURO MONTANTE


0 — 100,00
1 100,00 × 0,02 × 1 = 2,00 102,00
2 102,00 × 0,02 × 1 = 2,04 104,04
3 104,04 × 0,02 × 1 = 2,08 106,12

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Isso nos permite concluir que o montante no regime de juro composto é maior que no regime de
juro simples (a partir do segundo período). Consideremos, agora, um capital inicial C, aplicado
em regime de juro composto à taxa i. Temos:

PERÍODO JURO MONTANTE


1⁰ j1 = C × i M1 = C + j1 = C + Ci ⇒ M1 =
C(1 + i)
2⁰ j2 = M1 × i M2 = M1 + j2 = M1 + M1 × i
= M1(1 + i) = = C(1 + i)(1 + i)
⇒ M2 = C(1 + i)2
3⁰ j3 = M2 × i M3 = M2 + j3 = M2 + M2 × i
= M2(1 + i) = = C(1 + i)(1 +
i)2 ⇒ M3 = C(1 + i)3

O que nos permite escrever, para o enésimo período:

Esta é a fórmula do montante em regime de juro composto, também chamada fórmula


fundamental do juro composto, para um número inteiro de períodos. O factor (1 + i) n é
denominado factor de capitalização ou factor de acumulação de capital.

2.5. Desconto Composto

Segundo CRESPO (2009, P. 179) o conceito de desconto no regime de capitalização composta é


o mesmo do desconto simples: “é o abatimento que obtemos ao saldar um compromisso antes de
seu vencimento”. Segundo o autor, “empregamos o desconto composto para operações a longo
prazo, já que a aplicação do desconto simples comercial, nesses casos, pode levar-nos a
resultados sem nexo”.

Outro autor que nos ajuda compreender o conceito do Desconto Composto é GOTARDELO, ao
afirmar que “Desconto, no regime de capitalização composta é como no simples, corresponde à

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quantia a ser abatida do valor nominal antes do vencimento. O valor descontado é a diferença
entre o valor nominal e o desconto” (2010, P. 370).

2.5.1. Cálculo do valor actual

Valor actual, em regime de juro composto de um capital N disponível no fim de n períodos, à


taxa i relativa a esse período, é o capital A que, colocado a juros compostos à taxa i, produz no
fim dos n períodos o montante N.

Assim, em virtude dessa definição, temos:

A (1 + i)n = N

Logo:

Daí:

(1 + i) –n é, como já vimos, o factor de descapitalização.

Exemplo:

Determine o valor actual de um título de 800,00 mt, saldado 4 meses antes de seu vencimento, à
taxa de desconto (composto) de 2% ao mês:

Resolução:

Temos:

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Logo:

A = 800,00 (1 + 0,02) –4 = 800,00 × 0,92385 ⇒ A = 739,08

isto é, o valor actual do título é de:

739,00 mt

Exemplo 2:

Qual o desconto composto que um título de 5.000,00 mt sofre ao ser descontado 3 meses antes
do seu vencimento, à taxa de 2,5% ao mês?

Resolução:

Temos:

Como:

d=N–A

Calculamos, inicialmente, o valor de A, isto é:

A = 5.000,00 (1 + 0,025)–3 = 5.000,00 × 0,92860 ⇒ A = 4.643,00

Daí:

d = 5.000,00 – 4.643,00 ⇒ d = 357,00

isto é, o desconto é de:

357,00 mt

2.5.2. Equivalência De Capitais Diferidos

No estudo de desconto em regime de juro simples, vimos que dois ou mais capitais diferidos são
equivalentes, em certa época, quando seus valores actuais, nessa época, são iguais. CRESPO
(2009, P. 183).

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Segundo avança o mesmo autor, “Vimos, ainda, que em regime de capitalização simples essa
data de comparação deve coincidir com a data zero. Em regime de capitalização composta, a data
de comparação pode ser qualquer uma, porque os juros compostos são equivalentes aos
descontos compostos”.

Exemplo:

Um título no valor nominal de 7.000,00 mt, com vencimento para 5 meses, é trocado por outro
com vencimento para 3 meses. Sabendo que a taxa de juro corrente no mercado é de 3% ao mês,
qual o valor nominal do novo título?

Resolução:

Temos:

Para que exista a equivalência, devemos ter:

A = A’ ⇒ N(1 + i)–n = N’(1 + i’)–n’

Logo:

N(1 + 0,03)–3 = 7.000,00 (1 + 0,03)–5

Daí:

isto é, o valor nominal do novo título é de:

6.598,00 mt.

NOTA:

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Na resolução desse problema usamos a data zero como data de comparação. Porém, como
dissemos antes, essa data poderá ser qualquer uma. Apenas para comprovarmos, tomemos como
data de comparação a data 4. Temos:

N = 7.000,00 (1 + 0,03)–2 = 7.000,00 × 0,94260 = 6.598,00

Agora, tomando a data 6, temos:

2.6. Desconto Bancário

Na concepção de GOTARDELO (2010, P. 35) O desconto bancário pode ser entendido como
uma extensão do desconto comercial, acrescido de uma taxa administrativa pré fixada h, cobrada
sobre o valor nominal ou futuro, além de, na maioria das vezes, cobrar o encargo proveniente do
IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), de responsabilidade do financiado. Sendo assim, a
taxa bancária linear efectivamente cobrada é muito maior do que a contratada.

Temos:

Vb = valor actual ou valor descontado bancário.

db = desconto bancário

dc = desconto comercial

h = taxa de despesas
administrativas

FV = valor nominal ou montante

n = número de períodos antes do


vencimento

i = taxa de desconto.

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2.6.1.Valor do desconto bancário
db = dc + FV.h Como dc = FV,
temos que: db = FV.i.n + FV.h

db = FV ( in + h)

Com o IOF, temos: db = FV ( in + h + IOFn)

2.6.2. Valor Descontado Bancário

Vb = FV – db Como db = FV ( in + h ) Vb = FV – FV (in + h) Vb = FV 1 –
(in + h ) ou PV = FV [1 - (in + h)]

Exemplo

Um título de 8.500,00 mt foi descontado no Banco X, que cobra 1,5% como despesa
administrativa. Sabendo-se que o título foi descontado 67 dias antes do seu vencimento e que a
taxa corrente em desconto comercial é de 2,8% ao mês, qual o desconto bancário? Quanto
recebeu o proprietário do título?

a) desconto bancário

O desconto bancário foi de 659,00 mt e o valor descontado bancário foi de 7.841,00 mt.

2.7. Desconto Composto Racional

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GOTARDELO (2010, P.37) define o desconto Composto Racional como sendo aquele “obtido
pela diferença entre o valor futuro ou nominal e o valor presente ou actual de um compromisso,
que seja saldado n períodos antes do vencimento, à uma determinada taxa”.

2.7.2. Cálculo Do Valor Presente Ou Actual

Fv = valor futuro ou nominal de um compromisso (na data do vencimento)

N = número de períodos compreendidos entre a data do desconto e a data do vencimento i = taxa


de juros utilizada na operação de desconto

D = desconto racional composto

Pv = valor presente ou actual, ou ainda, valor descontado racional (na data do desconto).

FV
Como FV = PV (1 + i)n então: PV ou PV = FV (1 + i )-n
(1+i)n

Onde, (1 + i)-n é um factor de descapitalização.

2.7.3. Cálculo Do Desconto Racional Composto

Como vemos, o desconto racional composto é obtido pela diferença entre o valor nominal ou
futuro e o valor actual, presente ou descontado.

FV FV
d = FV – PV como: então: PV , substituindo PV, temos: d=FV − ,
(1+i)n ( 1+i ) n
Colocando FV em evidência, temos:

2.7.4. Taxa De Desconto Efectiva Exponencial

O cálculo da taxa efectiva linear não incorpora o real comportamento exponencial dos juros;
enquanto a taxa efectiva exponencial faz essa incorporação. Consequentemente, a forma
exponencial passa a ser a mais apropriada para se calcular o verdadeiro custo da operação.

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A taxa efectiva de juros é aquela apurada durante todo o prazo n, sendo formada
exponencialmente através dos períodos de capitalização. Ou seja, é o processo de formação de
juros pelo regime composto, ao longo dos períodos de capitalização.

if = (1+i) n – 1 onde n = número de períodos da capitalização dos juros.

Para o regime de capitalização composta, verificamos que a taxa equivalente obtida é


interpretada como taxa efectiva da operação.

3. Conclusão

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Após discorrer sobre os descontos comerciais, compreendemos que os mesmos são de suma
importância no nosso quotidiano, e sobretudo, nos indivíduos que se interessam pela área
financeira. Compreendemos ainda que o Desconto é o abatimento no valor de um título de
crédito, que é um documento comprobatório de uma dívida ou seja, através desse tipo de
documento, o credor pode cobrar de um devedor. Foi possível perceber que existem basicamente
dois tipos de desconto, o desconto comercial (por fora) e o desconto racional (por dentro).

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4. Referências Bibliográficas
 CRESPO, A.A. Matemática Financeira Fácil. 14.ed. actual. São Paulo: Saraiva, 2009.
 GOTARDELO, D. R. Apostila de Matemática Financeira. UFRRJ. 2010.
 BUTE, I, X, R. Módulo: Matemática Financeira. INSTITUTO SUPERIOR DE
CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (ISCED).
 Centro de Integração ao Mundo do Trabalho- VOCAÇÃO (s.d).
Sites
 https://www.rankia.pt/bolsa/qual-a-importancia-da-matematica-financeira/.

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