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ELETROQUÍMICA

Atualmente, em cada parte que se olhe, a eletroquímica se faz presente. Desde a rede
elétrica que abastece as nossas casas, até as pilhas usadas em lanternas. Desde a bateria de
celulares, passando por processos de galvanização, produção industrial de alumínio,
notebooks etc.

ÍNDICE
Pilhas
Espontaneidade das reações de oxirredução
Corrosão
Eletrólise

1. Pilhas

A eletroquímica estuda as soluções eletrolíticas e os fenômenos que ocorrem quando


são colocados eletrodos nestas soluções. Basicamente, a eletroquímica engloba o
estudo das pilhas e da eletrólise.

Utilizando os sistemas abaixo, faremos algumas experiências.

1a experiência: Uma lâmina de Cu(s) é mergulhada numa solução de ZnSO4(aq).


Cu(s) + ZnSO4(aq) → não ocorre reação

2 experiência: Uma lâmina de Zn é mergulhada numa solução de CuSO


a
(s) 4(aq) .

Reação ocorrida: Zn + CuSO


(s) 4(aq) ZnSO 4(aq) + Cu
(s)

(lâmina) (solução) (solução) (lâmina)

Explicação:

– O íon “arranca” e– do Zn , causando sua oxidação;


(s)
– O íon apresenta capacidade de arrancar e do Zn (é uma observação

(s)

experimental).

Analisando as duas experiências, concluímos que o íon consegue arrancar


e do Zn , já o íon

(s) não consegue arrancar e do Cu

(s) .

Conclusões

– O íon possui maior capacidade de atrair (arrancar) e do que o íon


– O Zn possui maior capacidade de doar e do que o Cu


(s)

(s)

Cada íon metálico em solução apresenta uma diferente capacidade de atrair e–, e
esta será denominada potencial de redução (Ered).

1.1. Eletrodo

Um eletrodo (que em grego significa "caminho para a eletricidade") é formado por um


metal, mergulhado numa solução contendo cátions desse metal.

Exemplo

1.2. Condições para Condução da Corrente Elétrica

– Uma diferença de potencial (ddp);

– Um meio condutor.

Como o eletrodo de cobre (Cu2+/Cu) possui maior potencial de redução que o


eletrodo de zinco (Zn2+/Zn), podemos dizer que entre os eletrodos existe uma ddp.
Se entre esses eletrodos intercalarmos um fio condutor, agora teremos condições
para condução da corrente elétrica.

1.3. Pilha de Daniel

Experiência
Explicação

No eletrodo de cobre:
Íons da solução migram até a placa de cobre e recebem os elétrons
cedidos pelo Zn(s). Ao receberem os elétrons, se transformam em Cu(s), de
acordo com a equação:

No eletrodo de zinco:
Ao ceder elétrons através do condutor metálico para o íon , devido à
ddp entre os dois eletrodos, Zn(s) da placa vai para a solução na forma de
, causando assim a corrosão da placa e conseqüente aumento da
concentração de na solução, de acordo com a equação:

Assim, devido à ddp criada entre os dois eletrodos, observamos que existe um
movimento ordenado de cargas no fio condutor, ou seja, uma corrente
elétrica. Tal fato fica evidenciado pela lâmpada que acende quando a pilha é
acionada.

Portanto, pilhas são sistemas que possuem capacidade de produzir energia


elétrica a partir de uma reação química. Estes sistemas podem ser chamados
também de células galvânicas. Uma célula galvânica, ou simplesmente pilha,
transforma a energia de uma reação química em energia elétrica.

I. Ponte Salina

Para evitar a mistura das soluções, utiliza-se a ponte salina, que une os dois
compartimentos do eletrodo e completa, o circuito elétrico. A ponte salina é
formada por um gel contendo solução salina aquosa concentrada dentro de
um tubo. A solução salina mais utilizada é o KCl, pois os íons K e Cl não
+ –

afetam as reações que ocorrem nas células.

À medida que a lâmina de zinco corrói, a solução do eletrodo de zinco vai


ganhando cátions (cargas positivas). Haverá no eletrodo excesso de
cargas positivas.

À medida que a lâmina de cobre tem a sua massa aumentada, a solução do


eletrodo de cobre vai perdendo cátions (cargas positivas). Haverá no
eletrodo excesso de cargas negativas .

A função da ponte salina é manter o equilíbrio elétrico de cargas positivas e


negativas nas soluções dos eletrodos. Assim, K migra da ponte para o eletrodo
+

de cobre e Cl migra para o eletrodo de zinco.


No condutor existe uma corrente de elétrons.

Na ponte salina existe uma corrente de íons.

Observação
Se entre as duas soluções é encontrada uma placa porosa, ao invés de ponte
salina, ocorre migração dos íons existentes nas soluções ,ou seja: íons Zn
2+

migram através da placa para o eletrodo de Cu e íons migram para o


eletrodo de Zn. Concluindo, podemos dizer que cátions migram para o cátodo
e ânions, para o ânodo.

II. Reação Global da Pilha

III. Nomenclatura dos Eletrodos

1.4. Esquema e Representação


1.5. Medindo a ddp de uma pilha

Experiência: seja a pilha de Daniell, na qual intercalaremos no fio condutor


um voltímetro (aparelho usado para medida da ddp).

A ddp registrada para a pilha zinco-cobre é igual a 1,10 V, ou seja, a ddp


entre os eletrodos de zinco e cobre é igual a 1,10 V.

Teoricamente a ddp é calculada da seguinte forma:

A medida do Ered absoluto de um eletrodo é impossível e, sendo assim, a


equação acima possui duas incógnitas, já que o único valor obtido na prática é
a ddp.

Não sendo possível medir o valor absoluto do Ered de um eletrodo, iremos


trabalhar com potenciais relativos, e para tanto vamos escolher um eletrodo
padrão. O escolhido foi o eletrodo de hidrogênio ao qual se atribui o =
zero.

I. O Eletrodo de Hidrogênio (Padrão)


No interior de um tubo invertido é colocada uma lâmina de platina ligada a
um fio também de platina. O sistema é mergulhado numa solução aquosa 1,0
M de H2SO4. Injeta-se na abertura lateral do tubo gás hidrogênio sob pressão
de 1 atm, a 25 °C. Parte do gás hidrogênio adere à superfície da platina,
fenômeno este chamado de adsorção.

O gás adsorvido na placa forma uma película de H2 sobre a platina e o


conjunto funciona como se fosse uma placa de hidrogênio, mergulhada numa
solução contendo cátions (eletrodo de hidrogênio).

Reações no eletrodo de Hidrogênio:

– Perda de e-: H 2(g) 2 + 2e E = 0,00 V


– 0

– Ganho de e : 2

+ 2e–
H E = 0,00 V
2(g)
0

II. Medida de Potencial de Redução de um Eletrodo (Relativo)

Observe a experiência abaixo:


– No caso da pilha formada pelos eletrodos de zinco e hidrogênio, a ddp
registrada foi de 0,76 V. Com o funcionamento da pilha, percebemos que no
eletrodo de zinco ocorre corrosão do Zn(s), donde concluímos que este sofre
oxidação.

Assim, o E do eletrodo de hidrogênio (E = zero) é maior que o do eletrodo


red red

de zinco.

Como:

O sinal negativo indica que o eletrodo de hidrogênio ao qual foi atribuído um


E = zero possui capacidade de atrair e do eletrodo de zinco.
red

No caso da pilha formada pelos eletrodos de cobre e hidrogênio , a ddp
registrada foi de 0,34 V. Com o funcionamento da pilha, percebemos que no
eletrodo de cobre ocorreu deposição do metal na placa, donde concluímos
que houve redução do íon , como mostra a equação:

Assim, o do eletrodo de hidrogênio ( = zero) é menor que o do eletrodo


de cobre.

Como:

O sinal positivo indica que o eletrodo de cobre possui um E maior que o do


red

eletrodo de hidrogênio, ou seja, o íon Cu é capaz de oxidar o H : H 2H +


2+
2 2
+

2e-

Como percebemos nos exemplos descritos, o eletrodo de hidrogênio pode ser


o cátodo ou o ânodo de uma pilha. Se combinarmos o eletrodo de hidrogênio
com eletrodos dos mais variados metais, perceberemos que alguns se
comportam como o eletrodo de cobre , já outros como o eletrodo de
zinco .

Assim, experimentalmente, é possível construir uma tabela de .

III. Tabela dos Ered

Potenciais de Redução (Ered) expressos em volts (Solução aquosa 1M a 25 °C e


1 atm)
IV. Cálculo da ddp de uma pilha

A ddp de uma pilha depende de dois fatores:


– da natureza da reação na pilha;

– das concentrações das espécies que participam da reação.

Vamos trabalhar somente com a natureza da reação, onde a ddp pode ser
calculada da seguinte forma:

Para uma pilha, a ddp é positiva, o que reflete a espontaneidade da reação.

2. Espontaneidade das Reações de Oxirredução

Quanto maior o potencial de redução de um elemento, maior a tendência em


ganhar elétrons. Portanto, ele recebe elétrons de um outro elemento de
menor potencial de redução. Para o potencial de oxidação, quanto maior o
valor de E0, maior a tendência em perder elétrons e, portanto, ceder elétrons
para outro elemento de menor potencial de oxidação.

Por exemplo:

Dados:

Cu + 2 e → Cu°
2+ –
E = + 0,34 V

Zn + 2 e → Zn°
2+ –
E = – 0,76 V

Para sabermos se a reação é espontânea ou não, devemos adotar a seguinte


conduta;

– verificar, no sentido indicado da reação, a espécie que sofre oxidação


(perde e ) e a espécie que sofre redução (ganha e );
– –

– se a espécie que sofre redução apresentar um maior que o da espécie


que sofre oxidação, a reação é espontânea; caso contrário, não.
O fato de o íon Cu2+ apresentar um Ered maior significa que ele possui
capacidade de atrair e– do Zn(s), e, sendo assim, a reação será espontânea.

Observação

– Objetos metálicos podem ser protegidos da corrosão de vários modos


diferentes;

– aplicação de uma camada de tinta na superfície metálica;

– cobrir a superfície metálica com outro metal (eletrólise);

– colocar o metal a ser protegido em contato com outro metal que apresente
um potencial de oxidação maior. Neste caso, o metal de maior potencial de
oxidação sofre corrosão (oxidação), protegendo o metal de menor potencial
de oxidação. Por exemplo, Mg e Zn são utilizados para a proteção do Fe
contra a ferrugem. Mg e Zn são denominados metais de sacríficio.

Saiba mais sobre...

Corrosão
A corrosão dos metais, principalmente, o ferro está bastante presente em
nosso dia-a-dia, isso pode ser notado ao nosso redor, nas latarias dos
automóveis, nas cadeiras metálicas, nos portões e em outras superfícies
metálicas desprotegidas.
Um método de proteção, que é bastante utilizado é a pintura. A tinta, no caso
da pintura dos metais é uma película que fica entre a superfície do metais e o
ambiente, evitando assim, que se forme uma pilha eletroquímica entre a
superfície do metal e o ambiente.

Isso é possível?

É possível uma pilha entre um metal e o ambiente?

Sim, é possível e quanto mais próximo do litoral estiver, mais real se tornará,
pois a umidade presente no ar do litoral possui água do mar, que possui íons
(Na+ e Cl-, principalmente), servindo assim de ponte salina da pilha
eletroquímica.

Pode-se ver um exemplo de corrosão presente no nosso dia-a-dia,


considerando:

A partir destas figuras, temos que a superfície do metal é o catodo e o centro


da gota é o anodo. Onde a gota está presente existirá a oxidação do ferro e a
superfície reduzirá. Na verdade ocorrerá um fluxo de elétrons saindo do
anodo e se espalhando para toda superfície metálica.

As reações ocorridas são:


anodo, ocorre a oxidação do ferro

Fe0 → Fe2+ + 2e-

(catodo, redução do oxigênio para formação da hidroxila, OH-, que participará


da formação do óxido)

O2 + 2H2O + 4e- → 4OH-

Somando as semi-equações, temos:

2Fe + O2 + 2H2O → 2 Fe(OH)2

O Fe(OH)2 será oxidado à Fe(OH)3 pelo oxigênio atmosférico, pois o Fe3+ é mais
estável do que o Fe2+.

Fe(OH)3 (ferrugem)

Quanto mais íons existirem na água da gota, mais fácil ocorrerá a reação.
Lembre-se da ponte salina.

É comum que o ferro seja recoberto por película de tinta (ou zarcão) ou de
outro metal, como estanho, zinco ou crômio, a fim de ser protegido contra
corrosão. A folha de aço usada nas latas para bebidas ou alimentos é revestida
por películas de estanho, seja pela imersão em estanho fundido, seja por
galvanoplastia. O estanho protege o ferro desde que a película seja contínua.

Locomotiva recoberta por uma película de zarcão.

Outra maneira de proteção é associar ao ferro um metal que seja mais reativo
do que ele, como o zinco ou o magnésio. Esse metal sofrerá oxidação antes do
ferro, protegendo-o assim. Os dutos de óleo ou de gás que trabalham
enterrados no solo são protegidos dessa forma (geralmente com anodo de
sacrifício de magnésio). Bem como os motores de embarcações e cascos de
navio (geralmente usando o zinco como metal de sacrifício).

Construção de um gasoduto com colocação do metal de sacrifício

As reações de eletroquímica não ocorrem somente com metais, mas também


ocorrem nos processos de oxidação de alimentos, entre tantos outros, sendo a
eletroquímica bastante abrangente.

3. Eletrólise

Consiste em uma reação de oxirredução não espontânea. É o inverso de uma


pilha. Na eletrólise há a necessidade de uma fonte externa de corrente
elétrica (contínua) para que uma reação não espontânea ocorra.

O recipiente em que se realiza a eletrólise recebe o nome de célula


eletrolítica ou cuba eletrolítica.

O eletrólito, ou substância que conduz eletricidade, deve ser um composto


iônico líquido (fundido), ou então em solução. Pode ser um composto
molecular, desde que este se ionize quando em solução. Como exemplo temos
os ácidos.

3.1. Como Funciona a Eletrólise


Os íons negativos são atraídos pelo pólo (ânodo), onde irão perder elétrons
(oxidação). Os elétrons cedidos ao pólo migram através do circuito externo
até o pólo (cátodo). Lá, estes serão "ganhos" pelos íons positivos (redução).

3.2. Eletrólise Ígnea

Como já vimos anteriormente, para que ocorra uma eletrólise é necessária a


presença de íons livres. Um composto iônico, no estado sólido, não deve
sofrer eletrólise, já que não possui íons livres. Uma forma de liberar os íons
deste composto é aquecê-los até a fusão (fundir). A eletrólise que ocorre,
nessas condições, é chamada eletrólise ígnea (do latim igneus = inflamado,
ardente).

Exemplo

Eletrólise ígnea do NaCl:


Semi-reações da eletrólise ígnea do NaCl:

Observação

– Normalmente os eletrodos utilizados são de grafite.

- O número de elétrons libertados no ânodo é sempre igual ao número de


elétrons absorvidos no cátodo, em qualquer instante da eletrólise.

3.3. Eletrólise em Soluções Aquosas

Quando um eletrólito é dissolvido em água (havendo ionização ou dissociação


do mesmo), além dos seus íons, devemos considerar a ionização da própria
água.

Observação– Embora a ionização da água ocorra em pequena escala (1


molécula se ioniza em cada 555 milhões de moléculas), seus íons devem ser
considerados.
Experimentalmente, observa-se que, na eletrólise aquosa, apenas um tipo de
cátion é atraído por vez no cátodo, e, enquanto ele estiver presente na
solução, nenhuma outra espécie será atraída. O mesmo ocorre em relação aos
ânions no ânodo.

Exemplo

Suponhamos uma solução aquosa de AB. Os íons presentes na solução serão:

e provenientes do eletrólito AB

e provenientes da água

Consultando a tabela de , se verificarmos que o possui maior que o

(hipotético), o vai se reduzir mais facilmente. Assim, a reação que

ocorre, neste caso, é a descarga do e não a do .

No caso dos ânions em solução, podemos dizer que, quanto maior a


eletronegatividade do ânion, maior será sua tendência de atrair os elétrons e,
portanto, mais difícil será doá-los. Suponha, no exemplo anterior, que B seja –

menos eletronegativo que OH–. Logo, B perderá elétrons mais facilmente


(descarrega primeiro).

A seguir, mostramos a ordem crescente de facilidade de descarga para


cátions e ânions.

Cátions: IA , IIA , Al , H , cátions restantes (atraídos pelo pólo –).


+ 2+ 3+ +

Ânions: F , ânions oxigenados,



, OH , –

3.4. Estequiometria da Eletrólise

Cada elétron que atravessa o circuito transporta uma carga de 1,6·10 C. Se x –19

elétrons atravessam o circuito, eles transportarão uma carga de x·1,6·10 C. –19

Assim, para um mol de elétrons, teremos:


Conclusão

Quando 1 mol de elétrons atravessa um circuito, transporta a carga de 96.500


C.

Esta carga é denominada 1 Faraday.

Desta forma:

A carga Q (coulombs) que atravessa o circuito pode ser calculada,


multiplicando a corrente (ampères) pelo tempo (segundos).

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