Você está na página 1de 6

Igreja Metodista em Colatina - ES

Pr. Marcílio Gonçalves Pereira Filho


A perspectiva religiosa do terceiro milênio em relação à Igreja

INTRODUÇÃO
Esse nosso mundo não será para sempre como tem sido até então. São
muitos os textos bíblicos que descrevem os últimos dias, textos que
enumeram os sinais que caracterizarão o tempo do fim. É verdade que em
todos os momentos críticos por que passou a humanidade levantaram-se
alguns proclamando serem aqueles momentos os tais últimos dias
profetizados na Bíblia. Porém, a Bíblia deixa claro que é um conjunto de
sinais que indicarão tais dias, e não alguns sinais isolados. 1

Há um enorme perigo rondando a Igreja nesta virada de milênio: a infiltração de


ideologias espúrias. Por todos os lados que observamos, nas congregações mais
humildes e novas até nas mais ricas e históricas, um agregar de pensamentos e práticas
nada ortodoxos2. O culto tem sido invadido por práticas contrárias a doutrina bíblica. O
modo da pregação e até a evangelização vem sendo contaminada por dogmas humanos
e carnais. Parece que há uma “moratória” da Palavra de Deus e, devido a uma corrida
desenfreada pelo “crescimento” numérico da membresia, usa-se de tudo para atrair o
maior número de pessoas possível.

1 Tm 4:1 “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns
apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos
de demônios,”

2 Tm 2:17-18 “Além disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais se
incluem Himeneu e Fileto. Estes se desviaram da verdade, asseverando
que a ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns.”

2 Ts 2:13 “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos
amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para
a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade,”

PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO


Carta escrita para prevenir os seus leitores contra falsos mestres e aconselhá-los a
permanecerem firmes na fé e no amor. Nesta ocasião, os falsos mestres eram seguidores
do GNOSTICISMO, que ensinava que Jesus Cristo não se tornou um ser humano
realmente, mas tinha somente a aparência de homem (1Jo 2.22-23; 4.1-3; 5.6-9). Essa
falsa doutrina, diz o autor, vem do espírito do ANTICRISTO. A carta foi escrita no final do
primeiro século d.C., e desde logo as três cartas que levam o nome de João foram
atribuídas ao autor do Evangelho de João.

1
ANDRÉ, Marco. A Nova Era. O que é? De onde vem? O que pretende? 1ª Edição. B.H. Pág 9, 1992.
2
ORTODOXO – ortodoxia= Conforme com a doutrina religiosa tida como verdadeira – Aurélio Eletrônico.
GNOSTICISMO

Termo derivado do grego gnosis, “conhecimento”, e que designa um tipo de filosofia


religiosa do segundo século da era cristã. No NT já há sinais de certos desvios
doutrinários dos gnósticos. O gnosticismo era uma mistura de elementos judaicos,
cristãos e pagãos com vistas a responder a duas perguntas:

a) Como reconciliar a presença do mal num mundo criado por um


Deus perfeito e bom?

b) Como se prendeu o espírito à matéria, que é má, e como libertá-lo?

A primeira questão era resolvida assim: Deus criou uma série de seres que foram se
tornando imperfeitos (DEMIURGOS), e um deles criou o mundo com seus males.

A segunda questão era resolvida ou por uma vida ASCÉTICA (Cl 2.21-23; 1Tm 4.3) ou
por uma vida de LIBERTINAGEM (2Tm 3.2-7; Tt 1.16; 2Pe 2.12-22; Jd 4,8).

Para os gnósticos o corpo de Jesus não era real: era um fantasma (1Jo 2.23; 4.2-3). E a
salvação não era pela fé, mas pelo conhecimento (1Co 13.2; 1Tm 6.20).

EPÍSTOLA DE JUDAS
Breve carta escrita por Judas, o "irmão de Tiago" (Jd 1.1), sendo ambos
provavelmente irmãos de Jesus. Foi dirigida a uma igreja ou grupo de igrejas, que
estavam sendo vítimas dos ensinamentos de falsos mestres (Jd 1.4). O autor repreende o
comportamento imoral desses perturbadores e aconselha os leitores a se manterem
firmes na fé. Essa epístola é um dos livros ANTILEGÔMENA 3 e é muito semelhante a 2
Pedro.

SEGUNDA EPÍSTOLA DE PEDRO


Carta em que são condenados falsos mestres que ensinavam doutrinas erradas e
levavam as pessoas a se entregarem a todo tipo de imoralidades e de vícios. Além disso,
esses falsos mestres negavam a SEGUNDA VINDA DE CRISTO (2Pe 3). À vista da
esperança de um novo céu e de uma nova terra, os cristãos devem viver uma vida de
pureza e de paz com Deus (2Pe 3.13-14).

3
ANTILEGÔMENA – Designação dada a sete livros que só no final do quinto século foram aceitos por todas
as igrejas cristãs como fazendo parte do CÂNON DO NT. São eles: Hb, Tg, 2Pe, Jd, 2Jo, 3Jo e Ap.
A IGREJA E A
ENXURRADA DE MOVIMENTOS RELIGIOSOS NO 3º MILÊNIO
Todos nós, por menos envolvimento que tenhamos com as fileiras frontais da obra
de Deus, podemos sentir os ares de acontecimentos emergentes. Sentimos algo no ar
que não podemos explicar. Uma tensão estranha e inexplicável. Parece que estamos
sendo observados o tempo todo e armadilhas são colocadas sob nossos pés a cada
esquina. Na realidade, muito desta tensão causa certo desespero em alguns cristãos,
justamente pelo fato de alguns pensarem que a Bíblia é verdadeira mas... tudo isso só iria
acontecer daqui a muitos e muitos anos. Por outro lado, há um despertar da fé
acontecendo por todos os cantos do planeta. Crentes que estão se lançando com
seriedade e compromisso na obra de Deus. Estes até indagam: “Não é que a Bíblia tinha
mesmo a razão!?”.

Neste ponto acho necessário dividirmos nossa observação em duas direções: a


igreja e a situação religiosa do mundo e, a igreja e a situação religiosa do cristianismo
moderno (ou dos últimos dias, ou mesmo, “o pseudocristianismo”).

A Igreja e a Situação Religiosa do Mundo

Como podemos observar nos noticiários, há guerras e rumores de guerras


(revoluções, conflitos, etc.) em vários lugares do planeta (Lc 21.9-10). A fome e, por
conseqüência, a peste, tem assolado muitas pessoas em vários países do terceiro
mundo. No primeiro mundo não há problemas? Sim, no primeiro mundo os problemas são
um pouco diferentes, mas igualmente maléficos: solidão, angústia, desconfiança, traições,
competitividade cruel, promiscuidade, suicídios, divórcio, etc.

Como é a religiosidade que o mundo ostenta?

Vejamos o que 2 Tm 4.3 diz:

Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário,


cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que
sentindo coceira nos ouvidos;

O texto acima nos fala sobre um tempo onde a verdadeira Palavra de Deus será
muito rejeitada. Um tempo onde trocarão a instrução sadia da Bíblia por ensinamentos
que satisfaçam a própria ganância, os próprios interesses.
O Evangelho preza pela comunhão fraterna entre as pessoas. Para haver
comunhão, a individualidade deve ser trocada pela comunidade. O próprio Jesus nos
mostra o resumo da Lei e dos Profetas: “amar a Deus de todo o coração e de todo o
entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo” (Mc 12.33). Assim,
como o sistema mundano tende ao egocentrismo, à valorização exagerada da “pessoa
individual e interior”, à busca da felicidade galgada em conquistas materiais e
reconhecimentos humanos, há, evidentemente, uma grande dificuldade de assimilação da
mensagem trazida na Palavra de Deus, por todos quantos se lançam por tais caminhos
tortuosos.
As pessoas em nossos dias dizem buscar a Deus. Mas será que buscam a Deus
pelo que Ele é ou pelo que Ele poderia dar-lhes? Será que buscam alguém que pode
dizer-lhes o caminho certo, ou simplesmente tentam calar dentro de si a verdade de que
estão longe do Criador?
A religiosidade do mundo é uma religiosidade prostituta que se contamina com tudo
o que pode satisfazer ao ego do homem. Buscam um deus interior que não tem
compromisso com o exterior, com o próximo. Nesta religiosidade há sim os modismos e
as tendências que, pela sua falta de base, passam tão rápido quanto chegam.

Como encarar ou enfrentar esta religiosidade?

Em 2 Ts 2.6-7, 13-17, Paulo escreve:

6 E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em
ocasião própria.
7 Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que
seja afastado aquele que agora o detém;
13 Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados
pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a
salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade,
14 para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para
alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.
15 Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos
foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.
16 Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus, o nosso Pai, que nos
amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça,
17 consolem o vosso coração e vos confirmem em toda boa obra e boa
palavra.

Neste texto vemos que há uma igreja forte, comprometida com Jesus, cheia do
Espírito, chegando a ser conduzida e usada de tal maneira a impedir a plena
manifestação do anticristo. Esta igreja, movida pelo Espírito Santo ainda na terra, impede
o livre caminhar do que a Bíblia chama de homem do pecado.
Em que igreja estamos? Não estou perguntando sobre uma igreja com um
endereço ou localização geográfica. Estou me referindo ao compromisso pessoal com a
verdadeira fé. De acordo com Hb 12.14, sem santificação, ninguém verá a Deus, mas
este princípio não é cuidadosamente observado pelos cristãos hoje. Tudo que se faz na
igreja é muito bom mas, se não passar pelo caminho da santificação, perde o propósito. A
diferença daqueles que seguem a Deus daqueles que seguem a religiosidade do mundo
está exatamente no compromisso em cumprir fielmente aquilo que a Palavra de Deus
ensina. Se estivermos ligados na Videira Verdadeira (Jo 15) com certeza daremos muito
fruto. A religiosidade que o mundo ostenta não muda o caráter do homem. Ou seja, diz
que ama a Deus mas não se compromete com sua vontade, não se compromete com os
ideais de Sua mensagem, não dá fruto. Se realmente somos de Deus, temos que trazer
as marcas do Senhor em nosso modo de ser e de agir.
Esta mudança radical no homem não é algo imposto. Não é fruto de um esforço
humano, de um exercício de “força de vontade”. É fruto de uma busca que encontra um
Deus amoroso que, por conseqüência, encontra um coração aberto e voluntário onde
possa morar. Esta ligação harmoniosa entre coração sedento e fonte inesgotável de
amor, formam a combinação resultante de uma vida abundante. Esta ligação é produzida
pelos méritos de Jesus Cristo que pagou o alto preço do pecado escolhido por todo ser
humano.
A Igreja e a Situação Religiosa do Cristianismo Moderno (pseudocristianismo)

O apóstolo Paulo escreve a seu discípulo Timóteo (1 Tm 4.1), alertando-o de que


nos últimos dias alguns abandonariam a fé e dariam ouvidos a doutrinas de demônios.
Temos que cuidar de nossa vida espiritual para que não sejamos contaminados e
apartemos nosso coração do Senhor (Hb 3.12). Este alerta da parte do Espírito Santo
encaixa-se perfeitamente na atual situação que vemos em muitas igrejas. Este perigo é
real e sua já existência não pode ser negada. Veja alguns textos que falam sobre o
abandono da verdade:
 2 Tm 4.2-5  Hb 2.1-3  Hb 3.6-8
 Tg 5.19-20  2 Pe 1.8-11  1 Jo 2.23-25

Se fizermos uma observação atenta veremos algumas práticas verdadeiramente


pagãs infiltradas na igreja cristã. Orações de libertação onde há mais invocação de
demônios do que invocação ao Espírito Santo para que visite a pessoa oprimida e trate
suas fedidas. Fala-se mais nos nomes dos demônios do que no nome do libertador Jesus
Cristo. As pessoas não estão se apercebendo de que o inimigo está enganando a igreja,
fazendo com que as práticas que lhe são agradáveis nos centros e terreiros venham a
fazer parte dos cultos em algumas igrejas. Arruda ungida, banho com ervas, sal grosso
pela casa, oração para sair do corpo passeando com um “anjo”, dente de ouro, etc.
Infelizmente há aqueles crentes que só tem seus olhos no mundinho restrito à
padaria da esquina, ao próprio local onde mora, ao pequeno circulo de amizades, à
pequena igreja local. Nosso mundo de ação vai muito além disso! O Evangelho não é algo
que nos fecha para a vida, pelo contrário, leva-nos a nos preocuparmos com o próximo,
com as pessoas em todas as áreas da sociedade e da vida, nos leva a preocuparmo-nos
com a humanidade. E, querendo ou não, há uma guerra que está sendo travada numa
esfera que muitos negam: a esfera do mundo espiritual. Neste instante em que estamos
aqui tratando sobre este assunto, muitos bruxos no mundo inteiro, estão jejuando pela
queda e vexação da obra de Deus. Se você é parte desta obra, leve em conta que esta
atitude é para que você caia também. Como diz nosso irmão Marco André, autor do livro
“Nova Era”4, ainda não nos apercebemos de que somos mais do que uma pedrinha no
sapato de satanás”.
A igreja é uma grande muralha no caminho do diabo e ele não pode derrubá-la com
um simples chute. Assim, ele se esforça de todas as maneiras que pode para que a igreja
se enfraqueça, minando a resistência de cada pedra deste muro. O alvo mais atacado
pelo diabo é o cristão individualista, aquele que acha que pode tudo sozinho e que não
precisa muito dos irmãos e da igreja; acha que é ele/a e Deus somente. Esse pensamento
leva o crente a ser como uma brasa retirada da fogueira onde qualquer ventinho apaga-
lhe o calor. A orientação bíblica para o povo de Deus é ser rebanho do Senhor andando e
vivendo juntos. Vejamos:
 amar uns aos outros – Jo 13.34
 honrar uns aos outros – Rm 12.10
 não julgar ou ser tropeço – Rm 14.13
 acolher uns aos outros – Rm 15.7
 aconselhar uns aos outros– Rm 15.14
 suportar (sede suporte) – Ef 4.2
 perdoar uns aos outros – Ef 4.32
 sujeitar uns aos outros – Ef 5.21
 não mentir uns aos outros – Cl 3.9
 consolar uns aos outros – 1 Ts 4.18
 confessar uns aos outros – Tg 5.16
4
ANDRÉ, Marco. O que é ? De onde vem ? O que pretende ? ,1ª Edição, Belo Horizonte, Editora Betânia,
1992
 servir uns aos outros – 1 Pe 4.10

O diabo é um guerreiro milenar e sabe bem que se nos dividir ficaremos


vulneráveis. Só poderá nos dividir se infiltrar coisas que impeçam o andamento pleno da
obra de Deus em nossa vida. Quando satanás evidencia nossa carnalidade, ou seja,
coloca em ênfase sentimentos carnais (Ef 5.19-21) para que possam ter lugar em nossa
vida, é inevitável que as divisões aconteçam. A solução é nos aproximarmos mais e mais
de Jesus deixando que o Seu terno amor nos una uns aos outros, sendo tratados pelo
poder curador de Sua Palavra. Assim, comunidade de fé, família de Deus, povo de
propriedade exclusiva de Deus, nação eleita, sacerdócio santo, estaremos
comprometidos, por amor, com Deus e pela vida na Palavra, comunhão na oração,
revestimento pela santidade, dificilmente desviaremos nossos pés do Santo Caminho.
Você verá um pouco mais, posteriormente, sobre a apostasia pessoal.

Você também pode gostar