Você está na página 1de 17

Educação Especial: breve histórico

Para contextualizar historicamente o conceito de


Educação Especial, precisamos inicialmente conhecer um
pouco sobre o tratamento que durante muito tempo foi
dado às crianças/alunos com Necessidades Educativas
Especiais (NEE), ao longo da história da humanidade, e,
especialmente no Brasil. Porém, antes, precisamos definir
e refletir criticamente sobre o que venha o conceito de
NEE.

Uma questão importante e ao mesmo tempo


problemática sobre a questão do uso do termo
Necessidades Educativas Especiais é quanto a sua
generalidade, pois, segundo Libório et al (2005, p. 77), ele
pode ser usado tanto para designar crianças/alunos com
necessidade permanentes assim como aquelas que
possuem dificuldades de aprendizagem, nas mais
diversas formas e intensidades. Essas dificuldades
segundo o mesmo autor podem ser: atrasos em diferentes
matérias, dificuldade da compreensão da leitura,
problemas de linguagem:
as crianças/alunos com Necessidades Educativas
Especiais foram tratados como diferentes e eram, por
vezes, visto como aberrações. Tanto é que, na Grécia
Antiga, essas crianças eram sacrificadas ou escondidas.
Já na Idade Média essas crianças eram categorizadas
junto com os ‘loucos’, com os criminosos e aqueles que
eram considerados como sendo ‘possuídos por
demônios’. Entretanto, segundo Campos, “a história da
Educação Especial, começa a ser tratada apenas no
século XVI, já na Idade Moderna, com a colaboração de
médicos que desafiam os conceitos vigentes sobre o que
se entendia por educação especial até então” (CAMPOS,
2014, p. 45).

Apesar dessa colaboração dos médicos, os diferentes,


ou seja, os portadores de alguma deficiência  continuaram
abandonados por muito tempo à  sua
própria sorte, isolados e com pouca atenção dos pais, dos
familiares, e, principalmente das instituições educativas e
dos governos. Atualmente, quase todo mundo partilha da
opinião de que ninguém que seja portadora de uma
deficiência possa ser deixada à sua sorte, principalmente
as crianças com NEE

Mrech (1998) nos informa que, a proposta de


Educação Especial surgiu nos Estados Unidos em 1975,
com a Lei pública nº 94.142, que abriu possibilidades para
a entrada de alunos com deficiência na escola comum,
que estabelece a modificação dos currículos e a criação
de uma rede de informação entre escolas, bibliotecas,
hospitais e clínicas.
A legislação Federal que foi criada nessa altura visava
proteger a educação pública gratuita para todas as
crianças elegíveis com deficiência nos Estados Unidos,
garantindo-lhes assim, as mesmas oportunidades
oferecidas às crianças ditas normais. No Brasil, segundo
Campos (2014), nas primeiras décadas do século XX
houve um período que se caracterizou pelas vertentes
assistencialistas preocupados com a proteção e cuidados
dos indivíduos especiais em instituições especializadas.
Porém, atualmente, é possível perceber políticas
mobilizadoras para a inclusão de crianças com NEE, pois,
muitos são os benefícios para as crianças e seus
familiares, principalmente as mais carentes e muitas são
as que, direta ou indiretamente beneficiam dos programas
sociais por terem filhos com NEE em idade escolar.

Portanto, é visível nos últimos anos, mudanças


significativas relativamente à educação inclusiva. Mas, um
dos fatores mais discutidos pelos especialistas,
professores e toda a comunidade educativa é a inclusão
de alunos portadores de NEE, em escolas públicas e
privadas no nosso país. Entretanto, ainda é possível
encontrar algumas resistências isoladas, relativamente a
esse assunto, pois, existem duas posições sobre as quais
geralmente as pessoas acabam aderindo: 
Segundo Breta e Viana (2014), atualmente a
comunidade escolar olha a inclusão de crianças/alunos
com NEE, de forma diferente, pois, muita coisa positiva
pode vir com ela. É importante perceber que através da
inclusão aprende-se a entender e conhecer o outro, e
assim tem-se o privilégio de conviver com pessoas
diferentes.

Incluir é integrar, abranger a todos, sem exceção. Uma educação inclusiva integra os alunos
com necessidades especiais, em escolas regulares, por meio de uma abordagem humanística.

Essa visão entende que cada aluno tem suas particularidades e que elas devem ser consideradas
como diversidade e não como problema.

Portanto, os alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) fazem parte da rotina das
escolas.

Inclusive, é considerado crime não os aceitar ou mesmo atendê-los em uma sala de aula ou
escola separada.

No Plano Nacional de Educação brasileiro, são considerados alunos com NEE aqueles com
deficiências visual e auditiva, deficiência intelectual, deficiência física, transtorno global de
desenvolvimento (TGD) e altas habilidades.

A Unesco amplia esse conceito para relações étnico-raciais e povos indígenas.

Na educação inclusiva, os espaços são adaptados para o convívio de todos, assim como os
materiais utilizados nas atividades.

Mas a educação inclusiva não se limita a isso.

É uma educação que busca identificar todo e qualquer obstáculo que o aluno possa enfrentar e
eliminar as barreiras.

importância da educação inclusiva


A escola quase sempre representa o primeiro contato social das crianças depois da família.

As diferenças de opiniões, crenças e valores encontradas lá são bastante ricas para formar o
caráter de cada um desde cedo.
E ao incluir alunos com necessidades distintas, esses pilares serão ainda mais trabalhados no dia
a dia das crianças.

Cada uma perceberá aos poucos algo que está muito alta hoje em dia: a singularidade do ser
humano.

Por isso, no contexto atual, esse tipo de abordagem é fundamental para incentivar as
competências interpessoais e socioemocionais.

Ou seja, saber lidar com o outro, com sua diversidade, ser mais adaptável e flexível às
situações. Desenvolver um autogerenciamento de suas emoções, utilizando-as a seu favor.

Tudo isso contribui para formar jovens e adultos mais bem resolvidos e, provavelmente, mais
empáticos em relação aos outros.

A questão da diversidade e singularidade, quando incorporadas nas escola, permite também que
o bullying seja tratado em sua causa raiz.

Assim sendo, uma educação inclusiva oferece uma visão de mundo diferenciada, fazendo com
que o aluno saia de sua bolha e passe a ter mais consciência de quem o cerca.

A educação inclusiva foi um tema abordado pela Constituição e o Estatuto da Criança e do


Adolescente

Princípios da educação inclusiva


O princípio básico da educação inclusiva deriva do direito de acesso à educação.

Independente de qualquer limitação, a criança deve frequentar a escola e ter acesso a tudo que é
disponibilizado regularmente às outras crianças.

O segundo princípio dessa educação considera que toda pessoa é capaz de aprender.

Muito provavelmente, isso não ocorra no mesmo ritmo, nem utilizando os mesmos materiais,
mas essa pluralidade faz cada ser humano único.

Por isso, incluir é reconhecer a diversidade de aprendizado e, portanto, ser incansável na


busca de alternativas que favoreçam o aprender de múltiplas formas.

Nesse sentido, uma pessoa cega, por exemplo, consegue aprender perfeitamente, usando seus
outros sentidos, que são mais desenvolvidos.

É claro que, além do material em braille, será preciso oferecer a ela atividades diferenciadas, que
estimulem seu desenvolvimento.
Isso deve acontecer sempre tendo em vista objetivos de aprendizagem bem definidos e que
possam ser acompanhados para avaliar se estão sendo eficientes.

Tudo representa um desafio enorme nas escolas.

O processo de aprendizagem deve ser trabalhado constantemente, sendo dinâmico e ao mesmo


tempo integrado para garantir o desenvolvimento de cada aluno.

Afinal, cada criança aprende de um jeito, independente de qualquer deficiência.

E esse é mais um dos princípios da educação inclusiva.

Uns conseguem aprender mais através da música, outros escrevendo, vivenciando uma
experiência, enfim, há diversas formas.

Alguns professores, até sem treinamento, já atuam instintivamente dessa forma personalizada,
obtendo resultados muito positivos com suas turmas.

Portanto, os benefícios da educação inclusiva são vários.

Quem era considerado especial e marginalizado nas instituições de ensino passa a se integrar
com a comunidade, tendo as mesmas possibilidades, não só nos estudos, mas, posteriormente,
no mercado de trabalho.

E quem convive com a diversidade muda sua visão de mundo: as barreiras ficam menores e o
respeito e a empatia crescem, o que impacta todas as pessoas – professores, alunos, funcionários
e familiares.

Aos poucos, essa visão vai ganhando mais adeptos, sendo uma quebra de paradigma histórica
em nossa sociedade.

quando surgiu a educação inclusiva especial


Mundialmente, a diversidade e a inclusão nas escolas teve como marco a Declaração de
Salamanca, em 1994.

Documentos anteriores da ONU falavam da igualdade e direito de acesso, mas essa declaração
abordou em detalhes o tema de necessidades educativas especiais.

Em síntese, o documento demandou que os estados assegurassem que a educação de pessoas


com deficiência fosse integrada ao sistema educacional.

O documento ainda traz a noção da singularidade do indivíduo ao afirmar que “toda criança
possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas”.
No Brasil, apesar das discussões virem desde a década de 70, foi apenas em 2001 que a inclusão
começou a aparecer com mais frequência nos documentos.

Naquele ano, o Plano Nacional de Educação (PNE) destacou que “o grande avanço que a
década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o
atendimento à diversidade humana”.

A partir daí, vários avanços foram realizados, a exemplo de:

 Formação de docentes voltados para a diversidade


 Reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de
comunicação e expressão
 Ensino e difusão do Braille.

Já em 2003, o MEC oficialmente implementou o Programa Educação inclusiva.

No ano seguinte, apresentou o documento “O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e


Classes Comuns da Rede Regular”, publicado pelo Ministério Público Federal.

O que é Educação Especial?


Ao chegar até aqui, você já deve estar se perguntando: quais as diferenças entre educação
inclusiva e especial?

A educação inclusiva abrange a especial, mas não se limita a ela. Por anos, os governos se
ocuparam apenas da educação especial.

Crianças com necessidades especiais iam para instituições especializadas (como as APAEs).

No ensino especial, elas recebiam tratamentos conforme suas necessidades, mas não
socializavam com as crianças do ensino regular.

A educação inclusiva, conforme visto até aqui, amplia esse universo de possibilidades. As
crianças com necessidades especiais fazem parte do ambiente escolar regular.

Suas necessidades, que demandam cuidados especiais, continuam sendo atendidas com espaços e
ferramentas diferenciadas, mas vai além disso.

Trata-se de incutir valores referentes à diversidade e o respeito à individualidade na cultura das


pessoas.

A tecnologia pode facilitar a inclusão

Quais são as práticas inclusivas?


Para adotar qualquer prática inclusiva, é preciso primeiro ter um projeto pedagógico voltado a
esse público.

O objetivo é direcionar a escola para a promoção da diversidade e a equalização de


oportunidades.

Isso significa pensar o processo pedagógico de forma ampliada, antevendo as barreiras e


preparando a estrutura e os profissionais para atuar da melhor forma.

exemplos de práticas inclusivas adotadas nas escolas:

 Ambientes acessíveis
 Disponibilização de recursos e tecnologias especializados
 Salas multifuncionais ou salas de apoio
 Elaboração de aulas ativas que permitem a colaboração e cooperação entre os envolvidos
 Flexibilização e adaptação curricular em favor da aprendizagem
 Avaliações que considerem o processo e as habilidades desenvolvidas e não somente o
conteúdo.

Obviamente, para colocar tudo isso em prática, são necessários investimentos, além da
formação continuada de professores e de toda rede de apoio das escolas.

O que é escola regular?


Para fins de diferenciação, a chamada escola regular é aquela que a maioria dos alunos no Brasil
frequentaram ao longo de suas vidas.

Ela foi assim chamada por muitos anos para se diferenciar das escolas especiais, que faziam o
atendimento de crianças portadoras de necessidades específicas.

As escolas regulares são as que hoje devem receber todos os alunos, independente da deficiência,
promovendo a integração e proporcionando a eles um ambiente de convívio diverso.

Contudo, são necessárias mudanças para adotar as práticas inclusivas e os desafios ainda são
enormes, como veremos no tópico a seguir.

Pais, corpo docente, a direção da escola… todos precisam se envolver para criar um ambiente
inclusivo

Desafios da educação inclusiva


O primeiro desafio da educação inclusiva passa por formar uma rede de apoio nas escolas para
que ela seja implementada.
Isso começa com a sensibilização de funcionários, professores e alunos, sendo que as famílias
são um ponto crucial.

Muitos pais, completamente alheios à questão da diversidade, ainda sentem que seus filhos têm
seu aprendizado prejudicado quando um aluno especial está na sala.

Do outro lado, às vezes, os próprios pais de alunos com deficiência possuem barreiras culturais
e enxergam uma exposição desnecessária de seus filhos ao serem incluídos nas escolas regulares.

No fundo, temem que seus filhos sejam vítimas de bullying, rejeição e até abusos, o que se
esperaria de um ambiente não seguro e pouco preparado para acolher as necessidades de seus
filhos.

Essa quebra de paradigma só será possível com a própria escola incluindo os pais nos diálogos.

Então, se faz necessário explicar e demonstrar como todos saem ganhando com os novos
métodos de aprendizagem e apoio à diversidade.

O recomendado é que a rede de apoio da escola seja formada também por outros profissionais
fora da área pedagógica, como fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos e médicos.

Eles poderão utilizar as suas especialidades para orientar professores e pais, acompanhando a
evolução dos alunos que demandam cuidados especiais.

No dia a dia, dependendo da tarefa e das barreiras encontradas, o professor também deve contar
com apoio dentro da sala de aula, seja de um estagiário, monitor ou auxiliar.

Talvez você veja aí uma preocupação financeira, pensando no impacto desses recursos adicionais
sobre o orçamento escolar.

Ela é legítima, mas não é a única.

Desafios cultural e operacional

Para tornar a escola inclusiva, existem dois grandes desafios: um é cultural e o outro operacional.

O desafio cultural demanda tempo e sensibilização, para conseguir efetivar a mudança de


mentalidade.

O desafio operacional demanda investimentos financeiros, do governo e das escolas


particulares.

Nas escolas particulares, boa parte dos custos financeiros das mudanças é repassado para os pais
dos alunos.

Isso tem causado incômodo nas escolas, pois muitos questionam o fato de partilharem essa conta.
Esse tipo de pensamento e atitude reforça a necessidade de trabalhar com a família os pilares
de valores, diversidade e cultura, engajando-os na causa.

Na outra ponta, em muitas escolas públicas, faltam verbas para implementar todas essas
mudanças.

Talvez seja por isso que, mesmo após 8 anos do PNE de 2011, muitas escolas no Brasil ainda
estão completamente fora desse contexto de inclusão.

Por força de lei, aceitam o aluno, mas o marginalizam internamente de forma velada.

O tema da educação inclusiva precisa de mais espaço e ações

FUNDAMENTOS DA EDUCACAO ESPECIAL

A inclusão de portadores de deficiência é um dos mais complexos temas atualmente discutidos


no cenário atual.

Entretanto, o avanço é gradativo, e com isso cresce o desafio de garantir uma educação de
qualidade a todos sem distinção, pois incluir alunos considerados “diferentes” no sistema
comum de ensino requer não apenas a aceitação das diferenças humanas, mas implica
transformação de atitudes, posturas, e principalmente em relação a prática pedagógica, sendo
necessário a modificação do sistema de ensino e a organização das escolas para que se ajustem às
especificidades de todos os alunos.

A concepção da escola inclusiva deve reconhecer as diferenças humanas como normais e a


aprendizagem centrada nas potencialidades do sujeito, ao invés de impor aos alunos rituais
pedagógicos prestabelecidos.

É nesse contexto que a legislação brasileira garante


indistintamente a todos os direitos a escola, em qualquer nível de ensino, e prevê, além disso, o
atendimento especializado à crianças com necessidades educacionais especiais. Assim, a
viabilidade da inclusão dos alunos com necessidades especiais no sistema regular de ensino
requer o provimento de condições básicas como reformulação de programas educacionais e
formação permanente dos profissionais envolvidos.
De acordo com a Declaração Internacional sobre Inclusão de 5 de julho de 2001, representantes
de várias partes do mundo, reunidos em Montreal, no Canadá, conclamam governos,
empregadores, trabalhadores e comunidade a se comprometerem com o desenho inclusivo e
aplicá-lo em todos ambientes, produtos e serviços para benefício de todos. Este fato propõe a
inserção dessas pessoas junto à sociedade, no que diz respeito ao acesso à escola e ao sobretudo
ao trabalho.

Atualmente busca-se transformar determinadas posturas observadas através da história das


sociedades, a partir de uma educação inclusiva. Nessa perspectiva, a idéia central da inclusão é
uma mudança na forma de entender a pessoa portadora de necessidades especiais, propiciando
uma “sociedade para todos”. (Sassaki, 1999).

Assim, com base na nova Lei de Diretrizes e Bases (9394/96), e o apoio a PPNEE (Pessoa
Portadora de Necessidades Educativas Especiais) o ensino regular e sua inserção na sociedade,
visa uma revolução de valores que exigem mudanças e adaptações na estrutura da sociedade e na
educação.

Para tanto, a escola Inclusiva busca seu espaço na Constituição Federal, de 1988, no Estatuto da
Criança e do Adolescente, de 13 de julho de 1990, na Lei de Diretrizes e Bases, Lei n.o 9.394/96,
na Declaração Mundial de Educação para Todos e Declaração de Salamanca, além de outras leis,
decretos e portarias, que garantam a todos direito à educação, colocando da importância das
instituições adequarem seus espaços, currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específica para atender às necessidades individuais dos alunos.

Por isso, as transformações e exigências do mundo atual requerem mudanças da escola, para
que a mesma possa oferecer aos seus alunos qualidade de ensino a que têm direito. Assim, para
que cada escola possa melhorar seu trabalho em direção a um ensino de qualidade e inclusivo, é
preciso repensar e ressignificar a escola dentro do novo contexto social. Dessa forma, a
educação inclusiva torna-se um instrumento para a construção de uma sociedade mais justa e
igualitária, o que faz urgente identificar as causas que estão favorecendo a exclusão de grande
contingente populacional sabendo-se que o princípio da equidade reconhece a diferença e a
necessidade de haver condições diferenciadas para o processo educacional, tendo em vista a
garantia de uma formação de qualidade para todos.

Sassaki (1999) menciona que a inclusão é um processo que contribui para a construção de um
novo tipo de sociedade através de transformações nos ambientes físicos, espaços internos e
externos, utilização e adaptação de equipamentos, meios de transporte e transformação da
mentalidade da sociedade.

Este autor ainda evidencia como em diferentes sociedades as práticas educacionais e sociais,
voltadas aos deficientes, seguiram caminhos parecidos, incluindo: a exclusão, a segregação
institucional, a integração social e inclusão social. Estas fases não seguem uma evolução linear,
pois hoje se observa ainda, práticas de exclusão e segregação direcionadas a grupos sociais, bem
como propostas de inclusão sendo realizadas em diversas regiões.
A inclusão escolar, segundo Sá (1999), desloca a centralidade do processo para a escola, tendo
por princípio o direito incondicional à escolarização de todos os alunos nos mesmos espaços
educativos, que produz uma inversão de perspectiva no sentido de transformar a escola para
receber todos os educandos com suas diferenças e características individuais.

Nesse sentido, a escola precisa oferecer orientações para facilitar o trabalho em sala de aula
como: falar com voz clara, usando articulação e intensidade normais, entonações ricas e muita
expressão facial, falar de frente para a criança sem andar pela sala, usar sentenças simples,
repetir se for necessário, utilizar recursos visuais, colocar o aluno em local adequado e bem
iluminado. Adaptar os conteúdos, tornando-os mais acessíveis, explicitando os vocabulários e
linguagem técnica, fornecer dicionários, utilizar sinônimos e antônimos, comparações e
ilustrações, reformular conceitos, proporcionar momentos de leitura e interpretação de texto e
situações de observação, realizar aulas práticas, utilizar esquemas e ilustrações dramatizar e
realizar teatros, realizar avaliação diferenciada, com exercícios práticos e objetivos, oferecer
maior tempo para a realização da avaliação e adotar processos contínuos para avaliar o aluno.

Considerando-se que a inclusão é um processo e que estão sendo superadas algumas etapas,
como a falta de conscientização dos professores, observa-se que os alunos estão sendo melhor
preparados para a vida adulta e compreendem que são diferentes, mas não inferiores. Com o
trabalho do setor pedagógico, cria-se um elo entre escola regular e escola especial, onde as
orientações, esclarecimentos e estratégias, vem favorecendo todos os professores, alunos e
comunidade em geral.

Portanto, a inclusão é um fato e sua proposição é fruto de um objetivo maior que é o ensino de
qualidade para todos, independente de suas potencialidades e limitaçoes. A educação tem hoje
como grande desafio ressignificar suas prátocas, com foco no ser humano no propósito de
humanizar.

O que é a Educação Especial?


A Educação Especial é definida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
como a modalidade de ensino destinada aos “educandos com deficiência transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”.

Por isso, ela tem práticas pedagógicas específicas, que são destinadas a crianças com alguma
deficiência. Ela pode ser oferecida tanto em escolas de ensino regular como em colégios
especializados. 

No caso das instituições especializadas, os professores possuem formação complementar e, em


geral, há equipamentos para atender algumas demandas específicas dos alunos. Porém, essas
escolas são criticadas por não promover o convívio entre as crianças, independente das condições
físicas ou cognitivas que elas tenham. 

O que é a Educação Inclusiva?


A Educação Inclusiva é uma educação voltada para o senso de pertencimento dos alunos. Nesse
sentido, o ser diferente é normal, já que cada aluno é único e, por isso, diferente.

 A Educação Inclusiva se baseia em uma cidadania global, que inclui a todos, sem preconceitos.
Assim, o aluno com deficiência interage com os demais alunos, e eles, por sua vez, aprendem
que também fazem parte da diferença, já que ninguém é igual a ninguém.

Cabe destacar que a diversidade, em si, não caracteriza uma Educação Inclusiva. Uma escola
pode ser um espaço diverso, que acolhe crianças com diferentes vivências e realidades, mas ela
só será inclusiva se desenvolver um senso de pertencimento e de participação entre os seus
alunos. 

Qual é a relação entre a Educação Especial e a Educação


Inclusiva?
Como vimos, a Educação Especial é uma modalidade de ensino que se destina a alunos com
alguma deficiência. Já a Educação Inclusiva é aquela que desperta o senso de pertencimento
entre os alunos, ensinando eles a conviverem com a diferença.

Mas, existe alguma relação entre elas? Sim. A Educação Especial Inclusiva é quando se
desenvolve métodos que podem se aplicados tanto a alunos com alguma deficiência quanto a
alunos que não tenham.

Por exemplo, em um evento escolar ela acontece quando há atividades que podem ser feitas por
todos os alunos, sem qualquer distinção. Por isso, uma palavra-chave para descrever a Educação
Inclusiva é “equidade” – quando as pessoas são tratadas de acordo com as suas necessidades.

Literatura inclusiva: uma estratégia para ensinar a


pertencer
A Educação Especial Inclusiva possui metodologias próprias e requer profissionais qualificados
para ser bem-sucedida. Nesse contexto, uma estratégia é usar a literatura como ferramenta para
efetivá-la.

A escritora Janine Rodrigues, 38 anos, é autora de diversas obras infantis com conteúdo voltado
para a diversidade e que são antirracistas e antibullyings.

Para Janine, a literatura cria conexões entre o texto e o leitor, ainda mais na infância, quando
“essa conexão é ainda mais forte. Não é a toa que a gente lembra dos nossos personagens mais
queridos da infância. Isso acaba imprimindo na gente uma coisa muito forte, que é essa memória
com os personagens”, explica.
A escritora afirma que a literatura é uma opção para abordar temas que, aparentemente, são
difíceis para uma criança, ajudando ela a se relacionar com os outros e com o mundo ao seu
redor.

“Trabalhar esses temas que são mais difíceis ou temas que a sociedade enxerga como tabus. E
criando esses temas, esses personagens, você vai criando laços e abrindo caminhos”, esclarece.

Além de escritora, Janine também fundou a Piraporiando, uma empresa que desenvolve
conteúdos voltados para uma educação inclusiva. Para Janine, o sentimento de pertencimento é o
segredo para se ter garantir a inclusão de todos os alunos no ambiente escolar.

Conclusão
O tema educação inclusiva é amplo, envolve muitos agentes e requer dedicação não somente do
poder público e escolas, mas principalmente da sociedade.

O primeiro passo para as instituições de ensino seguirem adiante é ter clareza sobre quais são os
objetivos que perseguirão e como alinhar isso ao plano pedagógico da escola.

Depois é necessário desdobrar esse plano em ações de engajamento com as famílias e


comunidade.

Por fim, calcular e programar os investimentos financeiros necessários para as mudanças


estruturais, aquisição de novos recursos e treinamentos de funcionários.

A verdade é que o Brasil, como sociedade, ainda precisa evoluir muito na questão da inclusão.

Ao lado da diversidade, o tema é frequentemente debatido em empresas, mas não abordado


desde cedo nas escolas.

Uma vez que isso mude e se torne uma realidade no país, será natural que essas crianças tenham
uma maior empregabilidade no futuro.

REFERÊNCIAS

 CARDOSO. Jarbas José. Planejamento e avaliação educacional/Jarbas José Cardoso,


Antônio Elísio Pazeto. – 2.ed. –Florianópolis: UDESC/CEAD, 2003. 98p.: il. (Caderno
Pedagógico: I)
 CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE EDUCAÇÃO DE ADULTOS. (v: 1997:
Hamburgo, Alemanha). Declaração de Hamburgo: agenda para o futuro. Brasília:
SESI/UNESCO, 1999. 67p.
 FARIA. Wendell Fiori de. Educação de Jovens e Adultos: pedagogia/Wendell Fiori de
faria. – São Paulo. Pearson Education do Brasil, 2009.
 LOCATELLI. Adriana Cristine Dias. Fundamentos da Educação Especial:
pedagogia/Adriana Cristine Dias Locatelli, Edilaine Vagula. – São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2009.
 MANFREDI, Silvia Maria. Política: educação popular. São Paulo. Ed. Símbolo. 1978.
 OLIVEIRA. Lídia Lágua de. EJA: Educação de Jovens e Adultos: Língua Portuguesa,
matemática/Lídia Lágua de Oliveira, Luís Roberto Dante: (ilustrações de Amilton
Ishikawa). – 1a ed. – São Paulo: Ática, 2007.
 SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação, Ciência e Tecnologia. Proposta
Curricular de Santa Catarina. Estudos Temáticos. Florianópolis: IOESC, 2005. 192p.
 SILVA. Samira Fayez Kfouri da. A ação docente e a diversidade humana:
pedagogia/Samira Fayez Kfouri da Silva, Sandra Regina dos Reis Rampazzo, Zuleika
Aparecida Claro Piassa. – São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
 WINYZ. Ferreira B. MARTINS. Regina Coeli B. De docente para docente: práticas de
ensino e diversidade para educação básica. São Paulo: 1a edição: Summus Editorial,
2007. 128p

Bibliografia

BRASIL. Resolução nº 2, de 11 de setembro de 2001.


Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na
Educação Básica. Brasília: CNE/CEB, 2001.
BRENNAN (1988) in: CORREIA, L.M. Alunos com
necessidades educativas especiais nas classes regulares.
Porto. Porto Editora, LDA. 1999.
CAMPOS, Luciana. Resiliência & habilidades Sociais:
reflexões acerca de suas articulações e deus
desdobramentos na escola e na vida. Luciana Campos
(Org.). – 1ª edição: Curitiba: Appris, 2014.
DA ROSA, Rejane Souza. A inclusão escolar de alunos
com necessidades educativas especiais em escola de
ensino regular. Contemporânea - Psicanálise e
Transdisciplinaridade, Porto Alegre, n.06, Abr/Mai/Jun
2008, p. 214 -221.
LIBÓRIO, Renata Maria Coimbra; SILVA, Divino José da.
Valores, preconceitos e práticas educativas. Renata Maria
Coimbra Libório; Divino José da Silva (Org.). – São Paulo:
Casa do Psicólogo, 2005.
NOGUEIRA, Mário Lúcio de Lima; OLIVEIRA, Eloisa da
Silva Gomes de; SÁ, Márcia Souto Maior Mourão.
Legislação e políticas públicas em Educação Inclusiva. -
2ª edição. – Curitiba: IESDE, Brasil, 2009.      
PESSOTTI, Isaias. Deficiência Mental: da superstição à
ciência. São Paulo: T.A. Queiroz.  Ed. da
Universidade de São Paulo, 1994. 
MRECH (1998). In: Ministério da Educação Secretária de
Educação Especial a Inclusão escolar de alunos com
Necessidades Educacionais Especiais e deficiência física.
Brasília – DF. 2006.
BERETA, Mônica Silveira; Patrícia Beatriz de Macedo
Viana. Os benefícios da inclusão de alunos com
deficiência em escolas regulares. Revista pós-graduação:
desafios contemporâneos v.1, n. 1, jun/2014.
BRASIL. Presidência da república: Casa Civil. Subchefia
para Assuntos Jurídicos.

Você também pode gostar