Rio de Janeiro
Março de 2019
USO DOS REQUISITOS DA NORMA NBR ISO 45001 COMO FERRAMENTA PARA A
GESTÃO DA SEGURANÇA E DA SAÚDE EM OBRAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Examinado por:
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Rio de Janeiro
Março de 2019
Telles, Vítor Magno Pereira de Góes.
98 p.
Orientador: Jorge dos Santos
Projeto de graduação – UFRJ/ Escola Politécnica /
Curso de Engenharia Civil, 2019.
Referências bibliográficas: p. 94-98.
1. Considerações Iniciais. 2. Revisão Bibliográfica. 3.
Discussão e Resultados. 4. Considerações Finais. 5.
I. Jorge dos Santos. II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.
Uso dos requisitos da norma NBR ISO 45001 como
ferramenta para a gestão da segurança e saúde em obras
da construção civil
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais, Rodolfo e Isabel, e minha irmã, Vitória, que
sempre me apoiaram ao longo de toda a essa caminhada e que, mesmo com dificuldades,
nunca deixaram faltar carinho e atenção. Agradeço por todas as oportunidades que me
proporcionaram e pelo suporte incondicional em minhas decisões. Com vocês aprendi que
mais do que conhecimento, é importante ter caráter, ética e fazer sempre o meu melhor,
independente das circunstâncias.
Aos meus amigos, agradeço pela atenção, carinho e companheirismo pois, mesmo
que muitas vezes estivessem fisicamente distantes, sempre se fizeram presentes em todos
os momentos importantes de minha vida. Agradeço e dedico este trabalho, especialmente,
ao meu grande amigo Gustavo Barud, que me mostrou o verdadeiro sentido de coragem e
perseverança mas que, infelizmente, não está mais entre nós.
iii
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Uso dos requisitos da norma NBR ISO 45001 como ferramenta para a gestão da segurança
e da saúde na construção civil
Março/2019
iv
Abstract of Undergraduate Thesis presented do the Polytechnic School/ UFRJ as part of the
requisites for the degree of Civil Engineer
Use of NBR ISO 45001 standard’s requisites as an occupational health and safety
management tool in the construction industry
Março/2019
This work aims presents a set of tools and good practices based on ISO 45001 requisites
that can support occupational health and safety management. This work was developed in a
three-part literature research. Initially, the concepts, laws, ordinances and safety standards
related to construction industry activities were identified, as well as current practices of the
sector. Next, OHS certification and conformity standards are presented, introducing the
OHSAS 18001 standard, its industry impacts, evolution and later substitution. Subsequently,
the ISO 45001 safety standard is introduced, as well as its methodology, objectives, the main
changes from the previous standard, the certification process, requisites, compliance forms
and application context. A total of 19 management tools are presented, each individually
defined, with described objectives, areas of application and implementation instructions, as
well as examples of their use in the construction industry, structure formatting suggestions
and possible modifications for use in organizations of different sizes. The analysis shows that
due to the high integration level between the ISO 45001 and other ISO standards, the
application of quality and environment management tools is viable and can be as simplified
or complex as necessary, and that because of the construction industry’s characteristics, the
planning, monitoring and continuous improvement processes are essential do the success of
the safety management systems.
v
SUMÁRIO
vii
LISTA DE FIGURAS
viii
LISTA DE QUADROS
ix
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
x
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Para Choe e Leite (2017a), a melhor forma de realizar a gestão de SSO é atuar
preventivamente, no entanto, a construção civil apresenta um dos piores históricos de SSO
dentre todos os setores da indústria (BENITE, 2004; CHOE; LEITE, 2017a).
Assim observa-se o cenário atual vivido pelo setor, principalmente no Brasil, onde
frequentemente são empregadas medidas de prevenção e controle de riscos ineficientes
que aliados aos escassos treinamentos e sensibilizações resultam no grande número de
acidentes noticiados pelos meios de comunicação e apresentados na literatura publicada.
2
relativas às atividades da construção civil e as práticas usadas pelo setor para seu
atendimento. Em seguida foram estudados os modelos de conformidade, sua aplicação no
cenário brasileiro e evolução até o padrão atual das certificações e sistemas de gestão
utilizados, analisando seus requisitos, desafios e benefícios associados.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.1. Conceituação
A legislação brasileira faz uso do termo Saúde e Segurança no Trabalho (SST) nas
diversas normas, leis, decretos e outros instrumentos afins. No entanto, exceto quando da
citação de texto legislativo, será adotado o conceito equivalente de Saúde e Segurança
Ocupacional (SSO) utilizado pelas normas ISO para os objetivos deste trabalho, a fim de
facilitar a associação com os requisitos da certificação.
2.1.2. Legislação
NR-8 - Edificações
NR-14 - Fornos
NR-17 - Ergonomia
NR-19 - Explosivos
A indústria da construção tem suas atividades regidas, inicialmente, pela NR-18, que
apresenta diversas diretrizes de caráter administrativo, organizacional e de planejamento
para a implantação de sistemas e medidas preventivas e de controle da SSO no ambiente
de trabalho, suas condições e processos produtivos associados (MINISTÉRIO DO
TRABALHO, 2018b). Segundo o item 18.1.2 da NR-18, são consideradas como atividades
da ICC:
Construção de Edifícios:
b) Construção de edifícios
Obras de Infraestrutura:
m) Perfurações e sondagens
n) Obras de terraplenagem
p) Instalações elétricas
s) Obras de acabamento
t) Obras de fundações
Deve-se devotar especial atenção para os casos em que a NR-18 faz referência a
outras NRs, quando a atividade em questão abrange outras áreas, tornando mandatórias as
exigências dessas outras normas. Por exemplo, o item 18.6.16, referente à execução de
fundações e escavações sob ar comprimido remete à NR-15 (Atividades e Operações
Insalubres), já o item 18.14.11, que trata do levantamento manual de cargas, cita a NR-17
(Ergonomia). Devem também ser observadas as instâncias em que a NR-18 modifica os
requisitos de outras normas regulamentadoras, como no item 18.33, que altera e apresenta
condições adicionais às previstas na NR-5 (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes)
no âmbito da construção civil (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2018b).
As diretrizes da NR-18 tratam não só das instalações físicas dos canteiros de obras,
mas também das documentações, e seus respectivos prazos e validades, e dos
8
treinamentos de mão de obra. Deve-se atentar também para os casos em que a atividade a
ser executada se enquadra em outra NR, mesmo que estas não sejam citadas diretamente
no corpo da NR-18 – por exemplo, quando da execução de serviços em altura ou da
utilização de maquinário ou equipamento mecânico, regidos pela NR-35 e NR-12,
respectivamente.
Fica disposto no item 18.3.1.1 da NR-18 que o PCMAT deve seguir às disposições
contidas na NR-9, que trata do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), cuja
função é, segundo o item 9.1 (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2017):
A NR-9, no item 9.1.5, define como riscos ambientais “os agentes físicos, químicos e
biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza,
concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde
do trabalhador” (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2017). São considerados como agentes
físicos os ruídos, vibrações, temperaturas extremas, vibrações anormais, radiações
(ionizantes ou não), infrassom e ultrassom. Como agentes químicos, consideram-se as
substâncias, compostos ou produtos passíveis de absorção por via respiratória, tais como
poeiras, fumos, neblinas, névoas, vapores ou gases, ou ainda aquelas que, devido o tipo de
exposição, possam ser absorvidas pela pele ou ingestão. Finalmente, como agentes
biológicos são listados os bacilos, fungos, bactérias, vírus parasitas, protozoários e outras
formas afins (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2017).
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Segundo o item 5.1 da NR-5 (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2011) a CIPA tem por
finalidade “a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar
compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde
do trabalhador”. A formação da Comissão e os benefícios associados são descritos em
detalhe nos itens 3.1.11 e 3.2.11 deste trabalho, respectivamente.
Destaca-se que quando do estudo legislativo, deve ser devotada especial atenção
para as atividades que serão desempenhadas pela organização no empreendimento ou
projeto, pois é possível que um conjunto de normas regulamentadoras sejam aplicáveis. Por
exemplo, a NR-35 – Trabalho em Altura, que fixa “os requisitos mínimos e as medidas de
proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a
execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou
indiretamente com esta atividade” (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2016b, item 35.1.1), é de
especial importância para a ICC (SANTIAGO, 2018), uma vez que grande parte das
atividades do setor são englobadas por ela – segundo o item 35.1.2, são considerados
trabalhos em altura as atividades exercidas a mais de 2,00m do nível inferior, passível de
risco de queda (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2016b).
A lei 8.213/1991 – lei geral da Previdência Social (BRASIL, 1991), define acidente de
trabalho, em seu artigo 19, como aquele:
São equiparados aos acidentes de trabalho aqueles ligados ao trabalho que, mesmo
não sendo causa única, tenham contribuído diretamente à morte do segurado, à redução ou
perda de sua capacidade laboral, ou causado danos que exijam tratamento médico para
recuperação; os sofridos no horário e local de trabalho por conta de atos de terrorismo,
agressão ou sabotagem cometidos por outros profissionais ou terceiros, ofensas físicas
intencionais devido a disputas de trabalho, atos imprudentes, de imperícia ou negligentes de
profissionais ou terceiros, bem como atos de pessoas privadas do uso da razão,
inundações, desabamentos, incêndios ou eventos fortuitos de força maior; as doenças
oriundas de contaminação acidental do segurado durante o exercício da profissão; e ainda
aqueles sofridos fora do horário e local de trabalho, quando da realização de atividades para
ou sob autoridade da empresa, cumprimento de ordem ou prestação de serviço para
benefício para frutos da empresa, e também durante viagens e cursos de capacitação
financiados pela empresa (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2015).
A NBR ISO 45001 (ISO, 2018a) estabelece um conjunto de termos importantes para a
definição de acidente de trabalho, sendo:
b) Perigo: “fonte com potencial para causar lesões e problemas de saúde (...)
danos ou situações perigosas, ou circunstâncias com potencial de exposição”
(ISO, 2018a, p. 5)
A partir desses termos, a ISO 45001 define como acidente os incidentes em que
ocorrem lesões e problemas de saúde, e como quase acidente (também referidos como
quase perda ou ocorrência perigosa) aqueles onde não ocorrem lesões e problemas de
saúde, mas existe potencial de ocorrência (ISO, 2018a).
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Durante o estudo foi constatado que a maior parte dos acidentes relatados ocorreram
por falha humana, por isso, logo após a ocorrência, o técnico de segurança presente no
local entrevista, de forma simples e particular, o funcionário acidentado – o diálogo busca
obter informações mais precisas sobre as causas do acidente, abordando não só as
questões intrínsecas ao entorno como também possíveis fatores socioeconômicos que
possam ter influenciado o trabalhador a se expor ao risco. O estudo de Silva e Mendonça
(2012) concluiu que a etapa da execução da estrutura concentra o maior número de
acidentes identificados nas obras.
2.2 Norma OHSAS 18001 como base para a edição da ISO 45001
De acordo com Conde (2003) o SGSSO proposto pela norma contém os elementos
essenciais ao gerenciamento dos processos e atividades da organização e, por isso, permite
sua aplicação em qualquer atividade industrial ou de serviços. Conde (2003) aponta,
adicionalmente, para a equivalência do modelo de gestão OHSAS para aquele proposto na
ISO 14001 – a única diferença sendo no seu enfoque. Enquanto a norma de segurança atua
nos efeitos internos à organização (acidentes, ocorrências perigosas, etc.), modelo da
norma ISO age nos efeitos externos das atividades da organização, como impactos
ambientais.
Durante sua vigência, a OHSAS 18001 foi o modelo de conformidade mais buscado
pelas organizações do mercado, segundo Lo et al. (2014), pois o processo de certificação
requer auditoria por uma organização independente. Atualmente a certificação foi
substituída pela ISO 45001, publicada em Março de 2018.
Apesar dessa divisão, assim como as outras normas ISO, as seções não devem ser
avaliadas isoladamente, mas sim como um ciclo interativo, uma vez que a norma é
estruturada com base na metodologia de melhoria contínua, conforme ilustrado na Figura 2
(os números entre parênteses apresentados na figura correspondem às seções da norma
englobadas em cada etapa do ciclo PDCA).
17
A oitava seção, Controle, trata da aplicação e execução daquilo que foi planejado,
sendo, segundo Cicco (2018), significativamente aprimorada em relação à certificação
anterior, chamando atenção para a utilização do conceito de hierarquia de controles
(detalhado no item 2.4.5 deste trabalho), bem como subitens específicos relativos à
aquisições e gestão de mudanças. Essa adição implanta no estabelecimento de processos
de avaliação de riscos relativos à cadeia de suprimentos da organização, desde
equipamentos até contratações e subcontratações, bem como os impactos (positivos e
negativos) das modificações associadas e previstas.
Darabont et al. (2016) destaca que a gestão de riscos é frequentemente uma das
dificuldades de implantação dos sistemas devido ao conhecimento incompleto sobre suas
potenciais consequências. Apesar dos profissionais de segurança serem capacitados na
identificação de tais problemas e consequências, a introdução de uma visão mais
estratégica no sistema proposto pela norma pode agravar essa dificuldade, pois necessita
que os gestores identifiquem também os riscos externos à organização (comum nos
sistemas de gestão da qualidade) e também aqueles associados às partes interessadas.
Como a ISO 45001 foi publicada recentemente, em Março de 2018, existem duas
formas de as organizações interessadas obterem a certificação. Fica estabelecido pelo
Fórum Internacional de Acreditação (IAF), em conjunto com o OHSAS Project Group e
Comitê ISO que as organizações já certificadas na OHSAS 18001 têm um prazo de 3 anos,
a partir da data de publicação da ISO 45001, para fazer a migração de seus sistemas para o
novo padrão. Já aquelas não certificadas podem buscar diretamente a certificação ISO
45001 (IAF, 2018).
as possíveis pendências e lacunas presentes no SGSSO que devem ser sanadas para o
atendimento dos requisitos. Em seguida, devem ser traçados os planos e medidas
necessários para tais. As organizações devem garantir que os profissionais e colaboradores
envolvidos possuam as competências necessárias para o bom funcionamento do SGSSO,
provendo os treinamentos e recursos necessários para sua capacitação sempre que
necessário, bem como sensibilizar as partes interessadas sobre tais (IAF, 2018).
Como a ISO 45001 substituiu a certificação OHSAS, conforme descrito no item 2.3.3
deste trabalho, as organizações ainda estão em processo de transição e adequação de seus
sistemas para o modelo novo, dessa forma ainda não existem dados publicados sobre o
número de certificações da ISO 45001.
Como o prazo de migração da certificação OHSAS para ISO 45001 ainda está em
vigor, conforme descrito no item 2.3.3 deste trabalho, ainda não existem dados publicados
sobre o número de empresas e organizações certificadas no novo padrão. Assim sendo,
neste item são apresentados os dados relativos à certificação OHSAS, uma vez que é
22
esperado que as organizações certificadas acatem o novo padrão internacional, bem como
sua contextualização perante as certificações ISO 9001 e ISO 14001.
Com base nas saídas cláusulas 4.1 e 4.2, a organização deve traçar seu SGSSO,
considerando também as atividades já planejadas e relacionadas ao trabalho, incluindo
todos os elementos que a organização influencia ou controla (como serviços, atividades,
produtos, etc.) que sejam relevantes à implantação e desempenho do sistema (ISO, 2018a).
Similarmente ao anterior, o requisito 6.2 é formado por dois subitens. O primeiro deles
trata do traçado dos objetivos. Estes devem ser consistentes com a política de SSO e
requisitos legais, ser mensuráveis ou capazes de avaliar o desempenho, congruentes com
as informações obtidas anteriormente (incluindo consulta aos trabalhadores e
representantes), monitorados, comunicados e atualizados (ISO, 2018a).
O segundo subitem trata do planejamento para atender aos objetivos traçados. Cabe a
organização determinar o que será realizado, os insumos associados, os responsáveis, seu
horizonte de conclusão, a forma de avaliação e indicadores associados e como tais ações
serão inseridas nos processos. Os objetivos e planos definidos devem ser mantidos como
informação documentada (ISO, 2018a).
26
Deve também ser dada aos funcionários a autonomia necessária para que se afastem
de situações que julguem apresentar perigo iminente à sua integridade física e protege-los
contra represálias indevidas por fazê-lo (ISO, 2018a).
Este requisito é subdividido em três partes. A primeira (7.4.1) trata dos aspectos gerais
que compõem o requisito. Nela fica determinado que a organização deve traçar, implantar e
manter os processos necessários à comunicação externa e interna das informações
relevantes ao SGSSO. Para tal, a organização deve determinar o que será comunicado,
para quem, quando e a forma de fazê-lo, levando em consideração as características dos
interessados e os possíveis requisitos envolvidos. As comunicações devem ser mantidas
como informação documentada, conforme necessário (ISO, 2018a).
Este item é dividido em três partes. A primeira (7.5.1) especifica que o SGSSO
estabelecido pela organização deve manter como informação documentada o especificado
pela ISO 45001, bem como as informações julgadas pela organização como necessárias ao
bom funcionamento e eficácia do sistema (ISO, 2018a).
A primeira subdivisão deste item (9.1.1) apresenta os requisitos gerais dos processos
para monitorar, medir, analisar e avaliar o desempenho do sistema. Cabe a organização
implantar tais processos, determinar os temas a serem medidos e monitorados – incluindo
cumprimento de requisitos legais e outros, atividades relacionadas aos riscos apontados
pelos estudos, realização e cumprimento de objetivos e eficácia dos controles – bem como
sua forma e periodicidade de realização, avaliação e critérios a serem aplicados (ISO,
2018a).
seções anteriores e com a NBR ISO 19011 – Diretrizes para auditorias de sistemas de
gestão (ISO, 2018b), assegurando a imparcialidade dos auditores selecionados, a
comunicação adequada à todas as partes relevantes (internas e externas), o traçado de
medidas para correção de irregularidades e melhora contínua do sistema e documentação
dos resultados obtidos durante o processo (ISO, 2018a).
Faz parte desta análise crítica considerar o estado das análises anteriores, possíveis
mudanças internas e externas relevantes à organização e seu SGSSO – como requisitos e
expectativas de partes interessadas, requisitos legais, riscos, etc. – a eficácia da política e
objetivos de SSO e seu desempenho, verificando a ocorrência de incidentes, não
conformidades e ações tomadas, resultados de medições, monitoramentos e auditorias,
sugestões, comentários e participações dos trabalhadores e seus representantes, uso de
recursos e outros dados relevantes (ISO, 2018a).
requisito 5.4 da norma), visando sua prevenção em momentos futuros. As análises podem
ser feitas através de investigações ou revisões do evento ocorrido, busca por ocorrências
similares anteriores ou outros métodos relevantes aplicáveis (ISO, 2018a).
Por fim, o último requisito da norma prega que a organização deve continuamente
melhorar o SGSSO, sua adequação, suficiência e eficácia, visando a melhora de seu
desempenho, promovendo a cultura organizacional congruente aos objetivos do sistema, a
participação dos trabalhadores na implantação das ações de melhoria e mantendo-os
informados sobre os resultados de SSO relevantes. A informação relativa à melhoria do
sistema deve ser devidamente documentada como evidência de seu progresso (ISO,
2018a).
32
3. DISCUSSÃO E RESULTADOS
3.1.1. Generalidades
Definição:
Objetivo:
Aplicação:
Implantação:
Na primeira linha da matriz devem ser descritos os pontos fortes e fracos associados
ao tema estudado (considerando vantagens e desvantagens, práticas de mercado,
burocracia e custo associados, etc.). Já na segunda, devem ser incluídos os fatores
externos influenciadores – no caso de um SGSSO, podem ser observadas uma melhora das
capacidades de resposta aos riscos, do ambiente de trabalho, dificuldades relativas a
participação de trabalhadores, resistência à mudanças, etc. (CALADO, 2014).
34
Deve-se, no entanto, dar atenção especial para a combinação dos itens de ameaça e
fraquezas, pois frequentemente estes serão os pontos determinantes ao sucesso ou
35
fracasso do sistema – no caso da análise voltada à SSO, serão os pontos com maior
necessidade de enfoque dos esforços de prevenção e correção. No exemplo da Figura 4,
têm-se as combinações entre os riscos de aumento de burocracia e identificação de riscos e
necessidades, bem como da limitação financeira da organização e os custos de
treinamentos e substituição de insumos e processos. Neste caso, podem ser utilizadas,
como exemplos de ações mitigadoras, o uso de treinamentos on the job (durante a
execução do trabalho) associados a listas de verificação para auxiliar a eficiência dos
treinamentos e utilização de recursos. Similarmente, a organização pode optar por implantar
o SGSSO gradualmente, atuando primeiro nas áreas de maior facilidade.
A Matriz SWOT deve ser desmembrada para cada área da organização de forma que
sejam calculados o grau de risco de cada setor – essa subdivisão é feita pois os riscos e
oportunidades podem variar de acordo com os setores específicos, bem como sua
exposição aos mesmos. Assim sendo, uma boa prática para a implementação da ferramenta
é elaborar uma segunda matriz contendo as diferentes situações levantadas na Matriz
SWOT associando-as aos principais setores do organograma da empresa que devem
intervir. Os setores definidos como responsáveis para a situação encontrada devem realizar
a análise de risco de acordo com suas características próprias e traçar os planos de ação
necessários para reduzir o risco ou potencializar a oportunidade.
RECURSOS
SITUAÇÃO POTENCIAL DIREÇÃO SUPRIMENTOS PRODUÇÃO
HUMANOS
A situação potencial “equipe jovem” pode ser uma ótima oportunidade para a empresa,
assim como, se não trabalhada adequadamente, pode se tornar uma ameaça. Pode-se citar
como exemplo de medidas potencializadoras a formação de equipes de trabalho incluindo
estes profissionais, por parte do setor de Produção, para que eles aprendam com as
experiências dos outros membros e desenvolvam sua maturidade de gestão. Da mesma
forma, o setor de Recursos Humanos deve agir ativamente para a disseminação da cultura
de segurança destes profissionais, através de treinamentos e palestras, monitorar seu
desenvolvimento e corrigir eventuais comportamentos indesejados – por exemplo, através
36
Definição:
Objetivo:
Aplicação:
Implantação:
Definição:
Segundo Sakurada (2001), as Árvores de Falha são uma forma de análise baseada no
modelo Top-Down (de cima para baixo). Nessa metodologia, a ocorrência ou situação
indesejada é chamada de evento de topo, sobre o qual é aplicada uma abordagem lógico-
dedutiva para buscar as possíveis fontes ou combinações de fatores que causam seu
acontecimento. A Figura 6 ilustra a aplicação da AAF para determinar as causas de um
incêndio.
38
Objetivo:
Aplicação:
Implantação:
Para cada causa ou evento intermediário identificado, deve-se repetir a análise até
que não seja possível identificar novas causas (ou que existam dados objetivos e
quantitativos sobre sua existência). Uma vez traçada a Árvore, deve-se definir o
relacionamento entre os eventos, identificando a necessidade de ocorrência simultânea ou a
independência entre as causas – para isto, é usado um Portão (BENITE, 2004; SAKURADA,
2001).
No exemplo da Figura 6, são apresentados por Benite (2004) duas causas diretas (ou
de primeiro nível hierárquico) – “fonte de ignição no ambiente” e “presença de material
combustível”. Em seguida, são identificadas as potenciais causas dos eventos de primeiro
nível, obtendo-se “fontes de calor” e “ocorrência de curto circuito” para o evento de fonte de
ignição. Neste caso, Benite (2004) considerou estas como sendo as causas base de um dos
segmentos da árvore.
Já os eventos de primeiro nível são vinculados pelo portão “E”, destacando que ambas
as falhas devem ocorrer ao mesmo tempo para que o evento de topo seja possível. Por fim,
Benite (2004) institui o evento inibidor “presença de oxigênio”, delimitando que somente
ocorrerá um incêndio se, e somente se, existir oxigênio no ambiente.
Definição:
Objetivo:
Aplicação:
Implantação:
Todos os riscos devem ser indexados de acordo com uma numeração ou código
pertinente de forma a facilitar o entendimento dos resultados. No exemplo apresentado,
utilizou-se uma combinação das iniciais da área, um dígito para o risco e um digito para o
dano associado, sendo assim o código “CA.1.2” corresponde serviços de carpintaria, risco
de lesões e ferimentos associado a amputamento (dano).
Nos grupamentos de Perigo e Risco, deve-se atentar para sua distinção. Perigo
corresponde à situação perigosa com potencial para exposição (como trabalho em altura).
Já Risco diz respeito à incerteza e sua consequência, ou seja, o incidente que pode ocorrer
devido à situação perigosa (no caso de trabalho em altura, tem-se o risco de queda).
situação perigosa for abordada ou regulamentada pela legislação vigente, estas devem ser
descritas na coluna específica. Conforme o exemplo apresentado, a organização pode optar
pela utilização de fôrmas metálicas ou pela compra de material sob medida (mudança de
insumo ou tecnologia).
Definição:
Objetivo:
Aplicação:
Implantação:
As três entradas seguintes são os componentes de uma Matriz PGU, onde é calculado
o grau de urgência associado ao risco específico. As entradas devem ser feitas de acordo
com uma escala – comumente utilizam-se três níveis (alto, médio e baixo) para a
probabilidade e gravidade, cada um associado a um valor numérico (3, 2 e 1,
respectivamente) – que deve estar de acordo com a política e objetivos do sistema de
segurança.
Benite (2004) sugere classificar a probabilidade de ocorrência dos riscos como alta,
média ou baixa e associar suas gravidades ao tipo de dano, como morte e lesões
debilitantes (alta), pequenas lesões e doenças ocupacionais (média) e danos materiais
(baixa). A organização também pode definir sua própria escala em função do seu próprio
histórico de acidentes e quase-acidentes.
Definição:
A Análise de Modos e Efeitos de Falha (FMEA), do inglês Failure Mode and Effect
Analysis, é uma ferramenta com foco preventivo que visa a identificação e entendimento dos
mecanismos de falha atuais e potenciais de um determinado dispositivo ou componente
(FERNANDES; REBELATO, 2006). A ferramenta pode ser utilizada através de uma planilha,
conforme exemplificado pelo Quadro 7.
ITEM COMPONENTE FUNÇÃO FALHA EFEITO PROB. GRAVIDADE DETECÇÃO RISCO AÇÃO
Quadro 7: Análise de Modos e Efeitos de Falha
Fonte: Autor
Objetivo:
Aplicação:
Implantação:
ITEM COMPONENTE FUNÇÃO FALHA EFEITO PROB. GRAVIDADE DETECÇÃO RISCO AÇÃO
QUEDA INSP. VISUAL (USO)
MOSQUETÃO EM 3 7 2 42 INSP. AMOSTRAGEM
ALTURA (MENSAL)
utiliza-se 0 para o método mais eficiente (que detecta 100% das falhas) e 10 para o menos
eficiente – essa alteração permite considerar que o risco de ocorrência da falha é reduzido
conforme a efetividade do controle empregado.
O cálculo do risco é feito pela multiplicação dos índices apresentados nas colunas
Probabilidade, Gravidade e Detecção. Por fim, devem ser listadas na coluna Ação as
medidas preventivas e mitigadoras traçadas para cada modo de falha identificado – no
exemplo, para controlar as falhas nos mosquetões indicam-se a realização de inspeções
visuais do elemento antes da realização da atividade e inspeções por amostragem mensais.
Definição:
IDENTIFICAÇÃO CONTROLE
Item Âmbito Órgão Tipo Nome Objeto Requisitos Cumprimento Plano Monitoramento
Quadro 9: Planilha de Requisitos Legais
Fonte: Autor
Objetivo:
A identificação e monitoramento dos requisitos legais aos quais uma organização está
sujeita é uma tarefa complexa, frequentemente subcontratada à uma terceira parte externa
especializada. Uma das formas de se exercer este controle de forma interna à organização
é através da elaboração de uma planilha contendo as principais informações sobre as
legislações e requisitos pertinentes.
Aplicação:
Implantação:
da planilha deve ser feito de forma tão detalhada quanto a organização julgar necessário,
prezando sempre pela organização e objetividade das informações. O Quadro 10 ilustra a
aplicação da planilha.
IDENTIFICAÇÃO CONTROLE
ITEM ÂMBITO ÓRGÃO TIPO NOME OBJETO REQUISITOS CUMPR. PLANO MONITORAMENTO
Elaboração, implementação e
Inspeção de registros durante
manutenção do programa de
auditorias internas
prevenção de riscos ambientais,
(semestral), divulgação de
englobando, no mínimo, o
dados relevantes no boletim
1 Federal MTE Norma NR - 9 PPRA planejamento anual (metas, Sim -
da empresa (semestral) e
prioridades e cronogramas), plano de
avaliação crítica do programa e
ações, modo de registro, manutenção
sua eficácia pela alta direção
e divulgação de dados e
(anual).
periodicidade e forma de avaliação.
Definição:
Objetivo:
Aplicação:
Implantação:
A organização do quadro pode ser tão detalhada (ou simplificada) quanto necessário
para o atendimento dos objetivos da organização. No modelo adaptado de Benite (2004),
49
ENGENHEIRO DE
PROCESSO ATIVIDADE GESTÃO CIPA
SEGURANÇA
Avaliação de Receber
Auditoria Responsabilidade Responsabilidade
indicadores de Informações
Interna Primária (RP) Secundária (RS)
segurança (RI)
Receber
Mapa de Elaboração e Responsabilidade Responsabilidade
Informações
Riscos Atualização Secundária (RS) Primária (RP)
(RI)
Quadro 12: Aplicação do Quadro de Responsabilidades
Fonte: BENITE (2004, p. 184), adaptado pelo Autor
Definição:
Objetivo:
Aplicação:
Implantação:
Cada entrada na planilha deve ser identificada com a numeração ou código definidos
pela organização na coluna Item. No exemplo, adotou-se uma indexação similar à utilizada
na APR (item 3.1.5), sendo o primeiro dígito, T, referindo que o código se trata de um
treinamento, seguido das iniciais da situação perigosa (sendo FC referente a ferramental
cortante) e finalizado com a numeração do risco. As colunas de Perigo e Risco devem
refletir as situações perigosas e riscos inerentes, respectivamente, identificadas na etapa de
análise.
51
Uma boa prática aplicada pelo setor são os Diálogos Diários de Segurança (DDS). A
prática consiste na realização de conversas diárias objetivas antes do início das atividades,
durante as quais o responsável pela equipe em questão aborda, de forma simples e
objetiva, os pontos principais sobre os serviços do dia (o que será feito e as práticas de
segurança associadas). Os diálogos possuem curta duração, em torno de 15 minutos, e visa
conscientização dos colaboradores.
Definição:
Aplicação:
O controle de aquisições faz parte do requisito 8.1.4 da ISO 45001 e auxilia na gestão
e minimização dos riscos relativos aos materiais e equipamentos utilizados, bem como a
colaboração de subcontratados e prestadores de serviços quanto aos objetivos de SSO da
organização.
52
Implantação:
A coluna Tipo deve apresentar os dados específicos sobre o objeto ou serviço que se
deseja adquirir.
Definição:
A NR-5 define a CIPA como uma comissão partidária constituída por representantes
dos empregados e dos empregadores que atua em prol da SSO. Os representantes dos
empregados são eleitos por voto secreto, enquanto os representantes do empregador são
apontados por ele (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2011).
Objetivo:
Aplicação:
Dessa forma, a CIPA se torna uma ferramenta importante para o bom funcionamento
do sistema e no cumprimento de todos os requisitos onde se faz necessária a participação
dos trabalhadores, atuando tanto como representante de seus interesses como facilitador
dos processos de comunicação e conscientização. A ferramenta pode ser utilizada em
conjunto ou integrar outras ferramentas de conscientização, como a Equipe Multiplicadora.
Implantação:
Ficam isentas de formar CIPA, segundo o item 18.33.4, as frentes cujas construções
não ultrapassem 180 dias. Neste caso, deve ser formada uma comissão provisória de
prevenção de acidentes, composta por pelo menos 1 membro efeito e 1 suplente eleitos
para cada grupo de 50 funcionários (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2018b).
Mais de
Empreg. 10000
x 0 51 81 101 121 141 301 501 1001 2501 5001
somar
Grupo a a a a a a a a a a a
Membros para
50 80 100 120 140 300 500 1000 2500 5000 10000
da CIPA cada
2500
Efetivos 2 2 4 4 4 4 6 8 10 12 2
C-18
Suplentes 2 2 3 3 3 4 5 7 8 10 2
Efetivos 3 3 4 4 4 4 6 9 12 15 2
C-18a
Suplentes 3 3 3 3 3 4 5 7 9 12 2
Quadro 18: Número de membros da CIPA por atividade e número de empregados
Fonte: MINISTÉRIO DO TRABALHO (2011, p.7 e 8), adaptado pelo Autor
56
Definição:
Item Tipo Nome Versão Emissão Responsável Aprovação Cópia Validade Caminho Descarte
Quadro 19: Planilha de Documentos
Fonte: GONÇALVES et al. (2012, p. 9), adaptado pelo Autor
Objetivo:
Aplicação:
Implantação:
ITEM TIPO NOME VERSÃO EMISSÃO RESPONSÁVEL APROVAÇÃO CÓPIA VALIDADE CAMINHO DESCARTE
Destruição
(C:)/ Obra 1/
Gestor de cópia
Documentos/
física após
Rel. de Relatorios/
Eng. Eng. atualização.
RIN.EPC.1 Rel. Inspeção 1 24-01-19 - 24-07-19 Inspeções
Segurança Oper.
de EPC
Manter
Pasta de obra
CIPA cópias
(Sala Eng.)
digitais.
Definição:
Objetivo:
Aplicação:
A elaboração de planos para atender e reagir a emergências faz parte do requisito 8.2
da ISO 45001 e constitui requisito legal no Brasil, conforme a lei Nº 13.425 de 30 de Março
de 2017 (BRASIL, 2017).
Implantação:
INICIO 1
A EMERGÊNCIA
ACIONAR EQUIPES NÃO
PODE SER CONTROLADA EMERGÊNCIA
DE MANUTENÇÃO
PELO PRÓPRIO CONTROLADA?
E MEIO AMBIENTE
NÃO USUÁRIO DA ÁREA?
SIM
EQUIPE SIM
COMUNICAR EQUIPE E
LIBERAR A ÁREA
UTILIZAR RECURSOS
TÉCNICO DA ÁREA EQUIPE
2
REGISTRAR ACIDENTE
AVALIAR O NÍVEL
DE EMERGÊNCIA
EQUIPE FIM
Definição:
Objetivo:
Aplicação:
Implantação:
Assim como nas outras etapas do SGSSO, os processos de auditoria devem fazer
parte da avaliação crítica pela alta direção, sendo modificados conforme necessário, visando
sempre a melhoria contínua de todo o sistema. Recomenda-se que a definição dos
programas seja realizada em conjunto com o Quadro de Auditorias, para facilitar o controle
de informações e comunicação.
Início
Quando da definição dos objetivos das auditorias internas, podem ser considerados as
oportunidades de melhoria do sistema e seu desempenho, a capacidade da organização de
determinar seu contexto, riscos e oportunidades, bem como a definição e implementação de
medidas relevantes a tais, conformidade com requisitos legais e outros, alinhamento dos
objetivos do sistema com a visão estratégica da empresa, entre outros (ISO, 2018b).
Ao longo da definição de todo o processo, deve-se atentar para que o programa seja
consistente com o planejamento estratégico da organização, a política de SSO e seus
objetivos, levando em consideração as necessidades das partes interessadas, as
características dos processos, produtos e previsão de modificações nestes, os requisitos do
sistema, os riscos associados à organização e resultados de auditorias anteriores (ISO,
2018b).
Definição:
Objetivo:
Aplicação:
É comum que as auditorias façam uso das Fichas de Verificação para facilitar a
objetividade da coleta de dados.
Implantação:
Houve Não
Observar Seguir para próxima
Início comportamento ou
profissional área
situação insegura?
Sim
Definição:
Trata-se de uma tabela onde são agrupados os dados sobre os incidentes ocorridos
na organização. Nas investigações sobre as ocorrências relacionadas à SSO, é possível
obter um conjunto de dados preciso sobre o incidente, suas causas e sobre as atividades
relacionadas. O Quadro 21 apresenta um modelo do Quadro de Incidentes voltado para a
segurança ocupacional.
Mão de
Item Ocorrência Gravidade Fonte Caminho Local Área Serviço Data
obra
Quadro 21: Quadro de Incidentes
Fonte: Autor
Objetivo:
Aplicação:
Implantação:
MÃO DE
ITEM CLASSE OCORRÊNCIA DANO FONTE CAMINHO LOCAL ÁREA ATIVIDADE DATA
OBRA
(C:)/ Obra 1/ Bloco 1 - Serviços
Acidente com Queda em Lesão física Pintura (altura
AA.01 Pintor CAT 07 Documentos/ Fachada de 08-01-19
Afastamento altura (fratura) maior que 3m)
CAT/ norte Fachada
Queda de
(C:)/ Obra 1/
ferramental Armação
Situação Documentos/ Bloco 2 - Assentamento
SP.01 em altura - Servente RAC.ARM.3 de 10-01-19
Perigosa Relatórios/ Pav. 3 de armadura
próximo a Pilares
Auditoria
transitantes
acidente com óbito, emergência, etc.). Já a coluna Ocorrência deve apresentar o evento em
si, como perfuração, queda em altura, choque elétrico, queda de ferramental e similares. Em
seguida deve-se descrever o dano causado pelo evento na coluna de mesmo nome –
quando não houver dano associado, como nos quase-acidentes, não preencher.
No segmento Mão de obra devem ser listados os potenciais afetados (no caso de
quase acidentes) ou aqueles lesionados pela ocorrência. Destaca-se que o indivíduo que
sofre lesão pode ser o mesmo que causou o acidente – por exemplo, no Quadro 20, verifica-
se um quase acidente gerado pela queda de uma ferramenta durante o assentamento de
armadura no terceiro pavimento sobre uma área por onde transitava um servente.
Sob o título Local, deve-se indicar o lugar específico onde o incidente aconteceu. Já
sob Área e Atividade, devem ser apresentadas as informações relativas ao serviço causa do
incidente, sendo a primeira entrada referente ao grupo e a segunda o serviço específico,
assim como feito na APR. Por fim, deve-se incluir a data do incidente.
Definição:
Segundo Souza (2014, p. 25) os mapas de risco são “uma forma de representar
graficamente os riscos em que os trabalhadores estão expostos”.
Objetivo:
Aplicação:
A NR-5 determina como obrigação da CIPA, no item 5.16, a elaboração dos mapas de
riscos, em conjunto com os trabalhadores da organização e com suporte do SESMT. Se a
organização não possuir CIPA, os mapas devem ser traçados por profissional capacitado de
SSO (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2011, p. 2).
Implantação:
Em seguida, deve-se definir uma escala de risco a ser utilizada nos mapas, atribuindo
índices numéricos aos dados de acidentes, que podem ser simplesmente o número de
ocorrências ou através da Matriz GUT, por exemplo. É importante que a mesma escala seja
utilizada para todos os mapas elaborados para a etapa analisada do empreendimento. O
somatório dos valores definidos proporciona um indicador quantitativo do risco das
diferentes áreas analisadas, permitindo a identificação de áreas críticas no empreendimento.
A Figura 15 apresenta um exemplo deste tipo de mapa – as cores verde, azul e vermelho
indicam, respectivamente, as áreas de risco baixo, médio e alto.
72
Definição:
Objetivo:
Aplicação:
Implantação:
O preenchimento dos campos do quadro deve ser feito de forma objetiva, para facilitar
o entendimento do leitor. O Quadro 24 apresenta um exemplo da ferramenta aplicada à ICC.
Definição:
Objetivo:
Aplicação:
Assim sendo, as fichas podem ser utilizadas no auxílio dos processos diversos
processos dos sistemas de gestão da ISO 45001, especialmente nos que dizem respeito ao
controle operacional e avaliação de desempenho (seções 8 e 9, respectivamente).
Implantação:
A descrição do item de análise pode variar de ficha para ficha, de forma a facilitar a
identificação do requisito ou critério necessário, por exemplo, o item “Chuveiros (quantidade
adequada)”, na seção de Sanitários da lista, pode apresentar detalhamento adicional,
especificando, conforme o requisito 18.4.2.4 da norma, a necessidade de 1 unidade de
chuveiros para cada grupo de 10 trabalhadores ou fração (MINISTÉRIO DO TRABALHO,
2018b).
Este tipo de detalhamento pode ser utilizado para evitar erros de preenchimento da
planilha, caso o usuário não possua conhecimento suficiente sobre o requisito, bem como
por erros de atenção. Similarmente, Benevenuto et al. (2013) apontam que esta subdivisão,
ou detalhamento, permite a identificação detalhada de desvios, quando da condução de
76
3.2.1. Generalidades
Assim sendo, neste item é desenvolvida uma análise dos resultados e benefícios da
aplicação das ferramentas de gestão no âmbito da construção civil como boas práticas de
SSO e como apoio para implantação dos SGSSO baseados na ISO 45001.
Uma das formas mais comuns para a identificação e análise de riscos e oportunidades
à nível estratégico é através da Análise SWOT. A abordagem simples e visual da ferramenta
facilita o entendimento dos potenciais benefícios e problemas associados ao objeto de
estudo pelo usuário, e pode ser empregada tanto no planejamento e tomada de decisão
como para analisar o cenário em que a organização está inserida. Segundo Nogueira et al.
(2017), apesar de muitos profissionais necessitarem de treinamentos focados no
planejamento estratégico de riscos e objetivos, a Análise SWOT possui grande aceitação
por parte destes usuários, devido à sua simplicidade.
O estudo das diferentes fases permite que sejam identificadas seções potencialmente
problemáticas do processo – como a utilização de insumos perigosos, riscos associados ao
procedimento, etc. – e auxilia no traçado de medidas preventivas. Comparativamente, o
entendimento dos conjuntos de etapas, ou do processo como um todo, auxilia na
sensibilização dos profissionais quanto aos possíveis riscos presentes, mesmo que estes
não possuam conhecimento técnico sobre a atividade – que pode ser particularmente útil no
planejamento estratégico do sistema, por exemplo, ao analisar o funcionamento dos
diferentes setores da organização.
O processo dedutivo empregado pela ferramenta visa apontar a causa primária (ou
conjunto de causas) que levam à falha analisada, além de proporcionar um entendimento
mais profundo do processo pelo profissional, tornando-a particularmente útil na identificação
de etapas problemáticas, e suas causas, nos fluxogramas.
A APR pode ser aplicada em todas as fases da atividade analisada, visando apontar
possíveis riscos e perigos associados às condições do ambiente no momento de execução
da atividade e de suas características próprias (SAMPAIO, 2015). De acordo com
Gonçalves et al. (2012), a etapa de identificação de riscos é fundamental ao sucesso do
sistema, uma vez que as medidas preventivas e de controle, bem como os programas de
treinamento são definidos à partir das saídas desta etapa. Quando da elaboração da APR,
pode-se fazer uso outras ferramentas – como os fluxogramas, árvores de falha e quadros de
prioridade – para complementar seus resultados e auxiliar na identificação dos riscos.
Além das questões internas ao SGSSO, a organização deve atentar também para
requisitos legais relacionados à aplicação da ferramenta, como o item 18.37.7.4 da NR-18
(MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2018b). Nele fica determinado que as atividades que
utilizem métodos ou soluções alternativas tem sua execução vinculada à realização de APR
e emissão de Permissão de Trabalho. Estes documentos devem trazer todas as
informações pertinentes aos treinamentos, processos produtivos, insumos, ferramental e
79
Deve-se utilizar a mesma escala para a classificação dos riscos, para que a
ferramenta proporcione um panorama real das áreas e serviços potencialmente
problemáticos da organização, podendo também ser utilizada como indicador qualitativo do
funcionamento do sistema, indicando os possíveis progressos na redução de riscos (para
isso, a ferramenta deve ser regularmente atualizada).
Por conta disso, a FMEA funciona bem em conjunto com outras ferramentas de
gestão, como os Fluxogramas e APRs e, especialmente, com as Árvores de Falha, uma vez
que suas saídas são interativos e complementares - enquanto a análise dos mecanismos de
falha auxiliam no preenchimento da AAF, o processo dedutivo empregado na AAF auxilia na
identificação de novos modos de falhas. A ferramenta também engloba o Quadro de
Prioridades durante a etapa do cálculo de riscos.
Apesar de poder ser feita de diversas formas (memorandos, manuais de serviço, etc.),
a definição de treinamentos e sua posterior apresentação em forma de tabela proporciona
um melhor entendimento por parte da gestão da empresa, assim como a identificação de
pendencias, revisões e atualizações dos programas (GONÇALVES et al., 2012).
Para reduzir o tempo de análise necessários para a aprovação dos itens de aquisição,
a organização pode buscar formar parcerias com fornecedores e empresas prestadoras de
serviço que possuam valores e objetivos congruentes, ou através de requisitos específicos –
por exemplo, terceirizar serviços para empresas que possuam SGSSO ou certificações
equivalentes, utilizar materiais de fornecedores com selos de qualidade e segurança, etc.
No entanto, deve-se devotar especial atenção para os conflitos internos gerados pela
estabilidade assegurada aos membros da CIPA pela legislação brasileira, que, segundo
Neto (2018b), é a fonte mais comum de falhas e dificuldades de implantação da ferramenta.
Os conflitos e comportamentos impertinentes podem existir em ambos os lados da
hierarquia organizacional. Por um lado, tem-se a ocorrência de membros que, após eleitos,
atuam em função de interesses individuais ou diminuem sua produtividade, por outro,
observa-se a presença de gestores que interferem no processo eleitoral a fim de manter o
controle sobre a comissão (NETO, 2018b).
O traçado das ações do PAE e sua implantação permitem que a organização atue
rapidamente nas áreas críticas afetadas pela ocorrência específica, agindo na prevenção de
danos aos presentes no local, ao meio ambiente e no entorno e minimizando danos ao
patrimônio da empresa. Contudo, a simples preparação do Plano não é suficiente, sendo
essencial que a organização atue ativamente para a sua implantação, promovendo
treinamentos práticos e simulações, capacitando os colaboradores nas áreas necessárias
ao sucesso do PAE e conscientizando todos os envolvidos sobre a sua importância.
Destaca-se, no entanto, que a simples avaliação do sistema não garante sua melhoria,
mas oferece à gestão e aos órgãos internos, como a CIPA, um conjunto de informações
detalhadas e pertinentes sobre ele, auxiliando na tomada de decisões, no traçado de
medidas e na adequação do SGSSO (BENITE, 2004).
Além dos benefícios gerados para o sistema de gestão, Barreiros (2002) atenta para
as contribuições que o processos de avaliação e auditoria trazem para a gestão da
87
A ferramenta pode ser vista como uma forma de avaliar o funcionamento das ações de
segurança implementadas pela organização através da observação do comportamento dos
profissionais durante a realização de suas atividades diárias (BENEVENUTO et al., 2013).
Para assegurar a veracidade dos dados apresentados no Quadro e para que este
possa ser utilizado como métrica do SGSSO, o preenchimento das estradas deve ser feito
com base em informação documentada (tais como CAT, relatórios de auditorias
comportamentais e internas, dados de inspeções e vistorias de segurança, etc.) e
periodicamente atualizada. Segundo a ISO 9001, os indicadores dos sistemas devem ser
específicos, mensuráveis, aplicáveis, relevantes e função do período de avaliação (ISO,
2015).
ou mais atividades de menor risco, por exemplo, execução de serviços em altura com risco
de queda de ferramental sobre uma área de trânsito de pessoas e veículos.
Além da identificação de riscos e auxilio na alocação dos esforços de SSO, uma das
funções da ferramenta é a conscientização dos profissionais sobre os riscos à SSO
existentes em seus locais de trabalho. O traçado dos mapas deve ser feito levando em
consideração seu público alvo, assim como nas demais ferramentas, principalmente na
construção civil onde existe grande variabilidade dos graus de instrução. Dessa forma, o
modelo tradicional (exemplificado na Figura 13 do item 3.1.17) é mais indicado para a
distribuição nas instalações da organização.
Pode-se citar como boa prática a aplicação dos mapas de risco nos almoxarifados dos
canteiros de obra apresentando os riscos associados aos insumos e equipamentos
presentes no local, dada a variabilidade dos serviços executados e materiais necessários
em função do tempo. Caso existam itens que necessitam de condições especiais de
manuseio e armazenamento, ou instruções específicas do fabricante, estas podem ser
dispostas juntamente ao mapa.
Similarmente, podem ser apresentadas junto aos mapas das áreas de produção as
boas práticas, procedimentos de SSO e equipamentos de proteção necessários ao trânsito
no ambiente ou à execução dos serviços – deve-se optar, sempre que possível, por meios
gráficos e objetivos de informação, como figuras e sinais.
90
As auditorias são uma peça fundamental à melhoria contínua do sistema, portanto não
devem ser realizadas somente uma vez, mas programadas e realizadas ao longo do
andamento dos projetos, da implantação e manutenção do SGSSO.
Por outro lado, a definição das datas de realização e objetos da avaliação com
antecedência permitem o auditado tome as medidas necessárias para facilitar o processo de
e reduzir o impacto causado por ele – tais como reorganização do cronograma,
disponibilização de pessoal de apoio e documentos, etc.
As fichas podem ser aplicadas aos SGSSO para auxiliar no cumprimento de medidas
preventivas e de controle de riscos, por exemplo, na apresentação de procedimentos
operacionais de segurança, na listagem de EPIs necessários ao ambiente junto aos mapas
de riscos, procedimentos de emergência de equipamentos mecânicos, além de serem uma
ótima ferramenta de apoio aos processos de auditoria interna e comportamental, verificação
e treinamentos.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o estudo da norma NBR ISO 45001 foi percebido um grande avanço para a
gestão da SSO, uma vez que a utilização de conceitos comuns aos sistemas de qualidade e
meio ambiente permite uma melhor integração entre as diversas certificações ISO e
modalidades de gestão. No entanto, a interpretação da norma e seus requisitos ainda é uma
tarefa complexa, pois apesar de a ISO 45001 apresentar exigências mais bem definidas e
estruturadas, ainda é necessário que o interessado determine como estes se aplicam à sua
organização e qual a melhor forma de atendê-los, evidenciando o porquê da busca por
consultores e empresas especializadas durante os processos de certificação.
Por fim, destaca-se que nem todos os benefícios proporcionados pelos sistemas ISO e
ferramentas de gestão apresentadas neste trabalho podem ser observados a curto prazo,
uma vez que estes estão diretamente ligados à maturidade da gestão e do SGSSO. Assim,
é necessário devotar especial atenção aos programas de treinamento e sensibilização e,
principalmente, à avaliação periódica do sistema para que este possa ser continuamente
melhorado e adequado às características da organização e seus empreendimentos.
93
Por conta da ISO 45001 utilizar os mesmos conceitos das outras certificações do
grupo – conforme as Estruturas de Alto Nível apresentadas no Anexo SL da norma – podem
ser realizados estudos sobre a implantação de Sistemas de Gestão Integrada (SGI)
baseados na nova norma em comparação aos baseados na OHSAS, possíveis diferenças
nos custos associados, assim como a aplicação de ferramentas para este tipo de sistema.
94
5. REFERÊNCIAS
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<https://certificacaoiso.com.br/um-raio-x-das-empresas-certificadas/>. Acesso em: 6 out.
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CHEN, C.-Y. et al. A comparative analysis of the factors affecting the implementation of
occupational health and safety management systems in the printed circuit board
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CHOE, S.; LEITE, F. Assessing Safety Risk among Different Construction Trades :
Quantitative Approach. Journal of Construction Engineering and Management, v. 143, n. 5,
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temporal and spatial information integration. Automation in Construction, v. 84, n.
September 2017, p. 335–344, 2017b.
DARABONT, D.-C. et al. Managing new and emerging risks in the context of ISO 45001
standard. 7th International Multidisciplinary Symposium, p. 11–15, 2016.
LO, C. K. Y. et al. OHSAS 18001 certification and operating performance : The role of
complexity and coupling. Journal of Operations Management, v. 32, n. 5, p. 268–280,
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---------- Results of the survey into the availability of OH&S Standards and Certificates,
up until 2011. Disponível em: <https://elsmar.com/elsmarqualityforum/threads/survey-or-
statistics-on-the-use-of-ohsas-18001-worldwide.42619/page-7>. Acesso em: 6 out. 2018.