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Revista Brasileira de

ISSN 1517-5545 Terapia Comportamental


2005, Vol. VII, nº 1, 077-092 e Cognitiva

Um Panorama Analítico-Comportamental sobre os


Transtornos de Ansiedade1
An analytical-behavioral panorama on the anxiety disorders
Denis Roberto Zamignani2, 3
Universidade de São Paulo - Universidade São Judas Tadeu - Paradigma Núcleo de Análise do Comportamento
Roberto Alves Banaco4
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - Paradigma Núcleo de Análise do Comportamento

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise das variáveis envolvidas nos
quadros psiquiátricos denominados como transtornos de ansiedade a partir dos pressupostos
teóricos do behaviorismo radical de Skinner. Em primeiro lugar, apresenta-se uma definição da
ansiedade enquanto fenômeno clínico e enquanto construto. A ênfase dada pela literatura
comportamental nas respostas de evitação e eliminação de estímulos ansiogênicos, e as escolhas
por procedimentos terapêuticos padronizados resultantes dessa ênfase são então discutidos tendo
em vista a inobservância de outras variáveis ambientais relevantes. Propõe-se que outras relações
funcionais podem ser detectadas, além daquelas de esquiva que tradicionalmente são foco da
intervenção. Relações respondentes e operantes que compõem o repertório comportamental do
cliente que é diagnosticado como portador de transtornos de ansiedade são analisadas, incluindo a
interação entre contingências operantes e respondentes, relações de controle aversivo, controle de
estímulos, classes de resposta de ordem superior e operações estabelecedoras tais como privação e
estimulação aversiva. Por último, um modelo de análise é apresentado de modo a integrar as
relações passíveis de observação nos quadros clínicos em questão e possíveis estratégias
terapêuticas dele decorrentes são elencadas.

Palavras-chave: Transtornos de ansiedade; análise do comportamento; terapia analítico-


comportamental.

Abstract

This work aims to present an analysis from the standpoints of Skinner's radical behaviorism about
the variables involved in the psychiatric problems denominated as anxiety disorder. At first,
anxiety is defined as a clinical phenomenon and as a theoretical construct. The behavioral literature
emphasizes avoidance and elimination responses, and the selection of standardized therapeutic
procedures due to that emphasis. They are then discussed considering the current non-observance
of other environmental relevant variables. The article suggests that other functional relationships
1
Versão traduzida e revisada de artigo já publicado, com autorização da editora. Publicação original: Banaco, R. A. e Zamignani, D. R.
(2004). An analytical-behavioral panorama on the anxiety disorders. Em: T. C. C. Grassi (org) Contemporary challenges in the behavioral
approach: a Brazilian overview. Santo André: ESETec.
2
Doutorando em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo. Professor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da
Universidade São Judas Tadeu. Coordenador do Paradigma® Núcleo de Análise do Comportamento. E-mail: dzamig@terra.com.br.
3A ordem dos autores é meramente alfabética.
4
Professor Titular do Departamento de Métodos e Técnicas da Faculdade de Psicologia e do Programa de Estudos Pós-Graduados em
Psicologia Experimental: Análise do Comportamento, ambos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Coordenador do
Paradigma® Núcleo de Análise do Comportamento. E-mail: rbanaco@terra.com.br .

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than avoidance can be detected, as focus of the intervention. Respondent and operant relationships
that compose the client's behavior repertoire that is diagnosed as anxiety disorder are analyzed,
including the interaction among operant and respondent contingencies, aversive control, stimuli
control, superior order response classes and establishing operations such as privation and aversive
stimulation. At last, a model that integrates the relationships involved in the clinical patterns in
focus is presented and possible therapeutic strategies are suggested.

Key-words: Anxiety disorders; behavior analysis; behavior analytic therapy.

Em nosso dia-a-dia enquanto terapeutas, um diferentes perspectivas de observação: (1)


grande número de eventos é descrito pelos com base na descrição verbal do estado
nossos clientes como envolvendo algum tipo interno de uma pessoa; (2) pela avaliação de
de ansiedade. O termo ansiedade, todavia, padrões fisiológicos e comportamentais; (3)
pode se referir a eventos bastante diversos, por meio de operações experimentais. Obvia-
tanto no que diz respeito a estados internos do mente, cada uma dessas perspectivas produ-
falante, quanto a processos comportamentais zirá conhecimentos e técnicas bastante distin-
que produzem esses estados internos. Muitos tas entre si (Banaco, 2001), conforme veremos
eventos descritos como agradáveis podem adiante.
implicar em um sentimento de ansiedade, Elementos comuns nas definições do conceito
principalmente quando envolvem espera. “ansiedade” apontam para um estado que
Entretanto, é principalmente quando a ansie- envolve excitação biológica ou manifestações
dade se refere à relação do indivíduo com autonômicas e musculares (taquicardia,
eventos aversivos em suas múltiplas possibili- respostas galvânicas da pele, hiperventilação,
dades de interação, que ela adquire o status de sensações de afogamento ou sufocamento,
queixa clínica. E é essa a natureza do objeto de sudorese, dores e tremores), redução na
discussão deste capítulo: a ansiedade enquan- eficiência comportamental (decréscimo em
to queixa clínica, mais especificamente, a an- habilidades sociais, dificuldade de concen-
siedade presente nos chamados Transtornos tração), respostas de esquiva e/ou fuga (o que
de Ansiedade. sugere expectativa ou um controle por
Antes de mais nada, é necessário definir aqui a eventos futuros) e relatos verbais de estados
natureza dos eventos que serão discutidos sob internos desagradáveis (angústia, apreensão,
o rótulo de “ansiedade”. A ansiedade tem sido medo, insegurança, mal-estar indefinido, etc.)
definida como um estado emocional desa- (Gentil, 1998; Kanfer e Phillips,1970).
gradável acompanhado de desconforto somá- O construto “ansiedade”, de acordo com essas
tico, que guarda relação com outra emoção - o perspectivas, necessariamente envolve o
medo. Esse estado emocional é geralmente anúncio de que algum evento aversivo vai
relacionado a um evento futuro e, às vezes, ocorrer. Em outras palavras, sua definição
considerado desproporcional a uma ameaça implica um futuro carregado de aversividade.
real, (Gentil, 1997). O desconforto presente na No entanto, para uma análise científica, a
ansiedade costuma ser descrito pelo senso explicação do comportamento por eventos
comum por meio de sensações físicas tais futuros é bastante imprecisa (Skinner, 1953).
como “frio na barriga”, “coração apertado”, Voltaremos a este tema mais à frente.
“nó na garganta”, “mãos suadas” e é, além A ansiedade define-se enquanto fenômeno
disso, sentido como “paralisante”. clínico (1) quando implica em um compro-
O fenômeno ansiedade tem sido considerado metimento ocupacional do indivíduo, impe-
mais um conceito do que propriamente um dindo o andamento de suas atividades profis-
fenômeno empírico (Friman, Hayes & Wilson, sionais, sociais e acadêmicas, (2) quando en-
1998). De acordo com Kanfer e Phillips (1970), volve um grau de sofrimento considerado
por exemplo, a ansiedade é um construto fre- pelo indivíduo como significativo e (3)
qüentemente definido a partir de três quando as respostas de evitação e eliminação

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ocuparem um tempo considerável do dia. tipo de evento experimentado como amea-


Esses casos são tratados pela literatura médica çador ou incômodo e/ou o tipo de resposta na
e psicológica como Transtornos de Ansie- qual o sujeito se engaja de forma a produzir
dade. uma diminuição do contato com o estímulo
aversivo (processos de fuga/esquiva). As
Transtornos de Ansiedade: Enfoque nas res- respostas envolvidas nesse processo podem
postas de evitação/eliminação e Estratégias ser classificadas topograficamente como
Terapêuticas Decorrentes respostas de evitação5 e/ou eliminação do
estímulo temido, assim como respostas de
O padrão comportamental característico dos verificação ou outras respostas repetitivas que
transtornos de ansiedade, de acordo com pospõem ou eliminam temporariamente a
grande parte da literatura, é a esquiva fóbica: ameaça da apresentação desse estímulo. A
na presença de um evento ameaçador ou Tabela 1 a seguir apresenta uma comparação
incômodo, o indivíduo emite uma resposta entre os diferentes transtornos de ansiedade
que elimina, ameniza ou adia esse evento. O no que se refere a estes aspectos:
que diferencia cada um destes transtornos é o

Tabela 1: Caracterização dos diferentes transtornos de ansiedade de acordo com o tipo de evento
aversivo e a resposta de fuga/esquiva.

Diagnóstico Ss aversivos Resposta de Fuga-


Esquiva
Fobias simples Específicos Evitação / eliminação

Fobia social Crítica ou avaliação de terceiros Evitação/eliminação,


Verificação
Pânico - Estimulação privada de medo ou Evitação/eliminação,
desconforto físico Verificação
Agorafobia Ambientes sem possibilidade de Evitação/ eliminação
proteção ou escape

Stress Pós-Traumático Diversos (relacionados ao trauma) Verificação,


Evitação/eliminação, etc.

Ansiedade Generalizado Verificação,


Generalizada e Aguda Evitação/eliminação, etc.

TOC Estímulos específicos e obsessões (idéias, Respostas repetitivas e/ou


pensamentos, impulsos e imagens estereotipadas/
intrusivos) evitação/eliminação

5
Vale observar que o termo evitação será utilizado neste texto, não como um sinônimo de esquiva, mas como um tipo de resposta de
esquiva, no qual o indivíduo simplesmente “evita se expor“ ao evento aversivo, diferentemente, por exemplo, de uma resposta
repetitiva que produz o adiamento do estímulo.

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Como parte de uma contingência de fuga/es- desse procedimento, portanto, se isolada de


quiva, a resposta classificada como ansiosa uma análise mais ampla sobre outras relações
seria mantida pela retirada ou adiamento da funcionais envolvidas no problema, pode ser
apresentação do evento aversivo (estímulo pouco eficaz (Zamignani, 2000). Valeria a pe-
público ou privado). Desse ponto de vista, as na, portanto, examinar em detalhe que variá-
respostas ansiosas que compõem esses veis seriam essas e como essa proposta de
diferentes transtornos de ansiedade seriam intervenção poderia ser ampliada.
funcionalmente semelhantes, o que permitiria
análises e propostas de intervenção comuns. Ansiedade enquanto Fenômeno Compor-
As intervenções propostas atualmente para o tamental
tratamento psicológico desses problemas
adotam o procedimento de exposição com Emoções: estímulos ou respostas?
prevenção de respostas como a principal
estratégia (Salkovskis e Kirk, 1997). Esta Uma das preocupações básicas do beha-
técnica consiste em expor o cliente repetidas viorismo radical é a de não negar a existência
vezes e por um tempo prolongado (45 min a 2 de eventos que ocorram sob a pele dos
h) às situações que provocam desconforto ou organismos (Skinner, 1974). De fato, os beha-
ansiedade, geralmente maximizando a esti- vioristas radicais preocupam-se também com
mulação aversiva, enquanto se pede que ele se esses eventos e com o seu papel no enten-
abstenha de realizar qualquer ritua-lização. dimento (leia-se controle e previsão) dos com-
As exposições geralmente são realizadas de portamentos a serem explicados (Skinner,
forma gradual, partindo dos estímulos que 1953). Opta-se, nesta abordagem, por um
produzem menor sofrimento ou sofrimento esforço de explicação externalista, ou seja, o
moderado, em direção àqueles mais pertur- “recorte” epistemológico, a unidade de
badores. As sessões de exposição aos estímu- análise só está completa quando o pesqui-
los ansiogênicos podem ser realizadas de for- sador de qualquer fenômeno tiver, pelo
ma imaginária ou in vivo (exposição real). menos um organismo em interação com o
Além disso, os pacientes são instruídos a ambiente (Abreu-Rodrigues & Sanábio, 2001;
engajar-se em exercícios adicionais de Micheletto 1997; Tourinho, 1997; Tourinho,
exposição entre as sessões terapêuticas (Riggs Cavalcante, Brandão & Maciel, 2001). Deste
e Foa, 1999). ponto de vista, a tríplice contingência (os
Embora essa técnica terapêutica seja eficaz em estímulos que controlam a emissão de uma
boa parte dos casos, sua adoção generalizada resposta do organismo, a resposta em si e as
tendo como critério apenas o diagnóstico alterações que ela provoca no ambiente) tem
psiquiátrico tem sido questionada por alguns sido apontada como a unidade básica do
analistas do comportamento (Banaco, 2001; estudo dos comportamentos (Skinner, 1953;
Vermes e Zamignani, 2002; Zamignani, 2000; 1969; 1974).
Zamignani e Vermes, 2003). Esses autores Algumas relações comportamentais supos-
afirmam que a atenção privilegiada que este tamente prescindiriam do terceiro elo (como
tipo de estratégia dispensa às variáveis de ocorreria, em tese, nas relações reflexas, nas
natureza encoberta (ansiedade, obsessões) quais apenas um estímulo ambiental elicia
pode ocultar o papel de outras variáveis uma resposta do organismo). No entanto, em
ambientais relevantes. Além disso, partem de muitos casos, como se verá adiante, ainda que
concepções a respeito dos fenômenos ansiosos a relação respondente seja observada em sua
que são mais coerentes com vertentes primeira instância de ocorrência, a possível
respondentes e/ou cognitivas da terapia alteração que a própria resposta provoca no
comportamental (Banaco, 2001). A aplicação ambiente poderia entrar em relação de contin-

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gência, selecionando a resposta e, portanto, Situação I


acrescentando uma relação operante à relação
respondente original. (i) Respostas (abertas e encobertas) de medo
Vamos observar, como um exemplo hipo- do indivíduo em seu ambiente de trabalho
tético, uma seqüência temporal que envolva (ii) Dispensa do trabalho.
uma relação entre uma criança e seus pais em
um ambiente inanimado tal como: Situação II
(i) distanciamento entre os pais e a criança + (i´) respostas de medo antes de ir para o tra-
um ruído intenso (ii) respostas encobertas e balho (ii´) respostas verbais explicativas do
abertas (de medo) na criança : (iii) aproxima- porquê não ir ao trabalho (iii) dispensa de ir
ção dos pais. ao trabalho.
Embora neste exemplo, o ruído intenso em si
seja o suficiente para produzir respostas au- Portanto, em uma análise do comportamento,
tonômicas de medo em crianças (por relações respostas poderiam também entrar em rela-
reflexas), os componentes públicos e privados ção funcional com outras respostas por sua
dessas respostas (choro, contrações, etc.) história de proximidade temporal com outros
podem ser seguidos pela aproximação dos estímulos, sendo, nesse caso, consideradas
pais. Se isso aconteceu, esta primeira expe- como estímulos sinalizadores para as respos-
riência pode estabelecer uma relação operante tas subseqüentes. Alguns autores (Malerbi,
das respostas com os outros componentes da 1997; Matos, 1997; Micheletto, 1997a; Skinner,
situação (a anterior ausência dos pais e a pos- 1945; Tourinho, 1997, por exemplo) têm
terior aproximação dos pais quando, especial- considerado esses episódios como cadeias
mente, as respostas públicas de medo foram comportamentais em que respostas poderiam
eliciadas). Nesse exemplo, respostas de medo ser estímulos sinalizadores para outras res-
- que inicialmente eram reflexas - poderiam postas.
ser reforçadas pela aproximação dos pais -
produzindo uma relação operante. Não deve O papel das emoções na explicação do com-
ser deixada de fora da análise, no entanto, a portamento
possibilidade de que embora os pais tenham
tido acesso apenas às respostas públicas de Este talvez seja um aspecto que deva ser
medo emitidas pela criança, suas respostas discutido... Se for possível que respostas emo-
encobertas também venham a sofrer o efeito cionais sejam estimuladoras para outras res-
do reforço. postas, isto implica que elas sejam “respon-
Se levarmos uma história de vida como essa sáveis” pelo que o indivíduo faz? Essa questão
em frente, suponha-se agora, muito tempo já foi amplamente discutida por Skinner (1974;
depois e depois de muitas outras relações 1989).
complexas que, quando sozinho, o indivíduo, O aspecto a ser abordado aqui diz respeito ao
por qualquer alteração ambiental, “sinta” as modelo explicativo. Quando se utiliza um mo-
respostas de medo. Imagine-se ainda que, no delo causa-efeito para a explicação de eventos
passado, essas respostas (encobertas) junta- que ocorrem em sucessão, é bem possível
mente com as respostas abertas de medo utilizar a emoção como originadora de com-
tenham sido suficientes para que ele tivesse portamento especialmente se formuladas pelo
dispensa de seu trabalho. As respostas enco- esquema apresentado acima. No entanto, em
bertas podem adquirir a função de estímulo uma proposta skinneriana, mais preocupada
sinalizador para que o indivíduo emita com a funcionalidade das relações entre or-
respostas de desculpar-se por não ir trabalhar. ganismo e ambiente, é apenas porque uma
Desse ponto de vista, a formulação seria a se- resposta (eliciada ou emitida) modificou o
guinte: ambiente e esta modificação altera a proba-

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bilidade de nova ocorrência de respostas da do para darmos início às explicações da ansie-


mesma classe funcional (ou seja, daquelas dade. Alguns autores têm oferecido descri-
respostas que poderiam provocar as mesmas ções de operações de punição, ou de liberação
alterações no ambiente) que ela se torna im- de estímulos incondicionados aversivos como
portante no estudo do comportamento como eliciadoras de respostas de medo (apontada
um todo. por esses autores como uma das três emoções
Deste ponto de vista, além de tudo, um pres- básicas, juntamente com alegria e raiva) (e. g.
suposto selecionista, no sentido mais darwi- Millenson, 1967). Assim, a apresentação de
niano da palavra é invocado para a explicação estímulos naturalmente aversivos seria
do comportamento. Classes de respostas se- seguida por respostas de medo.
rão mantidas ou extintas pelas modificações Como o componente “antecipação” do estí-
ambientais que produzem... Não caberia mulo aversivo é necessário para a definição de
mais, neste modelo explicativo, a noção de ansiedade, os autores têm apelado para o
causa e efeito, mas sim, de interação. conceito de estímulo aversivo condicionado.
(Micheletto, 1997). Dessa forma, estímulos habitualmente neu-
As respostas emocionais se tornam impor- tros para a resposta de medo, se forem segui-
tantes enquanto elementos para a análise se, e dos consistentemente por (ou seja, se forem
apenas se, suas manifestações entrarem em condicionados a) estímulos aversivos incon-
contato com (modificarem) o ambiente no dicionados, passarão a adquirir, eles próprios,
qual o sujeito que se “emociona” estiver inse- propriedades aversivas e poderão eliciar
rido, e mais ainda, se esse contato (a modifi- respostas “semelhantes ao medo”: a
cação) voltar a atingir o organismo de maneira ansiedade... Esta então, seria uma resposta
a modificá-lo. que se “anteciparia” ao estímulo aversivo
incondicionado, embora não estivesse sob
O que é, então, ansiedade? controle do futuro, e sim de um estímulo
aversivo condicionado presente (chamado
O papel da aversividade na determinação da por alguns autores como “pré-aversivo”).
ansiedade A resposta de ansiedade então seria seme-
lhante (mas não igual) à de medo, já que é
Segundo Estes e Skinner (1941), a ansiedade eliciada por um estímulo condicionado e não
teria “at least two defining characteristics: (1) it is por um estímulo incondicionado. E antecipar-
an emotional state, somewhat resembling fear, and se-ia ao estímulo aversivo incondicionado,
(2) the disturbing stimulus which is principally mas seria resultante da apresentação do
responsible does not precede or accompany the estímulo aversivo condicionado. Dessa ma-
state, but is 'anticipated' in the future” (p.390). neira, Estes e Skinner abarcam o segundo
Esses autores apontam que alguns termos nes- aspecto que necessitaria de maior clarificação
sa definição merecem uma maior clarificação. na definição de ansiedade: como poderia uma
O primeiro deles diz respeito a “estado resposta “antecipar” um estímulo.
emocional”. Muitas vezes, estados emocio- Considerando então as respostas de
nais têm sido descritos como reações fisioló- ansiedade como respondentes, mas que
gicas (variáveis do organismo) resultantes de podem ser eliciadas por estímulos aversivos
operações de estímulos (variáveis do condicionados, vamos elencar algumas das
ambiente). Assim, um componente respon- respostas que seriam consideradas repre-
dente estaria envolvido em situações de ansie- sentativas de uma condição de ansiedade.
dade. Utilizando as descrições apresentadas pelo
Ao apontarem uma similaridade de estados DSM IV (APA, 1995) temos, entre outras:
de ansiedade a estados de medo, poderíamos elevação da freqüência de batimentos
apelar para explicações respondentes de me- cardíacos, com alterações na respiração e na

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pressão sanguínea, sudorese, tremores, sensa- curso quando da apresentação do estímulo


ções de falta de ar ou asfixia, dor ou descon- aversivo incondicionado. Por exemplo, se
forto torácico, náusea, desconforto abdo- houver a possibilidade de emissão das res-
minal, vertigem, desmaio sensações de postas de fuga do estimulo condicionado
formigamento. e/ou de fuga do incondicionado, essas res-
Embora estas respostas sejam apresentadas postas tornam-se mais prováveis de serem
como representativas de quadros de ansie- emitidas do que as que levariam à produção
dade, outras situações emocionais poderiam de estímulos reforçadores positivos. Caso não
causar também reações reflexas semelhantes; haja a possibilidade de respostas de fuga e
por exemplo, situações de “craving”, a busca esquiva, o efeito reflexo da estimulação
por reforçadores primários (alimento, sexo, condicionada paralisa a emissão de respostas
etc.), esportes radicais (Friman, et al, 1998). A operantes que produzem o estímulo
questão seguinte seria: o que diferencia reforçador positivo. A esta descrição da
situações de ansiedade dessas outras situa- ansiedade deu-se o nome de “supressão
ções? condicionada” (Estes e Skinner, 1941).
Embora o paradigma de supressão condi-
Fuga e Esquiva como componentes abertos cionada venha sendo a forma mais bem aceita
da resposta ansiosa e suas interações com na Análise do Comportamento para a des-
outras respostas operantes crição de fenômenos de ansiedade por
apresentar um efeito marcado, bem descrito e
Como pode ser notado, algumas situações que que produziu grande quantidade de estudos
eliciam respostas reflexas de taquicardia, experimentais, observam-se algumas críticas
sudorese, elevação da pressão sanguínea, etc. ainda a esse modelo. Especialmente quando
são buscadas pelos indivíduos (por exemplo, transposto diretamente do laboratório animal
na prática de esportes radicais, em parques de para a prática clínica, a supressão condi-
diversão, etc.). Já em situações de ansiedade, o cionada parece ainda não abarcar todos os
indivíduo tende a eliminar, diminuir a fenômenos que têm sido descritos como
intensidade, postergar ou evitar a produção transtornos de ansiedade.
de estímulos (Sidman, 1989). Assim, para De qualquer forma, até este ponto de nossa
depurar a definição de ansiedade, devemos explanação, pode-se notar que em uma
acrescentar que ela também é composta por proposta behaviorista radical o fenômeno an-
respostas que modificam o ambiente, ou seja, siedade, se for analisado em sua completude,
são operantes. Além de ser uma resposta deveria levar em consideração seus aspectos
reflexa perante um estímulo aversivo condi- reflexos incondicionados, condicionados,
cionado, a ansiedade seria também composta operantes e de interação entre cada um deles
de respostas operantes de fuga e esquiva de (Banaco, 2001). Ainda assim, a análise pode
estímulos aversivos incondicionados e não estar completa.
condicionados. Mais especificamente, quando
um organismo elimina ou diminui a Explicações adicionais ao paradigma de
intensidade de um estímulo incondicionado supressão condicionada
aversivo, falamos que a resposta que
produziu esse efeito é uma resposta de fuga. A importância de outras conseqüências que se
Quando o organismo posterga ou elimina um seguem à resposta
estímulo aversivo condicionado, chamamos a
resposta de esquiva (Skinner, 1953). Considerando que a emissão de respostas de
Mais do que isso, se pode observar também ansiedade é seguida, não apenas pela
uma interação dessas manifestações sobre o eliminação do aversivo, mas por qualquer
comportamento operante que estiver em outro evento presente na situação, podemos

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considerar que a resposta estará submetida, juntamente com o estímulo eliciador, tornar-
simultaneamente, a diferentes possibilidades se estímulos relevantes para a emissão futura
de reforçamento. Pode ocorrer reforçamento da resposta ansiosa. Isso ajuda a compreender
positivo se, por exemplo, a resposta de es- alguns aspectos da contingência de ansie-
quiva for seguida por um reforçador social. dade.
Pode ocorrer também reforçamento negativo Um desses aspectos é descrito por Ayres
pela eliminação de outros estímulos (que não (1998) e Tierney & Bracken (1998). Esses
a eliminação do estímulo aversivo ou pré- autores apontam para o fato de que fobias
aversivo considerados na análise presente), podem surgir sem que nenhum pareamento
caso a resposta produza, por exemplo, a tenha ocorrido entre o estímulo fóbico e um
retirada ou adiamento de uma tarefa outro estímulo aversivo incondicionado.
indesejada. Todas essas conseqüências, Nesses casos, o modelo do pareamento que
portanto, seriam adicionais à conseqüência de sustentaria o paradigma da supressão condi-
eliminação do aversivo ou pré-aversivo. cionada não poderia ser invocado.
Considerando essa possibilidade, continua Como resposta a esta constatação, alguns
válida a observação de Kanfer & Phillips autores recorrem a explicações que levam em
(1970) a respeito da possível extinção do consideração os estímulos contextuais que
pareamento entre o pré-aversivo e o aversivo seriam envolvidos em muitos fenômenos de
que ocorreria na esquiva. Se de tempos em condicionamento (e.g. Bouton & Nelson,
tempos não ocorrerem pareamentos do pré- 1998), e outros ainda apontam os resultados
aversivo e do aversivo, poder-se-ia enfra- de estudos sobre equivalência de estímulos
quecer a conexão entre o aversivo e o pré- para aumentar o conhecimento sobre os
aversivo, e em decorrência, enfraquecer a transtornos de ansiedade (Friman, Hayes e
relação operante entre a resposta de esquiva e Wilson, 1998; Tierney e Bracken, 1998).
a sua conseqüência reforçadora negativa. Podemos aqui imaginar uma situação na qual
Entretanto, pode ser que a resposta continue a pela primeira vez ocorreu um ataque de
ocorrer sob controle dessas outras conse- pânico. A primeira resposta ansiosa ocorreu
qüências adicionais. como um reflexo incondicionado eliciado pela
Zamignani (2000) sugere ainda a possibi- ativação biológica do organismo, configu-
lidade de que a resposta ansiosa pública rando um ataque de pânico. Essa resposta,
venha a ocorrer, como resultado dessas entretanto, ocorreu em um contexto no qual
operações de reforçamento, independente- estavam presentes muitos outros estímulos;
mente da ocorrência de respostas privadas de além disso, outras respostas (públicas e
medo e ansiedade. A relação operante que privadas) do indivíduo poderiam estar sendo
controlaria a emissão destas respostas emitidas no momento do ataque. Os estímulos
poderia, nesse caso, envolver apenas os que estavam presentes na ocasião do ataque
estímulos ambientais antecedentes e as de pânico, bem como as respostas que o
conseqüências reforçadoras que se seguem à indivíduo emitia no momento podem, por
resposta pública, sem passar necessariamente associação com o estímulo aversivo incon-
pelas respostas privadas de medo, ansiedade dicionado, adquirir a função de estímulo aver-
ou obsessões. sivo condicionado e estímulo discriminativo
para a emissão de respostas de esquiva. As
Controle de estímulos funções eliciadora e discriminativa desses
estímulos condicionados, por sua vez, podem
Como ocorre em qualquer contingência ser transferidas para outros estímulos por
operante, as respostas envolvidas nos meio de novos pareamentos, pelo processo de
quadros ansiosos são emitidas na presença de generalização de estímulos, ou ainda por meio
um conjunto de estímulos que podem, da formação de classes equivalentes de estí-

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mulos. Vale lembrar que inclusive as respos- tratamento levar em conside-ração apenas a
tas que o indivíduo emitia podem ser sujeitas contingência de fuga-esquiva, poderíamos
aos mesmos processos, adquirindo a função planejar um procedimento de exposição gra-
de estímulos eliciadores e discriminativos dual a salas de aula. Entretanto, esse proce-
condicionados. dimento não contempla a conseqüência de
As contribuições dos estudos sobre controle reforçamento social que mantém a classe mais
de estímulos ampliam significativamente a ampla, e o procedimento pode não resultar em
análise dos transtornos de ansiedade. Fica sucesso.
revelado, por meio dessa análise o enorme Um tipo específico de classe de resposta de
conjunto de estímulos e respostas que podem ordem superior foi denominado por Hayes et
ter relações com as respostas ansiosas. Essa é al. (1996) de evitação experiencial. Esses au-
mais uma razão pela qual não se justifica a tores resgataram a noção de evitação cogni-
adoção de uma única técnica para o manejo de tiva ou evitação emocional tradicionalmente
repertórios ansiosos; os fenômenos ansiosos adotada por outras abordagens de psicologia
exigiriam uma análise caso a caso de que para explicar alguns fenômenos presentes nos
contingências estão envolvidas em seus transtornos psiquiátricos. Segundo esses
controles (Banaco, 1999). autores, muitas formas de psicopatologia
podem ser vistas como métodos não-sau-
Classes de resposta de ordem superior dáveis de evitação da experiência. Evitação
experiencial seria “um fenômeno que ocorre
O tópico anterior ajuda a compreender um quando uma pessoa está relutante em permanecer
outro conceito da análise do comportamento: em contato com experiências privadas par-
o conceito de classes de resposta de ordem ticulares” (Hayes et al., 1996, p. 1154). Estas
superior. Algumas respostas podem perma- experiências podem envolver pensamentos,
necer inalteradas, mesmo quando alteramos memórias, emoções, estimulação autonômica
algumas conseqüências imedia-tas. Catania e outras sensações privadas.
(1998), alerta para o fato de que essas respostas Se considerarmos que respostas podem ad-
podem participar de classes de respostas mais quirir a função de estímulo eliciador ou discri-
amplas, cujas conseqüências que as contro- minativo, quando associadas a contingências
lam precisam ser identificadas e manipuladas aversivas, po-demos compreender a evitação
para que se possa produzir a alteração dese- experiencial como uma classe ampla de esqui-
jada. va. Nesse tipo de classe de resposta de esqui-
Resgatando aqui o exemplo apresentado ante- va, não apenas os eventos aversivos presentes
riormente sobre o ataque de pânico, podemos na situação de estimulação aversiva e as res-
ima-ginar que esse ataque de pânico ocorreu postas emitidas na ocasião adquiriram pro-
em uma sala de aula e, em função disso, o priedades aversivas, mas toda a classe de
cliente passou a evitar entrar em salas de aula, estímulos privados adquiriu essa pro-prie-
esquivando de sofrer um novo ataque. Consi- dade por meio de generalização ou formação
deremos também que ime-diatamente após de classes equivalentes.
esse primeiro ataque, o indivíduo obteve Hayes et al. (1996) sugerem que inclusive res-
grande atenção e cuidado dos colegas e da postas verbais podem adquirir propriedades
professora, o que selecionou a resposta por aversivas, fazendo parte de classes equiva-
meio de reforçamento positivo. A partir dessa lentes de estímulos. Essa análise permite
história de reforçamento, novas contingências compreender o porque, com freqüência nos
foram ocor-rendo, e os ataques de pânico pas- transtornos de ansie-dade, as respostas de
saram a fazer parte de uma classe mais ampla, ansiedade podem ser elicia-das/evocadas por
controlada pelas conseqüências de atenção e pensamentos e sentimentos os mais diversos.
cuidado. Nesse caso, se o delineamento do A possibilidade de que, a partir de contin-
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Denis Roberto Zamignani - Roberto Alves Banaco

gências aversivas, respostas e estímulos priva- dades diversas necessárias para a resolução e
dos podem adquirir propriedades aversivas é enfrentamento de problemas. Por conta desse
defendida também por Sidman (1989) e repertório limitado, sua ação no ambiente
Skinner (1953), o que corrobora a noção de pode produzir poucas conseqüências refor-
evitação expe-riencial. çadoras. Tanto com repertórios limitados
Entre as síndromes que envolvem evitação quanto com um ambiente pobre de reforçado-
experiencial, Hayes et al. (1996) citam o TOC e res, existe pouca probabilidade de que respos-
a Transtorno do Pânico. Na primeira, o cliente tas alternativas à resposta-problema (no caso
busca, sem sucesso, escapar de várias expe- a ansiosa) sejam estabelecidas e mantidas.
riências privadas por meio da emissão de Sabemos que a privação aumenta a proba-
rituais, enquanto no Transtorno do Pânico, bilidade de emissão de qualquer resposta que
diversas respostas de fuga e esquiva são produza o estímulo reforçador do qual o orga-
utilizadas na tentativa de evitar o contato com nismo está privado (mesmo que esta resposta
a estimulação autonômica e outras sensações envolva estimulação aversiva). Se os poucos
privadas (por exemplo, abuso de álcool e reforçadores ambientais disponíveis se origi-
outras substâncias ansiolíticas). Análise seme- nam das conseqüências às respostas ansiosas
lhante pode ser aplicada aos outros trans- (cuidado, atenção especial, isenção de respon-
tornos de ansiedade. Eventos privados tais sabilidades, proximidade dos familiares), este
como sentimentos, pensamentos e emoções padrão tenderá a se manter.
são alvo de respostas de fuga/esquiva no Um relato de caso apresentado por Banaco
PTSD, TAG, stress agudo, alguns tipos de (1997), descreve o atendimento de um cliente
fobia específica e na fobia social. que apresentava pensamentos obsessivos
sobre autolesão durante todo o dia. Ao final
Operações estabelecedoras do dia, sentia alívio por ter conseguido evitar a
autolesão de fato:
Consideradas as relações respondentes e ope- “Continuando com a minha hipótese, eu supus
que este rapaz acreditasse que evitava aversivos
rantes e as variáveis antecedente, conse-
com seus pensamentos sobre autolesão - e sentia-
qüente e contextual presentes na contingên- se aliviado quando os evitava. Desde que se en-
cia, é necessário ainda considerar as chamadas contrava inserido num contexto pobre de refor-
operações de motivação, que explicam as çadores, esse alívio era exatamente reforçador
diferenças entre situações e algumas vezes para ele”.(Banaco, 1997, p. 84-85).
entre indivíduos no responder perante Segundo analisado por esse autor, a simples
determinados estímulos. Essas variáveis têm sensação de alívio decorrente do processo de
sido denominadas “operações estabelece- reforçamento negativo ocorrido com a
doras”. Estas são operações que estabelecem realização do ritual seria a única fonte de re-
e/ou alteram os valores reforçadores de forçamento à qual o cliente estava exposto, o
determinados estímulos. Duas operações que revelaria um grau de privação intenso.
estabelecedoras serão destacadas neste Poderíamos acrescentar à análise desenvol-
trabalho, por terem efeito direto sobre vida pelo autor outras prováveis conse-
manifestações de ansiedade: a privação e a qüências agindo sobre a resposta, além daque-
estimulação aversiva la decorrente da não concretização da autole-
(a) Privação: Muitos fatores ambientais po- são, tais como reforçadores sociais - a atenção
dem aumentar o poder de controle operante da mãe quando de seu relato sobre as obses-
das conseqüências sobre o responder. Grande sões, a manifestação de preocupação de toda a
parte dos clientes que apresentam padrões de família sobre a possibilidade de ocorrência da
comportamentos do tipo ansioso possui um autolesão, as conseqüências fornecidas pelo
repertório bastante limitado, tanto no que se próprio terapeuta ao relato. Essas conse-
refere a habilidades sociais, quanto a habili- qüências provavelmente não seriam suficien-

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Transtorno de Ansiedade

tes para manter a ocorrência do comporta- ansiedade continuará presente e, por conse-
mento obsessivo-compulsivo, se o cliente ti- guinte, todo o quadro retratado. Não seria
vesse, em seu repertório, alternativas de res- útil, portanto, agir unicamente sobre a
posta para a obtenção desses reforçadores. resposta de esquiva se não for desenvolvido
Sidman (1989) afirma que privação intensa é um repertório eficaz que permita ao indivíduo
também uma condição de estimulação aver- eliminar ou esquivar-se com sucesso da(s)
siva, que produz respostas de esquiva e fuga. fonte(s) de ansiedade, pois o comportamento-
Afirma ainda esse autor que a condição de pri- problema, neste caso, tenderá a ocorrer nova-
vação intensa reduz a variabilidade, produ- mente, talvez com uma outra topografia.
zindo estereotipia da resposta, assim como o
fazem as contingências de punição. Uma Proposta de Análise
(b) Estimulação aversiva: Em uma condição
de estimulação aversiva, além dos respon- Consideradas todas as possíveis interações
dentes incondicionados e condicionados eli- entre variáveis nos transtornos de ansiedade,
ciados, são evocadas respostas operantes que o quadro a seguir (Figura 1) apresenta uma
tenham como conseqüência a eliminação ou proposta de análise das contingências envol-
adiamento dessa estimulação aversiva. vidas.
Para a compreensão dessa relação, vamos res- No quadro, as operações estabelecedoras
gatar o paradigma de supressão condicionada (condições de privação ou estimulação aver-
descrito anteriormente. Nesse paradigma, um siva) comporiam, juntamente com os estí-
estímulo discriminativo (pré-aversivo) sina- mulos discriminativos/ eliciadores públicos e
liza que, após a passagem um deter-minado privados e com as respostas encobertas, o
tempo, será apresentado um estímulo contexto antecedente para a emissão da res-
aversivo. O próprio estímulo pré-aversivo posta. O esquema ainda apresenta outras
torna-se aversivo devido ao pareamento com possíveis conseqüências que poderiam se
o estímulo aversivo. A presença do pré-aver- seguir à resposta, além da eliminação ou
sivo é estímulo discriminativo que controla a adiamento da estimulação aversiva prove-
emissão de respostas - paralisa o compor- niente da exposição ao estímulo ansiogênico.
tamento operante que estava em andamento - Possíveis consequências reforçadoras nega-
e, se for possível a eliminação do estímulo tivas produziriam a posposição ou o cancela-
discriminativo através de resposta operante, mento das operações estabelecedoras
estas aparecem, mesmo que o aversivo não constituídas por estimulação aversiva, en-
seja suspenso ao final do tempo programado. quanto os reforçadores positivos agiriam
Nessa condição, todos os respondentes da sobre operações estabelecedoras envolvendo
ansiedade são eliciados. (Sidman, 1989). estados de privação. Essas conseqüências
Caso o indivíduo esteja exposto a um am- poderiam controlar a ocorrência de toda a
biente rico em estimulação aversiva, teremos cadeia de eventos comportamentais, man-
uma condição crônica de interações que tendo um padrão de responder repetitivo e
produzem respostas de ansiedade e esquiva, com a variabilidade da resposta restrita. Co-
além de baixa probabilidade de ocorrência de mo resultado, teríamos um repertório empo-
respostas que produzam reforçamento posi- brecido e estereotipado, característico dos
tivo, reduzindo a variabilidade e produzindo, transtornos de ansiedade. Além disso, os
também, estereotipia da resposta. Se essa estímulos (e respostas) presentes em qualquer
condição ambiental não for considerada no ponto da cadeia de eventos poderiam se
processo terapêutico, e este não levar ao estabelecer como parte de classes de estímulos
desenvolvimento de um repertório que pro- equivalentes, por meio de relações de
duza interações menos aversivas, a fonte de equivalência e de generalização de estímulos,

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Denis Roberto Zamignani - Roberto Alves Banaco

Figura 1: Possíveis relações funcionais entre eventos ambientais e a resposta ansiosa.


eliciando ou evocando respostas de ansie- estímulos aversivos para que ocorra a
dade. Como resultado de tal processo, a seta habituação, há o risco de que a própria
tracejada representa uma possível ocorrência situação de terapia adquira propriedades de
da resposta aberta sem a participação dos elos estímulo aversivo condicionado, levando a
privados. respostas de esquiva e inviabilizando a
aderência ao tratamento. Uma relação tera-
Algumas implicações da análise apresentada pêutica baseada em audiência não punitiva,
no delineamento do tratamento. conforme já proposto por Skinner (1953), pode
produzir maior adesão (Banaco, 1997; Vermes
Alguns autores, levando em consideração e Zamignani, 2002; Zamignani, 2000;
parte dos pressupostos apresentados ante- Zamignani e Vermes, 2003).
riormente, propuseram estratégias de manejo Mesmo quando a estratégia terapêutica utili-
dos transtornos de ansiedade alternativas ou zada é a EPR, é importante que haja uma
complementares ao procedimento de expo- relação reforçadora estabelecida antes do
sição com prevenção de respostas. início de sua aplicação. Além disso, a exposi-
A constatação de que contingências aversivas ção clara de todas as etapas da técnica e o
são operações estabelecedoras que podem cuidado para que nenhuma etapa da técnica
evocar respostas de esquiva implica no cui- seja aplicada sem a informação prévia ao
dado ao se usar a técnica de exposição com cliente são imprescindíveis (Cottraux, 1994;
prevenção de respostas (EPR). Como essa é Vermes e Zamignani, 2002; Zamignani e
uma técnica que exige o contato com os Vermes, 2003).

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Transtorno de Ansiedade

A técnica de exposição com prevenção de tratamento; (3) a intervenção sobre a família


respostas pode ser ainda melhor implemen- em busca de se estabelecer condições am-
tada se levarmos em consideração a impor- bientais que previnam as respostas ansiosas e
tância dos reforçadores positivos na manuten- promovam respostas alternativas; (4) Alte-
ção de respostas alternativas às respostas ração do padrão de relacionamento familiar,
ansiosas. A aplicação da técnica, nesse sen- de forma a:
tido, pode ser mais efetiva em situações nas “(a) diminuir a ambigüidade nas interações; (b)
quais o cliente possa ter acesso a reforçadores desenvolver uma melhor qualidade de
comunicação; (c) identificar e alterar padrões de
naturais produzidos pela resposta de interação que possam ser prejudiciais; (d)
enfrentamento. Essa proposta, segundo os au- proporcionar condições para que os membros da
tores, exigiria uma análise ampla dos refor- família possam identificar, prever e controlar
çadores potenciais e de habilidades a serem condições responsáveis pela manutenção do
[problema]; (e) desenvolver um repertório de
desenvolvidas pelo cliente para a escolha da
resolução de problemas; (f) construir relações
aplicação mais adequada. (Vermes e mais reforçadoras.” (pp. 144-145).
Zamignani, 2002; Zamignani e Vermes, 2003). Algumas pesquisas realizadas dão susten-
A ampliação do contato do cliente com tação às propostas aqui apresentadas. Vermes
eventos reforçadores é também um objetivo (2003) realizou uma pesquisa na qual os
importante para que respostas alternativas às rituais de limpeza de três crianças que apre-
respostas ansiosas sejam instaladas. Para isso, sentavam o diagnóstico de Transtorno Obses-
é necessário um levantamento cuidadoso das sivo-Compulsivo foram estudados empiri-
habilidades e déficits pré-existentes em camente por meio de análise funcional (Iwata,
habilidades sociais ou no repertório do cliente 1994). Os dados obtidos sugerem que a apre-
no manejo e enfrentamento de problemas. sentação de tarefas indesejadas favorece a
(Banaco, 1997; Zamignani, 2000; Vermes e ocorrência de respostas obsessivo-compul-
Zamignani, 2002; Zamignani e Vermes, 2003). sivas, indicando uma possível função de
O levantamento dessas variáveis pode esquiva de demanda para essas respostas.
implicar na análise e intervenção sobre as Queiroz, Motta, Madi, Sossai e Boren (1981)
relações familiares, já que essas podem ter um propuseram uma forma de tratamento do
papel importante na instalação e manutenção comportamento obsessivo-compulsivo com
de problemas dessa natureza. Guedes (1997) base na análise funcional do comportamento,
pesquisou o envolvimento da família nos cuja ênfase é dada às conseqüências que se
casos do transtorno obsessivo-compulsivo, seguem à resposta. Esses autores apresentam
constatando que a família age de maneira dados de três casos clínicos nos quais foram
inconsistente com o paciente portador de utilizados procedimentos que proporcio-
TOC, ora participando do ritual juntamente naram o desenvolvimento de relações sociais
com o paciente, ora antecipando o ritual, e em mais reforçadoras, produzindo a melhora do
outros momentos ignorando ou mesmo pu- funcionamento geral do cliente e a redução
nindo a emissão do ritual. Este padrão da das relações aversivas. Os autores utilizaram-
família geraria um padrão intermitente que se de procedimentos tais como a extinção para
tenderia a manter o quadro obsessivo-com- as respostas mantidas por conseqüências
pulsivo. reforçadoras (por exemplo, atenção), mode-
Vermes e Zamignani (2002) sugerem que os lação de respostas alternativas à resposta
seguintes aspectos poderiam ser alvo de inter- obsessivo-compulsiva, orientação familiar
venção sobre a família de forma a aumentar a para a manutenção destes procedimentos
efetividade das estratégias terapêuticas: (1) a além do ambiente da terapia, treino assertivo,
orientação familiar; (2) a atribuição aos fami- entre outros, sem intervir diretamente sobre a
liares da tarefa de coletar dados e colaborar no resposta obsessivo-compulsiva. Os procedi-

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Denis Roberto Zamignani - Roberto Alves Banaco

mentos utilizados permitiram reduzir de mentos padronizados sem a devida avaliação


forma indireta a freqüência dos comporta- das variáveis relevantes.
mentos obsessivo-compulsivos. A questão apontada por Eifert (1996) a res-
Em estudos de caso publicados por Banaco peito do debate sobre a adoção de tratamentos
(1997), Graña y Bayón (2000) e Zamignani e padronizados versus individualizados
Vermes (2003), são relatados sucessos em merece destaque. Esse autor defende que
procedimentos baseados na avaliação essas propostas têm sido apresentadas de
funcional e em estratégias terapêuticas tais forma desnecessariamente excludente,
como o uso da técnica de EPR de forma não quando de fato, seriam comple-mentares.
sistemática e inserida no contexto cotidiano A existência de pacotes de tratamento padro-
do cliente, reforçamento diferencial de com- nizados, de fato, é um avanço para o treina-
portamentos alternativos à resposta ansiosa, mento e aplicação de estratégias de tratamen-
modelagem e fortalecimento de repertório to, e seu uso pode produzir bons resultados
social, desenvolvimento de repertório de em muitos casos. Em outros casos, todavia, a
enfrentamento e intervenção sobre os fami- melhor escolha pode ser a adoção de alguns
liares. dos elementos presentes nos pacotes de trata-
A título de conclusão, vale ressaltar que não é mento ou mesmo o uso de estratégias comple-
objetivo desse capítulo condenar o uso de es- tamente individualizadas. O que irá definir
tratégias padronizadas. Conforme afirmaram qual o melhor delineamento do tratamento se-
Zamignani e Vermes, “a condenação pura e rá a avaliação funcional. A avaliação funcional
simples deste tipo de proposta parece tão simplista do caso individual, portanto, é a melhor forma
quanto o é a sua adoção ingênua” (p. 134). Entre- de se desenvolver uma boa análise da queixa
tanto, o que se pretende questionar é o uso apresentada e o delineamento adequado das
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Recebido em: 06/03/2005


Primeira decisão editorial em: 07/05/2005
Versão final em: 26/05/2005
Aceito em: 30/05/2005

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