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Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Paulo Henrique Hidalgo RGM: 11868

PÊNDULO SIMPLES
Verificou-se graficamente a aceleração da gravidade utilizando um pêndulo simples, com
13 tamanhos de fio diferentes e ângulo de oscilação menor que 15°. Cronometrou-se 10
oscilações cincos vezes para cada tamanho de fio, obtendo-se um valor para a gravidade
g=(986,960 0,002) (cm/s²). Porém, o melhor valor obtido foi considerando apenas o maior

comprimento sendo g=(980,69 7,5x10) (cm/s²).


1 Introdução

O experimento aqui descrito teve por objetivos a determinação da aceleração da


gravidade utilizando a teoria de erros¹ através de um pêndulo simples analisando as suas
variáveis.
Um pêndulo simples² é um sistema idealizado que consiste em uma partícula suspensa
por um cabo leve inextensível. Quando puxado para um dos lados de sua posição de equilíbrio
e liberado, o pêndulo oscila no plano vertical sob influência da força gravitacional. O
movimento é periódico e oscilatório.
É possível relacionar o período (T) com o comprimento (L) do pêndulo e a força da
gravidade (g) aplicando as leis de Newton. Tal relação é expressa por:

L
T = 2π g
(1)

Afastando-se o pêndulo de sua posição de equilíbrio, o componente do peso


perpendicular ao fio, de intensidade mgsenθ, agirá no sentido de restaurar o equilíbrio,
fazendo o pêndulo oscilar. Observe a figura 1.

Figura 01

Porém este modelo possui restrição, sendo válido para pequenos deslocamentos, onde a
força restauradora é proporcional ao deslocamento e oposta a este. Esse é o critério para que
ocorra o movimento harmônico simples. Nesta experiência adotaram-se amplitudes de
oscilação menores que 15°.
Uma boa aproximação para o valor verdadeiro de uma grandeza pode ser obtida através
da média do número de medidas, determinada por:
n
1
x = N
 Xi
1
(2)

onde x representa a média, N o número de medidas e  x é a soma dos valores de cada i

medida.
O erro padrão é obtido a partir da soma das variâncias correspondentes a erros estatísticos
e erros sistemáticos residuais, dado por:

p ²= 
inst ²+ 
obs ²+ 
m ² (3)

onde o σp é o desvio padrão, σm é referende aos erros estatísticos, σinst refere-se a incerteza
instrumental e σobs à incerteza do reflexo humano que é de 0,1 (s) quando este estiver presente.
Para obter o desvio padrão do valor médio (σm), utiliza-se:

S
σm = N
(4)

onde S é o desvio padrão de um conjunto de medidas e N corresponde ao número de


medidas. O valor de S é obtido por

S=   Xi  X  2 (5)
N 1

A incerteza instrumental relaciona-se com o erro limite do instrumento de medida. Neste texto
utilizou-se as seguintes relações, onde ( ) corresponde ao erro limite:
L

L
2
σ= (6)

L
σ= 3
(7)

A incerteza é freqüentemente indicada na forma de incerteza relativa apresentada pela


seguinte equação:


ε= x
(8)

onde σ é a incerteza da medida e x é o valor da medida. Na forma percentual basta multiplicar


a incerteza relativa (ε) por 100.

ε (%) = 100 ε (9)

Da relação da equação (1) é possível obter o valor da gravidade, dado por:

4 ².L
g= T²
(10)
Pela propagação de erros obtém-se a incerteza da gravidade relacionando os valores de (L) e (
T ) e suas respectivas incertezas:

 4 ²  2   8 ².L 
σg² =   . σl² +  ² .σt² (11)
 T²   T³ 

onde a incerteza da gravidade é σg , T é o valor médio do período, σt é a incerteza do período,


L é o valor do comprimento do pêndulo e σl é a sua respectiva incerteza.
As medidas do comprimento do pêndulo são dadas do vértice formado entre o fio e o
suporte até o centro de massa do peso utilizado. O centro de massa é determinado pela
relação:

m1 x1  m 2 x 2
Cm = m1  m 2
(12)

onde m1 e m2 são as massas dos corpos envolvidos e x1 e x2 são as componentes em x no plano


cartesiano, o mesmo deve ser feito para as componentes em y, bastando para isso trocar x por
y na equação (12).
Se apenas uma dimensão de um corpo é levado em conta como uma linha, sendo sua
espessura desprezível, é possível relacionar seu comprimento com a sua massa através da
densidade linear, dada por:

massa
dl = comprimento
(13)

Quando em um processo de medição duas variáveis x e y estão envolvidas, é possível


expressar os resultados experimentais na forma de pontos experimentais. Graficamente tais
pontos mostram a dependência da variável (y) em relação à variável independente (x).
Um problema importante é obter a melhor função f(x) para descrever um conjunto de
pontos experimentais. Este processo é chamado ajuste de uma função ao conjunto de pontos
experimentais. Pelo método de máxima verossimilhança tais funções são caracterizadas por
parâmetros Assim, o problema de ajustar uma função f(x) se reduz a obter os
a1, a 2,..., ap.

parâmetros que tornam máxima a probabilidade para o conjunto de pontos em questão.


Quando graficamente a relação entre x e y forma uma curva, é necessário linearizá-la
antes de ajustar uma função. No caso do pêndulo, em um gráfico do tipo TxL, é necessário
linearizá-lo fazendo T² x L.
A incerteza de T² deve ser obtida através da propagação de erros. Considerando T²=W, a
incerteza σw será:

2
 w  2
w 2 =   . t 
4T 2 . t2
 T 

w =2T. t (14)

onde T é o tempo do período e t a sua incerteza.


Porém, deve ser levado em conta que para o ajuste de uma reta, as incertezas em x devem
ser transferidas para a variável y, conforme as regras para propagação de incertezas. Logo:
2
2 =  2y   f  2
 . x (15)
x
 

 f 
onde 
será a incerteza final em y, y a incerteza em y,   é uma estimativa preliminar
 x 

para o coeficiente angular da reta traçada pelos pontos experimentais e x são as incertezas
em x.
Feito tais procedimentos, ajusta-se uma reta onde os parâmetros da função f(x)=ax+b são
obtidos através das seguintes relações:

1  n 1 n xi yi n x n y 
a=   .
  i 1  i2 i 1  i2
  2  i2 
i
(16)
i 1  i i 1  i 

1  n x2 n y n x n x y 
b=    i2 . i2   i2  i 2i  (17)
 i 1  i i 1  i i 1  i i 1  i 

sendo 
:

n  
2
 1 n xi2  n 
  2   2   i  

= .  x  (18)
i 1 i i 1 i  i 1  

as variâncias  a2 e b2 são dadas por:

n
1
 (19)
2
 a2  i 1 i

n
xi2
 (20)
2
 b2  i 1 i

2 Aparato Experimental

O experimento foi realizado no Laboratório de Física Básica da UEMS (Dourados–MS),


situado no 1° andar do Bloco E no dia 04/07/2007, com início às 13:45 horas, com ar-
condicionado desligado e temperatura ambiente de 26°C conferida através de um termômetro
graduado de mercúrio ( 1°C). 

Posicionou-se os equipamentos na bancada n° 06; utilizando para sustentação do pêndulo


um Tripé Universal Wackerritt (Cidepe) posicionado devidamente no nível. Para conferir os
comprimentos do fio do pêndulo utilizou-se uma trena metálica Lufkin/L510cMI ( 1 mm). 

O tamanho do fio foi considerado desde o vértice formado entre o fio e o suporte até o centro
de massa do peso. Considerou-se como sendo o centro de massa a marca de meia altura do
cilindro usado como peso (figura 2).

Figura 02

Adotou-se esse ponto como centro de massa, já que a interferência da massa do parafuso
que liga o fio ao cilindro é pequena. Calculou-se essa interferência através da equação (12),
utilizando-se para tais procedimentos um paquímetro digital Starret® Eletronic caliper ( 

0,03mm), e uma balança eletrônica Marte ® modelo AS5500c n° 263258 ( 0,01g). 

Os cálculos demonstram que considerando a massa do parafuso (0,28 0,005) (g) e a

massa do cilindro (21,38 0,005) (g) o centro de massa estaria na altura (12,72 0,14)
 

(mm) do cilindro. Considerando a base do cilindro como origem este ponto está 0,18 mm
acima da marca de meia altura do cilindro que é de (12,54 0,01)(mm). A título de

informação para cálculos, o parafuso possuía altura (3,94 0,01) (mm).


Após tais procedimentos fixou-se um transferidor Roge de 180°( 1°) no suporte do


pêndulo utilizando uma fita adesiva com o ponto central do transferidor coincidindo com a
direção do ponto superior do fio (vértice formado com o suporte).
O fio do pêndulo foi considerado de massa desprezível, possuindo uma densidade linear
de cerca de (0,000853 0,000019) (g/cm) segundo calculado pela equação (13).

Para a medida do tempo dos períodos utilizou-se um cronômetro digital Instruther CD


28000 ( 0,01 s).

Os dados foram obtidos para 13 tamanhos diferentes do fio (L), sendo que para cada
tamanho de fio mediu-se o tempo de 10 oscilações por 5 vezes. O tempo de cada 10
oscilações foi calculado através da equação seguinte:

tempo  10oscilações
T= 10
(21)

onde T dos cinco tempos foi calculado através da equação (02).


O ângulo máximo de amplitude das oscilações ficou entre 10° e 13°, portanto dentro do
intervalo menor que 15°. O ângulo foi sempre conferido por uma pessoa com os olhos na
altura do transferidor para evitar o erro de paralaxe. Outra pessoa posicionava o pêndulo no
ângulo desejado, dando um sinal ao soltá-lo para que outro acionasse o cronômetro, medindo
o tempo das 10 oscilações.
Fez-se tais procedimentos para um comprimento de fio fixo com uma amplitude de
oscilação de 100°, ou seja, maior que 15°.

3 Resultados Experimentais

Os valores de tempo médio dos períodos foram obtidos para cada tamanho (L) do fio,
fazendo-se uma média através da equação (2).
Na tabela 1 são apresentados em negrito os 13 valores de tamanho do fio (L) adotados e a
média do período ( T ). É apresentado nesta tabela também, os valores das incertezas padrão
( ) de cada período e sua incerteza relativa (ε) calculados segundo as equações (03) e (08)
p

respectivamente.
Os dados necessários para os cálculos das incertezas padrão também são apresentados na
mesma tabela, onde (S) é o desvio padrão para um conjunto de medidas, ( ) é o desvio m

padrão da média, ( ) é a incerteza do reflexo humano, (


obs
) é a incerteza do cronômetro e
inst

(ε%) é a incerteza percentual.


Tabela 01: Valores de (L), ( T ), (S), ( ), (
m
), (
obs
), ( ), (ε) e (ε%).
inst p

L(cm) T (s) S (s) (s)


m
(s)
obs
(s) (s)
inst
ε ε (%) p

30 1,07 0,012 0,005 0,1 0,005 0,10 0,094 9,4


40 1,26 0,006 0,003 0,1 0,005 0,10 0,080 8,0
50 1,40 0,014 0,006 0,1 0,005 0,10 0,071 7,1
60 1,54 0,009 0,004 0,1 0,005 0,10 0,065 6,5
70 1,65 0,003 0,001 0,1 0,005 0,10 0,060 6,0
80 1,78 0,008 0,004 0,1 0,005 0,10 0,056 5,6
90 1,88 0,019 0,008 0,1 0,005 0,10 0,053 5,3
100 1,99 0,004 0,002 0,1 0,005 0,10 0,050 5,0
125 2,23 0,004 0,002 0,1 0,005 0,10 0,045 4,5
140 2,35 0,004 0,002 0,1 0,005 0,10 0,042 4,2
150 2,44 0,008 0,004 0,1 0,005 0,10 0,041 4,1
160 2,53 0,010 0,004 0,1 0,005 0,10 0,040 4,0
170 2,62 0,013 0,006 0,1 0,005 0,10 0,038 3,8

Considerando a relação teórica apresentada pela equação (10) é possível obter valores
para a gravidade conforme o tamanho do fio e obter sua incerteza através da propagação de
erros da equação Considerando a relação teórica apresentada pela equação (10) é possível
obter valores para a gravidade conforme o tamanho do fio e obter sua incerteza através da
propagação de erros da equação (11). Os dados são apresentados na tabela 02.

Tabela 2: Relação entre o tamanho do fio (L) ,a gravidade (g) e sua incerteza ( g
).
L(cm) g(cm/s²) (cm/s²) g
ε(%)
30 1040,29 1,95 x 102 18,75
40 1001,02 1,59 x 102 15,88
50 1002,80 1,43 x 102 14,26
60 1005,30 1,31 x 102 13,03
70 1012,60 1,23 x 102 12,15
80 996,80 1,12 x 102 11,24
90 1004,21 1,07 x 102 10,66
100 997,91 1,00 x 102 10,02
125 995,01 8,9 x10 8,94
140 997,41 8,5 x10 8,52
150 997,10 8,2 x10 8,22
160 989,17 7,8 x10 7,89
170 980,69 7,5 x10 7,65

Na tabela 3 estão os valores obtidos com tamanho de fio de 160 cm e amplitude de


oscilação de 100°. Onde ( (s)) é a incerteza padrão do período e ( (cm/s²)) é a incerteza
p g

obtida através da propagação de erros apresentada pela equação (11).

Tabela 03: Valores para amplitude de oscilação igual a 100°


L (cm) T (s) (s)
p
g(cm/s²) g
(cm/s²)
160 2,62 0,10 919,49 7,0 x10

A tabela 4 mostra os dados utilizados para fazer o gráfico T²xL onde as incertezas de (L)
já estão transferidas para os valores de (T²) apresentadas por ( ).

Tabela 4
L(cm) T² (s²) 

30 1,14 0,21
40 1,58 0,25
50 1,97 0,28
60 2,36 0,31
70 2,73 0,33
80 3,17 0,36
90 3,54 0,38
100 3,96 0,40
125 4,96 0,45
140 5,54 0,47
150 5,94 0,49
160 6,39 0,51
170 6,84 0,52
O gráfico com os pontos experimentais está apresentado na figura 03. As incertezas de x
já estão transferidas para y. Percebe-se que os pontos formam uma reta. Pelo modelo da
equação 01 percebe-se que a função dos pontos é do tipo:

Y=ax

4 2 .L
T²= (22)
g

4 2
Sendo que o coeficiente angular será a= .
g

Pelo método da máxima verossimilhança apresentado pelas equações (16) e (17) é


possível ajustar a melhor reta e assim determinar o valor da gravidade graficamente. O valor
do coeficiente linear deve ser zero como no modelo (22). O valor obtido para o coeficiente
angular foi de a=0,040 como uma incerteza a =0,002.
Para obter o valor da gravidade basta igualar o valor do coeficiente angular obtido com o
valor do coeficiente angular do modelo. Obtém-se:

4 2
0,040=
g

4 2
g=
0,040

g=986,960 (cm/s²) e  g  0,002 (cm/s²)

A reta ajustada está apresentada na figura 03.


Na figura 04 está apresentado o gráfico TxL em papel dilog formado com os pontos
experimentais e suas incertezas.

Figura 03

Figura 04

4 Discussão
O valor obtido graficamente para a gravidade foi g=(986,960 0,002)(cm/s²) um pouco

diferente do valor apresentado pela literatura para Dourados-MS que é de (978,627199 

0,000018)(cm/s²) utilizando JILAG 3.


Comparando-se tais valores é necessário levar em consideração que o erro do reflexo de
ação humana ( 0,1) predominou em relação às outras incertezas do sistema. Para reduzir

esta incerteza seria necessário um sistema automático de cronometragem, tornando a


experiência inviável.
Outra variável que se pôde verificar foi a interferência do comprimento do fio do
pêndulo. Quanto maior o fio, melhor foi a aproximação para o valor da gravidade como
apresentado na tabela 02. Considerando o maior comprimento de 170 cm, a gravidade
g=(980,69 7,5x10)(cm/s²) foi bastante condizente com o valor da literatura.

Outra questão que ficou evidente está relacionada com o ângulo de oscilação do fio.
Conforme mostrado na tabela 03 o valor de g=(919,49 7,0x10)(cm/s²) foi bastante fora do

apresentado pela literatura.


Fica evidente que o Pêndulo Simples pode ser utilizado para obter o valor da aceleração
da gravidade desde que o ângulo de oscilação máximo seja menor que 15° e que se utilize o
maior comprimento do fio.

5 Conclusão

Os objetivos do experimento foram alcançados de forma que o valor da aceleração


gravitacional obtido graficamente foi g=(986,960 0,002)(cm/s²). Porém o melhor valor

para a gravidade foi obtido com o maior comprimento do fio (L=170 cm) e ângulo de
oscilação menor que 15°.

6 Referências

¹ J. H. Vuolo, Fundamentos da Teoria de Erros, Editora Edgard Blücher., São Paulo,


1992.

² D. Halliday; K. S. Krane; R. Resnick, Física 2, Editora LTC, Rio de Janeiro, 2003.

http://www.on.br/institucional/geofisica/areapage/gravimetria/rgfbabs.htm

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