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Educação a distância um desafio atual

Rogério Costa (rcosta@ipleiria.pt)


Director da Unidade de Ensino a Distância do Instituto Politécnico de Leiria

Introdução

As rápidas inovações/revoluções tecnológicas a que assistimos nos últimos tempos têm


contribuído para um aumento exponencial da discussão sobre a sua utilização para fins
educativos.

Infelizmente, toda e qualquer apropriação dessas novas tecnologias num contexto educativo,
que conduza ao desenvolvimento rápido de competências e de saberes úteis ao cidadão do séc.
XXI, faz-se a um ritmo bem mais lento que a produção de conhecimento gerado, em especial,
pelo desenvolvimento da internet e de todas as tecnologias associadas.

Actualmente, o fenómeno das redes sociais, nomeadamente o Facebook e o Orkut no Brasil,


coloca-nos perante desafios inimagináveis há poucos anos. Enquanto educadores, ainda não
refeitos do impacto que o conceito da Web 2.0 (blogs, wikis, podcast, etc) pode ter na educação
e já nos surge outro fenómeno, o Facebook, criado por jovens universitários, com pouco mais
de 20 anos, que se tornou viciante para mais de 500 milhões de utilizadores em todo o mundo
e que está a modificar o modo como toda a sociedade se relaciona.

O Facebook, além de ser o site mais visitado em todo o mundo a seguir à Google, prende os seus
utilizadores a um uso diário intenso. Esta é uma das grandes mais-valias do site. Os seus
utilizadores permanecem diariamente muito tempo no site.

As empresas, habituadas a estar presente onde estão os seus clientes, perceberam o seu
potencial e criaram diversas estratégias que permitiu, a algumas delas, deixar de ter sites
pessoais e passar a ter as chamadas plataformas sociais no Facebook. Desta forma, o
relacionamento com os seus clientes processa-se de forma natural num ambiente social e de
grande visibilidade mundial.

E as Escolas e os educadores, já estão a tirar partido deste fenómeno? Estão, pelo menos,
atentos a ele? Com o risco de generalização, eu diria que muito poucos se aperceberam ainda
do potencial das redes sociais, que o Facebook é um exemplo, para fins educativos. Ainda se
discute se tem potencial pedagógico e, em muitos casos, é usado como mais uma ferramenta
das instituições para comunicar com os alunos e controlar o que eles dizem da instituição. É um
começo, mas muito “envergonhado”.

Creio que, com uma estratégia adequada, no limite, o ambiente natural para um ensino
aprendizagem adequado às exigências do século XXI, é o espaço onde os alunos já estão
habitualmente e onde aprendem, não de uma maneira formal, mas socialmente e em grupo.

E o que dizer das tecnologias móveis e do seu impacto em todo o mundo? Actualmente, mesmo
nos países menos desenvolvidos, a tecnologia móvel está acessível a quase toda a população.
Como podemos tirar partido deste facto para criar ambientes ricos de aprendizagem?

São tudo questões que devemos colocar e que nos devem nortear no dia-a-dia enquanto
educadores, sendo certo que não há a resposta certa ou errada, mas sim a mais ou menos
adequada no contexto específico em que cada um de nós está inserido.

Contudo, independentemente da componente mais ou menos tecnológica, qualquer instituição


de ensino superior, ao aventurar-se na oferta de formação graduada e pós-graduada a distância,
com todas as diversas nomenclaturas associadas – e-learning, b-learning, híbrido, etc., deve ter
em conta três dimensões essenciais:

 Dimensão didáctico-pedagógica;
 Dimensão organizativa;
 Dimensão tecnológica.
Iremos, ainda que brevemente, abordar cada uma delas fazendo desde já a distinção entre
educação a distância – não presença no mesmo espaço físico e temporal dos actores envolvidos
no processo educativo, alunos, professores instituição – e educação com tecnologia - utilização
de tecnologia dentro ou fora da sala de aula muitas vezes como complemento ao ensino
presencial.

Esta simples distinção faz toda a diferença quando se traçam as estratégias e metodologias
inovadoras de ensino aprendizagem na modalidade a distância.

Dimensão Didático-Pedagógica

A dimensão didáctico-pedagógica de toda a formação a distância, tantas vezes descurada


quando se fala de e-learning, é de uma importância fundamental e o primeiro factor de sucesso
ou insucesso de qualquer projecto de educação a distância. De facto, se todas as dimensões
indicadas são importantes, a adequação das actividades e conteúdos/recursos usados no ensino
presencial para esta modalidade são o ponto central de todo o processo.

Não se pode cair no erro de usar a tecnologia, nomeadamente os LMS (Learning Management
System) ou outros ambientes virtuais, como simples repositórios de informação e afirmar que
se está perante um ensino na modalidade a distância. O mesmo se aplica aos conteúdos e
materiais de apoio utilizados no ensino presencial, que pelo facto de estarem digitalizados e
disponibilizados na internet não são condição suficiente para garantir que estamos perante uma
oferta formativa na modalidade a distância.

Cabe às instituições clarificarem o conceito de educação a distância assumindo um papel


pedagógico na sua promoção, fornecendo a informação necessária a que o público, em geral, e
os potenciais interessados, em particular, se assegurem da sua qualidade, metodologias e
diferenças relativamente ao ensino presencial.

As instituições de ensino superior, ou outras quaisquer, têm uma responsabilidade social


enorme e são vistas pela sociedade não só como entidades de formação mas também
instituições que educam. Além disso, tradicionalmente, o ensino a distância ainda é visto por
uma grande franja da sociedade como um ensino de segunda.

Por isso, a definição do modelo de ensino, devidamente fundamentado nas teorias e trabalhos
de investigação produzidos pela comunidade científica, deve ser uma das primeiras tarefas na
implementação de cursos na modalidade a distância. A definição clara do modelo de ensino
adoptado pela instituição tem como objectivos não só mostrar à sociedade e aos futuros alunos
como se processa o ensino/aprendizagem mas também servir de linha orientadora do trabalho
de todos os seus colaboradores.

É esta definição e clarificação do modelo pedagógico a adoptar que vai trazer consequências na
dimensão organizativa e tecnológica e não o contrário.

De facto, não raras vezes, as instituições assentam o seu modelo de educação a distância na
plataforma tecnológica que implementam descurando por completo a componente didático-
pedagógica e formação dos professores preparando-os para esta modalidade de ensino.

A educação a distância, como já disse, caracteriza-se, fundamentalmente, pela não


simultaneidade temporal e espacial dos actores envolvidos no processo educativo. Essa não
presença no mesmo espaço físico do professor e do aluno obriga a desenvolver metodologias
próprias tendo em conta o canal de comunicação que vai ser usado.
Apesar desta separação física e temporal, os participantes não estão isolados. Antes estão
inseridos numa comunidade com regras, onde se exige responsabilidade individual enquanto
membro do grupo. Esta comunidade desenvolve-se, habitualmente, num ambiente virtual de
aprendizagem (AVA), desenhado pelo professor onde estão incluídos meios de comunicação
síncrona e/ou assíncrona.

Os meios de comunicação síncrona envolvem, entre outros, o recurso a ferramentas Web tais
como a webconferência e o chat. Devem ser usados pelos professores em momentos
específicos do percurso de aprendizagem tais como: check-points, esclarecimento de dúvidas,
explicação de parte prática da matéria e gestão de conflitos. Este tipo de comunicação
apresenta a vantagem de garantir um feedback em tempo real, embora seja pouco flexível (em
termos de gestão do tempo por parte de todos os intervenientes) e exije um enorme controlo
e planeamento por parte do professor; para além disso, revela-se pouco eficaz para grandes
grupos, devendo ser organizado por subgrupos de toda a turma.

Por outro lado, os modos de comunicação assíncrona, asseguram uma maior flexibilidade de
acompanhamento por parte de todos os intervenientes no processo educativo, permitindo a
partilha de informação e construção colectiva do conhecimento. Esta comunicação é adequada
para o estabelecimento de debate sobre um tópico específico, apresentação de trabalho,
resposta a questões, esclarecimento de dúvidas, brainstorming, reflexão e pensamento crítico.
Os meios de comunicação assíncrona incluem: fórum, e-mail, e-portfolio, wiki, e outras
ferramentas disponibilizadas pela plataforma utilizada. A utilização destes meios pressupõe
uma intervenção activa (diária) do professor.

Não obstante o seu carácter predominantemente a distância os modelos de educação a


distância, de uma maneira geral, devem potenciar uma aprendizagem colaborativa, definida
sinteticamente por Dillenbourg (1999) como uma situação em que duas ou mais pessoas
aprendem ou tentam aprender algo em conjunto. Este processo de aprendizagem, de acordo
com Littleton & Häkkinnen (1999), envolve a construção de significado através da interacção
com os outros e caracteriza-se pelo empenho conjunto relativamente a um objectivo comum.

Muitos autores defendem que estratégias colaborativas de aprendizagem produzem melhores


resultados do que a aprendizagem solitária pois aumentam o envolvimento dos alunos no
curso e o empenho no processo de aprendizagem (Hiltz, 1998; Johnson & Johnson, 2004;
Mason & Rennie, 2008). Neste sentido, a aprendizagem colaborativa é vista como um processo
social que se desenvolve através da comunicação com os outros, sendo o conhecimento
construído a partir do confronto com as reacções e as respostas dos outros (Hiltz, 1998).
Portanto, não só activa mas também interactiva, largamente assente no diálogo, no confronto
de ideias e no feedback dos outros.

Em educação a distância a aprendizagem colaborativa tem-se revelado importante para a


construção social do conhecimento e para o apoio do comportamento colaborativo (Stacey,
1999). Esta autora defende que o estabelecimento de um ambiente de aprendizagem que
incluía apoio socio-afetivo e colaborativo motiva os alunos, desenvolve a sua auto-confiança e
contribui para desenvolver a coesão do grupo e facilitar a sua gestão.

O facto de os alunos trabalharem em grupo em vez de isoladamente aumenta a motivação, a


percepção do desenvolvimento de competências e os níveis de satisfação dos alunos e,
segundo Hiltz (1998), a utilização de estratégias de trabalho colaborativo pode tornar o ensino
online tão efectivo, pelo menos, como o ensino presencial. Neste sentido, o papel do professor
torna-se fundamental na orientação e facilitação da colaboração pretendida, encorajando a
participação activa dos alunos.

Este maior envolvimento do professor neste processo, em que eventualmente intervém na


organização do grupo de alunos, com uma melhor estruturação e divisão do trabalho pelos
participantes permite-nos estar perante a aprendizagem cooperativa (Panitz,1996).

O método expositivo, tão comum no nosso ensino presencial, em que o aluno tem uma atitude
deveras passiva no processo de ensino/aprendizagem, deixa de fazer sentido na modalidade de
ensino a distância.

Vivemos ainda numa época em que, apesar de todos os avanços tecnológicos, tanto professores
como alunos, de um modo geral, frequentaram e continuam a replicar um modelo de escola
derivado ainda do modelo industrial com algumas adaptações circunstanciais tendentes a incluir
a tecnologia no processo ensino/aprendizagem sem se operar uma verdadeira mudança nas
metodologias e mentalidades.

Daí que se procurem outras metodologias mais colaborativas e que tirem partido de todo o
potencial que as novas formas de comunicar baseadas na Web permitem, para que não continue
a acontecer o que Dias de Figueiredo afirmava em 2002 “… excita-nos a modernidade que as
tecnologias nos oferecem mas somos incapazes de fazer com elas mais do que fazíamos sem
elas”.

Ainda de acordo com este autor (Figueiredo, 2002) a vocação da Escola tem sido fortemente
marcada e orientada para a produção/consumo de conteúdos, mas a parte mais significativa
do futuro dessa mesma Escola está nos contextos que soubermos criar para dar vivência aos
conteúdos. Este autor refere ainda que:

(…) o futuro de uma aprendizagem enriquecida pelo recurso às tecnologias da


informação não se encontra apenas na “produção de conteúdos”, na “distribuição
de conteúdos” – ou, como abusiva e mecanisticamente se diz, na “transmissão” de
conhecimento – a partir de grandes repositórios electrónicos de “saber” para as
cabeças vazias dos estudantes. Está, sim, a nosso ver, em tornar possível a
construção de saberes pelos próprios estudantes, em ambientes activos e
culturalmente ricos. (op. cit., 2)

O contexto pode ser definido como o conjunto de circunstâncias relevantes para o aluno
construir o seu conhecimento. Assim, o futuro da aprendizagem não se centra apenas nos
conteúdos, mas principalmente nos contextos. Para além da transmissão de conteúdos é
necessário ter em conta a interacção e a actividade, ou seja, os contextos de aprendizagem
(Figueiredo & Afonso, 2005). Estes autores argumentam que uma parte significante do futuro
da aprendizagem e da educação – a parte mais importante – encontra-se nos contextos, isto é,
na utilização de ambientes sociais ricos em interacção, actividade e cultura que a utilização
inteligente da tecnologia está a agilizar.

De referir, ainda, que muitas das experiências e investigações feitas em Portugal até ao
momento estão mais focadas na introdução das tecnologias nas salas de aula do que com uma
verdadeira utilização dessas tecnologias num processo de ensino/aprendizagem feito a
distância.

Assim, ao iniciar-se um processo de oferta de cursos de graduação ou pós-graduação a distância


é importante dedicar especial atenção aos aspectos pedagógicos e didáticos específicos desta
modalidade de ensino. A formação de professores é essencial para se obter sucesso nesta
modalidade.

Dimensão Organizativa

Definido o modelo há questões organizativas a ter em conta. Sem pretender entrar em grande
detalhe sobre a gestão da educação a distância importa referir alguns pontos básicos e
fundamentais a ter em conta em qualquer projecto institucional em Portugal.

Infelizmente a legislação relativa ao ensino superior, nomeadamente o acesso ao ensino


superior, o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) e o Estatuto da Carreira
do Pessoal Professor do Ensino Superior Politécnico (ECPDESP), bem como os estatutos e
regulamentos internos das instituições, nem sempre se mostram adequados a contemplar
algumas especificidades exigidas por esta modalidade.

Neste âmbito assumem uma importância decisiva as questões relativas à contabilização e


distribuição de serviço docente, e sobretudo no que se refere à selecção dos professores. É
fundamental, até para para credibilizar esta modalidade formativa, assegurar a colaboração dos
professores mais graduados e qualificados em cada área. Contudo, devemos estar cientes que
nem sempre um bom professor em regime presencial é um bom professor no regime a distância
e vice-versa. Isto é algo natural que temos que encarar com franqueza e que não significa maior
ou menor grau profissionalismo dos professores. Daí que a formação dos professores para
trabalharem nesta modalidade de ensino se torne essencial.

Sendo a formação dos professores essencial para o sucesso de qualquer projecto de ensino a
distância, esta deve incidir em aspectos relacionados com a planificação das disciplinas,
estruturação do conteúdo programático e produção de conteúdos, estratégias pedagógicas para
uma tutoria activa dando ênfase aos papéis do professor-tutor e exploração de ferramentas e
recursos Web que promovam a interacção e a comunicação.

A planificação deve estar integrada numa acção de formação alargada cujo objectivo final é a
planificação da disciplina com tudo o que isso implica – conteúdos/materiais pedagógicos
produzidos, actividades definidas e calendarizadas, plano de tutoria.

Contrariamente à opinião que ainda vai prevalecendo de que o ensino a distância é menos
exigente em termos de horas relativamente ao ensino presencial, a experiência e a investigação
dizem que, pelo contrário, essa exigência é superior quando se adopta um modelo baseado
numa tutoria activa tendente a minorar o sentimento de isolamento do aluno. Por isso, a
contabilização das horas de tutoria e a sua verificação devem ser devidamente equacionadas.
Deixam de fazer sentido os horários dos professors baseados em manchas semanais estáticas,
assim como a obrigatoriedade de sumário dado num determinado dia e hora.

Finalmente, tal como é preconizado por diversos autores, nomeadamente George Siemens e
Marc Rosemberg, a existência de uma equipa multidisciplinar é fundamental para levar a cabo
qualquer projecto de e-learning. Dela podem fazer parte: a) os professores, responsáveis
máximos pelas disciplinas; b) os tutores, professores da área científica que acompanham o aluno
no seu percurso formativo lançando actividades, esclarecendo dúvidas e fazendo a avaliação; c)
os técnicos de design instrucional, que ajudam o professor no planeamento e desenho da
disciplina usando as metodologias e técnicas próprias para esta modalidade de ensino e mais
adequadas a cada caso; d) os técnicos de design da comunicação gráfica e multimédia que
ajudam na criação de materiais pedagógicos seguindo as regras definidas pelo professor na
interação com os designers instrucinoais; e) e os técnicos de informática responsáveis pela
gestão da infra-estrutura tecnológica, administração de plataformas e o desenvolvimento de
aplicações específicas para o ensino a distância que sejam propostas.

Dimensão Tecnológica

Relativamente à dimensão tecnológica da educação a distância, temos de a analisar segundo


dois pontos de vista.

Do ponto de vista dos gestores da instituição, a tecnologia tem de servir para auxiliar na gestão
do dia a dia em todas as suas componentes académica, financeira, de recursos humanos e de
gestão da actividade cientifica, marketing, entre outros.

No que diz respeito ao ponto de vista do professor e do aluno, apesar de se preconizar que seja
transparente para o utilizador, ela deve estar adaptada às exigências metodológicas e
pedagógicas definidas pelos professores nas suas disciplinas e não ao contrário, como muitas
vezes acontece.

Daí que, pela flexibilidade que as plataformas open source proporcionam, associado ao facto de,
na maior parte das Instituições de Ensino Superior, haver know-how instalado que permita fazer
uma administração eficiente destas plataformas, e uma solução base open source onde se
possam adicionar módulos específicos, parece ser a solução mais adequada.

Além disso, uma vez que toda ela é baseada na internet, a sua partilha por diversas instituições
é facilmente realizada.

Actualmente, com a proliferação de inúmeras tecnologias, muitas delas baseadas na Web, com
potencial pedagógico incrível, o professor tem de adoptar uma postura investigativa muito
grande.

De facto, só pela experimentação e exploração em contexto educativo das diferentes


tecnologias (blogs, wikis, podcast’s, redes sociais, e-portfólios, smartfones, etc) e participando
em redes e comunidades de interesse é que professor se sente apto a incorporar a tecnologia
no seu dia-a-dia.
Cabe à instituição proporcionar as condições de infra-estrutura tecnológica para que o uso das
novas tecnologias, algumas delas emergentes, seja colocado ao serviço da educação de forma
inovadora e que contribua para a criação das competências essenciais aos cidadãos do sec. XXI.

Conclusão

Em jeito de conclusão e ao mesmo tempo de desafio, gostava de deixar ficar uma metáfora que
o Professor Dias Figueiredo relata no se artigo de 2002. Dizia ele:

Conta-se que, há anos, uma expedição de cientistas encontrou, numa ilha remota, uma
comunidade primitiva dispersa em tribos que comunicavam entre si por sinais de fumo. O
entusiasmo dos primitivos com os rádio-telefones dos cientistas foi de tal forma expressivo que
estes resolveram oferecer-lhes alguns aparelhos, antes de prosseguirem viagem. Passados dias,
no trajecto de regresso, os cientistas interrogavam-se sobre como é que uma população
culturalmente preparada para comunicar à distância, ainda que por métodos primitivos, teria
reagido à posse de instrumentos de comunicação tão poderosos. A resposta dos nativos, por
sinais e gestos entusiásticos, não se fez esperar – precisavam de mais rádio-telefones! “Mais
porquê?”, perguntou o chefe da expedição, surpreendido. O intérprete da equipa conseguiu,
então, decifrar a resposta: “Mais, porque já arderam todos. Faziam um fumo muito espesso, que
produzia excelentes mensagens, mas agora não temos mais!

Sejamos nós capazes de usar a tecnologia de forma inovadora e não fazer com ela o mesmo do
que fazíamos sem ela.

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