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Modelo de Ação Revisional de Contrato


Bancário Novo CPC Empréstimo Pessoal
PN537
O que se trata nesta peça processual: trata-se de modelo de petição inicial de Ação
Revisional de Contrato de Crédito Direito ao Consumidor (empréstimo pessoal) c/c
Pedido de Tutela Antecipada da Urgência, ajuizada com base nas disposições do novo
CPC/2015, decorrente de abertura de crédito a consumidor bancário, na qual se visa
a revisão dos juros abusivos contidos em cláuculas contratuais.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA


CIDADE.
 
 
 
 
 
  
 
 
 
                                               JOSÉ DAS QUANTAS, casado, comerciário, inscrito
no CPF (MF) sob o nº. 555.999.777-88, residente e domiciliado na Rua Delta, nº
000, nesta Capital, com endereço eletrônico ficto@ficticio.com.br, vem, com o
devido respeito a Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que abaixo
assina – instrumento procuratório acostado – o qual tem endereço profissional
consignado no timbre, razão qual, em atendimento à diretriz do art.77, inc. V
c/c art. 287, caput, um e outro Código de Processo Civil, indica-o para as
intimações necessárias, para ajuizar
 
AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO
“COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE
URGÊNCIA”
 
contra BANCO XISTA S/A, instituição financeira de direito privado, estabelecia
na Av. Delta, nº. 000, em Cidade (PP) – CEP 55.999-000, inscrita no CNPJ
(MF) nº. 11.222.333/0001-44, com endereço eletrônico ficto@ficticio.com.br,
em decorrência das justificativas de ordem fática e de direito, abaixo delineadas.
 
INTROITO
 
( a ) Benefícios da gratuidade da justiça (CPC, art. 98, caput)
                                                                                                                             
                                                               O Autor não tem condições de arcar com as
despesas do processo. São insuficientes os recursos financeiros para pagá-las,
inclusive o recolhimento das custas iniciais.
 
                                               Destarte, formula pleito da gratuidade da justiça,
fazendo-o por declaração de seu patrono, isso sob a égide do art. 99, § 4º c/c
105, in fine, ambos do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no
instrumento procuratório acostado. 
 
( b ) Quanto à audiência de conciliação (CPC, art. 319, inc. VII)

 
                                                               Opta-se pela realização de audiência
conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII). Por isso, requer a citação da Promovida,
por carta (CPC, art. 247, caput), instando-a a comparecer à audiência, designada
para essa finalidade (CPC, art. 334, caput c/c § 5º).
 
(I)
Dos fatos
 
                                               O Promovente celebrou com a Ré contrato de
financiamento, no formato de adesão, sob a modalidade de Crédito Direto ao
Consumidor, o qual detém o nº.334455 (doc. 01).
 
                                               Estava agregado, unicamente, à aquisição de produtos
perante o Supermercado Xista S.A.
 
                                               Durante o período, aquele se utilizou do crédito
disponibilizado. A taxa remuneratória mensal alcançou patamares superiores a
19,3%.
 
                                               De mais a mais, esses juros foram cobrados sob o
regime de capitalização diária.  Contudo, inexiste no mencionado contrato de
adesão qualquer ajuste nesse sentido.
 
                                               Decorrência da cobrança abusiva dos juros, o
Promovente acredita haver pago a integralidade do débito. De maneira a
comprar, ao menos superficialmente, acostam-se extratos.  (docs. 02/11)
 
                                               Sem dificuldades, vê-se que, em um único mês, a
título de juros remuneratórios, cobrou-se a quantia de R$ 000,00 (.x.x.x.).
 
                                               Inúmeras vezes procurou-se a Ré para fazer uma
composição. Essa fora irredutível na redução da (pretensa) dívida.  
 
                                               Ao contrário disso, o nome daquele foi inserido nos
órgãos de restrições, o que se comprova com comunicados carreados. (doc.
12/13) 
 
                                               A quantia revelada como de saldo a pagar, pois,
mostra-se absurda.
 
                                               Destarte, com o fim de reapreciar as cláusulas que
resultaram na dívida, afora-se esta demanda.
                                                                            HOC  IPSUM EST
( II )
Quanto ao mérito 
 
DELIMITAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS
CONTROVERTIDAS
CPC, art. 330, § 2º
 
                                               Observa-se que a relação contratual entabulada entre
as partes é de empréstimo. Por isso, o Autor, à luz da regra contida no art. 330, §
2º, da Legislação Adjetiva Civil, cuida de balizar as obrigações contratuais alvo
da controvérsia judicial.
 
 

 
                                      O Promovente almeja alcançar provimento judicial, de
sorte a afastar os encargos contratuais tidos por ilegais. Nessa esteira de
raciocínio, a querela gravitará com a pretensão de fundo para:
 
( a ) afastar a cobrança de juros capitalizados, com periodicidade diária;
Fundamento: ausência de ajuste expresso nesse sentido e onerosidade
excessiva.
 
( b ) reduzir os juros remuneratórios;
Fundamento: taxa que ultrapassa a média do mercado.
 
( c ) excluir todos os encargos moratórios;
Fundamento: o Autor não se encontra em mora, posto que foram cobrados
encargos contratuais, ilegalmente, durante o período de normalidade;
 
( d ) afastar a cumulatividade na cobrança de encargos moratórios,
remuneratórios e comissão de permanência;
Fundamento: colisão com as súmulas correspondentes do STJ/STF.
 
                                        Dessarte, tendo em conta as disparidades legais, supra-
anunciadas, o Promovente acosta planilha provisória com cálculos (doc. 03) a
qual demonstra, por estimativa, o valor a ser pago:
 
( a ) Valor da obrigação ajustada no contrato R$ 0.000,00 ( .x.x.x. );
 
( b ) valor controverso estimado da parcela R$ 000,00 ( x.x.x. );
 
( c ) valor incontroverso estimado da parcela R$ 000,00 ( x.x.x. ).
 
                                      Nesse compasso, com supedâneo na regra processual
invocada, o Autor requer que Vossa Excelência defira o depósito, em juízo, da
parte estimada como controversa.
 
                                               Por outro ângulo, pleiteia que a Promovida seja
instada a acolher o pagamento da quantia estimada como incontroversa,
igualmente acima mencionada, a qual será paga junto à Ag. 3344, no mesmo
prazo contratual avençado.
 
                                               O depósito das parcelas, como afirmado, é feito por
estimativa de valores. Isso decorre, maiormente porque, na espécie, a relação
contratual se originou nos idos de 2012. É inescusável que, para se apurar esse
montante, necessita-se de extremada capacidade técnica. Além disso, tal mister
demandaria, no mínimo, um mês de trabalho, mesmo se realizada por um bom
especialista da engenharia financeira ou outra área equivalente. E, lógico, um
custo elevadíssimo para a confecção desse laudo pericial particular.
 
                                               Nesse aspecto, há afronta à disposição constitucional
que prevê igualdade de tratamento entre os litigantes. Mais ainda, ofusca o
princípio da contribuição mútua entre todos envolvidos no processo judicial
(CPC, art. 6º) e paridade de tratamento (CPC, art. 7º).
 
                                               Quando o autor da ação é instado a apresentar
cálculos, precisos, complexos, com sua petição inicial, como na hipótese, afasta-
o da possibilidade de se utilizar de um auxiliar da Justiça (contador). O mesmo
poderia fazer justamente esse papel, e muito bem desempenhado (CPC, art.
149). Assim, no mínimo é essencial que se postergue essa tarefa, de encontrar o
valor correto a depositar (se ainda houver), para quando já formada a relação
processual.                                              
 
                                      Noutro giro, cabe aqui registrar o magistério de Nélson
Nery Júnior, o qual, acertadamente, faz considerações acerca da norma em
espécie, chegando a evidenciar que, até mesmo, isso bloqueia o acesso à Justiça,
verbis:
 
19. Bloqueio do acesso à Justiça e igualdade.
É interessante notar que a previsão constante desses dois parágrafos se aplica
apenas a ações envolvendo obrigações decorrentes de empréstimo,
financiamento ou alienação de bens. Mas por que isso se aplica apenas a esses
casos? Ainda, pode ocorrer de o autor não ter condições de quantificar o valor
que pretende discutir, bem como o valor incontroverso, já no momento da
propositura da ação. A petição inicial deve, portanto, ser indeferida, em
detrimento do acesso à Justiça? Neste último caso, nada impede que a
discriminação cobrada por estes parágrafos seja feita quando da liquidação
da sentença (cf. Cassio Scarpinella Bueno. Reflexões a partir do art. 285-B do
CPC [RP 223/79]). Vale lembrar ainda que o § 3º é mais um exemplo de norma
constante do CPC que disciplina questões não ligadas ao processo civil. Essa
desorganização, se levada adiante, pode fazer com que tais exemplos se
multipliquem, dificultando a sistematização e a lógica processuais...
( ... )
 
                                                      A ratificar esses fundamentos, urge evidenciar
julgados acolhendo o pleito de depósito do valor incontroverso, delimitado
na peça inaugural, verbis:
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO.
CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE. INDICAÇÃO DAS CLÁUSULAS
QUE O AUTOR PRETENDE CONTROVERTER E QUANTIFICAÇÃO
DO VALOR INCONTROVERSO DO DÉBITO (ART. 330, § 2º, CPC/15).
INSTRUMENTO CONTRATUAL NÃO DISPONIBILIZADO AO
CONSUMIDOR. DISCRIMINAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
IMPUGNADAS. IMPOSSIBILIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVA (ART. 6º, VIII, CDC). NECESSIDADE. DEPÓSITO JUDICIAL
DAS PARCELAS VENCIDAS E VINCENDAS NO VALOR
INCONTROVERSO OU CONTRATADO. DESNECESSIDADE PARA
FINS DE RECEBIMENTO DA VESTIBULAR DA AÇÃO REVISIONAL.
SITUAÇÃO QUE SE PRESTA, TÃO SOMENTE, PARA AFASTAR A
MORA, EM CASO DE CONCESSÃO DE TUTELA PRECÁRIA, NÃO
TENDO O CONDÃO DE IMPEDIR O TRÂMITE PROCESSUAL.
PRECEDENTES. PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA VIOLADO
(ART. 5º, XXXV, CF/88). RECURSO APELATÓRIO CONHECIDO E
PROVIDO. SENTENÇA DE INDEFERIMENTO DA INICIAL
CASSADA. RETOMADA DO PROCESSAMENTO DA AÇÃO
REVISIONAL NO PRIMEIRO GRAU.
1. Partindo-se de uma interpretação literal e, também, finalística do disposto
nos §§ 2º e 3º do art. 330 do CPC/15, apenas a discriminação das obrigações
que o autor pretende controverter (e não a juntada, em si, do instrumento
contratual, muitas vezes inacessível ao consumidor) e a quantificação (e não o
depósito) do valor incontroverso do débito são pressupostos processuais da ação
revisional de contrato, cujo desatendimento é causa de inépcia da inicial.
Precedentes. 2. Assim sendo, interposta a ação de revisão de cláusulas
contratuais, o ônus que se impõe ao autor, seja no CPC/15, seja no CPC/73, é o
de tão somente especificar, de modo claro, e acaso tenha tido acesso ao contrato,
quais cláusulas estarão sob análise, bem como o de declarar o valor
incontroverso da dívida, revelando-se, outrossim, antijurídico condicionar o
processamento da ação revisional ao pagamento das parcelas vencidas e
vincendas, seja pelo valor incontroverso ou não, cuja importância restringe-se à
demonstração de fundamento relevante à concessão de eventual provimento
liminar. 3. Logo, uma vez constatado que o autor/apelante, diante da
impossibilidade de acesso ao instrumento contratual objeto do pedido de
revisão em apreço, postulou a inversão do ônus da prova para transferir tal
encargo à instituição financeira promovida, bem como indicou o valor
incontroverso do débito (R$ 219,61 - fl. 03), restam atendidos os pressupostos
necessários ao recebimento da inicial da presente ação revisional de contrato, na
forma do § 2º do art. 330 do CPC/15, a ensejar, em cadeia, o acolhimento do
apelo e a retomada da demanda na origem, devendo o réu ser intimado para
apresentar a íntegra do contrato questionado, cujo espelho já repousa às fls.
23/26 da inicial, proferindo-se, ao final, novo julgamento. 4. Apelo conhecido e
provido. Sentença de indeferimento da inicial anulada. Retorno dos autos à
origem para regular processamento da ação revisional [ ... ]
 
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL. TUTELA
PROVISÓRIA DE URGÊNCIA. PLEITO DE AFASTAMENTO DOS
EFEITOS DA MORA, COM VEDAÇÃO DE
APONTAMENTOS RESTRITIVOS DE CRÉDITO MOTIVADOS NO
DÉBITO QUESTIONADO NA DEMANDA E MANUTENÇÃO NA
POSSE DO BEM FINANCIADO. OFERTA DE DEPÓSITO JUDICIAL
DO VALOR INCONTROVERSO DAS PARCELAS MENSAIS
PREVISTAS NO CONTRATO FIRMADO ENTRE AS PARTES.
IMPOSSIBILIDADE. ARTIGO 330, §§ 2º E 3º, DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. INTELIGÊNCIA. SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA
MORA. REQUISITOS. PAGAMENTO, NO TEMPO E NO MODO
AJUSTADOS, DA PARTE INCONTROVERSA DAS OBRIGAÇÕES
AVENÇADAS E REQUERIMENTO, SIMULTÂNEO, DE REALIZAÇÃO
DO DEPÓSITO JUDICIAL DA PARCELA CONTROVERTIDA.
RECURSO NÃO PROVIDO. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.
Nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes de empréstimo,
financiamento ou arrendamento mercantil, o devedor haverá de efetuar o
pagamento, no tempo e no modo avençados, da parte entendida como
incontroversa das obrigações previstas no contrato firmado entre as partes.
Pretendendo obter tutela provisória de urgência com alcance de suspender os
efeitos da mora, deverá a parte autora realizar o pagamento, no tempo e no
modo ajustados, da parte que reputa incontroversa das obrigações previstas no
contrato questionado na demanda, requerendo, simultaneamente, autorização
para realizar o depósito judicial da parcela controvertida [ ... ] 
 
                                      Ademais, é de toda conveniência revelar aresto no sentido
da possibilidade do valor incontroverso ser menor que aquele pactuado, a saber:
 
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO
ESPECIFICADO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. ALEGAÇÃO DE
EXCESSO DE EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE MEMÓRIA DE CÁLCULO.
ART. 917, §§ 3º E 4º, DO CPC/15. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA.
De acordo com artigo art. 917, §§ 3º e 4º, do CPC/15, é ônus do embargante
demonstrar através de planilhas e memórias de cálculos o valor que entende
incontroverso. Todavia, inexistindo o atendimento de tal determinação, a
manutenção da sentença é medida que se impõe. Negaram provimento ao apelo.
Unânime [ ... ] 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO
BANCÁRIO.
Financiamento para aquisição de imóvel. Lei nº 9.514/97. Autorização para
proceder aos depósitos dos valores que entende como incontroversos, para
purgar a mora. Abstenção de qualquer ato expropriatório, para permitir a
manutenção na posse do bem até final do litígio. Inexistência de
verossimilhança ou dano irreparável. Não concorrência dos requisitos do art.
300 do CPC para a concessão da tutela de urgência. Decisão mantida.
RECURSO DESPROVIDO [ ... ]
 
                                                Com esse exato enfoque são as lições de Guilherme
Rizzo Amaral, ad litteram:
 
“Regra mais delicada é a inserida no § 3º, do art. 330, que prevê o dever do
autor em continuar pagando o valor incontroverso no tempo e modo
contratados. Sua interpretação deve ser restrita. Nenhuma consequência
advirá para o autor e sua ação revisional caso ele deixe de pagar o valor
incontroverso, especialmente porque eventuais dificuldades financeiras não
podem obstar o acesso à via jurisdicional. O que a norma em comento
determina é que o simplesmente ajuizamento da ação revisional não serve
para justificativa para a suspensão da exigibilidade do valor incontroverso... 
 
                                              De igual modo, é desnecessário o pagamento de
valores prévios ao ajuizamento da ação revisional, o que se depreende do
julgado abaixo: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO.
REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL. ART. 330, § 2º, DO NCPC.
INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL. REQUISITOS
PRESENTES. SENTENÇA NULA.
1. Nas ações revisionais de contrato de empréstimo, de financiamento ou de
alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição
inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter,
além de quantificar o valor incontroverso do débito (art. 330, § 2º, do NCPC). 2.
Tendo a parte autora especificado na petição inicial as questões que pretende
discutir, bem como quantificado o valor por ela considerado incontroverso, deve
ser declarada a nulidade da sentença que indeferiu a petição inicial, já que
presentes os requisitos para a propositura da ação revisional [ ... ]
 
                                          Desse modo, impõe-se reconhecer a impossibilidade do
julgamento de improcedência liminar, visto que, havendo controvérsia a
respeito de fatos, cuja prova não se encontra nos autos, é imprescindível que
este juízo viabilize à parte Autora a produção da prova requerida. Além disso, a
disposição contida no art. 373, I, do Código de Processo Civil, dita que tal ônus a
esse pertence.
 
( iii ) A inconstitucionalidade do art. 332 do Código de Processo Civil
 
                                      De outro bordo, é inconteste que há inúmeras razões para
receber a norma acima mencionada como inconstitucional.
 
                                               Ao subordinar o pedido de tutela jurisdicional do
Estado aos ditames do art. 332, sem ao menos antes se ouvir a parte adversa,
sucede-se, no mínimo, afronta ao direito de ação, consagrado pela Constituição
da República.
 
                                               Com esse enfoque, urge evidenciar as lições de Nélson
Nery Júnior, in verbis:
 
3. Inconstitucionalidade. O CPC 332, tal qual ocorria com o CPC/1973 285-A, é
inconstitucional por ferir as garantias da isonomia (CF art. 5º caput e I), da
legalidade (CF art. 5º, II), do devido processo legal (CF art. 5º caput e LIV), do
direito de defesa (CF art. 5º, XXXV) e do contraditório e da ampla defesa (CF
art. 5º LV), bem como o princípio dispositivo, entre outros fundamentos,
porque o autor tem o direito de ver efetivada a citação do réu, que pode abrir
mão de seu direito e submeter-se à pretensão, independentemente do
precedente jurídico de tribunal superior ou de qualquer outro tribunal, ou
mesmo do próprio juízo...
( ... )
 
( iv ) A exordial traz pedido de fazer composição em audiência conciliatória  
 
                                      O Código preservou, ao máximo, a ideia da composição em
detrimento do litígio. Destacou, inclusive, uma seção inteira do Título I, do livro
IV, do CPC, para as tarefas dos mediadores e conciliadores (CPC, art. 165 e
segs). E é também a previsão estabelecida no art. 3º, §§ 2º e 3º, do CPC, bem
assim aquela que determina que o magistrado promova, a qualquer tempo, a
conciliação (CPC, art. 139, inc. IV). 
 
                                               A interpretação do Código de Processo Civil deve ser
sistemática, visto como um todo, e não em função de uma única norma isolada.
É absurdo exaltar-se o art. 332, em detrimento de todas essas regras, as quais
procuram a conciliação das partes. E muito menos há, aqui, uma interpretação
teleológica (CPC, art. 8º).
 
                                               Nesse compasso, espera-se o acolhimento dessas
parcelas, arbitradas, preliminarmente, por estimativa. Subsidiariamente (CPC,
art. 326), requer-se sejam futuramente compensados, quando da liquidação da
sentença. Ainda supletivamente (CPC, art. 326), requer-se a remessa dos autos à
Contadoria, com a finalidade de que sejam delimitados os valores para ulterior
depósito.   
           
a) Capitalização dos juros
 
                                               Prima facie, necessário gizar que, no tocante à
capitalização dos juros, não há se falar em ofensa às Súmulas 539 e 541 do
Superior Tribunal Justiça, abaixo aludidas:
 
STJ, Súmula 539 - É permitida a capitalização de juros com periodicidade
inferior à anual em contratos celebrados com instituições integrantes do
Sistema Financeiro Nacional a partir de 31/3/2000 (MP 1.963-17/00, reeditada
como MP 2.170-36/01), desde que expressamente pactuada.
 
STJ, Súmula 541 - A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual
superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa
efetiva anual contratada.
 
                                      É dizer, os fundamentos são completamente diversos.     
                                          
                                      De mais a mais, não existe no acerto em espécie qualquer
cláusula que estipule a celebração da cobrança de juros capitalizados
diários.                  
                                              
                                               Para além disso, fundamental sublinhar que a cláusula
de capitalização, por ser de importância ao desenvolvimento do contrato, deve
ser redigida a demonstrar exatamente ao contratante do que se trata, assim
como quais reflexos gerarão no plano do direito material.
                                              
                                               É mister, por isso, perceber que o pacto, à luz do
princípio consumerista da transparência, requer informação clara, correta,
precisa, sobre o quanto firmado. Mesmo na fase pré-contratual, deve conter: 
 
1) redação clara e de fácil compreensão (art. 46);
 
2) informações completas acerca das condições pactuadas e seus reflexos no
plano do direito material;
 
3) redação com informações corretas, claras, precisas e ostensivas, sobre as
condições de pagamento, juros, encargos, garantia (art. 54, parágrafo 3º, c/c art.
17, I, do Dec. 2.181/87);
 
4) em destaque, a fim de permitir sua imediata e fácil compreensão, as cláusulas
que implicarem limitação de direito (art. 54, parágrafo 4º)
                                   
                                                               Defendendo essa enseada, verbera Cláudia
Lima Marques, ad litteram:
 
“          A grande maioria dos contratos hoje firmados no Brasil é redigida
unilateralmente pela economicamente mais forte, seja um contrato aqui
chamado de paritário ou um contrato de adesão. Segundo instituiu o CDC, em
seu art. 46, in fine, este fornecedor tem um dever especial quando da
elaboração desses contratos, podendo a vir ser punido se descumprir este
dever tentando tirar vantagem da vulnerabilidade do consumidor.
(...)
            O importante na interpretação da norma é identificar como será
apreciada ‘a dificuldade de compreensão’ do instrumento contratual. É notório
que a terminologia jurídica apresenta dificuldades específicas para os não
profissionais do ramo; de outro lado, a utilização de termos atécnicos pode
trazer ambiguidades e incertezas ao contrato...
 
                                                       Consequentemente, inarredável que essa relação
jurídica segue regulada pela legislação consumerista. Por isso, uma vez seja
constada a onerosidade excessiva, a hipossuficiência do consumidor, autorizada
a revisão das cláusulas, independentemente do contrato ser "pré" ou "pós"
fixado.
 
                                               Assim sendo, o princípio da força obrigatória
contratual (pacta sunt servanda) deve ceder, e coadunar-se, ao Código de Defesa
do Consumidor. 
 
                                               No ponto, ou seja, quanto à informação precisa ao
mutuário consumidor acerca da periodicidade dos juros, decidira o Superior
Tribunal de Justiça, verbo ad verbum:
 
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL (CPC/2015).
NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS.
1. Capitalização diária de juros. Taxa não informada. Descabimento.
Precedentes desta corte. 2. Limitação dos juros remuneratórios. Ausência de
interesse recursal. 3. Mora. Descaracterização. Reconhecimento da abusividade
de encargo do período da normalidade contratual. 4. Recurso Especial
desprovido com majoração de honorários [ ... ]
 
DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO.
FUNDAMENTAÇÃO. AUSENTE. DEFICIENTE. SÚMULA Nº
284/STF. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS.
1. A ausência de expressa indicação de obscuridade, omissão ou contradição nas
razões recursais enseja o não conhecimento do Recurso Especial. 2. Alterar o
decidido no acórdão impugnado, no que se refere à abusividade da capitalização
diária dos juros quando, apesar de pactuada, não constar no contrato a taxa de
juros cobrada pela instituição financeira, exige o reexame de fatos e a
interpretação de cláusulas contratuais, vedados em Recurso Especial pelas
Súmulas nºs 5 e 7 desta Corte. 3. Recurso Especial parcialmente conhecido
parcialmente conhecido e, nessa parte, improvido [ ... ] 
 
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL.
1. Capitalização de juros. Ilegalidade. Ausência de pactuação. Fundamento do
acórdão recorrido não impugnado nas razões do Recurso Especial. Incidência da
Súmula nº 283/STF, por analogia. 2. Ainda que superado esse óbice, incidiria a
Súmula nº 7/STJ. 3. Capitalização diária. Inovação recursal. Preclusão
consumativa. 4. Agravo interno desprovido. 1. Considerando que nem todos os
fundamentos do acórdão recorrido foram objeto de impugnação específica nas
razões do Recurso Especial, é imperiosa a incidência, à hipótese, do óbice da
Súmula n. 283 do Supremo Tribunal Federal. 2. A alteração do entendimento
firmado no aresto impugnado. Acerca da ausência de pactuação da capitalização
de juros. Só seria possível mediante o revolvimento do acervo fático-probatório
do respectivo processo, providência vedada nesta instância extraordinária em
decorrência do disposto na Súmula nº 7 do STJ. 3. Constatado que o agravante
se utiliza do presente recurso para inaugurar o debate de questão não arguida
por ocasião da interposição do Recurso Especial, é caso de incidência do
instituto da preclusão consumativa, ante a evidente inovação recursal. 4. Agravo
interno desprovido [ ... ]
                                              
                                               A perícia demonstrará, na verdade, que a capitalização
dos juros ocorrera de forma diária. Essa modalidade de prova, por isso, de logo
se requer. Afinal, é uma prática corriqueira, comum a toda e qualquer
instituição financeira, não obstante a gritante ilegalidade.
 
                                               A outro giro, cediço que essa espécie de periodicidade
de capitalização (diária) importa em onerosidade excessiva.
 
                                               Nesse particular, emerge da jurisprudência os
seguintes arestos:
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL. CÉDULA DE CRÉDITO
IMOBILIÁRIO COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. SENTENÇA DE
PARCIAL PROCEDÊNCIA DOS PLEITOS EXORDIAIS. RECURSO DA
AUTORA. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. PLEITO DE AFASTAMENTO.
INCIDÊNCIA NA PERIODICIDADE DIÁRIA. DESCABIMENTO DA
COBRANÇA, INDEPENDENTEMENTE DE P ACTUAÇÃO NESSE
SENTIDO. ONEROSIDADE EXCESSIVA AO CONSUMIDOR.
ENTENDIMENTO DESTE PRETÓRIO. TODAVIA, POSSIBILIDADE
DE ANATOCISMO EM PERIODICIDADE MENSAL. NECESSIDADE
DE PREENCHIMENTO CONCOMITANTE DOS REQUISITOS
AUTORIZADORES DE INCIDÊNCIA. PREVISÃO LEGAL E
DISPOSIÇÃO CONTRATU AL EXPRESSA. CÉDULA DE CRÉDITO
BANCÁRIO QUE PERMITE A PRÁTICA. EXISTÊNCIA DE CLÁUSULA
ESTABELECENDO A POSSIBILIDADE DE COBRANÇA POR
EXPRESSÃO NUMÉRICA. SÚMULA Nº 541 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DEVER DE INFORMAÇÃO OBSERVADO.
EXIGÊNCIA ADMITIDA. INCONFORMISMO PARCIALMENTE
PROVIDO NO PARTICULAR.
A legalidade da capitalização de juros encontra-se atrelada ao preenchimento
concomitante de dois requisitos: Autorização legal e disposição contratual
expressa prevendo a possibilidade. Nos termos da Lei n. 10.931/2004 (art. 28,
§1º, I), é permitida a incidência da capitalização mensal de juros nas cédulas de
crédito bancário. Relativamente à existência de necessidade de estipulação
contratual expressa, vem a jurisprudência pátria possibilitando a convenção
numérica do anatocismo, esta constatada pela ponderação das taxas mensal e
anual dos juros. Tal entendimento, inclusive, restou sumulado pelo Superior
Tribunal de Justiça, por intermédio do verbete de n. 541, que enuncia: "A
previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da
mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada".
Por outro lado, segundo precedentes deste Tribunal e Órgão Fracionário, a
exigência de juros capitalizados na modalidade diária não deve ser admitida,
independentemente da existência de pactuação nesse sentido, pois importa em
onerosidade excessiva ao consumidor (art. 6º, V, e art. 51, § 1º, III, ambos do
Diploma Consumerista). Na espécie, da detida análise da cédula de crédito
bancário, verifica-se que restou convencionada a capitalização diária. Assim,
tendo em vista que aludida periodicidade não é admitida, ainda que haja
pactuação neste sentido, é medida impositiva afastar a cobrança do anatocismo
diário. Nada obstante, constata-se o preenchimento dos dois requisitos
necessários à incidência do encargo em periodicidade mensal, quais sejam, a
previsão legal acima aludida, uma vez que se trata de discussão acerca de cédula
de crédito bancário firmada em abril/2013 e a existência de cláusula numérica
prevendo o anatocismo (2,40% ao mês e 32,96% ao ano), haja vista o valor do
juros mensal ser superior ao duodécuplo do anual, em observância ao dever de
informação, pelo que permitido o anatocismo mensal. SUCUMBÊNCIA.
DECISÓRIO APELADO QUE ATRIBUIU À ACIONANTE A
RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO INTEGRAL DAS CUSTAS
PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DERROTA RECÍPROCA
DOS LITIGANTES (CPC, ART. 86, CAPUT). ÔNUS ATRELADO AO ÊXITO
DOS LITIGANTES. NECESSIDADE DE REDISTRIBUIÇÃO NA FORMA PRO
RATA EM DETRIMENTO DE AMBAS AS PARTES. COMPENSAÇÃO DA
VERBA PATRONAL VEDADA. ENTENDIMENTO PARTILHADO PELO
GRUPO DE CÂMARAS DE DIREITO COMERCIAL DESTA CORTE DE
JUSTIÇA. INTELIGÊNCIA DO ART. 85, § 14, DO CÓDIGO DE RITOS.
Configurada a sucumbência recíproca, nos termos do art. 86, caput da
Legislação Processual, a distribuição dos ônus deve operar-se
proporcionalmente ao sucesso de cada um dos contendores. Na hipótese sub
judice, a parte autora obteve êxito total quanto à tese relacionada à revisão
contratual; impossibilidade de cobrança da comissão de permanência cumulada
com os demais encargos moratórios e parcial no tocante ao afastamento da
capitalização diária e à forma de restituição dos valores. Por outro lado, o réu
logrou vencedor quanto à possibilidade de anatocismo mensal; à
penhorabilidade do imóvel; ausência de nulidade das cláusulas 2.3 e 3.2.1;
inviabilidade de limitação dos juros remuneratórios e parcial no tocante à
repetição do indébito. Nesse viés, imperioso o redimensionamento dos ônus
sucumbenciais a fim de refletir o desfecho conferido à controvérsia nesta
Instância Revisora. Assim, configurada a sucumbência recíproca, distribui-se o
pagamento das custas e despesas processuais na forma pro rata em prol do
causídico de ambas as partes. Ademais, estabelece o art. 85, § 14 do Diploma
Processual que "os honorários constituem direito do advogado e têm natureza
alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do
trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial".
ESTIPÊNDIO PATRONAL. ARBITRAMENTO, NA ORIGEM, EM 15% (QUINZE
POR CENTO) SOBRE O VALOR ATUALIZADO DA CAUSA. PRETENSÃO DA
ACIONANTE DE MINORAÇÃO DA VERBA. DESCABIMENTO. DEMANDA
QUE, EMBORA NÃO APRESENTE ELEVADO GRAU DE COMPLEXIDADE,
TRAMITOU POR APROXIMADAMENTE 2 (DOIS) ANOS, COM VASTA
ATUAÇÃO DOS PROCURADORES DOS LITIGANTES. ATENDIMENTO AOS
CRITÉRIOS ESTATUÍDOS PELO ART. 85, § 2º, DO CÓDIGO DE RITOS.
IRRESIGNAÇÃO INACOLHIDA SOB ESSE ASPECTO. De acordo com o art. 85,
§ 2º, do Código de Processo Civil, "Os honorários serão fixados entre o mínimo
de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
da causa, atendidos: I. O grau de zelo do profissional; II. O lugar de prestação do
serviço; III. A natureza e a importância da causa; IV. O trabalho realizado pelo
advogado e o tempo exigido para o seu serviço. "Sob esse prisma, para a fixação
dos honorários, deve-se estar atento ao trabalho desempenhado, o zelo na
defesa e a exposição jurídica do profissional, não se aviltando os honorários
advocatícios de forma a menosprezar a atividade do patrocinador da parte. In
casu, embora a ação revisional não apresente elevado grau de complexidade, o
processo encontra-se em trâmite há pouco mais de 2 (dois) anos (distribuído em
8/4/2016), o que impossibilita, a teor dos precedentes deste Fracionário, a
minoração dos honorários advocatícios fixados em 15% (quinze por cento) sobre
o valor atualizado da causa (R$ 34.918,80, em 7/4/2016).HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS RECURSAIS. PARCIAL PROVIMENTO DO RECLAMO.
ESTIPÊNDIO PATRONAL DEVIDO AO PROCURADOR DA PARTE
VENCEDORA QUE DECORRE DA REDISTRIBUIÇÃO DA SUCUMBÊNCIA.
DESCABIMENTO DE MAJORAÇÃO. ENTENDIMENTO ASSENTADO PELO
Superior Tribunal de Justiça NO JULGAMENTO DOS EDCL. NO AGINT NO
RESP. 1573573 / RJ. Em caso de parcial provimento da insurgência, o
estipêndio patronal devido ao causídico da parte vencedora decorre da
redistribuição da sucumbência promovida pelo julgado, não havendo falar no
estabelecimento de honorários recursais [ ... ]
 
APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO REVISIONAL.
APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR,
POSSIBILIDADE DE REVISÃO DO CONTRATO E DECLARAÇÃO EX
OFFICIO DA NULIDADE DE CLÁUSULAS ABUSIVAS.
O Código de Defesa do Consumidor é norma de ordem pública, que autoriza a
revisão contratual e a declaração de nulidade de pleno direito de cláusulas
contratuais abusivas, o que pode ser feito até mesmo de ofício pelo Poder
Judiciário. JUROS REMUNERATÓRIOS. Sendo inadmissível a excessiva
onerosidade do contrato, a cobrança de juros abusivos é nula, especialmente em
período de estabilidade econômica. Juros reduzidos para 12% ao ano. Aplicação
do art. 51, IV, do CDC. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. Cabível a capitalização
anual de juros, de acordo com o disposto no artigo 591 do CC. Operada diária,
mensal ou semestralmente, sem expressa previsão legal, configura anatocismo,
que deve ser vedado. ENCARGOS MORATÓRIOS. - Comissão de Permanência.
É vedada a cumulação de comissão de permanência com correção monetária,
juros remuneratórios, juros de mora e multa contratual. Também proibida a
cobrança de comissão de permanência sem prévia estipulação de índice, em
especial quando a sua apuração é contratualmente franqueada à instituição
financeira. - Juros de mora. Mantidos em 1% ao mês sobre a prestação em
atraso, nos termos do art. 406 do Código Civil de 2002. - Multa. Limitada em
2%, nos termos da Lei nº 9.298/96, a partir de 01.08.96, e calculada sobre o
valor da prestação atrasada. De Ofício. - Inocorrência de Mora ¿Debendi¿. Em
virtude da não configuração da mora do devedor, são inexigíveis os ônus a título
de mora. De Oficio. CORREÇÃO MONETÁRIA. O I.G.P.-M. é o índice que
melhor recompõe as perdas ocasionadas pela inflação. COMPENSAÇÃO E
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. Diante da excessiva onerosidade e abusividade do
contrato, é cabível a repetição simples de indébito ainda que não haja prova de
que os pagamentos a maior tenham sido ocasionados por erro. Disposição de
ofício, apenas quanto à repetição. TUTELAS ANTECIPADAS. Deferido os
pedidos de proibição de inscrição do nome do apontado devedor nos cadastros
de inadimplentes; de manutenção na posse do bem e de depósitos dos valores.
APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA, COM DISPOSIÇÕES DE OFÍCIO
[ ... ]
 
                                               Obviamente que, uma vez identificada a ilegalidade da
cláusula que prevê a capitalização diária dos juros, esses não poderão ser
cobrados em qualquer outra periodicidade (mensal, bimestral, semestral,
anual). É que, lógico, inexiste previsão contratual nesse sentido; do contrário,
haveria nítida interpretação extensiva.
 
                                               Com efeito, o Código Civil é peremptório ao dispor: 
CÓDIGO CIVIL
Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem,
apenas se declaram ou reconhecem direitos. 
                         
                                         Nessa linha de intelecção, ilustrativamente, a inexistência
de cláusula de capitalização diária, não significa, por si, a inexistência de sua
cobrança. Fosse assim, qualquer banco colocaria, por exemplo, não houver
sequer capitalização de juros. “Ponto, assunto encerrado. ” Não é isso, lógico.
 
                                               No particular, portanto, é forço concluir que a
inexistência da cláusula nesse propósito (capitalização diária), chega a espantar
quaisquer gerentes de bancos. Todos são unânimes: a cobrança de juros
capitalizados é (e sempre será) diária.
 
                                               Ademais, sobreleva considerar que, em uma dívida em
atraso de, suponhamos, oitenta e nove dias, o banco só cobraria sessenta dias
(duas mensalidades capitalizadas). Assim, deixaria a capitalização dos outros
vinte e nove (porque não completou 30 dias). Hilariante a qualquer bancário.
 
                                               Daí imperiosa a realização de prova pericial contábil,
de sorte a “desmascarar” o embuste.
 
                                               Postas essas premissas, conclui-se que: declarada nula
a cláusula de capitalização diária, vedada a capitalização em qualquer outra
modalidade.
                                     
                                      Subsidiariamente (CPC, art. 326), seja definida a
capitalização de juros como anual (CC, art. 591), ainda assim decorrendo a
desconsideração da mora.
 
b) Juros remuneratórios 
 
                                              Ademais, sobreleva considerar que a Ré cobrara, ao
longo de todo trato contratual, taxas remuneratórias bem acima da média do
mercado.
 
                                              Isso pode ser constatado com uma análise junto ao site
do Banco Central do Brasil. Há de existir, nesse tocante, uma redução à taxa de
XX% a.m. Afinal, essa foi a média de juros aplicada pelo mercado no período da
contratação.
 
                                               Não sendo esse o entendimento, aguarda-se sejam
apurados tais valores em sede de prova pericial.
 
c) Ausência de mora 
                                               Noutro giro, não há se falar em mora do Autor.
                                              
                                               A mora reflete uma inexecução de um encargo, injusto
retardamento, descumprimento culposo da obrigação.
 
                                               Percebe-se, por conseguinte, estar em rota de colisão
ao disposto no artigo 394 do Código Civil, com a complementação disposta no
artigo 396, desse mesmo diploma legal.
 
                                      O Superior Tribunal de Justiça, em louvável
posicionamento, fixou orientação no sentido de que:
 
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL (CPC/1973).
NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS.
1. Capitalização diária de juros. Taxa não informada. Descabimento.
Precedentes desta corte. Admitida, todavia, a capitalização mensal de juros, nos
termos da orientação firmada no Recurso Especial repetitivo nº 973.827/RS. 2.
Mora. Descaracterização. Reconhecimento da abusividade de encargo do
período da normalidade contratual. 3. Repetição do indébito. Prova do
pagamento em erro. Desnecessidade. Súmula nº 322/STJ. 4. Recurso Especial
parcialmente provido [ ... ]
 
                                      Dentro dessa perspectiva, forçoso concluir que a mora
cristaliza o retardamento por um fato, porém quando imputável ao devedor.
Assim, é inexorável concluir-se: quando o credor exige pagamento, agregado a
encargos excessivos, retira-se daquele a possibilidade de arcar com a obrigação.
Por conseguinte, não pode lhe ser imputado os efeitos da mora.
 
                                              Daí ser lícita a conclusão de que, uma vez constatada a
cobrança de encargos abusivos, durante o “período da normalidade” contratual,
afastada a condição moratória.
                       
                                               Superando, em definitivo, qualquer margem de
dúvida, emerge, de tudo, o rigor afastamento dos encargos moratórios, ou seja,
comissão de permanência, multa contratual e juros moratórios. 
 
d) Comissão de permanência                                  
 
                                               Entende o Autor, fartamente alicerçado nos
fundamentos articulados, que não se encontra em mora.  
 
( ... )
 
e) Tutela provisória
                                  
                                                Inescusável que foram cobrados, indevidamente,
juros capitalizados, sob a periodicidade diária. Isso ocorrera durante o “período
de normalidade” contratual.
 
                                               De outra banda, igualmente revelou-se que essa
abusividade remove a mora do devedor. Ademais, essa orientação guarda
sentido com o posicionamento do STJ.
 
                                               Assim, inexistindo atraso, consequentemente deve ser
excluído o nome do Autor dos órgãos de restrições. Por óbvio,
independentemente do depósito de valores, pois, como afirmado, não há mora
contratual. 
 
                                               Não é despiciendo pontuar que Código de Processo
Civil autoriza o Juiz conceder a tutela de urgência, quando há a “probabilidade
do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”:
 
Art. Art. 300.  A tutela de urgência será concedida quando houver elementos
que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo. 
                                              
                                               Há “prova inequívoca” da ilicitude cometida pela Ré.
Isso fartamente comprovada por documentos, mormente sob a égide de perícia
particular, aqui apresentada. (doc. 03)
 
                                               Prova inequívoca, na hipótese, é aquela pautada em
prova preexistente – aqui o laudo pericial particular, feito por contador
registrado no CRC --. Essa é capaz de convencer o juiz de sua verossimilhança,
cujo grau de convencimento não se possa levantar dúvida a respeito.
 
                                               Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os
elementos probatórios, indicativos de ilegalidades, até mesmo da análise das
cláusulas contratuais, traz à tona circunstância de que o direito muito
provavelmente existe.
 
                                               No ponto, oportuna a lembrança de José Miguel
Garcia Medina:
 
“. . . sob outro ponto de vista, contudo, essa probabilidade é vista como
requisito, no sentido de que a parte deve demonstrar, no mínimo, que o direito
afirmado é provável (e mais se exigirá, no sentido de se demonstrar que tal
direito muito provavelmente existe, quanto menor for o grau de periculum...

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