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CENTRO ESPÍRITA ANTÔNIO CRUZ – CEAC

ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL – A. E.
CAPÍTULO XIII – ITEM 18

“OS ÓRFÃOS”

OBJETIVO: Sensibilizar os participantes quanto à responsabilidade de todos nós para com


os órfãos, estimulando-os a reconhecê-los como irmãos em provações difíceis, necessitados
do nosso amparo e amor.

DESENVOLVIMENTO:

Após dar as boas vindas ao grupo, o facilitador pode propor um exercício de meditação para
sensibilização dos pacientes, ao som de uma música instrumental suave, enquanto lê,
compassadamente, o texto abaixo, requisitando toda atenção do grupo:

“Quem tem filho, o idealize nas situações propostas; quem não o tem, veja a
si próprio, quando ainda era criança.
Imagine uma grande rua, de uma grande cidade. Aí se encontra a criança,
sozinha. É noite. A rua está deserta. A criança sente medo, mas não tem em
quem se agarrar. Sente fome, mas não há comida. Tem sono, mas não conta
com um lugar para dormir. Sente a solidão. Ela se entristece com isso...
De repente, a rua vai se enchendo de pessoas. Elas estão apressadas e não
enxergam o pobre ser solitário. A rua está lotada. Mas a criança continua
sozinha. Nenhum olhar amigo. Não há compaixão.
O orfanato é agora a sua única opção. Lá haverá um teto, um abrigo. Mas
ainda não será a tão desejada e idealizada família.
A criança começa a sonhar com a possibilidade de encontrar um novo lar. Ela
pode ser adotada, já que está em um orfanato. Muitos casais desejam esta
bela oportunidade de ter um novo filho. Seus olhos brilham. O coração palpita
mais forte.
Mas os dias passam... e nada acontece. Os meses passam. Nada acontece.
Os anos passam. Ainda nada acontece. A criança já está crescida. Os casais
preferem os bebês. Mas, mesmo assim, ela não se cansa de sonhar. Ela
ainda consegue sonhar. Este é um dom nas crianças. Sonhar.
Enquanto ela sonha com um pai, com uma mãe, com um colo, com um
carinho, uma oportunidade de ser acolhida e querida, boas almas chegam ao
orfanato. Elas querem sentir as crianças, amá-las, dar-lhes um novo sentido
na vida.
Chegam com o amor nos braços. Aconchegam os pequenos. Passam a ser
parte de suas vidas. Ajudam no banho, nas tarefas. Esclarecem as dúvidas
infantis. Arrumam as roupinhas. Falam sobre educação. Ensinam a amar.
Amar de verdade. Mas ainda não podem adotar a todos. O lar de cada um
continua sendo o orfanato... Onde estão as famílias? Onde estão as mães
amorosas que não podem gerar bebês? Onde estão os pais zelosos? Onde?
Eis que a criança percebe que a sua história ainda não chegou ao fim. Ela
apenas se inicia. Essa história, na verdade, não tem um fim. A vida é um
processo. Todos nós temos os meios de completá-la. Todos podemos deixar
nossa marca nela. Podemos ser as boas almas que doam um pouco de si. Ou
podemos ser a tão sonhada família que os pequenos esperam. Nós podemos
tudo. Nós somos feitos de amor. Nós somos o amor.”

Após este exercício, perguntar o que cada um sentiu e como esperavam que a história
terminasse. A partir daí, o facilitador ponderará que cada um tem o poder de mudar a
história de muitas crianças e jovens órfãos. É preciso estimular, em nós, sentimentos de
compaixão e fraternidade.

Pode-se falar, ainda, sobre a “roda dos enjeitados”, ou “roda dos expostos”, que consistia
num mecanismo utilizado para abandonar (expor ou enjeitar, na linguagem da época)
recém-nascidos, que ficavam ao cuidado de instituições de caridade.

O mecanismo, em forma de tambor ou portinhola giratória, embutido numa parede, era


construído de tal forma que aquele que entregava a criança não era visto por aquele que a
recebia. No Brasil, os portugueses introduziram essa prática e as Santas Casas de
Misericórdia acolhiam bebês deixados por suas mães, que os entregavam e não eram
identificadas. Muitas dessas mulheres eram mães solteiras, pobres ou, ainda, mulheres
ricas, que teriam a reputação comprometida se assumissem um filho em condições
escandalosas para a época. Muitas dessas crianças não têm em seus documentos nomes
de pais nem de mães, como se não tivessem origem. Essa prática foi encerrada no Brasil no
início dos anos 60.

IMAGENS ILUSTRATIVAS DA RODA DOS ENJEITADOS

Contudo, não há como negar que, até hoje, temos muitas crianças e jovens enjeitados e
excluídos, de forma ainda cruel e com reflexos marcantes no destino de cada um.

Certamente, constitui uma prova para os Espíritos abandonados, mas não podemos nos
esquecer de que ninguém encarna na Terra com a missão de abandonar filhos. Entretanto,
quando tal situação se instala, por conta do livre arbítrio de cada indivíduo, a Divindade
sempre encontra mecanismos educativos para todos os envolvidos. Cabe a cada um de nós
acolher e, jamais, condenar, porque não conhecemos a engenhosidade da Providência
Divina.

Ao longo da discussão, vale ressaltar, ainda, a existência de órfãos de pais vivos, fato que
pode vir a ser ainda mais dramático do que a orfandade física.

Em seguida, proceder à leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo.


Discussão em grupo.

Prece final.

CONCLUSÃO: A orfandade é uma das mais difíceis provações por que passa o espírito
encarnado. É, também, um desafio a nossa solidariedade cristã. Amparar os órfãos é ato
que agrada a Deus e, portanto, eleva espiritualmente quem o pratica.

MENSAGENS COMPLEMENTARES:

FILHOS ADOTIVOS

(Emmanuel)

Filhos existem no mundo que reclamam compreensão mais profunda para que a existência se
lhes torne psicologicamente menos difícil.
Reportamo-nos aos filhos adotivos que abordam o lar pelas vias da provação, sem deixarem
de ser criaturas que amamos enternecidamente.
Coloquemo-nos na situação deles para mais claro entendimento do assunto.
Muitos de nós, nas estâncias do pretérito, teremos pisoteado os corações afetuosos que nos
acolheram em casa, seja escravizando-os aos nossos caprichos ou apunhalando-lhes a alma a
golpes de ingratidão. Desacreditando-lhes os esforços e dilapidando-lhes as energias, quase
sempre lhes impusemos aflição por reconforto, a exigir-lhes sacrifícios incessantes até que lhes
ofertamos a morte em sofrimento pelo berço que nos deram em flores de esperança.
Um dia, no entanto, desembarcados no Mais Além, percebemos a extensão de nossos erros e,
de consciência desperta, lastimamos as próprias faltas.
Corre o tempo e, quando aqueles mesmos Espíritos queridos que nos serviram de pais
retornam à Terra em alegre comunhão afetiva, ansiamos retomar-lhes o calor da ternura, mas,
nesse passo da experiência, os princípios da reencarnação, em muitas circunstâncias, tão somente
nos permitem desfrutar-lhes a convivência na posição de filhos alheios, a fim de aprendermos a
entesourar o amor verdadeiro nos alicerces da humildade.
Reflitamos nisso. E se tens na Terra filhos por adoção, habitue-te a dialogar com eles, tão
cedo quanto possível, para que se desenvolvam no plano físico sob o conhecimento da verdade.
Auxilia-os a reconhecer, desde cedo, que são agora teus filhos do coração, buscando
reajustamento afetivo no lar, a fim de que não sejam traumatizados na idade adulta por revelações
à base de violência, em que frequentemente se lhes acordam no ser as labaredas da afeição
possessiva de outras épocas, em forma de ciúme e revolta, inveja e desesperação.
Efetivamente, amas aos filhos adotivos com a mesma abnegação com que te empenhas a
construir a felicidade dos rebentos do próprio sangue. Entretanto, não lhes ocultes a realida de da
própria situação para que não te oponhas à Lei de Causa e Efeito que os trouxe de novo ao teu
convívio, a fim de olvidarem os desequilíbrios passionais que lhes marcavam a cond uta em outro
tempo.
Para isso, recorda que, em última instância, seja qual seja a nossa posição nas equipes
familiares da Terra, somos, acima de tudo, filhos de Deus.

Mensagem do Livro Astronautas do Além.


A ILUSÃO DO SANGUE

(J. Herculano Pires)

Não é o sangue que nos irmana, mas o espírito. Os laços consanguíneos são ilusóri os e
efêmeros. Kardec explica no item 8 do capítulo XIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “O
corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, pois já existia a ntes da formação
do corpo. O pai não gera o espírito do filho. Fornece-lhe apenas o envoltório corporal, mas deve
ajudar o seu desenvolvimento intelectual e moral, para fazê-lo progredir”. Filhos de outros pais,
procedentes de outro sangue, podem ser muito mais ligados aos pais adotivos que os filhos
consanguíneos.
Essa é uma das razões por que os pais adotivos geralmente não querem revelar a verdade
aos filhos que adotaram. O amor paterno e materno ressurge ante o filho que volta ao seu convívio.
Mas Emmanuel revela um dos aspectos da lei da reencarnação que exige atenção e respeito . Os
filhos que voltam ao lar por vias indiretas são Espíritos em prova e, portanto, em fase de correção
moral. Precisam conhecer a sua verdadeira situação para que a medida corretiva atinja a sua
eficiência. E se quisermos burlar a lei só poderemos acarretar-lhes maiores sofrimentos.
São muitos os dramas e muitas as tragédias ocasionadas pela imprudência dos pais que
mentiram piedosamente aos filhos adotivos. Quando a verdade os surpreende, o choque emocional
pode transtorná-los, fazendo-os perder a oportunidade de aprendizado que muitas vezes
solicitaram com ardor na vida espiritual. Esta é uma razão nova que o Espiritismo apresenta aos
pais adotivos, quase sempre apegados apenas às razões mundanas.
Aprendendo desde cedo a se acomodar à situação de prova em que se encontra, o filho
adotivo resigna-se a ela e aproveita a lição de reajustamento afetivo. Amanhã voltará de novo como
filho legítimo, mas já em condições de compreender os deveres da filiação. A vida aplica sempre
com precisão os seus meios corretivos, mas nós nem sempre a ajudamos, esquecidos de que os
desígnios de Deus têm razões profundas que nos escapam à compreensão. Se Deus nos envia um
filho por via indireta, devemos recebê-lo como veio e não como desejaríamos que viesse.
Mensagem do Livro Astronautas do Além.

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