Universidade Pedagógica
Nampula
2013
3
Introdução
Assim, o caderno de Psicologia de Aprendizagem que nos propomos apresentar é resultado das
leituras e 5 anos de docência neste campo de conhecimento, e como professores, tanto no ensino
primário como no secundário. Durante este período, foi possível adquirir experiências ligadas à
aprendizagem de crianças e adolescentes em diferentes condições que, muitas vezes, carecendo a
presença dum docente-psicólogo, com experiências não só didáctico-pedagógicas, mas também,
de conhecimentos que facilitem o diagnostico de algumas perturbações ligadas a aprendizagem,
as particularidades individuais das crianças, o auto-conhecimento pela actividade por ele exercida
até a interpretação de avaliações do processo de ensino e aprendizagem, que muitas vezes, são
incumbidas aos alunos, as causas do fracasso.
Alcino Stélio
4
As abordagens neste caderno podem ser sintetizadas em dois pontos principais: visão geral da
Psicologia do Desenvolvimento e a Psicologia de Aprendizagem, considerando que, a
aprendizagem e o desenvolvimento ocorrem em simultâneo, quer dizer, não é possível ocorrer a
aprendizagem sem ter em conta o desenvolvimento ou vice-versa. Nesses pontos que no caderno
designamos por unidades, comporta 14 capitulos, entre eles: (i) Psicologia do Desenvolvimento,
(ii) Desenvolvimento do ser humano, (iii) Teorias de desenvolvimento psíquico, (iv) Psicologia
de Aprendizagem, (v) Teorias de aprendizagem, (vi) Objectivos educacionais, (vii) Conteúdos da
Aprendizagem, (viii) Motivos na Aprendizagem, (ix) Processos cognitivos e aprendizagem, (x)
Memória e aprendizagem, (xi) A Formação do Carácter, (xii) Perturbações de Aprendizagem e de
Comportamento, (xiii) A Personalidade do Professor e (xiv) Aspectos Psicológicos da Avaliação.
Olhando a importância das curvas de aprendizagem no processo de ensino e aprendizagem, os
autores acharam integrar no caderno e nas abordagens na sala de aulas, por isso, em última
análise, apresenta-se este item com subcapítulo.
Alcino Stélio
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Contacto Estudo
Individual
IV – Psicologia de Aprendizagem:
4.1. Breve Resenha Histórica do Surgimento da Psicologia de Aprendizagem
4.2. O Objecto da Psicologia de Aprendizagem 8 8
4.3. A Psicologia de Aprendizagem e a Actividade do Educador
4.4. Relação entre a Psicologia de Aprendizagem e outras Ciências
V - Teorias de aprendizagem:
5.1. Teorias de Aprendizagem Behavioristas
5.2. Teorias de Aprendizagem Social
5.3. Teorias de Aprendizagem Cognitivas Gestaltistas e de Campo
5.4. Teorias de Aprendizagem Inter accionistas de Piaget, Vygotsky, Bruner 6 12
e Ausubel
5.5. Teorias Humanistas
5.6. O Modelo Informático
VI - Objectivos educacionais:
6.1. Taxinomias de Objectivos Educacionais segundo Benjamim Bloom, 4 6
Hilda Taba e Robert Gagné
6.2. Operacionalização de Objectivos Educacionais
VII – Conteúdos da Aprendizagem:
7. 1.Conceito, organização e critérios de selecção dos conteúdos 4 6
VIII -Motivos na Aprendizagem:
8.1. A Formação de Motivos e Atitudes de Aprendizagem 4 6
IX - Processos cognitivos e aprendizagem:
9.1. O Papel da Sensações, Percepções, Imagens no Processo de Cognição 4 4
Alcino Stélio
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1.1. Desenvolvimento:
Alcino Stélio
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O desenvolvimento deve ser considerado como um processo contínuo, global e flexível. Estudo
das alterações físicas, cognitivas e psicossociais que ocorrem ao longo do ciclo do ser humano
(desde a Concepção até que morte).
Também conhecida por Psicologia Evolutiva, é um ramo da Psicologia que estuda o homem nas
suas diferentes etapas de crescimento e a sucessão das etapas da vida do ponto de vista físico,
mental, cognitivo, moral, emocional e afectivo.
Este campo examina mudanças na estrutura do sujeito através de uma ampla variedade de
tópicos, tais como habilidades motoras, habilidades em solução de problemas, entendimento
conceitual, aquisição de linguagem, formação da identidade, etc.
Desenvolvimento (conjunto de fase pelas quais o indivíduo passa ao longo do seu ciclo de vida,
desde a concepção até a velhice ou morte). Um processo multidimencional que engloba os
aspectos físicos (crescimento), fisiológico (maturação), psicológico (cognitivos e afectivos),
social (socialização), e culturais (aquisição de valores, normas). Ou mesmo, a dinâmica evolutiva
da psique humana.
A literatura sobre a Psicologia do Desenvolvimento não relata com clara descrição o nascimento
da Psicologia do Desenvolvimento, no entanto, existem marcas históricas que possibilitam
construir o percurso deste ramo da Psicologia, tomando em consideração os traços de seu
surgimento, marcados por acontecimentos que precipitaram o aparecimento deste saber. No
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9
• A obra do eminente Pedagogo Russo K. O. Ushinski (1824- 1872) “O homem como objecto da
educação”. Nesta obra o autor recomenda aos educadores o seguinte “estudem as leis que regem
aqueles fenómenos psíquicos que desejam dirigir, e, actuem tendo em conta essas leis e as
circunstâncias das quais sejam aplicadas”
• As ideias evolucionistas de Charles Darwin (1809- 1884) que com base na sua teoria muitos
Psicólogos se interessam em conhecer como nascem e evoluem os processos mentais nos
humanos;
• Um dos acontecimentos muito importantes para o surgimento desta ciência foi o 1º Congresso
da Psicologia Pedagógica em 1906, em St. Persburg. Nesta, a conclusão a que A. P. Nechauv
(russo, representante da Psic. Pedagógica) chegou foi a de que: “a utilidade da Psicologia para a
prática Pedagógica só é possível pelo caminho da investigação experimental durante o processo
de ensino e educação”. Esta investigação deve estar fundamentada no conhecimento das
particularidades e características globais (físicas, psíquicas e sociais) dos sujeitos, em diferentes
estágios de desenvolvimento.
Em finais do século XIX, Hall usou o questionário para explorar os “conteúdos da mente infantil”
e descobriu que a compreensão da criança cresce rapidamente durante a infância. Mais tarde,
chamamos atenção para a adolescência (1904) como uma única no ciclo de vida humana.
Seu trabalho foi a primeira investigação científica em longa escala sobre o desenvolvimento do
jovem ser considerando como fundador da psicologia do desenvolvimento. Enquanto Hall usava
questionário Sigmund Feud testava outras maneiras de estudar a mente com a sua teoria
psicanalítica. Em meados da década de 1930.
Alcino Stélio
10
Hoje há muitas teorias que contribuem para que conhecemos hoje sobre o desenvolvimento de
crianças adolescentes. Ambas na ciência do desenvolvimento são boas à medida que permitem
prever e explicar importantes aspectos do desenvolvimento.
Tarefa 1:
Alcino Stélio
11
Biologia História
Psicologia de
Medicina Desenvolvimento Pedagogia
Fisiologia Antropologia
Cultural
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12
Um dos principais ramos da Biologia que se relaciona com a Psicologia é a genética. A Genética
estuda os processos hereditários subjacentes ao comportamento.
Como se pode ver, a Psicologia de Desenvolvimento, não é uma área de conhecimento isolada a
outras ciências, ela se relaciona com outras ciências, as quais fornecem conhecimentos para a
abordagem dos conteúdos desta.
Desenvolvimento Humano: conjunto de fase pelas quais o indivíduo passa ao longo do seu ciclo
de vida, desde a concepção até a velhice ou morte. Um processo multidimencional que engloba
os aspectos físico (crescimento), fisiológico (maturação), psicológicos (cognitivos e afectivos),
sociais (socialização), e culturais (aquisição de valores, normas).
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Segundo Mwamwenda (2006:29), depois da concepção, o feto humano passa por três fases de
desenvolvimento antes do nascimento: germinal (zigoto), embrionário (embrião) e fetal (feto).
a) Estádio Germinal
b) Estádio Embrionário
Este é o segundo estádio de desenvolvimento pré-natal, que vai de duas semanas até o fim do
segundo mês (oito semanas depois da concepção), na altura em que o zigoto (ovo) se fixa a
parede uterina. Durante este período, a maioria dos órgãos vitais e sistemas corpóreos começa a
se formar no organismo em desenvolvimento.
c) Estádio Fetal
O estádio fetal é o terceiro período do desenvolvimento pré-natal que vai de dois meses (oitava
semana) até o nascimento. O feto é capaz de ouvir, movimentar os dedos, dar pontapés, fazer
punho, levar o polegar a boca, escolher a posição de dormir, sentir sabor, etc.
O feto ouve porque musicas fortes e ruído, aceleram as pulsões cardíacas da mãe como
consequência das reacções do feto. Algumas músicas provocam inquietação ao feto e outras
provocam sossego.
Liley (1972) provou que os fetos sentem gosto. Ele introduziu no líquido amniótico sacarina e
verificou que o feto chupava com muita rapidez. Quando introduziu uma substância amarga, o
feto não manifestou em querer chupar.
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14
Nascimento
Para Mwamwenda (2006:32) o nascimento “é o processo pelo qual um feto humano é expulso do
útero para o mundo exterior”.
Quando a criança nasce pesa normalmente 2500 gramas. Crianças com um período de gestação
reduzido e pesa inferior a 2500 gramas são considerados prematuras.
A primeira respiração imediatamente após o parto é difícil devido o oxigénio do ambiente que a
criança recebe, pois tem inicio a respiração pulmonar. Se o pequeno cérebro não recebe oxigénio
dentro de 8 minutos pode contrair lesões.
Por regra, a primeira respiração é acompanhada por grito. O grito converte-se em breve, numa
forma de manifestação de dissabores ou transtornos (indisposição, desconforto, mal estar, alerta a
mãe para acções de cuidado, isto é, um estimulo chave da mãe). Em cada dor do parto, a criança
está exposta a uma pressão com cerca de 25 kg. Por isso, partos muito prolongados ou
complicados colocam a criança provavelmente numa situação de indisposição intensiva. O acto
de nascimento por si só é, uma lesão psíquica, o que serve de base para o medo original do
homem segundo a psicanálise.
O indivíduo após o nascimento passa por quatro estágios fundamentais: Infância, Adolescência,
Adulta e a Velhice.
a) Infância
É o período do desenvolvimento humano que vai do nascimento aos 11/12 anos de idade. Refere-
se aos primeiros anos da vida do indivíduo. Aqui, a criança deve desenvolver actividades
psicomotoras como a manipulação de objectos, gatinhar, andar, jogar, fabricar brinquedos, etc.;
desenvolver actividades ligadas ao desenvolvimento sensorial (captar sons, identificar as cores,
sabores, cheiros, etc); actividades relacionadas com o desenvolvimento afectivo (sentimento de
carinho, amor, emoções, etc.) e actividades ligadas ao desenvolvimento da linguagem verbal
(chorar, reacções ao novo mundo, falar gritar, etc.) e não verbal (sorrir).
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b) Adolescência
A adolescência é uma época da vida humana marcada por profundas transformações fisiológicas1,
afectivas2, intelectuais3 e sociais4. Ao terminar a adolescência o jovem tem o sentimento de
individualidade e compreende o seu papel activo na orientação da sua vida aceitando
compromissos. Em algumas culturas a adolescência é uma transição muito breve que se realiza
através de algumas formas de ritos de passagem. A pesquisa sobre a adolescência tem enfatizado
as quatro áreas de desenvolvimento: competência, individualidade, identidade e auto-estima.
c) Idade Adulta
Nesta fase, o indivíduo saiu da idade de adolescência e atingiu a maioridade. Esta é a fase em que
o indivíduo desenvolve e implementa o conhecimento adquirido nas fases posteriores. É
conhecida também como a fase de produtividade e execução da actividade profissional, ou o
garante a reforma.
d) Velhice/ 3ª Idade
1
Aspectos fisiológicos refere-se a fase de pré-puberdade que dura mais ou menos dois anos, ocorrem mudanças
corporais (caracteres sexuais secundários) que preparam as transformações fisiológicas da puberdade, como a
possibilidade de ejacular ou de menstruação, proporcionando a capacidade de reprodução. Outras maturacoes físicas
acontecem durante a adolescência são: a ossificação da mão que se completa, uma aumento do tamanho do coração e
dos pulmões, etc.
2
As transformações corporais levam ao jovem a voltar-se para si próprio, procurando o que se está passar, para se
entender mais profundamente enquanto pessoa. Alguns jovens sentem necessidade de se afirmarem como diferentes;
assim, a “crise de originalidade” que alguns atravessam tem expressão na forma de vestir, na linguagem, na
actividade artística, nas atitudes e comportamentos.
3
A adolescência é uma fase em que se obtém uma maturidade intelectual. A mudança intelectual da adolescência
vai, pois permitir ao jovem, construir o “seu sistema pessoal”.
4
Durante a adolescência, o jovem vai interessar-se por problemas éticos e ideológicos, debate-os, faz opções e
constrói os valores sociais próprios.
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Considera-se indivíduo da 3ª idade, aquele que está muito avançado em termos de idade.
Designada também por fase de reforma, em que o indivíduo colhe fruto da semente lançada
durante a vida.
Crescimento orgânico
Refere-se ao aspecto fisco. O amadurecimento de altura e a estabilização do esqueleto permite ao
indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes não existiam. Imaginemos nas
possibilidades de descobertas de uma criança, quando comera a engatinhar e depois de andar, em
relação a quando uma criança estava no berço com alguns dias de vida.
Maturação neuropsicológica
É o que torna possível determinado padrão de comportamento. A alfabetização das crianças, por
exemplo, depende dessa maturação. Para segurar o lápis e maneja-lo como nos, e necessário um
desenvolvimento neurológico que a criança de 2, 3 ano não tem. Observe como ela segura o lápis.
Meio
O conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento do
indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos pode ter
um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua idade, mas, ao mesmo
tempo, pode não subir e descer com uma facilidade uma escada, porque esta situação pode não
ter feito parte de uma experiência de vida.
Alcino Stélio
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Todas as teorias do desenvolvimento humano partem do pressuposto de que estes quatro aspectos
são indissociados, mas elas podem enfatizar aspectos diferentes, isto é, estudar o
desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos. A Psicanálise, por exemplo,
estuda o desenvolvimento a partir do aspecto afectivo-emocional, isto é, do desenvolvimento da
sexualidade. Jean Piaget enfatiza o desenvolvimento intelectual.
Tarefa 2:
Alcino Stélio
18
Quando se fala de teoria, refere-se ao conjunto de leis, princípios e normas que procuram explicar
factos sobre uma certa realidade. É uma linha de princípios sistemáticos e lógicos que resultam
de uma pesquisa científica sobre um fenómeno de interesse humanitário para explicar as causas e
efeitos da sua ocorrência.
Alcino Stélio
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Para Piaget, o ser humano relaciona-se com o meio onde se insere, adaptando-se a ele, através da
assimilação e acomodação, numa interacção dinâmica constante de equilíbrios sucessivos e
progressivos.
A vida psíquica desenvolve-se através da troca entre o sujeito e o meio, o conhecimento advém
das interacções sujeito / objecto. O comportamento do indivíduo e a inteligência, resulta de uma
construção progressiva do sujeito em interacção com o meio.
Segundo Piaget, o desenvolvimento intelectual faz-se desde as reacções reflexas inatas até a fase
adulta. Este processo desenvolve-se ao longo de 4 estádios:
Alcino Stélio
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Um dos grandes méritos de Freud e da Psicanálise foi de chamar atenção para a importância dos
primeiros anos de vida, o que trouxe consequências decisivas para a educação, particularmente
para a educação sexual.
No que toca ao quarto estádio, a libido se difunde por todo o corpo, se acalma, ficando como que
adormecida, ou no estádio de latência, no quinto, ela vem de novo a superfície e concentra-se de
modo mais explícito nos órgãos sexuais.
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Esta teoria afirma que o desenvolvimento psicossocial atravessa 8 estádios e em cada um, o
indivíduo deve enfrentar uma série de problemas, o que se chama de crise de estádio, para poder
passar ao estádio sucessivo. Segundo Erickson, na medida em que uma criança resolve
positivamente os problemas de cada estádio, determina-se a sua possibilidade de tornar-se uma
pessoa adulta dotada de capacidades de adaptação.
a) Estádio Sensorio-Oral (0-1 ano)
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Verifica-se nesta fase uma crise entre a confiança e desconfiança. A criança põe-se em problema
de ter confiança ou não ter confiança na pessoa que toma cuidado ou se ocupa dela, geralmente a
mãe, se recebe ou não nutrição e afecto. Se a criança não contar com o afecto e os cuidados
maternos, perderá a confiança para com as outras pessoas e pensará que o ambiente externo não
lhe por dar confiança.
próprios valores morais. A não identificação manifesta-se na confusão de papeis, facto em que o
adolescente não consegue encontrar um papel adequado para a sua personalidade no contexto
social.
f) Primeira Idade Adulta (20-30 anos)
Nesta fase, a crise está entre intimidade ou amor/ isolamento, a pessoa enfrenta a escolha entre
uma vida caracterizada de relações de intimidade (capacidade de amor e de amizade). É o estádio
da vida em que se põe também problemas de escolha profissional que permite a inserção na
sociedade.
g) Meia-idade (30-60 anos)
A crise situa-se entre criatividade ou interesse/ estagnação ou auto-observação
Regista-se a consolidação do amor e da amizade, aumento do interesse profissional, aumento da
atenção para os filhos. Nesta fase, contribui muito o tipo de escolha profissional feita, em
particular em relação a constatações feitas no que diz respeito aos objectivos ou propósitos
alcançados ou não, segundo o plano traçado na juventude. Os insucessos podem muitas vezes
estimular a novos interesses e opções ou a uma nova ou mais lúcida consciência (clareza do
raciocínio) das próprias capacidades.
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Lawrence Kohlberg, fortemente influenciado pela teoria de Piaget, hipnotizou que o aspecto
moral desenvolve-se gradualmente por estádios.
Moral refere-se as normas e regras da conduta social que caracterizam as concepções a respeito
da justiça e injustiça, do bem e do mal. São mantidas ou cultivadas pela força da opinião pública,
hábitos, costumes e educação.
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• Estádio Impulsivo e emocional (1o ano): inicialmente caracteriza-se pela actividade impulsiva
e reflexológica, que prepara o aparecimento do estádio emotivo, onde predominam
comportamentos afectivos que constituem o modo dominante de relacionamento da criança com
o meio envolvente, com a mãe e, num sentido mais amplo, com o meio familiar.
• Estádio Sensório-motar e projectivo (1o –3o ano): a actividade do sujeito começa a centrar-se
em si mesmo, para depois incidir sobre os objectos ou as pessoas, levando a exploração do
mundo circundante e a imitação e representação.
• Estádio do personalismo (3o –6o ano): a criança descobre-se a si mesma como distinta dos
outros, tomando consciência do seu próprio corpo. Considerando-se o centro do mundo, usa
inicialmente se estratégias agressivas e posteriormente mais conciliadoras e insinuantes.
• Estádio Categorial (6o –11o ano): a criança sente-se mais pacificada sócio-afectivamente, o
que permite maior desenvolvimento cognitivo e linguístico, surgindo o pensamento categorial
Alcino Stélio
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Para Vygotsky o desenvolvimento é considerado como uma consequência das aprendizagem com
que o sujeito é confrontado. Seu estudo passa necessariamente, pela análise de situações sociais
que favorecem ao sujeito construir seu meio físico pois, numa abordagem sócio-construtivista o
desenvolvimento cognitivo envolve as interações sujeito-objeto-contexto social.
Tarefa 3:
1. Faz um quadro comparativo das teorias aqui apresentadas sobre o desenvolvimento humano.
2. Qual das teorias explica melhor o aspecto do desenvolvimento humano? Justifica a sua
resposta.
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2.1. Conceito
Aprendizagem é concebida como:
Como processo, quer dizer que a acção de aprender se realiza em tempo mais ou menos longo.
Por construção pessoal, entende-se que aprende-se verdadeiramente se o que se pretende
aprender não passa através da experiência pessoal de quem aprende, numa procura de equilíbrio
entre o adquirido e o que falta adquirir, através dos mecanismos de assimilação e acomodação.
Assim, a Psicologia de Aprendizagem é uma ciência que estuda a maneira como a pessoa
aprende, as condições necessárias para aprender, o que aprende e o que faz com o que aprende.
Alcino Stélio
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Ela destina-se a professores e estudantes de cursos de magistério necessitados de saber “o que faz
a mente dos alunos com a matéria que está sendo ensinada” e de relacionar os fenómenos da
mente com os do conjunto da personalidade do educando.
Estuda os fins da educação, os métodos, procedimentos e formas de organização.
Quando se fala de aprendizagem, olhamos a existência do ser humano; quer dizer, desde as
primeiras comunidade, o homem criou condições de procura de conhecimento para a sua vida,
ora para fabrico de instrumentos de caça e recolecção, para a defesa dos animais selvagem e das
calamidades naturais, isto é, para a sua sobrevivência.
Até aos seculos XV e XVI, não se dava às crianças uma educação específica enquanto seres em
desenvolvimento necessitando de cuidados especiais em relação às outras pessoas mais crescidas.
Crianças, jovens e adultos durante o processo educativo não eram diferenciados em termos de
desenvolvimento, maturação e idade mas só em termos de origem e estatuto social.
Assim, as crianças após terem adquiridos um mínimo de habilidades para se relacionarem com o
meio em que se encontravam integradas, achavam-se aptas e “adultas” para participar em todas as
actividades sócio-culturais, religiosas, recreativas e festivas com os adultos sem nenhuma
distinção ou separação etária. Estavam sujeitas a todos os riscos sociais resultantes da dinâmica
do processo evolutivo da sociedade (violência, criminalidade, prostituição, etc).
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A sociedade desde época medieval não tinha consciência dos sentimentos e comportamentos
inocentes, característicos da criança. Mesmo assim, ela não era negligenciada, abandonada ou
desprezada.
No séc. XVII, a sociedade começa a preocupar-se e a mudar de atitude perante a criança. A igreja
desempenhou um papel muito importante no desejo de proteger a criança da imoralidade, da vida
leiga e da desonestidade atribuindo-lhe papeis sociais que estivessem de acordo com a sua
condição de pessoa pequena em desenvolvimento. Nesta época as crianças já usavam trajes que
as distinguiam dos adultos.
Pela sua ingenuidade, gentileza e graça ela passou a ser fonte de diversão e distração dos adultos.
Estes sentimentos que antes eram comuns entre as mães e amas, passaram a ser apresentados
pelos homens numa demonstração de mudança de comportamento e atitudes da sociedade perante
a criança.
Os colégios funcionavam asilos para estudantes pobres e o papel deles estava directamente ligado
ao ensino. Só no séc. XV é que começaram a surgir instituições complexas e modernas.
A educação da criança passou a ser confiada a responsabilidade moral dos mestres que eram
designados como encarregados das almas dos alunos. O colégio passa a ser uma referência social
com um grupo docente, disciplina rigorosa e classe onde se formariam todas as gerações
instruídas.
Ainda no séc. XV, nas classes as crianças começam a ser divididas de acordo com as suas idades
sob a orientação dum mestre.
O processo de diferenciação da população escolar foi evoluindo com a necessidade de adaptar o
ensino do mestre ao nível do aluno. Isto possibilitou a formação da ideia de que havia diferença
de capacidades na população escolar e segundo a idade e desenvolvimento.
A repugnância pela precocidade infantil para a aprendizagem entre os seculos XVI e XVII marca
a primeira ruptura da não indiferenciação das idades dos jovens. Os dons de certas crianças eram
enaltecidos e cultivados.
As crianças que demonstrassem precocidade no processo de aprendizagem eram recusadas de
ingressarem na escola ou integradas nas classes mais baixas.
A escolarização das crianças por idade escolar, começava da primeira infância (atá aos 5 ou 6
anos) na qual permaneciam sob cuidado das mães ou das amas. Aos 7 anos como o começo da
segunda infância a criança ingressava na escola. Mais tarde, o ingresso escolar foi retardado para
9/10 anos devido á fraqueza, imbecilidade e incapacidade de aprendizagem que as crianças
Alcino Stélio
32
apresentavam no período da primeira infância. Esta passa a ser estendida ate aos 10 anos e a
segunda ate aos 12/13 anos. Não havia uma separação rigorosa entre a segunda infância e a
adolescência.
O Processo Pedagógico como conjunto de actividades organizadas tendo em vista o alcance dos
objectivos para o desenvolvimento da personalidade, é constituído por seguintes elementos:
O educando também tem seus objectivos, finalidades, capacidades que lhe leva a aprender. A sua
actividade básica é de aprender.
O educador deve ter uma atitude positiva em relação aos educandos, uma sensibilidade
manifestada no amor pelo género humano e, de forma geral, da educação, da sua profissão.
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Tarefa 4:
Alcino Stélio
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A Psicologia de Aprendizagem, como qualquer outro ramo da ciência, emprega métodos para
comprovação de suas hipóteses, ou para o estabelecimento de suas leis e princípios. Os métodos
de pesquisa da Psicologia Pedagógica são muito numerosos, pois ela recorre os mesmos métodos
de investigação da Psicologia geral e às vezes, os métodos da Psicologia Pedagógica não se
distinguem entre si senão por certos processos ou técnicas apropriadas.
Alcino Stélio
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O estudo do caso é frequentemente empregue pelo orientador educativo, visando ajudar os alunos
na solução de seus problemas.
Através da aprendizagem, o homem melhora suas realizações nas tarefas e a compreender seus
companheiros. Ela capacita-o a ajustar-se adequadamente ao seu ambiente físico e social.
Alcino Stélio
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Cada indivíduo é o que é, pelo que aprendeu e ainda pelos modos segundo os quais poderá
aprender. Todo o indivíduo aprende e, através da aprendizagem, desenvolve comportamentos que
o possibilitam a viver. Portanto, todas as actividades e realizações humanas exibem os
resultados da aprendizagem.
Através de séculos, por meio da aprendizagem, cada geração foi capaz de aproveitar-se das
experiências e descobertas das gerações e ofereceu sua contribuição para o crescente património
do conhecimento e das técnicas humanas. Os costumes, as leis, a religião, a linguagem e as
instituições sociais têm-se perpetrado, como um resultado da capacidade do homem para
aprender.
Portanto, é pela aprendizagem que o homem se afirma como racional, forma a sua personalidade
e se prepara para o papel que lhe cabe no seio da sociedade.
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Alcino Stélio
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didacticamente, tendo em vista a assimilação activa e aplicação pelos alunos na sua prática da
vida. Englobam, portanto: conceitos, ideias, factos, processos, princípios, leis científicas, regras,
habilidades cognitivas, modos de actividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de
estudo, de trabalho e de convivência social, valores, convicções e atitudes.
Podemos dizer que, os conteúdos retratam a experiência social da humanidade no que se refere a
conhecimentos e modos de acção, transformando-se em instrumentos pelos quais os alunos
assimilam, compreendem e enfrentam as exigências teóricas e práticas da vida social. Constituem
o objecto de mediação escolar no processo de ensino, no sentido de que a assimilação e
compreensão dos conhecimentos e modos de acção se convertem em ideias sobre as propriedades
e relações fundamentais de natureza e da sociedade, formando convicções e critérios de
orientação das opções dos alunos frente as actividades teóricas e práticas postas pela vida social.
2. Selecção de Conteúdos
Para isto, devemos estar atentos para escolher conteúdos que sejam:
- Os que podem ser aprendidos dentro das limitações de tempo e recursos disponíveis.
Alcino Stélio
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2. Carácter científico
Os conhecimentos que fazem parte do conteúdo reflectem os factos, conceitos, ideias, métodos
decorrentes da ciência moderna. No processo de ensino, trata-se do seleccionar as bases das
ciências, transformadas em objectivos de ensino.
3. Carácter sistemático
4. Relevância social
Este critério corresponde a ligação entre o saber sistematizado e a experiência prática, devendo os
conteúdos reflectir objectivos educativos esperados em relação a sua participação na vida social.
A relevância social dos conteúdos significa incorporar no programa as experiências e vivências
das crianças na sua situação social concreta, para contrapor a noções de uma sociedade idealizada
e de um tipo de vida e de valores distanciados do quotidiano das crianças que frequentemente,
aparecem nos livros didácticos.
5. Acessibilidade e solidez
Alcino Stélio
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Em outras abordagens, o processo de selecção dos conteúdos, recorre-se ao critérios de: validade,
flexibilidade, significação, possibilidade de elaboração pessoal e utilidade.
Validade:
Flexibilidade:
O critério de flexibilidade diz respeito às alterações que se podem realizar em relação aos
conteúdos seleccionados para o trabalho a ser realizado. A escolha deve ser feita de tal modo que
possibilite a cada professor fazer modificações, adaptações, renovações ou enriquecimentos, a
fim de atender às necessidades próprias da classe, de cada aluno, do próprio conteúdo e da
realidade imediata.
Significação:
Utilidade:
Alcino Stélio
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Existem aspectos que devem ser considerados na organização sequencial de conteúdos. Entre
outros destacam-se:
• Continuidade: propicia a articulação entre os conteúdos, de tal forma que estes irão se
completar e integrar na medida em que for se desenvolvendo o trabalho. A continuidade deve
atender o crescimento, à maturidade e aos interesses do aluno.
• Integração ou relacionamento: expressa que o assunto tratado no PEA deve ser apreendido
como um todo, em seus aspectos fundamentais, linhas fundamentais. A integração, que se
relaciona com a transferência, no PEA pode ser focalizada sob quatro aspectos:
a) Integração com a própria disciplina, para que o educando seja levado a apreender os aspectos
básicos e estruturais do que esteja sendo tratado, dando unidade ao mesmo, o que facilita a
compreensão do todo, e o processo de transferência.
b) Integração com área ou disciplina: fins, que enriquece o que esteja sendo tratado e facilita a
transferência da aprendizagem.
c) Integração com as demais áreas ou disciplinas, que torna mais significativo ainda o que
esteja sendo tratado e mais estimula a transferência da aprendizagem, ajudando a perceber todos
os conhecimentos como interdependentes regidos pelos mesmos princípios lógicos.
Alcino Stélio
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d) Integração com a realidade, com o meio em que se vive e com o que no mesmo se passa a
fim de despertar para o sentido da funcionalidade e pragmaticidade dos acontecimentos, de ajuda
ao homem para que possa viver melhor, a fim de tornar a vida mais digna, mais elevada e mais
espiritual.
Tarefa 7:
1. Apresente um quadro comparativo sobre os critérios de selecção dos conteúdos dos dois
autores aqui apresentados.
Alcino Stélio
43
A sensação é um processo psíquico que trabalho directamente com os órgãos dos sentidos. Eles,
recebem, seleccionam, acumulam a informação e transmitem-na para os centros neuronais, onde
são dadas as respostas, conforme o estímulo sensorial.
Referente a importância das sensações, PETROVSKI (op.cit.) afirma ser difícil estimar o papel
das sensações na vida do homem, pois elas são a fonte dos nossos conhecimentos sobre o mundo
e sobre nós próprios.
Percepção: é o acto de organização de dados sensoriais pelo qual conhecemos “a presença actual
de um objecto exterior”: temos consciência da existência do objecto e suas qualidades.
Segundo STRATTON & HAYES (1993:289) define a percepção como um “processo pelo qual
analisamos significados as informações sensoriais que percebemos”.
No Processo de Ensino e Aprendizagem, a percepção está relacionada com a compreensão,
representação e interpretação, análise intelectual do aprendido. A percepção ajuda a
compreensão, análise aprofundada do fenómeno e a chegar a conclusão sobre o mesmo.
A percepção está ligada a atenção. A atenção constitui a fase inicial da percepção e a principal
forma de organização da actividade cognitiva. A atenção é indispensável à percepção,
interpretação, compreensão, imaginação, assimilação, recordação e reprodução. Durante a aula, a
atenção ajuda a compreensão da essência das tarefas, ajuda a sua resolução e verificação.
Alcino Stélio
44
Memória: é a capacidade de lembrar o que foi de algum modo vivido. Ela corresponde as
seguintes operações ou processos: a aquisição, a fixação, a evocação, o reconhecimento e a
localização das informações resultantes de percepções e aprendizagem. A memória facilita a
organização, fixação e retenção do aprendido, assim como a sua evocação, quando essa
informação for necessária. Não haveria evolução dos nossos conhecimentos se na medida que os
adquiríssemos, os perdêssemos. A memória conserva o passado e permite incorporá-lo na
estrutura cognitiva do sujeito.
Memória
Alcino Stélio
45
A fixação e a evocação serão tanto maiores quanto maior for o significado do material. Diferentes
partes da matéria devem ser relacionadas, matérias diferentes devem ser articuladas.
Importância
- A linguagem seria impossível sem a memória, porque para falar é necessário reter as palavras e
o seu sentido;
- A personalidade não existiria sem memória, pois é ela que conserva o nosso passado e permite
incorporar no “eu” o que se vai relacionando, para organização da personalidade.
Factores do esquecimento:
Vastidão da matéria;
Irrelevância do conteúdo;
Falta de interesse;
Alcino Stélio
46
Doenças da memória;
O tempo (as repetições devem ser curtas): a primeira repetição deve ser na aula;
Cansaço.
A matéria fixa-se mais rapidamente quando o aluno compreende o conteúdo. Por isso, o ensino
deve ser compreensível.
Por outro, quando menor for as repetições de uma dada matéria, maior é o esquecimento.
Portanto, o esquecimento é maior logo o período após a seguir a aprendizagem. Recomenda-se
que é preciso começar cedo com as repetições e os exercícios. Mas as repetições devem ser bem
estruturadas. Os exercícios fazem o aluno entrar profundamente na matéria, servem quando bem
orientados para reforçar a auto-confiança dos alunos.
Também uma aula anterior (activa) seguida de uma aula menos activa os alunos tendem a não
fixarem os conhecimentos; como ainda, uma actividade muito intensiva seguida de uma aula
pode haver dificuldades de retenção.
Questões
Tarefas
Alcino Stélio
47
Avaliar os alunos
Dar T.PC.
No PEA, o pensamento, ajuda o indivíduo a superar as suas dificuldades desde as mais triviais até
as mais complexas;
- Permite a reflexão sobre uma tarefa para encontrar as mais adequadas soluções;
- Ajuda o indivíduo a fazer avaliações de diversas variantes de resolução para encontrar uma
resolução mais racional;
O Pensamento e Linguagem
Nas abordagens de PETROVSKI (1989:356), afirma que, “o pensamento surge numa situação
problemática, isto é, nos casos em que é necessário procurar novas soluções; da mesma forma
que o pensamento, a imaginação é motivada pelas necessidades da personalidade”.
Alcino Stélio
48
1) Receber e interpretar dados e produzir procedimentos para lidar com o problema (fase de
input)
2) Criar operações e processos relacionados com tarefas inerentes ao problema (fase de
integração e de planificação)
3) A aquisição de competências para solucionar o problema (fase de output)
1.Análise inicial: O aluno verifica se os dados estão completos. É nesta fase que o aluno verifica
se é um problema ou não.
2.Actualização de caminhos de solução: anterior com base na comparação: consiste na
descoberta de relações entre o conhecido e o desconhecido e elabora-se um plano d solução.
3.Escolha do caminho de solução: realiza-se através de analogia (transferência de dados
anteriores para novas soluções), meios e fins, ensaio e erro.
4.Descoberta da solução: o aluno encontra uma solução e uma configuração para uma
actividade de pensamento criador.
5.Controle e avaliação dos resultados da solução: comparação dos resultados com a exigência
do problema.
Alcino Stélio
49
Pensamento dos animais: é visual activo. Ele trata apenas objectos percebidos directamente que
se encontram no presente momento, no campo visual dos animais.
Imaginação: é o processo psíquico de criação de imagens e noções que não existiam na sua
experiência anterior, ou seja, a habilidade que os indivíduos possuem de formar representações,
construir imagens mentais a cerca do mundo real ou mesmo de situações não directamente
vivenciadas.
A base da imaginação são noções da memória que se completam por novas percepções,
transformando-se em novas percepções e noções.
Importância:
Alcino Stélio
50
O valor da imaginação consiste em que ela permite tomar uma decisão e encontrar uma saída
para a situação problemática, mesmo no caso da ausência de todas as informações, necessárias
para o pensamento, (Ibdem).
Tarefa 8:
Alcino Stélio
51
“Sem aprendizagem, as pessoas não saberiam os seus nomes, os dos pais, onde vivem, entre
outras coisas. Sem aprendizagem não seríamos capazes de ler esta informação, nem sermos
capazes de falar a linguagem que falamos ou tratar das nossas necessidades psicológicas”
(MWAMWENDA, 2005:163).
Nesta linha de abordagem, fala-se mais de Ivan Pavlov, John Watson, Frederic Skinner e Edward
Thorndike.
Condicionamento Clássico
A pesquisa sobre o condicionamento foi feita por Ivan Pavlov . Esta, foi a primeira teoria da
aprendizagem que é referida como clássica. Condicionamento significa aprendizagem ou
modificação de comportamento. O condicionamento clássico de Pavlov nos dá o conhecimento
de como um comportamento novo é aprendido, o cão aprendeu a salivar ao som da campainha
pela associação do som desta `a apresentação de comida. A comida foi substituída pelo som da
campainha, no sentido em que o cão respondeu ao som desta de forma similar `a que ele
respondeu a comida.
A comida é o estímulo incondicionado, enquanto a resposta sob forma de salivação é chamada de
resposta incondicionada. O som da campainha é designado por estímulo condicionado e a
salivação por resposta condicionada. Assim, o cão não aprendeu a resposta a comida com a
salivação, uma vez que este comportamento já existia. O que o cão aprendeu foi a responder ao
Alcino Stélio
52
som da campainha, e fê-lo por que os dois estímulos (comida e o som da campainha) foram
emparelhados e a comida serviu para reforçar o novo comportamento.
Pavlov também ensinou o cão a diferenciar entre um som familiar e um não familiar, através do
reforço do som familiar. Para além disso, o cão aprendeu a transferir o que ele aprendeu numa
situação para outra.
O mesmo princípio de associação poderá ser relacionado com as várias disciplinas leccionadas,
algumas das quais são odiadas sendo outras do agrado dos alunos.
Alcino Stélio
53
O termo operante refere-se ao facto de um organismo, que pode ser uma pessoa ou um animal,
trabalhar sobre o seu meio, e a medida que o faz ser responsável por gerar consequências.
Nas suas abordagens, Skinner enfatiza o reforço como elemento básico para a aprendizagem e
identificou quatro tipos:
a) Reforço Positivo ou recompensa: as reacções que são recompensadas têm tendência a ser
repetidas.
b) Reforço Negativo: as reacções que libertam o organismo de uma situação penosa têm
tendência a ser repetidas.
c) Extinção: as reacções que não são recompensadas têm tendência a desaparecer.
d) Castigo: as reacções que conduzem a consequências indesejáveis ou penosas têm tendência a
ser suprimidas.
É também Skinner que lança as bases do Ensino Programado, suportado basicamente por 4
princípios:
a) Um comportamento novo é mais facilmente adquirido se o sujeito emite respostas a ele, e não
simplesmente se se expõe a estímulos.
b) Um comportamento novo é mais facilmente adquirido se reforçamentos apropriados são
promovidos.
c) No ensino, a matéria deve ser apresentada em fragmentos de dificuldades progressivas.
d) O ensino de contemplar as diferenças individuais.
Aplicabilidade da Teoria
As implicações do condicionamento operante estão relacionadas com o reforço. Sem o reforço na
escola, os alunos alcançarão menos do que o seu potencial permite. Os professores podem
reforçar os alunos através de boa preparação das aulas e tornando-as interessantes, reconhecendo
o esforço do aluno, sendo amigáveis, e proporcionando aos alunos a atenção que a situação
justifica. A presença dos alunos na aula ou na escola é uma resposta da sua parte, e passa pelos
professores verem se essa resposta recebe o reforço que merece.
Teoria Associacionista
Alcino Stélio
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Edward Thorndike foi um dos psicólogos educacionais americanos reconhecido por ter publicado
o primeiro livro de Psicologia educacional: The Psychology of Learning (1913). Ele foi
responsável por desenvolver uma teoria da aprendizagem conhecida como conexionismo
(concepção de que a aprendizagem se dá por processo de associação das ideias, das mais simples
às mais complexas. Assim, para aprender algo complexo precisamos primeiro aprender as ideias
simples, que a ela estariam associadas).
Com base nos seus estudos de comportamento animal, ele formulou três leis da aprendizagem: lei
de efeito, lei da prática ou exercício e lei da maturidade especifica (prontidão).
A lei de efeito afirma que a resposta que é seguida por um reforço é fortalecida, enquanto a
resposta que é seguida por um estímulo adverso é enfraquecida.
Mais tarde, Thorndike modificou as leis do efeito e do exercício. Olhando para a lei do efeito, ele
argumenta que a componente de punição é menos crucial para mudar um comportamento do que
o reforço para manter um comportamento desejável; olhando para a lei de exercício ou prática,
ele postulou que a prática tem efeito se for acompanhada do conhecimento dos resultados, que
ajuda o organismo a corrigir os erros e a capitalizar mais respostas correctas e a alancar o
domínio.
Aplicabilidade da Teoria
A ênfase do reforço é semelhante a teoria de Skinner. A aprendizagem ocorre como resultado do
reforço, e consequentemente, é imperativo que os professores utilizem o reforço na sua interacção
com os alunos. De forma semelhante, a lei do exercício é vital para os alunos ganharem domínio
Alcino Stélio
55
do que estão a estudar, isso pode ser encorajado através de revisão, de discussão e de envio de
trabalhos de casa com base no que aprenderam.
Segundo a lei da maturidade, é obvio que o indivíduo poderá ter facilidades na aprendizagem se o
organismo estiver preparado (maduro).
De acordo com Bandura, muitos dos nossos comportamentos são aprendidos através da
observação e imitação de um modelo – modelação ou modelagem. Além disso, ressalta que os
eventos ambientais (recursos, ambiente físico) pessoais (crenças, expectativas) e
comportamentais (escolhas, actos individuais) interagem no processo de aprendizagem, num
determinismo recíproco.
Aplicabilidade da Teoria
Alcino Stélio
56
A medida que o professor interage com os seus alunos investem uma determinada informação
que vai alem do próprio ensino. Com os seus professores, os alunos podem aprenderem coisas
sobre a higiene, honestidade, egoísmo, autodisciplina ou desorganização.
Alcino Stélio
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Os gestalticos desenvolveram leis que reflectem a sua percepção dobre a aprendizagem. Estas leis
incluem a lei da proximidade, a lei da semelhança, a lei do fechamento, a lei da continuidade,
a lei do pragmatismo e figura verus fundo (ou contexto).
A lei da proximidade
De acordo com a lei de proximidade, partes que estão próximas no tempo ou no espaço tendem a
ser percepcionadas em conjunto.
A lei da semelhança
Esta lei refere que partes semelhantes são vistas em conjunto como que formando um grupo.
A lei do fechamento
Esta lei afirma que figuras e desenhos serão completados da mesma maneira como são
apresentados.
A lei do pragmatismo
Esta lei diz que todos os eventos psicológicos têm potencial para serem significantes, assim como
simples e completos. Também afirma que o balanço cognitivo é preferível e mais satisfatório do
que uma situação sem equilíbrio.
Na percepção, a figura não só é dominante como também unifica e centra a atenção, enquanto o
fundo é homogéneo e fornece o contexto da figura. Num determinado ambiente, podemos focar a
Alcino Stélio
58
nossa atenção num aspecto particular, que depois se torna a figura, e o resto não é mais do que o
contexto no qual se situa a figura.
Max Wertheimer
Max é conhecido como sendo o fundador da Psicologia da Gestalt. Nos seus estudos interessou-
se em relacionar a Psicologia da Gestalt com a educação. Ele sentia que havia uma ênfase
excessiva na aprendizagem de memória (aprender de cor) e menos na aprendizagem
compreensiva.
Ele defendia que os professores deveriam providenciar aos seus alunos todo o contexto e insight
da aprendizagem, e que os alunos deveriam ser encorajados a olhar para a situação na sua
globalidade antes de tentarem encontrar solução para um determinado problema. Os detalhes de
um problema deveriam ser examinados a partir do todo e não ao contrário.
Wolfgang Kohler
Este gestaltista é reconhecido pelos seus estudos com macacos nas ilhas Canárias ao largo da
costa ocidental de África. O seu estudo levou-o a acreditar que o insight é importante na
resolução de problemas, por isso, um organismo tem de ver a situação no seu todo antes de ter o
insight do problema e da sua resolução. De acordo com a teoria de Gestalt, a aprendizagem é
criativa, envolve interacção do organismo com o ambiente no qual a situação é renovada,
reconstruída ou transformada.
Kurt Lewin (1890-1947), autor da teoria que recebeu várias denominações como, posição teórica
de campo, psicologia topológica e de vector.
O objecto da psicologia topológica não é, apenas, o indivíduo, mas uma estrutura mais ampla e
mais complexa, de que o indivíduo é um dos componentes, ora funcionando como objecto
privilegiado, ora como componente secundário. É um modelo que engloba uma pessoa e o mundo
Alcino Stélio
59
Esta teoria está centrada na ideia de que toda actividade psicológica de uma pessoa, em dado
ponto, é função de factores coexistentes, que são mutuamente interdependentes.
Uma compreensão do indivíduo relacionado a seu campo – sua aprendizagem - é o seu Insigth, a
estrutura cognitiva ou seu espaço vital. Neste sentido, estrutura cognitiva significa a maneira pela
qual uma pessoa percebe os aspectos psicológicos, físicos e sociais do mundo. Este inclui uma
pessoa e todos os seus fatos, conceitos, crenças, traços de memória e expectativas.
Tomando como base a ideia de que o todo, a estrutura, é mais do que a soma das suas partes,
Lewin afirma que toda a actividade psicológica, e portanto, também a aprendizagem, se realiza
num campo de acção em que um conjunto de factores interferem e condicionam o
comportamento de uma pessoa numa determinada situação. Portanto, todo o ser humano tem
tendência de possuir o seu campo psicológico com o qual se confronta no dia-a-dia para
satisfazer as suas necessidades.
Alcino Stélio
60
Em relação a aprendizagem, pode-se dizer que uma pessoa aprende através da diferenciação,
generalização e reestruturação de sua pessoa e seu ambiente psicológico, de modo a formar novos
ou mudar “insigths” ou significados e conseguir mudanças da motivação, no pertencimento ao
grupo, nas perspectivas de tempo e ideologia. Dessa forma, o indivíduo ganha controle de si
mesmo e de seu mundo.
Na interpretação de uma situação escolar, cada professor e cada estudante é considerado pessoa-
e-seu-ambiente psicológico. A função peculiar do professor é implementar o desenvolvimento de
“insigths” nos estudantes, a fim de ajudá-los a se tornarem personalidades mais adequadas e
harmoniosas, isto é, mais inteligentes.
Alcino Stélio
61
De início, aquele que faz frente a totalidades não-diferenciadas. À medida que aprende, vai
diferenciando áreas que, cognitivamente se vão estruturando e especificando, o que produz
mudança cognitiva do mundo psicológico como um todo. Esse processo de diferenciação, com a
consequente estruturação cognitiva, tanto se refere ao campo extrínseco (ambiente), como ao
próprio indivíduo (necessidade, motivos, emoções, linguagem, e.t.c.).
Em resumo: O indivíduo percebe e selecciona os objectos de acordo com espaço vital, isto é, o
espaço vital influencia a forma de estruturar, organizar, perceber e dar significado o material.
De acordo com Jerome Bruner, a aprendizagem por descoberta implica que os alunos
descubram o que são capazes de fazer e de pensar por eles próprios.
Para ele, a aprendizagem é um processo activo do sujeito que aprende. O sujeito aprendente
guarda e organiza a informação recebida. O conhecimento se adquire através do levantamento de
problemas, de hipóteses que avançam e se verificam e de descobertas que se fazem. Depois de se
adquirir o conhecimento, este é organizado em categorias e relaciona-se com o conhecimento
antes adquirido.
Alcino Stélio
62
Assim, o aluno vai construindo o seu conhecimento através do ensino por descoberta, que
pressupõe actividades de pesquisa, observação e exploração, análise de problemas e resultados,
integração de novos dados em conceitos anteriormente adquiridos e princípios mais gerais,
explicações causa e efeito ou outras que ajudem a estabelecer relações. É um ensino que
pressupõe, da parte do professor, uma capacidade de lançar perguntas que despertam a
curiosidade, mantenha o interesse, provoquem e desenvolvem o pensamento, de forma geral, uma
aprendizagem activa.
O ensino, para Bruner, deve estar voltado para a compreensão das relações entre factos e entre
ideias, única forma de garantir a transferência do conteúdo aprendido para novas situações.
No segundo princípio, Bruner sustenta que qualquer assunto ou tema, qualquer corpo de
conhecimento, pode ser organizado numa estrutura básica óptima para poder ser transmitido por
praticamente qualquer aluno, isto é, num conjunto organizado de ideias e de relações entre os
conteúdos a prender. Bruner pensa que o currículo deve ser estudado em espiral, ou seja, o
mesmo tópico deve ser ensinado a vários níveis e a abordagem deve ser feita periodicamente e
em círculos concêntricos cada vez mais alargados e profundos. A progressão de um currículo
Alcino Stélio
63
deve ir de simples, concreto e específico para o complexo, abstracto e geral. As matérias devem
ter em conta os graus de desenvolvimento dos alunos.
O grau de dificuldade sentido pelo aluno, ao tentar dominar uma matéria depende, da sequência
em que o material é apresentado. Ensinar envolve levar o aluno através de uma determinada
sequência, formada por vários aspectos da matéria. Bruner acredita que o desenvolvimento
intelectual ocorre de acordo com uma sequência inata, movendo-se da representação motora
(compreensão através da acção, apresentação de conceitos através da acção que lhe são
associados. Ex: Uma cama serve para dormir) para a icónica (os objectos são concebidos na
ausência da acção, a criança pode desenhar a imagem de uma colher se encenar a acção de
comer) até a simbólica (tradução de experiências em termos de linguagem), então é provável que
seja a melhor sequência para qualquer matéria.
De acordo com este princípio, a aprendizagem requer reforço. Para atingir a mestria de um
problema, temos de receber informação retroactiva (feedback) sobre o que estamos a fazer. Se o
aluno avançou e incorporou uma informação falsa, esta terá de ser desaparecida para que o aluno
volte ao caminho certo.
Esta teoria aplica-se no método de descoberta. O aluno deve descobrir os conhecimentos, as leis
e princípios durante a aprendizagem e no método indutivo e na revisão curricular.
Alcino Stélio
64
Ausubel preconiza ainda que o ensino expositivo não leva forçosamente a uma aprendizagem
memorizada ou mecânica. Este autor valoriza uma exposição clara e organizada, o método
expositivo, que pode socorrer-se de esquema, gráficos e meios audiovisuais. A exposição da
matéria deve ser dedutiva, sequencial, a partir dos conceitos gerais.
Ausubel crê que embora o ensino pela descoberta tenha vantagens, é um ensino muito moroso e
caro. Por isso, propõe o ensino pela descoberta guiada “guided discovery learning”.
De acordo esta estratégia, o professor é organizador do PEA, não deixando que o ensino funcione
ao sabor e ritmo dos interesses dos alunos.
Alcino Stélio
65
Ausubel concluiu que é mais fácil aprender, se a informação for organizada e sequenciada de
uma forma lógica. O professor deve ajudar os alunos a organizar o saber, integrando os conteúdos
a aprender nos conhecimentos já adquiridos, pois é isso que faz o aluno considerar que são
aprendizagens significativas e favorece a fixação de novas informações. Para isso, o autor
defende o uso de “organizadores avançados ou prévios” como sumários no fim das lições e
questionários de revisões, que funcionam como “pontes cognitivas” entre o que o educando já
sabe e o que tem de saber, facilitando assim a aprendizagem.
A concepção construtivista de Piaget parte da tese de que o conhecimento não depende apenas do
sujeito, nem só do objecto. As estruturas da inteligência não são apenas inatas, mas produto de
uma construção contínua do sujeito agindo sobre o meio. Piaget atribui ao indivíduo um papel
activo na construção do conhecimento e propõe a seguinte dialéctica: Estruturas mentais _____
Experiências
Alcino Stélio
66
Segundo o seu modelo biológico, o homem é guiado pela busca de equilíbrio entre as
necessidades biológicas fundamentais de sobrevivência e as agressões colocadas pelo meio para a
satisfação dessas necessidades.
Nessa relação, a organização é o mecanismo que permite ao homem ter condutas eficientes para
atender às necessidades, isto é, a sua demanda de adaptação. A adaptação envolve a Assimilação
e acomodação. Portanto, o desenvolvimento intelectual, segundo Piaget, resulta da construção de
um equilíbrio progressivo entre assimilação e acomodação, o que propicia o aparecimento de
novas estruturas mentais. A Assimilação consiste em integrar ou interiorizar a experiência do
meio ambiente onde está inserido, ou seja, acrescentar novos elementos a um conceito ou
esquema. A Acomodação refere o ajustamento desses elementos a nova situação, a resposta do
sujeito as exigências imediatas e constrangedoras do meio, grau de adaptação aos estímulos
externos, mediante a reorganização cognitiva, em vez de respostas mecânicas.
1.De Assimilação: esta fase já poderá produzir um fenómeno de aprendizagem, sob a forma de
transferência de reacção, como ocorre no processo de condicionamento, em que a reacção a um
excitante incondicionado passa a ser produzida por um excitante novo.
2.De acomodação: corresponde ao processo de a aprendizagem sub a forma, mais geral, de
modificação do esquema de reacção propriamente dito, sob o efeito de êxito. Portanto, graças a
experiência, que se torna anterior diante de uma situação posterior, é conseguida a satisfação da
necessidade.
Alcino Stélio
67
Piaget sustenta ainda que o ensino deve estar de acordo com os interesses e a curiosidade da
criança, deve ser significativo para ela e não apenas um papaguear de palavras proferidas por
outrem, o que conduzirá a um mero verbalismo. As tarefas e o material a apresentar devem ser
seleccionados e organizados de tal modo que a criança sinta uma certa tensão “benéfica” que leva
em busca da equilibração e que se traduz num desejo de aprender.
Para Piaget, as relações do sujeito com o objecto são essenciais no seu processo de
desenvolvimento, da mesma maneira que as relações entre os sujeitos. O autor afirma que,
construir conhecimentos é dar resposta a demandas sociais, mas envolve também a necessidade
de comunicar esses pensamentos, que serão avaliados pelos outros. Assim sendo, o outro é
legitimador do conhecimento adquirido.
A motivação é impulso essencial da actividade cognitiva e faz parte do próprio aparato cognitivo.
Assim, para explicar o desempenho intelectual não é necessário recorrer ao conceito de tensão,
gerada em uma necessidade básica, e nem a um complexo modelo de reforço secundário.
Piaget afirma que o motivo fundamental que governa o esforço intelectual é inerente às próprias
estruturas cognitivas. A necessidade de conhecer não é um motivo extrínseco, independente da
actividade intelectual; trata-se, pois, de uma propriedade intrínseca desde o princípio.
Alcino Stélio
68
Para Vigotski, a aprendizagem sempre inclui relações entre as pessoas. Não há como apreender o
mundo se não tivermos o outro, aquele que nos fornece os significados que permitem pensar o
mundo a nossa volta.
Alcino Stélio
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A aprendizagem da criança inicia-se muito antes da sua entrada na escola, isto porque desde o
primeiro dia de vida, ela já está exposta aos elementos da cultura e à presença do outro, que se
torna o mediador entre ela e a cultura.
A escola surgirá, então como lugar privilegiado para o desenvolvimento, pois é o espaço em que
o contacto com a cultura é feito de forma sistemática, intencional e planificada. O
desenvolvimento – que só ocorre quando situações de aprendizagem o provoquem – tem seu
ritmo acelerado no ambiente escolar. O professor e os colegas formam um conjunto de
mediadores da cultura que possibilita um grande avanço no desenvolvimento da criança.
Vigotsky concebe o desenvolvimento dinamicamente formado por dois níveis: o afectivo (já
adquirido) e o potencial (realizável com ajuda dos adultos).
O bom ensino, segundo Vigotsky é aquele que se adianta ao desenvolvimento, ou seja, se volta
para as funções psicológicas emergentes, potenciais, e pode ser facilmente estimulado pelo
contacto com os colegas que já aprenderam determinado conteúdo.
Portanto, o que caracteriza fundamentalmente o ensino seria gerar essa área potencial de
desenvolvimento, que posteriormente seria internalizada pela criança. A aprendizagem não é em
si mesma desenvolvimento mas activa o processo evolutivo, desperta os processos internos do
indivíduo, liga o desenvolvimento da pessoa a sua relação com o meio ambiente sócio-cultural
em que vive e a sua situação de organismo que não se desenvolve plenamente sem o suporte de
outros indivíduos da sua espécie. Se o ensino constitui um estímulo para o desenvolvimento, é
preciso que ele se adapte às diferenças desenvolvimentais, tendo em conta um conjunto de
qualidades cognitivo-afectivo-sociais evolutivas da criança.
Alcino Stélio
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O modelo informático
Este modelo não prescreve o que se deve fazer; é um modelo descritivo, tenta descrever e
compreender os mecanismos da recepção, processamento, retenção e utilização dos
conhecimentos no cérebro humano.
Os proponentes deste modelo pensam que o cérebro humano se organiza em “receptores” que
captam e registam a informação dos estímulos do meio. Vêem neste processo uma primeira
transformação dos dados fornecidos pelo meio, os quais são seguidamente tratados pelos
“mecanismos centrais” que os seleccionam, comparam, relacionam, codificam e retêm ou
conservam, primeiramente na chamada “memória de curta duração”, “memória transitória” ou
“memória de trabalho” e, posteriormente, na “memória de longa duração” ou “memória
permanente”. A informação, assim trabalhada e armazenada, encontra-se então `a disposição dos
“mecanismos de reacção, que tomam decisões a partir dos dados já trabalhados, e dos
“executores”, que põem em acção as decisões tomadas.
Alcino Stélio
71
Considera-se que a aprendizagem é um processo que se inicia com um estímulo (visual, auditivo,
etc.) que, vindo do meio ambiente, se reflecte na pessoa e produz uma reacção (o fazer, o dizer, o
demonstrar qualquer coisa), que vinda da pessoa, se reflecte no meio ambiente.
Do mesmo modo que os dados que entram no computados tem de ser codificados de forma a que
estes os possa armazenar e processar, a informação que entra nos receptores sensoriais tem de ser
codificada para depois ser armazenada e processada. A codificação envolve a construção de
traços de memória que constituem abstrações baseadas nos traços mais salientes da informação
entrada.
Alcino Stélio
72
No que respeita `a aprendizagem trata-se mais de uma reacção contra algumas das teorias de
aprendizagem existentes e da maneira como a aprendizagem se realiza do que de uma teoria bem
formulada e consciente. É uma reacção que se baseia na crença de que o educando deve ter mais
responsabilidade para decidir o que quer aprender e para ser mais independente e auto-orientador
da sua aprendizagem.
Os grandes defensores da teoria humanista são: Maslow, Buhler, Carl Rogers e Arthur Combs.
Para os humanistas, aprender não se reduz `a aquisição de mecanismos de estimulo-resposta; é
um processo cognitivo, contudo, Carl Rogers condena a aprendizagem cognitiva como ela é
habitualmente praticada. Segundo ele, os conhecimentos a adquirir ou as capacidades a
desenvolver são normalmente apresentados ao educando como uma meta pré-estabelecida e um
dado acabado ao qual se espera que ele se adapte e se conforme. Rogers, pelo contrário, entende
que o educando cresce e adquire experiências se se lhe deixa livre iniciativa para descobrir o seu
próprio caminho numa atitude de auto-realização e auto-avaliação, num processo de se tornar
pessoa. “Tornar-se pessoa” é realmente a chave do processo de aprendizagem na visão
humanista; é um processo pessoal, de índole vivencial, no centro do qual está a pessoa como ser
que pensa, sente e vive. É um processo de descoberta do significado pessoal do conhecimento
Alcino Stélio
73
que passa pelo interior da pessoa com as suas experiências e as imagens que tem de si própria e
dos outros.
Alcino Stélio
74
- Aprendizagem centrada no
aluno - Ensino individualizado
Maslow - Auto-aprendizagem e auto- - Discussões
Buhler avaliação - Debates
Humanistas Personalidade C. Rogers - Aprendizagem dos - Painéis
A. Combs sentimentos, dos conceitos, - Simulações
das habilidades - Jogos de papeis
- Ajudar a “tornar-se pessoa” - Resolução de problemas,
- Atmosfera emocional etc.
positiva, empática
Fonte: TVAVARES; ALARCÃO (2002:93)
Tarefa 9:
Alcino Stélio
75
O estudo do aluno, no que se refere a suas necessidades e interesses, constitui a primeira fonte.
Como todo ensino deve ser um processo intencional, é preciso conhecer as características de
quem aprende, para conseguir seu envolvimento. A investigação das necessidades e interesses do
aluno deveria ser sistemética.
A determinação das contribuições específicas que cada conteúdo pode prestar a educação tem
merecido estudos.
Há diversas classificações de objectivos, que vão desde formulações muito amplas até
desempenhos específicos. Sumariamente, pode-se apresentar duas classificações de objectivos.
Alcino Stélio
76
• Objectivos Específicos: são os objectos mais simples, concretos, alcançáveis em menor tempo e
explicitam desempenhos observáveis e indicam condições e critérios de manifestação do
comportamento. Este tio de objectivos consiste numa maior especificação dos objectivos gerais e
numa operacionalização dos mesmos. Exemplos de objectivos específicos: objectivos da unidade
e da aula.
Quanto ao domínio os objectivos podem ser:
• Objectivos Cognitivos
• Objectivos Afectivos
• Objectivos Psicomotores
Taxionomia de Bloom
• Objectivos Cognitivos
Os objectivos do domínio cognitivo estão relacionados com o conhecimento e habilidades
intelectuais dos alunos. O domínio cognitivo é que tem ocorrido a maioria das actividades em
desenvolvimento curricular e onde se encontra as mais definições claras de objectivos em termos
de comportamento do aluno. Este domínio especifica uma sequência de seis níveis ou tempos:
Alcino Stélio
77
As perguntam são concebidas para pedir aos alunos que decomponham a matéria e examinem as
partes componentes. Ex: Em que se assemelham as teorias x e Y e em que diferem?
o Síntese: combinação de elementos e partes de modo a formar um todo. Isso envolve o processo
de trabalhar com peças, partes, elementos, dispondo-os e combinando-os para que constituam um
padrão ou estrutura que antes não estava claramente evidentes. Isto significa contribuir com algo
de novo, reunir ideias para construir uma nova teoria, ir além do conhecido, proporcionar novas
formas de compreender. O aluno cria, integra e combina ideias num produto, plano ou proposta,
novos para ele. Exemplo de verbos: crie, elabore, invente, desenvolva...
As perguntas devem levar o aluno para além do conhecimento presente. Ex: Descreva as duas
principais teorias, e mostre como é que podem ser combinadas.
Alcino Stélio
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um conjunto explícito e detalhado de razões. O aluno aprecia, avalia ou crítica com base em
padrões e critérios específicos. Exemplo de verbos: julgue, critique, justifique, recomende.
Escreva uma crítica cuidada de teorias x e y. Pormenorize os seus pontos fortes e fracos.
Justifique a sua conclusão.
Alcino Stélio
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IV. Sensibilidade: é a capacidade para responder ao meio ambiente social e cultural e como uma
qualidade única e pessoal, quanto à percepção, significado e reacção. Inclui a capacidade de
empatia, isto é, colocar-se no lugar do outro.
V. Habilidades: são muito numerosas e variadas, incluindo leitura, resolução de problemas e
trabalhos em grupo.
Alcino Stélio
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3.Estratégias cognitivas: são estas as habilidades de auto-organização que o aluno adquire para
governar seu próprio processo de atentar, aprender e pensar.
4.Atitudes: atitudes e valores é a quarta categoria de resultados educacionais, referidos as vezes
como domínio afectivo. Como disposições aprendidas, elas modificam o comportamento do
indivíduo, em relação a classes de objectos, pessoas ou eventos. Ao fazê-lo afectam as escolhas
que ele realiza das suas próprias acções pessoais em direcção a estes objectos.
5.Habilidades motoras: a aquisição e aperfeiçoamento de habilidades motoras é também uma
parte do que é aprendido. Essas habilidades podem ser aprendidas em educação física e em outras
instâncias que ocorre em matérias académicas tais como: a manipulação de instrumentos em
ciência e em engenharia e a pronunciação de sons em línguas estrangeiras.
Os objectivos da aula são elaborados pelo professor e na elaboração deve ter em conta os
seguintes aspectos:
- Maturidade
- Aprendizagem actual dos alunos
- Motivação
- Conteúdos
- Métodos
- Recursos disponíveis
- Tempo disponível do aluno em relação a quantidade de objectivos
- Condições espaciais da escola
- Contexto cultural, linguístico e geográfico dos alunos
Alcino Stélio
81
A descrição do comportamento que se espera seja manifestado pelo aluno, se este alcançou o
objectivo, é o requisito básico. É a acção observável que o aluno desempenha.
O comportamento deve:
Para determinar se o aluno aprendu ou não algo, convem observar o resultado do seu
comportamento final ou desempenho terminal. Exemplo: O aluno deve ser capaz de nomear dois
escritores moçambicanos e suas obras.
Ser observável
O comportamento deve ser visível ou audível, enfim, ser captável pelos sentidos. Exemplo: O
aluno deve ser capaz de costurar um avental.
É preciso escolher um verbo que descreva a acção do aluno sem possibilidade de interpretações
vagas ou ambíguas. Para a formulação de objectivos operacionais em termos de conduta
observável, utiliza-se verbos de acção que expressam claramente indicadores externos do
comportamento do aluno. Todos os verbos que expressam processos, habilidades ou atitudes que
identificam dimensões internas de comportamento do sujeito, não definem objectivos
operacionais. Verbos como adquirir, aperfeiçoar, aprender, compreender, conhecer, saber,
entender, verificar, raciocinar e.t.c, são verbos que admitem muitas interpretações. Por isso, são
mais ambíguos e não caracterizam o objectivo.
2o Requisito: Condição
Este requisito indica com que materiais ou objectos trabalha o aluno e que prova se lhe propõe, e
especifica que auxiliar ou recursos pode utilizar ou lhe estão vedados.
Alcino Stélio
82
Critério é a evidência, a prova ou comprovante que se vai aceitar como garantia de que o
objectivo foi, em parte ou totalmente, atingido; é portanto, o resultado que se observa no
comportamento do aluno.
Em números que especifiquem o menor número de respostas correctas. Ex: O aluno assinalará
directamente numa lista de nomes, pelo menos dois que sejam de Ministros de Moçambique.
Em percentagem Ex: O aluno traduzirá, sem auxílio do dicionário, 90% das palavras de uma lista
dada.
NB: Nem sempre é fácil especificar o rendimento mínimo aceitável, principalmente dos
desempenhos que exigem originalidade.
Tarefa 10:
Alcino Stélio
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Objectivos Específicos:
No fim desta aula o estudante deve ser capaz de:
- Explicar o conceito de motivos e motivação;
- Descrever os principais tipos de motivação e suas funções;
- Indicar as principais regras de motivação nos alunos;
- Apresentar os principais elementos básicos da motivação no PEA.
Motivo e Motivação
A palavra motivo significa aquilo que faz mover, actua como é uma condição interna que leva o
indivíduo a persistir num comportamento orientado para um objectivo. O motivo é causa das
acções. Em consequência, motivar significa provocar movimento, actividade no indivíduo.
Motivação será, portanto, o processo que conduz tais condições.
Só aprende quem quer aprender. Esta é a primeira lei da educação. Você pode, talvez, ensinar
uma pessoa contra sua vontade. Fazer isso, porém não é aconselhável. A esse desejo de aprender
os educadores e psicólogos chamam motivação.
A motivação envolve duas coisas: (1) saber o que se deve aprender e (2) entender por que tal
aprendizagem é conveniente. Se houver esses dois elementos da motivação, o processo da
aprendizagem pode ter um bom início.
Para compreender o valor da motivação, reflicta sobre sua própria experiência. Talvez tenha
acompanhado um amigo a uma conferência na qual você não tivesse o menor interesse, e, além
disso, não visse nenhuma utilidade nem para si mesmo nem para o seu trabalho. Você sentou-se,
ouvindo atenciosamente, mas sem entusiasmo e sem interesse. Ao reflectir sobre tal experiência,
o que você acredita que tenha mudado em seu comportamento em consequência desta
experiência? Provavelmente nada.
Alcino Stélio
84
Confronte essa experiência com outra. Você tem uma oportunidade de progredir. Isso significa
elevação de status, melhor salário, melhores condições de trabalho. O supervisor reúne um grupo
de possíveis candidatos para este posto. Você é um deles. A palestra começa. Desta vez você não
tem nada de apático. Você ouve atentamente. Captar cada palavra, reflectir sobre elas significam
seu futuro. Em tal situação não há dúvida quanto à sua motivação. Trata-se de uma palestra,
como a outra que você assistiu, mas que diferença de reacção / Você está motivado, não há
dúvida; está motivado porque quer aprender.
A maioria dos psicólogos acha que algum tipo de motivação seja talvez o único elemento mais
importante para uma aprendizagem eficiente. É o factor que impulsiona para uma situação na
qual outros factores do processo de aprendizagem podem começar a operar e finalmente
combinar-se para levar a eleito a aprendizagem total.
• Positiva: é a motivação que resulta do emprego de recursos motivadores que não cria
perturbações na personalidade do aprendiz com, por exemplo, o elogio, o envolvimento do ego (o
estudante sente e aceita um certo desafio).
• Negativa: é a motivação que conduz a aprendizagem, sendo contudo, antipsicológica e
deseducativa, porque trás perturbações à personalidade do aluno. Por exemplo, o castigo, a
Alcino Stélio
85
ameaça, constituem incentivos eficazes, mas levam o aluno a se tornar inseguro, tímido, violento,
etc.
Funções da motivação
Atenção
A atenção define-se como o estado psíquico que consiste na orientação da actividade psíquica
para um objecto com inibição das outras zonas do cérebro.
Alcino Stélio
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Tipos de Atenção
Todos tivemos a experiência de ler uma página inteira, palavra por palavra, sem reter o mínimo
do que se leu. Essa condição resulta, com frequência, da falta de concentração e ilustra a
importância desse factor em todo o processo de aprendizagem.
Alcino Stélio
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Aptidão
O aluno deverá estar apto para aprender. Se a matéria ensinada está em nível demasiadamente
elevado deve ser dada uma instrução preparatória, visando prepará-lo para assimilação do assunto
em nível mais elevado. Deve-se evitar a sobre-exigência (exigir acriança mais do que é capaz de
fazer) ou sub exigência (exigir a criança menos do que está em condições de realizar na base do
seu estádio de desenvolvimento).
Organização
O propósito da aula, portanto, é ajudar o aluno a reunir as informações e os procedimentos para
compor a habilidade em um todo lógico e significativo. Quando a aula consegue isso, ela
alcançou muito no sentido de tornar a aprendizagem uma experiência criadora e significativa.
Alguns fatos bem apresentados, um objectivo claramente delineado é melhor do que um conjunto
de informações confusas. A mera distribuição de conhecimento importa menos do que a relação
lógica do conhecimento com o todo organizado e completamente integrado.
Tomar um conjunto de dados não-relacionados, observar uma situação complexa, ouvir relatórios
confusos e transformar esses elementos isolados, num quadro significativo é a qualidade de um
executivo ou de um bom professor. Assim com a qualidade de um bom aluno reside na
capacidade de tomar fatos e habilidades não-relacionados e convertê-los em forma eficiente de
trabalho. Tanto o executivo como o professor, ou o estudante, todos empregam técnicas
organizacionais como meio conveniente de resolver problemas. A organização converte a matéria
bruta da aprendizagem em forma construtiva para se alcançar o objectivo educacional.
Alcino Stélio
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Compreensão
Compreensão significa, literalmente, reter na mente, isto é, apreender mentalmente sentidos,
significados, implicações e aplicações que tornam uma situação compreensível para o aluno. Ver
o que algo significa, apreender o seu significado, é o objectivo e a culminância de toda
aprendizagem. Sem a compreensão, habilidades, conhecimentos e atitudes não têm valor e o
treinamento de pessoal é inteiramente inútil.
Em geral, a compreensão se desenvolve gradualmente. Através da motivação, concentração e
reacção, desenvolve-se um conjunto de fatos, idéias e habilidades; pela organização esse
conjunto é ajustado a um padrão lógico. À medida que se estuda a matriz dos dados assim
reunidos, gradualmente, começa-se a compreender o significado e as implicações de todo o
assunto. Para estar completa, no mais amplo sentido da palavra, a aprendizagem deve ir um passo
além.
Compreensão requer não apenas que se entenda, mas que se seja capaz de aplicar, apropriada e
eficientemente, o material entendido.
Reacção
No processo de aprendizagem, a acção é também básica e necessária. Ninguém adquire
conhecimento ou aptidão sem estar envolvido num processo educacional. Quer ouvindo uma
palestra, quer observando uma demonstração ou participando de qualquer forma de actividade de
aprendizagem, o aluno deve envolver-se na actividade mental com o afinco de um jogador em
busca da bola. Ele necessita de agilidade mental, vivacidade, cálculo e flexibilidade, para fixar os
fatos e ideias que são fornecidos a ele pelo professor.
Se o estudante mantém-se passivo, assistindo ao que está se passando sem procurar captar as
ideias, os fatos importantes da sessão de treinamento passarão por ele como a bola passa pelo
jogador que fica parado, olhando passiva e desinteressadamente.
A pessoa só aprende, como resultado de seu próprio esforço. Na realidade, não é possível ensinar
coisa alguma ao estudante. Em última análise, mostra-se como aprender. É nessa actividade que
reside a função singular do professor.
A verdade cruel e inflexível permanece: aprendizagem, em última análise, é o que cada um deve
adquirir por seu próprio esforço. Num sentido muito real, aprender é uma "operação individual".
Cada pessoa, em última instância, deve educar-se a si mesma.
Alcino Stélio
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Repetição
O esquecimento é o maior obstáculo da aprendizagem. Mesmo assim esquecer é humano. Todos
esquecem. Há pesquisas que mostram que um dia depois de os membros de uma classe ter
estudado uma matéria ou ouvido uma exposição, terão esquecido muito do que sabiam. Uma
semana mais tarde terão esquecido mais ainda; e à medida que o tempo passa, esquecerão mais e
mais, embora em ritmo mais lento. Entretanto, nunca esquecerão completamente tudo que
aprenderam. A curva de esquecimento é representada por uma linha descendente, depois
gradualmente tornando-se plana; a curva maior de esquecimento aparece logo após o término da
aprendizagem.
O antídoto para o esquecimento é a repetição. Repita uma operação ou um fato e aumentará sua
possibilidade de lembrá-los e fortalecerá sua capacidade de executá-los. Reveja um conjunto de
fatos e sua probabilidade de lembrá-los aumenta grandemente. Continue a repetição em
intervalos específicos, primeiro com maior insistência - cada dia, por exemplo, ou cada dois ou
três dias - depois em intervalos cada vez mais frequentes. A possibilidade de você esquecer o
aprendido quase deixa de existir.
Repetição intencional apoia e reforça a aprendizagem. O ato da repetição, entretanto, deve ser
intencional e ter propósito firme. Uma mera duplicação sem pensar de nada vale. Automatismo é
diferente de repetição, com determinação.
Para ser eficiente, portanto, como procedimento de aprendizagem, a repetição deve ser
acompanhada de concentração e reacção mental activa em relação ao assunto que está sendo
repetido.
Diferenças individuais
As diferenças individuais são de vária ordem. Alguns alunos bem dotados do que outros possuem
maior ou menor capacidade de memorizar, atenção e raciocínio, força de vontade. Possuem essas
qualidades de forma diferente, suas aquisições e realizações na vida escolar variam, como
também as técnicas de ensino.
Alcino Stélio
90
O professor deve identificar os alunos com dificuldades de aprendizagem a fim de prestar uma
atenção especial. Sem prejudicar os alunos de nível mais elevado, é preciso elevar o nível de
instrução dos menos aptos.
A maioria dos assuntos a aprender não são inteiramente novos e que têm mais ou menos relação
com anteriores aprendizagens. A experiência passada influência profundamente as aprendizagens,
frequentemente mediatizada pela motivação do sujeito. As situações vivenciadas quer agradáveis
quer desagradáveis influenciam as atitudes do sujeito face a aprendizagem.
Alcino Stélio
91
comportamento.
Conceito
Nas análises sobre as perturbações de aprendizagem e do comportamento, muitos autores
referem-se de dificuldades ou mesmo problemas de aprendizagem.
SILVA (1997), no seu livro “aprendizagem e problemas”, define problemas de aprendizagem
como termo mais complexo e difícil de defini-lo dado os riscos de rotulá-los, divorciando-os do
contexto sócio-cultural de cada ambiente escolar, isto porque, o que pode ocasionar obstáculos ou
problemas para a aprendizagem num dado espaço sócio-cultural, pode não ocasionar em outro.
Assim, podemos definir como problemas de aprendizagem, todas e quaisquer variáveis que
bloqueiam ou dificultam o processo natural da aprendizagem.
Alcino Stélio
92
Muitos pesquisadores acusam como causa principal dos distúrbios emocionais, as deficiências
afectivas não satisfeitas nos primeiros anos de vida e a insegurança nas relações interpessoais nas
primeiras relações infantis.
Dunn apud SILVA (op.cit,, p.61) acredita que os distúrbios emocionais geram diversos
comportamentos dentro de uma escola, desde atitudes de afastamento mórbido, o trancamento de
si mesmo, até as atitudes violentamente agressivas. A criança portadora de distúrbios emocionais
se destaca não pela qualidade do comportamento, mas pelo grau extremo que ele apresenta; por
exemplo, a criança pode apresentar um comportamento de extrema agitação ou inibição, muito
medrosa ou extremamente valente. Este comportamento extremista leva ao afastamento dos
colegas e dos adultos que a rodeiam.
a) Dislexia
É uma perturbação da linguagem que se manifesta na dificuldade de aprendizagem da leitura e da
escrita, isto é, na dificuldade de distinção ou memorização de letras ou grupos de letras, e
problemas de ordenação, ritmo e estruturação das frases, afectando tanto a leitura como a escrita.
Sinais Indicadores:
- Início tardio do desenvolvimento da linguagem ao nível fonológico, articulatório e de fluidez;
- Início tardio `a soletração, `a leitura e `a escrita;
- Problemas de linguagem, tanto na leitura como na escrita, entre 9 `a 11 anos de idade;
- Leitura feita de forma lenta, sem ritmo, com leitura parcial de palavras, perda da linha que está a
ser lida, confusão quanto `a ordem das letras, inversões de letras ou palavras;
- Problemas linguísticos na área da sintaxe (vocabulário reduzido, menor fluidez nas descrições
verbais e na elaboração sintáctica – formação de frases);
- Compreensão verbal deficiente;
- Falta de análise sonora das letras ou grafemas (incapacidade para ler fonologicamente);
- Dificuldade na codificação fonológica (fonética verbal), dificuldade em transformar letras ou
palavras num código verbal; etc.
Alcino Stélio
93
b) Disortografia
A disortografia constitui uma dificuldade da escrita, que pode manifestar-se independentemente
de haver ou não alterações na leitura. É o conjunto de erros da escrita, feitos de forma
sistemática, que afectam a palavra mas não o seu traçado ou grafia, que podem provocar a total
ininteligibilidade dos escritos.
Sinais Indicadores:
- Substituição de letras semelhantes;
- Omissões e adições, inversões e rotações;
- Uniões e separações;
- Omissão – adição de “h”;
- Escrita de “n” em vez de “m” antes de “p” ou “b”;
- Substituição de “r” por “rr”, etc.
Problemas Associados:
- Perceptivos: deficiência na percepção e na memoria visual auditiva;
- Afectivo-emocional: baixo nível de motivação;
- Linguísticos: problemas de linguagem – dificuldades na articulação, etc.
c) Disgrafia:
É a alteração da escrita que afecta na forma ou no significado, sendo do tipo funcional.
Perturbação na componente motora do acto de escrever, provocando compressão e cansaço
Alcino Stélio
94
muscular, que por sua vez são responsáveis por uma caligrafia deficiente, com letras pouco
diferenciadas, mal elaboradas e mal proporcionadas.
Sinais Indicadores:
- Postura gráfica incorrecta;
- Forma incorrecta de segurar o instrumento com que se escreve;
- Deficiência da preensão e pressão;
- Ritmo de escrita muito lento ou excessivamente rápido;
- Letra excessivamente grande;
- Inclinação;
- Letras desligadas ou sobrepostas e ilegíveis;
Problemas Associados:
- Perturbação da lateralidade, do esquema corporal e das funções perceptivo-motoras;
- Perturbação de eficiência psicomotora (motricidade débil, perturbações ligeiras do equilíbrio e
da organização cinético-tonica, instabilidade), etc.
d) Discalculia:
O termo discalculia deriva de acalculia, o qual descreve um transtorno adquirido da habilidade
para realizar operações matemáticas, depois de estas se terem desenvolvido e consolidado.
Sinais Indicadores:
- Dificuldades na identificação de números (visual e auditiva);
- Incapacidade para estabelecer uma correspondência recíproca (contar objectos e associar um
numeral a cada um);
- Dificuldade na compreensão de quantidade, de conjuntos;
- Dificuldades nos cálculos;
- Dificuldade para aprender a dizer hora;
- Dificuldade na compreensão do valor das moedas;
Alcino Stélio
95
Problemas Associados:
- Deficiências em distinguiras diferenças entre formas, tamanhos, quantidades e comprimentos;
- Dificuldade em observar grupos de objectos e dizer qual deles contém uma maior quantidade de
elementos, em calcular distancias e em fazer julgamentos de organização visuo-espacial;
- Distúrbio ao nível da imagem corporal, etc.
Alcino Stélio
96
A segurança emocional esta ligada a forca do ego que é composta de níveis altos de auto-estima,
auto-confiança e auto-controle. A força do ego também permite aos professores superar fracassos
e decepções.
Alcino Stélio
97
E, com excepção desta última hipótese, podemos medir se um professor está fazendo essas
coisas de forma satisfatória ou não? Assim como não podemos compreender por inteiro o
comportamento infantil sem levar em conta o comportamento do professor, também não podemos
compreender o comportamento do professor sem levar em conta o da criança. Alguns professores
podem ser muito bem-sucedidos, por exemplo, ao estimular o desenvolvimento socioemocional
em determinado grupo de crianças, mas pode ter menos êxito com outro grupo em que os
problemas, embora não mais extremos, são de um tipo diferente. E a simples presença de um
único aluno muito perturbador na classe pode afectar de forma substancial o desempenho do
professor com os demais. Portanto, como e com que grupo específico de crianças devemos
tentar avaliar a competência do professor?
satisfatórios. Voltando aos pontos já discutidos, isso poderia ter acontecido porque eles haviam
trabalhado com crianças particularmente bem-motivadas ou flexíveis, ou também pode ser que os
aspectos adversos de sua influência sobre as crianças demorem para aparecer e, em consequência,
não se manifestem até que essas crianças tenham passado para a responsabilidade de outro
professor.
Pesquisas também indicam4 que professores bem-sucedidos costumam preparar melhor as aulas
do que aqueles com menos sucesso, gastar mais tempo em actividades extraclasse e demonstrar
mais interesse pelas crianças como indivíduos. Observe-se, porém, que esta última qualidade não
significa que eles se envolvam emocionalmente com as crianças. Professores que se apoiam em
sua relação com os alunos para compensar privações emocionais em sua vida pessoal fora da
escola estão sendo injustos tanto consigo mesmos como com as crianças em questão. Esse
comportamento torna difícil para os primeiros agir sempre com objectividade profissional,
enquanto as últimas podem sentir que lhes são feitas exigências que as constrangem e
confundem. O professor deve, sem dúvida, ter apreciação e afecto por seus alunos, sem esquecer
o distanciamento profissional e o sentido de responsabilidade.
Outra qualidade de professores bem-sucedidos é sua maturidade emocional, o que significa não
só apresentar os comportamentos defendidos no parágrafo anterior, mas também não se deixar
envolver em pequenas brigas e discussões com crianças individualmente ou em grupos. Mais
Alcino Stélio
99
difícil ainda, isso significa não se irritar com o comportamento das crianças mesmo quando,
como às vezes acontece, pareça haver motivos razoáveis para tanto. As crianças podem por vezes
ser muito grosseiras em seu trato com o professor, em particular com professores inexperientes
ou que tenham a fama de incapazes de manter a ordem. Na verdade, "grosseiras" pode ser
considerado por alguns um eufemismo, mas é duvidoso que uma linguagem mais forte possa ser
justificável, já que as crianças não têm experiência suficiente para poder compreender de fato a
dificuldade que tais professores estão enfrentando. De qualquer maneira, seja como for, o facto
de os professores se mostrarem irritados só complica as coisas, pois as crianças agora irão
provocá-los de propósito com uma espécie de prazer maldoso. Por outro lado, professores que
não se abalam nem mesmo com as estratégias mais maquiavélicas montadas contra eles logo
vêem que essas estratégias perdem a graça para as crianças, e tornam-se capazes de lidar de
forma rápida e efectiva com qualquer nova tentativa esporádica subsequente. A segurança
emocional desse tipo está ligada ao que, em psicologia, é chamado de força do ego. A força do
ego é composta de níveis altos de auto-estima e autoconfiança que correspondem à realidade, e
de um autocontrole subjacente que permite abordar os problemas com calma e objectividade.
Isso se aplica, no caso do professor, não só aos problemas quotidianos de sala de aula, mas a
muitos outros desafios da vida profissional, como relações com os pais dos alunos e com os
colegas, decisões sobre questões de carreira e promoções, crises repentinas (sejam acidentes no
pátio ou visitas de conselheiros e inspectores) e trato com directores e secretários de ensino.
Além disso, a força do ego permite aos professores superar fracassos e decepções que, junto com
realizações e sucessos, são parte inevitável da vida escolar. Permite-lhes analisar e aprender com
os primeiros sem punir-se com sentimentos de culpa e inadequação, e possibilita-lhes alegrar-se
com os segundos sem abandonar certo senso de proporção.
Estudos feitos, não confirmam que o exercício bem-sucedido da tarefa de professor não se
correlaciona com níveis significativos de extroversão ou de introversão. O bom senso diria que
introvertidos extremos não se sairiam bem na sala de aula, pois achariam inaceitáveis as pressões
sociais impostas a eles, mas antes de tudo é raro que tais pessoas sintam atracção pelo ensino. No
entanto, a personalidade das crianças também deve ser levada em conta neste ponto, com crianças
extrovertidas talvez se relacionando melhor com um professor extrovertido e as introvertidas
talvez se dando melhor com um professor que tenda à introversão.
Alcino Stélio
100
Além dos vários aspectos da personalidade do professor discutidos acima, há algum indício de
que professores bem-sucedidos possuem o que se chama com frequência de atitudes profissionais
desejáveis. Isso significa que eles têm atitudes positivas em face da responsabilidade e do
trabalho diligente, vêem seu papel como algo além do simples ensino de matérias escolares para
as crianças e além dos limites estreitos do horário das aulas, e têm uma atitude positiva perante as
disciplinas em que se especializaram e a posição do professor na sociedade.
Há uma série de escalas para medir os aspectos mais evidentes das atitudes dos professores e, em
particular, é claro, suas atitudes com os alunos.
Outra linha útil de pesquisa é examinar as técnicas de ensino preferidas dos professores (isto é,
seus estilos de ensino). De modo geral, métodos formais implicam uma ênfase no assunto a ser
ensinado, sendo a tarefa do professor iniciar as crianças nos aspectos do assunto considerados
essenciais, enquanto os métodos informais implicam uma ênfase nas crianças, sendo a tarefa do
professor identificar suas necessidades e tornar disponíveis as experiências de aprendizado
apropriadas para essas necessidades. Os métodos formais envolvem em geral um nível
relativamente alto de aulas expositivas e de trabalhos iniciados pelo professor, ao passo que os
métodos informais dão mais espaço para a iniciativa das crianças e apresentam oportunidades
maiores para o exercício da criatividade e responsabilidade.
Alguns professores podem utilizar uma mistura de ambas as abordagens, sendo possível ter
objectivos formais de aula, com uma identificação clara das habilidades e técnicas que se deseja
que a criança aprenda, mas trabalhar para alcançá-los por meio de métodos informais. Isso
implicaria, por exemplo, fornecer às crianças os equipamentos e materiais necessários e
apresentar-lhes certos problemas, cuja solução as levaria para o tipo de aprendizado
detalhadamente especificado de antemão.
Outra alternativa é adoptar os estilos de ensino alta iniciativa-baixa iniciativa que são uma
característica do trabalho de Leikart e seus colegas com crianças pequenas. Estes não devem ser
confundidos com os estilos de ensino informal e formal. Um professor de alta iniciativa pode
operar tanto no contexto formal como no informal, e é caracterizado por uma consciência das
Alcino Stélio
101
necessidades de cada criança, por uma capacidade de variar as tarefas de aprendizado a fim de
atender essas necessidades, e por uma disposição de aprender com as crianças e permitir que
façam pleno uso de suas habilidades e capacidades. O professor de alta iniciativa administra o
ambiente de aprendizado de forma flexível e estimulante, permitindo às crianças fazer escolhas
sensatas, mantendo seu interesse e ajudando-as a desenvolver a autoconfiança, a independência e
a responsabilidade que acompanham a boa tomada de decisões e a resolução de problemas.
Professores de alta iniciativa tendem a ter alunos de alta iniciativa e, mesmo em situações
fortemente baseadas no currículo, são capazes de identificar e desenvolver trabalhos orientados
para a iniciativa.
Professores bem-sucedidos: saberem falar bem. No contexto da sala de aula, saber falar bem
significa ser um pensador disciplinado, com uma mente que saiba concentrar-se de modo criativo
num único grupo de ideias pertinentes em vez de ficar dando voltas. Significa saber quando dar
uma resposta e quando deixar a resposta incompleta para estimular as crianças a fazer suas
próprias pesquisas. Significa usar a voz de maneira expressiva e fluente, e formular os
pensamentos de maneira apropriada ao nível dos alunos com quem se está trabalhando. E
significa, acima de tudo, saber quando parar, para que as crianças sejam direccionadas a um
trabalho mais prático num ponto em que ainda estariam dispostas a escutar um pouco mais.
Ser bom em aulas expositivas pode parecer uma exigência grande demais, uma vez que não é a
mesma coisa que falar bastante. Professores silenciosos, para quem as ideias não vêm com
fluência quando têm de falar sozinhos, podem achar esse tipo de aula muito estressante e preferir
usá-la o mínimo possível. Porém, se alguns professores jamais adquirem a arte da boa aula
expositiva, não há razão para não adquirir a arte de escutar bem. Todo professor deve ser capaz
de incentivar as crianças a falar e de escutá-las com paciência e interesse, intervindo apenas
quando necessário e mostrando a elas que suas ideias merecem ser ouvidas. Mesmo quando é
preciso interromper os comentários de crianças que tendem a monopolizar os debates em sala de
aula, por uma característica natural ou por um desejo de atenção, o bom professor é capaz de
fazer isso de uma forma que proteja a auto-estima da criança e não iniba sua vontade de voltar a
participar numa próxima vez.
Alcino Stélio
102
A boa aula expositiva também envolve a capacidade de fazer perguntas tanto do tipo factual
como do tipo trampolim, e de formular perguntas adequadas ao nível de capacidade, interesse e
conhecimento prévio das crianças. O estilo de ensino "indagador", o qual se apoiava de forma
particular no emprego de perguntas pertinentes, centradas na tarefa e apropriadas feitas pelo
professor, mostra-se muito bem-sucedido, em especial na escola primária.
Os professores podem ser bons para falar e bons para escutar em qualquer método que estejam
usando. Também não há razão para que não variem seus métodos de acordo com a matéria que
estiver sendo ensinada.
Esses argumentos deixam claro que há outra qualidade do professor para a qual devemos chamar
atenção, a flexibilidade, a capacidade de adequar os métodos ao assunto e às crianças para as
quais se está leccionando. Se os professores forem rígidos demais, ou tiverem uma crença
doutrinária de que seus métodos são certos e os de qualquer pessoa que discorde deles são
errados, estarão privando as crianças de uma gama de possíveis experiências de aprendizado, para
desvantagem de todos. A maioria dos professores nunca pára de aprender e está sempre pronta a
considerar os méritos de novas ideias e novas técnicas.
Stress do professor
O stress em seres humanos tem sido definido de várias maneiras, mas, em essência, é uma
exigência feita às capacidades adaptativas da mente e do corpo. Essa definição implica que:
• O stress em si não é nem bom nem mau;
• Ele se torna bom ou mau como consequência indirecta da força do agente stressante e como
consequência directa de nossa capacidade psicofísica de resistência.
Assim, alguns agentes stressantes são desafios estimulantes, outras são pequenas irritações, e
outros são pressões devastadoras. Similarmente, enquanto alguns indivíduos conseguem enfrentar
muitos agentes stressantes, outros são esmagados por eles. Em todos os casos, o corpo tenta se
adaptar a esses agentes; lidará com eles por um intervalo de tempo maior ou menor dependendo
do indivíduo em questão, mas, se o stress for sério e prolongado, acabará ocorrendo algum tipo
de colapso nessa reacção.
Alcino Stélio
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Se o nível de stress for brando, ou se a pessoa tiver alta resistência natural ou for hábil em
adaptação, o terceiro estágio poderá nunca ser atingido. Alguns indivíduos enfrentam o stress
com sucesso por longos períodos, e afirmam até beneficiar-se com ele16. Mas o stress cobra seu
tributo, e é importante saber tanto quanto possível sobre ele para evitá-lo quando pudermos e
lidar com ele com sucesso quando for inevitável.
Por sua natureza, a profissão do professor é uma ocupação stressante. Pesquisas recentes mostram
que, numa amostra de professores primários e secundários no Reino Unido, mais de 72% estão
com stress profissional moderado e 23% apresentam stress grave. Não é difícil encontrar as
razões. Os professores enfrentam uma gama constante de pressões das crianças, dos colegas, dos
pais e de políticos e administradores, muitas delas conflitantes e quase impossíveis de atender. Os
professores têm o desafio contínuo de manter o controle da classe. Não têm limites claros de
horário de trabalho. Boa parte de seu trabalho é levada para casa, o que torna difícil desligar no
fim do dia. Estão abertos a críticas de inspectores, pais, directores, meios de comunicação e
políticos. Não dispõem de recursos e oportunidades suficientes para reciclagem regular e ampla
de seus conhecimentos. Espera-se que se mantenham actualizados com novos formatos e novos
desenvolvimentos em sua matéria de ensino.
São afectados emocionalmente pelos sucessos e fracassos de seus alunos. E, talvez acima de
tudo, têm seu próprio senso de padrões profissionais e sofrem as frustrações decorrentes de não
conseguir alcançá-los.
Confrontado com esses agentes stressantes, o professor vai seguindo em frente, muitas vezes com
pouca ou nenhuma oportunidade de apoio externo. Trabalhando o dia todo com crianças e em
relativo isolamento de outros adultos, o professor tem um campo limitado para buscar conselhos
ou discutir dificuldades com os colegas. Isso pode soar estranho mas, em vários aspectos, o
ensino é uma profissão muito solitária, com cada professor fechado com seus problemas do início
ao fim de cada aula. O apoio e incentivo de pessoas envolvidas na mesma tarefa e com um
entendimento das dificuldades mútuas pode fazer muito para ajudar os indivíduos a se adaptar ao
stress, assim como o pode o auxílio de profissionais especialmente preparados para aconselhar
sobre questões específicas (psicólogos educacionais e conselheiros de ensino). No mínimo, esse
apoio e conselhos ajudam o indivíduo a se sentir menos abandonado, menos exposto. Mas, no
Alcino Stélio
104
caso da profissão de professor, os recursos escassos fazem que a grande maioria das pessoas
tenha de se defender sozinha a maior parte do tempo.
Estudos mais gerais do stress constatam que hostilidade (raiva, agressão, impaciência com os
outros) também pode tornar o indivíduo particularmente propenso aos efeitos adversos do stress,
e as frustrações e os conflitos amiúde presentes na situação de ensino parecem claramente activar
esse traço de personalidade em pessoas susceptíveis. Estudos da Personalidade Tipo A
(caracterizada por competitividade extrema, impaciência, insegurança, irritabilidade e
incapacidade de relaxar) indicam que a repressão da raiva, necessidade frequente na situação de
ensino para indivíduos com alta hostilidade (e mesmo para seus colegas mais passivos!), pode ser
ainda mais prejudicial do que sua expressão.
Planchard (1975) apud Oliveira e Oliveira (1999:21), resume as qualidades do bom professor em
duas: 1) aptidão para se impor aos novos; não propriamente por uma autoridade forte mas pela
irradiação da própria personalidade. Houve até quem quisesse caracterizar o bom professor a
partir da caracteriologia clássica (seria um “extrovertido”, na terminologia de Jung, ou um
“apaixonado”, na terminologia de Hermans et Le Senne, e nunca um “introvertido” ou o tipo
amorfo, nervoso, colérico); 2) adaptabilidade constante `as necessidades e características dos
alunos, e daí também espontaneidade e criatividade.
Correll (1973) apud Oliveira e Oliveira (op.cit.), sintetiza em duas dimensões as características
principais dos bons professores que mantêm uma relação optimal na sala de aula: a) espírito
aberto e interesse pelos alunos e pelo seu trabalho (dimensão mais afectiva). O professor
preocupa-se com a pessoa de cada aluno, tem tempo para ouvi-los sobre os seus problemas,
ocupa-se de pequenas coisas que tornem mais agradável o ambiente, aprecia os aspectos positivos
dos alunos, discute com eles os seus projectos. b) Espírito de iniciativa, riqueza de ideias para
enfrentar situações novas (dimensão predominantemente cognitiva). O professor formula
propostas apropriadas `as tarefas, vigia a realização do trabalho, resolve as situações imprevistas,
confia no êxito do seu trabalho, mostra-se activo e disposto a resolver os problemas pedagógicos,
estimula cada aluno a realizar o seu trabalho.
Alcino Stélio
105
Assim, o ideal seria harmonizar entre as duas características, com predomínio da dimensão
afectiva.
Outras análises foram feitas por Dupout (1982) apud Oliveira e Oliveira (1999:23) onde
identificou os indicadores do bom professor ou dos factores determinantes duma boa relação
educativa. Ele procurou discernir no docente quatro (4) características qualitativas sobre a sua
personalidade profissional: educador-ajudante, educador-ensinante, educador-organizante e
educador-pessoa a tempo inteiro.
a) Educateur-aidant (modelo de estimulação afectiva – professor como psicólogo)
O professor deve, antes de mais, ajudar os alunos, uma vez que tem seres humanos diante de si.
Assim, tem de estar munido de qualidades de congruência (autenticidade e sinceridade), de
compreensão empática (pôr-se na pele dos alunos), de consideração (aceitação) incondicional que
confere `a relação educativa uma dimensão humana (ajuda psicológica).
b) Educateur-enseignant (modelo de transmissão de conteúdos – professor como docente)
Este tipo de professor tem como objectivo essencial a transmissão de conteúdos, usando os
métodos adequados. Constatou-se que o professor nesta perspectiva, dá mais importância ao
conhecimento, orientando-se por diversas taxionomias (exploração, compreensão, acção)
c) Educateur-organisant (modelo de estrutura de funcionamento na classe – professor como
gestor)
Nesta situação, o professor apresenta características muitas vezes semelhantes `as suas primeiras
facetas, mas está mais preocupado em planificar o ensino e as unidades da aprendizagem. são
analisados nesta dimensão três eixos, cada um com funções gerais e particulares: poder-saber (o
professor distribui determinados conteúdos ou saberes – função de planificação); ser-saber (os
alunos recebem esses conteúdos, tentando o professor apelar `a sua participação em ordem `a
aprendizagem – função de polarização); ser-poder (o professor privilegia as relações pessoais
com os alunos sobre as relações do saber – função de personalização).
d) Educateur-personne `a part inti`ere (modelo para a identificação do professor)
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106
O docente e antes de mais uma pessoa e deve ter um conceito positivo de si e uma boa
capacidade relacional com os alunos.
b) Professor democrático
Atitudes do professor: compromisso com os alunos na marcação dos objectivos e dos métodos de
trabalho, reforços atentos aos alunos.
Reacção dos alunos: bom rendimento escolar, continuação do trabalho na ausência do professor
(interesse pelo estudo em si e não por medo do professor), trabalho em comum, satisfação
interpessoal (amizade, altruísmo, elogios mútuos), maior criatividade e espontaneidade.
Deste modo, o tipo democrático é o que obtém melhores resultados a nível de desenvolvimento
cognitivo e da personalidade; o autoritário, inibe a criatividade e o auto determinismo nos alunos;
e o “deixa-correr” deforma as crianças, considerando que os alunos precisam de serem
direccionados e orientados para o bom desempenho das actividades.
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107
Tarefa 11:
O Desenvolvimento Moral
Para Piaget, a dimensão moral do desenvolvimento psicológico refere-se ao respeito, por parte do
indivíduo, pelas regras sociais e ao desenvolvimento do sentido de justiça no sentido de
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108
Lawrence Kohlberg, descobriu que as pessoas não podem ser agrupadas em compartimentos
definidos com rótulos simplistas: “este grupo é honesto”, “este grupo é aldrabão”, ou “este grupo
é reverente”; o desenvolvimento moral ocorre de acordo com uma sequência específica de
estádios independentemente da cultura, sub cultura, continente ou pais. Em vez de se definir de
acordo com traços fixos, o carácter moral evolui segundo uma série de estádios de
desenvolvimento. Ele identificou três grandes níveis do pensamento moral, cada um composto
por dois estádios. Cada nível representa três formas diferentes de relação do sujeito com as
regras e normas sociais o que se reflecte em modos diferentes de definir o que é justo e injusto.
Nível pré-convencional: caracteriza-se pelo facto de as regras e normas sociais serem vistas
como exteriores ao sujeito. Para categorizar as suas acções ou as dos outros em justas / injustas,
boas / más, o sujeito refere-se as consequências físicas e hedonistas da sua acção (punições,
recompensas) ou ao poder dos que enunciam essas regras de conduta.
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109
Nível convencional sujeito interioriza e adapta como suas as regras morais. O sujeito concebe as
exigências da família, da escola, do grupo social ou da naçào como constituindo valores em si
mesmos, independentemente das consequências.
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b) Estádio VI- Orientação dos princípios éticos universais: caracteriza-se pela orientação para
princípios de universalidade e consistência lógica. O comportamento moral é controlado por um
ideal interiorizado, independente das reacções dos outros. Trata-se de princípios universais de
justiça, de reciprocidade, de igualdade, de respeito pela dignidade do ser humano, considerando
como pessoa individual. É a “consciência” própria que dirige o comportamento moral.
Implicações Pedagógicas
O sistema de Kohlberg é, de muitas maneiras, uma crítica ao ensino tradicional. O ensino devia
incidir-se em cada indivíduo decidir os seus próximos valores a atingir. A escola, como ambiente
educativo tem, um papel decisivo no processo de desenvolvimento, ora estimulando-o ora
retardando-o ou estagnando-o. Se no passado ela teve um impacto reduzido no desenvolvimento
interpessoal e moral dos alunos a nova realidade educativa impõe inquestionavelmente
objectivos de desenvolvimento pessoal e social e torna-se necessário explicitar o curriculum
oculto da escola, as aprendizagens e as experiências que os alunos realizam ou não.
- Encorajar os valores determinados pelo indivíduo em vez dos ditados pela sociedade.
- Os professores devem ser um padrão de referência para as crianças, pois a educação moral
refere-se fundamentalmente ao desenvolvimento do carácter moral dos alunos incutido pelos
professores. A educação moral deve ser ensinada explicitamente na escola. As ciências morais
devem ser ensinadas na literatura. Assim, a disciplina e o desenvolvimento moral podem
constituir parte integrante de programas educacionais positivos.
- O professor deve conter os seus próprios julgamentos e não ficar excessivamente zangado ou
apenas repreender os alunos;
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111
- Introduzir nas aulas debates sobre dilemas morais usando títulos de artigos de jornais, casos do
dia-a-dia, questões morais populares;
O carácter resulta da avaliação de expectativas que as pessoas têm com o sujeito. Ex: a criança
que habitualmente leva porrada ela acha que é bom bater.
O princípio moral adquire-se através da educação cívica ou educação moral. A educação moral
pode existir como disciplina assim como nos diversos textos. A educação moral também é feita
por outras instituições como a Igreja.
Também tem a ver com a educação do carácter disciplinar. Um indivíduo disciplinado será
aquele que é obediente, obedece normas morais. Mas a obediência pode ser só feita para evitar
castigo, para agradar um grupo, conhecimento da causa e o efeito das acções.
Tarefa 12:
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112
O objectivo da avaliação do rendimento escolar não é a atribuição de notas, graus aos alunos, mas
o controle dos processos educativos e, portanto, do trabalho do professor e dos métodos e meios
empregados.
A avaliação consiste em emitir juízos de valor sobre o rendimento do aluno, o nível dos
conhecimentos, habilidades e aptidões.
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113
Como avaliar?
À actividade mental
À redacção
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114
As perguntam são concebidas para pedir aos alunos que decomponham a matéria e examinem as
partes componentes. Ex: Em que se assemelham as teorias x e Y e em que diferem?
Escreva uma crítica cuidada de teorias x e y. Pormenorize os seus pontos fortes e fracos.
Justifique a sua conclusão.
Provas subjectivas: são aquelas que dão maior liberdade ao aluno na resposta.
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115
a) Enumere
b) Esboce
c) Diferencie
d) Compare
e) Explique
f) Discuta
g) Desenvolva
h) Sintetize
i) Avalie
Vantagens:
Desvantagens:
Provas objectivas: são aquelas que exigem questões inequívocas. Envolvem respostas muito
curtas.
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116
Deve-se evitar a dificuldade de leitura dos itens, a menos que a finalidade do teste seja medir a
capacidade de leitura ou vocabulário. Os itens do teste devem medir o que o aluno sabe sobre o
assunto;
Os itens do teste devem ser enunciados de modo a serem respondidos, mais pelo conteúdo do que
por sua forma;
Um iten não deve revelar pistas para outro e a capacidade para responder um certo item não deve
depender da capacidade de responder um que antecedeu;
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117
V. Testes de seriação: consiste em apresentar uma série de dados, ou factos em ordem caótica para
o examinando colocá-los na devida ordem ou sequência lógica, cronológica ou de importância,
grandeza ou extensão.
VI. Teste de cancelamento ou exclusão: consiste em apresentar uma lista de dados de uma mesma
categoria, classe ou função de permeio com outros elementos estranhos; cabe ao examinando
identificar estes últimos e riscá-los.
Validade: é a extensão em que um instrumento mede aquilo a que se destina medir. Para que a
validade de um teste seja alta é preciso que meça o que foi ensinado, ou o que os alunos tiveram
oportunidade de aprender.
Um teste pode ser altamente fidedigno para um determinado fim, isto é, por acontecer resultados
consistentes quando aplicado, e ser ainda pouco válido para este mesmo fim. Um teste pode ser
fidedigno sem ser válido, para um mesmo fim, mas não poder, ao mesmo tempo, válido para um
fim, sem ser fidedigno.
Objectividade: quando os resultados do teste não são afectados por preconceitos ou julgamento
pessoal do examinador, diz-se que ele é objectivo. As respostas aos itens objectivos são
tipicamente curtas e a questão deve ser enunciada de modo que só uma resposta preencha as
exigências da questão.
Tipos de Avaliação
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118
Avaliação formativa: permite verificar o progresso dos alunos em relação aos objectivos
propostos, possibilitando a correcção de eventuais desvios, ou seja, pretende averiguar se
aprendizagem está a decorrer como o previsto. É uma avaliação que incide sobre segmentos
curtos da matéria.
Avaliação somativa / sumativa: visa essencialmente atribuir uma nota ou classificação no final
de alguma actividade ou aprendizagem, servindo-se de testes, de exames orais ou de outros
processos. A avaliação sumativa incide sobre segmentos já vastos da matéria, selecciona pontos
relevantes desses segmentos para avaliação.
Em suma: no processo de elaboração das avaliações, o professor deve ter cuidado, considerando
(prevendo) o resultado psicológico do aluno; uma vez que a maneira que serão dirigidas as
questões poderão influenciar a responsabilidade ou não deste na própria aprendizagem.
Tarefa 13:
1. Faz análise do processo de avaliação (exames) nas escolas secundárias olhando a abordagens
aqui apresentada.
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119
Uma curva mostra os níveis dos resultados obtidos na aprendizagem e o aumento de eficiência
alcançado durante varias etapas de treinamento. As curvas originadas da aprendizagem de cada
individuo não são iguais as outras obtidas de outro individuo, em condições semelhantes.
Entretanto, apesar de não coincidirem exactamente, são bastante parecidas, podendo-se traçar um
gráfico das tendências gerais. Normalmente, as curvas indicam uma subida rápida, após os
primeiros exercícios, e mostram algumas paradas, e as vezes pequenas tendências a descer
(platos) para continuar em ascensão, até atingir determinado limite, e se estabilizar de novo.
Alcino Stélio
120
O exame das curvas permite verificar se fogem as tendências gerais, o que indicará a existência
de factores que perturbam em dado momento a marcha regular da aprendizagem, ora apressando
ou diminuindo o seu ritmo. O interesse, a motivação, as perspectivas de êxito contribuem para
acelerar o progresso. Pelo contrário, o desinteresse, a fadiga, o desânimo, a instabilidade, etc.
entravam o progresso da aprendizagem.
Em geral, a relação que existe entre as duas variações (tempo e trabalho) é representada por uma
curva na qual uma função, usualmente a do tempo necessário, é representada paralelamente a
linha de base (abcissa – x), enquanto a outra, a da quantidade do trabalho realizado, é
representada paralelamente ao eixo vertical (ordenada – y). há curvas que fixam na ordenada (y):
- O tempo gasto em cada dia do exercício;
- Os erros cometidos em cada dia do exercício;
- Os progressos feitos em cada dia do exercício.
Quando falamos de curvas de aprendizagem, podemos nos referir que a aprendizagem se pode
dar de seis maneiras principais; dai seis tipos de curvas:
1. Curva A
Neste tipo de curva, regista-se pronta adaptação do aprendiz, que revela um
rápido progresso e rendimento da aprendizagem.
2. Curva B
Alcino Stélio
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3. Curva C
É chamada curva de aprendizagem negativamente acelerada. Apresenta
progresso inicial muito rápido, chamado “aceleração negativa” para diminuir
gradualmente, a medida que o progresso se encaminha. Quando mais se
exercita, menor é a soma de progresso. Isto ocorre:
a) Quando o assunto aumenta de dificuldade, a medida que o sujeito aprende;
b) Quando a motivação declina;
c) Quando houver influências de outra aprendizagem (interferência) que atrapalha;
d) Quando o assunto é relativamente fácil para quem aprende;
e) Quando se compõe de parte de dificuldades variáveis.
4. Curva D
É chamada curva de aceleração positiva. Aqui, quando mais se exercita, maior
será a suma de aprendizagem realizada, é o que mostra a curva de “aceleração
positiva”. Este tipo de curva ocorrem por motivos inversos daqueles que
explicam as curvas convexas, isto é, de “aceleração negativa”.
5. Curva E
Também designada por curva de esquecimento, retenção ou diluição da
aprendizagem. Tecnicamente são chamadas por curvas em “J”, embora, na
realidade a sua forma quando muito se assemelha a um “J” invertido. Em
geral, indicam uma perda inicial muito acentuada, continuando num crescente
vagaroso. Como as curvas nunca atingem o eixo das abcissas, podemos supor
que jamais esquecemos totalmente algo que tenha sido aprendido.
6. Curva F
Este tipo de curva tem a forma de um “S” impresso, resulta de certas
combinações de condições que determinam curvas de aceleração positiva e
negativa.
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Conceito de plato
Os platos indicam uma parada no processo da aprendizagem. Embora o exercício continue. Os
platos são inevitáveis mas merecem atenção por parte dos professores.
Causas de platos
Não se pode considerar os platos como produtos de uma condição isolada, mas de um conjunto
de causas, tais como:
a) Falta de maturidade – em algumas tarefas a maturidade física ou mental é necessário e sal
ausência determina uma parada no processo de aprendizagem.
c) Falha em dominar um ponto vital – quando se começa a aprender a jogar ténis, por exemplo,
um progresso inicial é inevitável, mas depois se estabelece um limite de realização que exige o
domínio de novas técnicas cruciais, como por exemplo, retomar a posição depois da jogada.
d) Perda de interesse ou fadiga – os platos aparecem mesmo quando o interesse é intenso. É mais
provável que o desinteresse resulte de um plato do que seja a causa do mesmo. Um longo período
de prática, sem progresso, é desencorajador. Entretanto, o professor pode ajudar ao aluno,
chamando sua atenção para os progressos anteriores, mantendo o registo dos progressos do aluno.
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f) Está numa fase do processo de aprendizagem, particularmente difícil, com muito óbices ao
trabalho a ser realizado.
h) O plato sendo causado por uma hierarquia de hábitos, cada vez que os hábitos menores estão a
se integrar em hábitos maiores, o plato se forma.
Alguns psicólogos consideram os platos como uma espécie de parada para tomar fôlego, em que
o aprendiz se prepara para uma nova explosão de energia produtiva. Tratar-se-ia pois de um
período de consolidação, em que se fixarão definitivamente os mecanismos de controle sobre a
aprendizagem até então realizada. Em geral, a marcha do progresso diminui a medida em que o
aprendiz se aproxima dos limites fisiológicos, de suas possibilidades de realização.
Tarefa 14:
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124
Bibliografia
a) Básica
FALCAO, Gerson Marinho. Psicologia da Aprendizagem. 10ed. São Paulo: Editora Ática, 2002
b) Complementar
BOCK, Ana Maria Bahia; ODAIR, Furtado e TEIXEIRA, Maria de Lourdes T. Psicologia: uma
introdução ao estudo da psicologia. 12ed. São Paulo:
Saraiva, 1999
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125
CRAIN, W. Theories of Development, Concepts and Applications. 3ed. New Jersey, Prentice
Hall, 1992.
ERLEBACH, E. Psicologia. Textos de Estudo II, Halle, Escola Superior de Halle, 1988.
MICHEL e FRANCOIS Gauquelin. Dicionário de Psicologia. São Paulo: Editora Verbo, 1978
PETROVSKY, A et al. Psicologia Geral. Moscovo: Editora Progresso, 1980
PIAGET, Jean. Seis estudos de Psicologia. Lisboa: Editora Dom Quixote, 1977
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