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1. CONCEITO
O crédito tributário configura a formalização da obrigação tributária por meio do
lançamento, qualificando-a e quantificando-a, tornando-a exigível pelo sujeito ativo (credor).
Enquanto a obrigação tributária surge com o fato gerador do tributo, o crédito
tributário surge apenas após o lançamento do tributo.
O crédito tributário pode ser definido como um valor definido em moeda nacional, com um
sujeito passivo devidamente identificado, que somente surge com o lançamento do tributo.
A obrigação tributária antecede (surge antes do) crédito tributário e é o dever de pagar
tributo ou multa, bem como o dever de fazer ou deixar de fazer algo, que surge no momento do
Fato Gerador. Ela se divide em duas:
1) Obrigação Tributária Principal: obrigação de pagar tributo ou multa;
2) Obrigação Tributária Acessória: obrigação de fazer ou de não fazer/deixar de
fazer algo. Exemplos: emitir nota fiscal e guardar os livros contábeis.
OBS.: A obrigação principal é a de PAGAR VALORES, seja de multa ou de tributo.
Ou seja, a obrigação de pagar multa é PRINCIPAL, e não acessória.
Em suma: toda obrigação de pagar quantia certa é uma obrigação principal.
Toda obrigação de fazer ou não fazer prevista na legislação tributária é uma
obrigação acessória.
De acordo com o CTN, a não observância de uma obrigação acessória enseja uma
obrigação principal. Explicando através de um exemplo: deve ser emitida nota fiscal, esta é uma
obrigação acessória, pois é uma obrigação de fazer, se ela não for cumprida, surge o dever de
pagar uma multa, que, por sua vez, é uma obrigação principal.
OBS.: a espécie de lançamento de multa é o lançamento de ofício.
2. LANÇAMENTO
De acordo com o Código Tributário Nacional (art. 142), o lançamento é o procedimento
administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente,
determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo
e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
São três as espécies de lançamento de tributos.
3. ATIVIDADE DE ARBITRAMENTO.
A autoridade Administrativa poderá arbitrar valor ou preço de bens, direitos, serviços,
sempre que forem omissos ou não mereçam fé as declarações, os esclarecimentos prestados ou os
documentos expedidos pelo sujeito passivo.
Quando as informações prestadas pelo Sujeito Passivo são omissas ou não condizem com a
realidade, o Poder Público realiza a arbitragem, atribuindo valor ao bem, serviço ou direito. O
Fisco desconfia do Sujeito Passivo e arbitra, define o valor.
Alteração do Lançamento – Uma vez constituído o Crédito Tributário, o mesmo só será
alterado: a) por impugnação do sujeito passivo; b) mediante recurso de ofício; e c) de ofício pela
autoridade administrativa, nos casos previsto em lei.
OBS.: a alteração se dá nos casos de vício material.s prestados ou os documentos
expedidos pelo sujeito passivo.
2. CARACTERÍSTICAS:
a) atinge o direito material do sujeito ativo;
A prescrição é um instituto que atinge o direito material, o Fisco sequer fica sabendo o
valor do tributo, pois não pode definí-lo. Ele é extinto.
b) sempre decorre de lei complementar, que trate de normas gerais em matéria de
direito tributário (art. 146, III, “b” da CF/88);
A Lei Complementar é o Código Tributário Nacional (formalmente Lei Ordinária e
materialmente Lei Complementar).
c) só podemos falar em decadência, antes do lançamento;
Após o lançamento, não se fala em decadência, mas em prescrição.
d) se houver decadência, não haverá prescrição;
e) o tributo atingido pela decadência poderá ser restituído;
Se, por exemplo, o Fisco constitui um tributo dentro do prazo legal, mas perde o prazo para
cobrá-lo, ou se o Fisco perde o prazo para constituir o tributo, e ainda assim o contribuinte paga,
ele pode exigir o valor pago? SIM. Todo crédito tributário atingido pela prescrição ou decadência
e pago pelo contribuinte pode ser restituído.
f) é uma espécie de “extinção” do crédito tributário – CTN, Art. 156, V;
De acordo com o CTN, a decadência é uma espécie de extinção do crédito tributário.
Porém, a doutrina critica a utilização dessa terminologia, pois se a decadência atinge um tributo
que ainda não foi lançado, sequer existia crédito tributário (que é constituído apenas com o
lançamento).
3. ESPÉCIES.
O CTN apresenta dois dispositivos que devem ser bem analisados quando do estudo da
decadência: art. 173, I e art. 150, § 4o.
a) Para tributos sujeitos a lançamento “de ofício” e “por declaração”, utiliza-se a
regra do art. 173, I do CTN: 5 anos contados a partir do 1o dia do exercício seguinte àquele em
que o lançamento poderia ter sido efetuado;
b) Para tributos sujeitos a lançamento “por homologação”, utiliza-se a regra do art.
150, § 4o do CTN: 5 anos contados a partir da ocorrência do fato gerador, salvo FDS e ausência
de pagamento, caso em que se aplica a regra da alínea “a”.
ATENÇÃO!! O termo inicial do prazo decadencial, de 5 anos, depende da espécie de
lançamento do tributo. Se o tributo for um tributo de lançamento de ofício ou por declaração,
o prazo decadencial inicia-se no dia 1º de janeiro do exercício financeiro seguinte ao
exercício financeiro em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
Se o tributo for de lançamento por homologação, o prazo decadencial inicia-se no dia da
ocorrência do fato gerador do tributo. Contudo, aqui há uma EXCEÇÃO!!! Ainda que se
trate de um tributo de lançamento por homologação, em hipótese de má-fé, fraude, dolo ou
simulação o início da contagem do prazo decadencial será no 1º dia do exercício financeiro
seguinte, e não o dia fato gerador.
O art. 173, II do CTN trás uma regra especial sobre decadência: 5 anos contados da data
em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento
anteriormente efetuado.
1) o Crédito é lançado, mas por alguma razão ele é anulado (como se o lançamento não
houvesse sido feito – efeitos ex tunc);
2) a partir da decisão definitiva que o anula (e não da data do FG ou do 1o dia do ano
seguinte ao FG), inicia-se um prazo de 5 anos para o Fisco constituir validamente o Crédito
Tributário;
3) é como se a decisão que o anula interrompesse a decadência, iniciando nova contagem;
4) esse dispositivo é bastante criticado pela doutrina, porque privilegia bastante o Fisco em
detrimento do contribuinte, dilatando o prazo entre o Fato Gerador e a constituição válida do
crédito tributário;
5) é regra de direito que o prazo decadencial não se interrompe nem se suspende; mas
quando o assunto é crédito tributário, a regra é excepcionada e tem sido aceita pela jurisprudência.
2. CARACTERÍSTICAS:
a) não atinge o direito material, mas somente a ação que o protege;
Impede apenas o credor de cobrar o tributo
b) sempre decorre de lei complementar, que trate de normas gerais em matéria de
direito tributário (art. 146, III, “b” da CF/88);
A Lei Complementar que define os prazos prescricionais e decadenciais é o CTN que,
apesar de ser formalmente uma Lei Ordinária, é materialmente uma Lei Complementar.
c) só podemos falar em prescrição, depois do lançamento;
d) só haverá prescrição, se não houver decadência;
e) quem paga dívida tributária prescrita também tem direito à repetição/devolução
do que pagou;
f) é uma espécie de “extinção” do crédito tributário – CTN, Art. 156, V;
O prazo prescricional é também de 5 ANOS.
4. EXEMPLOS
MOMENTO DO FATO LANÇAMENTO
GERADOR LANÇAMENTO DEFINITIVO PRESCRIÇÃO
5. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO.
Pelo parágrafo único do art. 174 do CTN, a prescrição pode ser interrompida com a prática
de alguns atos. São três os atos que interrompem a prescrição:
a) despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;
b) qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor (mandado de penhora, por
exemplo);
c) qualquer ato que importe em reconhecimento do débito pelo devedor (ex.: pedido de
parcelamento).
No caso de ser interrompido o prazo prescricional, sua contagem é REINICIADA.
EXCLUSÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
As hipóteses de exclusão, extinção e suspensão do crédito tributário compreendem
situações distintas.
a) Anistia.
É o perdão das penalidades pecuniárias – “multas”, concedido por lei, a ntes da
constituição do crédito tributário (lançamento). Impede o surgimento do crédito tributário
multa, antecede o lançamento desta.
b) Isenção.
É a dispensa legal do pagamento de tributo, antes da constituição do crédito tributário
(lançamento). A lei concede isenção para que determinada situação ou pessoa não esteja obrigada
a pagar o tributo.
a) Moratória.
É o pedido de dilatação legal do prazo para pagamento de dívida tributária, antes do
seu vencimento, e é regulada pelo CTN em seus arts. 152 a 155.
É uma forma de suspensão do crédito tributário muito semelhante ao parcelamento, porém
diferencia-se deste por ser realizada antes do vencimento, enquanto o pedido de parcelamento é
feito após o vencimento.
É concedida por meio de lei ordinária, permitindo ao sujeito passivo que pague em cota
única ou em prestações o tributo, porém com vencimento prorrogado. Na moratória, pede-se para
dilatar o prazo para pagar o crédito tributário de uma só vez ou em prestações.
Ela pode ser concedida em caráter geral ou individual.
A moratória será concedida em caráter geral, quando alcançar uma generalidade de
pessoas, portanto, não dependerá de decisão da autoridade administrativa. Pode ser autônoma
e heterônoma (art. 152, II).
A moratória autônoma é a concedida por um Ente para créditos tributários relativos a
tributos de sua competência.
A moratória heterônoma, por sua vez, é aquela que um Ente concede para créditos
tributários relativos a tributos da competência de outro Ente. Via de regra, a moratória heterônoma
é vedada, porém existem duas EXCEÇÕES nas quais a moratória heterônoma pode ser
concedida:
1) Em caso de Tratado Internacional, onde o Presidente está revestido da qualidade de
Chefe de Estado, pois nesta situação ele representa a República Federativa do Brasil, que é
formada pela união indissolúvel de todos os Entes da Federação;
2) Lei nacional geral.
A moratória em caráter individual, alcançar apenas determinadas pessoas, que preenchem
certos requisitos estabelecidos em lei. Neste caso é necessário despacho da autoridade
administrativa, verificando o preenchimento dos requisitos por cada sujeito passivo. A lei
estabelece algumas condições específicas a serem preenchidas pelo Sujeito Passivo.
OBS.: Quando a moratória é dotada de caráter individual, ela não é direito líquido e
certo e, caso o indivíduo deixe de preencher algum requisito, ele perde o benefício. Cada um
tem que requerê-la.
A moratória concedida em caráter geral é direito líquido e certo.
b) Depósito integral.
É comumente utilizado na via judicial, uma vez que a ação judicial por si só não suspende
a exigibilidade do crédito tributário. Assim, para que seja suspendido o crédito tributário, o
contribuinte deve realizar o depósito integral no momento em que oferecer embargos. Feito o
depósito, suspende-se a execução fiscal.
Trata-se de hipótese de suspensão do crédito tributário pois o Sujeito não suportará mais
nenhum efeito da execução fiscal, exceto ao final desta, caso perca ou ganhe.
Esta hipótese de suspensão do crédito tributário ocorre no curso do Processo de Execução
Fiscal, no caso em que a pessoa está sendo executada e, para responder à execução fiscal, realiza o
depósito integral.
O valor integral a ser depositado compreende o valor do tributo acrescido de juros e multas
em dinheiro, e é aquele exigido pelo Fisco, não o pretendido pelo contribuinte. Mesmo que o
contribuinte alegue que deve menos do que o exigido pelo Fisco, ele deve depositar o valor
exigido, e não o que acredita que deve.
O SUJEITO PODE EMBARGAR A EXECUÇÃO FISCAL SEM EFETUAR O
DEPÓSITO? NÃO. A LEF exige depósito prévio, para que o Sujeito Passivo possa embargar a
execução fiscal.
e) Parcelamento.
É a dilação concedida APÓS O VENCIMENTO. Ou seja, essa espécie de suspensão
ocorre nos casos em que a dívida tributária já está vencida e o Sujeito Passivo pede uma dilação
de prazo. Ele guarda muita semelhança com a moratória, diferenciando-se dela justamente porque
enquanto a moratória é concedida antes do vencimento o parcelamento o é após o vencimento.
É uma medida de política fiscal que tem como foco a recuperação de créditos, bem como
permitir que os contribuintes inadimplentes readquiram a sua condição de regularidade junto à
administração pública.
O parcelamento depende de lei específica editada pelo Ente Federativo competente para
instituir o tributo.
Salvo disposição expressa em lei, o parcelamento não exclui do crédito tributário a
incidência de juros e multas e ele pode ser deferido tanto para o pagamento em prestações, como
para o pagamento em uma única vez.
Aplicam-se subsidiariamente ao parcelamento as disposições do CTN relativas à moratória
(créditos abrangidos, caráter geral e individual, etc.).
Neste caso, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário só persiste enquanto o
parcelamento for adimplido. Faltando o pagamento, portanto, o parcelamento é rescindido
automaticamente, e o crédito tributário é cobrado imediatamente.
a) Pagamento.
O pagamento do tributo é a principal e mais natural forma de extinção do crédito tributário.
Está regulamentado nos arts. 157 a 169 do CTN, tratando-se de modalidade direta de
extinção do crédito tributário, em função da desnecessidade de autorização legal para a sua
efetivação.
O pagamento, para extinguir o crédito tributário, deve ser integral.
Ao contrário do Direito Civil, em Direito Tributário, o pagamento de uma parcela
posterior não presume o pagamento das anteriores, bem como o pagamento de um tributo
com vencimento mais recente não presume o pagamento dos tributos anteriores.
Primeiro:
Primeiro: obrigações contribuições de Ordem crescente de Ordem decrescente
próprias melhoria prescrição dos montantes
Depois: obrigações
decorrentes de Segundo: taxas
responsabilidade
Terceiro: impostos
b) Compensação.
Representa um encontro de contas de créditos e débitos, entre os sujeitos ativo e passivo.
Ocorre quando há reciprocidade entre credor e devedor, ou seja, o devedor tem crédito
tributário ao mesmo tempo em que tem um débito tributário.
A reciprocidade entre credor e devedor é verificada quando se pretende realizar a
compensação de tributos do mesmo Ente Federativo.
Depende de lei autorizativa, para que a autoridade administrativa possa realizar a
compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do
sujeito passivo contra a Fazenda pública.
É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação
judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. Ou seja,
caso o Contribuinte se socorra ao Poder Judiciário para ter certeza da existência de seu crédito,
somente poderá ser realizada a compensação após o trânsito em julgado.
Recentemente o STF decidiu que é inconstitucional a compensação de ofício.
c) Transação.
Representa acordo ou concessões recíprocas que encerram um litígio instalado, com
reciprocidade de ônus e vantagens. É um acordo no qual as partes fazem concessões mútuas para
extinguir obrigações.
O Sujeito Passivo pode realizar acordos com a Administração Tributária, desde que dentro
das possibilidades previstas em lei.
A transação somente extingue o crédito tributário com relação à parte em que ocorreu a
concessão feita pelo Fisco. Ex.: um Contribuinte deve R$ 1.000,00 (mil reais) de IPVA e a lei
prevê que a desistência do litígio por parte do Sujeito Passivo confere um desconto de 50% com
relação às penalidades. Quando o contribuinte opta por pagar o tributo, o crédito tributário é
extinto: por meio do pagamento em relação ao valor desembolsado, e por meio de transação em
relação ao valor descontado.
OBS.: Depende de lei autorizativa, sendo, portanto, uma forma indireta de extinção do
crédito tributário.
d) Remissão.
Consiste no perdão do crédito tributário (já constituído/após o lançamento), incluindo
o valor principal (tributo), juros e multa.
A mesma depende de lei autorizativa e despacho fundamentado.
A Fazenda Pública pode determinar o que efetivamente será perdoado, ou seja, a remissão
pode ser total ou parcial.
São situações que autorizam a concessão de remissão:
I) situação econômica do sujeito passivo;
II) erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato;
III) diminuta importância do crédito tributário;
IV) considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais ou
materiais do caso (mas neste caso só multa – Art. 108, § 2o);
OBS.: NÃO é possível conceder remissão de tributo considerando razões de equidade,
somente pode se conceder remissão de crédito tributário por critérios de equidade de
VALORES RELATIVOS À MULTA. Ex.: valor da multa excessivamente desproporcional ao
valor do tributo.
V) condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.
e) Prescrição e decadência.
Segundo o CTN, são causas de “extinção” do crédito tributário. Vale dizer que estará
“extinto” o crédito tributário caso o Fisco deixe de realizar o lançamento dentro do prazo previsto
na lei (decadência), ou deixe de propor a execução fiscal no prazo legal (prescrição).
Ambos os institutos jurídicos já foram explorados anteriormente.
h) Consignação em pagamento.
Consignação em Pagamento – é um meio de extinção do crédito tributário,que tem vez
quando o Sujeito Passivo quer pagar e não consegue por razões alheias à sua vontade.
São situações que possibilitam a consignação em pagamento:
I) de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de
penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
II) de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem
fundamento legal;
III) de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico
sobre um mesmo fato gerador.
O mero ajuizamento da Ação Consignatória não configura extinção do crédito tributário,
deverá haver decisão julgada procedente desta ação para efetivar a extinção.