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Plano Anual

Professor – Fá bio Novaes


Linguagens da Arte - Mú sica
2ª série - 2020

Planejamento anual de 2020

“Não existe comunicação sem cultura nem cultura sem comunicação.”


José Martin Borbero

1- Concepção da área/disciplina
A concepçã o de Arte da Escola Viva tem a intençã o de trazer o aluno para viver
experiências estéticas e de fruiçã o, assim como proporcionar oportunidades de criaçã o
utilizando os elementos fundamentais das diferentes linguagens, pelo contato com saberes
culturais lastreados na produçã o histó rica, possibilitando a construçã o de uma visã o crítica,
estética e ética.
Entende-se as linguagens da Arte como uma á rea com inú meras ramificaçõ es que
dialogam com o mundo, formando uma rede de criaçã o, saberes e construçã o de significados. 
Tendo em vista a importâ ncia da Arte para a construçã o do indivíduo e sua relaçã o com
o mundo, sã o oferecidas quatro linguagens: artes cênicas, artes visuais, mú sica e foto & vídeo. 

2- Concepção da disciplina
O currículo de educaçã o musical proposto ao Ensino Médio se caracteriza pela
valorizaçã o crítica das artes e encontra suas bases na fenomenologia proposta inicialmente por
Husserl (1859-1938) cujos axiomas pautam a busca pelos elementos essenciais que constituem
a nossa percepçã o, rejeitando as certezas imediatas como forma de questionar a realidade.
Outra origem filosó fica pode ser encontrada no pensador Henri Bergson (1859-1941) quanto
investiga a percepçã o humana no tempo passado, presente e futuro.
Já no campo específico da mú sica, nos baseamos na leitura que Roman Ingarden (1893-
1970) faz da fenomenologia husserliana pois, além de aluno fiel de Husserl, foi capaz de lidar
com a controversa produçã o musical do século XX, em especial à quela do período pó s Segunda
Guerra Mundial. Com isso, ampliou a abordagem fenomenoló gica para além do puramente
sonoro para compreender o modo de ser a obra de arte musical enquanto objeto intencional.
Seus conceitos podem ser encontrados em diversos campos de estudo da Mú sica, entre
eles no fundamento da abordagem didá tica de diversos autores e pesquisadores. Cito abaixo
algumas obras onde encontramos essa busca pela compreensã o do essencial na mú sica com a
finalidade de obter resultados prá ticos (mudança de atitude, desenvolvimento técnico, pró -
atividade, argumentaçã o crítica):

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- Murray Schafer, O ouvido pensante (1992) e Educação sonora (1990);


- Marisa Trench de Oliveira Fonterrada, Música e meio ambiente (2004);
- Beatriz Senoi Ilari [organizadora], Em busca de mente musical (2006);
- Dr. Joã o Straliotto, Cérebro e música (2001)
- Carl Dahlhaus, Estética musical (1991);
- Jean-Jacques Nattiez, Combate entre Chronos e Orfeu (2005);
- Marisa Ramires, Exercícios de teoria musical (2004) e Harmonia – uma abordagem
prática (2010);
- Edgar Willems, Solfejo Curso Elementar (2005) e Fundamentos psicológicos da
educação musical (1970);
- Teresa Mateiro Beatriz Ilari [organizadora], Pedagogias em Educação musical (2013).
O mencionado autor J. J. Nattiez, nascido em 1945, traz uma importante contribuiçã o à
compreensã o da obra de arte em seus ensaios. Sua abordagem semioló gica da musical propõ e
três camadas de observaçã o, quais sejam: a pura imanência da obra (como ela é, o que há na
obra, quais sã o suas partes etc.), sua relaçã o com o momento histó rico do qual se origina
(relaçõ es extramusicais, científicas, políticas, filosó ficas etc.) e sua interpretaçã o nos dias atuais
para o observador individual.
Devido à diferença entre o grau de musicalizaçã o e nível técnico dos alunos em mú sica,
construímos um programa que leva em consideraçã o aqueles com pouco ou nenhum contato
direto com a mú sica e que, ao mesmo tempo, inclua os alunos com maior experiência sem a
separaçã o das turmas. Portanto, nossa abordagem permite a participaçã o de todos os alunos de
maneira equilibrada e inclusiva, fugindo da linha didá tica dos conservató rios e professores
particulares sem negar-lhes importâ ncia.
Para tanto é necessá ria uma estratégia que possa dar conta das ló gicas de
funcionamento dos elementos essenciais da mú sica enquanto objetos histó ricos, tecnoló gicos,
culturais e intencionais – e nã o puramente o funcionamento dos objetos - que culmine
necessariamente na prá tica com os instrumentos disponíveis em sala ou com a voz, na
dinâ mica real e imperfeita da experiência musical interpretativa.
Nossa abordagem busca entender quais sã o e o que sã o os elementos bá sicos da mú sica,
recolhendo dados empíricos e prá ticos que extrapolam seu pró prio campo de estudo e
estabelecem relaçõ es extramusicais. Essa inter-relaçã o, transferência e aplicaçã o de saberes
constitui um ambiente propício para a visã o crítica nã o só da mú sica mas, quiçá , da Arte e da
Vida.
A concepçã o da á rea de linguagens da arte na Escola Viva apresenta, para a primeira
série, um cará ter investigativo do universo da mú sica, seus elementos bá sicos e sua histó ria
num conjunto de abordagens que possibilita estabelecer diferentes e novas relaçõ es
epistemoló gicas.

3- Conteúdo conceitual acadêmico

1º trimestre (fevereiro – março – abril)


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- Identificaçã o das notas no piano, nos instrumentos de corda / registro de oitava /


escala cromá tica / intervalos de tom e semitom (no piano e em instrumentos de corda) /
documentá rio Explorando o mundo da mú sica - forma da mú sica (26`) [intro, A, B, A coda] /
identificar a forma de mú sicas dadas
- Conceitos pitagó ricos de consonâ ncia e dissonâ ncia e o intervalo de quinta justa / a
formaçã o da escala natural de Dó Maior através do ciclo de quintas / acordes pró prios da
escala no Modo Maior (Dó Maior) / acorde perfeitos e imperfeitos / execuçã o de acordes em
instrumentos harmô nicos em Modo Maior (Dó Maior)
- Documentá rio: explorando o mundo da mú sica - harmonia (26`) / funçõ es harmô nicas
dos acordes (tô nica, dominante e subdominante) / construçã o de progressõ es e frases
harmô nicas em Modo Maior (cadência / nota sensível / encadeamento das vozes)
- Documentá rio Explorando o mundo da mú sica - melodia (26`) / Partitura (origem da
escrita musical, epitá fio de Sícilo, pentagrama, androclaves, fó rmula do compasso) /
construçã o de melodias com uma nota real por compasso (Dó Maior) sobre progressõ es
dadas / execuçã o das melodias criadas nos instrumentos disponíveis
- Nota sensível e o acorde dominante / escala menor natural e harmô nica / acordes
pró prios da escala no Modo Menor (Lá Menor) / execuçã o dos acordes em Modo Menor /
construçã o de progressõ es harmô nicas em Modo Menor
- Construçã o de melodias com uma nota real por compasso (Lá Menor) sobre
progressõ es dadas / execuçã o das melodias criadas nos instrumentos disponíveis
- A importâ ncia da linha de baixo / inversã o de acordes / construçã o de linhas de baixo
com as harmonias criadas
- Prova
- Correçã o e recuperaçã o / Documentá rio: Onde está a mú sica (74`)
- Prá tica dos instrumentos disponíveis
- Prá tica de repertó rio em conjunto

 2º trimestre (maio – junho – agosto)


- Noçõ es de etnomusicologia (festa junina / como fazer a apresentaçã o / comanda dos
seminá rios: festejos brasileiros (carnaval, Festival de Parintins [Boi Bumbá - Garantido e
caprichoso], Círio de Nazaré, Oktoberfest, Festa do Peã o de Barretos, Lavagem da escadaria do
Bonfim, Festa de Iemanjá , Festa do Divino Espírito Santo, Natal, Semana Santa)
- Figuras de duraçã o / figuras pontuadas / divisã o do compasso / figuraçã o rítmica
(repetiçã o e arpejo) / construçã o de melodias com duas notas reais por compasso (em
compasso 3/4 e 4/4) sobre progressõ es dadas em Dó Maior
- Origem da mú sica ocidental / tradiçã o vocal e melodias com os menores intervalos /
relaçã o com o império romano e Igreja cató lica / construçã o de melodias com duas notas reais
por compasso (em compasso 3/4 e 4/4) sobre progressõ es dadas em Lá Menor
- Ciclo de quintas e a organizaçã o da escala natural / modulaçã o / modulaçã o por acorde
pivô em Modo Maior [tabela de escalas e acordes em Modo Maior] / construçã o de progressõ es
harmô nicas com modulaçã o por acorde pivô / construçã o de melodias com duas notas reais
por compasso sobre harmonia com modulaçã o
- Modulaçã o em Modo Menor [tabela de escalas e acordes em Modo Maior] / construçã o
de progressõ es harmô nicas com modulaçã o por acorde pivô / construçã o de melodias com
duas notas reais por compasso
- Modulaçã o para tonalidade homô nima de forma abrupta e por acorde pivô (de Dó
Maior para Dó Menor e de Lá Menor para Lá Maior)
- Apresentaçã o dos seminá rios
- Prá tica de conjunto

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- Ensaios para o evento multisseriado

3º trimestre (setembro – outubro – novembro)


- Etapas da formaçã o acadêmica em Mú sica / disciplinas acadêmicas para a formaçã o
em mú sica / figuraçã o meló dica (bordadura) / uso de bordadura na harmonia.
- As profissõ es do mú sico / mú sica como profissã o
- Construçã o de melodias com figuraçã o meló dica com notas da escala (bordadura, nota
de passagem e bordadura incompleta)
- Construçã o de melodias com figuraçã o meló dica usando nota cromá tica (bordadura
cromá tica, nota de passagem cromá tica e bordadura cromá tica incompleta)
- Ensaios para o evento multisseriado
- Evento multisseriado

4- Competências e habilidades
No primeiro trimestre buscamos a identificaçã o, descriçã o e classificaçã o dos princípios
elementares da mú sica e da percepçã o humana: origem, constituiçã o, funcionamento e
aplicaçã o prá tica.
O segundo trimestre trata do funcionamento mecâ nico, reconhecimento do timbre e
classificaçã o dos diversos tipos de instrumentos musicais ao longo da histó ria. A construçã o da
escala natural e o contato com promovem a capacidade auditiva de discriminar a afinaçã o e
desafinaçã o dos intervalos musicais, de melodias e harmonias, ampliando a capacidade de
avaliar e criticar a Mú sica de forma mais consciente e coerente.
E no terceiro trimestre se dá a iniciaçã o à harmonia, a associaçã o das notas na estrutura
bá sica dos acordes, suas funçõ es sonoras e emocionais na mú sica. Para a realizaçã o dos
exercícios propostos sã o necessá rias mú ltiplas competências como auditiva, visual, analítica,
matemá tica, emocional, crítica, relacional, dedutiva e avaliativa. A resoluçã o dessas atividades
oferece suporte técnico e permite aos alunos ouvir ativamente, interpretar, compor e
improvisar mú sica.
De modo geral, o programa da 2ª série tem subsídio teó rico-prá tico fundamentado em
tornar o aluno capaz de:
- Ouvir mú sica de forma atenta, ativa e crítica;
- Compreender e respeitar as diversas manifestaçõ es artísticas;
- Posicionar-se a respeito da mú sica de maneira coerente e com maior embasamento;
- Fazer uso crítico e consciente da tecnologia musical;
- Executar trechos musicais nos instrumentos disponíveis;
- Controlar-se emocionalmente devido à exposiçã o decorrente da apresentaçã o musical;
- Compreender os elementos que orbitam no universo da mú sica;
- Compor sequências de acordes coerentes e criativas;
- Analisar e compor melodias de maneira coerente
- Deduzir informaçõ es através das características sonoras e musicais.

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5- Estratégias didáticas
As aulas serã o divididas em duas partes: teó rica e prá tica. Cada assunto estudado no
início da aula com cará ter investigató rio e teó rico, será posteriormente considerado do ponto
de vista prá tico e na performance musical.
Dessa forma, todo início de conteú do didá tico surge de um “problema” colocado pelo
professor. Aparentemente despretensioso, o diá logo vai ganhando um contexto questionador e
recai sobre cada um dos elementos o conteú do programado.
Por conseguinte, os conteú dos nutrem os alunos de técnicas, percepçõ es e pontos de
vista que, além de ló gicos, permitem a visã o crítica e o desenvolvimento musical nas suas
diversas á reas de atuaçã o.

6- Didática do livro texto


Nã o utilizamos livro didá tico para esta disciplina

7- Princípios orientadores do processo de avaliação


Os princípios que orientam o processo de avaliaçã o se baseia capacidade na
generalizaçã o dos estudos, de forma que possibilitem a aplicaçã o, transferência e
transformaçã o das regras impostas pelo costume cultural para uma leitura particular e criativa
da arte.
As atividades de composiçã o e interpretaçã o serã o avaliadas quanto a sua dedicaçã o
quantitativa e nã o qualitativa dos resultados. Já as atividades e provas que envolvem origem,
histó ria e cultura sã o avaliados de acordo com as discussõ es que ocorrem em sala, inclusive
com os apontamentos e indicaçõ es propostos pelos alunos. As pesquisas em formato de
seminá rio serã o avaliados de acordo com os parâ metros estipulados pelo professor de acordo
com o tema e tipo de pesquisa.
O critério de avaliaçã o adotado para o currículo de LA – Mú sica se divide em:
- Atividades em aula (50%): prá tica de conjunto, composiçã o, questioná rio etc. Aos
alunos que porventura estiverem ausentes no dia de alguma atividade, oferecemos uma nova
oportunidade, que ocorrerá na aula seguinte, valendo 70% da pontuaçã o total. Essa atividade
deverá ser executada durante o período da aula, respeitando o mesmo tempo concedido aos
demais alunos.
- Atividade trimestral final (50%): prova, seminá rio ou apresentaçã o musical. Aos
alunos ausentes no dia da avaliaçã o trimestral, oferecemos a oportunidade de realizá -la até a
ú ltima aula do trimestre em questã o, sem prejuízo da sua nota.
Aos alunos que nã o atingiram a média do trimestre (pontuaçã o inferior a 6,0) será
oferecida nova oportunidade descrita na recuperaçã o contínua.

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8- Instrumentos de avaliação
Os instrumentos de avaliaçã o de dividem em duas categorias atividade em aula e
atividade final do trimestre.
Atividades em aula constituem 50% da média trimestral e inclui a organizaçã o do
material didá tico, a realizaçã o das atividades propostas pelo professor, envolvimento com o
assunto abordado e predisposiçã o para a prá tica de conjunto.
A atividade principal do trimestre poderá ser prova, seminá rio ou apresentaçã o musical
e englobam o conteú do do trimestre e constituem 50% da média.

9- Recuperação paralela
Nã o haverá recuperaçã o paralela para esta disciplina

10- Recuperação contínua


Aos alunos que ficaram com nota inferior a média do trimestre (6,0) terá a
oportunidade recuperar sua nota mediante uma atividade a ser designado pelo professor sobre
o tema do trimestre.
(média trimestre + nota da recuperaçã o contínua/2)
A nova média obtida no trimestre nã o poderá ser superior a seis (6,0).

11- Foco diferencial da disciplina


A produçã o da disciplina de mú sica baseia-se na capacidade de avaliar a mú sica sobre
três eixos: a imanência (a composiçã o da mú sica em sí), a origem (contexto social, cultural,
estético, histó rico, tecnoló gico) e a percepçã o (referências particulares).
Utilizando uma abordagem em espiral, que circunda esses três eixos, sempre
retornando com novos pontos de vista, surge uma dialética onde é possível contemplar a Arte
de forma mais abrangente e uma prá tica musical mais consciente, dinâ mica e criativa.
A pesquisa científica aliada à reflexã o empírica amplia naturalmente o interesse na
apreciaçã o, no fazer musical e a capacidade para trabalhar em grupo.

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