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RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR E ELETRÔNICA

APLICADAS A ESTUDOS DA MATÉRIA ORGÂNICA EM


AMOSTRAS DE SOLOS INTACTAS E FRACIONADAS
FISICAMENTE

Ladislau Martin Neto1


Cimélio Bayer2
João Mielniczuk3
Luiz A. Colnago1
Sérgio da C. Saab4
Mauro da Conceição5

Resumo

Dentre os diversos componentes do solo a matéria


orgânica desempenha papel primordial na qualidade do solo. Isso
ocorre devido a influência que a quantidade e qualidade da
matéria orgânica tem sobre as propriedades físicas, químicas e
biológicas dos solos. Dentre essas propriedades destacam-se
efeitos na melhoria e estabilidade de agregados, diminuição da
plasticidade, aumento da capacidade de reter água, aumento da
capacidade de troca de cátions (CTC), participação essencial na
respiração microbiana de determinadas espécies, entre muitas
outras. Adicionalmente a matéria orgânica do solo é, geralmente,
o principal sítio de sorção para pesticidas e metais pesados no
solo. Estima-se ainda que o manejo inadequado dos solos e o

1
Embrapa Instrumentação Agropecuária, Rua XV de Novembro, 1452, Caixa
Postal 741, CEP 13560-970 São Carlos/SP; e-mail: martin@cnpdia.embrapa.br
2
Universidade Estadual de Lages, Faculdade de Ciêncais Agronômicas e
Veterinárias, Lages/SC
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Agronomia,
Departamento de Solos, Porto Alegre/RS
4
Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR, doutorando USP-IQSC, São Carlos
5
Embrapa Solos, Rio de Janeiro/RJ . * Bolsista do CNPq
desmatamento são responsáveis por aproximadamente 30% do
gás carbônico (CO2) produzido na Terra com todas as
consequências para o chamado efeito estufa e mudanças globais
do clima no Planeta.
Neste trabalho as técnicas espectroscópicas de
Ressonância Paramagnética Eletrônica (EPR) e Ressonância
Magnética Nuclear (NMR) foram utilizadas para analisar amostras
de agregados organo-minerais de solos podzólico vermelho-escuro
e podzólico vermelho-amarelo sob plantio direto e manejo
convencional. Também foram medidas amostras de solos de
várzeas intactos, sem qualquer fracionamento químico ou físico.
Foi possível detectar o nível de radicais livres semiquinona,
indicativo do grau de humificação, nas amostras de agregados
organo-minerais dos solos podzólicos e solos de várzea intactos.
Observou-se que nas áreas sob plantio direto houve uma redução
no nível de semiquinonas comparado com áreas sob manejo
convencional, indicando que a matéria orgânica incorporada no
plantio direto contém uma menor concentração de compostos
aromáticos. Por NMR de 13C verificou-se que a fração 2-20 µm
teve um maior grau de aromaticidade entre todas as frações dos
agregados organo-minerais do solo podzólico vermelho-escuro,
resultado concordante com o maior nível de semiquinonas,
detectado por EPR, nesta fração. Conclue-se que o método de
fracionamento físico do solo combinado com o uso das técnicas
de NMR e EPR pode fornecer importantes informações sobre a
dinâmica da matéria orgânica em solos sob diferentes manejos.

Introdução

Os métodos espectroscópicos tem dado muitas


contribuições nos estudos de substâncias húmicas e matéria
orgânica. Alguns exemplos são estudos estruturais, identificação
de grupos funcionais, mecanismos de reações com metais
pesados e pesticidas (Preston, 1996), reciclagem de resíduos
orgânicos, incluindo lixo urbano e lodo de esgoto entre outros.
A técnica de Ressonância Paramagnética Eletrônica (EPR)
é uma das únicas entre métodos de laboratório capaz de fornecer
informações estruturais sem artefatos ou condições experimentais
restritivas sobre a complexação de íons metálicos com as
substâncias húmicas, com possibilidade de identificar o estado de
valência do íon metálico, simetria do complexo formado,
concentração do metal, e em alguma sistuações identificação de
átomos ligantes ao íon metálico (Senesi et al., 1985; Martin-Neto
et al., 1991). EPR pode também detectar radicais livres, os quais
tem sido associados a reações de polimerização-despolimerização,
grau de aromaticidade e humificação da matéria orgânica e podem
ainda reagir com pesticidas e poluentes orgânicos tóxicos (Martin-
Neto et al., 1994a). Tem sido possível determinar o grau de
humificação de substâncias húmicas e de agregados organo-
minerais em áreas sob diferentes manejos, incluindo comparação
com plantio direto e manejo convencional (Martin-Neto et al.,
1994b; Bayer et al., 1997). Por sua vez, Saab et al. (1997)
mostraram a possibilidade de detectar e quantificar radicais livres
semiquinonas em amostras de solos glei-húmicos sem serem
submetidos a qualquer fracionamento, químico ou físico. Os
resultados com agregados organo-minerais e com solos intactos
ganham interesse pelo fato de que possíveis artefatos gerados
pelo fracionamento químico, reconhecidamente agressivo, são
eliminados e assim informações mais confiáveis poderiam ser
obtidas.
A Ressonância Magnética Nuclear tem sido extensivamente
utilizada principalmente no exterior, com informações sobre os
núcleos de 1H, 13C, 31P; 15N e 27Al, com identificação de
mecanismos de decomposição, efeitos de cultivo, caracterização
de formas orgânicas de N e P e interação da matéria orgânica com
xenobióticos e metais (Preston, 1996). É fato também que
algumas limitações quantitativas da metodologia, principalmente
em medidas em estado sólido, exigem o devido cuidado na
interpretação dos resultados. Contudo, no Brasil, ainda são
poucos os resultados e recentes os grupos que vem se dedicando
ao uso de NMR em substâncias húmicas (Martin-Neto et al.,
1995; Ceretta et al., 1995; Colnago et al., 1996).
Neste trabalho será apresentado resultados recentes
obtidos pela Embrapa Instrumentação Agropecuária em parceria
com várias instituições do Brasil e do exterior, com o uso das
técnicas espectroscópicas de EPR e NMR. Vale mencionar que
uma série de outros resultados já foram obtidos pelo grupo os
quais incluem também o uso de FTIR e UV-Visível e podem ser
encontrados em várias publicações (Martin-Neto et al., 1996;
Martin-Neto et al., 1994a; Martin-Neto et al., 1994b; Martin-Neto
et al., 1991; Colnago et al., 1996; Sposito et al., 1996).

Materiais e Metodos

Foram obtidas frações organo-minerais de solos podzólico


vermelho-amarelo e vermelho-escuro, do Rio Grande do Sul,
usando o fracionamento físico baseado no uso de ultra-som
(Bayer, 1996). Anteriormente havíamos já estudados frações
organo-minerais de um solo Mollissoll da Argentina (Martin-Neto
et al., 1994b).
Amostras intactas de solos glei-húmicos do Rio de Janeiro
foram analisadas sem qualquer tratamento químico ou físico (Saab
et al., 1997).
As medidas de EPR foram feitas usando-se o
espectrômetro Varian (Laboratório de Biofísica do IFSC, USP, São
Carlos, SP) operando em Banda X (9 G Hz) e com sistema de
controle de temperatura até próximo do nitrogênio líquido.
Amostras liofilizadas de substâncias húmicas, agregados organo-
minerais e solos intactos foram analisadas e o nível de radicais
livres semiquinona determinado usando a aproximação Ix∆H2 e o
método do padrão secundário com um cristal de rubi contendo
Cr3+ (Martin-Neto et al., 1994b). Foram utilizados geralmente de
10 a 30 mg de amostra nas medidas efetuadas.
As medidas de NMR de 13C das amostras de agregados
organo-minerais foram feitas em um espectrômetro de 300 M
Hz, AC-300 da Brucker.
Resultados e Discusões.

Na Figura 1 mostra-se espectros de EPR de agregados


organo-minerais de um solo podzólico vermelho-escuro, do Rio
Grande do Sul. Observa-se dois tipos de sinais, um com valor de g
próximo de 2,004, característico de radical livre semiquinona, e
outro com valor de g =2,000 que diminuiu de intensidade com o
tamanho de partícula. Testes com amostras sem matéria orgânica
sugerem tratar de um radical associado ao quartzo (SiO2) (Bayer,
1996; Bayer et al., 1997). Considerando que o sinal associado ao
quartzo interferia na quantificação do nível de radicais
semiquinonas foi feito uma subtração de espectro para
determinação correta de semiquinonas. Na Tabela 1 apresenta-se
a quantificação do nível de semiquinonas para amostras sob
diferentes sistemas de cultura em plantio direto com uma área
descoberta, para comparação. Os dados indicam que há uma
redução do nível de semiquinonas em áreas sob intensa
incorporação de resíduos orgânicos, como no plantio direto, o que
sugere que a matéria orgânica humificada, sob plantio direto,
contém um maior percentual de frações alifáticas comparado com
áreas sob manejo convencional (Bayer, 1996).
Figura 1- Espectros de EPR de frações organo-minerais de um solo
podzólico vermelho-escuro, do Rio Grande do Sul, para um
sistema em plantio direto com rotação aveia/milho.

Tabela 1- Conteúdo de radicais livres semiquinona nas frações


granulométricas do solo podzólico vermelho-escuro em diferentes
sistemas de manejo.

Fração Sistemas de Manejo


PD- A+V/M+C* PC- A+V/M+C* PC- A/M*
spins/gC (x 1017)
20-53 µm 2,38(± 0,18) 4,99(± 0,30) 4,85(±0,33)
2-20 µm 3,27 (± 0,14) 5,43(± 0,23) 5,74(± 0,17)
< 2 µm 3,20 (±0,17) 2,92(±0,04) 3,54 (± 0,26)
• PD-Plantio Direto; PC-Plantio Convencional; A-aveia; V/M-
ervilhaca/milho; C-caupi
G leissolo

3340 3360 3380 3400 3420 3440 3460

B(G auss)

Figura 2- Espectro de EPR, em banda X (frequência da medida em


torno de 9,4 GHz) de amostra intacta de solo (gleissolo),
mostrando sinal do radical livre semiquinona.

Na Figura 2 tem-se espectro de EPR de amostra intacta de


solos glei húmicos do Rio de Janeiro. É possível observar um sinal
com excelente relação sinal/ruído e com parâmetros
espectroscópicos típicos de radicais livres semiquinona. Acredita-
se que as medidas em solos intactos pode trazer informações sem
nenhum possível artefato restritivo advindo de tratamentos
químicos ou físicos das amostras. Na Figura 3 é possível mostrar
que há uma excelente correlação (r= 0,90) entre o nível de
semiquinonas, detectados por EPR, e a capacidade de troca
catiônica (CTC), evidenciando que a maior contribuição para a
CTC vem da matéria orgânica humificada, pois esta contém boa
quantidade de semiquinonas..
Figura 3- Gráfico do nível de radical livre semiquinona, detectado
por EPR, versus capacidade de troca catiônica (ctc) de solos
(gleissolos) húmicos e pouco húmicos

Na Figura 4 mostram-se espectros de NMR de 13C de


amostras de agregados organo-minerais de um solo podzólico
vermelho-escuro do Rio Grande do Sul . A partir da quantificação
dos espectros observa-se que há um máximo de aromaticidade
para os agregados organo-minerais com tamanho de 2-20 µm.
Este resultado é coerente com resultados anteriores onde
determinou-se um máximo do nível de semiquinonas por EPR
nesta fração para um solo mollisol da Argentina (Martin-Neto et
al., 1994b) e conforme resultado também por NMR de 13C
obtido por Baldock et al. (1992). Ressalte-se também que o
conteúdo de grupos alquil cresce com a diminuição do tamanho
de partícula, indicando sua preservação nas amostras mais
humificadas.
Figura 4- Espectros de NMR de 13C da matéria orgânica em
frações granulométricas da camada 0-2,5 cm de um solo
Podzólico vermelho-escuro.

Conclusões

Conforme apresentado, brevemente, uma série de


informações quantitativas e qualitativas da matéria orgânica de
diferentes solos puderam ser obtidas com o uso de Ressonância
Paramagnética Eletrônica (EPR) e Ressonância Magnética Nuclear
(NMR).
Dados obtidos por EPR com amostras de solos glei-
húmicos, sem qualquer tratamento químico ou físico, e com NMR
e EPR em agregados organo-minerais, obtidos por fracionamento
físico, revelam que estas espectroscopias podem ser utilizadas,
em determinadas situações, para caracterizar amostras com
menor risco de alterações devido ao tratamento químico clássico
para obtenção de substâncias húmicas.
Espera-se que com a disponibilização de um maior número
de espectrômetros de ressonância magnética e trabalhos em
parceria de especialistas nas referidas técnicas e cientistas do solo
e meio ambiente possam acelerar o entendimento da dinâmica e
reações da matéria orgânica, principalmente em regiões tropicais.
Neste sentido a Embrapa Instrumentação Agropecuária recém
adquiriu um espectrômetro de NMR, 400 MHz, e um EPR, Banda
X (9 GHz) para uso exclusivo em estudos de interesse da
agropecuária. Estes equipamentos estarão sendo gerenciados na
forma de “facilities” para todo o sistema cooperativo de pesquisa
agropecuário.

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