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DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Mônica Diniz
Olga Anacleto
Sandra Guabiraba
Tatyani Toscano
Valquíria César
Olinda, 2010
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE OLINDA
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Mônica Diniz
Olga Anacleto
Sandra Guabiraba
Tatyani Toscano
Valquíria César
Olinda, 2010
1. INTRODUÇÃO
Um estudo feito pelo Instituto de Soluções de Internet para Crianças, nos EUA, e
publicado na revista Pediatrics (2009), aponta que aqueles que navegam por sites com
conteúdo violento têm mais tendência de adotar esse tipo de perfil. Foi analisada a
relação entre a violência na mídia e comportamentos agressivos (como atirar em
alguém, por exemplo) em quase 1.600 adolescentes. A cada site violento visitado, o
risco de comportamento agressivo aumentava em 50%. Aqueles que admitiram acessar
páginas em que pessoas reais lutavam e atiravam em outras eram cinco vezes mais
propensos a desenvolver essa postura.
Além de todos os fatores externos e ambientais, a genética pode estar por trás da
agressividade juvenil. Mas isso não significa que as pessoas já nasçam violentas. Uma
analogia explica como funciona essa questão. Imagine um revólver. A genética é à bala
e o meio ambiente é aquele responsável por puxar o gatilho. Isso significa que, caso a
arma não esteja carregada (informação genética), não é possível atirar. Da mesma
maneira, o revólver pode continuar sem uso se ninguém puxar o gatilho (influência do
meio).
A verdade é que há diversas razões para que isso aconteça. Não é apenas um
motivo ou situação que desencadeia a agressividade nesses adolescentes. "A violência é
um fenômeno de múltiplas causas", define Rose Miyahara (2009), coordenadora do
Centro de Referência às Vítimas de Violência do Instituto Sedes Sapientiae. "Pais
violentos, privações materiais ou afetivas, valores culturais que induzam à
discriminação e ao preconceito estão associados e resultam nesse tipo de
comportamento", completa.
Este trabalho tem como principal objetivo verificar elementos que contribuam
para o comportamento agressivo de adolescentes. Temos como objetivos específicos:
Identificar possíveis expressões de agressividade apresentada pelos adolescentes no seu
meio social e identificar se a ausência dos pais influencia na agressividade do
adolescente. O objeto de nossa pesquisa é a indagação: Será a manifestação de
agressividade no comportamento do adolescente resultado, principalmente, das
influências do meio social e da ausência dos pais? Sendo a hipótese: A influência do
meio e a ausência dos pais podem acarretar o surgimento de comportamento agressivo.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Autores da linha psicanalítica (Chess & Hassibi, 1982; Osório, 1982) tentaram
identificar aspectos determinantes da agressividade na adolescência. Alguns consideram
que o problema acontece devido a uma carência emocional experimentada pela criança
que se sente ferida; outros acreditam que a criança não teve fixado os seus limites.
Perceberam que crianças e adolescentes em desvantagem, expostos ao abandono, morte
ou doença dos pais, ou submetidos à intensa ansiedade gerada pelo ambiente das ruas,
podem apresentar conduta agressiva (Fagan & Wexler, 1987). Quando os pais ferem-se
mutuamente, abandonam as famílias ou ameaçam suicidar-se, a ansiedade dos filhos é
esmagadora. Eles podem desenvolver um padrão crescentemente agressivo em suas
relações familiares, escolares e sociais (Wolff, 1985). Foi encontrada associação entre
privação emocional na infância, agressão física entre os pais, depressão materna,
quebra precoce do vínculo mãe-filho, negligência ou rejeição materna, número elevado
de substitutos maternos, abuso físico e sexual e conduta violenta em adolescentes
(Forchand, 1991; Assis, 1991). Histórias de abuso físico e sexual têm sido relatadas por
adultos e adolescentes que apresentam auto-imagem negativa, dificuldades de
relacionamento e vazão inapropriada de impulsos agressivos (Dodge et al., 1991; Gil,
1990; Oates, 1984; Blomhoff et al., 1990).
O trabalho de Barr e Hayne (2003) mostra que, apesar da interação social com os
pais e outros adultos significantes facilita o curso do desenvolvimento cognitivo durante
a infância, os adultos não são os únicos responsáveis por esses efeitos da experiência
social infantil. Alguns estudos têm demonstrado que crianças muito jovens podem
adquirir uma vasta gama de novos comportamentos simplesmente observando e
repetindo ações dos outros (Barr & Hayne, 2003). No estudo de Barr e Hayne (2003),
crianças de 12 a 18 meses aprenderam de um a dois novos comportamentos por dia,
simplesmente imitando comportamentos. As crianças que tinham irmãos mais velhos
imitaram outras crianças com maior freqüência e imitaram mais ações de “brincadeira
turbulenta” e “ações simbólicas” (pretend actions). Estes resultados, segundo os
próprios autores, demonstram consistência com o trabalho de Vygotsky (1978) e Piaget
(1962), ao ressaltarem a importância da mediação de outro sujeito que se encontra em
fase mais avançada de desenvolvimento (Barr & Hayne, 2003; Oliveira, 1993). Então é
possível que o contato com figuras significativa possam levar o adolescente a externar
comportamentos agressivos.
Neste tema tão complexo e sujeito a vieses, fica difícil explicitar até onde os
adolescentes estão exteriorizando uma conduta 'agressiva' como uma reação de defesa à
violência estrutural da sociedade, ou quando há uma intenção deliberada de infligir dano
ou sofrimento a outrem. O comportamento agressivo dos adolescentes certamente está
articulado com as múltiplas formas de violência, explícitas ou não.
Para prevenir tais comportamentos por parte dos adolescentes, os pais podem (e
devem) tomar algumas atitudes. O ideal é estabelecer limites (com autoridade, e não
autoritarismo) desde pequeno. "Saber dizer não na hora certa e da forma correta é a
chave para impor regras de maneira que o eles tenham respeito pelos pais e não se
revoltem. Isso não significa que os pais devem ser contrários a tudo, o que os tornaria
excessivamente comportados e reprimidos. Para os filhos, liberdade em excesso é
sinônimo de falta de carinho e perceber que não estão sendo cuidados e amados por seus
pais e cuidadores pode gerar uma grande frustração no adolescente levando-o a deslocar
sua frustração para o comportamento agressivo.
A APA relata que programas infantis têm vinte cenas violentas a cada hora,
permitindo que crianças que vêem muita TV pensem que o mundo é um lugar perigoso;
crianças e adolescentes podem, provavelmente, se comportar de maneira agressiva ou
nociva em relação aos outros, ou seja, comportam-se de maneira diferente após
assistirem a programas violentos em TV. Além disso, crianças que assistem desenhos
animados, mesmo considerando-os engraçados, têm maior probabilidade de bater em
seus companheiros de jogos, desobedecerem a regras, deixar tarefas inacabadas, e estão
menos dispostas a esperar pelo que desejam, do que as que não assistem a programas
violentos.
Todo o espaço dado a mídia pode ter sua origem, em alguns casos, no pouco
tempo que os pais dispensam para os filhos. Segundo Nikaedo (2009), nos dias atuais os
pais têm menos tempo disponível para seus filhos, o que gera sentimento de culpa. Para
compensar suas ausências, muitas vezes, agem de forma extrema, permissiva, ou são
exigentes demais e tornam os poucos momentos de união cheios de cobranças. O
professor de medicina comportamental da Universidade federal de São Paulo (unifesp),
Geraldo Possendoro (2009), chama a atenção para atitude que alguns pais têm em
ralação aos filhos: “Cada vez menos dizem ‘não’. A família não estabelece limites, da
infância à adolescência”.
Outro fator a ser considerado que tem sido alvo de muitos estudos é o
relacionamento do nível sócio-econômico baixo com desenvolvimento de problemas
de conduta. Um desses estudos observou que alta porcentagem de crianças agressivas,
de pouca idade, pertencia a um nível social mais baixo. Em contrapartida, a evolução
dessas crianças não guardava nenhuma relação com o nível socioeconômico
(McFadyen-Ketchum, Bates, Dodge e Pettit, 1996). As brigas e lutas corporais na
meia infância ocorrem mais entre crianças que provêem de ambientes mais
desfavorecidos economicamente, e as classes sociais mais baixas tendem a
desenvolver vínculos mais desorganizados (Haapasalo e Tremblay, 1994). O fato de
pertencer a classes sociais desfavorecidas não implica, por si mesmo, no
desenvolvimento de problemas de conduta. São os fatores associados a esta condição
que determinam o desenvolvimento de condutas desadaptadas e, entre esses fatores
podem ser citadas as mudanças mais freqüentes de domicilio, as disputas
matrimoniais, história de alcoolismo, poucas habilidades sociais, métodos coercitivos
mais violentos, a necessidade da mãe (algumas solteiras) trabalhar para ajudar nas
despesas da família ou mesmo para sustentá-la, se ausentando a maior parte do tempo
de casa, etc.. Deve-se ter em conta, além disso, que estes fatores diferem de uma
família para outra, de forma que, nem todas as famílias pertencentes a uma classe
social mais baixa se caracterizam pelos mesmos padrões de conduta.
METODOLOGIA