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Fichamento - DIALÉTICA DA MALANDRAGEM

Antônio Candido
§1 – 3. Apresentação das 3 teorias da fortuna crítica de “Memórias de um
Sargento de Milícias” de Manuel Antônio de Almeida.
1894 – José Veríssimo: realismo antecipado.
1941 – Mário de Andrade: continuador atrasado do romance marginal.
1956 – Darcy Damasceno: romance de costumes.
§4. Objetivo do texto: caracterizar uma modalidade peculiar que apresenta-se
no livro.
I. Romance Picaresco?
Não, pois Leonardo não é o narrador principal, sob o qual o mundo
fictício se edifica. A óptica do mundo não é dependente de Leonardo, como era
comum do estilo picaresco.
Sim, pois tem origem humilde e irregular (filho de um beliscão e uma
pisada). Mas não, pois ele não é diretamente confrontado com a realidade: é
apadrinhado e somem todas as “desculpas” da necessidade material que
justificam as picardias.
Não, pois enquanto o “pícaro” se refere à servilidade (e os romances
espanhóis mostram a sociedade nesse processo de servilidade ambulante) e
Leonardo mostra-se longe da condição servil.
Não, pois os pícaros espanhóis são títeres de uma causalidade externa,
sob a forma do destino, enquanto Leonardo (apesar de sujeito à esta
alternância) nada aprende (não é configurado pelo destino).
Não, o romance tem vocabulário limpo (e não chulo).
Não, pois tem campo restrito, não abrange toda a sociedade.
II. Romance Malandro.
Pois Leonardo gosta do jogo da astúcia, do trickster, em declinação da
simplicidade do pícaro.
Sua natureza folclórica: “Era no tempo do Rei” suscita um sentimento de
conto de fadas, de contos da Disney (envolto de fadas, padrinhos e vilões).
Veja-se a figura do Major Vidigal (inimigo, estraga-prazeres) e da estrutura
“Leonardo Pai e Leonardo Filho” dos modelos populares.
Seu jeito arquetípico: a redução constante das individualidades às
figuras universais, como Leonardo Pataca que vira o “bobalhão” e “amoroso
desastrado”.

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