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RESUMO
O objetivo do presente estudo foi analisar os motivos para a prática de exercício
físico com e sem o auxílio de um personal trainer e comparar o perfil motivacional
destes praticantes conforme o sexo. Participaram da pesquisa 32 indivíduos, sendo
18 praticantes sem o auxílio de um personal trainer (9 mulheres e 9 homens) e 14
praticantes com o auxílio de um personal trainer (8 mulheres e 6 homens), com
idades entre 18 e 65 anos. Para avaliação dos motivos para a prática do exercício
físico recorreu-se a versão Portuguesa do questionário Exercise Motivation Inventory
(EMI-2), tendo-se verificado a sua validade de construto através de análises fatoriais
confirmatórias a cada um dos 10 fatores. Os principais resultados revelaram
diferença entre os motivos de maior prevalência para a prática do exercício físico,
sendo que diversão e bem-estar é o motivo mais importante para os indivíduos que
treinam sem o auxílio de um personal trainer, enquanto que prevenção da doença é
o motivo que mais importa aos praticantes de exercício físico que recorrem ao
auxílio de um personal trainer.
Palavras-chave: Motivação; Exercício; Educação Física e Treinamento.
ABSTRACT
The aim of this study was to analyze the reasons for physical exercise with and
without the aid of a personal trainer and compare the motivational profile of these
practitioners as sex. The participants were 32 individuals, 18 practitioners without the
aid of a personal trainer (9 women and 9 men) and 14 practitioners with the help of a
personal trainer (8 women and 6 men) aged between 18 and 65 years. To evaluate
the reasons for the practice of physical exercise appealed to the Portuguese version
of the questionnaire Exercise Motivation Inventory (EMI-2), having checked its
construct validity through confirmatory factor analysis for each of the 10 factors. The
main results revealed differences between the most prevalent reasons for the
practice of physical exercise, and fun and well-being is the most important reason for
individuals who train without the aid of a personal trainer, while disease prevention is
1
Acadêmico do Curso de Educação Física da Universidade Luterana do Brasil/ULBRA – Campus Gravataí.
Rua Manoel Maciel, 98 - Centro – Viamão/RS – CEP: 94410-280.
Correio eletrônico: leonardo.andrade91@gmail.com
2
Mestre em Saúde Coletiva, professora do Curso de Educação Física da Universidade Luterana do Brasil/ULBRA
– Campus Gravataí.
Avenida Itacolomi, 3.600 – Bairro São Vicente – Gravataí/RS – CEP: 94155-052.
Correio eletrônico: simonekleinrs@yahoo.com.br
3
Doutor em Ciências do Movimento Humano, professor dos Cursos de Educação Física e Medicina da
Universidade Luterana do Brasil/ULBRA – Campus Canoas.
Avenida Farroupilha, 8001 prédio 55 – Bairro São José – Canoas/RS – CEP: 92425-900.
Correio eletrônico: dcgarlipp@gmail.com
the reason matters most to exercise practitioners who seek assistance of a personal
trainer.
Keywords: Motivations; Exercise; Physical Education and Training.
INTRODUÇÃO
É incontestável os benefícios do exercício físico para a saúde (ACSM, 2013),
mesmo assim, percebe-se que cerca de 30% da população mundial, ainda está
inativa nos países industrializados e em desenvolvimento. No Brasil, por exemplo,
este índice é ainda maior, chegando à expressiva marca de 49% (HALLAL et al.,
2012).
Conforme Moutão (2010), a promoção da saúde passa através da prática de
exercícios físicos, que junto deles acompanham inúmeros benefícios, como maior
redução de gordura subcutânea e visceral, melhora do capacidade
cardiorrespiratória, da sensibilidade à insulina e metabolismo da glicose, melhora do
perfil lipídico (aumento do HDL e redução do LDL e colesterol total) entre outros
(ACSM, 2009), e pelo conhecimento de suas determinantes, sendo uma delas a
motivação. Na área da psicologia aplicada ao exercício físico, a motivação é um dos
assuntos que mais tem produzido trabalhos científicos (BIDDLE, MUTRIE, 2001).
Isto se deve a energia e vontade que é encontrada em uma pessoa motivada,
atuando como um verdadeiro diferencial para a realização de exercícios físicos
(SAMULSKI, 2002; WEINBERG, GOULD, 2007).
O profissionais de Educação Física devem adequar os planejamentos
conforme objetivo do aluno, garantindo assim a adesão à prática (REIS, SALLIS,
2005).Essa prática pode ocorrer em uma academia, que se define como centros de
condicionamento físico que criam o ambiente e a orientação para a execução de
programas de exercícios físicos (ROJAS, 2003), podendo também contar com o
auxílio de um personal trainer, que é um profissional graduado em Educação Física
responsável pela elaboração das aulas respeitando a individualidade de cada
indivíduo. Para Sanches (2006), a figura do personal trainer surgiu como provedor
do exercício físico para a saúde. Um dos estudos brasileiros que procurou identificar
os motivos que levam à prática do exercício físico em academias foi realizado por
Balbinotti et al. (2011), porém o estudo não levou em consideração a população que
procura o auxílio de um personal trainer.
Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi identificar os motivos para a
prática de exercício físico em contexto de academia, com ou sem o auxílio de um
personal trainer.
METODOLOGIA
O presente estudo é do tipo descritivo e comparativo, com análise de corte
transversal. A amostra contou com 32 alunos, acima de 18 anos de idade, de ambos
os sexos, que frequentavam regularmente as aulas, realizando no mínimo duas
sessões de treino por semana. A amostra contou com dois grupos, sendo que
somente um deles contava com o auxílio de personal trainers. A seleção da amostra
foi realizada através de sorteio, e contou com 18 praticantes que utilizam a
academia sem o auxílio de personal trainers (9 homens e 9 mulheres) e 14
praticantes com personal trainer (8 homens e 6 mulheres).
Para avaliar os motivos de prática de exercícios físicos foi utilizado o questionário
Exercise Motivation Inventory (EMI-2) desenvolvido por Markland e Ingledew (1997).
Esse instrumento categoriza os motivos para a prática de exercícios físicos em 10
fatores distintos (estresse, revitalização, prazer, desafio, reconhecimento social,
socialização, competição, saúde, doença, manter-se saudável, peso, aparência,
força e resistência e agilidade). As respostas obedecem a uma escala do tipo Likert
de 6 pontos, em que “zero” significa “nada para mim” e “cinco” significa
“completamente verdadeiro para mim”. A importância de cada motivo para a prática
do exercício físico é dada através da soma das respostas obtidas nos respectivos
itens, sendo o valor do motivo determinado pelo maior ou menor escore. A
fidedignidade e validade do questionário em questão foram demonstradas em
diferentes culturas como a inglesa (MARKLAND e INGLEDEW, 1997) a portuguesa
(ALVES e LOURENÇO, 2003) e a espanhola (CAPDEVILA, NINEROLA, PINTANEL,
2004), permitindo a comparação dos resultados obtidos com os de outros países.
Para além do EMI-2, foi realizada uma anamnese, a fim de se identificar:
idade, nível de escolaridade, tempo de prática, sexo, utilização ou não de personal
trainer, além da quantidade e número de horas semanais de treinamento.
Para a estatística descritiva utilizou-se os valores da média e desvio-padrão.
Para a estatística inferencial, quando a distribuição se apresentou normal, foi
utilizado o teste t para amostras independentes. Todavia, quando a amostra não
apresentou normalidade, foi utilizado o teste de Mann-Whitney. O nível de
significância adotado foi de 5%. Todas as análises foram realizadas no SPSS for
Windows 20.0.
RESULTADOS
A amostra foi composta por 32 alunos, em que a maioria dos avaliados,
praticam exercícios físicos regulares a mais de dois anos. Referente a escolaridade
foi verificado que apenas um aluno não tinha o ensino fundamental completo.
Foi possível identificar que tanto aqueles que possuíam o auxílio de um
personal trainer, como os que não possuíam tal auxílio, não apresentam um único
motivo ou fator motivacional para aderirem ao exercício físico (tabela 1). O principal
motivo que leva os investigados à prática de exercícios mesmo sem o auxílio de
personal trainer foi diversão e bem-estar, ficando o reconhecimento social como
sendo o motivo de menor interesse. Já para o público que pratica exercícios
acompanhados de um personal trainero principal motivo foi a prevenção de
doenças, ficando o motivo reconhecimento social como o motivo de menor
interesse.
Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os dois
grupos no fator competição (p=0,017), sendo que aqueles que treinam sem o
auxílio de um personal trainer apresentaram maior média.
Tabela 1 -Análise comparativa dos motivos para a prática do exercício físico com e
sem o auxílio de um personal trainer.
Com auxílio dePersonal Sem auxílio dePersonal
Trainer Trainer
Fator
Desvio- Desvio-
Média Média
padrão padrão
DISCUSSÃO
Esta pesquisa utilizou questionário internacional EMI-2, que possibilita
comparação dos resultados obtidos em outras culturas, por se apresentarem
fidedignos e válidos nas mesmas e por avaliar 10 motivos associados à prática do
exercício físico, tendo mais dimensões avaliadas pelo inventário de abrangência
nacional IMPRAF-126, o único instrumento ao qual temos conhecimento, ser
validado no Brasil.
Sendo assim, praticante de exercícios físicos demonstram diferentes tipos de
motivações, tanto para iniciar uma atividade física como para se manter aderido a
ela (WEINBERG, GOULD, 2010). A procura pelo auxílio de um personal trainer pode
ser motivada pela busca de uma maior segurança na prática de exercícios físicos;
pela busca de um treinamento individualizado; pelo aumento do compromisso em
realizar os exercícios na hora e data combinada, dentre outros. Todavia, a procura
por tal profissional pode ser dificultada, muitas vezes, pelo alto custo do serviço
proposto. Dentro desse cenário, o presente estudo buscou identificar se, pessoas
que treinam com o auxílio de um personal trainer apresentam motivos diferentes
daqueles que treinam sem a presença desse profissional.
Os fatores que apresentaram maiores médias foram diversão e bem-estar
para o grupo que treina sem o auxílio de um personal trainer e prevenção de
doenças para o grupo que treina com o auxílio de um personal trainer. Estes
resultados diferem dos achados de Liz et al.(2010), sobre adesão à prática de
exercícios físicos em academias, onde os motivos mais citados para a adesão foram
saúde e estética. Talvez pelo tempo de prática em que se encontra a amostra deste
estudo, a aparência física não veio em primeiro plano, pois os alunos já possuem
uma percepção do exercício que vai além dos fins estéticos. Já os motivos
“reconhecimento social” e “competição” foram considerados como menos
importante, em ambos os grupos, indo ao encontro dos resultados encontrados em
outros estudos, com populações diversificadas (ALVES et al., 2007; JACINTO, 2010;
LEGNANI, 2009; LOURENÇO, 2002).
Devido a apenas dois fatores controle de estresse e diversão e bem-estar
entre 10 possíveis, apresentar diferenças estaticamente significativas entre os
sexos, estes resultados apontam a uma semelhança nos motivos para a prática do
exercício físico entre praticantes do sexo masculino e feminino, indo de encontro aos
resultados deoutros estudos (BALBINOTTI et al., 2011; BALBINOTTI, CAPOZZOLI,
2008; MONTEIRO et al., 2010).
Estes resultados levam a especular sobre a existência de uma base comum
de motivação associada para a pratica de exercícios físicos com ou sem o auxílio do
personal trainer, que se justifica pelo simples fato de ambas terem o mesmo
propósito de melhorar a saúde.
Na análise comparativa entre sexos, e considerando que os praticantes tem o
auxilio do personal trainer, verifica-se que os praticantes do sexo masculino
consideram maior importância aos motivos afiliação, reconhecimento social e
condição física, comparativamente aos praticantes do sexo feminino, os quais deram
comparativamente mais importância a aparência física, controlo do peso corporal e
competição.
CONCLUSÃO
Os dados obtidos revelam que os praticantes de exercício físico com ou sem
o auxílio de um personal trainer não apresentam apenas um único motivo ou fator de
motivação. Para aqueles indivíduos que treinam com o auxílio de um personal
trainer, a prevenção de doenças e a condição física são os motivos mais importantes
para a prática, enquanto que para aqueles indivíduos que treinam sem o auxílio de
um personal trainer, diversão e bem-estar e prevenção da doença são os motivos
mais importantes.
Levando em conta os dados obtidos, os profissionais de Educação Física
atuantes em academias ou como personal trainer, devem estar atentos aos motivos
supracitados como mais importantes para prática do exercício físico, buscando
qualificação, formação e entendimento desde processo educativo.
REFERÊNCIAS
ACSM. Manual de Recursos para Diretrizes para Teste de Esforço e
Prescrição ( 7th ed . ) .Baltimore : Lippincott Williams & Wilkins; 2013.
LIZ, C. M., CROCETTA, T. B., BRANDT, R., & ANDRADE, A. Adesão à prática
de exercícios físicos em academias de ginástica. Motriz, Rio Claro, v.16, n.1,
p.181-188, jan./mar. 2010.