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AULA 5

FUNDAMENTOS DE SISTEMAS
DE CONTROLE

Prof. Alexandre Arioli


 

CONVERSA INICIAL 

Caro aluno, seja bem-vindo à quinta aula de Fundamentos de Sistemas de


Controle. Nesta aula, abordaremos os meios físicos de comunicação serial RS232
e RS485. Você conhecerá o meio físico de comunicação ethernet. Analisaremos
as topologias de redes ethernet utilizadas no mercado, bem como a forma de

implementação do diagnóstico de rede que resulta em uma maior disponibilidade


da rede, otimização tempo de diagnóstico e correção do problema. Neste
contexto, a ideia é que, ao final da aula, você tenha uma boa noção dos tipos de
meio físicos em que os protocolos podem ser utilizados para a automação de um
processo.

CONTEXTUALIZANDO 

Os controladores lógicos programáveis podem ser interligados para troca


de dados utilizando vários meios físicos, sendo ele serial ou ethernet. De todas as
tecnologias associadas ao controle industrial, as redes de comunicação são as
que sofreram maiores evoluções na última década, seguindo, aliás, a tendência
global de evolução das comunicações que se tem vindo a sentir. Isso ocorre
praticamente em todos os ramos de atividade, desde as telecomunicaç
telecomunicações
ões móveis
à Internet e à comunicação sem fios (wireless) etc. A utilização das redes permite
a comunicação rápida e fiável entre equipamentos e o uso de mecanismos
padronizados, que são, hoje em dia, fatores indispensáveis no conceito de
produtividade industrial. Vamos, então, entender um pouco sobre os meios físicos
e as topologias de comunicação que podem ser utilizadas na automação
industrial.

TEMA 1 – COMUNICAÇÃO SERIAL RS232


1 – COMUNICAÇÃO

A comunicação RS232
comunicação RS232 era muito utilizada para comunicação entre
computadores e periféricos, sendo a forma mais popular de comunicação entre
um CLP
um CLP (controlador lógico programável) e um dispositivo externo. Nesta aula,
vamos desvendar cada parte desta comunicação,
comunicação, a fim de mostrar o quão simples
ela pode ser quando realmente temos o entendimento de como ela é estruturada

(Silveira, 2017a).
As comunicações RS232 utilizam linhas separadas para enviar e receber
dados. Elas são conhecidas como TX para transmissão e RX para recepção.

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Essas comunicações também podem utilizar outras linhas, a exemplo de


CTS e CTR, para clear to send (pronto para enviar) e clear to receive (pronto para
receber), como controle de tráfego. Há uma série de parâmetros utilizados, como
largura da banda (velocidade de comunicação), o número de bits por caractere (7
ou 8), se será utilizado um bit de parada ( stop bit) ou se as linhas empregadas
serão CTS ou CTR. Os sinais RS232 são o padrão adotado entre terminais de
computadores e as plataformas de controle de fabricantes. Uma porta serial de 9
pinos é frequentemente incluída em computadores ou em sistemas de controle, o
que a torna uma ferramenta conveniente para carregar programas dentro de
dispositivos de controle. As linhas TX e RX podem se conectar nas extremidades
de um mesmo pino (ligação direta) ou podem se conectar como RX-TX e TX-RX
(ligação cruzada) (Lamb, 2015).

Figura 1  – Pinagem conector DB9

Fonte: Lamb (2015).

Figura 2  – Ligação direta TX/RX

Fonte: Lamb (2015).

Figura 3  – Ligação cruzada TX/RX

Fonte: Lamb (2015).


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A porta serial opera ligando alguns pinos enquanto desliga outros, e cada
um destes pinos possuem uma finalidade específica. A porta serial, por sua vez,
possui 2 tipos (9 pinos ou 25 pinos). Abaixo, podemos ver uma figura com os 2
tipos (Silveira, 2017a).

Figura 4  – Tipos de Conectores RS232 (Web Rs 232)

Fonte: Silveira (2017a).

Na tabela a seguir, podemos ver a finalidade de cada pino nos 2 diferentes


conectores na comunicação RS232.

Tabela 1  – Pinagem RS232

9 Pinos 25 Pinos Finalidade

1 1 Terra ou GND do Chassi do Dispositivo

2 3 Recepção de Dados (RD)

3 2 Transmissão de Dados (TD)


4 20 Terminal de Dados Pronto (Ready) (DTR)

5 7 Terra ou GND do Sinal

6 6 Conjunto de Dados Pronto (Ready) (DSR)


7 4 Requisição para Enviar (RTS)
8 5 Limpar para Enviar (CTS)

9 22 Indicador de Campainha (RI) *somente para modens


Fonte: Silveira (2017a).

A seguir, será apresentada a descrição de cada pino de acordo com Silveira


(2017a):

   Terra ou GND do C
Chassi
hassi do Dispositiv
Dispositivo
o  –  Este pino deve ser ligado

internamente ao chassi ou à carcaça do dispositivo;


   Recepção de Dados (RD)  – Este é o pino no qual os dados do dispositivo
externo entram no CLP, por exemplo;
04
 

  Transmissão de Dados (TD)  – Utilizando o exemplo acima, este é o pino


no qual os dados da porta serial do CLP deixam esta porta rumo ao
dispositivo externo;
  Terminal de D
Dados
ados Pronto (Ready) (DTR)  –  Este é o pino de controle
master para os dispositivos externos. Quando ele está ligado (1), o
dispositivo externo não pode transmitir ou receber dados;
  Terra ou GND do Sinal  – Como o próprio nome diz, este pino é onde deve
ser ligado o fio de aterramento;
  Conjunto de Dados Pronto (Re
(Ready)
ady) (DSR
(DSR))  – Tipicamente, os dispositivos
externos possuem este pino permanentemente desligado “0”, sendo que
um CLP basicamente utiliza este pino para determinar se o dispositivo
externo está ligado e pronto para comunicação;
  Requisição para Enviar (RTS)  –  Este é basicamente um pino para
negociação. Quando o CLP precisa enviar dados para um dispositivo
externo, ele seta este pino em “0” e diz “Estou querendo enviar dados para
você, ok?”. O dispositivo externo, então, diz Ok para o CLP enviar os dados,
setando o pino CTS (limpar para enviar) em “0”. O CLP envia os dados.
  Limpar pa
para
ra Env
Enviar
iar (CTS)  –  Este é o outro lado da negociação. Como
observado acima, o dispositivo seta este pino em “0” quando ele estiver
pronto para receber os dados;
  Indicador de Ca
Campainha
mpainha (RI
(RI)) *some
*somente
nte para modens  – Este pino é utilizado
apenas quando o CLP está conectado em um modem.
Para a transmissão de dados via RS232, é necessário que alguns

parâmetros sejam configurados, sendo eles:


  Start Bit  – Em RS232, a primeira coisa que precisamos enviar é o start bit.

O start bit foi inventado na primeira guerra mundial por Kleinschmidt, é um


bit de sincronização adicionado justamente antes de cada caractere que
nós enviamos. Ele é considerado um espaço (SPACE) ou voltagem
negativa ou 0.
  Stop Bit  – A última coisa que enviamos é chamado de stop bit. Este bit nos
diz que o último caractere foi enviado e devemos pensar nisso como um
ponto final do caractere. É chamado de MARK, ou tensão positiva, ou 1. Os
Start e Stop bit são comumente chamados de framing  bits devido ao fato
de cercarem o caractere que está sendo enviado.

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  Parity Bit  –  Como a maioria dos CLPs e dispositivos externos são
orientados por byte (8 bits = 1 byte), parece natural tratar dados como
bytes.
Embora o ASCII seja um código com 7 bits, raramente ele é transmitido
desta forma. Tipicamente, o bit 8 é utilizado como um bit de paridade ou, em outras
palavras, como checagem de erro. O método de checagem de erro recebeu este
nome baseando-se na ideia de paridade na matemática. Em termos simples,
paridade significa que todos os caracteres terão um número par de 1’s, ou número
ímpar de 1’s.  Exemplos comuns de formas de paridade são: None (Nenhum),
2017a). 
Even (Par) e Odd (Ímpar) (Silveira, 2017a). 
Durante a transmissão na RS232, o emissor calcula o bit de paridade e o
envia. O receptor, por sua vez, calcula a paridade para os 7 bits do caractere
recebido e compara o resultado calculado com o bit 8 recebido. Se o valor
calculado for igual ao real, é sinal de que nenhum erro ocorreu, e a transmissão
segue normalmente. O método da paridade é muito popular, o motivo disso se dá
pelo fato de ele ser efetivo somente em partes. Explicando melhor, a paridade
pode encontrar erros que somente afetam números ímpares de bit, portanto, se
esses erros ocorrerem em números pares de bits (2, 4 ou 6), o método não é
eficaz. Tipicamente, segundo Silveira (2017a), os erros são causados por ruídos
que raramente afetam somente 1 bit e, para tratar isto, podem ser utilizados blocos
de checagem em redundância:

  Baud Rate  – Consideremos o baud rate como referência ao número de bits


por segundo a ser transmitido. Então, 1200 significa 1200 bits enviados por

segundo, e 9600 significa que podem ser enviados 9600 bits a cada
segundo. As velocidades comuns que podem ser configuradas no RS232
são: 1200, 2400, 4800, 9600, 19200 e 38400.
  Formato de Da
Dados
dos (RS23
(RS2322 Data Format)  – (baud rate-data bits-parity-stop
bits). Este é o formado de dado típico na comunicação RS232. Por
exemplo: 9600-8-N-1 significa um baud rate de 9600, 8 data bits, paridade
None e stop bit “1”. 

TEMA 2
2 –  RS485 E 422
 – RS485

As comunicações RS422 e RS485 usam um par de fios trançados para


transportar sinais de transmissão e de recepção de forma bidirecional. Não é

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necessário utilizar fios de par trançado, mas eles ajudam no controle de


interferências (Lamb, 2015).
O RS422 ou RS485 pode ser usado em distâncias e velocidade de dados
bem maiores do que o RS232, pois precisa de uma baixa tensão. O RS422 é uma
configuração do tipo multiponto, enquanto o RS485 utiliza uma configuração
multiponto ou em cascata (Daisy-chaim). Geralmente, essas comunicações são
chamadas de sinalização balanceada ou diferencial. Em longas distâncias, o
RS422 e o RS485 precisam de terminação em ambas as extremidades (Lamb,
2015).

2.1 Topologia de Rede RS485

A RS485 é a única interface capaz de iinterconectar


nterconectar múltiplos transmiss
transmissores
ores
e receptores na mesma rede. Quando utilizados receptores no padrão RS485 com
a resistência de entrada de 12kΩ,  é possível conectar até 32 dispositivos
diferentes na rede, sendo que resistores com alta resistência disponíveis
atualmente no mercado permitem que a RS485 expanda até 256 dispositivos.
Ainda nesta comunicação, repetidores também estão disponíveis e fazem
este número crescer para milhares de dispositivos por milhares de quilômetros.
Outro ponto importante é que esta interface não requer um hardware inteligente
na rede, e a implementação pelo lado do software não é muito complexa se
comparada à RS232. Esta é uma razão pela qual a RS485 é tão popular nos
computadores industriais, CLP
industriais, CLPs,
s, microcontroladores ee sensor 
 sensor es
es inteligentes
(Silveira, 2017b).

2.2 Funcionalidade RS485

Por padrão, todos os barramentos dos transmissores na RS485 estão em


três estados com alta impedância. Na maioria dos protocolos de alto nível, um dos
nós é definido como master, pois envia consultas ou comandos por meio do
barramento RS485 e todos os outros nós recebem este dado. Dependendo da
informação contida no dado, zero ou mais nós na linha respondem ao master.
Nesta situação, a banda de rede pode ser utilizada 100%. Existem outras
implementações de rede RS485 em que todos os nós podem iniciar uma sessão

de dados por si próprios, e isto é comparado a uma rede ethernet. Por conta disso,
há uma chance de colisão de dados nesta implementação e, em teoria, 37% da
largura de banda pode ser afetada. Para esta estrutura de rede, portanto, há a
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necessidade de implementar dispositivos de detecção de erro no nível mais alto


do protocolo a fim de detectar ruptura de dado e reenvio da informação em tempo
(Silveira, 2017b).
Finalmente, a RS485 é utilizada como o meio físico para muitas normas de
interface ouprotocolos
ouprotocolos bem conhecidos no mercado, incluindo profibus e modbus.
Portanto, essa interface de comunicação com certeza estará em uso por muitos
anos no futuro (Silveira, 2017b).

Figura 5  – Rede RS485

Fonte: Silveira (2017b).

08
 

2.3 RS485 X 232

Tabela 2  – RS485 x RS232

Característic as RS2
RS232
32 RS4
RS485
85

Número Máximo de Transmissores 1 32

Número Máximo de Receptores 1 32


half duplex
Modos de Operação half duplex
fullduplex

point-to-
Topologia de Rede multipoint
point

Máxima Distância 15 m 1200 m

Velocidade Máxima a 12 metros 20 kbs 35 Mbs

Velocidade máxima a 1200 metros (1 kbs) 100 kbs

Taxa de Variação Máxima 30 V/μs  n/a

Resistência de Entrada do Receptor 3..7 kΩ  ≧ 12 kΩ 

Impedância de Carga do Transmissor 3..7 kΩ  54 Ω 

Sensibilidade de Entrada do Receptor ±3 V ±200 mV

Range de Entrada do Receptor ±15 V  –7..12 V

Máxima Tensão de Saída do Transmissor ±25 V  –7..12 V

Saída de Tensão Mínima do Transmissor ±5 V ±1.5 V


Fonte: Silveira (2017b).

O que todas as informações na tabela acima nos dizem? Primeiro de tudo,


a velocidade entre as interfaces RS422 e RS485 são muito superiores às versões
mais simples RS232 e RS423. Podemos ver, também, a máxima taxa de variação
na RS232, que interfere diretamente no ruído, e que, para a comunicação RS485,
este limite fica indefinido. Veja também que para evitar problemas por meio dos
cabos, existe a necessidade de utilizar resistores terminais corretos (Silveira,
2017b).
Perceptível também é que os níveis de tensão máximo permitidos em todas
as interfaces encontram-se no mesmo range, no entanto, este nível é menor para
interfaces mais rápidas. Por causa disso, a RS485 e outras podem ser utilizadas
em situações com variações severas de nível terra e tensão e, ao mesmo tempo,
em aplicações que requerem altas taxas de velocidade de transmissão devido ao

09
 

fato da transição entre a lógica 0 e 1 ser apenas algumas centenas de milivolts


(Silveira, 2017b).
Fato interessante é que a RS232 é a única interface capaz de operar
comunicação full duplex. Isto acontece porque a RS232 apresenta canal
apropriado para emitir e receber, enquanto outras interfaces de comunicação
possuem canais compartilhados por múltiplos receptores e, no caso da RS485,
por múltiplos transmissores (Silveira, 2017b).

TEMA 3 – COMUNICAÇÃO ETHERNET


3 – COMUNICAÇÃO

A ethernet é uma estrutura para a tecnologia de redes de computadores


que descreve desde a fiação até a sinalização de caracteres utilizados em uma
rede local. A mídia usada para o cabeamento na comunicação ethernet pode ser
em forma de par trançado e linhas de fibra óptica. Assim como os outros métodos
de comunicação citados neste documento, a ethernet somente descreve as
características
características físicas do sistema em termos de cabeamento e não o protocolo de
comunicação utilizado por meio dos fios e das fibras. Hoje, devido ao uso
generalizado da ethernet na computação
computação,, todos os computadores, controladore
controladoress
lógicos programáveis, relés de proteção entre outros dispositivos de automação
possuem porta ethernet. Os switches servem para conectar os equipamentos para
controlar dispositivos em configurações mais amplas. Existem dois tipos de
configuração direta do terminal para terminal, usado com switches, e outro
conhecido como cabeamento crossover, utilizado para conexão diretas de porta a
porta (Lamb, 2015).

Figura 6  – Configuração direta cabo de rede 

Fonte: Lamb (2015).

010
 

Figura 7  – Cabo de rede Crossover

Fonte: Lamb (2015).

As comunicações ethernet são bem mais velozes em comparação com as


comunicações seriais, transferindo uma grande quantidade de dados de forma
rápida. Aos dispositivos é atribuído um endereço único de fábrica chamado
Media Access Control.
endereço MAC, que é uma abreviação de  Esse MAC é um
endereço binário de 48 bits, usado geralmente para representar um número em
hexadecimal com traços, por exemplo, 12  – 3C – 6F – 0A  – 31 – 1B. Os endereços
devem, então, ser configurados para cada dispositivo em uma rede no formato de
“xxx.xxx.xxx.xxx”.  Eles podem ser configurados diretamente, por meio da entrada
dos dígitos em campos específicos para endereços, ou configurado de forma
automática por um servidor, utilizando o protocolo de configuração dinâmica de
endereços de rede o DHCP ( Dynamic Host Configuration Protocol). Os sistemas
de LANs utilizam o DHCP para evitar a duplicidade acidental de endereços. Uma

máscara de sub-rede também é usada para prevenir a interferência entre


diferentes redes conectadas (Lamb, 2015).

3.1 Endereçamento IP

Dentro de uma rede TCP/IP, cada micro recebe um IP único que o identifica
na rede. Um endereço IP é composto por uma sequência de 32 bits, divididos em
4 grupos de 8 bits cada. Cada grupo de 8 bits recebe o nome de octeto.

Figura 8  – Endereçamento IP

Fonte: O autor.

011
 

Perceba que 8 bits permitem 256 combinações diferentes. Para facilitar a


configuração dos endereços, usamos números
números de 0 a 255 para representar cada
octeto formando endereços como 220.45.100.222, 131.175.34.
131.175.34.7
7 etc.

Figura 9  – Configuração de IP em controlador lógico programável

Fonte: O autor.

3.2 Camadas de Rede

O TCP/IP é o conjunto de protocolos de comunicação usados pela Internet


e por outras redes similares. Essa coleção de padrões é denominada suíte de
protocolos da internet. O TCP/IP recebe o nome de dois dos seus protocolos mais
importantes: o protocolo de controle de transmissão (TCP, Transmission Control
Protocol) e o protocolo de internet (IP, Internet Protocol), que foram os dois
primeiros protocolos de rede definidos na norma. As redes IP atuais são resultado
de um conjunto de inovações que começaram nas décadas de 1960 e 1970. A
internet e as LANs começaram a aparecer na década de 1980 e evoluíram com o
aparecimento da World Wide Web (www) no início década de 1990 (Lamb, 2015).
A suíte de protocolos da internet pode ser vista como um conjunto de
camada de cabeamento e de sinais. Cada camada trata de um conjunto de
problemas inerentes à transmissão de dados. Os serviços são fornecidos para as
camadas superiores, pelas camadas inferiores, que traduzem os dados em formas
que podem ser transmitidas. O fluxo de dados transmitido é divido em seções
conhecidas como frames (quadros). Esses frames contêm os endereços de
origem e de destino, junto com os dados transmitidos e a informação de
012
 

verificação de erro. Isso permite que a informação seja transmitida, isto é, se for
detectado que ela é diferente da enviada originalmente. Os erros, em geral, são
causados pelas colisões de dados e exigem que os dados sejam transmitidos
novamente. Isso é mais comum à medida que mais dispositivos são colocados
em uma rede. Por conta de tal fato, a velocidade da rede é radicalmente diminuída
e nem sempre pode ser estimada de forma confiável. O padrão ethernet é
considerado um sistema de rede não determinístico e, por conta disso, não
adequado para controle direto de I/O (Lamb, 2015).

Figura 10  – Camada de rede 

Fonte: Lamb (2015).

TEMA 4 –
4 – TOPOLOGIA
 TOPOLOGIA DE REDES ETHERNET

A topologia de redes ethernet refere-se ao "layout físico" e ao meio de


conexão dos dispositivos na rede, ou seja, à forma como estes estão conectados.
Os pontos no meio (onde são conectados
conectados)) recebem a denominação de nós, sendo
que estes sempre estão associados a um endereço para que possam ser
reconhecidos pela rede.
São estruturas sofisticadas e complexas, que mantêm os dados e as

informações ao alcance de seus usuários. É a topologia de redes que descreve


como as redes de computadores, de controladores entre outros equipamentos
estão interligadas, tanto do ponto de vista físico, como o llógico
ógico (Macêdo, 2012).

013
 

Várias são as estratégias de topologia, embora as variações sempre


derivem de duas topologias básicas que são as mais frequentemente
empregadas: em anel e em estrela.

4.1 Anel

A topologia em anel utiliza, em geral, ligações ponto a ponto que operam


em um único sentido de transmissão. O sinal circula no anel até chegar ao destino.
Essa topologia é pouco tolerável à falha e possui uma grande limitação quanto à
sua expansão pelo aumento de “retardo de transmissão” (intervalo de tempo entre
o início e chegada do sinal ao nó destino) (Macêdo, 2012).
Como uma rede de barramento, os anéis também têm nós ligados em série.
A diferença é que a extremidade da rede volta para o primeiro nó e cria um circuito
completo. Em uma rede em anel, cada nó tem sua vez para enviar e receber
informações por meio de um token (ficha). O token, junto com quaisquer
informações, é enviado do primeiro para o segundo nó, que extrai as informações
endereçadas a ele e adiciona quaisquer informações que deseja enviar. Depois,
o segundo nó passa o token e as informações para o terceiro nó e assim por
diante, até chegar novamente ao primeiro nó. Somente o nó com o token pode
enviar informações. Todos os outros nós devem esperar o token chegar (Macêdo,
2012).
Na topologia em anel os dispositivos são conectados em série, formando
um circuito fechado (anel). Os dados são transmitidos unidirecionalmente, de nó
em nó, até atingir o seu destino. Uma mensagem enviada por uma estação passa
por outras estações, por meio das retransmissões, até ser retirada pela estação
destino ou pela estação fonte. Os sinais sofrem menos distorção e atenuação no
enlace entre as estações, pois há um repetidor em cada estação. Há um atraso
de um ou mais bits em cada estação para processamento de dados. Existe uma
queda na confiabilidade para um grande número de estações, pois, a cada
estação inserida, há um aumento de retardo na rede. É possível usar anéis
múltiplos para aumentar a confiabilidade e o desempenho (Macêdo, 2012).

  Vantagens:
  Direcionamento simples;
simples;
  Possibilidade de ter dois anéis funcionando ao mesmo tempo. Caso
exista falha em um, ocorrerá somente uma queda de performance.

014
 

  Desvantagens:
  Dificuldade de isolar a fonte de uma falha
falha de sistema ou de equipame
equipamento;
nto;
  Ampliação da rede, inclusão de novas estações
estações ou servidores implica na
paralisação da rede.

Figura 11  – Topologia de rede em anel 

Fonte: Macêdo (2012).

4.2 Estrela
A topologia em estrela utiliza um nó central (comutador ou switch) para
chavear e gerenciar a comunicação entre as estações. Esta unidade central
determina a velocidade de transmissão, como também converte sinais
transmitidos por protocolos diferentes. Neste tipo de topologia é comum acontecer
o overhead localizado, já que uma máquina é acionada por vez, simulando um
ponto a ponto (Macêdo,
( Macêdo, 2012).
Em uma rede em estrela, cada nó se conecta a um dispositivo central
chamado hub. O hub obtém um sinal que vem de qualquer nó e o passa adiante
para todos os outros nós da rede. Um hub não faz qualquer tipo de roteamento ou
filtragem de dados. Ele simplesmente une os diferentes nós (Macêdo, 2012).
Mais comum atualmente, a topologia em estrela utiliza cabos de par
trançado e um concentrador como ponto central da rede. O concentrador se
encarrega de retransmitir todos os dados para todas as estações, mas com a
vantagem de tornar mais fácil a localização dos problemas, já que se um dos
cabos, uma das portas do concentrador ou uma das placas de rede estiver com
problemas, apenas o nó ligado ao componente defeituoso ficará fora da rede.
Essa topologia se aplica apenas a pequenas redes, pois os concentradores
costumam ter apenas oito ou dezesseis portas. Em redes maiores, é utilizada a

015
 

topologia de árvore, em que existem vários concentradores interligados entre si


por comutadores ou roteadores (Macêdo, 2012).

  Vantagens:
 Facilidade de isolar a fonte de uma falha de sistema ou equipamento,
uma vez que cada estação está diretamente ligada ao concentrador
concentrador;;
  Facilidade de inclusão de nova estação na rede, bastando apenas
conectá-las ao concentrador;
  Direcionamento simples, apenas
apenas o concentrador tem esta atribuição
atribuição;;
  Baixo investimento
investimento a médio longo prazo.
  Desvantagens:
 Confiabilidade  – se houver uma falha no concentrador, no caso de redes
sem redundância, todas as estações perderão comunicação com a rede;
 Todo o tráfego flui por meio do concentrador, podendo representar um
ponto de congestionamento.

Figura 12  – Topologia de rede estrela 

Fonte: Macêdo (2012).

TEMA 5 –
5 – DIAGNÓSTICO
 DIAGNÓSTICO DE REDES DE COMUNICAÇÃO

Apesar do intenso investimento que se observou nos últimos anos na


melhoria de desempenho de sistemas de automação como um todo, é comum
encontrar casos em que estes não atendem às necessidades dos usuários finais.
É comum atribuir o desempenho de uma rede estritamente aos elementos que a
constituem, deixando à parte a interação entre eles. Normalmente, os sistemas

que fazem interface com o usuário final são taxados como responsáveis pelo mau
desempenho da rede como um todo, uma vez que todos os problemas culminam
na limitação da operabilidade destes. Em um sistema de automação já

016
 

consolidado, muitas vezes ocorrem mudanças a partir do projeto original realizado


na concepção da planta, motivadas principalmente por expansão ou pela falta de
padrões de implementação.
i mplementação.
Ao se deparar com problemas de comunicação, é preciso realizar um
estudo sistemático e global da situação, buscando encontrar não somente o
“elemento-problema”, mas entender como os elementos da rede influenciam no
desempenho uns dos outros. Com etapas bem definidas é possível realizar o
diagnóstico de maneira eficiente, baseando-se em critérios de fácil mensuração,
despendendo poucas horas de engenharia e utilizando softwares de análise.
(Guiero; Leão; Abreu, 2017).
O diagnóstico de uma rede de automação deve incluir seus elementos
físicos, passando pelas configurações dos dispositivos integrantes e de software.
(Guiero; Leão; Abreu, 2017).

5.1 Exemplo da implementação do Diagnóstico de Rede

A seguir, apresentaremos um exemplo que demonstrará a implementação


do diagnóstico de rede em uma PCH (Pequena Central Hidrelétrica).
A usina possui a seguinte topologia: de rede que não apresenta um sistema
de diagnóstico.

Figura 13  – Topologia de rede PCH

017
 

O sistema apresentou duas falhas de comunicação, sendo:

  Falha 1 - Entre a IHM e CLP dos sserviços


erviços auxiliares;
  Falha 2 - Na red
redee em anel no ttrecho
recho entre a unidade geradora 01 e 02.

Figura 14  – Falhas na rede de comunicação PCH

Como o sistema não apresenta um diagnóstico de rede, a operação e a


manutenção terão os seguintes problemas.

  Operação e man
manutenção
utenção não perceberão a ffalha
alha do link ent
entre
re as unidad
unidades
es
geradoras 1 e 2, pois, pela concepção de rede em anel, o sistema
continuará comunicando normalmente;
   A operação e a manuten
manutenção
ção só perceberão a ffalha
alha do link da IHM dos
Serviços Auxiliares quando tentar usar a IHM; neste momento é que será
tomada alguma atitude para correção;
   Não será tomad
tomadaa atitude alg
alguma
uma para normaliz
normalização
ação da falha de lin
linkk entre
as unidades geradoras 1 e 2, pois tal falha não é conhecida devido à falta
de monitoramento;
  A falha de link entre as unidades geradoras 1 e 2 só será perce
percebida
bida quan
quando
do
ocorrer a falha de outro link do anel, deixando parte da rede ilhada, trazendo
riscos para a integridade física dos equipamentos.
Desta forma, se faz necessária a implantação do diagnóstico de rede
r ede nesta
planta, trazendo os seguintes benefícios:
018
 

  Ao sensibiliz
sensibilizar
ar alguma ffalha
alha de link, o sistema gerará um ala
alarme
rme e an
animará
imará
a tela sinótica com a condição atual da rede;
  A manute
manutenção
nção conse
consegue
gue atuar nas falhas de link antes qque
ue ocorra um
isolamento de comunicação de parte da rede;
  A manutenç
manutenção
ão conseg
consegue
ue verificar a necess
necessidade
idade de correção ddoo link da
IHM antes da necessidade da sua utilização, que possivelmente pode ser
em um momento de isolamento da área a que a IHM pertence;
  Com a utilização de um sistema ddee supervisão, os respons
responsáveis
áveis pela
manutenção podem receber notificações das falhas, sem a necessidade de
verificar com frequência a rede e de fazer o alerta sobre a falha;
  Diminuição dos riscos de avarias dos eq
equipamentos
uipamentos da us
usina.
ina.

FINALIZANDO

Nesta quinta aula, discorremos sobre os meios físicos e as topologias de

comunicação utilizados na automação de processos industriais. Por meio das


redes de comunicação, podemos realizar a integração dos CLPs com servidores,
robôs, balanças, relés de proteção, controladores inteligentes de motores,
medidores de energia entre outros equipamentos. Como vimos, cada meio físico
de comunicação possui características que devem ser estudadas e analisadas por
técnicos e engenheiros na etapa de planejamento e definição do projeto de
automação, pois a definição errada da estrutura de rede de um sistema de
automação pode ocasionar a inviabilidade da solução. Também é importante
implementar sistemas de diagnósticos que possibilitem a detecção e a correção

do problema no menor tempo possível, fazendo com as perdas de produção sejam


minimizadas.

019
 

REFERÊNCIAS 
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Horizonte, 2008. Disponível em: <http://www.visionsistemas.com.br/pt/wp-
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