Você está na página 1de 3

1

RESENHA DE ARTIGO: Promoção de saúde e a sensibilidade


epistemológica da categoria “comunidade”

Existe uma grande diversidade nas percepções e vivências do


processo de saúde e doença em cada contexto social e cultural, além de
coexistirem também fantasias, medo e o imaginário presentes nesse processo,
uma vez que a saúde é uma preocupação existencial humana. Cada sociedade
tem um discurso sobre saúde e doença que corresponde à coerência ou às
contradições de sua visão de mundo e de sua organização social. Porém,
neste ambiente de adoecer, é extremamente importante que estratégias sejam
desenvolvidas para minimizar os danos causados, e neste sentido os estudos
científicos se mostram importantes para definir estratégias de prevenção e até
mesmo estratégias curativas.
No estudo do processo de adoecer e curar, a sensibilidade se mostra
como uma medida capaz de identificar os reais casos de doenças instalados
numa população, ou seja, a mensuração e classificação como doente, de
pessoas que realmente estejam doentes. A epidemiologia permite conhecer os
padrões de doença e os vários correspondentes dos riscos de adoecimento;
garantindo que a prevenção e promoção a saúde não sejam vistas
simplesmente como ausência de doenças, mas encaradas como um conceito
positivo e multidimensional. Resultando desta maneira em um modelo
participativo de saúde na promoção em oposição ao modelo médico de
intervenção, na qual exista a compreensão adequada de políticas de saúde e o
direcionamento adequado das mesmas em prol da sociedade.
Quando se pensa em modelos teóricos sobre a promoção da saúde;
percebe-se que existe mais uma tendência a explicação dos vínculos entre
atitudes e comportamentos, ou seja, causa e efeito, do que construir uma
epistemologia de saúde pública. Estes modelos surgem como esquemas que
direcionam para as mudanças, na qual busca-se atingir o desenvolvimento
humano. Ou seja, garantir que haja um controle sobre as situações cotidianas,
de forma a garantir a tomada de decisões conscientes.
É importante se destacar também que a promoção de saúde adota
uma gama de estratégias políticas que abrangem desde posturas
2

conservadoras até perspectivas críticas mais radicais. Sob a ótica mais


conservadora, a promoção de saúde seria um meio de direcionar indivíduos a
assumirem a responsabilidade por sua saúde e, ao assim fazerem, reduzirem o
peso financeiro na assistência de saúde e em contrapartida numa via mais
radical, a promoção da saúde atua como estratégia para criar mudanças na
relação entre cidadãos e o Estado, pela ênfase em políticas públicas e ação
Inter setorial que busca mudanças sociais mais profundas.
O desenvolvimento epistemológico na saúde não costuma dedicar a
atenção devida às dimensões socioculturais relativas aos fundamentos
filosóficos; porém este desenvolvimento não poderia ser diferente do próprio
desenvolvimento da noção de sujeito e universo que a própria humanidade tem
construído. Durante todo esse trajeto de criação e construção de
conhecimentos e conceitos, observa-se a aceitação e rejeição de paradigmas
ora tidos como verdadeiros e ora como falsos. Portanto todo o processo de
desenvolvimento epistemológico na saúde ocorre justamente na confrontação
de opostos, nos quais talvez algum dia seja possível superar o entendimento
pobre da teoria sobre o real processo de saúde, doença, cuidado e prevenção.
3

REFERÊNCIA

CASTIEL, Luiz David. Promoção de saúde e a sensibilidade epistemológica da


categoria “comunidade”. Rev. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 38, n. 5,
p. 615-622, 2004.

Você também pode gostar