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Y ves C ongar
L U I
C reio no E spírito S a n to 1
ISBN fl5-3Sb-mafl-S
Fruto de um desejo acalentado durante anos,
esta obra acabou ganhando, com o alvorecer
da "Renovação Carismática", uma atualida
de e uma urgência não previstas pelo autor.
Seu escopo original foi, na companhia das
gerações precedentes, e também com as tes
temunhas atuais da experiência cristã — pois
0 Espi'rito sopra tanto hoje como ontem — ,
discernir a fé cristã no Espírito Santo.
Y ves Congar
Revelação
e experiência
do Espírito
taúUnas
Dados Internacionais de Cataiogação na Pubiicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
05-0352 CDD-231.3
Paulinas
Rua Pedro de Toledo, 164
04039-000 - São Paulo - SP (Brasil)
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© Pia Sociedade Filhas de São Paulo —São Paulo, 2005
Introdução geral
também ao Pai e ao Filho; igualmente o termo “Santo”: não são termos que
significam uma pessoa. “Processão” se aplica igualmente ao Verbo-Filho.
Não há revelação objetiva da Pessoa do Espírito Santo como da Pessoa do
Filho-Verbo em Jesus e, por ele, da Pessoa do Pai Sobre esse assunto, falou-
se de uma espécie de “Kénosis” do Espírito Santo; ele se esvaziaria de certo
modo de sua própria personalidade para ser inteiramente relativo, de um
lado, para “Deus” e para Cristo; de outro lado, para os homens chamados
a realizar a imagem de Deus e de seu Filho. “Para se revelar, não utilizou
— como lahweh no Antigo Testamento e Jesus no Novo — o pronome
pessoal ‘Eu’”.^ O Espírito Santo nos é revelado e conhecido, não em si
mesmo, ao menos não diretamente, mas porque ele age em nós.^ Além disso,
enquanto as atividades de entendimento dele são não apenas perceptíveis,
mas transparentes e, portanto, definíveis, as da afetividade e do amor não
foram analisadas do mesmo modo.^ Vamos encontrar essas dificuldades
quando tratarmos de uma teologia da terceira Pessoa.
Pretendemos desenvolver nosso estudo em três partes e cada uma delas
será assunto de um volume. Quanto aos detalhes de seus conteúdos, trata
se mais de um projeto, ou mesmo de uma intenção, do que de um plano
acabado. Eis a divisão da matéria:
Volume I
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
Primeira Parte
AS ESCRITURAS CANÔNICAS
I. Antigo Testamento
II. Novo Testamento
Segunda Parte
NA HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
I. Experiência do Espírito na Igreja antiga
II. Rumo a uma teologia e a um dogma sobre a terceira Pessoa
III. Destino do tema do Espírito Santo, amor mútuo do Pai e do Filho
Volume II
“ELE É O SENHOR E DÁ A VIDA”
Primeira Parte
Introdução
O ESPÍRITO ANIMA A IGREJA
I. A Igreja é feita pelo Espírito. Ele é o seu co-instituinte
II. O Espírito faz com que a igreja seja una. Ele é princípio de comunhão
III. O Espírito Santo é princípio de catolicidade
IV O Espírito mantém a igreja “apostólica”
V O Espírito, princípio de santidade da igreja
Segunda Parte
O SOPRO DE DEUS EM NOSSAS VIDAS PESSOAIS
I. O Espírito e 0 homem no plano de Deus
II. O Dom do Espírito nos tempos messiânicos
III. “Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho” (G1 4,6)
IV A vida no Espírito e segundo o Espírito
V O Espírito Santo e nossa oração
VI. Espírito e luta contra a carne. Espírito e liberdade
VII. Os dons e os frutos do Espírito
Terceira Parte
A RENOVAÇÃO NO ESPÍRITO. PROMESSAS E INTERROGAÇÕES
A) O positivo da renovação carismática. Em que ela contribui para a igreja
B) Nossas questões sobre a “Renovação Carismática”
I. Que título usar? “carismática”?
II. Carismas espetaculares: falar e orar em línguas, profecia, curas
III. O batismo no Espírito
IV Renovação e ecumenismo
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
Conclusão
“NA UNIDADE DO ESPÍRITO SANTO, TODA A HONRA E TODA A GLÓRIA”
A) Em Jesus, Deus se deu um coração de homem para que seja um
coração perfeitamente filial
B) Em Jesus, nós somos destinados a ser Filhos de Deus; ele nos
comunica a vida filial por seu Espírito
C) O Espírito de Deus enche o universo. Ele recolhe aí tudo o que é
para a Glória do Pai
Nota. sobre “tu és o meu pai” na eternidade da vida intradivina
Volume III
O RIO DA VIDA CORRE NO ORIENTE E NO OCIDENTE
INTRODUÇÃO. GREGOS E LATINOS NA TEOLOGIA TRINITARIA
Primeira Parte
O ESPÍRITO SANTO NA TRI-UNIDADE DIVINA
I. Conhecimento do mistério trinitario
II. Etapas e formas de uma teologia da terceira pessoa
III. Reflexões teológicas
IV Elementos em vista de um acordo
Segunda Parte
O ESPÍRITO SANTO E OS SACRAMENTOS
I. O “Selo do Dom do Espírito”. Reflexões sobre o sacramento da
confirmação
II. A Epiclese Eucarística
III. O Espírito Santo em nossa comunhão com o Corpo e o Sangue de
Cristo
IV A vida da igreja é toda ela epiclética
Cf. Cl. Geffré, Esquisse d'unc théologie de ia Révflatíwi. in: P. R ieoeir , e outros, Ui Revekuian,
Bruxelles, Public, des Facultes universitaires Saim-Louis 7. Ib 7 7. pp. 171-205.
Constituição dogmática Dei Verbwn, n. 8.
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
e se afirmar dentro dela mesma, um pouco como, nas famílias, em que cada
filho tem seu caráter e seus gostos. Ela, porém, não deixa de ser a família,
0 lar, a casa que habitamos. A unidade da Igreja é plenamente católica.
É a partir dessas observações que vamos apresentar um desenvolvi
mento, certamente elementar e incompleto, das experiências e manifesta
ções do Espírito, antes no nível da Revelação atestada nas Escrituras, depois
no nível da vida da Igreja através de uma história bimilenar.
Não temos ilusões. Nosso trabalho parecerá demasiado árduo para
muitos de nossos leitores, demasiado elementar para os especialistas. A
matéria de cada de suas mini-seções poderia ser assunto para uma abun
dante e erudita monografia. Com frequência, aparecem belas monografias.
Nós lemos, usamos e citamos uma porção delas, mas preservando apenas o
essencial para nosso propósito.
Esse propósito é sem dúvida de conhecimento e de ensinamento. Sabemos
muito bem que não devemos parar aí. No cristianismo, o conhecimento é
para a comunhão e o amor. Acreditamos intensamente na união necessária
de um estudo teológico e de uma vida de louvor: doxologia, prática da
liturgia nas quais, ao celebrá-las, se entra em comunhão com os mistérios.
Talvez devêssemos citar os textos, enquanto muitas vezes nos contentamos em
nos referir a eles. É absolutamente necessário consultá-los, lê-los, saboreá-los.
As Escrituras são o vestíbulo do reino de Deus. É exatamente o Espirito
Santo que ai nos introduz. Que ele seja nosso Assistente, para nós, que
falamos dele, e para os leitores de nossos pobres capítulos.
Cada um tem os seus dons, os seus meios, a sua vocação. Os nossos
são os de um cristão que ora e de um teólogo que lê muitos livros e toma
muitas notas. Que nos seja permitido cantar nosso cântico! O Espírito é
sopro. O vento canta ñas árvores. Nós, humildemente, queremos ser urna
lira cujas cordas o sopro de Deus fa rá vibrar e cantar. Vamos esticar e
afinar cssas cordas: será esse o trabalho austero de nossa pesquisa. E que
o Espirito faça com que essas cordas soem um cântico harmonioso de oração
c de vida!
10
Volume I
^ evelaçao e experiencia
^ j c- — i
do Espirito
0 Espírito Santo na “economia”
Nota sobre “experiência”
13
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
vida: presença que se torna sensível através dos sinais e nos efeitos da paz,
alegria, certeza, consolação, iluminação e tudo aquilo que acompanha o amor.
A experiência descrita pelos grandes místicos é um grau singular, até excep
cional, dessa percepção de uma presença de Deus dada, pela qual se “alegra”,
como objeto vivo de conhecimento e de amor. Aquém do excepcional, há o
comum. Na oração, na prática dos sacramentos da fé, na vida da Igreja, do
amor de Deus e do próximo, recebemos a experiência de uma presença e de
uma ação de Deus nos chamados e nos sinais que nos são mostrados.
E claro, nós tomamos consciência dessa experiência e a explicitamos
somente nas expressões ou numa interpretação conceituai que são nossas. “O
próprio Espírito se une ao nosso espírito para testemunhar que somos filhos
de Deus” (Rm 8 ,1 6 ). Nós nos agarramos em relação com Deus. É exatamente
essa a experiência religiosa.' Não podemos duvidar. A experiência carrega a
sua própria certeza. Esta é tam bém corrob orad a pela coerên cia, pela
homogeneidade de nossa experiência e de suas expressões com o testemunho
de outros fiéis e dessa nuvem de testemunhas de que nos fala a carta aos
hebreus (Hb 12,1). Todavia, praticamente assegurados, não podemos afirmar
com certeza infalível — salvo revelação particular — que estamos em “estado
de graça”. Aquém de uma visão imediata de Deus sem conceito criado, não
existe percepção de Deus e de sua ação que não passe por nossos próprios
recursos mentais e não esteja misturada a eles.
Os indícios de que isso não vem de nosso fundo, mas de Deus, são
conhecidos: o contexto de toda a vida, o serviço efetivo da caridade, chama
dos ou exigências contrárias ao “carnal” de nós mesmos. O tema evangélico
e paulino da luta entre a carne e o Espírito corresponde a uma realidade que
faz parte da experiência cristã.
É a definição que nos dá J. M ouroux, ^experience chrétienne; introduction à une théologie. Paris,
1952 , pp. 2 1 ,2 5 ,4 8 ,3 6 9 , e à qual subscrevem D. M ollat, ^experience de 1’Esprit-Saint selon le
Nouveau Testament, 2. ed. Paris, 1973, p. 7; M . J . L e G uulou , Les témolns sont parm i nous; 1’expérience
de Dieu dans 1’Esprit-Saint, Paris, 1976.
Quanto à noção de experiência cristã, além de Mouroux, ver H. U. von B althasar, La Gloire et la
Croix; les aspects esthétiques de la Révélation, Paris, 19 6 5 , v. I, pp. 1 8 5-360: LExpérlence de la
foi; P J acquemont, J.-E J ossua, B. Q uelquejhj, Une fo i exposée. Paris, 1972, pp. 1 7 1-174; Note sur
1’usage du terme ‘expérience’, in Revue intem ationale catholique Communio, v. I, n. 8, novembro de
1976. Quanto ao nosso assunto, pouco a desaconselhar de Concilium n. 133, de março de 1978:
Revelação e experiência.
14
‘Primeira Parte
s escrituras canônicas'
O termo
^ J . Isaac, L a révélation progressive des Personnes divines, in Lumière de la fo i, Paris, Cerf, 1960,
pp. 1 0 3 -2 0 9 ; A.-M. H enry, L ’ Esprit Saint, Fayard, 19 5 9 ; Th. M aertens, Le souffle de ¡'Esprit
d e Dieu, in DDE, 19 5 9 ; G. A. M aloney, Dieu est le souffle de ITiomme, Cerf, 1976. Notamos
aqui que sobre 3 7 8 utilizações de ruah n o AT, 1 1 1 são traduzidas nos Setenta por penuma\
na maioria dos casos em que outro termo grego é usado, trata-se do vento.
17
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
J. D aniélou, L’ horizon patristic¡ue. Texto primeiramente composto em Le Point théologique. Paris, Inst.
Cathol. de Paris, Orientation actuelles, 1971, pp. 22 -2 3 , retirado pelo autor da publicação; ignora
mos se apareceu mais tarde em algum outro lugar. Isso questiona os antigos catecismos. El. G ermain,
cita, por exemplo, o texto do bispo de Harlay, 1687: “O que é Deus? — É um espírito [...]”, e
observa; “Quando a Bíblia dizia: Deus é Espírito, ela entendia confessar que Deus é o único Vívente
que não recebeu a vida. Ele é. Conmdo, atualmente — o idealismo de Descartes passou por al? —
ser um espírito é não ter corpo [...!” [Langages de la Foi à travers 1’histoire, Paris, 1972, p. 90).
18
A N T IG O T E S T A M E N T O
19
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
20
ANTIGO TESTAMENTO
21
REVELAÇAO E EXPERIENCIA DO ESPÍRITO
Os profetas
® Cf. A. O kbe, La unción d d Verbo, Roma, 1961, pp. 4 8 3 -4 9 9 ; H .-J. J aschke, D er Heilige Geist in
Bekenntnis der Kirche, Münster, 19 7 6 , p. 1 4 4 com a nota 4 que fornece numerosas referências
sobre os textos dos três primeiros séculos, e às pp. 2 3 3 s expõe a idéia em santo Irineu.
22
ANTIGO TESTAMENTO
“ Em Isaías há três utilizações diferentes: o sopro de Deus que realiza seu plano de salvação; um
sentido antropológico-biológico; o Espírito de lahw eh (textos messiânicos, cântico do Servo). Ver
R . K o c h , “La théologie de 1’Esprit de Yabvé dans le livre d'Isaie, in Sacra Pagina, Paris-Gembloux,
J. Coppens et al., (ed.), 1959, v I, pp. 4 1 9 -4 3 3 .
23
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPIRITO
São chamados servos (ebed) de Deus (referências, verificadas, tomadas de K och, p. 3 8 4 ): Abraão
(Gn 2 6 ,2 4 ; SI 105 ,6 ); Moisés (Ex 1 4 ,31; Nm 12,7; Dt 3 4 ,5 ; Js 1 ,1.2.7; 9 ,2 4 ; 11,15; IR s 8 ,5 3 ; 2Rs
2 1 ,8 ; Ml 3 ,2 2 ; SI 1 0 5 ,2 6 ; Ne 1,7 .8 ; 9 ,1 4 ); Josué Qs 2 4 ,2 9 ; Jz 2 ,8 ); Davi (2Sm 3 ,1 8 ; 7,5 .8 ; IRs
3 ,6 ; 8 ,6 6 ; 11 ,1 3 ; 1 4 ,8 ; 2Rs 2 0 ,6 ; Is 3 7 ,3 5 ; J r 3 3 ,2 1 s; 51 18,1; 3 6 ,1 ; 7 8 ,7 0 ); Elias (2Rs 9,36;
10,1 0 ); Isaías (Is 2 0 ,3 ); Zorobabel (2Rs 9 ,3 6 ; 10,10). Enfim, coletivamente, os profetas (2Rs 9,7;
J r 7 ,2 5 ; Am 3 ,7 ) e, em Isaías, o povo de Israel (Is 4 1 ,8 ; 4 2 ,1 9 ; 4 3 ,1 0 ; 4 4 ,1 .2 .2 1 ; 4 5 ,4 ; 48,20).
24
ANTIGO TESTAMENTO
Farei de vós uma aspersão de água pura e ficareis puros; eu vos puri
ficarei de todas as vossas impurezas e de todos os vossos ídolos. Eu vos
darei um coração novo e porei em vós um espírito novo; tirarei de vosso
corpo 0 coração de pedra e vos darei um coração de carne. Infundirei em
vós 0 meu sopro (espírito) [...] (Ez 36,25-27).
[...] “Filho do homem, estas ossadas podem reviver?” Eu disse: “Senhor
Deus, tu 0 sabes!” Ele me disse: “Pronuncia um oráculo sobre essas ossadas;
dize-üies: Ossadas ressequidas, escutai a palavra do Senhor. Assim fala o Se
nhor Deus a essas ossadas: Farei vir sobre vós um sopro para que vivais” [...].
25
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
Depois disto, derramarei meu Espírito sobre toda carne. Vossos filhos e
vossas filhas profetizarão, vossos anciãos terão sonhos, vossos jovens, vi
sões. Mesmo sobre os servos e as servas, naqueles dias, derramarei o meu
Espírito 01 3,1-2).
Escritos sapienciais
Anuncia uma ressurreição do povo disperso: “[...] derramarei águas sobre o sedento, torrentes
sobre a dessecada; derramarei o meu Espírito sobre a tua descendência [...]” (Is 44,3).
26
ANTIGO TESTAMENTO
Toda uma reflexão foi assim elaborada sobre a sabedoria, mas ela
só assumiu de fato certas concepções filosóficas, sobretudo estóicas, no
Pode-se ver E van Imschoot, L’ Esprit de Yahvé et 1’dlliance nouvelle dans VAT, in Ephem. Theol.
Lovanienses 13 (1 9 3 6 ), pp. 2 0 1 -2 2 0 ; Idem, Sagesse et Esprit dans VAT, in Rev. Biblique 4 7 (1 9 3 8 ),
pp. 2 3 -4 9 ; D. C olombo, Pneuma Sophias cjusque actio in mundo in Libro Sapientiae, in Studii Biblici
Franciscani U ber Annuus I (1 9 5 0 -5 Í), pp. 1 0 7 -1 6 0 ; C. Larcher, Etudes sur le Livre de la Sagesse,
Paris, 19 6 9 , sobretudo pp. 3 2 9 -4 1 4 : La Sagesse et l’Esprit; M. G ilbert, “Volonté de Dieu et don
de la Sagesse (Sg 9,17sv)", in Nouv. Rev. Théol. 93 (1 9 7 1 ), pp. 145-166.
C. L archer , op. cit., p. 4 1 1 , e para os Padres, com referência a J . L e breto n , Les origines du dogme
de la Trinité, 2. ed., París, 1928, v. II, p. 5 1 3 (Teófilo de Antioquia), p. 5 6 7 (santo Irineu), pp. 5 6 9
57 0 (Homilias Clementinas).
27
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPIRITO
A. M. D ubahle, Les sages d’lsraél. Paris, 1946; K ittel, verbete Esprit, pp. 78-81; G. V erbere , revolution
de la doctrine du p n m m a du estoicisme & S. Augustin. Etude philosophique, Paris, 1945.
28
ANTIGO TESTAMENTO
K ittel , verbete Esprit, pp. 10 9 -1 1 1 . Comparar BOchsel, op. cit., pp. 3 5 e 134.
o Sopro-Espírito de Deus conduz o s fiéis para a realização do seu Desígnio: assim no êxodo. Ver
Is 3 2 ,1 5 -1 7 ; 6 3 ,7 -1 4 ; SI 143; Ne 9 ,2 0 -2 1 . O texto de Pr 2 0 ,2 7: “O espírito do homem é uma
lâmpada do Senhor; sonda o mais íntimo do ser", é citado por C lemente R omano (Cor XXI) sob
a seguinte forma: “O espírito do Senhor é lâmpada cuja luz penetra as profundezas dos corações”.
29
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
“O povo judeu acreditava [nas proximidades do evento cristão] não ter mais o Espírito: 'Não vemos
mais nossos sinais, não há mais profetas, e entre nós ninguém sabe até quando!’ (Si 74,9)”;
“Esses justos se reuniram a seus pais e os profetas adormeceram" (Apoc. Baruc 8 5 ,1 .3 ). Os historiadores
dos Macabeus e seus contemporâneos já estavam conscientes desse desaparecimento do Espirito (cf.
IM c 14,41), cuja tradição volta no século 11 d.C. entre os rabinos: “Depois da morte de Ageu, Zacarias
e Malaquias, os últimos profetas, o Espirito Santo cessa em Israel” (Toseftá do tratado talmúdico Sota
13,2, in Bonsirven, Textes rabbiniques, par. 1500); cf. J. R. V illalon, Sacrements ãans 1’Esprit; existence
humaineet théolo^e existenüelle, Paris, 1977, p. 351. Na época de Jesus, vamos encontrar entre os judeus
a idéia de que irão havia mais revelação do Espírito, mas que isso era reservado aos tempos escatológicos:
Strack Billerbeck IV/2, 1 2 2 9 s ; H. Gunkel, Die Wirkungen des Hl. Geistes nach der populären Anschauung
des apostolischen Zeit u. der Lehre des Apostels Paulus, 3. ed., 1909, pp. 50ss; E Büchsel, op. ciL, pp. 123s.
30
II. Novo Testamento^
Para o conjunto, além de Kittel e Büchsei, citados acima na p. 15, nota 1, cf. H. B. Swete,
The Holy Spirit in the New Testament. A Study o f Primitive Christian Teaching, London, 1909;
M. A. C hevalier, L’ Esprit et le Messie dans le bas-judaisme et le Nouveau Testament, Paris,
1958; Idem, Esprit de Dieu, paroles dTiommes, Neuchâtel, 1966, pp. 7-17.
31
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Os evangelhos
^ J . Dupont, “Filius meus es tu”. L inteqjrétation du Ps 2 ,7 dans le Nouveau Testament, in Rech. Sc.
rel. 35 (1 9 4 8 ), pp. 5 2 2 -5 4 3 ; I. de la P otterie, II onction du Christ, in Nouv. Rev. théot 80 (1958),
pp. 2 2 5 -2 5 2 ; C. Crandfield, The Baptism of our Lord. A Study of St Mark 1,9-11, in Scotisch
Journal o f Theology 8 (1 9 5 5 ); A. F euillet, Le bapteme de Jesus d’apres l’évangile selon S. Mate (1 .9
11), in Catholic Bibl. Quart. 21 (1 9 5 9 ), pp. 4 6 8 -4 9 0 ; A. LEgault, Le bapteme de Jésus et la doctrine
du Serviteur souffrant, in Sciences Ecete. 13 (1 9 6 1 ), pp. 14 7 -1 6 6 ; M. Sabbe, Le bapteme de Jesus.
Evangiles synoptiques, in I. de la P otterie, (ed.), De Jesus aux Evangiles, Mélanges J . Coppens,
Gembloux-Paris, 1957, v. Ü, pp. 1 8 4 -1 2 1 ; H. Mentz, Taufe und Kirche in ihrem ursprünglichen
Zusammenhang, München, 19 6 8 ; E, Porsch, pp. 19-51 da obra citada em Os escritos joaninos
(nota 1, p. 72, pp. 19-51): Histoire et interprétation; J . B ornemann, Die Taufe Christi durch Johannes
in der dogmatischen Beurteilung der christlichen Theologen der vier ersten Jahrhunderte, Leipzig, 1896;
D. A. B ertrand, Le baptem e de Jésus. Histoire de l’exégése aux deux premiers siécles, Tübingen, 1973.
’ Dal o espanto deles: Le 4 ,2 2 ; Mt 1 3 ,5 4 -5 6 ; Me 6,1s. Cf. B üchsel, op. cit., p. 149s.
32
NOVO TESTAM ENTO
33
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
® Cf. KtiTEL. verbete Esprit, p. 1 0 0 . Há numerosas propostas para explicar a origem e o significado
da pomba; c f M . E. I saacs, The Concept o j Spirit, London, 1 9 7 6 , pp, 11 6 s.
^ Targum sobre Is 6. C f E L entzen-D eis , Die Taufe Jesu nach den Synoptikern. Literarkritische u.
gattungsgeschichle Untersuchungen, Freiburg, 1970, pp. 2 4 3 s e 270.
® C f H. S ahun , Studien zum dritten Kapitel des Lukasevangeliums, Upsal, 1949, pp. 1 0 1-105; A.
F euillet, “Le symbolisme de la colombe dans les récits évangéliques du baptême” in Rech. Sc. Rel.
4 6 (1 9 5 8 ), pp. 5 2 4 -5 4 4 ; E L entzen-D eis , op. cit., pp. 181 e 2 6 5 -2 7 0 ; L. E. K eck , “The Spirit and
the Dove", in New Testament Studies 17 (1 9 7 0 -1 9 7 1 ), pp. 4 1 -6 7 ; E F orsch, Pneuma und Wort, pp.
2 8-31 (rica documentação).
’ É proibido representar o Espírito Santo sob forma humana (M. M eschler , Le don de la Pentecõte,
v. II. p. 2 2 6 e nota 1). Só se deve representar as Pessoas divinas sob os traços atestados na
Escritura (decreto do Santo Ofício, 16 de março de 1928: AAS 2 0 [1928] 103). Portanto, a
pomba, ou as línguas de fogo, ou o dedo de Deus (abaixo nota 15). No Oriente, adaptando-se
às necessidades teológicas dos vários momentos, se representou o Espírito Santo sob a forma de
pomba, línguas de fogo, luz, nuvem luminosa, raio de luz etc. e também sob forma humana: os
três magos, os três hóspedes de Abraão (André Roublev) e sob a forma de esquematizações
geométricas. C f Th. M. P rovetakis, “To hagion Pneuma eis ten Orthodoxen Zographiken”, in To
Hagion Pneuma, Tessalônica, 1971, 58 ilustrações ( c f Rev. Hist. Eccl. 67 [1972], p. 675).
Ver nossa Introdução geral aos Tratados antidonatistas de santo Agostinho, v. I (Oeuvres de S.
Augustin 2 8 ), Desclée de Brouwer, 1963, pp. 104-109.
34
NOVO TESTAM ENTO
35
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
“ Aqui não é o lugar para indicar a enorme bibñografia dos estudos surgidos a partir do de P.
G altier, 1939. Remetemos a três boletins; B.-D. D upuy, in Rev. Sc. Ph. Theol. 4 7 (1 9 6 3 ), pp. 1 ID
U S ; E. G utwenger , in Concilium 11 (1 9 6 6 ), pp. 8 1 -9 4 ; B. S esboué , in Rech. 5c. Rei. 56 (1968), pp.
6 3 5 -6 6 6 . Os estudos mais avançados, aqueles aos quais hoje se recorre, são dos de K. Rahner,
sobretudo “Considérations dogmatiques sur la science et la conscience du Christ”, in Exigèse et
Dogmatique, DDE. 1966, pp. 18 5 -2 1 0 . Aos que se atêm aos princípios do tomismo, indicamos
também Ch. V H éris , “Problème de Christologie. La conscience de Jésus” in Esprit et Vie 81
(1 9 7 1 ), pp. 6 7 2 -6 7 9 (critica de J. Galot, distinção entre a pessoa metafísica e a personalidade) e
H.-M. F éret , “Christologie médiévale de S. Thomas et Christologie concréte et historique pour
aujourd’hui”, in M emorie D om enkane, 1975, pp. 109-141.
Cf. A. VôGTLE, Exegetische Erwägungen über das W issen und Selbstbewusstsein Jesus. In; Gott in
Welt. Festg. K. Rahner, Herder, 1964. v. I, pp. 6 0 8 -6 6 7 ; B rown , R. E, How much did Jesus know?
In: The Cathol. Biblical Quart. 2 9 (1 9 6 7 ), pp. 3 1 5 -3 4 5 ; O. C ullmann, Le salut dans Vhistoire.
Neuchätel-Paris, 1966. p. 215.
A explicação que dá aos discípulos (Lc 2 4 ,2 7 .4 4 ), ele a tinha (de ciência infusa, mas também) seja
de circunstâncias onde o Pai lhe havia concedido verificar que se estava falando dele (por exemplo
Mt 11,5; Lc 5 ,1 7 ), seja de sua meditação orante das Escrituras (pensemos, por exemplo, em Mc
12,10 ; Lc 4 ,1 2 ; 9 ,2 2 ; 20,41s).
36
NOVO TESTAM ENTO
terra, por teres ocultado isto aos sábios e aos inteligentes e por tê-lo
revelado aos pequeninos” (Le 10,21).
37
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
diz bem form alm ente, que Jesu s foi para o batism o e viveu o evento
na disposição de se oferecer e de se abrir para o total desígnio de
Deus sobre ele, desígnio que passava pelo tipo do Servo e englobava
a oferta suprem a da vida (cf. Hb 1 0 ,5 -1 0 ). Jesu s viveu sua m orte
com o um “batism o” (M c 1 0 ,3 8 ; Lc 1 2 ,5 0 ). Ele se ofereceu a Deus
com o um a vítim a sem m ancha “pelo espírito eterno”: o Espírito
S a n t o . S e u sacrifício foi a continuação do seu batism o; sua glória,
a continuação de seu sacrifício. Sua resposta aos filhos de Zebedeu
(M c 1 0 ,3 5 s), com os quais nos identificam os, une o batism o da
Paixão e a glória. A aproxim ação desses textos, que m uitos exegetas
fazem, confirm a o fato de que todos os fiéis de Jesu s estão ligados
a seu batism o no qual está com prom etido seu destino de Messias
sofred or e destinad o à glória.^® É na sua m orte que nós som os
batizados (Rm 6 ,3 ), mas é tam bém “em um só Espírito, para formar
m os um só corpo” (IC o r 1 2 ,1 3 ).
Hb 9 ,1 4 . H Mühlen defende uma interpretação do Espírito Santo. Swete não é favorável a essa
interpretação (pp. 2 5 2 -2 5 3 ). Segundo os Padres siriacos do século IV, Afraates e Efrém, Jesus foi,
por ocasião do seu batismo, consagrado como sacerdote (ele já detinha sua característica régia de
sua descendência davídica): o sacerdócio, derivado de Moisés e Aarão (!), lhe foi então comuni
cado por João Batista. Cf. R. M urray, Symbols o f Church and Kingdom. A Study in Early Syriac
Tradition, Cambridge, 1975, p. 179.
H. M entz, op. cit., pp. 52s; J. A. T. R obinson , “The One Baptism”, in Scottish Journal o f Theology
6 (1 9 5 3 ), pp. 2 5 7 -2 7 4 .
38
NOVO TESTAM ENTO
Esse Jesus, oriundo de Nazaré, sabeis como Deus lhe conferiu a unção
do Espírito Santo e do poder; ele passou por toda parte como benfeitor,
curava todos os que o diabo mantinha escravizados. E nós somos testemu
nhas de toda a sua obra [...];
A tradição patrística
Idéia tradicional, sistematicamente elaborada por J . L écuyer, seja em sua contribuição para os
Etudes sur k sacrem ent de 1’ordre (Lex orandi 2 2 ), Paris, 1957, pp. 1 6 7-213, seja em Le sacerdoce
dans le mystère du Christ (Lex orandi 2 4), Paris, 19 5 7 , pp. 3 1 3 -3 3 8 , em particular p. 321, com
as referências da nota 1.
39
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
distingue bem o Logos do Pneuma: também para ele, Jesus possui seu
poder desde o nascim ento; a descida do Espírito durante o batismo é
apenas um sinal de sua messianidade.^^^ 3 “) Alguns gnósticos defen
diam que 0 Salvador havia descido do alto sobre Jesus durante o
batismo: era necessário, porque seu nascimento na carne, segundo
eles, só podia manchá-lo3^
Cf. A. H oussiau, La christohgie de 5. Irénée. Louvain-Gembloux, 1955. pp. 172s e 1 7 6-180; J.-E
M artin, El Espíritu Santo en h s Origines dei Cristianismo. Estudio sobre I Clemente, Ignaáo, II Clemente
y Justino Mártir. Zürich, 19 7 1 , pp. 2 1 3 -2 2 3 .
“ Sobre essas especulações e seu contexto, ver a enorme obra de A. O rbe , Im unción dei Verbo.
Estudios Valentinianos (Anal. Greg. 113), Roma, 1961; E-M. B raun, Jean le théologien. Paris, 1966,
V. I M , p. 67.
“ Adv. Haer. III, 9, 3 ; 10, 4 e 17, 1. Sobre a teologia de santo Irineu a respeito da unção de Cristo
pelo Espírito, ver A. H oussiau, op. cit., pp. 1 6 6 -1 8 5 ; H .-J. J aschke, D er Hl. Geist im Bekenntnis der
Kirche, Eine Studie zur Pneumatologie des Irenãus von Lyon. Münster, 1976, pp. 1 4 8-252, sobretudo
pp. 208s.
Cf. Adv. Haer. III, 6 , 1 (A. R ousseau e L. D outreleau, Sources Chrétiennes 211, p. 67); 12,7 (pp. 2 1 1
2 1 3 ); Démonstration de la Prédication apostolique (SC 6 2 , p. 4 7). Nos parágrafos 9 e 53 , Irineu diz
que o Espírito de Deus pousou “sobre o Filho de Deus, isto é, o Verbo, em sua vinda como
homem” (pp. 45 e 1 14); isso visa à Encarnação ou à manifestação do Jordão, ou aos dois?
Comparar: “Esses textos (Rm 14,15; E f 2 ,1 3 ; G1 2 ,1 3 ; IC o r 8 ,1 1 ) mostram muito bem que nunca
um ‘Cristo’ impassível desceu em ‘J esus’, mas que Jesus, que era o Cristo em pessoa, sofreu por
nós, e que ele adormeceu e ressuscitou, desceu e subiu, ele, o Filho de Deus feito Filho do
homem. Aliás, é o que indica o seu próprio nome, pois no nome ‘Cristo’ está subentendido aquele
que ungiu, aquele que foi ungido, e a própria unção com a qual ele foi ungido: aquele que ungiu
é o Pai, aquele que foi ungido é o Filho e o foi no Espírito, que é a unção. Como diz o Verbo
pela boca de Isaías: ‘O Espírito de Deus está sobre mim, porque ele me ungiu' (5 1 ,1 ; Lc 4,18)"
(Adv. Haer, III, 18, 3; S. Chr. 2 1 1 , p. 35 1 ; PG 7, 9 3 4 AB).
Adv. Haer. III, 17, 1, 3 e 4 (S. Chr. 2 1 1 , pp. 3 2 9 e 3 3 1 ): “É porque esse Espírito desceu sobre o
Fiüio de Deus feito Filho do homem: por isso, com ele, se acostumou a habitar no gênero
humano, a repousar nele, a residir na obra modelada por Deus”; 3 (pp. 335s): “O orvalho, que
é o Espírito de Deus, se expandirá sobre toda a terra. É precisamente esse Espírito que desceu
sobre o Senhor, ‘Espírito de sabedoria e de entendimento. Espírito de conselho e de força. Espírito
de ciência e de piedade. Espírito de temor de Deus’ (Is 11,2-3). E é esse mesmo Espírito que o
Senhor, por sua vez, deu à Igreja, enviando dos céus o Paráclito sobre a terra [...]”; 4 (pp. 337s):
“Assim, portanto, é o Espírito que desceu, por causa da ‘economia’ que acabamos de dizer [...]”.
40
NOVO TESTAM ENTO
Derrama agora essa força que vem de ti, o Espírito soberano que tu
deste a teu Filho bem-amado Jesus Cristo; que ele deu aos santos apóstolos
que fundaram a Igreja em todos os lugares.^®
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REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Cf. I. D E LA PoTTEraE, “ronction du Christ. Etude de théologie biblique”, in Nouv. Rev. Théol. 8 0
(1 9 5 8 ), pp. 2 2 5 -2 5 2 . Ele escreve, na p. 25 0 : “Não se encontra no Novo Testamento nenhum texto
que se refira à unção de Cristo no momento da Encarnação. A tradição patrística e teológica
considera a união hipostática como uma consagração da humanidade de Jesus pela divindade, mas
essa concepção não se encontra entre os autores neotestamentários”.
“ S. T rooster , “De Heilige Geest in de Memswording bij de Griekse Vaders", in Bijdragen 17 (1956),
pp. 1 1 7 -1 5 1 , que estuda Irineu, Clemente de Alexandria, Orígenes. Atanásio, Dídimo, Gregório
de Nissa, Gregório de Nazianzo, Basilio. Sobre a unção durante a concepção e a união hipostática,
ver também S. T romp, “Corpus Christi quod est Ecclesia”, Roma, 1960, III: De Spíritu Chñsti
anim a, pp. 2 37s. — Depois de Nicéia, a função do Espirito no batismo de Jesus foi sendo deixada
de lado. Cf. J . G. D avies, Der HI. Geist, die Kirche und die Sakram ente, Stuttgart, 1958, pp. 29-37.
Os Padres viram no batismo de Cristo sobretudo o “mistério" fundante do batismo cristão; P Th.
Camelot, Spiritualité du baptêm e. Paris, 1960, cap. X, pp. 2 5 7 -2 8 1 , (Lex orandi 30) com análises
profundas sobre a referência à cruz, pp. 268s.
” O Logos, ao se unir à carne, a elevou às propriedades do Logos pela recepção do Espírito Santo
que o Logos possuía antes da criação: In illud "Tune ipse Filius” (PG 44 , 1320 D); cf, In Cant. Cant.
horn. 12 (PG 4 4 , 1016).
42
NOVO TESTAM ENTO
In loan. 6, 64 (PG 73, 6 0 4 ); cf. In Hehr. (PG 74. 961 B); P. G altier, “Le Saint-Esprit dans ITncamation
du Verbe d’aprés S. Cyrille d’Alexandrie” in Problemi scelti di Teoloffa contemporânea, Roma, 1954,
pp. 3 8 3 -3 9 2 . vei também o 11° Anatemaüsmo, DS 26 2 .
Ambígua (PG 9 1 . 1 0 4 0 C). Ver também S ão J oão D amasceno, De fid e orthodoxa, liber III, c. 3 e liber
l y c. 14 (PG 94, 9 8 9 e 1151 A).
S anto Ambrosio , Hexaemeron 3, 17, 71 (PL 14, 186 C: 3 8 6 -3 8 9 ); S anto A gostinho, Enarr. in Ps
123, 1; 136, 22 (PL 3 7 , 1 6 4 0 ,1 7 7 4 ); In loan. 3, 8 (PL 3 5 , 1399 D) etc.
” Cf. S anto A gostinho, De Jrinitate XV, 2 6 (PL 4 2 , 1 0 9 3 -1 0 9 4 ); De praedest. sanct. 15, 31 (PL 44,
9 8 2 ); São C irilo de A lexandria, In loan., liber II (PG 7 3 , 2 0 9 A - 2 12 D).
Illa., q. 39. No art. 2 se lê; “Christus spirituali baptismate non indigebat, qut a principio suae
conceptionis gratia Spiritus Sancti repletus fuit”.
43
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Quando os Padres dizem que Cristo é ungido do Espirito Santo, isso quer
dizer apenas que o Espírito Santo, no próprio Logos do qual procede, desceu
na humanidade de Cristo e que ele unge a humanidade de Cristo como
efusão da unção que é o próprio Logos. Contudo, somente o Pai pode ser
designado como princípio eficiente da unção de Cristo, pois somente ele
comunica ao Filho a dignidade e a natureza divinas, as quais ungem formal
mente a humanidade assumida em sua pessoa [...]. Cristo foi ungido não só
por deputação divina e para o exercício de uma função, nem mesmo pela
efusão do Espírito Santo; ele é chamado divino não somente como represen
tante e amigo de Deus, ele é verdadeiro Filho de Deus e verdadeiro Deus.''^
J . A. M öhler, não aquele de Die Einhüt (1 8 2 5 ), mas aquele das edições posteriores da Symbolik
(1832 em diante), § 36 (sobre o seu sentido exato, cf. H. M ühlen , HEsprit dans VEglise I, pp. 24s);
P assaglia, De Ecclesia Christi, lib. Ill, cc. 1-5 e 4 1 ; F ranzeun, Theses de Ecclesia Christi, Roma, 1887,
V. 17, pp. 296s.
Mysterien des Christentums. 18 6 5 , par. 51. Trad, francesa feita por A. Kerkvoorde: Les mystères du
Christianisme, DDE, 1947, pp. 3 3 8 -3 3 9 .
H. M ühlen , D er Heilige Geist als Person. Beitrag zur Frage nach dem Hl. Geiste eigentümliche Funktion
in der Trinität bei d er Inkarnation und im Gnadebund. Ich-Du-Wir, Münster, 1963; Una mystica
Persona. Die Kirche als das Mysterium der heilgeschichtlichen Identität des Heiligen Geistes in Christus
und den Christen, Paderborn, 1964; tradução francesa feita a partir da 3. ed.: L'Esprit dans VEglise,
Paris, Cerf, 1969, 2 volumes; há diversas outras contribuições menores, que não acrescentam nada
de substancial à teologia dessas grandes obras. Entretanto, ver também Die Erneuerung des Christlichen
Glaubens-, G haiism a-Gelst-Befreiung, München, 1974.
44
NOVO TESTAMENTO
CEsprit dans l’Eglise, v. II, pp. 1 7 5 -2 6 2 ; ver nosso estudo “Le diveloppement de tevaluation
ecclesiologique des Eglises non catholiques”, in Rev. d e Droit canordtpie 25 (1 9 7 5 ), pp. 168-1 9 8
(186s).
Morgen wird Einheit sein. Das kom mende Konzil aller Christen, Ziel der getrennten Kirchen, Paderborn,
1974.
45
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
Podemos conferir as informações dadas por B. R ey, in Rev. Sc. phil. théoL 4 9 (1 9 6 5 ), pp. 5 2 7 -5 3 3
e por A. P aatfort, in Angelicum 45 (1 9 6 8 ), pp. 3 1 6 -3 2 7 .
W G rundmann; E H esse ; M. de J onge e A. S. van der W orde, Verbete chrío e outros, in Theol. Wb.
Z. M.T. V. IX, pp. 4 8 2 -5 7 6 (com boa bibliografia); H. M üh len , Der Hl. Geist als Person, 1963, pp.
176s.
46
NOVO TESTAMENTO
” Op. cit., p. 187. Mühlen diz em outro lugar (I’Esprit dans l'Eglise I, p. 2 96): “Essa forma de ação
do Pneuma no homem-Jesus é claramente distinta de sua ungão profética pelo Espirito Santo, que
Ihe foi conferida em vista de outrem. Pode-se também falar de um duplo aspecto da unção de
Jesus no Espirito Santo: de urna unção que o atinge em sua própria humanidade, e de urna unção
que Ihe é conferida em favor de outrem [...]”. Contudo, isso não é separar ou ao menos distinguir
demais os dois? A graça pessoal e a graça capital são rigorosamente Idênticas em Cristo. Comparar
J . L écuyer , "Mystère de la Pentecôte et apostolicité de la mission de l’Eglise”, in Etudes sur le
sacrement de l’Ordre, Paris, 1957, pp. 19 3 -1 9 4 .
™ H . G rundmann , an. c ir, pp. 5 2 5 e 52 7 .
S anto T omAs ; “Filio attribuitur ipsa camis assumptio, sed Spiritui Sancto attribuitur formatio
corporis quod assumitur a Filio” (Illa., q. 3 2 , a. 1 ad 1. E ver acima, nota 5a. .
47
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
São Paulo^
Cf. Illa, q. 7, a. 13, sobretudo a 1* e a 2 “ razao. Cf. M ü h l e n , LEsprit dans I’Eglise, v. I, pp. 3 3 1
3 3 2 e na p. 3 2 5 a citação nesse sentido da encíclica Mysíid corporis.
A bibliografia é abundante; citamos apenas algumas, para o conjunto: H. B. S w ete , The Holy Spirit
in the New Testament. London, 19 0 9 , parte 1, cap. IV-VI, pp. 1 6 9 -2 5 3 ; Fr. BOchsel, D er Geist Gottes
im Neuen Testament. Gütersloh, 1926, cap. XIII-XVII, pp. 2 6 7 -4 5 1 ; E. S ch w eizer , in Kittel, pp.
1 6 3 -2 0 7 e 2 8 2 ; E G ächter, “Zum Pneumabegriff des hl. Paulus", in Zätsch. /. hath. Theol. 53
(1 9 2 9 ), pp. 3 4 5 -4 0 8 ; H.-D. W endland e Y W aenach, publicaram sob o mesmo título “W irken des
Hl. Geistes in den Gläubigen nach Paulus”, in Pro veritate. Ein theologischer Dialog, Festgabe L,
Jaeger u. W Stählin. Hrg. v. E. S chlink e H. V olk , Münster e Kassel, 1963, pp. 1 3 3 -1 5 6 e 156
2 0 2 ; M.-A. C hevalier, Esprit de Dien, paroles dTiommes. Le role de TEsprit dans les ministères de la
parole selon l’apdtre Paul. Neuchâtel, 1 9 6 6 (com bibliografia).
48
NOVO TESTAMENTO
49
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Com efeito, o anúncio do Evangelho que efetuamos entre vós não ficou
em discurso, mas manifestou o poder, a ação do Espírito Santo e uma
realização maravilhosa E vós nos imitastes, a nós e ao Senhor, acolhen
do a Palavra em meio a muitas tribulações, com alegria do Espírito Santo”
(ITs 1,5-6; a primeira carta de Paulo).
A minha palavra e a minha pregação nada tinham dos discursos persua
sivos da sabedoria, mas eram uma demonstração feita pelo poder do Espí
rito, a fim de que a vossa fé não se fundasse na sabedoria dos homens, mas
no poder de Deus [...]. E não falamos deles [os dons da graça de Deus] na
linguagem que é ensinada pela sabedoria humana, mas na que é ensinada
pelo Espírito, exprimindo o que é espiritual em termos espirituais (ICor
2,4-5.13).
Ó gálatas estúpidos, [...] só peço que me esclareçais sobre este ponto:
será em virtude da prática da lei que recebestes o Espírito, ou por terdes
escutado a mensagem da fé? (G1 3,2).
IC o r l,1 3 s mostra que o batismo acompanha o acesso â fé, mesmo que Paulo se considere como
ministro desta mais do que daquele. Ver também G1 3 ,2 7 ; IC or 6 ,1 1 ; 12,13; Rm 6 ,3 ; Tt 3,5-7;
Cl 2 ,1 2 .
50
NOVO TESTAMENTO
Com efeito. os que são conduzidos pelo Espírito de Deus, esses é que
são filhos de Deus; vós não recebestes um espírito que vos tom e escravos
e vos reconduza ao medo, mas um Espírito que faz de vós filhos adotivos
e pelo qual nós clamamos: A bbá, Pai. Esse Espírito é quem atesta ao nosso
espírito que somos filhos de Deus. Eilhos, e portanto herdeiros: herdeiros
de Deus, co-herdeiros de Cristo [...] (Rm 8 ,1 4 -1 7 ; cf. G1 4,5-7).
Andai sob o impulso do Espírito e não façais mais o que a carne deseja.
Pois a carne, em seus desejos, opõe-se ao Espírito e o Espírito à carne; entre
eles há antagonismo [...]” (Gl 5,1 6 -1 7 ; cf. 5,2 3 -2 5 ; Rm 7 ,5 -6 ; 8,1 .1 7 ).
51
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPIRITO
Cf. Fl 2,5 , literalmente: “Tenhais estas disposições que também no Cristo Jesus”.
E. Schweizer insiste muito no fato de que são Paulo se expressa em categorias gregas, portanto
de substância, mas pensa biblicamente, semiticamente e, portanto, em “fp,"ça”, dinamismo; cf. art.
d t.. pp. 175 -1 8 3 . Esse dinamismo de Deus está no cristão, é parte dele, mas isso não provém dele,
isso não depende de seu próprio fundo: pp. 1Q2.203, nota 2 , p. 2 0 5 . Além da oração que o
Espírito nos ajuda a fazer, há aquela que ele mesmo faz em nós; cf. K. N ied erw in em er , “Das Gebet
des Geistes Rom. 8 ,2 6 ”, in Theologische Zätsch. 2 0 (1 9 6 4 ), pp. 2 5 2 -2 6 5 .
52
NOVO TESTAMENTO
Infelizmente pouco estudada pelos exegetas; não há nada no artigo de E. Schweizer no Kittel. Há
em maior número, entre os católicos, sob o ângulo do Corpo místico, contudo talvez mais pelos
dogmáticos do que pelos exegetas.
G. M artelei, “Le mystère du corps et de 1’Esprit dans le Chiist ressuscité et dans 1’Eglise”, in
Verbum caro 45 (1 9 5 8 ), p. 3 1 ; P.-A. H arlé, “Le Saint-Esprit et l’Eglise chez S. Paul", in ibidem 74
(1 9 6 5 ), pp. 13-29.
53
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
54
NOVO TESTAMENTO
veis na Igreja de nossos dias. É por isso que deixamos esse aspecto
para a sequência de nosso trabalho. Convém, porém, dizer aqui uma
palavra sobre a situação da Igreja de Corinto.
São Paulo coloca os pingos nos is, nos detalhes da vida prática e,
ao mesmo tempo, no nível das verdades fundamentais, sem diminuir
“ E Büchsel (abaixo, nota 14); L. C erfaux, EEglise des Corinthiens, Paris, 1946; M. A. C hevalier, op.
d t , pp. 22s, 171s.
Daí IC or 4,8 : “Já estais saciados! Já sois ricos! Sem nós, sois reis!” e 10: “Nós somos loucos por
causa de Cristo, mas vós sois sábios em Cristo; nós somos fracos, vós sois fortes; vós sois objeto
de consideração, nós somos desprezados [...]". 1,7: “de tal modo que não vos falta nenhum dom
da graça, a vós que esperais a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo”.
” Pn aim aü ka: IC o r 12,1 e 14,1. Seguimos a exegese de M.-A. C hevauer, op. cit., pp. 148,167,172s.
Daí: “Procurai ser inspirados, e o mais possível, já que isso vos atrai; mas que seja para a edificação
da assembléia” (1 4 ,1 2 ); “Tomai a ser razoáveis!" (15 ,3 4 ),
*■' E B üchsel, que consagra seu cap. XV, pp. 3 6 7 -3 9 5 , aos adversários “pneumáticos" de Paulo em
Corinto. Ele os vê “inflados" (de orgulho: o termo physíoun aparece 6 vezes em IC or), se embria
gando de liberdade, enquanto o amor é o valor supremo. Esses adversários são cristãos vindos do
judaísmo, não judaizantes como na Galácia, mas “pneumáticos”. Aqueles que são do partido de
Cristo (1 ,1 2 ) recorrem, pensa Büchsel, p. 3 9 2 , ao Cristo de bondade e antüegalista. Essa interpre
tação é própria de Büchsel.
53
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
IC or é endereçada “à Igreja de Deus que está em Corinto, aos que foram santificados em Cristo Jesus”.
Cristo é o único fundamento (3,1), ele é tudo para nós (1,30-31; 10,4; 15); ele é juiz (4,4-5); somos
dele (3,23), vivemos nele, dele (1,Q; 4,1 5 -1 7 ; 6,11). E é Cristo crucificado, a sabedoria é sabedoria
da cruz (l,2 3 s; 2,2). O homem espiritual é aquele que tem o pensamento de Cristo (2,16).
56
NOVO TESTAMENTO
Cf. IC or 1 2 ,1 -3 .1 0 ; 14 ,2 9 ; 2Ts 5 ,1 5 -2 2 . Quanto a essas três exigências, cf. M.-A. C hevauer , op.
cit., pp. 181s. Quanto à segunda, cf. G. S auter , “Ekstatische Gewissheit oder vergewissernde
Sicherung? Zum Verhältnis von Geist und Vernunft”, in C. H eitmann e H. M ühlen (ed.), Eifahrung
und Theologie des Heiligen Geistes, München, 1974, pp. 192-213.
C f U. B rockhaus , Charism a und Amt. Die paulinische Charismenlehre a u f dem Hintergrund der
frühchristlichen Gemeindefunkäonen, Wuppertal, 1 9 7 2 ; M.-A. C hevauer . op. ciL, pp. 2 1 0 -2 1 3 .
57
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
São Paulo nos diz que esses dons ou talentos provenientes da graça
de Deus 1“) são distribuídos pelo Espírito “segundo sua vontade”; 2°)
são variados: ele fornece diversas listas deles que não coincidem intei
ramente e não pretendem ser exaustivas; 3“) que o Espírito os dá, di
ferentes, em vista do bem de todos, isto é, para que sirvam na constru
ção da comunidade eclesial ou na vida do Corpo de Cristo. Enfim, ¥ )
ele coloca acima de todos o dom ou carisma do amor e põe no devido
lugar dois “dons do Espírito” ou pneumaãka (12,1 e 14,1), que eram
muito apreciados pelos corintios: falar em línguas e a profecia.^“
Essa explicação é, em resumo, a de M.-A. C hevalier, op. cit., pp. 139s; J. H ainz, (discípulo de O.
Kuss). E kkksia, Strukturen paulinischer Gemeinde-Theologie und Gemände-Ordnung, Regensburg, 1972,
pp. 333-335,338); H. C onzelmann, verbete em Kittel-Friedrich, v. IX, pp. 393-397; B. N. W ambacq,
“Le mot ‘charisme’”, in Nouv. Rev. théol. 97 (1975), pp. 345-355. A.-M. de M onleon, “Lexperience
des charismes, manifestations de l’Esprit en vue du bien commun”, in Istina 21 (1976), pp. 340
373. Na p. 342, eie escreve: “Assim o próprio termo charisma [...] tem uma grande amplitude de
sentido. Indica, virtualmente, talvez com um acento particular sobre a gratuidade do dom, todo
dom da graça por parte de Deus (Rm 5,15-15); depois a vida eterna (6,23) até a cura (ICor
12,30), passando pela graça dada no casamento (7,7) ou em vista do ministério (ITm 4,14)".
“ Essa maneira de entender os pneum atika é a de Chevalier (pp. 148,167) e de Hainz.
Ver as referências em C hevaluer, pp. 164s.
“ Cf. A.-M. R itter , Charisma im Verständnis des Joannes Chrysostomus und seiner Zeit. Ein Beitrag zur
Erforschung d er griechisch-orientalischen Ekklesiologie in der Frühzeit der Reichskirche, Göttingen, 1972
(cf G.-M. DE D urand, in Rev.Sc. p h l th. 59 (1975), pp. 460-464).
Encontra-se nas orações “carismata coelestia", “carismata gratiarum”; ver as fórmulas 136 e 137
em G. M anz, Ausdrucksformen d er latänischen Liturgiesprache, Beuron, 1941, pp. 96-97.
Penso num texto como o de G uilherme d’Auxerre: “Credidit Abel Christum fore plenum charismatibus
[...] et ita per fidem in ipsum fluxit aliquid de plenitudine Christi sicut in nos per fidem” (Summa
aurea, liber III, tr, 1, c. 4, sol. ad obj.). Entre os carismas dos quais fala são Paulo, OS Padres e os
medievais celebraram sobretudo, como permanentes na Igreja, os do conhecimento e da sabedoria;
cf. S. T romp, Corpus Christi quod est Ecclesia, Roma, 1960, III. De Spiritu Christi anima, pp. 342s.
58
NOVO TESTAM ENTO
Até a excelen te Analysis philologica Novi Testamcnti G raeci de M . Zerwick, em Rm 12,0; ICor 12,1
e 14,1 (nesses dois lugares, identifica também pneumatika e charismata).
“ Cf. M.-A. C hevallier, op. cit., p. 165; S. T romp, op. dt., pp. 336s.
Cf. A.-M. R itter , op. cit., nota 22 acima.
“ EncícUca Divinum illud munus sobre o Espirito Santo, 9 de maio de 1897; “Os carismas são
somente dons extraordinários causados pelo Espirito em circunstâncias extraordinárias e destina
dos acima de tudo a provar a origem divina da Igreja. Eles não fazem parte da estrutura da Igreja,
a qual está fundada unicamente na autoridade apostólica que, ordinariamente, é o instrumento
suficiente e adequado para satisfazer a tudo aquilo que a construção e a vida da Igreja exigem”.
Ver também a Carta Testem benevolentiae de 22 de janeiro de 1899 ao arcebispo de Baltimore.
Ver, acima, nota 17.
” Seria uma história para ser escrita. Citamos apenas alguns títulos recentes e significativos: J. B rdsch,
Charismen und Aemter in der Urkirche, Boim, 1951; verbete “Amt und Charisma”, in Lexik, f. Theo!,
u. Kirche, 2. ed., 1957, v, I, col. 455-457; E Isld Goma Ctvrr, Ubi Spiritus Dei, Ulk Ecclesia et omnis
gratia, Barcelona, 1954; Garcia E xtremeño, “Iglesia, Jerarquia y Carisma”, in La Cienria Tomista 89
(1959), pp. 3-64; P. R odríguez, “Carisma e institución en la Iglesia”, in Studium (1966), pp. 489s.
Nn. 1 7 e 47: AAS 35 (1943), pp. 200 e 215. E cf. D. I turrioz, “Carismas. De la encíclica ‘Mystici
Corporis’ al Concilio Vaticano”, in Estudios Eclesiásticos 30 (1956), pp, 481-494. O redator da
encíclica, padre Séb. Tromp, fez um estudo "sistemático” dos carismas: Corpus Christi quod est
Ecclesia, Roma, 1960, III. De Spiritu Christi anima, pp. 295-326.
59
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Sobretudo Lumen gentium, n. 12, e Apostolicam actuositatem, n. 3. Cf. H. S chürman, "Les charismes
spirituels”, in EEglise de Vatican II, Paris, 1966, pp. 541-573; D. Itureioz, “L os carismas en la
Iglesia. La doctrina carismal en la Const. ‘Lumen Gentium’”, in iEsfudios E d. 43 (1968), pp. 181
233; G. Rombaldi, “U so e significato di ‘Carisma’ nel Vaticano II”, in Cregorianum 55 (1974), pp.
141-162.
Ver os artigos de H.-M. Legrand, a recensão das revistas e as tabelas nos últimos dez anos da Revue
des Sciences philosophiques et théolopques. Por exemplo, C. R de Dias, H. Küng, G. Hasenhüttl, H.
Mühlen, A.-M. Ritter etc.
Dominus vobiscum: The Background of a liturgical Formula, in; A. J. R. H iggins (ed.). New
Testament Essays. Studies in Memory of Th. W Manson. Manchester, 1959. pp. 270-305.
Na oração de Rm 8,15s e 26; ICor 14,14s e 24; Ef 5,11. Na assembléia: H ipólito , Trad, apost.,
31 e 35; Didaqué X, 7; H ermas (M. D ibeuus, Der Hirt des Hermas, 1928, Excursus, pp. 517s, sobre
a pneumatologia).
Van U nnik, pp. 273 e 299, nota 21, cita São J oão Crisóstomo, In 27im, bom. 10,3 (PG 62, 659)
e TEOtXlRO DE Mopsuéstia, Comentário sobre a oração do Senhor e sobre os sacramentos (Ed. Mingana,
1933, pp. 90s).
60
NOVO TESTAM ENTO
7. O Pneuma e Cristo:
Que dá a conhecer o Pai. Cf. Santo I rineu, Demonstr. evang. 7; Adv. Haer. tg 25, 5 e y 36, 2 (PG
7, 1035 e 1223; H arvey II, 216 e 429).
Adv. Haer. III, 24, 1 (PG 7 , 9 6 6 ; H arvey II, 1 3 1 ); S agnard; S. Chr. 3 4 , p p , 3 9 8 - 4 0 1 ; R ousseau-
D outreleau (S. Chr. 2 1 1 , pp. 4 7 1 - 4 7 2 ) restabelecem communicatio e traduzem por “comunhão
com Cristo”.
Ad. D eissman multiplicou os exemplos, entre os quais alguns não provam nada (Paulus, 2. ed., p.
110). Podemos notar que a sabedoria dos discípulos diante dos tribunais é atribuída a Cristo em
Lc 21,12-15 e ao Espírito Santo em Mt 10,18-20 e Mc 13,10-12.
61
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
“A fim de que por ele [Cristo] nos tor “Justiça, paz e alegria no Espírito San
nemos justiça de Deus (2Cor 5,21), to” (Rm 14,17).
“Os que estão em Jesus Cristo [...]. Se “Não estais sob o domínio da carne,
Cristo está em vós [...]” (Rm mas do Espírito, visto que o Espíri
8, 1. 10). to de Deus habita em vós” (Rm 8,9).
“Amor de Deus manifestado em Jesus “Com que amor o Espírito vos anima”
Cristo” (Rm 8,39). (Cl 1,8).
“Em Cristo que falamos” (2Cor 2,17). “Falando sob a inspiração do Espírito
Santo” (ICor 12,3).
“E nele [Cristo] [...] para formar um “Para vos tomardes morada de Deus
templo santo no Senhor (Ef 2,21). pelo Espírito” (Ef 2,22).
62
NOVO TESTAM ENTO
Cf. J. D upont, “Filius meus es tu. Linterprétation du Ps II, 7 dans le N.T.”, In Rech. Sc. rei. 35
(1948), pp. 522-543; M.-E. B oismard, “Constitué Fils de Dieu (Rm 1,4)”, in Rev. Bibi. 60 (1953),
pp. 5-17; M. H en g el , Jesus, Fils de Dieu. Paris, 1977, pp. 98s.
Pode-se consultar Ed. S chillebeeckx, Le Christ, sacrement de la rencontre de Dieu. Paris, 1970, pp.
41,51,60s; ver também nosso Un peuple messianique. Paris, 1975, pp, 35s; W T hOSIng , P er Christum
in Deum, Studien zum Verhältnis von Christozentrik u. Theozentrik in den paulinischen Hauptbriefen.
Münster, 1965.
63
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
São Paulo, que tem umas quarenta fórmulas ternarias, e até trini
tarias, não esclarece nada no plano dogmático sobre a trindade das
Ingo H ermann, K^irios und Pneuma. Studien zur Christolo^e der paulinischen Hauptbriefe. München,
1961. Posição muito próxima de C. E D. Moule, "2Cor 3,18^”, m H. Bauensweiler & B. Reicke,
(ed.). Neues Testament und Geschichte, Oscar Cullmann zum 70, Geburtstag. Zürich, 1972, pp.
231-237. Não há identificação ontológica, mas, na experiência crista. Espírito de Deus, Espírito
de Cristo e Cristo em nós expressam a mesma coisa.
Ed. S chweizer, in K ittel, p . 170 com referência. Comparar E B üchsel, op. cit., p. 409 (unidade de
dinamismo); M.-A. Chevauer, op. cit., pp. 95s (o espirito do Kyrios introduz o Kyrios no coração do
homem); B. S chneider, Dominus autem Spiritus est. Rome, 1951; L. C erfaux, Le Christ dans la théologie
de S. Paul. Paris, 1951, pp. 216, 221-223; J.-R. V illalon, Sacrements dans I'Esprit... Paris, 1977, pp.
286s. Não lemos J. D. G. D unn, “2Cor 111,17 ‘The Lord is the Spirit”, in Journal ofT heol. Studies N.S.
21 (1970), pp. 309-320. Para a interpretação patrística e moderna: J. L ebreton, Les origines du dcgme
de la Trinité. Paris, 1919, v. 1, pp. 567s; K. P rOmm, “Die katholische Auslegung von 2Kor 3,17 in den
letzten vier Jahrzehnten”, in Bíblica 31 (1950), pp. 316-345,459-482; 32 (1951), pp. 1-24.
64
NOVO TESTAM ENTO
Cf. S ao J eronimo, Epist. 18, T (PL 2 2 ,3 5 3 ) ; Sao C ihlo de Alexandria, Com. in loan. IX (PG 74 , 261);
L. M alevez, in Nouv. Rev. Theol. 6 7 (1 9 4 5 ), pp. 4 0 3 -4 0 4 ; E M almberg, Ein Ldh, ein Geist. Paderbom,
1960, pp. 1 5 0,163.
65
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Deus se doa a si mesmo (ITs 4,8). Enfim, as fórmulas de tríade nas quais o
Pneuma se apresenta em igualdade com Deus (ho Theos = O Pai) e Cristo
(sobretudo ICor 12,4-6; 2Cor 13,13) indicam não uma simples comunidade
de ação, mas uma igualdade de três Pessoas no ser.
Além de H. B. S w e ie , op. cit., pp. 6 3 -1 0 9 e a tradução do artigo Esprit do ThWbNT de Kittel (pp.
142-163), citamos: H. von B aer, D er H dlige Geist in den Lukasschriften. Stuttgart, 1926; G. W H.
L ampe, “The Holy Spirit in the writings of Luke”, in D . E. N ineham, (ed.), Studies in the Gospels. Essays
in Memory of R. H. Ughtfoot. Oxford, 1955, pp. 145-200; J . H . E. H ull, The Holy Spirit in the Acts
o f the Apostles, London, 1967; J . Borremans, “LEsprit Saint dans la catéchèse évangélique de Luc”, in
Lumen Vitae 25 (1 9 7 0 ), pp. 103-122; E. R asco, “Jesús y e! Espíritu, Iglesia e 'Historia': Elementos para
una lectura de Lucas", in Cregorianum 56 (1975), pp. 3 2 1 -3 6 7 ; G. H aya-P rais, LEsprit fo rce de l'Eglise.
5a nature et son activité d’aprés les Actes des Apotres. Paris, 1975 (com bibliografia abundante).
Isso é claro em Mateus, o evangelista eclesiológico, com seu final missionário. Para João, ver O.
CuLLMANN, op. cit., p. 87. Para Marcos, sem contar 16,15s, o sumário de 1,14-15 une missão da
Igreja e ministério de Jesus (TEB, nota w; J. J . A. K a h m a n n , in Bijdragen 3 8 (1 9 7 7 ), pp. 84-98).
66
NOVO TESTAM ENTO
67
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Desta vez remetemos a H.-M. L egrand, “Inverser Babel, mission de l’Eglise”, in Spiníus 63 (1 9 7 0 ),
pp. 3 2 3 -3 4 6 .
Esse sentido das coisas foi a bela reconquista do movimento litúrgico: ver Les Questions hturgfques
eí paroissiales, ju nho de 1925 (Kreps); 1948, p. 6 0 ; 1949, n. 2 0 8 ; sobretudo 1958, pp. 101-131;
D.-R. PiERRET, in Ami du Q ergé, 1935, pp. 2 78s; J. D aniélou, B ih k el liturgie, Paris, 1951, pp. 249s.
E ver nosso La Pentecõte, Cham es, 19 5 6 , Paris, 19 5 6 ; R. R abic , La Pentecóte, Paris, 1965. Em geral,
recorre-se aos estudos eruditos de O. C asel , in Jahrb. /. Liíurgiewiss. 14 (1 9 3 8 ), pp. 1-71; G.
K retschmar, m Zätsch, f. Kirchengesch. 6 6 (1 9 5 4 -1 9 5 5 ). pp. 2 0 9 -2 5 3 etc.
Cf. L eao X lll, encíclica Divinum illud munus, 9 de maio de 1897, in Acles, Ed. B. Presse, v. V, p. 142.
Cf. At 1 6 ,6 -7 (no versículo 10 se trata de urna visão); 19,1 e 2 0 ,3 no texto do código D; 19,21;
2 0 ,2 2 -2 3 ; 2 1 ,4 .1 1 .
68
NOVO TESTAM ENTO
^ Essa questão do batismo dos apóstolos já preocupou T ertuuano, D e baptismo, 12 e 13 (SC 3 5 , pp.
85-86 ). C lemente de Alexandria, num escrito perdido, mas cujo fragmento (ed. S thAlin , G C S III,
p. 196) foi citado por João Moschus, traz uma história lendária ( c f H. A. E chle, “The Baptism
of the Apostles, A Fragment o f Clement o f Alexandria’s lost Work ‘Ipotyposeis’ in the Pratum
Spirituale of Jo h n Moschus” in Traditio 3 [1945], pp. 3 6 5 -3 6 8 ). A imaginação de JoAo M oschus,
citando Clemente de Alexandria (Pré spirituel 176: PG 87/3, 3 0 4 5 ), segundo a qual Jesus batizou
Pedro, que batizou André, que batizou Tiago e João, não tem nenhum apoio. Teologicamente
pode-se pensar que o contato de Jesus foi para os apóstolos como o batismo deles (a mesma coisa
para os justos que solicitam redenção; c f O. R ousseau, “La descente aux enfers, fondement
sotériologique du baptême chrétien”, in Rech. Sc. rei. 40 [1952], pp. 2 7 3 -2 9 7 ). Paulo, porém, foi
batizado (At 9,18).
69
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
“Em nome de”, ds to onoma, implica um matiz de finalidade: o batizado entra na redenção do
Filho, na eficacia do Espirito e na comunhão com “Deus"; cf. H. B iftenhard, in Kittel-Friedrich,
ThWbNT, V. V pp. 2 74s. Os textos que falam do batismo em nome de Jesus são numerosos: At
2 ,3 8 ; 8 ,1 2 ; 8 ,1 6 ; 8 ,3 7 texto ocidental; At 1 0 ,48; 16,1 5 .3 0 s; 19,5; 2 2 ,1 6 . Apesar da opinião dos
exegetas ou historiadores defendendo a existência litúrgica de um batismo “em nome de Jesus”,
H . VON C ampenhausen, mostrou que os textos não indicam uma fórm u la de batismo (“Taufen auf den
Namen Jesus”, in V igliae Christianae 25 [1971], pp. 1-16; comparar H. de Lubac, L a fo i chrétienne.
Essai sur la structure du Symbole des Apotres, 2. ed., Paris, 1970, pp. 72s; 1. C eehan, Early Christian
Baptism and the Creed, London, 1950.
Cf. At 2 ,3 8 ; 8 .1 5 -1 7 ; 19,5-6. H. von B aer, (D er Hl. Geist in den Lukasschriften [Ewant II1/3].
Stuttgart, 1926, p. 1 80) identifica batismo de água com batismo de Espírito; H. M entz (Taufe und
Kirche... München, 19 6 0 , p. 71 nota 139, pp. 75, 9 3 ) vê no batismo no Espirito o batismo de água
dado com base na fé no querigma de Jesus Cristo; E. H aenchen (D ie Apostelgeschichte, 14. ed .,
Göttingen, 19 6 5 , pp. 8 3 -8 4 ) vê no batismo o meio ordinário pára dar o Espírito. Mas H aya P rats,
op. cit., pp. 1 3 2 -1 3 8 , mostra que, nos Atos dos Apóstolos, o Espírito não aparece concedido por
meio do batismo de água. Falaremos do batismo de Espírito em nosso segundo volume.
C f At 8 ,1 6 ; 19,5-7.
70
NOVO TESTAM ENTO
É certo que Lucas não tem uma teologia dos efeitos e frutos do
Espirito na vida do cristão, como são Paulo (Cristo em nós): Lucas
mostra o dinamismo da fé, o crescimento da Igreja. Mesmo quando ele
diz que Cristo concede o Espirito (At 2 ,3 3 ), é na linha da missão e da
profecia (At 2,17s), não na linha da vida nova. O Antigo Testamento
anunciava as duas coisas (de um lado, Jl 3; de outro, Ez 36,2 6 s e Jr
3 1 ,3 1 -3 4 ). Lucas se atém ao testemunho missionário. Todavia, podemos
separar de tal modo os impulsos para a missão e a vida “espiritual” dos
discipulos? Isso não é fazer com que domine o tema textual sobre a
realidade? Observa-se exatamente que o famoso sumário de At 2,42,
que resume toda a vida eclesial, e, nesse sumário, a koinonia (com u
nhão) não são referidas expressamente ao Espirito Santo. É exato. Con
tudo, do ponto de vista real, At 2 ,4 2 não descreve a vida da comunidade
eclesial tal qual ela emana de Pentecostes? Se a Igreja foi lançada ao
mundo através do evento do Espirito, este não anima tanto a sua vida
interna quanto sua vida externa? Não se arriscaria levar são Lucas a uma
concepção veterotestamentária do Espirito, e, além do mais, parcial?
Talvez ele esteja próximo dessa concepção, mas se reduz a ela?
71
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
O s escritos joaninos^
H. B. SwíTE, É sempre esclarecedor: The Holy Spirit in the N.T., 1909, pp. 129-168 0 °ä o ) e pp.
I f í l - X l õ (1 João e Apocalipse); E Bochsel, D er Geist Gottes in N.T., 1926, cap. XIX, pp. 4 8 5 -5 1 1 ;
E. ScHWEizEE, verbete Esprit, in K ittel, 1971, pp. 209-221 (João), pp. 228-230 (1 João), pp. 230-233
(Apocalipse); I. de la Potterie , vários estudos em La vie selon ¡’Esprit, condition du chréüen, Paris,
1965 ; E-M. B raun, Jean !e théologien, Paris, 1 9 6 6 e 19 7 2 , III; Sa théologie, 2 volumes retomando
artigos mais antigos (sobretudo II, pp. 3 7 -5 6 , 1 3 9 -1 6 9 , 180 -1 8 1 ); E PORSCH, Pneuma und Wort. Ein
exegetischer Beitrag zur Pneumatologie des Johannesevangeliums, Frankfurt a.M., 1974 (bibliografia
com quase 7 0 0 títulos).
Que possuem o Espirito apenas em certa medida; cf. S track-B illerbeck , II, p. 132. Entretanto, a
interpretação segundo a qual é Jesus quem dá (à comunidade) a seus seguidores é aceita até pelo
padre Lagrange. Ela tem por ela mesma uma coerência com o conjunto do evangelho joanino (cf.
Jo 7 ,3 8 -3 9 ; 19 ,3 4 ; 1 4 ,2 6 ; 1 5 ,26; 16 ,1 4 , 20 ,2 2 .
72
NOVO TESTAM ENTO
Todo aquele que bebe desta água ainda terá sede; mas aquele que beber da
água que eu Ihe darei nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu Ihe
darei se tomará nele urna fonte que jorrará para a vida eterna Qo 4,13-14).
E VAN Imschoot, “Bapteme d’eau et baptSme d’Esprit”, in Eph. Theol. Lovan. 13 (1 9 3 6 ), pp. 653-664;
E-M. Bbaun, “Le bapteme d’aprSs le 4 ' evangile”, in Revue Thomiste 4 8 (1948), pp. 358-368 e op. ciL,
II, pp. 139, 145; J. G u iu et , “Bapteme et Esprit”, in Lumiire et Vie 26 (1956), pp. 85-104; L de la
PoTiHaE, “‘Naltre de I’eau et naltre de I’Esprif. Le texte baptismal de Jn 3,5”, in Sciences ecclesiast. 14
(1962), pp. 417 -4 4 3 , retomado em op. cit., pp. 3 1-63 (com bibliografia); P oksch , op. ciL, pp. 83-135.
Jo 3 ,3 6 ; 5 ,2 1 .4 0 ; 6 ,3 3 .3 5 ; 10 ,1 0 ; 2 0 ,3 1 .
73
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
No último dia da festa [das Tendas], que é também o mais solene, Jesus,
de pé, pôs-se a proclamar em alta voz: “Se alguém tem sede, venha a mim
e beba aquele que crê em mim. Como diz a Escritura: ‘Do seu seio jorrarão
rios de água viva’”. Ele designava assim o Espírito que deviam receber os
que creriam nele: com efeito, ainda não havia Espírito, porque Jesus ainda
não fora glorificado” (Jo 7,37-39).
SwETE, pp. 142s traz ainda a antiga pontuação. Ver, porém, B raun, II, pp. 50-56; P orsch , pp. 5 3
81 ; H. R ahner, “Flumina de ventre Jesu. Die patristische Auslegung von Jo h V II,37-39”. in Bihlica
1 1 (1 9 4 1 ), pp. 2 6 9 -3 0 2 ,3 0 7 -4 0 3 ; J.-E . M énard, “Einterprétation patristique de Jean V II,38", m
Rev. de VUniv. d ’Ottawa. Seção especial 25 (1 9 5 5 ), pp. 5 * -2 5 * (Orígenes entende a respeito de
Cristo, com referência ao rochedo do deserto, mas começa a aplicar ao cristão); J . D aniélou, “Le
symbolisme de 1’eau vive”, in Rech. Sc. rei. 32 (1 9 5 8 ), pp. 3 3 5 -3 4 6 ; M.-E. B oismard, “De son ventre
couleront des fleuves d’eau vive”, in Rev. Bibl. 65 (1 9 5 8 ), pp. 5 2 3 -5 4 6 ; E G eelot , mesmos título
e revista, 6 6 (1 9 5 9 ), pp. 3 6 9 -3 7 4 ; A. F euillet, “Les fleuves d’eau vive de Jn V II,3 8 ”, in Parole de
Dieu et sacerdoce, Toumai-Paris, 1962, pp. 1 0 7 -1 2 0 ; P. G eelot , “Jean V II,38: Eau du Rocher ou
Source du Temple”, in Rev. Bibl. 70 (1 9 6 3 ), pp. 43 -5 1 .
Milagre de um novo êxodo: Is 3 5 ,6s; 4 1 ,1 3 -2 0 ; 4 3 ,2 0 . A água do rochedo do êxodo: Ex 17,1
7; Nm 2 0 ,1 -1 3 ; SI 7 8 ,1 6 -2 0 ; 114,8; Is 4 8 ,2 1 -2 2 . Fonte fecunda jorrando do Templo: Ez 4 7 ,1 ,8
12; Zc 13,1; 14,8 -9 ; JI 4 ,1 8 ; SI 4 6 ,5 . E cf. J . B onsirven, Lejudaism e palestinien au temps de J.C . Paris,
1935 , V. I, p. 4 3 2 ; A. J aubert, Approches de 1'Evangile de Jea n , Paris, 19 7 6 , pp. 80 , 1 4 0 -1 4 6 ; nosso
texto Le mysttre du Temple, Paris, 19 5 8 , pp. 95 -9 7 . Nas leituras sinagogais da festa das Tendas
encontrava-se Is 4 3 ,2 0 e 4 4 ,3 ; J r 2 ,1 3 ; Zc 14,8; Dt 7 ,1 1 -1 5 (B raun, p. 52).
74
NOVO TESTAM ENTO
João acrescenta: “Não havia ainda Espirito, porque Jesus não fora
ainda glorificado”. Está claro que isso não significa que o Espirito Santo
não existia. O quarto evangelho mesmo diz que não somente Jesus, mas
os discípulos já tinham (algo de) o Espirito.® Podemos citar outros exem
plos em que uma fórmula desse tipo não deve ser tomada em sentido
exclusivo e negativo.® A afirmação corresponde ao que são Lucas ou são
Paulo professam: o dom do Espírito, próprio dos tempos messiânicos, é
feito por Jesus glorificado, elevado à condição de Senhor. É verdade que
são João fala de certa glória de Jesus, perceptível a seus discípulos, nos
sinais que ele realizava. Todavia, ele liga insistentemente a glorificação
de Jesus à sua Páscoa, e mais precisamente à sua P a i x ã o .É que a glória
de Jesus não é a glória mundana que se obtém através da apreciação dos
homens conseguida segundo os critérios usados no mundo: é a glória
que, como Filho único, ele obtém do Pai Qo 1,14), obedecendo-lhe e
' SwETE, p. 1 4 4 , n o ta 2 (textos talm úd icos); S track-B illerbeck , II, p. 4 3 4 ; P orsch , pp. 6 3 - 6 5 ,
® Cf. 6 ,6 3 ; 14,17. Antes da glorificação de Jesus encontramos uma mistura de fé e de fé fraca ou
entendimento; cf. P orsch, p. 67.
® Búchsel, p. 4 9 5 , nota 4, cita nesse sentido textos nos quais uma negação é logo resgatada por uma
afirmação: Jo 8 ,1 5 -1 5 ; 3 ,3 2 -3 3 ; 5 ,3 1 ; 6 ,6 3 .5 1 . Poderíamos acrescentar Jo 15,12 comparado com
15,15.
75
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Daí Jo 5 ,3 6 -41.44; 7 ,1 3 ; 8 ,5 0 .5 4 ; 12,43. E ver Michel R amsey , The Glory o f God and the Transfiguration
o f Christ, London, 1949.
cf. I e in e u . Adv. Haer. IV, 3 1 , 2 (PG 7, 1 0 6 9 -1 8 2 5 ); V, 1, 1 (1 1 2 1 ); S ão C es Ario de A r l e s , Serm o 40,
4 (PL 39, 1 825) e S ão G r e g o r io , M oralia XXXV, 8, 18 (PL 7 6 , 7 5 9 ) comparam Cristo vivificando
a Igreja na cruz através dos sete dons do Espirito com Elias se deitando sobre a criança morta e
lhe insuflando sete vezes o seu hálito.
76
NOVO TESTAMENTO
d) O dom pascal do Espírito aos Onze (Tomé ausente). Jesus lhes diz:
^ Sobre os simbolismos da Igreja ou dos sacramentos, coletamos pessoalmente mais de cem teste
munhos. Ver 5. T rom p , De nativítate Ecclesiae ex corde lesu in cruce, in G regoriam m 13 (1932),
pp. 4 8 9 -5 2 7 ; J . D an iélou , Sacramentum futuri. Paris, 19 5 0 , pp. 37s e 172; H . B aer é , in Bul!, de la
Soc. fran çaise d ’Etudes marides 13 (1 9 5 5 ), pp. 6 1 -9 7 ; E, G uldan , Eva-M aria, Kõln-Graz, 1966, pp.
33s, 75, 173s. Para o Oriente (sobretudo liturgia), ver J . Ledit, La plaie du cote, Roma, 1970.
77
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
O Paráclito prometido
” Cf. SwETE, pp. 16 5 -1 6 8 ; Porsch, pp. 3 4 1 -3 7 8 . Título do livro de Cassien B esobrasoff, La Pentecôte
johannique Qean XX, 19-23; Ac II), Valencia, 1939.
E ver J o 1 4 ,3 (co m o com en tário de M. Ramsey, op. cit., pp. 7 3 , 2 3 , 2 6 , 2 8 ) .
78
NOVO TESTAMENTO
79
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
A RELAÇÃO DO PARÁCLITO
a) com 0 Pai
b) com 0 Filho
c) com os discípulos
80
NOVO TESTAMENTO
d) com 0 mundo
O mundo não o vê nem o conhece, e também não pode recebê-lo: 14,17.
Ele confundirá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do julgamento:
16 ,8.^3
Cf. Th. P r eiss , “La justification dans la pensée johannique”, in Hommage et Reconnaissance, Recueil...
Karl Barth, Neuchatel-Paris, 1946, pp. 1 0 0 -1 1 8 ; M.-P B errouard , “Le Paraclet, défenseur du Christ
devant la conscience du croyant (Jo X V I,8-11)”, in Rev. S c ie n c e s p h ilo s . th é o l. 33 (1 9 4 9 ), pp. 3 6 1
3 8 9 ; PoRSCH, pp. 2 7 5 -2 8 9 . Trata-se do processo de Jesus, que continua na história: O Espirito
convencerá o mundo que pecou e peca ao recusar e condenar Jesus; que a causa deste foi justa.
Deus confirmou isso ao ressuscitá-lo e glorificá-lo; enfim, que o mundo incrédulo e o demônio
que o inspira já foram julgados e declarados culpados.
81
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
82
NOVO TESTAMENTO
junto do Pai, não ek (Jo 15,26). Além disso, diz: “receberá do que é
meu”, ek tou emou lepsetai, pois “tudo o que o meu Pai possui m e per
tence [...]” Qo 16,14-15). O contexto, porém, é o de urna comunicação
da verdade, não da existência eterna anterior à economia da salvação.^®
É claro, o Pai é a origem absoluta e primeira, tanto do Espirito como do
Verbo. Quanto às relações do Paráclito com Cristo, elas são as mais
estreitas possíveis na ordem da economia da salvação. A revelação do Pai,
fonte de verdadeira fé e de amor, deve ser vivida pelos discípulos, no
meio do mundo hostil, na fidelidade a essa revelação. É a função do
Espirito-Paráclito, Espírito de verdade. Ele continua, depois da partida de
Jesus, a obra deste: acolher pela fé o enviado e o revelador do Pai,
guardar as suas palavras e seu(s) mandamento(s). Ele nos leva a realizar
a nova relação que Jesus mantém com os seus depois que nos deixou
sem a sua presença sensível: no batismo de água, na consumação da
carne e do sangue, na preservação e na penetração viva das palavras de
Jesus. Os estudos tão profundos do padre De la Potterie estabelecem que
a função do Espírito é relativa à fé, que compõe a substância viva de
nossa relação com Jesus; o livro bem detalhado e preciso de E Porsch
mostra uma relação constante do Espirito-Paráclito com a palavra de
Jesus, na vida dos discípulos e no meio da luta travada por eles. O
Espírito não inventa, ele não inova outra economia, ele vivifica a carne
e as palavras de Jesus Qo 6,63), ele faz que sejam relembradas essas
palavras e faz com que toda a verdade penetre nelas: “Ele não fala por
si mesmo, mas dirá o que ouvir [...]. Ele me glorificará”, diz Jesus Qo
16,13-14). Como Swete diz de modo muito apropriado: “Jesus é o ca
minho (he odos), o Espírito é o guia (ho hodegos) que orienta essa cami
nhada” (p. 162).
83
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
Foi ele que veio pela água e pelo sangue, Jesus Cristo: não com a água
somente, mas com a água e o sangue; e é o Espírito quem dá testemunho,
porque o Espírito é a verdade. Pois são três os que dão testemunho: o
Espírito, a água e o sangue, e os três convergem num único tetemunho
(IJo 5,6-8).
Esta última interpretação é proposta por G. R ich ter , “Blut und Wasser aus der durchbohrten Seite
Jesu, in Münchener Theolog, Zdtsch. 21 (1 9 7 0 ), pp. 1-21. Quanto a Cerlnto e à gnose, cf. E-M.
B raun , op. cit., I, p. 169 e II, p. 1T8.
O. CuLLMANN, Le mtlieu johannique. Etüde sur I’origine de l’évangile de Jean , Neuchätel-Paris, 1976.
Comparar B raun , op. cit., II, pp. l-tS-lSd-; R. B réchet , “Du Christ ã l’Eghse. Le dynamisme de l’Eglise
dans l’évangile selon S. Jean”, in Divus Thomas 56 (1 9 5 3 ), pp. 67-98; A. F euillet , “Les temps de
l’Eglise d’apres le IV' évangile et l’Apocalypse", in La Maison-Dieu 65 (1961/1), pp. 60-79.
84
NOVO TESTAMENTO
I. DE LA PoTTERiE, aiTtigo citado abaíxo, na nota 35, insiste no fato de que. em IJo 5,8, o Espírito
é colocado antes da água e do sangue: ele suscita a fé, a unção da fé que se nutre nos sacramentos
do batismo e da eucaristia; para essa exegese, ver W N auck , Die Tradition und der C harakter des
ersten Johannesbriefes, Tübingen, 1957, pp. 147-182: 2. Exk. Geist, Wasser und Blut. A. Jaubert,
op, cit. (na nota ö), pp. 1 4 7 -1 5 4 , mostra os varios sentidos possíveis e destaca o sentido sacra
mental, mencionando com interesse o costume siríaco de urna unção (Espírito) antes do batismo
e da eucaristia, sacramentos da entrada na Igreja.
* Mt 2 8 ,1 5 ; Me 1 6 ,1 5 ; Le 2 4 ,4 7 s; At 1,8; Jo 17,18; 2 0 ,2 0 .
Sobre essa natureza do testemunho, ver G. M arcel , “Le témoignage comme localisation de
l’existentiel”, in Nouv. Rev. T h éo l, março de 1946, pp. 1 8 2 -1 9 1 ; J. G u it t o n , La pensée moderne et
le catholicisme, Aix-en-Provence, 1948, VI. Le probléme de Jesús et les fondements du témoignage
ehrétien, pp. 1 5 3 -1 6 4 e 174s; Idem, Jésus, Paris, 19 5 6 , pp. 193-217. Para a exegese, ver R. A st in g ,
Die Verkündigung des Wortes im Urchristentum, Dargestellt an den Begriffen “W ort Gottes", “Evangelium"
und “Zeugnis", Stuttgart, 19 3 9 , pp. 6 6 6 -6 9 8 ; I. de la P o t t e r ie , “La notion de témoignage dans S.
Jean”, in J. C oppen s , e outros (ed.), Sacra Pagina, Gembloux-Paris, 1959, v. II, pp. 1 9 3 -2 0 8 ; A.-
M. K oth g esser , “Die Lehr-, Erinnerungs-, Bezeugungs- u. Emfuhrungsfunktion des johanneischen
Geist-Parakleten Gegenüber der Christusoffenbarung”, in Salesianum 33 (1 9 7 1 ), pp. 5 5 7 -5 9 8 ; 3 4
85
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPIRITO
Quanto a vós, tendes uma unção que vem do Santo, e todos vós sabeis
[...]. Quanto a vós, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não
precisais de que alguém vos ensine, mas como a sua unção vos ensina a
respeito de tudo [...] (IJo 2,20.27).
Texto citado pelo Vaticano para ilustrar a função profética dos fiéis (L u m e n g e n tiu m , n. 35) e a
missão sacerdotal deles ( P r a e s b y t e r o r u m O r ã in is, n. 2).
Cf. Ap 1,3; 10,7; 11,3.18; 16,6; 18,20.24; 22,6.9. O próprio João profetiza assistido pelo Espírito;
Ap 1,10; 4,2.
86
NOVO TESTAM ENTO
Aquele que vem do alto está acima de tudo. Aquele que é da terra é
terrestre e fala de modo terrestre. Aquele que vem do céu testemunha do
que viu e do que ouviu, e ninguém recebe o seu testemunho. Aquele que
recebe o seu testemunho ratifica que Deus é verídico. Com efeito, aquele
que Deus enviou diz as palavras de Deus, que o Espírito lhe dá sem
medida. [...] Aquele que crê no Filho tem a vida eterna Qo 3 ,3 1 -3 6 ).
As sele cartas às Igrejas vêm de Cristo, mas seis delas terminam por “aquilo que o Espírito diz
às Igrejas”. Os “sete espíritos" (Ap 2,1 ; 4 ,5 ) são o Espírito em plenitude; Jesus os possui (Ap 3,1)
e ele dá a água viva (Ap 2 1 ,6 ; 22 ,1 .7 ).
jo 1 6 ,8 -1 1 ; IJo 2 ,1 8 -1 9 .2 2 ; 4.1 (falso profeta); Ap 4 ,1 4 e passim.
87
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Quanto a mim, eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Paráclito, que
permanecerá convosco para sempre [...]. O Paráclito, o Espírito Santo que
0 Pai enviará em meu ndmé' [...]” Qo 14,16.26).
88
Segunda izarte
históríi
históría do crístianismo
Podemos elaborar uma história do Espírito Santo desde Pentecostes até
nós? Certamente não. Talvez mais modesto, nosso propósito não seja por
isso menos ambicioso, enquanto pretende abraçar duas pistas que seria
nocivo separar: a da experiência do Espírito e a da doutrina a respeito da
Terceira Pessoa. Vamos expor alguns momentos dessa história, aqueles que
nos parecem ser os mais importantes. Seremos, portanto, incompletos, im
perfeitos; desculpem-nos por isso.
I. Experiência do Espírito
na Igreja antiga^
W einel, H. Die Wirkungen des Geistes und d er Geister im nachapostolichen Zeitaller bis au f
Irenãxis, Freiburg, 18 9 9 ; B ardy, G. La théologie ã e 1’Eglise de S. Clement de Rome ã S. Irénée,
Paiis, 1945, pp. 128-156.
C lemente R omano , Primeira Carta aos corintios, XLII, 3 [trad, bras., in Padres apostólicos. São
Paulo, Paulus, 1995, p. 53]. Nos Atos, os apóstolos aparecem movidos pelo Espirito (W
Mundle, “Das Apostelbild der Apostelgeschichte”, in Zeitsch. f. Ntl. Wiss. 27 [ 1928], pp. 36-54),
e igualmente, de forma mais geral, todos aqueles que constroem a Igreja: Estêvão (At 5,8; 7,55),
Bamabé (At 11,24), Paulo (At 13,9) etc. Tomás de Aquino considera os apóstolos como
personalidades penetradas e modeladas pelo Espírito: A. L emonnvee, “Les Apotres comme docteurs
de la foi d’aprés S. Thomas”, in Melanges thomistes, Le Saulchoir, 1923, pp. 153-173.
Odes de Salom ão, VI na Siria (por volta do ano 9 0 ). Essas Odes testemunham um alegre
louvor pela ação do Espírito.
Cf. XI, 8 -1 2 ; XIII [trad, bras.: Didaqué. O catecismo dos primeiros cristãos p a ra as comunida
des de hoje, 9. ed. São Paulo, Paulus, 2 0 0 0 , pp. 24 -2 6 ]. Por volta da metade do século II,
o Pastor de Hermas fornece critérios análogos, tirados da qualidade de vida: cap. 4 3 (=
Décimo primeiro mandamento). [Cf. trad, bras., in Padres apostólicos. São Paulo, Paulus,
1995, pp. 2 0 9-211.] Quanto ao grande lugar da profecia na época apostólica e subapostólica,
cf. P. DE L abrioue , La crise moníaniste. Paris, 1 9 1 3 , pp. 112-123.
91
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
’ Dial, com Trifao, 8 2 ; G. Bardy, op. cit., p. 132. Sobre os dons do Espirito, Dial., 39, 2 -5 ; 88, 1.
‘ Milcíades (adversário do montañismo), citado por E usébio , Hist. Eccl. V, XVII, 4 .
^ Cf. J . L. Ash , The Decline o f Ecstatic Prophecy in the Early Church. In: Theological Studies 3 7
( 1 9 7 6 ) , pp. 2 2 7 -2 5 2 .
92
E X P E R IE N C IA D O E S P ÍR IT O N A IG R E J A A N T IG A
IV, 2 6 , 2 (c o t 10 5 3 , p. 2 36). Sobre a interpretação desse texto, ver nosso artigo “CEglise une,
sainte, catholique et apostolique”, in Mysterium salutis. Paris, 1970, p. 2 1 0 , nota 13.
Cf. A.-M. K oeniger , Prima sedes a nomine iudicatur. In: Beitrage zur Gesch. d. Christi. Altertums u.
d. byzantin. Uteratur. Festg. A. Ehrhard, Bonn, 1922, pp, 2 7 3 -300.
^ E usEbio , Hist. Ecd. V, III, 4. In: E de Labriolle, (trad.), Les sources de l'histoire du Montanisme. Texts
grecs, latins, ^ n aqu es... Freiburg-Paris, 1913, n. 6 8 , p. 68. Igualmente, La crise montanistc, Paris,
1 9 1 3 ; B. A. K nox , Enthusiasm... Oxford, 19 5 0 , pp. 2 5 -4 9 ; H. K saft , “Die altkirchliche Propheüc
und die Entstehung des Montanismus”, in Theol. Zätschr. 11 (1 9 5 5 ), pp. 2 4 9 -2 7 1 . Último estágio
da pesquisa: F. BtANCHEnERE, “Le montanisme originei”, in Rev. Sc. relig. 5 2 (1 9 7 8 ), pp, 118-134.
93
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
dos novos profetas. Para os montañistas era Deus que falava neles. Eles
eram o receptáculo vivo do Paráclito, e até mesmo a sua encarnação!^®
Eles insistiam sobre a proximidade da escatologia e de uma descida da
Jerusalém celeste. Notemos essa ligação entre o apelo à profecia, a con
testação sectária, a pretensão ascética, de um lado, e a expectativa
escatológica, de outro lado, às vezes com referência a Jl 3,1-5: “Derra
marei meu Espírito sobre toda carne. Vossos filhos e vossas filhas pro
fetizarão [...] antes que chegue o dia de lahweh, grande e terrível!”.
A Igreja católica acabou rejeitando “a nova profecia”. Isso im pli
cava um perigo, o de conceber e construir a vida da Igreja sem carismas
e sem Espírito Santo. Não aconteceu nada disso. Irineu, que os cris
tãos de Viena e de Lião tinham, em 177, enviado para ju n to do bispo
de Roma, Eleutério, a fim de falar pacificamente sobre a nova corrente
profética, mostra, em 180, a existência na Igreja de carismas milagro
sos,^® e escreve uns dez anos depois:
P. de L abriolle, La crise..., pp. 130s. Chamada ao quarto evangelho e ao Apocalipse nas pp. 190s.
P de L abriolle, La crise..., p. 541. Ele cita, na nota 1, Prisciliano. Sobre este, podemos consultar H.
C hadwick, PrisdHian 0/ Avila, the occult and the charismatic in the Early Church, Oxford, 1976. Bispo de
Ávila de 381 a 38 5 , Prisciliano liderava um ascetismo e encorajava um piofetismo carismático junto
a homens e mulheres. Acusado de feitiçaria e de maniqueismo, foi torturado e executado por ordem
do imperador em Tréves, em 385. São Martinho protestou contra esse uso do constrangimento.
Adv. H aerlI, XXXII, 4, que acrescenta: “Não é possível dizer a quantidade dos carismas que a Igreja
recebe, no mundo inteiro, todos os dias, por parte de Deus, em nome de Jesus Cristo que foi
crucificado sob POncio Pilatos”.
y VI, 1 (PG 7, 11 3 7 ; H arvct II, p. 3 3 4 ). Para completar 0 testemunho de Irineu citamos ainda
Adv. Haej. III, 11, 9 , contra Marcião: “Eles são de fato infelizes, essas pessoas que sustentam que
há falsos profetas e que tomam isso como pretexto para expulsar da Igreja a graça profética,
comportando-se como aqueles que, por causa de pessoas que agem hipocritamente, evitam até
relacionamentos com os irmãos” (S. Q ir. 2 1 1 , p. 173); IV, 20, 6 (S. Chr. 100, p. 642). “Outros
não aceitam os dons do Espírito Santo e rejeitam para longe deles o carisma profético pelo qual
o homem, quando aspergido por esse carisma, produz como fruto a vida de Deus [...]” {Dímonstr.
ã e la Prédic. apostol. 9 9 in S. Chr. 6 2 , p. 1 6 9 ). O rígenes considera 0 carisma do discernimento
como 0 mais necessário e como o mais permanente na Igreja (In Numer, Horn. XXVII, 11; Cf.
B aeherens, p. 2 7 2 ), enquanto “a maioria dos outros carismas cessou" (In Prov., c. 1: PG 13,25 A).
Cf. I. H ausherr, op. cit. (abaixo, nota 3 8 ), p. 46.
94
E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O N A IG R E J A A N T IG A
A santa Igreja de Deus os acolhe por si, mas (dentro dela) existem
verdadeiramente carismas, autenticados para ela pelo Espírito Santo, e que
vêm até ela através dos profetas, dos apóstolos e do próprio Senhor.^^
Cf. A. Harnack, Cyprian ais Enthusiast. In: Zeitschr.f. Ntl. Wiss. 5 (1 9 0 2 ), pp. 1 77-191; A. d’Alés ,
La théologie d e S. Cyprien, Paris, 19 2 2 , pp. 77-83.
Ver nosso estudo “Rudolph Sohm nous interroge encore", in Rev. Sc ph. th. 57 (1973), pp. 2 5 3-294.
” Ver nossa La Tradition et les traditions. 1. Essai historique. Paris, 1960, Excursus B, pp. 151-166:
Permanência da “Revelatio” e da “Inspiratio” na Igreja (com bibliografia). Entre dezenas de textos,
citamos o do Concilio de Cartago, de 2 5 6 : “(Deus) cuius insplratione ecclesia eius instruitur”
(Sent. 2 8 , in H artel, p. 4 47).
95
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
(Fé) recebida da Igreja e que nós guardamos, (fé) que sempre, sob a ação
do Espírito de Deus, -como um licor precioso conservado numa vasilha de
boa qualidade, rejuvenesce e faz até rejuvenescer a vasilha que o contém. De
fato, a Igreja se viu depositária desse dom de Deus, do mesmo modo como
Deus enviou o seu sopro à carne modelada, para que todos os membros
recebam dele a vida; e nesse dom estava contida a intimidade do dom de
Cristo, isto é, 0 Espírito Santo. Na Igreja, Deus estabeleceu os apóstolos, os
profetas, os doutores e todos os outros efeitos da ação do Espírito, dos quais
não participam aqueles que não acorrem à ecdesia [...]. Porque aí onde está
“ Ver as obras de H. d e L u b a c , Histoíre et Esprit. Lintelligence de l'Ecriture d'aprts Origéne, Paris, 1950,
pp. 104s 2 9 5 -3 3 5 e passim; Exégése médiévale. Les (juattre sens de l’Ecriture, Paris, 1959-1 9 6 4 , 4
V.
De pudirítia XXI, 17-18 (depois de 217); cf. K. Adam, Der Kirchenhegrijf TertulÜans, Paderbom, 1907.
“ Adv. Haer. OI. 11, 9 (PG 7, 8 9 0 ; H ar vey II, pp. 5 0 -5 1 ; S. Chr. 34 , pp, 203s).
96
E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O N A IG R E J A A N T IG A
” III, 24 , 1 (7, 9 6 5 ; v. II, p. 131; S. Chr, pp. 399s). A. B enoit explica o texto de Irineu da seguinte
maneira; “Já que o Espirito é dado à Igreja, Irineu pode dizer que aí onde está o Espírito, aí está
a Igreja. E como há apenas uma Igreja, ele pode inverter a frase e dizer que aí onde está a Igreja,
aí está o Espírito” (in EEsprií Saint et 1’EgIise, Paris, 19 6 9 , p. 133). Contudo, precisaríamos escla
recer o conteCLdo exato de “Igreja" para Irineu. Ela é a que contém a fé transmitida a partir dos
apóstolos pela sucessão dos ministros, continuamente atualizada e renovada pelo Espírito. É a
Igreja toda, mas concretizada na comurudade local. O padre E-M. Gy entende a passagem da
ecdesia para assembléia local da qual é preciso participar para participar dos dons do Espírito
(“Eucharistie et ‘ecdesia’ dans le premier vocabulaire de la liturgia chrétienne", in Maison-Dieu,
130 (1 9 7 7 ), pp. 1 9-34 (especialmente p. 31).
Prólogo da Tradição apostólica, em 2 1 5 (que era a continuação de um tratado sobre os carismas)
e que termina da seguinte maneira: “O Espírito Santo conferindo àqueles que têm uma fé correta
a graça perfeita de saber como é preciso que aqueles que estão à frente da Igreja ensinem e
guardem tudo” (S. Chr. II, p. 26).
97
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
(Esse Espírito) que concedeu aos discípulos não temer, em nome do Se
nhor, nem os poderes do mundo nem as tormentas, esse mesmo Espírito
concedeu dons semelhantes, como jóias à Esposa de Cristo, a Igreja. É ele que
suscita na Igreja profetas, instmi os doutores, anima as línguas, concede força
e saúde, aí realiza maravilhas, concede o discernimento dos espíritos, assiste
aos que dirigem, inspira os conselhos, distribui os outros dons da graça. Assim
ele aperfeiçoa e dá acabamento ã Igreja em todos os lugares e em tudo.
É aquele que, sob a forma de pomba, veio e permaneceu sobre o Senhor
após seu batismo, habitando plena e totalmente nele, sem nenhum tipo de
limitação, e depois foi entregue e enviado em sua superabundancia, a fim
de que outros pudessem receber dele um fluxo de graças, a fonte de todo
dom do Espírito Santo permanecendo em Cristo, em quem o Espírito Santo
habita em profusão. É o que havia dito profeticamente Isaías: “Sobre ele
repousará [...]” (Is 11,2-3), e, em outro lugar, em nome do próprio Senhor:
“O Espírito do Senhor Deus está sobre mim [...]” (Is 6 1 ,1 ; Lc 4 ,1 7 -1 9 ). E
Davi: “Por isso. Deus, teu Deus, te ungiu com um óleo de alegria, de
preferência a teus companheiros” (SI 44,8)...
Ver referências em Vraie e tja u s e reform e dans I'Eglise, 2. ed., Paris, 1969, pp. 155-156.
98
E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O N A IG R E J A A N T IG A
S ão J oâo C risóstomo liga o dom das línguas, que para ele havia acabado, ao caráter ainda grosseiro
do pessoal das origens (Horn. 3, 4 a respeito dos Atos dos Apóstolos); “o tempo dos milagres
acabou” (Hom. 4 0 , 2 sobre os Atos dos Apóstolos). Cf. Ph. R a n q l u c , EEglise manifestation de
1’Esprit chez S. Jea n Chrysostome, Dar Al Kalima (Líbano), 1970, pp. 1 24 e 142. Ver também A.-
M. R itter , Charisma im Verständnis des Joannes Chrysostomus und seiner Zeit, Göttingen, 1972. Uma
vez assegurado não se tem necessidade de sinais exteriores: In ICor. Horn. 29 , 12, 1 (PG 6 1 ,7 3 9 );
Horn. 1 sobre Pentecostes, n. 4. Cf. S ão G regório M agno. Mor. in Jo b XXXW, 3, 7 (PL 76 , 721 AC).
Cf. O. C asel, Die Mönchesweihe. In: Jahrb. f . Liturffewiss. 5 (1 9 2 5 ), pp. 1-47.
Cf. O . C asel, “Benedikt von Nursia als Pneumatiker", in Heilige Überlieferung, Festgabe I. Herwegen,
Münster, 1938, pp. 9 6 -1 2 3 ; B. S thdle , “‘Homo Dei Antonius’. Zum Bild des “Mannes Gottes im
Alten Mönchtum”, in Antonius Magnus Eremita, 356-1956, Roma, 1956, pp. 1 4 8 -2 0 0 (Studia
A nselmiana 3 8); A. M andouze, Saint Augustin. Laventure de la raison et de la grace, Paris, 1968, pp.
168s; P R ousseau, “The Spiritual Authority o f the ‘Monk-Bishop’. Eastern Elements in some
W estern Hagiography of the 4’'’ and S * Century”, in Journal o f Theol. St. N.5. 22 (1 9 7 1 ), pp. 3 8 0
4 1 9 . Quanto aos monges da Igreja antiga, cf. 1. H ausherr, Direction spirituelle en Orient autrefois,
Roma, 19 5 5 , pp. 3 9 -5 5 : “Spirituel”.
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Estou unido ao Espírito Santo e não sou eu, mas o Senhor que me
pediu para vir (§ 43). E, na carta n. 10: Será que foi sem Deus, ou segundo
a carne, que eu vim à Irlanda? Quem me impulsionou — agarrado pelo
Espírito — a não ver ninguém de minha parentela?
[...] de novo eu o vi orando em mim mesmo, e estava como que dentro
do meu corpo, e eu o ouvi orar sobre mim, isto é, sobre o homem interior,
e ele aí suplicava fortemente com gemidos. E durante esse tempo eu estava
estupefato, me admirava e me perguntava quem era esse que suplicava em
mim; no final da oração, porém, ele diz como se fosse o Espírito, e assim
eu me revelava e me lembrava do apóstolo dizendo: “O Espírito vem em
auxílio das fraquezas de nossa oração. Porque nós não sabemos orar como
se deve, mas o próprio Espírito suplica em nosso lugar com gemidos ine
fáveis” (§§ 25-26).
100
II. Rumo a uma teologia e a um
dogma sobre a terceira Pessoa
d]\ß
\sunção e até insensatez pretender, em algumas páginas, tra
çar validamente a gênese, o desenvolvimento, as formas
sucessivas de uma doutrina tão complexa. Podemos apenas
apresentar alguns aspectos de uma reflexão ligada à experiên
cia que os cristãos, na Igreja, fazem do Espírito.
Além dos artigos de dicionários, cf. J. L ebreton , Les origines du dogme de la Trinité, Paris,
19 1 9 , V. I.; Histoire du dogme de la Trinité, Paris, 19 2 8 , v. II; H. B. S w ete , The Holy Spirit
in the Ancient Church, London, 19 1 2 ; Th. R uesch , Die Entstehung d er Lehre vom Heiligen
Geist, Zürich, 1953; G. L. P restige, Dieu dans la pensée patristitjue, Paris, 1955; G. K ketschmar,
Studien zur frühchristlichen Trinitätstheologie, Tübingen, 19 5 6; Idem, “Le développement de
la doctrine du Saint-Esprit du Nouveau Testament á Nicée”, in Verbum caro 8 8 (1 9 6 2 ), pp.
5 -5 5 ; H. O pitz , Ursprünge frühchristlicher Pneumatologie, Berlim, 1960. Para o contexto da
filosofía estoica, G. V ekbeke, Eévolution de la doctrine du Pneuma du stolásm e ä S. Augustin,
Paris, 1945; M. S panneut, Le Stolcisme des Pires de l’Eglise de Clément de Rome ä Q ém ent
d ’A lexandrie, Paris (Patr. Sorb.), 1957. Para o contexto das teorias gnósücas, A. O rbe, La
teología del Espíritu Santo, Estudio Valentinos IV, Roma, 1960.
dil
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA 0 0 E S P ÍR IT O
Em primeiro lugar, ela (a fé) recomenda que nos lembremos que rece
bemos 0 batismo para a remissão dos pecados em nome de Deus Pai e em
Cf. 0 Pastor, 4 1 ; 5 8 ; 5 9 ,5 -6 ; 78,1 [Ed. bras. O Pastor de Hermas. In: Padres apostólicos. São Paulo,
Paulus, 1995, pp. 2 0 8 .2 2 5 -2 2 7 .2 4 4 ], Cf. J ustino . Apol. I, 39.
Cf. Diet, de Spiritualité, verbete Esprit, v. IV/2, col. 1 2 7 4 (E Smulders).
I Apol. 6 1 ,3 , sem citação de Mt 2 8 ,1 9 , não mais do que nos textos da Epideixis citados mais
adiante, embora, quinze anos antes, Irineu se refira expressamente a Mt 2 8 ,1 9 como palavras do
Senhor (Adv. Haer. III, 1 7 ,1 : PG 7 ,9 2 9 ; H arvey II, p. 92). Ver também 67 a respeito da Eucaristia.
102
R U M O A U M A T E O L O G IA E A U M D O G M A S O B R E A T E R C E IR A P E S S O A
Démonstration de la Prédicaüon apostoliqm 3 (S. Chr. 6 2 , p. 32). Ver am b ém Adv. Haer. III, 17. 1
(S. Chr. 2 1 1 , pp. 328s).
Ibidem 7, p. 4 1 . O texto continua assim: “Porque aqueles que trazem o Espírito de Deus são
conduzidos ao Verbo, isto é, ao Filho; mas o Filho (os) apresenta ao Pai, e o Pai (deles) provoca
a incorruptibilidade. Portanto, sem o Espírito, não é (possível) ver o FiUio de Deus e, sem o Filho,
ninguém pode se aproximar do Pai, porque o conhecimento do Pai (é) o Filho e o conhecimento
do Filho de Deus (se realiza) através do Espírito Santo; quanto ao Espírito, o Filho (o) concede
segundo o beneplácito do Pai como ministro para quem quer e como quer o Pai”. Ver também
cap. 99. Sobre a pneumatologia de Irineu, ver A. d’alés, “La doctrine de l’Esprit Saint chez S.
Irénée”, in Rech. Sc. Rei. 1 4 (1 9 2 4 ), pp. 4 9 6 -5 3 8 ; H. J . J aschke, Der Heilige Geist im Bekenntnis der
K irche. Eine Studie zu r P neum atologie bei Irenaus von Lion im A usgang vom altchristlichen
Glaubensbekenntnis, Münster, 1977.
103
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
“ B asilio de C esarEia. Sobre o Espírito Santo (cf. S. Chr. 17bis). À bibliografia aí dada, nas pp. 2 4 3 s
acrescentar B. Bobrinskoy, “Uturgie et ecclésiologie trinitaire de S. Basile”, in Verbum caro 89
(1 9 6 8 ), pp. 1-32; J.-M . H oenus, “La divinité du Saint-Esprit coinme condition de salut personnel
selon Basüe", in ibidem, pp. 3 3 -6 2 ; T.-F. T orrance, “Spiritus creator”, in ibidem, pp. 6 3 -8 5 ; E C.
C hristou, “L’enseignemení de S. Basile sur le Saint-Esprit’’, in ibidem, pp. 86-99.
“ Episí. 125, 3 (PG 3 2 . 54 9 ; no ano 3 7 3 ); 159, 2 (6 2 0 -6 2 1 ; no ano 373); 2 2 6 ,3 (849; no ano 375).
Texto em D5 150, in J. Alberigo et alíi (org.), Conciliorum Oecumenicorum Decreta (= COD), 3. ed.
Bologna, 19 7 3 , p. 24: breve história e bibliografia às pp. 2 1 -2 3 . Sabemos que esse Símbolo não
foi apresentado como tal e como provindo dos cento e cinqüenta padres conciliares em 3 8 1 , a não
ser pelo Concilio de Calcedonia em 45 1 ; ver a bibliografia em COD, pp. 21-23.
104
R U M O A U M A T E O L O G IA E A U M D O G M A S O B R E A T E R C E IR A P E S S O A
Ad Serapionem Ep. I, 22s. (PG 26, 584s; S. Chr. 15, pp. 127s).
Oratio theol. V, 2 8 (PG 3 6 , 165). O editor e especialista em Gregório de Nissa, W. Jäger mostra
que no cristianismo o humanismo termina na santidade da qual o Espírito é o principio. In H.
D ormes (org.), Gregor von Nyssa’s Lehre von Heiligen Geist, aus dem Nachlass, Leiden, 1965.
16a Yg]. também G regório de N azianzo, O ral XXXI, 2 8 (PG 36, 165); DIdimo, D e Trinitate II, 7 (PG
3 9 , 5 0 0 -6 0 0 ); São Cirilo em N . C harlier, “La doctrine sur le Saint-Esprit dans le ‘Thesaurus’ de
S. Cyrille d’Alexandrie”, in Studia Patrística II, pp. 187s; o padre G. M, de D urand editou c
traduziu os Diálogos sobre a Trindade (S. Chr. 2 3 1 ); ver também T eodoro de M opsuéstia, Homil.
catech. 9. 15; S anto A gostinho , E píst 2 3 8 , 21 (PL 3 3 , 1046).
R. PiAULT, “TertuUien a-t-il été subordinatien", in Rev. Sc. ph. th. 4 7 (1 9 6 3 ), pp. 1 8 1 -2 0 4 ; J.
M oingt , “Theologie trinitaire de Tertullien”, in Rech. Sc. Rei. 5 4 (1 9 6 6 ), pp. 3 3 7 -3 6 9 , e sobre
tudo Theologie trinitaire de Tertullien, Paris, 19 6 6 , 3 volumes + um volume de Tabelas (no total
1 0 9 4 páginas!).
105
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
“ DS 126.
Carta 15 ao papa Dámaso (PL 2 2 , 3 5 6 -3 5 7 ): “[...] falar de três hipóstases |...]. Toda a escola da
literatura profana reconhece como hipóstase tão-só a ousia. E quem, faça-me o favor, falará em três
substâncias [...]?” Um eco em S anto T omAs , 5. Th. Ia, q. 29, a. 3 ad 3; q. 30 , a. 1 ad 1). S anto
A gostinho era mais sereno e mais profundo: “Ao discorrer sobre o inefável, é preciso dizer como
se pode aquilo que não se pode explicar; os gregos, entre nós (a m stris Graecis) utilizaram os
termos; ‘uma essência e três substâncias’, enquanto os latinos diziam ‘uma essência ou substância,
três pessoas’ I...]" (De Trinüate VIl, 4 , 7 e cf. 6, 11; Bibl. augustin. XV pp. 5 2 7 e 541, e ver também
p. 584).
“ D S421.
106
RUMO A UMA TEOLOGIA E A UM DOGMA SOBRE A TERCEIRA PESSOA
107
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
Sobre o Pai e o Filho, muitos são os livros escritos por homens sábios
e espirituais [...]. Ao contrário, o Espírito Santo ainda não foi estudado com
a mesma abundância e cuidadosamente pelos doutos e grandes comenta
ristas das divinas Escrituras, de tal modo que seja bem entendido também
0 seu caráter próprio, que faça com que nós não possamos chamá-lo nem
de Filho nem de Pai, mas apenas de Espírito Santo.^^
Cf. Emmanuel-Pataq S iman, Lexpéñence d e l’Esprit p a r l’Eglise d'aprés la tradition syrienne d’Antioche.
París, 1 9 7 1 . Comparar Ph. R ancillac, L’Eglise, manifestation de l'Esprit c h e z S .Je a n Chrysoswme. Dar
Al-Kalima, Líbano, 1 9 7 0 .
“ De fid e et symbolo IX, inicio dos nn. 18 e 19 (PL 4 0 , 1 90-191).
108
R U M O A U M A T E O L O G IA E A U M D O G M A S O B R E A T E R C E IR A P E S S O A
D e Trinitate (PL 4 2 ; texto latino, tradução e notas explicativas em M. M ellet e Th. C amelot, BiblioL
Augustin., volume 15, 1955 e P Agaêsse e J. M oingt , ibidem, volume 16, 1955. Sobre a teologia
trinitaria de Agostinho, estudos clássicos de M. S chmaus (19271, 1, C hevalier (1 9 4 0 ), O. du R oy
(1955 ). Sobre sua pneumatologia, E C avallera, “La doctrine de saint Augustin sur l’Esprit Saint
à propos du ‘De Trinitate’”, in Rech. Théol. ancierme et m édiévale 2 (1 9 3 0 ), pp. 3 6 5 -3 8 7 ; 3 (1931),
pp. 5 -1 9 ; I. C hevalier, 5. Augustin et la pensée grecque. Les relations trinitaires, Freiburg, 1940; “La
théorie augustinierme des relations trinitaires. Analyse explicative des textes”, in Divus Thomas 18
(1 9 4 0 ), pp. 3 1 7 -3 8 4 ; M. N édoncelle, “Ilintersubjectivité humaine esl-elle pour S. Augustin une
image de la Trinité?”, m Augustinus Magister, Paris, 1954, v. I. pp. 5 9 5 -5 0 2 ; O. du R oy , “Ilexpérience
de l’amour et íintelligence de la foi trinitaire selon S. Augustin”, in Recherches augustiniennes 2
(1 9 6 2 ), pp. 4 1 5 -4 4 5 ; P. S muldees, m Dictionnaire de Spirituditc, v. W /2, col. 1279-1 2 8 3 ; E B ourassa,
questions de théologie trinitaire, Roma, 19 7 0 ; B. de M argerie, 1m Tnnité chrétienne dans l’Histoire,
Paris, 19 7 5 , pp. 15 9 -1 7 2 ; E. B ailueux, “LEsprit du Pére et du Fils selon saint Augustin”, in Revue
Thomiste 77 (1 9 7 7 ), pp. 5 -29.
28 j,jo ]^gj. “Alguns chegaram a crer que a comunhão entre o Pai e o Filho, isto é, se posso
dizer, a deidade que os gregos chamam de theoteta, seria o Espirito Santo [...]. Essa deidade que
eles pretendem entender também a respeito do amor reciproco dos dois e a respeito da caridade
que eles (Pai e FUho) se comunicam seria, segundo eles, chamada de Espirito Santo”. Agostinho
dirá mais tarde (De haeresibus) que esses “alguns” eram semi-arianos e macedonianos negando a
personalidade própria do Espírito Santo (B. de M argerie, op. cit., p. 151, nota 180).
" Hino primeiro, versos 3 -5. Comparar Hino terceiro, versos 2 4 5 -2 4 5 . Victorinus tem. porém, a sua
teologia trinitaria, na qual falta a idéia de uma processão própria do Espírito Santo.
109
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
110
RUMO A UMA TEOLOGIA E A UM DOGMA SOBRE A TERCEIRA PESSOA
3® “Eu digo ‘como de seu primeiro princípio’ (prindpaliterX pois está provado que o Espírito Santo
procede também do Filho. Esse privilégio, porém, foi concedido ao Füho pelo Pai, não como se
o Filho pudesse existir sem ter tido tal privüégio, mas no sentido de que tudo o que o Pai deu
ao Verbo unigénito, deu-o por geração. Portanto, de tal modo o gerou, que dele procedesse
também o Dom comum; e o Espírito Santo fosse Espírito de ambos” (De Trin. XV, 17, 29. Ver
também 25, 4 5 -4 7 ).
111
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
De Trin. XV, 2 7 , 50: “Sugere-se um esboço da distinção entre nascimento e processão. Pois não
é á mesma coisa olhar pelo' pensamento e apetecer, ou mesmo gozar pela vontade” (v. 15, p. 563).
112
RUMO A UMA TEOLOGIA E A UM DOGMA SOBRE A TERCEIRA PESSOA
« De Trin. V 11, 12; 12, 13; 15, 15; V il, 4 , 7; XV 17. 2 9 ; 18, 32 ; 19. 33; 2 7 , 50. Contudo. E
C avellera, art. cit. (nota 2 7). pp. 3 6 8 -3 7 0 , dá um destaque exagerado.
“Creio não ter sido sem razão que o Senhor, no evangelho de João, emhora falasse tantas vezes
da sua unidade com o Pai e da nossa entre nós, nunca tenha dito; ‘para que nós e eles sejamos
um’, mas para que ‘sejam um, como nós somos um' Qo 1 7 ,2 0 )” (De Trin. VI, 3, 4 [v. 16, p. 4791.
“É isso que nos é mandado imitar na ordem da graça...” (VI, 5. 7). O padre Moingt, porém, ao
insistir corretamente sobre esse aspecto, parece-nos que não vai até o fim do pensamento de
Agostinho (Bibl. Aug. t. 16, pp. 6 5 5 -6 5 6 ).
113
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
Na introdução geral aos “Traites antidonatistes”, in Bibl. Aug., Paris, 1963, v. 28, pp. 100-124.
* In loan. Ev. XXVI, 6, 13 (PL 35, 1 6 1 2 -1 6 1 3 ); XXVIl, 6, 6 (1 6 1 8 ); Serm o 2 6 7 , 4 (38, 1 2 3 1 ); 268,
2 (1 2 3 2 -1 2 3 3 ): este último texto é citado, com os de Crisóstomo, de Dídimo, de Tomás, de Leão
X III e de Pio XII, para ilustrar esse tema, pela constituição dogmática Lumen gentium do Vaticano
11, n. 7, § 7.
™ Sanchis , d . “Le symbolisme communautaire du Temple chez S. Augustin”, in: Rev. d ’Ascét. et Myst.
3 7 (1 9 6 1 ), pp. 3 -3 0 ; 13 7 -1 4 7 .
114
III. Destino do tema do
Espirito Santo, amor
mútuo do Pal e do Filho^
^ R. PEraNo, La doctrina trinitaria di 5. Anselmo nel quadro del suo método teología) e del suo
concetto di Dio, Roma, 19 5 2 ; A. Malei, op. cit., pp. 55 -5 9 .
115
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPIRITO
116
DESTINO DO TEMA DO ESPIRITO SANTO, AMOR MÚTUO DO PAI E DO FILHO
117
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPIRITO
alegar razões não apenas prováveis, mas necessárias;'^ contudo, ele che
gou a uma construção bem diferente, muito mais diretamente ligada à
oração e a uma experiência pessoal. Ele também diz que se deve atribuir
a Deus aquilo que colocamos em nossa mais alta visão dos valores (1,
20). Ora, é o amor, a caritas. Essa noção permite unir as duas afirmações
que a fé e a oração nos levam a confessar: tres, três, e entretanto mus,
um (cf. o símbolo Quicumque). A caritas de fato exige uma multiplicidade
de sujeitos — passamos do essencialismo ao personalismo; Ricardo
elabora uma nova definição da pessoa — , é preciso dizer até mesmo,
falar de caridade perfeita, aquela que devemos atribuir a Deus (3,2 e 5);
ela reclama a necessidade de um “consortium amoris” (3,11), isto é, de
amar juntos um terceiro e fazê-lo, junto, participar de sua felicidade. O
Espírito é assim colocado como “condilectus” do Pai e do Filho (3,11
e 19; 6,6: Salet traduz: “um amigo comum”; cf. p. 192, nota 2, ou: “um
terceiro igualmente amado”). Vê-se que Ricardo segue tanto Agostinho
(citado 8 7 vezes^), quanto Anselmo (citado 4 4 vezes), mas em vez de
falar inteligência e vontade, ele deduz tudo do amor. A confissão orante
da fé, tres que são unus, t traduzida como: um Amor, três Amantes.
D e Trin. 1, 4 . Padre C henu observa com razao: “As necessariae raüones, depois de santo Anselmo,
sempre estiveram presentes na escola’’ (Introd. à I'étude de S. Thomas, Paris, 1 9 5 0 , p. 158).
E do qual Ricardo retoma e esclarece a tese sobre o Espirito Santo como Amor do Pai e do Filho;
Quomodo Spiritus Sanctus est Amor Patris et Filii (PL 196, 10 1 1 -1012).
J.-E B onnefoy, Le Saint-Esprit et ses dons selon S. Bonaventure, Paris, 1929; A. Malet, op. cit., pp.
4 2 -4 8 (Alexandre), pp. 4 8 -5 3 (Boaventura); O. G onzalez , op. cit. A este podemos acrescentar as
monografias de J . Kauf, (1 9 2 7 ), Z. Alszeghy, (1 9 4 6 ) e E Prentice, (1 9 5 1 ) a respeito da teologia de
Boaventura sobre o amor. A pesquisa histórica aumenta sem cessar nosso conhecimento da escola
franciscana. G tam os ainda W H. P r in cipe , “St. Bonaventuie’s Theology of the Holy-Spirit with
Reference to the Expression ‘Pater et Filius diligunt se Spiritu Sancto’”, in 5. Bonaventure: 1274
1974, Grottaferrata, 1974, v. IV, pp. 2 4 3 -2 6 9 . Que deve ser completada por “Odo Rigaldus, a
Precursor o f St. Bonaventure on the Holy Spiritus Effectus formalis in the mutual Love of the
Father and Son”, in M ediaeval Studies X X X K (1 9 7 7 ), pp. 4 9 8 -5 0 5 .
118
D E S T IN O D O T E M A D O E S P ÍR IT O S A N T O , A M O R M Ú T U O D O PAI E D O F IL H O
O amor mútuo é mais perfeito do que o amor de si; o amor mútuo que
se comunica é ainda mais perfeito, porque aquele que não se comunicasse
teria um sabor de libido/
Amor essencial ou amor com o qual se ama cada pessoa e com o qual
cada pessoa ama as duas outras, é a complacmtia] amor nocional ou amor
no qual são unidos o Pai e o Filho ao espirar o Espirito Santo, é o amor
concordia ou dilectio; amor pessoal, o Espirito Santo produz à maneira de
liberalidade, da concordia do Pai e do Filho/
I Sent. d. 10, a. 1, q. 1.
Lexique Saint Bonaventute, Paris. 19 6 9 , pp. 16s. Amor. Seguem-se referências.
I Sent. d. 18, a. 1, q. 3 ad 4.
119
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
Thomiste 13 C1930), pp. 5 0 8 -5 2 7 ; Le role de ¡’anaiogie en ihéologie dogmaücjue, Paris, 1931, pp. 2 9 5
311 (publicado em Ephem. Theol. Lavan. 8 (1 9 3 1 ), pp. 5-16: “La valeur de la théorie psychologique
de la Trinité”); “Gloses sur la Procession d’amour dans la Trinité”, in E p k T heol Lavan. 14 (1 9 3 7 ),
pp. 3 3 -6 8 ; H. E D ondaine , S. Thomas d ’Aquin. Somme théologique. La Trinité, Paris-Toumai, 1945,
2 V.; A. M a let , Personne et Amour dans la théologie trinitaire de saint Thomas d’Aquin, Paris, 1956;
C. V a g a g in i , “La hantise des Radones necessariae de S. Anselme dans la théologie des Processions
trinitaires de S. Thomas”, in Spidlegium Beccense. I. Congrés intemat. du IX ' centenaire de l’arrivée
d’Anselme ao Bec, Paris, 19 6 9 , pp. 1 0 3 -1 3 9 ; E. B ailleux , “Le personnalisme de S. Thomas en
théologie trinitaire”, in Revue Thomiste 61 (1 9 6 1 ), pp. 3 5 -3 8 ; E B ourassa e B . d e M argerie , citados
acima, p. 109, nota 27.
“Ad manifestationem aliqualem hujus quaestionis, et praecipue secundum quod Augustinus earn
manifestat [...]” (De Potentia, q. 9, a. 5).
120
D E S T IN O D O T E M A D O E S P ÍR IT O S A N T O , A M O R M Ú T U O D O PAI E D O F IL H O
existindo em sen intelecto e Deus existindo em sen amor são um só. cada
um dos três, porém, sendo uma realidade subsistente.'^
Cap. 50: cf. D ondaine. op. cit., v. II, p. 4 0 6 , nota 1. Contra Gentiles IV, 26.
I Sent., d. 23, a, 3; ou “a relação enquanto subsiste na natureza divina” (la, q. 29 , a. 4; q. 39, a. 1).
121
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
as duas relações que relacionam o Pai a cada uma deles. Por conseguinte,
assim como o Pai é uma Pessoa, seguir-se-ia igualmente que o Filho e o
Espírito Santo não seriam senão uma Pessoa possuindo duas relações opostas
às duas relações do Pai. Isso, porém, é uma heresia, pois desse modo se
destrói a fé na Trindade. É preciso, portanto, que o Filho e o Espírito Santo
se refiram um ao outro por relações opostas. Ora, em Deus não pode haver
outras relações opostas além de relações de origem; e essas relações de ori
gem opostas entre si são as de princípio, por um lado, e de termo emanado
desse princípio, por outro lado. Em resumo, será necessário dizer ou que o
Filho procede do Espírito Santo — mas ninguém diz isso; ou que o Espírito
Santo procede do Filho: e é isso que nós confessamos.
E a explicação que nós demos mais acima da respectiva processão deles
concorda com esta doutrina. Foi dito que o Filho procede segundo o modo
próprio do intelecto, como Verbo; e que o Espírito Santo procede conforme
0 modo próprio da vontade, como Amor. Ora, necessariamente o amor
procede do verbo; não amamos nada a não ser que o apreendamos numa
concepção do espírito. Por isso, fica também claro que o Espírito Santo
procede do Filho.^'*
“ Ia. q. 3 6 , a. 2. Comparar Contra Gentiles IV, 2 4 ; De Potenüa, q. 10, a. 5 ; In loan. cap. 15. leit. 6.
Op. cit, V. II, pp. 3 9 7 -4 0 1 .
122
D E S T IN O D O T E M A D O E S P ÍR IT O S A N T O , A M O R M Ú T U O D O P A I E D O F IL H O
o perigo do antropomorfismo que H. Dondatne apontava no tema do Espirito como Amor mútuo
do Pai e do Filho podería ser exempHficado por diversas fórmulas que se encontram nos livros, no
mais profundas e edificantes, de Yves R aguin , La Projondeur de Dicu, DDE, 1973, e sobretudo LEspñt
sur le monde, DDE, 1975. Eis algumas dessas fórmulas que, segundo a estrita teologia trinitária, são
inexatas ou ao menos ambíguas: “vida de relações em Deus” (Prof., p. 137); “as pessoas são centro
de ação e de consciência. Essa consciência é consciência em total reciprocidade” (p. 138); “O Pai é
Pai nas profundezas do Filho, o Filho é Filho nas profundezas do Pai, e essa relação é o Amor dos
dois, que se chama Espírito" (p. 159); “Na Trindade, a última profundeza de Deus é a relação de
amor que chamamos de Espírito Santo. Este é ao mesmo tempo a relação que une o Pai ao seu Filho
e a última intimidade dessa relação" (EEsprií, p. 16); “A relação do Pai e do Filho se estabelece no
Espirito” (p. 7); “Entre esses três, se se pode dizer ‘três’, o que conta não é o número, mas o fato
de serem, na total identidade deles, uma incessante relação de conhecimento e de amor" (p. 27).
Nesses textos, o termo “relação” é tomado num sentido psicológico humano, enquanto ele tem um
sentido técnico-metafisico na doutrina trinitária. A experiência interpessoal humana é transposta
para Deus sem passar por uma necessária e purificadora críüca. É certo o que diz Raguin: “Eu não
diria que nós projetamos nosso modo de ser sobre aquele da última realidade; eu diria mais que
nosso modo de ser nos fornece uma linguagem para expressar o inefável” (Prof., p. 148). Com a
condição de não transpô-la tal e qual; haveria risco de antropomorfismo.
Assim São B ernardo , Serm ão 8 sobre o Cântico, 2 (PL 183, 81 0 s); Serm o 89 de diversis (1 8 3 , 707).
123
IV. São Simeão, o Novo Teólogo
Uma experiência do Espírito
é
um dos maiores místicos cristãos. Nascido em 9 4 9 , tomou-se
monge do Studios, depois de Saint-Mamas; ele foi instituído
como hegúmeno (abade de rito ortodoxo) em 982. Ele se refere
freqüentemente a Simeão, o Piedoso ( t 987), que lhe revelou
os caminhos espirituais. Essa referência, seu fervor exigente, sua
insistência em fazer parte dessas exigências místicas que lhe
valeram oposição e dificuldades. Ele deixa o hegumenado e é
enviado, em 1009, à outra margem do Bosforo, onde morre em
12 de março de 1022. Deixou uma considerável obra escrita.^
Obras: PG 120; Tratado "Feri exomologeseos”, in K. H o ii, (ed.). Enthusiasmus und Bussgewalt
heim griechischen Mönchtum. Eine Studie zu Symeon dem Neuen Theologen, Leipzig, 1898, pp.
1 1 0 -1 2 7 . Foram publicados em edição critica e tradução, in Sources Chrétiennes: Catéchèses,
com introdução e notas de dom Basile KiavocHäNE. Paris, 1 9 6 3 -1 9 6 5 , nn. 9 6 , 104, 113;
Chapitres théohgiques, gnostiques et praticpies, Paris, 1957, n. 57, com tradução de J. D arrouzès:
São as Centúrias; Traites théologiques et éthiques, Paris, 1966 e 1967, nn. 122 e 129, com
importante Introdução; Hymnes. Edição crítica de J . K o d er , París, 1969, 1971, 1973, nn.
156, 174, 196. Visando à praticidade, não um estudo cientifico técnico, citamos as refe
rências através de dois números; o volume de Sources Chrétiennes (5. Chr.) e a página da
tradução. Se, vez ou outra, aparecer um terceiro nümero, trata-se da linha.
Estudos: I. H ausherr e G . H or n , Un grand mystique byzantin: Vie de Syméon le Noveau
Théologien p a r Nicétas Stéthatos, Roma, 1928; S. G ouillard , verbete “Syméon”, in D iet Théol.
Cath., t. XIV/2, cois. 2 9 4 1 -2 9 5 9 ; artigo em inglés de B. K ribochéin e e L. B o u íe r , in Histoire
de la Spiritualité ehrétienne. 2. La spiritualité du Mayen Age, Paris, 1961, pp. 662-675.
Citações e resumos, mas insuficientemente ordenados, em M .-J. i e G u il l o u , Les témoins sont
parm i nous. Lexpérience de Dieu dans VEsprit-Saint, París, 1976. Eu tinha conhecimento
apenas do titulo de A. J . van d er A alst , “Ambten Charisma bij Simeon de nieuwe theolog”,
in Hat Christlijk Dosten 2 2 (1 9 7 0 ), pp. 153-172.
-1|5
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
^ Sobretudo nas Catequeses, instruções dadas aos seus monges. Cat. XXII (104, 367s), XXXV e
XXXVI (as duas Ações de graças; 113, 3 05s, 33 1 s) e Hinos XVIll (174, 77s).
126
S Ã O S IM E Ã O , O N O V O T E Ó L O G O . U M A E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
tempo que estava embaixo, eis que no alto, os céus se abrem, tu te dignas
mostrar-me a tua face, tal como um sol sem forma [...].
Depois de teres feito te ver desse modo por muitas vezes e muitas vezes
teres te escondido de novo [...] mas eu via os clarões e o brilho da tua face
[...]. Assim tu te mostraste, depois de ter, pela luz do Espírito Santo, no
esplendor, purificado integralmente minha inteligência (Catequeses XXKYl
= Ação de graças 2 [113, 335-349]).
Certo dia, ele [é Simeão] estava em pé e dizia; “O Deus, sê-me propício,
a mim pecador”, mais em espírito do que de boca, quando de repente
vindo do alto brilhou sobre ele uma iluminação divina que inundou total
mente o lugar. Nesse momento, o adolescente não se dava mais conta, ele
não sabia se estava numa casa ou se se encontrava sob um teto. Pois ele não
via, em toda parte, a não ser a luz [...], todo inteiro presente à luz imaterial
e ele mesmo, ao que lhe parecia, tendo se tomado luz, tendo esquecido o
mundo inteiro, foi inundado de lágrimas, de uma alegria e de um júbilo
inefáveis. Então sua inteligência se elevou até o céu e descobriu uma outra
luz, mais clara que aquela que lhe estava próxima [...] (Cat XXII [104, 273]).
Vem, luz verdadeira. Vem, vida eterna [...]. Vem, luz sem ocaso [...].
Vem, tu que desejaste e desejas minha alma miserável. Vem, o Só, para o
só, pois tu vês que eu estou só [...]. Vem, tu que te tornaste em mim desejo,
que me fizeste te desejar, tu, o absolutamente inacessível. Vem, minha
respiração e minha vida [...] (156, 151s).
C t ainda Caí. XXXV = Ação de graças 1 (1 1 3 , 313s). Experiências de luz são narradas na Vida de
Simeão por Nicetas, nn. 5, 26, 69: Un grande mystique byzanün. Vie de Syméon le N ow au Thêologien
(9Í9-1022) p ar Nicétas Stéthatos, Roma, 1928, com introdução e tradução de I. Hausherr e G. Horn.
Isso pode ser observado em A. R enoux , “EolBce de la genuflexion dans la tradition arménienne”,
in Le Saint-Esprit dans la üturgle, Roma, 1977, pp. 14 9 -1 5 3 : essa liturgia implica, em Pentecostes,
uma oração a cada uma das três Pessoas; ver texto da oração ao Espírito Santo nas pp. 161s.
127
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Cat. VI (1 0 4 , 4 5s; comp. p. 23: “O Reino dos Céus consiste na participação do Espirito Santo",
e cf. Cat. XXXIII (113, 24 9 s); XXXV (3 0 7 e 3 2 5 ) etc.
Cat. VI (1 0 4 , 45s); Hino XV (1 5 6 , 2 8 7 , 121s) e XLIV (196, 8 1 . 145 e 95 , 3 4 2 ); LI (p. 193); Cent.
3. 8 8 (5 1 , 108 -1 0 9 ).
Hino XIX, 5 3 -5 5 (1 7 4 , 9 9 ); X U y 2 6 6 -2 7 1 (1 9 6 , 89s); L. 153s (p. 169); LI 95s (p. 193); etc.
Cent. 3. 1 (5 1 , 8 0 ); comp. Cat. XX (1 0 4 . 3 33).
Cat. VI (1 0 4 , 4 1 ); XX (pp. 331s).
Cat. VI (1 0 4 , 4 5 ); XIII (pp. 191s); Hino U , 89s (1 9 6 , 5 9 3 ). A esse respeito, notemos como Simeão
está longe do quietismo. Tanto são pura graça as vindas de Deus, de seu Espírito, quanto elas
exigem de nós a prática dos mandamentos, o esforço e a luta da ascese (Hino XIII (156, 257s).
Cf. Cat. XII, XXII, XXVI e a Introdução de dom Krivochéine, 96 , pp. 35-40.
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SÃO S IM E Ã O , O N O V O T E Ó L O G O . U M A E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
** Cent. 3, 4 5 (5 1 , 9 3 ); comp. 1, 3 6 (p. 5 0); “No primeiro batismo a água é símbolo das lágrimas,
e o óleo da unção prefigura a unção interior do Espirito; mas o segundo batismo não é a figura
da verdade, é a própria verdade”.
Hino ty, 1 4 5 -1 4 7 (1 9 6 , 265).
129
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Eis-me mais uma vez às turras com aqueles que dizem ter o Espírito de
Deus de maneira inconsciente e que imaginam possuí-lo a partir do santo
batismo, que estão sem dúvida persuadidos de ter esse tesouro, mas sem
reconhecer em nada seu peso neles: diante dos que admitem não ter ab
solutamente experimentado nada no batismo e que supõem que é de maneira
inconsciente e insensível que o dom de Deus habitou a partir de então
neles e que ele subsiste até o presente dentro de suas almas [...].^®
E se alguém disser que cada um de nós, fiéis, recebe e possui o Espírito
sem ter conhecimento nem consciência, ele blasfema fazendo Cristo mentir.
Continuamente em Vida por Nicetas Stethatos; frequentemente na obra de Simeão, assim na Cat.
IV ( 9 6 , 4 8 s ); Cent. I , 6 4 , 6 7 , 6 9 - 7 1 ; 2 , 4 5 , 4 6 , 4 9 , 5 0 ; 3 , 3 4 . Cf. I. H ausherr, Penthos. La doctrine
de la componction dans W n e n t chrétien, Roma, 19 4 4 ; M. L. Borodine , “Le mystére du don des
larmes dans l’Orient chrétien:, in Suppl. de la Vie spirituelle, set. de 1 9 3 6 .
“ Tratado ético V (129, 79s); Ibidem, p. 105: “Como tu sabes, bem-amado de Cristo, que serás
semelhante a ele? Dize-nos, como tu sabes?” — “Pelo Espirito que nos foi dado”, diz ele (IJo 3,24).
“É por ele que nos conhecemos que somos filhos de Deus e que o próprio Deus está em nós”.
130
S Ã O S IM E Ã O , O N O V O T E Ó L O G O . U M A E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
este que disse: “nele se produzirá uma fonte de água que jorrará para a vida
eterna” Qo 4 ,1 4 ), e ainda: “Aquele que crê em mim [...]. Do seu seio
Jorrarão rios de água viva” (7,38)
O Senhor que nos favoreceu com bens supra-sensíveis nos concede
também uma nova sensibilidade supra-sensível pelo seu Espírito, a fim
de que seus dons e seus favores, que ultrapassam a sensação, sobrenatu
ralmente, através de todas as sensações, nos sejam clara e puramente
sensíveis.^“
Tratado ético V (1 2 9 , 9 9). Comparar a respeito do Esplrito-luz, K (p. 2 25), XI (p. 3 8 1 ); Cat.
XXXIV (113, 3 0 1 ). Antecedentes nos Padres gregos, cf, S. G ribomont, verbete “Esprit”, in Dict. de
Spiritualité, v. IV/2, col. 1269s. '
131
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
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S Ã O S IM E Ã O , O N O V O T E Ó L O G O . U M A E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
e ainda: “Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que
clama; Abba, Pai” (Gl 4,6). Portanto, é ele que nos mostra a porta, porta
que é luz
Esse textos são luminosos por si, mas também levantam questões.
A relação entre Espírito, Cristo-Filho e o Pai é definida na linha bíblica
e tradicional de um retom o ao princípio. A comparação com a chave
e a porta une notavelm ente a pneum atologia e a cristologia: são
inseparáveis, formam juntas o acesso ao Pai. Eis, porém , o problema
que levantava essa sequência de textos; se é o Espírito que abre, o que
será do “poder das chaves”, quem o exercerá? Será o monge, o hom em
espiritual ou o sacerdote, o ministro hierárquico ordenado?
Ibidem, p. 261.
“ Cf. Tratado ético X (1 2 9 , 2 9 3 ) e XIV (3 3 9 ); Hino XXVI, 151s (174, 269).
“ I. H ausherk, Direction spirituelle en Orient autrefois, Roma, 1955; quanto à ortodoxia russa, cf. K.
H otl, op. cit., p. 154; 1. S moutsch , Lehen und Lehre d er Starzen.Wien, 1936; Das altrussische
Mönchtum (11.-16. Ja h rd t). Gestalter und Gestalten, Würzburg, 1940.
Por exemplo. Hino IV, 25s (1 5 6 , 193); V, 11 (p. 2 0 1 ); seu caso pessoal, Cat. XXXVI (Ação de graças
2: 11 3 , 337).
133
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Será que não há, será que não te parece haver motivo para estremecer
diante dessa usurpação da dignidade apostólica. Irmão? Aproximar-te da
luz inacessível e tomar-te mediador entre Deus e os homens, tu consideras
isso como nada?^°
Aqueles que não preferiram (Cristo) ao mundo inteiro e que não apre
ciaram como uma glória, uma honra, uma riqueza o simples fato de adorar,
de oficiar e de se manter em sua presença, também são indignos da visão
imaculada e da felicidade, da alegria e de todos os bens aos quais, sem ter
0 arrependimento, jamais partilharão, a menos que [...] façam com zelo
tudo aquilo que meu Deus disse; é então com dificuldade, e com grande
Cot. XXXrV (1 1 3 , 2 8 3 ) e no n. 6 do seu tratado sobre a Confissão (PG 95 , 304): ele desejou ser
ordenado.
Tratado ético VI (1 2 9 , 149s); 111 (1 2 2 , 433s).
134
S Ã O S IM E Ã O , O N O V O T E Ó L O G O . U M A E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
não nega que o poder de ligar e desligar passou de Cristo para os apóstolos,
e dos apóstolos para os bispos e padres, mas ele afirma que estes não
podem mais exercê-lo por causa da decadência moral deles. Para reconciliar
com a santidade de Deus, precisa ser santo; para conceder o Espírito Santo
é preciso tê-lo graças à pureza de vida. São os monges que preenchem
atualmente essas condições, e tão-somente aqueles que vivem conforme sua
profissão, e de nenhum modo aqueles que gegonasi monachoi pampan
amonachoi (monges que se tomaram totalmente não-monges).^
Hino XIX, 14 7 -1 6 5 (1 7 4 , 107s)', Tratado ético XV; “É preciso falar, para homens desse tipo (os
falsos hesicastas) sobre o poder de ligar e de desligar, enquanto aqueles que têm em si o Paráclito
que perdoa os pecados tremem de medo em fazer a menor coisa que iria contra o parecer daquele
que está neles e fala por eles? Mas então quem seria tão louco [...] a ponto de dizer e fazer as obras
do Espirito antes de ter recebido o Paráclito, e de se ocupar dos afazeres de Deus sem o parecer
de Deus?" (1 2 9 , 4 5 9 ).
“ Na obra acima citada (nota 1): edição do texto, pp. 1 1 0 -1 2 7 ; Lequien o havia publicado e sua
edição está reproduzida em PG 9 5 , 2 8 3 -3 0 4 com uma tradução latina de Thomas Gale, decano
de York; é a ela que recorremos. O resumo de F. Hausherr é um tanto pobre, mas exato.
135
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Não admira que Nicétas, que acabava, parece, de redigir sua Vida
de Simeão, tenha se chocado com o cardeal Humbert, que encontrou
Seja lá o que diga W V olker, Wer wahre G nostiker nach Clemens Alexandrinus, 1Q52, p. 172. Cf.
K. Rahner, “La doctrine d’Origene sur la péiütence”, in Rech. Sc. Reí. 3 7 ( 1 9 5 0 ) , pp. 4 7 -9 7 ,2 5 2
2 8 6 ,4 2 2 -2 5 6 ; B. Poschmann, Poenitentia secunda, Bonn, 19 4 9 , pp. 462s.
Quaestiones et Responsiones, q. VI, 1 (PG 8 9 , 369s).
Cf. J. S tilglmayr, Die Lehre von den Sakramenten und der Kirche nach dem Ps.-Dionysios. In;
Zätsch. Kath. Theol. 2 2 (1 8 9 8 ), pp. 2 4 6 -3 0 3 .
^ N icetas S téthatos, “De la Hierarchie", cap. V, nn. 3 2 -4 0 . In: Opuscules et Lettres, Sources chrétiennes
n 81 . Paris, 1961, pp. 3 3 5 -3 4 5 .
136
S Ã O S IM E Ã O , O N O V O T E Ó L O G O . U M A E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
^ Citado por 1. Hausherr, op. cit., (nota 3 ), p. LX X IX , conforme C. W ill , Acta et Scripta quae de
Controversiis Ecclesia« C raecae et Latinae saeculo XI' composita exstant, 1 8 6 1 , p. 1 3 7 . PL nas
colunas 9 7 3 - 9 8 4 , contém um tratado de Nicétas criticando os latinos sobre os pães ázimos
(ausencia de vida, de Espirito), o jejum do sábado e o celibato dos padres; nas colunas 9 8 3 - 1 0 0 0 ,
a resposta violenta do cardeal Humbert, que começa insultando Nicétas, “stultior asino", e o
compara a diversos hereges. Contudo, narrando a sua legaçâo, Humbert diz, na coluna 1 0 0 1 , que
Nicétas se retratou, foi restabelecido na comunhão e se tom ou até mesmo “fam iliaris amicus".
Op. d t. na nota 1. Ver também H. K och , “Zur Geschichte der Bussdisziplin u. Bussgewalt in der
Oriental Kirche”, in Histor. Jahrh. 21 ( 1 9 0 0 ), pp. 5 8 -7 8 ; J . H örmann, Untersuchungen zur griechsischen
Laienbeicht, Donauwörth, 1 9 1 3 ; J . T. M cN eill, A History o f the Cure o f Souls, London, 1 9 5 2 , pp. 3 0 7 s.
Com referencia a Jo 2 0 ,2 2 , Sermo 9 9 , 9 (PL 3 8 , 6 0 0 ); Serm o 71, 13, 23. “Spiritu Sancto in ecclesia
peccata solvuntur” (3 8 , 4 5 7 ). A Columba = ecclesia sancta: D e Baptismo 111, 17, 22; VII, 51, 9 9 (43,
149 e 2 4 1 ); “Columba tenet, columba dimittit”; III, 18. 23 (4 3 , 150), retomado em In loan. Ev.
CXXI, 4 (3 5 . 1958).
137
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
cristã, é a ecclesia que liga e desliga.“*^ Texto sintético: “Has enim claves
non unus homo, sed unitas accepit ecclesiae Columba ligat, columba
solvit; aedificium supra petram ligat et solvit”d® Nesse contexto de uni
dade e de caridade, Agostinho, dirigindo-se aos fiéis, chega a dizer:
“Audeo dicere, claves istas habemus et nos. Et quid dicam? Quia nos
ligamus, nos solvimus? Ligatis et vos, solvitis et vos
A teologia de Agostinho porém, é, bem diferente da de Simeão, que
poderia ser comparada com alguns enunciados de Tertuliano, que se
tomou montañista.'^® Segundo Agostinho, não são os espirituais que ligam
e deshgam, é a ecclesia enquanto cantas, pax, mitos pelo Espírito Santo:
“pax ecclesiae dimittit peccata [...] columba tenet, columba dimittit; unitas
tenet, unitas dimittit”.'*^ Além disso, em Agostinho, a ação solidária dos
santos que formam a columba está ligada aos sacramentos que os ministros
ordenados celebram. Nessa ligação se traduz a união entre o que procede
de Cristo (o sacramento, o ministério ordenado) e o que procede do
Espírito Santo (o fruto espiritual salu tar).A g o stin h o não teria separado
como Simeão as duas ordens de realidade, ele não teria dado tal autono
mia ao espiritual (aos espirituais). Alguns raciocínios de Simeão relembram
os dos donatistas, e de Cipriano, que escrevia: “Quomodo autem mundare
et sanctificare aquam potest qui ipse immundus est et apud quem Sanctus
Spiritus non est?”.^^ Simeão não deu o pleno valor à ordem sacramental,
que deriva da ação salutar do Verbo encarnado. Ele acentuou demasiada
mente uma espécie de autonomia do Espírito e de sua experiência a
respeito dessa ordem, que faz parte da estrutura da Igreja.
Agostinho não se cansa de comentar, nesse sentido, o Dom das chaves e do poder de ligar e
desligar em Mt 16,19s; In loan. Ev. CXXTV, 7 (35, 19 7 6 ); cf. A.-M. LA B onnardiêre, “Tu es Petrus.
La péricope Mt 16 ,1 2 -2 3 dans 1’oeuvre de S. Augustin”, in Irénikon 3 4 (1 9 6 1 ), pp. 4 5 1 -4 9 9 .
Sermo 2 9 5 , 2 (PL 3 8 , 1349).
Aquele, bem conhecido, do De Judicia, 21: “ecclesia quidem delicta donabit; sed ecclesia spiritus
per spiritalem hominem, non ecclesia num eras episcoporum”.
'**' De Baptismo III, 18, 23 (43, 150). É o quadro no qual Agostinho explica o logion sobre a blasfêmia
contra o Espirito (Sermo 7 1 ; 38, 445s). Seria interessante comparar com a explicação de Simeão
em C at XXXII (1 1 3 , 23 8 s); Tratado ético V (1 2 9 , 111).
Ver nossa “Introduction générale aux Traites antidonatistes”, in Oeuvres de saint Augustin, 28. Paris,
1963, 28, pp. 97 -1 1 5 .
138
V. 0 Espírito Santo
na oração do Ocidente
durante a “Idade Média”
A sagrada liturgia
139
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Para o rito latino, estudos de B. N eunheuser, “Der Hl. Geist in der Liturgie”, in Theologie und Glaube
35 (1943), pp. 11-24, retomado in Liturgie und Mönchtum, Heft 2 0 ,1 9 5 7 , pp. 11-33; E V anderbrouke ,
“Esprit Saint et structures ecclésiales”, in Questions liturg. et paroissiales 39 (1958/3), pp. 115-131;
Idem, in Dictionnaire de Spiritualitc, 19Ö1, v. IV col. 1 2 8 3 -1 2 9 6 ; C. Vagaggini, Initiation théologique
ä la liturgie, Bruges-Paris, 1959, volume 1, pp. 1 4 2 -1 7 4 (adaptado por Ph. R ouillard ,).
Ed. W ilson , pp. 85 -8 7 . Estudos sobre essa oração consacratória da água: J . L écuyer, “La prière
consécratoire des eaux", m L a Maison-Dieu 4 9 (1 9 5 7 ), pp. 8 -2 9 ; E. S tommel, Studien zur Epikiese
der römischen Taufwasserweihe, Bonn, 1950; J . de J ong , “Benedictio fontis", in A rchiv/. Liturgiewiss.
8 (1 9 6 3 ), pp. 2 1 -4 6 ; E. L engeung , “La consecration de l’eau baptismale dans le rite romain”, in
Concilium 2 2 (1 9 6 7 ), pp. 6 5 -7 0 (propõe simplificações).
140
o E S P ÍR IT O S A N T O N A O R A Ç Ã O D O O C ID E N T E D U R A N T E A “ID A D E M É D IA ”
do Espírito Santo a graça de teu Filho unigénito [...]. Que seja uma fonte
viva, uma água que regenera e purifica, para que todos aqueles que rece
berem esse banho salutar sejam totalmente purificados pela ação do Espí
rito Santo. [...] Eu também te [a água] bendigo ainda por Jesus Cristo seu
Filho unigénito, nosso Senhor, que [...] foi batizado em ti por João no
Jordão, que te fez brotar de seu lado com o sangue [...]. Que desça na
profundeza dessas fontes a virtude do teu Espírito [...].
No fundo, é o que transparece dos trabalhos de L. Bouyer, L. S. Thom ton, B. Neunheuser citados
abaixo e H. Küng, “La confirmation comme parachèvement du baptême”, in Hexperiénce de ¡’Esprit,
Mélanges SchiUebeeckx, Paris. 19 7 6 , pp. 11 5 -1 5 1 , apoiando-se em J . A mougou-A tangana, Ein
Sakram ent des Geistesempfangs? Zum Verhältnis von Taufe und Firmung, Freiburg-Basiiéia-Wien, 1974.
U mberg, J. B. Confirmaüone Baptismus “perficitur”. In: Ephem. Theol. Luvan. 1 (1 9 2 4 ), pp. 5 0 5
517; Camelot, E Th. Sur la théoiogie de la confinnation. ln: Rev. Sc. P hil Théol. 3 8 (1 9 5 4 ), pp.
Ö37-037; Neunheuser, B. Taufe und Firmung, Freiburg, 19 5 6 ; A. Hamman, Je crois en un seul baptême.
Essai sur "Baptême et Confirmation", Paris. 1970; H. auf der M auer & B. K leinnheyer (ed.). Zeichen
des Glaubens. Studien zur Taufe und Firmung, Zürich, Festgabe B. Fischer, 1972.
E. L lopart, Los fórm ulas de la confirmación en el Pontifical romt, Montserrat, 1958, pp. 1 2 1-180,
apresentado por E M. Gy , “Histoire liturgique du sacrement de confinnation”, in La Maison-Dieu
5 8 (1 9 5 9 ), pp. 135s; cf. Neunheuser et Amougou-Atangana citados acima.
141
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Além de E Th. C amelot, citado acima, e os fascículos da Maison-Dieu, cf. A. G, M artimort, “La
confirmation”, in Communion s o lm n d k et Profession de Foi, Paris, 1952, pp. 1 5 9-201; L. B ouyer,
“Que signifle la confirmation?”, in Parole et Liturgie 3 4 (1 9 5 2 ), pp. 3 -1 2 ; “La signification de la
confirmation”, in Vie et Esprit Suppt 15 de maio de 1954, pp. 152-179; L. S. T hornton, Confirmation.
Its place in lhe Baptismal Mystery, Westminster, 1954; A. Adam, Firmung und Seelsorge, Düsseldorf,
1 9 5 9 ; H . M ü h len , “D ie F irm u n g als sakram entales Z eich en d er h e ilsg esc h ich tlic h e n
Selbstüberlieferung des Geistes Christi”, in Theol. u. Glaube 5 7 (1 9 5 7 ), pp. 2 6 3 -2 8 6 ; W B reuning,
“La place de la confirmation dans le baptême des adultes”, in Concilium 22 (1 9 6 7 ), pp. 8 5 -9 5 ; J.-
P. B ouhot, La confirmation, sacrement de la communion eccU äale, Paris, Chalet, 1968; H. B ourgeois ,
Lavenir d e la confirmation, Paris, Chalet, 19 7 2 ; L. Ligier, La confirmation. Sens et conjoncture
oecuménique h ier et aujourdhui, Paris, 1973 (critica do rito atual por causa do lugar que dá à unção,
quando o essencial é a imposição das mãos).
Daí 0 paralelo Encarnação batismo
Cf. Me 3 ,1 4 ; literalmente: “Ele fez [deles] doze para que eles estivessem com ele e para os enviar
a anunciar”.
J . L écuyer, Le sacerdote dans le mystére du Christ, capítulos XI e XII, prepara os momentos Páscoa-
Pentecostes. É a linha esboçada por S ão C irilo d e J erusalem (Cot. Myst. Ill, 1-2: PG 33, 1088s).
Igualmente W. B reun in g , “Apostolizitãt als sakramentale Struktur der Kirche. Heilsökonomische
Ueberlegungen über das Sakrament der Firmung”, in Volk Gottes... Festgabe J . Höfer, Herder,
1967, pp. 13 2 -1 6 3 . Ver também E. S ch iix ebeeck x , Le Christ, sacrem ent de la rencontre de Dieu, Paris,
1961 , pp. 163-173.
142
o ESPIRITO SANTO NA ORAÇÃO DO OCIDENTE DURANTE A “IDADE MÉDIA”
Nessa perspectiva, assumiriamos, atualizando-a graças aos recursos da psicologia moderna, a idéia
tomista que faz com que os sacramentos correspondam aos momentos decisivos da vida: a con
firmação corresponderia à passagem de uma vida para si a uma vida com e para os outros,
propriamente social: “antea quasi singulariter sibi ipsi vivit” (111a., q. 72, a, 2). Cf. E R an w ez , “La
confirmation constitutive d’une personnalité au service du Corps mystique du Christ”, in Lumen
vitae 9 (1954), pp. 17-36; J . L atrh lle , “Ladulte chrétien ou I’effet du sacrement de confirmation
chez S. Thomas d’Aquin’’, in Rev. Thomiste 57 (1957) pp. 5-28; 58 (1958), pp, 214-243; A, A u er ,
W dtqffener Christ... 2. ed. Dusseldorf, 1962, pp. 146s.
“Comparaison des Chrétiens des premiers temps avec ceux d’aujouid’hui”, in Pensées et Opuscules,
Ed. L. Brunschvig, pp. 201-205.
143
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
144
o ESPIRITO SANTO NA ORAÇÃO DO OCIDENTE DURANTE A “IDADE MÉDIA”
Essa é a explicação que nos dá Severiano de Gabala, por volta do ano 400; cf. J. Lécuyer, “La grace
de la consécration épiscopale", in Revue Sc. Phil. T h éol 36 (1Q52), pp. 389-417 (p. 402).
“ B. Borre, p. 34.
Para a história literária desses Post pridie, ver W S. P orter, “The Mozarabic Postpridie”, in Journal
ofT h eol. Studies 44 (1943), pp. 182-194. Sobre a teologia sacramentária e eucarística de Isidoro,
cf. J. B. G eiselmann, Die Abendmahlslehre an d er Wende d er christlichen Spätantike zum Frühmittelalter,
Isidor von Sevilla und das Sakrament der Eucharistie, München, 1933; J . H avet, “Les sacrements et
le röle du Saint-Esprit d’aprés Isidore de Séville", in Ephem. T h éol Lovan. 16 (1939), pp. 32-93.
145
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
“ Eis o texto latino, infelizmente quase intraduzível: “Sacramentum est autem in aliqua celebratione
cum rei gestae commemoratio ita fit, ut aliquid etiam significare intellegatur, quod sánete
accipiendum est” (Epist. 55, 2: PL 33, 205).
I sidoro , Eíym. VI, 19, 38-42: “Sacrificium dictum, quasi sacrum factum, quia prece mystlca
consecratur in memoriam pro nobis Dominicae passionis; unde hoc eo iubente corpus Christi et
sanguinem dicimus. Quod, dum sit ex fructibus terrae, santificatur, et fit sacramentum, operante
invisibiliter [Migne: visibiliter!] Spiritu Dei [...]. Sacramentum est in aliqua celebratione, cum les
gesta ita fit ut aliquid significare intellegatur, quod sánete accipiendum est I...]. Quae ob id
sacramenta dicuntur, quia sub tegumento corporalium return virtus divina sccretius salutem
eorumdem sacramentorum operatur Quae ideo fructuose penes Ecclesiam fiunt, quia sanctus
in ea manens Spiritus eundem sacramentorum latenter operatur effectum” (ed. L indsay; PL 8 2 ,
255). Cf. De offidis eedes. I. 18. 4 (PL 83. 755).
“ Após ter citado Jo 1,33, Isidoro escreve: “ [...] camem Christi Spiritui Soneto soríatam per mysterium
passionis sacrificium Deo in odorera suavitatis accipimus” (In Levit. c. 6, 4) (PL 83, 523).
Na linha de santo Agostinho, “visibile signum invisibilis gratiae”. Através de Pedro Lombardo e
de santo Tomás, chega-se a esta definição do Catecismo romano: “rem esse, sensibus sublectam,
quae ex Dei institutione sanctitatis et iustitiae turn significandae turn efficiendae vim habet” (pars
II, c. 1, q. 11).
146
o ESPÍRITO SANTO NA ORAÇÃO DO OCIDENTE DURANTE A “IDADE MÉDIA”
mistério pascal. Já vimos (acima, p. 107) que ela foi constituída como
celebração própria nas últimas décadas do século IV Devemos à Idade
Média latina admiráveis preces que ainda h oje rezamos: o hino Veni
Creator, de um desconhecido do século IX; a antífona Veni Sánete
Spiritus do século XII; a seqüência Veni, Sánete Spiritus, provavelmente
de Etienne Langton, do com eço do século XIII. Eis a tradução baseada
naquela feita por dom Wilmart.^^ Procura ser literal e conservar o
ritmo latino. Que o leitor possa lê-la orando conosco!
O HINO
“ A. WiLMART, “Qiymne et la sequence du Saint-Esprit”, in La vie et les arts Uturgiques 10 (1924), pp.
395-401; reproduzido em Auteurs spirítuels et Textes dévots du Mayen Age latín. 1932, reed. Paris,
1971. pp. 37-45.
147
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPIRITO
[A SEQÜÊNCIA]
IV No labor, tranquilidade;
No ardor, brandura;
Alívio das dores!
V Ó bem-aventurada claridade.
Penetrai até as profundezas
Na alma de vossos fiéis.
148
o ESPÍRITO SANTO NA ORAÇÃO DO OCIDENTE DURANTE A “IDADE MÉDIA”
“ R. J. H esbert, Corpus Antiphonalium Officii. Ill, Roma, 1968, p. 528, ant. n. 5327. Foram conser
vadas pelos frades pregadores as palavras “qui per diversitatem linguarum multarum gentes in
unitate fidei congregasti”.
Na discussão que se seguiu após uma exposição de Etienne DelarueUe, M. E L emarignier, contri
buiu com os seguintes esclarecimentos: “Luis V foi associado ao trono por Lotârio e sagrado rei
no dia de Pentecostes do ano 979. Igualmente, sob Roberto, o Piedoso, seu filho Hugo, depois
Henrique foram respectivamente sagrados reis no dia de Pentecostes dos anos 1017 e 1027 e, sob
Henrique 1, o futuro Filipe 1 foi sagrado no dia de Pentecostes de 1059” (In t a vita commune del
Clero net secoli XI e X II.., Milano, 1962, p. 180).
“ Ver no volume citado na nota anterior, pp. 142-173, a conferencia de Et. D elaeuelle, sobre La vie
commune des oleres et la spiritualité populaire au X I' siécle (pp. 152s); retomado em La pieté populaire
au Mayen Age, Torino, 1975, pp. 81-112 (cf. pp. 91-95).
“ Cf. Ch. D ereine, Lélaboration du statut canonique des Chanoínes réguliers spécialement sous
Urbain II. In: Rev. Hist. Eccl. 46 (1951), pp. 534-565 (pp. 546-547).
149
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPIRITO
Há duas leis, uma pública, a outra privada. A pública é aquela que foi
escrita e estabelecida pelos Padres, como é a lei dos cânones [...], por
exemplo, os cânones estipulam que um clérigo não deve passar de uma
diocese para outra sem a recomendação por escrito do seu bispo [...].
Entretanto, a lei privada é aquela que está escrita no coração pelo instinto
do Espírito Santo; é assim que o Apóstolo fala dos que têm a lei de Deus
escrita em seus corações, e noutro lugar [...] são a lei deles para eles
mesmos. Se um desses vive na sua igreja, sob seu bispo, de maneira secular,
tendo seus próprios bens, se, possuído pelo Espírito Santo, ele quiser reali
zar a sua salvação num mosteiro ou sob uma regra canônica, como ele é
conduzido pela lei privada, não tem nenhuma razão para que ele seja retido
pela lei pública. Pois a lei privada é superior à lei pública. É o Espírito de
Deus que faz a lei, e aqueles que são conduzidos pelo Espírito de Deus são
conduzidos pela lei de Deus. E quem poderá se opor ao Espírito Santo? Se
alguém, portanto, é conduzido por esse Espírito, que ele aja livremente, em
virtude de nossa autoridade, mesmo contra a oposição do seu bispo. De
fato, não há lei para o justo; aí onde está o Espírito do Senhor, aí está a
liberdade. E se vós sois conduzidos pelo Espírito, vós não estais mais sob
a lei.^'
Jaffé L oewenpeld, 5760; M ansi 20, 714; PL 151, 535. Citado por G raciano, c. 2, C. XIX, q. 2
(F riedberg 839-840). O texto de Migne é defeituoso. — Citado por Santo T omAs , De perfectione
vitae splr, c. 25; Quodl. III, 17; Sum. Theol. lia. Ilae, q. 184, a. 6 e 8; q. 189, a 7. Cf. M. D u q u b n e ,
“S. Thomas et le canon attribué á Urbain II (c. 2, C. XIX, q. 2)”, in Studia Gratiana, Bologna, 1955,
V. I, pp. 415-434.
Cf. SAO B eenasdo. De praecqtto et dispens. 16 (PL 182, 885s); Inocéncio III, Reg. VIII, 195 e XI,
182 (PL 215, 774 e 1495); cf. H. T illmann, Papst Innoccnz III, Bonn, 1954, pp. 28-31; W A. van
Roo, “Law of the Spirit and VAiUen Law in the Spirituality of St. Ignatius”, in Gregorianum 37
(1956), pp. 417-443.
150
o E S P IR IT O S A N T O N A O R A Ç Ã O D O O C ID E N T E D U R A N T E A “ ID A D E M É D IA ”
elaborar uma lista, mesmo que incom pleta, das orações dirigidas ao
Espirito Santo.
Et. D elaruelle, acima citado (nota 25), p. 154; G. S chreiber, Gemeinschaften des Mittelalters. Recht
und Verfassung. Kult und Frömmigkeit, Münster, 1948 (cf. Tabelas).
” Sobre a multiplicação desses Hospitais do Espírito Santo por volta do final do século XII, cf. G.
S chreiber , in Histor. Vierteljahrschrift 15 (1912), pp, 136s; W L iese , Geschichte der caritas, v. II,
Freiburg, 1922. pp. 15s; M, M ollat, Les pauvres au Moyen Age. Etüde sodale, Paris, 1978, p. 174;
depois, no século Xl\( pp. 323 e 346 (Paris, 1360 e 1363), p. 333 (Bruxelas), p. 341 (Dantzig),
p. 345 (Porto) etc.
151
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
A. G astan , Notice sur I’Ordre d u Saim-Esprii. In: Annuaire du Daubs. 1864, p. 152; M. PoETE, Etude
sur les origines et la régle de l'Ordre hospitalier du Saint-Esprit. Paris, 1892.
152
VI. o Espírito Santo
segundo os teólogos
* Ver nossa obra L’Eglise de S. Augustin ä I’epoque moderne (Hist, des dogmes III.3), Paris, 1970,
pp. 131-132.
153
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
D ialoff I (PL 188, IH T ); tradução para o francês de G. Sale, em S. Ch. 118, pp. 43 e 45 . Cf. M.
VANLee, “Les idées d’Anseltne de Havelberg sur le développement des dogmes”, in Anal. Praemonstr.
14 (1 9 3 8 ), pp. 5 -3 5 ; G. S chreiber, “Studien über Anselm von Havelberg. Zur Geistesgeschichle des
Hochmitdelalters”, in ibidem 18 (1 9 4 2 ), pp. 5 -9 0 ; M. D. Chenu, La théologie au douzièm e siède.
Paris, 1957, pp. 2 35s; G. S evering, “La discussione degli ‘Ordines’ di Anselmo di H”, in Bull.
DelVistituto Storico Italiano per il Medio Evo 7 8 (1 9 6 7 ), pp. 7 5 -1 2 2 . H. Grundmann, Studien über
Joachim von Fiore, pp. 9 2 -9 5 , sugeriu uma influência possível de Anselmo sobre Joaquim.
154
o E S P IR IT O S A N T O S E G U N D O O S T E O L O G O S
^ Cf. em A. M. Landgraf, “Die Lehre von geheim nisvollen Leib C h risti in den frühen
Paulinenkommentaren und in der Frühscholastik", in Divus Thomas (1 9 4 6 ), pp. 4 0 7 -4 1 9 ; nossa
obra acima citada na nota 1.
De sacramentis II, pars 2, c. 1 (PL 176, 415).
155
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
’ Cf. H. DE L ubac, Corpus mysticum. LEucharístie et 1’EgIise au Mayen Age, 1. ed., Paris, 194Q; E
H olbòck , Der eucharisíische unde der mystiche Leih Christi in ihren Beziehungen nach der Lehre der
Frühscholastik, Roma, 1941; ver também nossa obra acima citada, nota 1, pp. 165s.
^ Eucharistion seu de Corpore et Sanguine Domini, c. 1 (PL 172, 12 50; D e L ubac, op. cit., p. 186).
' Algumas referências: Paschase R adbert, v. 8 3 0 , De Carp. etSang. Domini, c. 7, n. 1 (PL 120, 1284);
A lger de L iège , De soeram. I, 17 (PL 180, 7 0 9 D); H onorius A ugustodunensis, G em m a anim ae I, c.
105 (PL 172, 5 7 8 ); ver também nota anterior; R upert de D eutz, v, 1115, "De Trinitate et operibus
■■- ein s;.,in Exod. Líber II, c. 10 (PL 167, 6 17); G eehoh de Reichersberg, Expos. Psalm. Ps XXXIII. in
D. e O. VAN DEN É ynde e A. R ijmersdael (ed.). Opera inédita, R om a, 1956, IV2, p. 168; S anta
H ildegarda, Scivios, liber II. vis. 6 (PL 197, 5 2 6 e 5 2 8 ); P ierre de C elle, “Sermo 39 ", in De Coena
Domini 6 (PL 2 0 2 , 7 6 1 ), que aproxima consagração eucarística de Encarnação.
®_ífz 4 2 4 ; US 793. ^
156
o E S P IR IT O S A N T O S E G U N D O O S T E Ó L O G O S
PL 167; S. Ch. 131 e 165. Livros I a III: Encarnação, Redenção, Sacramento da Paixão = sabedoria.
Livro IV: Apóstolos = entendimento (das Escrituras). Livro V: Rejeição dos judeus em proveito dos
pagãos = conselho. Livros VI a VIII: mártires, doutores, monges penitentes = força contra o
pecado. Livro IX: escatologia = temor de Deus.
157
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
D. e o. VAN DER Eynde & A. Rijmersdael, G erhohi O pera inédita. II. Expositiones Psalmorum pars tertia
et pars nona, Roma, 1956, v. II, pp. 4 4 8 -4 5 0 .
Opera inédita...!, Roma, 1955, pp. 65 -1 6 5 .
158
o ESPIRITO SANTO SEGUNDO OS TEOLOGOS
Até por volta de 1235, os dons não são distintos das virtudes.
Filipe Chanceler foi o primeiro a fazer essa distinção. Ela foi sistemati
zada por Tomás de Aquino de modo notável e corresponde de fato a um
aspecto real da vida dos filhos de Deus. Vamos expor também resumi
damente essa teologia tal como se encontra na Summa em 1269-1270.
Sobre essa visão das coisas, cf. Contra Gentiles IV, 21 e 22; Compendium Theologiae I, 147. É essa
a idéia que comanda a teologia tomista sobre o mérito.
Cf. la Ilae, q. 9, a. 4 e 6; q. 68, a. 3 ad 2 ; Ila Ilae, q. 2 3 , a. 2 ; q. 52 , a. 1. ad 3. “Ayance” é uma
bela tradução em francês antigo do latim habitus, que seria traído pela transposição “hábito”.
Sobre essa distinção que Tomás usa com frequência, ver nosso estudo “Tradition et sacra doctrina
chez S. Thomas d’Aquin”, in Egiise et Tradition, Le Puy et Lyon, 1963, pp. 157-194.
159
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
tentação. Deus age para nossa vinda ou retomo a ele “per instmctionem
et per operationem”, por ensinamento e por ação.“ Daí este enunciado
que nos introduz diretamente em nosso assunto;
Príncipium extenus movem ad bomm est Deus, qui et nos instruit per legem
et iuvat per gratiam. O princípio fora de nós que nos move para o bem é
Deus, que nos instmi pela lei e nos ajuda pela graça.^^
“Pela graça”: não apenas o socorro das graças atuais, mas dons
profundos e estáveis, a graça, as virtudes e os “dons”. A distinção entre
virtudes e dons era uma aquisição recente da teologia. Santo Tomás,
que nas Sententiae (III, d. 3 4 , q. 1, a. 1; corap. In Isaiam, cap. XI) se
contentava em dizer que, pelos dons, o fiel age “ultra m odum
hum anum ”, (além da medida humana) esclarece, na Summa, que isso
se deve ao fato de ele ser movido por um princípio superior (Ia Ilae.,
q. 6 8 , a. 2). Santo Tomás se apóia no texto de Isaías; ora, este fala não
de maneira vaga, de “dons”, mas bem precisamente de espíritos, “spiritus
sapientiae” etc., isto é, de uma moção por inspiração (q. 68, a. 1);
reencontramos o valor bíblico de “sopro”, que já estudamos. Ora,
Tomás dispõe, a partir de 1259 ou 1260, de uma confirmação inespe
rada (ele diz por duas vezes “et etiam Philosophus, mesmo Aristóteles”!),
no De bona fortuna, um opúsculo com posto de dois capítulos de
Aristóteles calcados, um na Ética a Eudemo, o outro no segundo livro
das Grandes morais. Aristóteles falava da hormé, inclinação, impulso do
apetite superior. Tomás aplica essa noção ao impulso divino ultrapas
sando 0 uso da razão;^^ uma aplicação evidentemente estranha ao
filósofo grego... Os dons, como realidades permanentes distintas das
virtudes, são essas disposições que tom am o cristão delicadamente
sensível para escolher e seguir as inspirações do E s p í r i t o . E l e s seriam
Cf. Th. D eman, Le “Líber de Bona Fortuna”, in: Rcv. Se. Phil. Théol 17 (1 9 2 8 ), pp. 38-58.
160
o E S P ÍR IT O S A N T O S E G U N D O O S T E Ó L O G O S
161
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
162
o ESPÍRITO SANTO SEGUNDO OS TEÓLOGOS
" Cf. I. VON D ollinger, D er Weissagungsglaube und das Prophetentum in der christlichen Zeit, 1871; R
Alphandéry, “De quelques faits de prophéüsme dans les sectes latines antérieures au joachim ism e”,
in Revue de l’Histoire des Religions 52 (1 9 0 5 ), pp. 1 7 7 -2 1 8 ; P. B o g u o n i , “I carismi nella vita della
Chiesa Medievale”, in Sacra Doctrina 5 9 (1 9 7 0 ), pp. 3 8 3 -4 3 0 .
® R. G rosche , “Das prophetisclie Element in der Kiiche”, 19 5 6 , reproduzido em Et intra et extra.
Theologische Aufsätze. Düsseldorf, 1958; K. R ahner, Elements dynamiques dans l’Eglise, Paris, 1 9 6 7 ;
A. U lbyn, Actualité de lafon ction prophétújue, DDE, 19 6 6 ; Concilium 3 7 (setembro de 1968); nosso
Vraie e tfa u s se reform e dans l’Eglise, Paris. 1950, 2. ed., 19 6 9 , pp. 179-207.
Sum Theol. Ila Ilae, q. 171 prol. Ver também, para esse sentido amplo, q. 174, a. 6; De Vertíate,
q. 12, a. 2; Com. in Mat. c. 7, lect. 2 e c. 11.
P. R ousset , Les origines et Ies caracteres de la Premiere Croisade, Neuchatél, 1945; EA lphandéry & A.
D u pron i , La C hriãenté et l'idée d e croisade, Paris, 1959, 2 volumes.
Isso foi estudado em particular por H. G rundmann, Religiöse Bewegungen im Mittelalter, 2 . ed.,
Hildesheim, 1961.
163
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
’ ’ J . B ignami-O dier, “Les visions de Roben d’Uzés O. P. (T 1 2 9 6 )”, tn Archivum Fr. Praedic. 23 (1955),
pp. 2 5 8 -3 1 0 . Roberto tena predito a peste de 1348.
” J . B ignami-O dier, Etudes sur Je a n de Roquetaillade, Paris, 1952,
Et. D elaruelle , LAntéchrist chez S. Vincent Ferrier, S. Bemardin de Slenne et autour de Jeanne
d’Arc. In; EAttesa dell’Etá nuova nella Spiritualitá della fin e del Medioevo. Todi, 1962. pp. 37-64.
“ E B oglioni, an. cit. (acima, na nota 2 7), pp. 4 20s, cita a reação de Henrique de Langenstein sobre
o üuminismo de Telésforo de Cosaga ( F liche -M artin , X iy 5 1 0 ), o s tratados de Bernardino d e Sena,
Pedro d’Ailly, Gerson e, mais tarde, Dionisio, o Cartuxo ( t 1471). Gerson, Henrique de Gorcum,
Guilherme Bouillé tratam do caso de Joana d’Arc. Eles defendem qne o espirito de profecia existe
sempre na Igreja.
Cf. R A lphandérv, art. cit., pp. 2 07s; nosso Vraie etfau sse reform e. Rupert de Deutz vía um exercício
de profetismo no entendimento que Deus dá das palavras que pronunciamos no oração litúrgica
(PL 170, 12).
164
o e s p ír it o s a n t o s e g u n d o o s t e ó l o g o s
Ela nos foi descrita por aquele que foi seu diretor nos últimos
anos, João de Marienwerden.'*® Ele sistematizou excessivamente as “mis
sões” ou visitas do Espírito. Ele conta as vezes que Dorotéia o recebeu;
dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três...! Ele remete essas “mis
sões” a sete modos de manifestação ou de presença, segundo catego
rias que ele exemplifica com textos bíblicos. Todavia, por trás da or
dem do Tractatus transparecem a liberdade do Espírito e a generosida
de da graça. Uma alma conhecia a plenitude disso no m om ento em
que a Igreja vivia o drama do grande cisma. No correr dos dias e das
noites daquela que, casada, com nove filhos, e que havia sido escolhi
da por Deus, encontram os palavras, um canto, gritos de alegria ou de
súplica, muitas lágrimas e, envolvendo tudo, uma grande doçura.
Elementos suficientes no Diction, de Spiritualité, verbete “Dons", t. Ill, col 1594s, sobre Henrique
de Gand, santa Gertrudes, Ruysbroeck, Ricardo Rolle, Dionisio, o Cartuxo, e, dos séculos XVI ao
XVIII, col. 1601s, santo Inácio, João de Osuna etc. E mais: Beato J oão d ’A vila (1 4 9 9 -1 5 6 9 ),
Sermons sur le Saint-Esprit, Namur, 1961.
Seu “Septilium B. Dorotheae” foi publicado por Fr. Hyler, reitor do seminário de Braunsberg, em
Analecta Bollandkma 2 (1 8 8 3 ), pp. 3 8 1 -4 7 2 ; 3 (1884), pp. 113 -1 4 0,408-448; 4 (1883), pp. 207-251.
E ver Diction, de Spiritualité, t. Ill, col. 1 6 4 0 e 16 6 4 -1 6 6 8 . Aqui nos interessa o tratado II: “De
Spiritus Sancti Missione”, in Anal. Bol., pp. 11 3 -1 4 0 .
165
vil. Joaquim de Fiore
Destino do joaquimismo^
jV::
ascido por volta de 1135 na Calábria, talvez de ascendencia
judia, engajado no notariado, Joaquim se retira para urna
ermida após urna viagem à Síria e à Palestina. Tendo entrado
nos cistercienses e com o tal, erige em 1189 o mosteiro de
Fiore. Em seguida, tom a-se abade desse mosteiro, reforma-o
no sentido de um monaquismo mais estrito, rompe com a
Ordem dos cistercienses, funda uma meia dúzia de filiais.
Morre em 3 0 de março de 1202. Temos dele, além de outras
obras menores, uma Concordia Novi ac Veteris Testamenti, uma
Expositio in Apocalypsim, um Psalterium decem chordarum,
redigidos de 1 1 8 4 em diante, um Tractatus super quatuor
Evangelia e, da mão de um discípulo seu. Líber Figurarum.
O pensam ento de Joaqu im procede de uma visão da
concordia ou entendim ento de correspondências entre os
elem entos da história veterotestamentária, os da história
evangélica e os, passados ou futuros, da história da Igreja.
À littera Veteris Testamenti, depois à littera Novi Testamenti
deve suceder um tertius status, uma era e um regime novos.
Assim distintos, cada um dos três estados é atribuído a
167
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
^ Concordia IV, c. 6 ; Tractatus super quatuor Evangelio, ed. B onaiuti, pp. 21-22.
168
JOAQUIM DE FIORE. DESTINO DO JOAQUIMISMO
* In 2ma. Decretal.
’ Sum. Theol. la, q. 3 9 , a. 5 e lugar citado na nota anterior. Essa teologia tinha sido condenada pelo
IV Concilio de Latrão, c. 2, em nov. de 1215 (DS 8 0 3 ), o qual, porém, declarou não querer
prejudicar o mosteiro de Fiore tn. 8 07). É a “Segunda decretai” comentada por santo Tomás. Esse
comenlário era destinado à instrução do clero que deviam verificar os arquidiáconos.
169
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
® “Quamvis status novi testantenti In generali sit praefiguratus per statum veteris testamenti, non
tamen oportet quod singula respondeant singulis, preacipue cum in Christo omnes figurae veteris
testamenti fuerint completae; et ideo Augustinus ‘exquisite et ingenióse illa singula his singulis
comparata videantur, non prophetico spiritu, sed conjectura mentis humanae, quae aliquando ad
verum pervenit, aliquando fallitur’ (De dv. Dei XVIII, 32). Et similiter videtur esse de dictis abbatis
Joachim” (IV Sent., d. 43, q. 1, a. 3).
’ Sum. T h eol la Ilae, q. 106, a. 1 e 2; q. 107, a. 1; comp. Com. in Rom., c. 8, lect. 1; in Heb., c.
8, lect. 3 final. Bibliografia em nossa contribuição “Le Saint-Esprit dans la théologie thomiste de
I’agir moral”, in Atti del Congresso Intem azionale 1974. Napoli, 1976, n. 5, pp. 9-19. A alusão à
segunda tese condenada pelos doutores parisienses diz respeito à identidade entre o Evangelium
Christi e o Evangelium Regni: q. 106, a. 4 ad 4; Com. in Rom., c. 10, lect. 3; In C o l, c. 1, lect. 2.
Negar essa identidade é “stultissimum”, totalmente estúpido.
Cf. M.-H. ViCAiRE, “Charisme et hiérarchie dans la fondation de l’Ordre des Prêcheurs”, in Vie
Dominicaine 31 (1972), pp. 37-60; repr. in Dominique et ses Prêcheurs, Fribourg-Paris, 1977, pp
198-221. E ver La Vie de S. Dominique pelo padre Bede Jarrett.
170
J O A Q U IM D E F IO R E . D E S T IN O D O J O A Q U IM IS M O
A Ordem de são Francisco não evitou uma crise e que foi grave;
a dos Espirituais e dos “Fratricelli”.^^ Joaquim havia anunciado como
bem próxima uma nova era que seria proclamada por religiosos espi
rituais e pobres, em bora ele mesmo tenha insistido pouco sobre a
pobreza — e Francisco apareceu, verdadeiro milagre do evangelismo,
“Christo totus concrudfixus et configuratus”, perfeita imagem de Cristo.
Joaquim havia anunciado um retom o de Elias que inauguraria a ter
ceira era e uma revelação mais plena do Espírito. Francisco era o novo
Elias, ele era o anjo do sexto selo do Apocalipse (Ap 7 ,2 ), o instaurador
de uma era do Espírito e aquele que anuncia um Evangelho eterno
(Ap 14,6). Sua regra evangélica de pobreza total devia ser seguida,
como ele mesmo havia dito, “sem glosa, ao pé da letra”. A partir dos
anos 4 0 do século X Ill, uma corrente de estrita observância tomou
corpo, contra os “conventuais”. Endureceu-se depois do Concilio de
Lião, em 1274. Foram os “espirituais”, que se desenvolveram sobretu
do na região “delle Marche”, ao redor de Ângelo Clareno e, na Provença,
com Fierre de Jea n Olivi (Olieu). Ao mesmo tempo foram atraídos
Cf. JouRDAiN DE Saxe (sucessor de são Domingos). “Libellus”, nn. 39, 59 e 77, in Mon. Ord. Praed.
Hist. XVI, Roma, 1935, pp. 45,57 e 62; Processo de canonização de Domingos nos im. 24,26,39,
in Idem XVI, pp. 142-143,158; Gerard de F rachet, “Vitae Fratrum", 3’ parte, cap. 11, in Idem,
189Ö, p. 108; comp. pp. 138 e 150).
Sum. Theo!. Ilia, q. 7, a. 7. E comp, “gratia sermonis”: la Ilae, q. I l l , a. 4; Ila Ilae, q. 177, a. 1;
Contra Gentiles III, 154; Com. in Rom., c. 2, lect. 3; In ICor, c. 1, lect. 2,
É preciso citar E. B enz, Ecclesia spiritualis. Kirchenidee und Geschichtstheologie der franziskanischen
Reformation, 2. ed., Stuttgart. 1 9 3 4 , 1 9 6 4 . Excelentes artigos: “Spirimels” in Diet. Théol. Cath.,
col. 2 5 2 2 - 2 5 4 9 , de L. O uger ; “Fratricelles”, in Diet, de Spintualité, 1 9 6 4 , t. V, col.
1 9 3 9 , i. XrV,
de CI. S chmitt. Apareceram depois: G. Leff, Heresy in the Late Middle Ages: the Relation
1 1 6 7 -1 1 8 8 ,
o f Heterodoxy to Dissent c. 1250-1450, 2 . ed.. New York, 1 9 6 7 ; Franciscains d’Oe. Les Spirituds c.
1280-1324 (Cahiers de Fanjeaux), Tolousc, 1 9 7 5 . Censura de rilíví pelo rjp p rtlin rle-VUma—
908, dos “Fratricelli" por João XXII, cf. DS 910-916 e 930.
ifl
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
para o evangelismo hom ens que queriam uma Igreja pobre e sem
dominium te r r e s tr e ,h o m e n s que, pelo seu ideal, enfrentavam duros
tratos e até o carrasco..., e confundido pelo fato de que se tenha
podido lutar, ser excomungado por posições que nos parecem implicar
exageros e ficções.
172
J O A Q U IM D E F IO R E . D E S T IN O D O J O A Q U IM IS M O
173
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
Paradiso XII, 140-141. Sobre Dante e Joaquim, cf, L. T ondelu , Da Gioacchino a Dante, Torino,
1944; Idem, H libro delle Figure, 2. ed., Torino, 1953, v. 1, pp. 183-400. Estudou-se também a
possibilidade de urna fonte joaquimita para a visão trinitária de Dante.
“ M . R eeves , op. át., pp. 318-319 e 420-421, com referência ao grande trabalho de K. B urdach, Vom
M ittelalter zur Reformation, Berlin, 1913-1929; E F in er , Cola di Rienzo, Wien, 1931. Citamos este
texto da carta 58: “De vita aetema desperare posset ecclesia, si de continuo etiam Spiritus sancti
adventu et renovacione humanamm mencium ab oedem eciam assidue desperare!. Tociens enim
renovacione Spiritus ipdigemus quociens inveteramus et senescimus in peccatis (p. 315).
174
J O A Q U IM D E F IO R E . D E S T IN O D O J O A Q U IM IS M O
Cf. G. T offanin, La religione degU Umanisti, Bologna, 1950; Gianpaolo T ognetti, “Note sul Profetismo
nel Rinasdmento e la letteratura relativa", in BuUetino dell'Istituto Storico Italiano p er il Medio Evo
e Archivo M uratoriano 82 (1970), pp. 129-157. Ver também a coleção EAttesa delI’Etá nuova nella
Spiritualitá della fin e del Medioevo, Todi, 1962. Por ocasião da Disputa de Lausanne, em 1536, há
um médico, Blancherose, que mostra o desafio de Viret e Farel. Refere-se ao tema joaquimita: na
era do Pai, a do Imperio, sucedeu a era do Filho (o Papa) e vira depois a era do Espirito, de
bondade e de caridade: será a era [...| dos médicos! Cf. G. B avaud, La Dispute de Lausanne (1536).
Une étape de revolution doctrínale des Réfomuzteurs romanás, Freiburg, 1956, pp. 34-35.
Cf. A. L ó p e z , Los doce primeros apóstoles de Méjico. In: Sem ana de Missiologia de Barcelona.
Barcelona, 1930. II, pp. 201-226; J.-L. P helan, The Millenian Kingdom o f the Franciscans in the New
World. Los Angeles, 1956; M. B a t a ill o n , Evangelisme et Millénarisme au Nouveau Monde. In:
Courants religieioc et Humanisme ã la fin du XV' siècle et au dehut du XVF siècle. Paris, 1959. pp. 27s;
G. B audot, Utopie et Histoire du Mexitjue. Les premiers chroniqueurs de la c iv ü iz a ü a n ju a ^ m e (1320
1369). Toulouse, Privat, 1977.
175
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Kant tinha quase a mesma idéia: em 1784, ele publicara “Was ist
Aufklärung?”. Em 1793, publicava Religion innerhalb der Grenzen der
blossen Vernunft, no quäl interpretava a história do cristianismo como
uma subida progressiva rumo a uma religião da razão, pela qual o reino
de Deus seria realizado na terra sob a forma de urna comunidade ética.
^ Op. cit. §§ 86-89- In: K. Lachmann (ed.). S ä m tlic h e S c h rifte n , 1897, v. XIII, pp. 433-434. Nós
traduzimos: “§ 86: Virá o tempo de um novo Evangelho eterno, que nos é prometido nos livros
elementares da Nova Aliança. — § 87: Talvez até mesmo alguns Entusiastas (Schvíãrmer) dos séculos
X III e XIV tenham percebido um raio desse novo Evangelho eterno; eles se enganaram somente ao
anunciar a aparição como próxima. — § 88: Talvez a idéia deles de três eras do mundo não fosse
uma vã quimera; certamente eles não tinham nenhum mau propósito ao ensinar que a Nova Aliança
devia ser declarada caduca como o fora a Antiga. Eles conservavam a mesma Economia do próprio
Deus. Expresso em minha linguagem, é o mesmo plano da educação geral do gênero humano —
§ 89: Eles apenas caminharam muito rapidamente: acreditavam poder, naquele momento, sem
Au/Wãrung, sem preparação, fazer com que seus contemporâneos, apenas saídos da infância, fossem
homens dignos da terceira Era deles”. E cf. K. L õwith, W eltg esch ich te u n d H eilg esch eh en . D ie th eo lo g isch en
V o ra u sselz u n g en d e r G e s c h ic h ts p h ilo so p h ie , Stuttgart, 1953, pp. 136s e 190s; G. B oenkamm, “Die Zeit
des Geistes", in G e s c h ic h te u n d G la u b e , München, 1968, Erster Teil, pp. 90-103.
“ V o rlesu n g en ü b e r d ie P h ilo s o p h ie d e r R e lig io n , publicação póstuma em 1832; tradução francesa de J.
Gibelin: L e ç o n s s u r l a P h ilo s o p h ie d e l a Religion, Paris, 1954, lila parte, “La Religion absolue”, cap.
V, p. 173. Ver também L a P h é n o m é n o lo g ie d e ¡’Esprit, Paris, 1941, Vll. C., pp. 284-290. Sobre Hegel
e o cristianismo, ver o estudo de C. B ruaire , 1964 e de A. C hapelle , 1966, 3 volumes.
176
J O A Q U IM D E F IO R E . D E S T IN O D O J O A Q U IM IS M O
A Idade Média foi o reino do Filho. No Filho, Deus não estava ainda
completo, ele o é somente no Espínto. Porque, como Filho, ele se pôs
fora de si mesmo e há assim um ser-de-outra-maneira que não será ultra
passado (aufgehoben) a não ser no Espínto, no Retomo de Deus a si-mesmo.
Assim como a condição do Filho implica em si uma exteriondade, a
Idade Média tinha como regra a exterioridade. Com a Reforma começa
daqui em diante o reino do Espírito, onde Deus é verdadeiramente
conhecido como Espírito.
177
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
178
J O A Q U IM D E F IO R E . D E S T IN O D O J O A Q U IM IS M O
Ele via uma oposição entre o Filho e o Pai (tema que encontramos também em M. Merleau-Ponty),
e isso leva a uma expectativa do Espirito.
Cf. E. H irsch, Die Reich Gottes-Begriffe des neueren europäishen Denkens. Gottingen, 1921; E. Gilson,
Les m eta m o rp h o ses d e la Cité. Louvain, 1 9 5 2 ; H. R esting , “U top ie und E sch atologie.
Zukunfterwartungen in der Geschichtsphilosophie des 19 Jahrhunderts”, in Ja h rb u ch /. Rechts- u.
Sozialphilosophie XLI (1 9 5 4 -1 9 5 5 ), pp. 2 0 2 -2 3 0 ; os estudos de H. Desioche sobre o Socialismo
utópico e os Messianismos. Em st B loch via em Joaquim um precursor do socialismo: Erbschaft
dieser Zeit, Frankfurt, 19Ó2, pp. 133s; Atheismus im Christentum, Frankfurt, 1968, pp. 2 1 7 e 292.
Joaquim era o profeta de uma abertura para o futuro... Cf. K. L õ w it h , op. cit., pp. 136s.
Ed. VON H artmann (1 8 4 2 -1 9 0 6 ) segue uma linha panteísta no seu Philosophie des Geistes, 1882.
179
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Verbo que está presente, e se ligar a uma forma de Verbo agora vazia e
morta. Só podemos esperar que a nova revelação esteja em continuidade
aparente com a antiga [...]. Contudo, isso não deveria de nenhum modo
nos persuadir de que uma nova revelação já não tenha sido feita. Podemos
julgar somente sobre os frutos do Espírito, e se uma nova visão nasceu
trazendo uma forma universal e escatológica do Verbo, uma forma do
Verbo anunciando uma redenção total da história e do cosmo, então deve
ríamos estar prontos para saudá-la na plena submissão da fé.^“*
^ The Gospel o f Christian Atheism, Philadelphia, 19 5 6 , p. 2 7 . com referência a William Blake, Hegel
e Nietzsche.
180
VIII. Pneumatologia
na história do protestantismo
Os reformadores
Para Lutero, cf. R. Prenter, Spiritus Creator. Studien zu Luthers T heologe, München, 1954;
K. G. Steck, Luther und die Schwärmer, Zürich, 1955; E F saenkel, “Le Saint-Esprlt dans
l’enseignemem et la predication du Luther, 1 5 3 8 -1 5 4 6 ”, in Le Saint-Esprit, Genève, 1963;
M. Lienhard, “La doctrine du Saint-Esprit chez Luther", in Verbum caro 76 (1965), pp. 11-38.
Para Calvino, c f J . Pannier, Le témoignage du Saint-Esprit. Essai sur l'histoire du dogme dans
la théologie réjorm ée, Paris, 1893; A. Legere, Introduction á la Doffnantique réformée, t. II,
Paris, 1938, pp. 1 7 3 -2 4 0 ; M. Neeser, “Raison, révélation et temoignage du Saint-Esprit
dans la tradition protestante”, in Rev. de Théol. et d e Philos. (1 9 4 3 ), pp. 1 2 9-144; Ed. Grin,
“Experience religieuse et témoignage du Saint-Esprit”, in Et. Théol. et relig. (1 9 4 6 ), pp. 3 2 7
3 4 4 ; Th. Preiss, Le témoignage intérieur du Saint-Esprit, Neuchäte — Paris, 1946 (Cahiers
theolog. 13); W Krusche, D os W irken des Hl. Geistes nach Calvin, Göttingen, 1957; G. W
e Locher, Testimonium intemum. Calvin’s Lehre von Hl. Geist u. das hermeneutische
Problem, Zürich, 1964; B. Ch. Milner Jr., Calvin’s Doctrine of the Church, Leiden, 1970;
J. L. Klein, “LEsprit et rEcriture”, in Et. Théol. et relig. 51 (1 9 7 6 ), pp. 149-163.
181
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Sobre Karlstadt, além dos artigos de dicionários, cf. H, Barge, Andreas Bodenstein. 1905, 2 volumes;
K. Müller, Luther und Karlstadt, 1907; E. Hertzsch, K arktadt und seine Bedeutungfür das Luthertum,
1932; R. J . SiDER, Andreas Bodenstein von Karlstadt. The Development o f his Thought 1517-1525,
Leyde, 1974.
M. M. S mirin, Die Volksreformation des Thomas M üntzer und der grosse Bauernkrieg, 2. ed., Berlin,
1952; Norman Cohn, The Pursuit o f the Millenium. Revolutionary Millenarians and Mystical Anarchists
o f the M iddle Ages, 3.ed ., Oxford Univ. Press, 19 7 0 , pp. 2 3 4 -2 5 1 ; H. F ast, Der linke Flügel der
Reform ation (K lassiker des Protestantismus IV), Bremen, 19 6 2 , pp. VIl-XXXIV; Th. N ifperdey,
“Theologie und Revolution bei Münzer", ln Archiv, f i r Reformationsgeschichte 5 4 (1963), pp. 145-181;
E. B loch, Thomas Münzer, théologien de la revolution, Paris, 1 9 6 4 (o original alemão é de 1921
e depois outra edição de 1 9 6 0 ); B. T öpfer, Das kom m ende Reich des Friedens. Zur Entwicklung
chiliastischer Zukunfthoffnungen im Hoch Mittelalter, Berlin, 1964; W E lliger, Thomas Müntzer.
Leben und W erke, Gottingen, 1 9 7 5 ; R. S chwarz, Die apokalyptische Theologie M üntzer und die
Taboriten, Tübingen, 1977.
G. F ranz e P. Kirn (ed.). Schriften und Briefe, 1968, p. 3 9 8 ; citado por E. Bloch, op. cit., p. 134.
182
P N E U M A T O L O G IA N A H IS T Ó R IA D O P R O T E S T A N T IS M O
P W appler, Thomas Müntzer und die Zwickauer Propheten, 1908; N. C ohn, op. cit., pp. 2 5 2 -2 8 0 ;
U. Gastaldi, Storia delVAnabattismo. I. D alle origini a Münster (1525-1535), Torino, 1972. A biblio
grafia é imensa; cf. H. J . H illererand, Bibliographie des Tãufertums 1320-1630.
III, 8: Bekenntnisschfriten. Gottingen, 19 5 2 , pp. 4 5 3 -4 5 4 .; WA 50 , 245s.
183
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
^ Von den Konzüüs und Kirchen, 1539, WA 50, 64 6 . Na Fórmula de Concordia de 1577 se lê: “São
chamados de entusiastas aqueles que esperam uma iluminação celeste do Espirito sem a pregação
da Palavra de Deus”.
® Ver o comentário do terceiro artigo do Sím bolo, no Pequeno e no Grande Catecismo. Neste se
lê: “Assim como o Pai é chamado criador, o FiUio salvador, o Espírito Santo deve ser chamado
santificador, de acordo com a sua obra. Como se dá essa santificação? [...] O Espírito Santo nos
introduz primeiramente em sua santa comunidade, no seio da Igreja onde ele nos conduz a
Cristo pela pregação. Pois nem tu nem eu saberemos algo de Cristo, não poderemos crer nele
e tê-lo como Senhor se o Espirito Santo não colocar isso em nosso coração pela pregação do
Evangelho. A obra está completa, Cristo nos adquiriu um tesouro pela sua paixão, sua morte
e sua ressurreição. Mas se tal obra permanecesse escondida, se ninguém não soubesse nada, ela
teria sido inútil. Para que esse tesouro não permaneça enterrado, mas se possa beneficiar e gozar
dele. Deus mandou anunciar a Palavra, deu através dela o Espírito Santo, a fim de nos trazer
c nos com unicar esse tesouro e essa salvação. Santificar é sinônim o de conduzir ao Senhor
Cristo para receber seus benefícios, que não soubemos obter por nós mesmos [...]. O Espírito
Santo tem neste mundo uma comunidade para ele. Esta é a m ãe que gera todo cristão e o nutre
com a Palavra de Deus que o Espirito Santo revela e manda anunciar; ele ilumina e inflama os
corações, a fim de que adiram à Palavra, a aceitem, se apeguem a ela e lhe permaneçam fiéis.
Lá onde ele não a fez anunciar e penetrar nos corações, para que seja compreendida, tudo está
perdido [...]. Lá onde não se prega Cristo, o Espírito Santo não está agindo, ele que criou a
Igreja cristã, chama e reúne os membros dessa Igreja fora da qual ninguém pode chegar até
Cristo”. Interessante atualização das posições de Lutero do ponto de vista eclesiológico na
contribuição de Gerhard S a u t e r , Kirche-Ort des Geistes, Herder, 1 9 7 6 , pp. 5 9 -1 0 6 . Podemos,
porém, nos perguntar se, dominada pela referência a Cristo e à Palavra, essa teologia chega a
uma plena pneumatologia; cf. M. K w ir a m , “Der Heilige Geist als Stiefkind? Bemerkungen zur
Confessio Augustana", in Theol. Zeitsch. 31 (1 9 7 5 ), pp. 2 2 3 -2 3 6 ; eie coleta todos os enunciados.
Isso não nos satisfaz totalmente.
184
P N E U M A T O L O G IA N A H IS T Ó R IA D O P R O T E S T A N T IS M O
Para entender bem este santo cântico, é preciso observar que a Virgem
Maria fala depois de ter feito uma experiência pessoal através da qual o
Espirito Santo a iluminou e lhe ensinou. Porque ninguém pode entender
Deus e sua Palavra se não foi esclarecido imediatamente pelo Espírito
Santo. É preciso experimentar, provar, sentir a ação do Espírito Santo, e
é fazendo essas experiências que se entra na Escola do Espírito Santo. Se
não se passa por isso, as palavras permanecem palavras. A santíssima
Virgem, que era tão pequena, tão pobre e desprezada, ao fazer ela mesma
a experiência — que Deus criou nela — de tão grandes coisas, aprendeu
do Espírito Santo essa grande ciência de que Deus não quer manifestar
seu poder senão elevando quem está embaixo e rebaixando quem está em
cima [...].®
= WA 7, 538.
Paráfrase do Magnificat: WA 7, 54 6 , 5 4 8 ; Carta a Spalatino (WA, Briefw, I, p. 57); Tmité du serf
arbitre, 1936, p. 110; Com. sur Calotes, 1531 (WA 4 0 , 5 7 4 , 578).
“ Instituição cristã de 15 3 6 , ed. de 15 6 0 , livro IV, c. 14, § 8 fim (Pannier, op. cit., p. 75); primeiro
Catecismo e Confissão de fé de 1537 (Pannier, p. 125). — Contra os anabatistas. Contra a seita
fan tasiosa e fu riosa dos libertinos que se cham am de espirituois, 1545 {Opera Cálvini do C.R., v. 7).
185
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
“Nós sabemos que tais livros são canônicos e que regram com certeza nossa Fé não tanto por causa
do comum acordo e consentimento da Igreja como pelo testemunho e persuasão internos do
Espírito Santo, que nos faz discemi-los dentre outros livros eclesiásticos. Quanto a estes, embora
sejam úteis, não podem fundamentar nenhum artigo de F é.”
186
P N E U M A T O L O G IA N A H IS T Ó R IA D O P R O T E S T A N T IS M O
Ver nosso Vraie etfa u s se réforme dans I’Eglise, ed. de 1950, pp. 4 8 2 -5 0 3 ; ed. de 1969, pp. 4 3 2
4 5 9 ; no final, referências às interpretações liberais racionalistas. Já Castellion citado por Pannier,
op. cit., p. 116.
187
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Da imensa bibliografia sobre Jorge Fox, os Quakers, a história do Quakerismo (Sociedade dos
amigos) citamos apenas: o Journal de Jorge Fox publicado em 1694, muitas vezes reeditado (The
Journal o f George Fox. A revised ed. by J. L. N ickalles with Epilogue by H. J . C adbury and an
Introduction by J . F N uttal, Cambridge, 1952). Trad. Francesa (com Cortes) da senhora E B ovet ,
Paris, 1935; Robert Bardey, An Apology o f the true Christian Divinity, being an Explanation and
Vindication o f the Principles and Doctrines o f the People called in Scorn, Quakers. Várias edições. O
texto latino é de 1 6 7 6 (Apologie de la vraie théologie chrétienne. Trad, de E. P Beidel, London, 1797);
Idem, The Inner Life o f the Religious Satieties o f the Commonwealth, publicado em 1876; J. R. Harris,
(ed.). New Appreciations o f George Fox. A tercentenary Collection o f Studies, 1925; Th. S ippeix , Werdendes
Quãkertum. Eine historische Untersuchung zum Kirchenproblem, Stuttgart, 1937; R. Knox, Enthusiasm.
A C hapter in the History o f Religion... Orford, 1950, pp. 13 9 -1 7 5 (história anedótica, insistindo em
excentricidades); R Held, Der Quäker George Fox, sein Lehen, Werken, Kämpfen, Leiden, Siegen,
Basileia, 1953; L. E eg-O lafsson, The Conception o f the Inner Light in Robert Barclay’s Theology. A
Study in Quakerism, Lund, 1954; H. van Etten, George Fox, fondateur de la Societé chrétienne des
Amis, Paris, 19 2 3 ; Idem, Le Quakerisme, Paris, 1953.
R. Barcuy; Sippell; Knox, pp. 1 3 9 -1 4 2 e 168-175.
Cf. Norman C ohn, The Pursuit o f the Millenium. Revolutionary Millenarians and Mystical Anarchists
o f the Middle Ages, New York, 19 7 0 , 3. ed., pp. 2 8 7 -3 3 0 . Appendix, The Free Spirit in Cromwell’s
England: the Ranters and their Literature. O movimento é atestado a partir de 1646. Ele se refere
às três eras, do Pai, do Filho, do Espirito Santo que será difundido em toda carne.
188
P N E U M A T O L O G IA N A H IS T Ó R IA D O P R O T E S T A N T IS M O
Lindsay D p ^ ar , The Holy Spirit and M odem Thought. An Inquiry Into the Historical, Theological and
Psychological Aspects of the Christian Doctrine of the Holy Spirit, London, 1959, pp. 154-157
e 2 1 1 -2 1 4 .
189
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
O pietismo 20
A bibliografia é imensa. Ver os dicionários. Citamos apenas alguns clássicos como A. R itshchl,
Geschichte des Pietismus, Bonn, 18 8 0 , 3 volumes; E E. S tuffler , “The Rise of Evangelical Pietism”,
in Numem. Suplemento IX, Leyde, 1965.
R. M inder , Allemagnes et Allemands, Paris, 1 9 6 8 , v. I, p . 11 3 .
Kurt A land, Berlin, 1954, para a 3 “. Sobre Spener, cf. J . W allmann, Philipp Ja co b Spener und die
Anfänge des Pietismus, Tübingen, 1 9 7 0 ; H. Bauch , Die Lehre vom W irken des Hl. Geistes im
Frühpietismus. Studien zur Pneumatologie u. Eschatologie von Campegius Vitringa. Ph. J. Spener und
Albrecht Bengel, Hamburg, 19 7 4 ; L. Hein, “Ph. J. Spener, ein Theologe des Hl. Geistes und Prophet
der Kirche’’, in Die Einheit der Kirche... Festgabe Peter Meinhold, Wiesbaden, 1977, pp. 103-126.
190
P N E U M A T O L O Q IA N A H IS T Ó R IA D O P R O T E S T A N T IS M O
Que a Palavra de Cristo habite entre vós em toda a sua riqueza: instruí-
vos e adverti-vos uns aos outros com plena sabedoria; cantai a Deus, em
vossos corações, a vossa gratidão, com salmos, hinos e cânticos inspirados
pelo Espírito (Cl 3,16)}''
Ele se aproximava assim de uma piedade católica: J . Lorizing, “Der Pietismus lutherischer Prägung
als rückläufige Bewegung zum Mittelalter”, in Theologie und Glaube, 1942, pp. 3 1 6 -3 2 4 . Para
Spener, é graças a Tauler que Lutero se tom ou aquilo que ele foi (Pia desideria, ed. de 1964, p.
74). Ele redigiu um Prefácio paia a edição dos Sermões de Tauler, em 1681.
Pia desideria, ed. de 19 64 , p. 56.
191
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
” Documentos: Maximilien M isson , Le theatre sacre des Cévennes ou Récit des m en eilles récemmenl
opérées dans cette partie de la Province de Languedoc, London, 1 707 (reeditado p o r Ami B ost , Le
prophètes protestants. Paris, 18 4 7 ); Ch. B ost , Mémoires inédits d ’A braham M azel et d'Elie Marion sur
la guerre des Cévennes, Paris, 1931; Histoire des troubles des Cévennes ou de la Guerre des Camisards
sous le régne d e Louis le Grand. Reimpressão da edição e m 3 volumes de Villefranche, 1760 (sob
o nome de “Patrióte françois et Impartial), Marseille, Ed. Laffite, 1973, 2 volumes.
Histórias: H ennebois, Pierre Laporte, dit Rolland, et le prophétisme cévenol, Genève, 1881; R.
K nox , Enthusiasm... Oxford, 1950, pp. 3 5 6 -3 7 1 (coleta sobretudo extravagâncias: admite a fábula
veiculada por Brueys, segundo a qual um tal de Du Serre teria levado crianças a simularem transes
proféticos; A. D ucasse , La guerre des Camisards. La resistance huguenote sous Louis XIV, Paris, 1946
(não é objetivo); C. Almeras, L a révolte des Camisards, Paris, 19 59; E. le R oy L adurie, Poysans de
192
P N E U M A T O L O G IA N A H IS T Ó R IA D O P R O T E S T A N T IS M O
Languedoc, Paris, 1959, 2 volumes, pp. 330s: O apocalipse segundo Jurieu. Citamos, enfim, trata-se de
um amigo hoje falecido, C. C antaloube, L a Reforme en France vue d’une village cévenol, Paris, 1951,
cap. XII, pp. 205s; do mesmo autor, artigo na enciclopedia Catholicisme, 1950, v. II, col. 4 4 2 -4 4 3 .
Historia da historia: Ph. J outard, La légende des Camisards, París, 1977.
193
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P ÍR IT O
Edward lrving^°
Cf. M onon T. K elsey , Tongue Speaking, London, 1973, pp. 52s; J. Y T aylor, Puissance et patience
de I’Esprit, DDE, 1967, p. 2 8 1 , observa que esse fenômeno não aparece nem em Zinzendorf nem
em Wesley. Entretanto, um dos pregadores de Wesley escreve em seu diário, no dia 8 de março
de 17 5 0 : “Esta manhã, o Senhor m e deu uma língua que eu não conhecia, elevando maravilho
samente minha alma em direção a ele”.
® C. C antaloube, in Cathoíicisme, col. 44 3 .
“ Às indicações dadas em nossa nota “Irvingiens" da enciclopédia Cathoíicisme, 1967, v. V l, col. 1 13
114, acrescentar R. A. K nox , Enthusiasm... Oxford, 1950, pp. 5 5 0 -5 5 8 ; Gordon C. S trachan, The
Pentecostal Theology o j Edward Irving London. 1931.
194
PN E U M A T O L O G IA NA H ISTÓ R IA DO P R O T E ST A N T IS M O
o testemunho do Espirito Santo, em Wesley, faz que se distinga a luz das trevas, não, como em
Calvino, para saber aquilo que é ou não inspirado, mas para fazer com que conheçamos que
somos filhos de Deus (c t Rm 8 ,1 6 ); cf. Collected Words, v, I, pp. 211s. Reconhece-se o Espírito
por seus frutos (pp. 213s).
Léon M aurv, Le réveil religieux. Paris, 1892. Quanto aos problemas teológicos surgidos por uma
influência wesleyana, não calvinista, c t J . C adier, “La tradition calviniste dans le Réveil du XIX'
siècle’’, in Etudes théol. et relíg. 2 8 (1952/4), pp. 9 -28.
” Referiu-se aqui, como no tempo dos camisardos, a Joel 2 ,2 8 -2 9 . C t H. Bois, Le Réveil du pays de
Galles, Toulouse, sem data (o prefácio é de dezembro de 1905); J . R ogues de F arsac, Un mouvement
mystique contemporain. Le réveil religieux au pays d e Calles (1904-1905), Paris, 1907. Relembramos
J . C hevalier, Essai sur la form ation de la nationalité et les réveils religieux au payx de Galles, des origines
á la fin du VE siècle, Lyon-Paris, 1924.
C t Ch.-G. F inney, Discours sur les réveils religieux, 3. ed., Monetier-Momex, 1951, H. Bois, Quelques
Reflexions sur la psychologic des Réveils, Paris, 1906. Ver também Concilium 8 9 (1973).
195
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
O Espirito de Deus nos precede, age ou não age, antes de nós. Possa
eu com todas as minhas forças invocar esse Espirito e que ele sacuda minha
paróquia! Então eu falarei entre os ciprestes, junto às tumbas, e receberei
resposta. Para esse despertar ou acordar — quem sabe o termo exato? —
sem dúvida é inútil que os fiéis “falem em linguas”, que se debatam em
convulsões [...].^^
” Yarai Rduixet, Découverte d’une paroisse. In; M. B oegner, et al. Protestantisme¡rançais. Paris, 1945.
pp. 10 7 -1 3 5 (p. 130).
196
IX. o Espírito Santo:
seu lugar no catolicismo
da Contra-Reforma e da
restauração pós-revolucionária
197
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA DO ESP ÍR ITO
Essa foi uma convicção tão constante que não havería nem m es
mo necessidade de prová-la. Entretanto, podemos evocar mais de um
testem unho.^ F oi diferente quando a fidelidade da Igreja em seu
ensinamento e em sua vida foi radicalmente questionada, isto é, pelos
Reformadores do século XVI. A partir daí, diante deles, vão se m ulti
plicar as afirmações do caráter infalivemente fiel da Tradição da Igreja,
em razão do Espírito Santo que lhe foi prometido pelo Senhor. Essa
foi a reação dos primeiros apologistas críticos de Lutero. Jo h n Fisher,
em 1 5 2 3 , mostra que a promessa do Espírito não era dirigida unica-
^ Ad. Haer. III, 24, I (S. Chr. 3 4 , pp. 399s). E ver acima, p. 9 7 , nota 30.
’ Prólogo da Tradição apostólica (S. Chr. I I , p. 26).
■* Esse é o sentido do famoso “charisma veritatis certum secundum beneplacitum Patris” de santo
Irineu (Adv. H aer IV, 2 6 ,2 ; H arvey = 4 0 ); R. P. C. Hanson, Tradition in the Early Church, London,
1969, pp. 150s.
’ Isso é formalmente dito por T ertuliano , De Praescription. 2 8 , 1-3 (S. Chr. 47, pp. 124-125), por
volta de 200.
* Assim S ao C irilo de J erusalém, Cütech, XVI, 14 (PG 33, 9 3 7 ); SAO JoAo C r b Ostomo , De S. Pentec.
Horn. 1, 4 (PG 5 0 , 4 5 8 ); cf. trad, francesa feita por M.C. P ortelette, in M. J eannin (dir ). Oeuvres
completes de S .Je a n Chr., Ear-le-Duc, 18 6 9 , v. III, pp, 2 6 3 -2 6 4 . E assim também santo Agostinho...
E ver numerosos textos ñas páginas citadas acima, na nota 1. Convém citar aquí em que termos
o sétimo concilio ecuménico, realizado em 7 8 7 , abre e justifica sua definição do culto das ima
gens: “Seguindo de alguma maneira a via régia e a didascáfia divinamente inspirada de nossos
Padres e a tradição da Igreja católica — pois sabemos que ela é do Espirito Santo, que tem a sua
morada na Igreja [...]” Acíio Vil (M ansi, t. 13, col. 3 7 0 ; DS 600).
198
A C O NTRA-REFO RM A E A RESTAURAÇÃO
A Igreja universal não pode cair no erro, sendo conduzida pelo Espirito
de verdade que permanece com ela para sempre, e com a qual Cristo
permanece até o fim do mundo Instruida pelo mesmo e único Espirito
para determinar aquilo que a conjuntura dos tempos exige
^ Asserlionis Lutheranae confutatio, 1523 (não existe edição moderna!). Para a história que aqui
estamos resumindo, ver nossa obra citada acima (nota 1), pp. 2 1 8 -2 2 3 e 2 2 8 -2 3 2 ; J . E rmel, Les
sources de la Foi. Concilc dc Trente et Oecuménisme contemporaln, Desclée, 1963; G. H. T avard,
Ecriture ou Eglise? La crise de la Reforme, Paris, 1963.
® Mansi, t. 32, cot 1158 DE.
199
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA DO E S P IR IT O
Não há Evangelho se não houver Igreja. Não que não se possa ter a
Escritura fora da Igreja [...]. Mas o Evangelho vivo é a própria Igreja (sed
vivum Evangelium ipsa est Ecdesia). Fora dela podemos ter os pergami
nhos ou os papéis, a tinta, as letras, os caracteres, com os quais foi escrito
0 Evangelho, mas não pode haver o próprio Evangelho. Também os Após
tolos, repletos do Espírito Santo, quando nos deram o símbolo, não disse
ram: “Creio na Bíblia, ou no Santo Evangelho”, e sim “Creio na santa
Igreja”. É nela que temos a Bíblia, nela temos o Evangelho, nela o autêntico
entendimento do Evangelho; ou melhor, ela mesma é o Evangelho escrito
não com tinta, mas pelo Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra,
mas nas tábuas de carne do coração.^®
® M.H ofmann, Theologie, Dogmen und Dogmenviicklung im theologischen W erk Denis Petau’s, Frankfurt
München, 1976. pp. 177 e 533.
Cardeal Hosius ( t 15791, Opera omnia, Köln, 15 8 4 , v. I, p. 3 2 1 ; comp. p. 5 5 1 ; v. II. pp. 159, 244,
2 4 6 , 3 9 8 , 3 9 9 sobre o artigo “Credo sanctam Ecclesiam catholicam ” como contendo toda a fé.
E muito comum opor o “vivum cor Ecclesiae” às “mortuae chartaceae membranae Scripturamm”;
assim STAPfflLus, In causis Religimis sparsim editi libri, Ingolstadt, 1613, p. 24.
“ Nós traçamos essa história no capitulo VI, pp. 2 3 3 -2 9 7 de nosso livro acima citado na nota 1.
Caracteriza muito bem a contração da eclesiologia no “magistério” o artigo “Eglise", in E. Dubianchy,
Diet, de T h éol cath.1910, t. IV, fase. XXXII, col. 2 1 0 8 -2 2 2 4 .
200
A CO NTRA-REFO RM A E A RESTAURAÇÃO
Esse é 0 título do capítulo V, livro X de seu De Prinrípiís fid ei doctrinalibus, 1572. E cf. H.
S chützeichel, Wesen und Gegenstand d er kirchlichen Lehrautorität nach Thomas Stapleton, Trier, 1966.
Cf. Elis G ermain, “A travers les catéchismes des 150 derrières années”, in: Recherches et Débats 71
(197 1 ), pp. 108-131.
Essa expressão se encontra, por exemplo, em Ch. P esch , Compendium Theologiae dogm aäcae, 1. 1,
n. 30 1 ; J . V B ainvel, De Magisterio vivo et Traditione, Paris, 1905, p. 56.
201
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
Apreciamos a verdade das afirmações seguintes, mas gostaríamos que o Espírito Santo tivesse
recebido também o seu espaço: “Una etiim cum sacris eiusmodi fontibus Deus Ecclesiae suae
Magisterium vivuin dedit” (Pio XII. Encíclica H um anigeneris, in AAS 4 2 [1Q50], p. 56Q; DS 3886).
“Munus autem authentice interpretandi verbum Dei scriptum vel traditum soli vivo Ecclesiae
Magisterio concreditum est” (V aticano II. Dd Verbum, n. 10: o termo por nós grifado é decisivo.
AAS 2 9 (1 8 9 6 -1 8 9 7 ), p. 6 5 0 ; DS 3328.
S an to A g o stin h o , Sermo 2 6 7 , 4 (PL 3 8 , 1 2 3 1 ), citado por Leão XIII e Pio XII; Serm o 2 6 8 , 2 (3 8 ,
1 2 3 2 -1 2 3 3 ).
202
A CO NTRA-REFO RM A E A RESTAURAÇÃO
Lumen gentium, n. 7, § 7: “dedit nobis de Spiritu suo, qul unus et idem in Capite et in membris
existens, totum corpus ita vivificat, unificat et movet, ut Eius officium a sanctis Patribus comparan
potuerit cum muñere, quod principium vitae seu anima in corpore humano adimplet”. Com
referência a Leão X III, Pio X II, Santo Agostinho, Crisóstomo, Dídimo e Tomás de Aquino.
Ver também Ad gentes divinitus, n. 4.
“ Ver nossa LEglise de S. Augustin à Vépoque moderne. Paris, 19 7 0, pp. 4 1 7 -4 2 3 e 4 2 8 -4 3 3 . Para
Scheeben, pp. 4 2 9 e 4 3 3 -4 3 5 .
203
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA DO ESPÍR ITO
A partir desse dia não passei mais nenhum dia sem algum ato de
reparação ao Espírito Santo. Comprei todos os livros que pude encontrar
sobre a obra do Espírito Santo e os estudei. Após cinco ou seis anos atingi
0 último degrau ao qual a razão sozinha pode me levar, isto é, que o
testemunho unânime da Igreja universal é o máximo de evidência histórica
para a revelação do cristianismo. Contudo, uma evidência histórica não
deixa de ser humana e uma evidência humana é finalmente falível. Eoi
então, e não antes disso, que eu percebi que a presença e a tarefa perpétuas
do Espírito Santo elevam o testemunho da Igreja de uma certeza humana
a uma certeza divina. É a ele que eu me submeto na unidade da fé una e
de redil. A partir daí, o Espírito Santo tomou-se o principal pensamento e
devoção de toda a minha alma.^^
204
A CO NTRA-REFO RM A E A RESTAURAÇÃO
Espírito Santo. Manning evoca muitas vezes o Corpo m ístico, mas não
fala dos carismas no sentido de urna “pneumatologia”. No inicio do
livro, ele mesmo resume nestes termos o conteúdo da obra anterior;
“The definitions and Decrees of Pontiffs, speaking ex cathedra, or as the head of the Church and
to the whole Church, whether by Bull, or Apostolic Letters, or Encyclicals, or Brief, to many or
to one person, undoubtedly emanete from a divine assistance, and are infallible” (The temporal...,
p. 94). Manning tinha, desde 18 6 5 , proposto o seguinte texto para o concilio projetado: “Vivae
vocis oraculum a Summo Pontífice prolatum circa fidem, mores vel facta ut aiunt dogmática seu
circa veritates fidei morumque questionibus circunstantes infallibile esse” (M ansi, t. 4 9 , col. 171).
Entretanto, Manning excluía a idéia de urna infalibilidade inerente à pessoa do papa.
Segundo Q uirinus (Döllinger), Manning dizia que a definição da infalibilidade pontifícia seria
“uma vitória do dogma sobre a história”. In; Römische Briefe vom Konzil, München, 1870, p. 61.
205
R E V E L A Ç Ã O E E X P E R IÊ N C IA DO E S P ÍR IT O
Eis algumas referências a estudos recentes, cujo interesse não subestimamos nos quais essa ten
dência se faz sentir: E N au, “Le magistère pontificai ordinaire au premier concile du Vatican”, in:
Rev.Thomiste 6 2 (1Q62), pp. 3 4 1 -3 9 7 ; J . J . K ing, “The Holy Spirit and the Magisterium Ecclesiae",
in The American Ecclesiastical Rev. 148 (1 9 6 3 ), pp. 1 -26; C. L arnicol, “A la lumiere dc Vatican II.
Infaülibilité de I'Eglise, du corps episcopal, du Pape”, in Ami du Ciergé 76 (1966), pp. 2 4 6
2 5 5 ,2 5 7 -2 5 9 (cf. p. 254b).
Apesar de sua tese sobre o dom e a habitação próprias e pessoais do Espírito Santo, Scheeben
atribui a unção da humanidade de Cristo ao Logos. O Espírito sendo apenas o meio: Dogmatik Y,
§ 2 2 2 ; Mystericn cies Christentiims § 5 1 , 5.
206
A CO NTRA-REFO RM A E A RESTAURAÇÃO
Nota adicional
207
REVELAÇÃO E E X P E R I Ê N C I A D O E S P I r ITO
Isso é tudo? Nâo! Como vamos nos consolar de uma tal ausência cor
poral? É claro, ele nos deixou o relato de sua vida e as Escrituras dão
testemunho dele. Ele nos deixou também a Igreja que, pelos seus sacra
mentos, nos incorpora à vida cristã e nos faz participar da vida divina.
208
A CONTRA-REFORMA E A RESTAURAÇÃO
Ph. P are , “The doctrine of the Holy Spirit in the Western Church”, in: T h e o lo g y (agosto de 1948),
pp. 293-300.
Série de artigos publicados em D a s Ö k u m e n is c h e C o n c ü v o m J a h r e 1 8 6 9 , v. II, pp. 503-547; III, pp.
81-133, 212-263, 400-418: “Die theologische und praktische Bedeutung des Dogmas von der
Unfehlbarkeit des Papstes, besonders in seiner Beziehung auf die heutige Zeit".
Op. dt:, 111, p. 102.
209
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
Jesus Cristo na terra. Nós o vimos em Belém sob a forma de menino. Nós
o vemos hoje sob a forma de ancião.'*
Com todo o real respeito que temos por dom Mermillod, achamos
tais palavras completamente ridículas, o que as desculpam de serem
blasfemas. Mermillod, que Pio IX nomeou cardeal, pregou sobre o
tema das três encarnações de Nosso Senhor: no seio de Maria, na
Eucaristia, no papa.'^
Nos lábios de dom Marcei Lefebvre, as três brancuras são “os três
dons principais que Deus nos fez; o Papa, a Santíssima Virgem e o
sacrifício eucarístico”.^®
J. F ried rich , G e s c h ic h t e d e s V a tik a n isc h e n K o n z ils , Nördlingen, 1887. v. III, p. 587. Citado por Acton
em Y CONZEMius (ed.), Briefwechsel D õ llin g e r -A c to n , München, 1965, v. II. p. 77.
’ A. D an sette , H isto ir e reügieuse d e l a F r a n c e c o n t e m p o r a in e , Paris, 19'16, v. I, p. 4M .
® R. Plus, F a c e à la vie, Toulouse, 1926, II' série, pp. 93-94: VII' section, fêtes et dévotions.
^ D o c u m e n ta tio n c a t h o liq u e n. 942 (8 de julho de 1945), cot 481.
® Alverne, “La visite apostolique de Mgr. Lépicier en Erythrée et Abyssinie”, in: L’union d e s E g lises (10
de janeiro-fevereiro de 1928), p. 415.
’ A. Richard, “Faut-il incamer ITglise? Les trois brancheurs”, in: L'Homme n o u v e a u (7 de março de
1976).
“ Homilia de 18 de setembro de 1977 em Leone, por ocasião do 30° aniversário de sua consagração
episcopal. In: L e c o u p d e m a itr e d e S a ta n . E c õ n e f a c e à la p ersecu tio n , Martigny (Suíça), 1977, pp. 30-41.
210
A CONTRA-REFORMA E A RESTAURAÇÃO
A eucaristia
O papa
As observações que aqui serão feitas não tiram nada daquilo que
dizíamos no capítulo anterior, no que diremos no capítulo que se
seguirá, no segundo volume da obra: existe um vínculo de aliança,
fundada na fidelidade de Deus, entre o Espírito Santo e o ministério
apostólico. Sabemos tam bém que os papas ensinaram expressamente
a doutrina a respeito da presença e da ação do Espírito Santo em
nossas vidas pessoais e na Igreja; basta citar as encíclicas Divinum illud
mmus de Leão X III (9 de maio de 1897) e Mystici Corporis de Pio XII
(2 9 de ju n h o de 1 9 43). De fato é verdade que, com frequência, os
enunciados mais oficiais acentuaram de maneira pesada os princípios
externos, visíveis e jurídicos de unidade, com uma insistência sobre o
“magistério” e principalmente sobre a autoridade papal:
211
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
212
A CONTRA-REFORMA E A RESTAURAÇÃO
A Virgem Maria
213
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
Toda graça que é comunicada neste mundo chega por um triplo movi
mento. Ela é distribuída segundo uma ordem muito perfeita a partir de
Deus em Cristo, a partir de Cristo na Virgem, a partir da Virgem em nós.^'
“ E. G ibso n , “Mary and the Protestant-Mind”, in Review/or Religious 24 (maio de 1965), citado pelo
cardeal L. J. S uen en s , Une nouvelle P m tecO te? DDE, 1976, pp. 230-231.
L eão XIll. Encíclica lu c u n d a s e m p e r , 1894 (ASS 27 [1894-1895], p. 179). Textos completos e
critica dos mesmos em H. M üh len , L E s p r it d o n s 1‘EgU se, Paris, 1969, v. II, pp. 149s. Eu poderia
trazer aqui outros textos, outros fatos. Tenho diante de mim um calendário para o ano de 1955
da “Librería Editrice Vaticana”. Numa face, duas imagens: Pio XII de um lado, a Assunção de Maria
do outro. Quinta-feira, 19 de maio; “Ascensione N.S.”; dez dias depois, no domingo 29 de maio,
procuro em vão o Pentecostes e leio: “S. Maria M[ediatricej”!
“ Além de M ühlen já citado na nota anterior, sobretudo para a critica, ver R. L aurentin , “Esprit Saint
et théologe mariale”, in Nouv. R ev u e T h éoL 89 (1967), pp. 26-42; L J. S uenens, op. dt., pp. 229-246;
SodETÉ d ’E tud es M ariales 25 (1968): L e S a in t-E sp rU e t M a r ie . I. LÉvangile et les Peres; 26 (1969):
II. Bible et SpírituaUté (sobretudo documentários). C on gresso M a sio lõ g ic o d e R oma em 1975. R.
Laurentin presta conta de tudo o que se refere a essa questão em seus Boletins tão instrutivos das
Revue S r íe n c e s P h ilo s . T h é o l. 50 (1966), p. 542; 54 (1970), pp. 287-290; 56 (1972), pp. 438, 478
479; 58 (1974), p. 296, n. 110; 60 (1976), pp. 321 n. 37, 321 n. 37, 322 n. 44. pp. 452-456;
62 (1978), pp. 277s. R. Laurentin também se referia à questão em P e n te c õ tis m e c h e z le c a th o liq u e s ,
Paris, 1974, pp. 241-250; “Marie, prototype charismatique”.
214
A CONTRA-REFORMA E A RESTAURAÇÃO
por isso que a liturgia latina juntava recentem ente a oração do Espirito
Santo toda vez que fazia memoria da Virgem Maria, assim com o ju n
tava a memoria de são Paulo à de são Pedro? Certas expressões de
autores espirituais católicos são criticáveis porque atribuem a Maria
uma eficiência imediata de graça e de vida espiritual. Em últim a ins
tância, atribuiriam a Maria aquilo que é inalienável obra de Deus e do
Espírito Santo. Ora, o papel de Maria situa-se dentro da função do
Espírito Santo, que a fez mãe do Verbo encarnado, que é o princípio
de toda santidade e da comunhão do santos. No “mistério cristão”,
Maria possui de modo supereminente o lugar de m odelo da Igreja e
de intercessão universal. É nela que se realiza a obra do Espírito. É por
isso que os cristãos desejam modelar a própria vida à imagem daquela
que acolheu Cristo e o deu ao mundo, rezando a ela para que isso se
realize neles. Eles esperam isso do próprio Cristo, que age por seu
Espírito, mas com o sentimento de que Maria é co-operadora na ação
deles, como modelo e intercessora. Daí essa experiência mariana que
envolve com um realismo concreto e caloroso a experiência deles da
graça de Cristo e de seu Espírito, pois a com unicação de Cristo é
acompanhada de uma memória mariana, e o mistério cristão ficaria
sem uma dimensão se excluísse ou preterisse a função de Maria. Maria
é, em seu plano, a primeira agraciada, associada à ação soberana do
Espírito. Os protestantes têm razão de recusar uma atribuição a Maria
daquilo que pertence unicam ente a Deus, mas eles errariam ao se
fecharem para aquilo que católicos e ortodoxos testem unham do
benefício que traz para a vida deles em Cristo uma discreta influência
mariana.
“ N. 26.
215
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
216
X. A pneumatologia do
Concílio Vaticano ir
* Ver as contribuições de O. R ousseau (pp. 39-45); Ch. M oeller (pp. 102-104); M. P hilippon ,
P. S muld ers , B. van L e eu w en , H. S chürmann (pp. 541-557: os carismas espirituais). Em G.
B asaúna (dir.), V a tica n II. EEglise d e V a tica n I I, Paris, 19Ö6; Ch. M o eller , in T h e o lo g ic a l Issu es
o f V a tica n II, University of Notre Dame Press, 1967, pp. 125-126; H. G azelles , “Le Saint-
Esprit dans les textes de Vatican IF , in H. G azelles, P. E vdokim ov e A. G rein er , L e m y s tè r e
d e I’E s p r il-S a in t, Mame, 1968, pp. 161-186; H. M üh len , L E s p r it d a n s PEglisc, Paris, 1969,
V. II, pp. 9-114; A. C harue , L e S a in t-E s p r it d a n s “L u m e n G en tiu m " e J. G. G een en , “Ecclesia
a S. Spiritu edocta. Heilige Geest en Heilige Kerk in de transmissie der Openbaring volgens
de dogmatische Contitutie “De divina Revelatione” van Vaticaan IF , in E c c le s ia a S p iritu
S a n c to e d o c t a , Melanges theologiques. Hommage à Mgr. Gérard Philips, Gembloux, 1970,
respectivamente pp. 19-39 e 169-199.
Para a referência aos documentos do concilio, utilizamos as iniciais das duas primelras
palavras. Assim: AA = A p o s t o lic a m a c t u o s it a t e m , sobre o apostolado dos leigos; AG = A d
g e n t e s , sobre as missões; CD = Christus Dominus, sobre o ministério dos bispos; DV = Dei
Verbum, sobre a Revelação, Escritura e Tradição; GS = G a u d iu m e t s p e s , sobre a Igreja no
mundo de hoje; LG = L u m e n g e n tiu m , sobre a Igreja; PO = P r e s b y te r o r u m O rd in is, sobre o
ministério e a vida dos sacerdotes; SC = S a c r o s a n c t u m Concilium, sobre a Liturgia; UR =
U n ita tis R e d in t e g r a ü o , sobre o Ecumenismo.
217
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
^ “Communicando Spiritum suum” (LG, n. 7, § 1), “Spiritus C h risti" (LG, n. 8, §1); “Spiritum C h r is ti
habentes” (LG, n. H , § 2).
^ Deveriamos citar vinte passagens; por ex.: AA, n. 3, § 2; AA, n. 29, § 3; CD, n. 11, § 1; LG, n.
21 , § 2 .
Assim LG, n. 25, § 3; n. 43, § 1; D y nn. 8-10. Contudo, a “ajuda do Espirito Santo” tem um
campo mais ampio: GS, n. 44, § 2 .
218
A PNEUMATOLOGIA DO CONCILIO VATICANO
Deus [...] quando veio a plenitude dos tempos enviou o seu Filho,
Verbo encamado, ungido pelo Espirito Santo [...] (SC, h. 5).
Para nos renovarmos constantemente nele (cf. Ef 4,23), deu-nos o seu
Espirito, o mesmo e único Espirito que anima a cabeça e os membros, dá
vida, unifica e move o corpo inteiro [...] (LG, n. 7, § 7). Cristo o cumulou
de seu Espirito (LG, n. 9, § 3).
O Senhor Jesus, “que o Pai santificou e enviou ao mundo” Qo 10,36),
tornou todo o seu corpo místico participante da união do Espirito que
recebeu (PO, n. 2; na nota, remete a Mt 3,16; Le 4,12; At 4,27; 10,38).
Deus consagra padres que participam de maneira especial do sacerdocio
de Cristo e agem ñas celebrações sagradas como ministros daquele que, por
seu Espirito, exerce incessantemente, por nós, na liturgia, sua função sacer
dotal (PO, n. 5, § 1).
219
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
220
A PNEUMATOLOGIA DO CONCÍLIO VATICANO II
Jesus Cristo [...] derramou o seu Espírito sobre os apóstolos para que
eles recebessem o poder de perdoar os pecados. Por nosso ministério, que
0 mesmo Jesus vos liberte do mal e vos encha do Espírito Santo.
O Espírito Santo, nosso auxílio e nosso defensor, nos foi dado para a
remissão dos pecados, e nele podemos nos aproximar do Pai. Que o
Espírito ilumine e purifique vossos corações, a fim de que possais anunciar
as maravilhas daquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável.
221
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
Este exercício deve ser feito na liberdade do Espínto Santo, “que sopra
onde quer” (cf. Jo 3,8), mas, ao mesmo tempo, em comunhão com os
irmãos em Cristo e, especialmente, com seus pastores (AA, n. 3).
222
A PNEUMATOLOGIA DO CONCÍLIO VATICANO II
LG, n. 15; UR, nn. 3 -4 . H. M ühlen , op. d t., pp. 1 7 5 -2 4 2 , baseia sobre esses textos uma apreciação
extremamente positiva do valor edesial das Comunhões não católicas. O problema teológico é
então saber se o Espirito desenvolve todos os seus efeitos edesiais ali onde o sacramento edesial é
imperfeito. E verdade, porém, que a eclesiologia pneumática das Igrejas locais permite uma
avaliação mais positiva das outras Igrejas; Ph. J . R oseto , “Called by God in the Holy Spirit.
Pneumatological Insights into Ecumenism”, in The Ecumenical Review 3 0 (1978), pp. 110-126.
K. Rahner, Das neue Bild der Kirche, In: Schriften zur Theologe. Elnsledeln, 1967. v. VIII, pp. 3 2 9
3 5 4 (pp. 333s).
Cf. LG, nn. 13, 25 e 4 9 ; AG, n. 19, § 3; UR, nn. 2, § 2 e n. 6; Orientarum Ecdesiarum , n. 2.
223
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPIRITO
O conjunto dos fiéis ungidos pelo Espírito Santo (cf. IJo 2,20.27) não
pode errar na fé. Esta sua propriedade peculiar se manifesta pelo senso
sobrenatural da fé, comum a todo o povo [...] (LG, n. 12, § 1).
Nós publicamos a intervenção de dom Ziadé (1 9 6 3 ) em Discours au conríle Vatican II, Paris, Ed.
du Cerf, 1964, pp. 3 7 -4 2 ; ver também, nas pp. 3 1 -3 6 , o discurso do cardeal Suenens sobre a
dimensão carismática da Igreja. Ele também dizia: “O tempo da Igreja, que caminha através dos
séculos até a Parusia, é o tempo do Espírito Santo”. Dois textos densos e importantes, que tiveram
seu eco no concíHo.
224
A PNEUMATOLOGIA DO CONCILIO VATICANO II
Faz parte da resposta, mas esta é muito mais ampla, mais secreta
e misteriosa também. É toda a vida da Igreja que se desenrola sob o
signo e 0 sopro de Pentecostes.
“ Nada senão na coleta oficial das Acta el Documenta concilio oecumenico Vaticano II apparanão,
Vaticano, 19 6 0 , Seris 1 (Antepreparatorid), v. 1 (Acta S. Pontificis loannis XXIII), p. 24 , discurso de
Pentecostes. 17 de maio de 1959, o concílio é convocado para um novo Pentecostes. Verão de
1959, oração ao Espírito Santo pelo concílio: “Renova aetate hac nostra veluü Pentecostem mlrabilia
tua" (p. 48). Carta de 2 8 de maio de 1950 ao cardeal Alfrink em vista de uma difusão radiofônica
da celebração de Pentecostes (p. 8 7). Discurso do dia de Pentecostes, em 5 de ju nh o de 1960:
“È infatti nella dottrina e nello spirito delia Pentecoste che 11 grande awenim ento dei Concilio
Ecumênico prende sostanza e vita” (p. 105)...
Audiência geral de 6 de junho de 1973, in Docum. Cath. 1635 (1° de ju lho de 1973), p. 601. A
exortação apostólica M arialii cultus de 2 2 de março de 1 9 7 4 contém igualmente, após uma
explanação sobre o aspecto pneumatológico do mistério pascal (n. 26), um convite para “aprofundar
a reflexão sobre a obra do Espírito na história da salvação” (n. 27). .
225
Explicação de alguns termos
227
REVELAÇÃO E E X P E R IÊ N C IA D O E S P IR IT O
228
Sumário
INTRODUÇÃO GERAL.
Volume I
REVELAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO ESPÍRITO
O ESPÍRITO SANTO NA “ECONOMIA”
Primeira Parte
AS ESCRITURAS CANÔNICAS
I. ANTIGO TESTAMENTO................................................................... 17
O termo.............................................................................................. 17
A ação do sopro de lahweh........................................................... 20
Os heróis, os “juizes” .................................................................21
Os profetas.................................................................................. 22
Escritos sapienciais..................................................................... 26