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Reprodução da Vida
BIOLOGIA
Reprodução da Vida
2ª Edição
Vice-Presidente da República
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Vice-Reitora
Maria de Fátima Freire Melo Ximenes
FICHA TÉCNICA
Reprodução da vida / Jomar Gomes Jardim, Renata Swany Soares do Nascimento. – 2. ed. – Natal: EDUFRN,
2011.
ISBN 978-85-7273-824-8
Conteúdo: Aula 01 – Reprodução: com ou sem sexo?; Aula 02 – Gametas: atores da reprodução sexuada;
Aula 03 – Introdução à reprodução vegetal; Aula 04 – Reprodução das plantas I: algas; Aula 05 – Reprodução das
plantas II: briófi tas; Aula 06 – Reprodução das plantas III: pteridófi tas; Aula 07 – Reprodução das plantas IV:
gimnospermas e angiospermas; Aula 08 – Iniciando um novo organismo animal; Aula 09 – Reprodução animal:
invertebrados. Aula 10 – Reprodução animal: vertebrados.
CDU 57.017.4
J37r
© Copyright 2005. Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – EDUFRN.
Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa do Ministério da Educacão – MEC.
Sumário
Apresentação 5
A
Secretaria de Educação a Distância – SEDIS da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte – UFRN, desde 2005, vem atuando como fomentadora, no âmbito local, das
Políticas Nacionais de Educação a Distância em parceira com a Secretaria de Educação
a Distância – SEED, o Ministério da Educação – MEC e a Universidade Aberta do Brasil –
UAB/CAPES. Duas linhas de atuação têm caracterizado o esforço em EaD desta instituição: a
primeira está voltada para a Formação Continuada de Professores do Ensino Básico, sendo
implementados cursos de licenciatura e pós-graduação lato e stricto sensu; a segunda volta-se
para a Formação de Gestores Públicos, através da oferta de bacharelados e especializações
em Administração Pública e Administração Pública Municipal.
Para dar suporte à oferta dos cursos de EaD, a Sedis tem disponibilizado um conjunto de
meios didáticos e pedagógicos, dentre os quais se destacam os materiais impressos que são
elaborados por disciplinas, utilizando linguagem e projeto gráfico para atender às necessidades
de um aluno que aprende a distância. O conteúdo é elaborado por profissionais qualificados e
que têm experiência relevante na área, com o apoio de uma equipe multidisciplinar. O material
impresso é a referência primária para o aluno, sendo indicadas outras mídias, como videoaulas,
livros, textos, filmes, videoconferências, materiais digitais e interativos e webconferências, que
possibilitam ampliar os conteúdos e a interação entre os sujeitos do processo de aprendizagem.
Assim, a UFRN através da SEDIS se integra o grupo de instituições que assumiram o
desafio de contribuir com a formação desse “capital” humano e incorporou a EaD como moda-
lidade capaz de superar as barreiras espaciais e políticas que tornaram cada vez mais seleto o
acesso à graduação e à pós-graduação no Brasil. No Rio Grande do Norte, a UFRN está presente
em polos presenciais de apoio localizados nas mais diferentes regiões, ofertando cursos de
graduação, aperfeiçoamento, especialização e mestrado, interiorizando e tornando o Ensino
Superior uma realidade que contribui para diminuir as diferenças regionais e o conhecimento
uma possibilidade concreta para o desenvolvimento local.
Nesse sentido, este material que você recebe é resultado de um investimento intelectual
e econômico assumido por diversas instituições que se comprometeram com a Educação e
com a reversão da seletividade do espaço quanto ao acesso e ao consumo do saber E REFLE-
TE O COMPROMISSO DA SEDIS/UFRN COM A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA como modalidade
estratégica para a melhoria dos indicadores educacionais no RN e no Brasil.
Aula
1
Apresentação
L
ogo no início desta disciplina, dois termos já chamam a atenção em função de sua
importância e curiosidade: reprodução e vida. Conhecendo os diferentes conceitos sobre
vida, abordado na disciplina de Biodiversidade é possível desassociá-la da reprodução?
Nesse caso, como os seres vivos continuariam a existir? Como as famílias poderiam ser
formadas? E quanto às plantas? Há diferenças na reprodução entre elas e os animais?
E por fim, como, quando e onde ela ocorre? Considerando que tais questões estão presentes
no imaginário da humanidade desde seus primórdios, ao longo desse estudo, algumas delas
serão respondidas permitindo que se conheça um pouco mais sobre a reprodução das plantas
e dos animais e os mecanismos de reprodução sexuada e assexuada. Conheceremos também
as novas biotecnologias da reprodução. Sendo assim, iniciamos nosso estudo com uma aula
em que compreenderemos o conceito de reprodução dos seres vivos, as diferenças entre os
tipos de reprodução sexuada e assexuada, as características dos mecanismos envolvidos,
e as vantagens e desvantagens de cada uma delas para os animais e as plantas.
Objetivos
Conceituar o termo reprodução.
1
Distinguir os mecanismos de reprodução dos seres vivos.
2
Diferenciar reprodução sexuada de assexuada.
3
Identificar as vantagens e desvantagens dos tipos de
4 reprodução sexuada e assexuada.
Antera
Integumento
Nucelo
Meiose
Tubo
Óvulos polínico Fecundação
Ovário
Saco
embrionário
Germinação
Semente
Embrião
Embrião
Integumento
Endosperma
Embrião
Suspensor Corpo do
embrião
Fonte: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/angiosperma/imagens/ciclo-
de-vida-da-angiosperma.jpg>. Acesso em: 5 maio 2010.
Salmão pronto
Filhote
Desova
Peixinho
Ovos
Ovos Alevino
Transparecendo os
olhos do peixe
Fonte: <http://marcopires.blogs.sapo.pt/arquivo/Ciclo%20
de%20vida.JPG>. Acesso em: 5 maio 2010.
Atividade 1
Vamos revisar:
Nesse sentido, torna-se mais adequado conceituar a reprodução como processo capaz
de garantir a produção ou surgimento de novos indivíduos, seja ele natural ou artificial,
intencional ou inconsciente.
Você seria capaz de dizer qual seria a vantagem de realizar esse tipo
3 de reprodução?
Reprodução assexuada
A reprodução assexuada, considerada mais simples, direta e rápida (em geral), é
caracterizada pela ausência de gametas e, consequentemente, a recombinação de genes,
ocorrendo através de mecanismos como fissão binária, múltipla, fragmentação e propagação
vegetativa, os quais estudaremos a seguir. Em consequência disso, as gerações seguintes
são idênticas ao progenitor, visto que uma simples célula-mãe transmite suas características
genéticas diretamente para as células- filhas, tornando-se clones. Verifica-se ainda a ausência
de órgãos reprodutivos especializados.
Fonte: <http://prokariotae.tripod.com/Enterococcus_faecalis_em_cissiparidade.gif>.
Acesso em: 5 maio 2010.
1 2 3
Broto Nova
hidra
Fonte: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filo-cnidaria/
imagens/brotamento-2.jpg>. Acesso em: 5 maio 2010.
Fonte: <http://curlygirl.no.sapo.pt/imagens/esponjaint.gif>.
Acesso em: 5 maio 2010.
Figura 7 – (a) Fungos em tangerina evidenciando a esporulação e (b) Representação esquemática do fenômeno da esporulação
b
a
Esse tipo de reprodução será detalhado mais adiante nos estudos com plantas.
Atividade 3
Um modelo clássico de reprodução assexuada consiste na clonagem. O que você
sabe sobre esse processo? Qual a diferença entre clonagem natural e artificial?
É correto afirmar que gêmeos idênticos são clones naturais? Você já ouviu falar
sobre a ovelha Dolly? Pesquise sobre esse assunto e, em seguida, converse com
seus colegas sobre o que você descobriu.
Figura 9 – Reprodução sexuada evidenciada pela (a) cópula da minhoca e pelo momento do encontro de gametas (b) no
ouriço-do-mar e (c) no musgo
Mesmo para esse tipo de reprodução em que dois indivíduos estão envolvidos é possível
perceber nos progenitores ausência de distinção entre sexos, como por exemplo, para bactérias
e protozoários. Em consequência dessa similiaridade, seus gametas, também idênticos,
são denominados isogametas.
Enquanto isso, para a maioria dos animais de reprodução bissexuada, em que os gametas
são diferentes, denominados de anisogametas, os espermatozoides (células masculinas) estão
presentes nos testículos, enquanto que os óvulos (células femininas) são formados nos ovários,
resultando, portanto em indivíduos com sexos separados ou dioicos, os machos e as fêmeas.
Figura 13 – Mamoeiro macho (a) e mamoeiro fêmea (b), evidenciados pelo tipo de flor, representando a reprodução sexuada
biparental em plantas
Nesses casos, há uma importante vantagem para os animais, uma vez que podem
teoricamente produzir o dobro de descendentes quando comparado com as espécies dioicas.
No entanto, devemos lembrar que a variabilidade genética diminui.
a) Assexuada ou sexuada?
Segundo Hickman et al. (2004), quando os hábitats estão vazios, a reprodução rápida
torna-se mais importante do que a variabilidade, ressaltando a importância da reprodução
assexuada. Porém, quando os hábitats estão densamente ocupados, a competição por recursos
aumenta e a seleção torna-se mais intensa. Nesse momento, a variabilidade genética fornece
a diversidade necessária para que a população resista à extinção.
Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/_RQthvU1cxo/SsU_YoxzZHI/AAAAAAAAABU/
TJhxhPGGHbE/s400/95bio.JPG>. Acesso em: 5 maio 2010.
Autoavaliação
E agora? Após conhecermos os diferentes processos de reprodução dos seres vivos,
1 você seria capaz de explicar a importância desse evento para o organismo, para a
população e para a espécie?
V ou D A ou S
( ) ( ) Organismos isolados podem gerar descendências.
( ) ( ) Descendência numerosa em curto espaço de tempo permitindo a rápida colonização do hábitat.
( ) ( ) Perpetua organismos bem adaptados a ambientes favoráveis e estáveis.
( ) ( ) Promove a variabilidade genética entre os seres vivos.
( ) ( ) Requer mais tempo e utiliza mais energia.
( ) ( ) Apenas metade do genoma é passada às gerações seguintes.
( ) ( ) Diminui a variabilidade genética.
( ) ( ) Menor capacidade evolutiva.
( ) ( ) População sujeita à extinção em condições desfavoráveis.
( ) ( ) Torna possível uma evolução rica e diversificada entre os seres vivos.
Referências
GARCIA, S. M. L.; FERNADÉZ, C. G. Embriologia. 2. ed. Porto alegre: ARTMED, 2003.
HICKMAN, C. P.; ROBERTS, L.S.; LARSON, A. Princípios integrados da zoologia. 11. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan, 2007.
Aula
2
Apresentação
C
omo vimos na Aula 1 – “Reprodução: com ou sem sexo?”, a reprodução sexuada
constitui o tipo mais comum entre os seres vivos, uma vez que promove a variabilidade
genética. Tem-se o espermatozoide e o óvulo como sujeitos desse tipo de reprodução.
São células altamente especializadas e adaptadas para a fecundação e formação do novo ser
vivo. Portanto, nesta aula vamos conhecer os gametas de animais e plantas, abordando sua
morfologia, gênese e importância.
Objetivos
Descrever a morfologia dos gametas.
1
Diferenciar gametas masculinos e femininos.
2
Distinguir os mecanismos de formação dos gametas,
3 a gametogênese.
Célula alongada, constituída basicamente pela cabeça e cauda (peças central, intermediária
e terminal).
A forma da cabeça varia com a espécie e nela estão situados o núcleo haploide de cromatina
densa e o capuz acrossômico, constituído por um sáculo originário do complexo de Golgi,
contendo enzimas (hialuronidase, acrosina, neuraminidase) necessárias à penetração
no ovócito.
Nos anfíbios, a membrana ondulante ao longo do flagelo aumenta sua superfície e eficácia.
Figura 1 – Espermatozoides
Curiosidade
Os meios pelos quais o espermatozoide é impulsionado variam de acordo com
o modo pelo qual a espécie se adaptou às condições ambientais. Em algumas
Ascaris
delas (como o nematelminto parasitário Ascaris), o espermatozoide viaja por
Conhecido popularmente movimentação ameboide de extensões lamelipodiais da membrana celular.
como lombriga.
Na maioria das espécies, porém, um espermatozoide é capaz de viajar por longas
distâncias agitando o seu flagelo. (GILBERT, 2003)
O ovócito é formado por uma zona pelúcida e por uma camada de células foliculares
chamada corona radiata.
Nos anfíbios há ainda, uma substância gelatinosa, a ganga. Enquanto que em aves e
répteis o ovócito é envolvido por mais duas membranas, a clara e a casca.
Adaptado em: Amabis, J.M. e Martho, G.R. Fundamentos da Biologia Moderna. São Paulo: Moderna, 1990.
A.
B.
C.
D.
E.
Espermatozoide:
Formando os gametas:
gametogênese
Aprendemos que o desenvolvimento, a partir da reprodução sexuada, tem início com a
fertilização que é o processo em que o espermatozoide e o ovócito se unem, originando um
novo organismo denominado zigoto. Mas, para que a fertilização ocorra, é necessário que os
gametas estejam preparados e para isso, tanto as células germinativas primitivas masculinas
e femininas sofrem uma série de modificações. Essas modificações têm o propósito de:
a) reduzir o número diploide (2n) para haploide (n), que é essencial para a correta junção
dos gametas, resultando na restauração do número diploide após a fecundação;
Os testículos são órgãos constituídos de numerosos túbulos seminíferos que convergem para
ductos comuns, transferindo os espermatozoides para o exterior.
Os túbulos seminíferos, por sua vez, apresentam um epitélio germinativo apoiado na lâmina
basal, abaixo da qual está situada a lâmina própria. Em indivíduos púberes se verificam nesse
epitélio diversas células da linhagem espermatogênica, desde espermatogônias a espermatozoides.
Espermatogênese
Célula germinativa 2n
2n 2n
Período
Espermatogônias
Mitose Germinativo
2n 2n 2n 2n
Espermatogônias
Crescimento sem
divisão celular Período de
Espermatócito I 2n crescimento
Meiose I
Espermatócitos II n n Período de
Meiose II maturação
n n n n
Espermátides
n n n n
Período de
Espermatozoides diferenciação
Fonte: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/figuras/Citologia2/Espermatogenese.gif>;
<http://2.bp.blogspot.com/_8tRxq5DT_zI/SXOAMs8WIMI/AAAAAAAAB74/
5IEIWfJTt54/s400/espermatogenese3.jpg>. Acesso em: 6 maio 2010.
Alguns fatores podem prejudicar a espermatogênese, tais como a ausência dos hormônios
testosterona e FSH, temperatura inadequada, deficiências nutricionais, excesso de
radiação, drogas e medicamentos em geral, entre outros.
b) Importância
c) Metodologia
Ainda na fase pré-natal, para a maioria dos cordados, as ovogônias viáveis transformam-se Cordados
em ovócitos primários iniciando o processo meiótico até que, a partir da puberdade, alguns desses
Animais que durante
ovócitos amadureçam estando prontos para a fecundação. a fase embrionária
possuem notocorda.
Bastão celular que
fornece rigidez ao embrião
e promove a formação
do tubo neural e coluna
vertebral, exceto
no anfioxo.
Célula germinativa 2n
Mitose
Período
Ovogônias 2n 2n
Germinativo
Mitose
2n 2n 2n 2n
Ovogônias
Crescimento sem
divisão celular Período de
crescimento
Ovócito I 2n
Meiose I
Glóbulo polar
Ovócito II n n
Período de
Meiose II maturação
n n n n
Óvulo
Glóbulos polares
Fonte: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/figuras/Citologia2/Ovogenese.gif>.
Acesso em: 6 maio 2010.
Figura 11 – E stágios de maturação do óvulo no momento da entrada do espermatozoide em diferentes animais. (Segundo Austin, 1965)
Curiosidade
Atividade 3
Assista um trecho da entrevista com a Dra. Maria Cecília Erthal no
1 Programa Sem Censura disponibilizado no site http://www.youtube.
com/watch?v=uESo2NQ2FBQ.
E agora que já conhecemos bem os gametas, nas aulas 03 e 08 seguintes vamos estudar
o evento da fecundação em plantas e animais, respectivamente.
Autoavaliação
Leia os objetivos desta aula e avalie se foram compreendidos. Para isso, responda às
questões abaixo. Caso haja dúvida, retome a leitura deste material e se possível procure ler
mais sobre o assunto nos livros citados nas referências a seguir.
HICKMAN, C. P.; ROBERTS, L. S.; LARSON, A. Princípios integrados da zoologia. 11. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia básica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2000.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan, 2007.
Anotações
Aula
3
Apresentação
A
s plantas, como todos os seres vivos, possuem ancestrais aquáticos. A história
da evolução das plantas está, portanto, inseparavelmente relacionada à ocupação
progressiva do ambiente terrestre e ao aumento da sua independência da água para a
reprodução. Nesta aula, você terá a oportunidade de entender as características da reprodução
assexuada e sexuada e os principais ciclos de vida das plantas.
Objetivos
Diferenciar as fases mitótica e meiótica na reprodução.
1
Diferenciar reprodução assexuada e sexuada.
2
Analisar as principais diferenças entre os ciclos reprodutivos.
3
Normalmente não há
Sinapse completa dos
emparelhamento dos
homólogos na prófase I
homólogos
Os centrômeros não
Os centrômeros
se dividem na anáfase I,
dividem-se na anáfase
mas sim na anáfase II
A célula que sofre mitose não pode ser diploide ou haploide A célula que sofre meiose é diploide
* De acordo com Antrony J. F. Griffiths, William M. Gelbart, Richard C. Lewontin, Jeffrey H. Miller. Modern Genetic Analysis, 2ed. 2002.W.H. Freeman and Company, New York (Figure 4.24).
A mitose é precedida pela duplicação dos cromossomos. Assim, a célula-mãe duplica Cariocinese
seus cromossomos e após a cariocinese e a citocinese dá origem a duas células-filhas Divisão do núcleo celular
geneticamente idênticas. A célula-mãe pode ser diploide (2n cromossomos) ou haploide durante a mitose.
(n cromossomos), sendo que as células-filhas terão a mesma ploidia original. O resultado final
da mitose, portanto, é a formação de células-filhas geneticamente idênticas. Nos organismos
Citocinese
unicelulares, após a mitose, as duas células separam-se, sendo que o processo equivale à
reprodução do organismo como um todo. Em outros casos, as células-filhas permanecem Divisão do citoplasma
de uma célula após a
unidas, formando assim, colônias ou organismos multicelulares. divisão nuclear.
Divisão binária
A divisão binária pode acontecer das seguintes formas:
Brotamento – é a divisão de uma célula, resultando em duas outras células de tamanho muito
distinto e que ocorre principalmente, nas leveduras (fermentos).
Divisão múltipla
É a divisão de uma célula, simultaneamente, em várias células-filhas. Geralmente, essas
células separam-se, porém, quando isso não ocorre, há a formação de colônia.
Em todas as plantas terrestres, além de muitas algas e fungos, ocorre um ciclo vital com
alternância de gerações haploide e diploide (ciclo haplodiplôntico). Nas plantas, a meiose
ocorre durante a produção de esporos (meiósporos). Na reprodução sexuada são formadas
células especiais denominadas gametas, sendo que um gameta feminino une-se a um gameta
masculino através da fecundação, dando origem a um zigoto. Os gametas são formados em
estruturas especializadas denominadas gametângios. Quanto ao tipo de gametas formados,
pode-se falar em isogamia, heterogamia e oogamia.
Na isogamia, os gametas são idênticos entre si, tanto na forma e tamanho como no
comportamento, sendo ambos móveis, conforme a Figura 3.
Figura 3 – Isogamia
Na oogamia, um dos gametas é grande e imóvel e o outro é pequeno e móvel, como mostra
a Figura 5.
Figura 5 – Oogamia
Nas plantas os ciclos de vida podem ser haplonte, diplonte e haplonte-diplonte como
descritos a seguir:
Haplonte ou Haplobionte
Os indivíduos são haploides e são representados pela letra n. Algumas células desses
indivíduos diferenciam-se em gametas (haploides) que, quando liberados da planta, podem
unir-se dois a dois através da fecundação, originando uma célula ovo ou zigoto, com 2n
cromossomos (diploide). Esse zigoto sofre meiose, originando 4 células haploides (n).
Estas sofrem várias divisões mitóticas, formando um novo indivíduo haploide, que reinicia
o ciclo, mostrado na Figura 6. Nas plantas, com esse tipo de ciclo de vida, a meiose é zigótica.
Esse ciclo ocorre em algumas algas.
Meiose
Zigoto
Diplonte ou Diplobionte
Os indivíduos desse ciclo são diplóides e produzem gametas haplóides por meiose.
A fecundação ocorre e dá origem a um zigoto diplóide que, através de mitoses sucessivas, dará
origem a outro individuo também diplóide, que reiniciará o mesmo ciclo, conforme esquematizado
na figura 7. A meiose, nesse caso, é gamética ou final. Esse ciclo ocorre também em algas.
Meiose
Zigoto
Esta célula
passa por
meiose
Indivíduo
diploide
Gametófitos
(indivíduos haploides)
Meiose
Zigoto
Esta célula
passa por
meiose Esporófito
(indivíduo diploide)
Nesse ciclo de vida, há alternância de uma fase com indivíduos diploides, que formam
esporos haploides através de meiose, com uma fase de indivíduos haploides que produzem
gametas por diferenciação celular. Os indivíduos diploides, por produzirem esporos,
são denominados esporófitos haploides e, por produzirem gametas, são denominados
gametófitos. Esse ciclo de vida ocorre em algas, todas as briófitas, pteridófitas, gimnospermas
e angiospermas.
Nas algas que possuem alternância de geração, a fase gametofítica e esporofítica podem
ser igualmente bem desenvolvidas e independentes uma da outra, sendo que alguns casos
não há diferenças morfológicas, a não ser em suas estruturas.
Atividade 2
Com base em dados reais da reprodução dos seres vivos, monte um ciclo de vida,
onde os indivíduos envolvidos no processo se reproduzam através de meiose
gamética, identifique cada individuo e a sua respectiva fase.
Resumo
Nesta aula, você estudou reprodução sexuada e assexuada das plantas, os
conceitos e os processos envolvidos em cada uma delas e a diferenciação das
fases mitótica e meiótica na sua reprodução. Também foi possível analisar as
principais diferenças entre os ciclos de vida e dos ciclos reprodutivos e os tipos
de gametas envolvidos em cada processo da reprodução nas plantas.
Referências
MATOS BRITO, A. E. R. & PORTO, K. C. Guia de estudo de briófitas do Ceará. Fortaleza, CE:
EUFC, 2000.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan S.A., 2007.
Aula
4
Apresentação
A
s algas desempenham um papel ecológico importante como produtores primários dos
ecossistemas onde ocorrem, sendo provavelmente responsáveis por mais de 50%
do total da produção primária de todo o planeta. O fato de serem clorofilados, não Produção primária
implica que sejam verdes, pois além da clorofila, possuem outros pigmentos denominados é um termo ecológico que
acessórios que podem mascarar a presença da clorofila, proporcionando às algas colorações se refere à produção de
matéria orgânica a partir
avermelhadas, azuladas, pardas ou até enegrecidas. Nesta aula, você irá estudar os processos de compostos inorgânicos
reprodutivos e os ciclos de vida de algumas algas clorofiladas. pelos organismos
autotróficos, plantas,
algas e algumas bactérias.
A matéria orgânica assim
formada constitui a base
da cadeia alimentar
Objetivos na biosfera.
A
s algas, como a maioria do seres vivos, podem se reproduzir naturalmente de
forma assexuada e sexuada. A forma sexuada é a mais frequente e pode apresentar
características distintas a depender do grupo, como será discutido ao longo da aula.
Enquanto que a reprodução assexuada é mais frequente nas algas unicelulares (grupo não
incluído neste estudo). Porém, você verá em detalhes tanto a reprodução sexuada quanto a
assexuada a seguir.
Embora as algas sejam encontradas no meio terrestre úmido, é nas águas doces
e no mar que as algas são mais abundantes. No meio aquático, dependendo do
local onde vivem, podem constituir comunidades conhecidas como fitoplâncton
e fitobentos.
Reprodução assexuada
Nas algas são encontrados dois tipos básicos de reprodução assexuada os quais serão
tratados a seguir:
Divisão binária
É uma divisão comum nas formas unicelulares que ocorre através da mitose (Figura 1).
Esporulação:
É comum em algas multicelulares aquáticas (Figura 2). Cada zoósporo, dispersado pelo
meio, é capaz de gerar nova alga.
Fecundação
a) Isogamia: Os gametas são iguais na forma e no comportamento.
Conjugação
A conjugação ocorre quando determinadas células de dois filamentos próximos se
modificam e formam um prolongamento que faz o papel de gametas. O material genético de
um gameta se mistura com o material genético do outro (conjugação) formando um zigoto que
sofre divisões meióticas formando células haploides (n), que sofrem várias mitoses, formando
um novo indivíduo (Figura 3). No primeiro momento da reprodução sexual da Spirogyra ocorre
a formação de tubos de conjugação entre células de filamentos adjacentes (Figura 3a e 3b).
Após a formação, o conteúdo das células do parental (Figura 3c à esquerda) passa através
desses tubos para dentro das células do parental +, conforme mostra a Figura 3d. Observa-se
que a fecundação ocorre dentro dessas células e o zigoto resultante desenvolve uma parede
celular espessa e resistente a qual é denominada zigósporo. Os filamentos vegetativos de
Spirogyra são haploides e a meiose ocorre durante a germinação dos zigósporos, como em
todas as Charophyceae.
Note que esse tipo de reprodução faz parte do ciclo haplobionte e a meiose do zigoto
contribui para o surgimento de variabilidade.
Fonte: <http://sites.google.com/site/geologiaebiologia/Home/biologia-e-geologia-11%C2%BA/
reproducao-nos-seres-vivos/ciclos-de-vida-nas-algas>. Acesso em: 14 maio 2010.
Atividade 1
a) Esquematize as duas principais formas de reprodução assexuada nas algas.
a b
c d
Figura 7 – Alguns exemplos de espécies de algas verdes marinhas sifonáceas da classe Ulvophyceae
Figura 8 – Dois representantes das algas pardas. (a) Detalhe de Laminaria mostrando apressórios, estipe e as
bases de várias frondes. (b) Detalhe dos ramos de Fucus mostrando as vesículas de ar que servem para elevar
suas lâminas em direção à luz quando a alga é submersa
Fonte: Adaptada de Raven, Evert e Eichhorn (2007).
Órgão plurilocular - as células produzidas nessa estrutura são móveis e derivadas de mitose.
O órgão plurilocular pode aparecer tanto no gametófito quanto no esporófito. Quando ocorre
no gametófito (n), funciona como um gametângio, produzindo células haploides sexuais
(gametas). Porém, pode ocorrer desenvolvimento partenogenético desses gametas. Quando
ocorre no esporófito (2n), funciona como um esporângio, produzindo células diploides
assexuais (esporos).
Órgão unilocular - ocorre apenas no esporófito. É formado por uma célula geralmente grande
e esférica, e corresponde ao centro da meiose. Após a meiose, formam-se quatro ou mais
esporos haploides (sempre múltiplos de quatro).
a b
c d
A geração carposporofítica das algas vermelhas é considerada como uma forma adicional
para aumentar os produtos genéticos da reprodução sexuada quando as taxas de fecundação
são baixas. A alternância de gerações envolvendo três gerações multicelulares é peculiar às
algas vermelhas.
Ainda sobre os esquemas dos ciclos reprodutivos acima, responda a que tipo de
2 algas eles se referem.
O tipo mais simples de histórico de vida nas algas vermelhas envolve uma alternância
de gerações entre duas formas multicelulares e separadas da mesma espécie, uma haploide
produtora de gametas, o gametófito, e uma diploide produtora de esporos, o esporófito.
a b
Resumo
Nesta aula, foi possível analisar os tipos principais de reprodução das algas e os
ciclos de vidas das algas verdes, pardas e vermelhas, assim como os tipos de
gametas envolvidos e sua nomenclatura. Vimos também que as algas vermelhas
possuem histórico de vida complexo, sendo composto por três fases distintas:
gametófito, carposporófito e tetrasporófito. Algumas classes de algas verdes
podem ser reconhecidas pela estrutura das células reprodutivas.
Referências
FERRI, M. G. Botânica Morfologia externa da plantas. 5. ed. Editora São Paulo:
Melhoramentos, 1964
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2007
Aula
5
Apresentação
A
s briófitas são particularmente abundantes e apresentam uma grande diversidade nas
florestas tropicais e nas florestas pluviais temperadas. Entre as briófitas, distinguem-
se três linhagens principais: as hepáticas, os musgos e os antóceros. Nesta aula, você
irá estudar os processos reprodutivos e os ciclos de vida das briófitas, além de conhecer as
principais características dos grupos mencionados.
Objetivos
Caracterizar os principais grupos de briófitas com ênfase
1 em sua reprodução.
A maioria é terrestre, apresentando características que as separam das algas e das plantas
vasculares. Seus gametângios são pluricelulares, com uma camada estéril (epiderme) que
protege as células sexuais da dessecação, sendo esta uma adaptação à vida no ambiente
terrestre. Em alguns representantes, apresentam células especializadas para a condução de
água (hidroides) e de elementos fotossintetizados (leptoides). O corpo vegetativo é trófico e
corresponde ao gametófito haploide (n), sendo que o esporófito diploide (2n) cresce sobre o
gametófito e tem vida efêmera (Figura 1).
1. Hepatophyta – hepáticas
As hepáticas formam um grupo com cerca de 6.000 espécies. O termo hepática deriva
de hepato = fígado, devendo-se à forma de fígado do gametófito (Figura 2). Essas plantas
são geralmente muito pequenas ou inconspícuas, embora possam formar agrupamentos
relativamente grandes em hábitats favoráveis. Podem ocupar solos, rochas ou troncos e ramos
de árvores, em geral sombreados e úmidos. Poucas hepáticas crescem na água.
A maioria dos gametófitos das hepáticas desenvolve-se diretamente dos esporos, embora
alguns gêneros formem primeiramente filamentos de células semelhantes a protonemas, do
quais o gametófito maduro se desenvolve.
Figura 2 – Hepática talosa da família Pallaviciniaceae, planta feminina em fase reprodutiva sobre solo úmido
Os gametófitos dos antóceros são geralmente em forma de roseta e suas ramificações não
são visíveis. Em geral têm cerca de um a dois centímetros de diâmetro. Os gametófitos de algumas
espécies de Anthoceros são unissexuados, enquanto outros são bissexuados. Os anterídios e os
arquegônios estão inseridos na superfície dorsal do gametófito, com os anterídios agrupados em
câmaras. Numerosos esporófitos podem desenvolver-se no mesmo gametófito.
Figura 3 – Visão geral de um antócero do gênero Anthoceros. Em destaque, o gametófito com esporófitos alongados
O ciclo sexual dos musgos é semelhante àquele das hepáticas e antóceros – no que se
refere à formação de gametângios masculinos e femininos –, ao esporófito matrotrófico não
ramificado e aos processos especializados de dispersão de esporos.
Figura 4 – Detalhe de um musgo em fase reprodutiva vegetando sobre solo úmido no interior da floresta atlântica
b) Gametófitos de pteridófitas.
c) Esporófito de briófitas.
d) Esporófito de pteridófitas.
Fase 1 – Esporófito
Esta fase é assexuada e diploide (2n), a qual desenvolve-se no gametófito. O esporófito é
constituído de um pé e uma seta curta ou haste com uma cápsula diploide (2n) no ápice (Figura 6).
Quando amadurece sofre meiose, dando origem a esporos haploides (n). Após a maturação, o
opérculo se abre, liberando esporos, e a placenta ocorre na interface entre o pé e o gametófito,
consistindo em células de transferência de ambos, esporófito e gametófito (Figura 6).
Fase 2 – Gametófito
Corresponde a uma fase sexuada e haploide (n). Nessa fase, o gametófito forma os
gametângios, que são os órgãos produtores dos gametas (Figuras 7 e 8). Em ambiente favorável
os esporos germinam, formando filamentos que são denominados protonemas. Nos protonemas
surgem brotos, cada broto forma um gametófito, podendo ser anterídio ou arquegônio.
Os arquegônios das briófitas têm a forma de uma garrafa, com um longo colo e uma
porção basal dilatada, o ventre, a qual abriga uma única oosfera (Figura 8). A camada externa
de células do colo e do ventre forma o envoltório estéril e protetor do arquegônio. As células
centrais e do canal do colo desintegram-se quando a oosfera está madura, resultando num
tubo preenchido com um fluido, através do qual o anterozoide nada até a oosfera.
Atividade 2
I) Produção de esporos
a) I, III, IV e II
b) III, I, II e IV
c) I, III, II e IV
d) III, I, IV e II
e) II, III, I e IV
b) Esporos.
c) Oosfera.
d) Óvulo.
e) Zigotos.
Resumo
Nesta aula, você pôde caracterizar de forma geral e comparativa os grupos de
briófitas. Diferenciou as fases reprodutivas sexuada e assexuada através do
seu ciclo de vida, destacando as principais características do esporófito e do
gametófito nas hepáticas, musgos e antóceros. Verificou, também, que as briófitas
possuem um ciclo de vida, envolvendo alternância de gerações heteromórficas,
gametângios protegidos por parede e embrião matrotrófico.
Referências
BRITO, A. E. R. M.;PORTO, K. C. Guia de estudo de briófitas do Ceará. Fortaleza, CE: EUFC, 2000.
FERRI, M. G. Botânica morfologia externa das plantas. 5. ed. São Paulo: Editora
Melhoramentos, 1964.
JUDD, W. S. et al. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. 3. ed. Porto Alegre: Editora
Artmed, 2009.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan, 2007.
Aula
6
Apresentação
A
s pteridófitas são plantas vasculares sem sementes, também conhecidas como
“samambaias e avencas”. Esse grupo de plantas inclui atualmente duas linhagens as
Lycopodiophyta e as Monylophyta, e se caracteriza por possuir tecidos vasculares
(xilema e floema) que permitem a condução de água, sais minerais e outras substâncias através
do vegetal. Nesta aula, serão abordados os processos reprodutivos e os ciclos de vida das
pteridófitas, além de uma caracterização geral dos principais grupos.
Objetivos
Identificar os principais grupos das plantas vasculares
1 sem sementes com ênfase em sua reprodução.
O
nome pteridófita (grego, pteros – pena e phyton – planta) representa de forma
geral um grupo de plantas vasculares sem sementes, também conhecidas como
samambais e avencas. São plantas vasculares geralmente terrestres, de tamanho muito
variável, em geral, com folhas compostas ou com limbo profundamente dividido. Em sua
reprodução, a alternância das gerações é aparentemente semelhante à encontrada nas briófitas.
Porém, nas pteridófitas, as plantas clorofiladas que encontramos na natureza é o esporófito,
enquanto nas briófitas se trata do gametófito. O esporófito das pteridófitas é altamente
diferenciado, resultado da fecundação da oosfera. Ao contrário do grupo estudado na aula
anterior - Aula 5 – Reprodução das plantas II: briófitas, as pteridófitas já apresentam caule,
folhas e raízes propriamente ditas.
Classificação atual
As plantas vasculares atuais sem sementes, estão divididas em duas linhagens: as
licófitas ou Lycopodiophyta e as monilófitas ou Monylophyta. As licófitas se caracterizam
por apresentar os esporângios em posição lateral nos ramos, com formato reniforme
(forma de rim) e deiscência transversal. Todos os representantes atuais são herbáceos com
Microfilos ramificações dicotômicas e possuem microfilos. As monilófitas apresentam grande diversidade
Folhas muito pequenas
morfológica e grande número de espécies. A maioria dos integrantes desse grupo apresenta
com uma única nervura. caule subterrâneo e folhas compostas ou profundamente lobadas. Nesse grupo se encontram
as plantas mais amplamente conhecidas como “samambais”.
Curiosidade
As licófitas atuais apareceram no registro fóssil logo após o surgimento das
primeiras plantas vasculares. Durante o Período Carbonífero, as licófitas arbóreas
eram bastante diversas e abundantes. Os remanescentes dessas plantas são os
principais componentes dos depósitos de carvão.
As licófitas ou Lycopodiophyta
As Lycopodiophyta (do grego lycos = lobo, podos = pé e phyton = planta) apresentam
entre 10 e 15 gêneros e cerca de 1.200 espécies atuais, entre estes destacam-se Lycopodium,
Selaginella e Isoetes, amplamente distribuídos em regiões tropicais e temperadas.
Esporângio
Estrutura uni ou
pluricelular, na qual os
esporos são produzidos.
Dioico Os gametófitos haploides (n) são maciços e sempre dioicos nas espécies heterosporadas,
Unissexuado; que tem originando arquegônios ou anterídios que produzem anterozoides biflagelados.
os elementos reprodutivos
masculinos e os femininos
em indivíduos diferentes
da mesma espécie. As monilófitas ou Monylophyta
As monilófitas apresentam cerca 300 gêneros e 9.000 espécies atuais, sendo sem dúvida
as criptógamas vasculares as mais diversificadas atualmente, esse é o maior grupo de plantas
depois das angiospermas (grupo que será abordado na aula 7, Reprodução das Plantas IV:
Gimnospermas e Angiospermas). As monilófitas exibem considerável diversidade de hábitats,
sendo mais comuns nas regiões tropicais, porém podem sobreviver em regiões temperadas,
graças aos rizomas suculentos que resistem durante o inverno.
Como já foi dito, entre as monilófitas está a maioria das plantas que conhecemos como
samambaias. A maioria dos representantes desse grupo apresenta caules subterrâneos e folhas
compostas ou profundamente lobadas e grandes em comparação com outros grupos (até 7 m
ou mais de comprimento).
As samambaias incluem também plantas com folhas simples ou que lembram aquelas
dos trevos, samambaias arborescentes com até 20 m de altura e plantas aquáticas muito
pequenas e com folhas filiformes.
Nos soros e nos esporocarpos, os esporângios encontram-se livres, protegidos ou não, por uma
camada de tecido protetor (indúsio). Enquanto nas espigas e nos sinângios, os esporângios
Soro
estão fundidos dentro de tecido foliar.
Grupo de esporângios na
Os soros podem ocorrer na margem (soros marginais) ou na face inferior dos folíolos superfície da folha de uma
samambaia.
(Figura 3), podendo ou não, ser envolvidos por uma camada protetora, chamada de indúsio,
sendo a forma do indúsio variável.
Esporocarpo
Folhas reprodutivas
especializadas.
Sinângio
Estrutura em forma de
urna ou vaso onde se
encontram os esporângios.
Nas Psilotales, os esporângios terminais estão situados em ramos laterais muito curtos,
reunidos em grupos de três, formando os chamados sinângios (Figura 6). Depois da meiose
ocorrida nos esporângios, surgem esporos cujo desenvolvimento gera os gametófitos.
O gametófito monoico é temporário e pequeno. O gametófito é saprófito e independente do Monoico
esporófito para se nutrir, apesar de ser totalmente aclorofilado. Que tem os elementos
reprodutivos masculinos
e femininos em um
único indivíduo.
Figura 6 – Ápice dos ramos de Psilotum nudum (L.) P. Beauv., destacando o esporângio
O tapeto é uma camada de células estéreis que fica entre a parede do esporângio, formada
por uma camada de células e de tecido esporógeno. O tapeto é absorvido no processo de
nutrição dos esporos em formação.
As plantas vasculares sem sementes, assim como as briófitas e as algas verdes, possuem
em comum a presença de flagelos (no caso das criptógamas terrestres apenas no gameta
O zigoto germina sobre a própria planta mãe, dando origem ao esporófito, fase dominante,
dependente do gametófito apenas nos estágios iniciais. O esporófito originará, através de
meiose, esporos que ao germinarem, darão origem a um novo gametófito.
a) protalo
b) gametófito
c) esporo
d) esporófito
e) zigoto
Com base no seu conhecimento sobre as pteridófitas adquirido nesta aula e com
2 o conhecimento da aula anterior. Quais as diferenças entre os gametófitos dos
dois grupos?
Autoavaliação
Quais são as características gerais do gametófito e do esporófito nas plantas sem
1 sementes?
Com base no que foi visto nesta aula e na aula sobre as briófitas, ilustre através de
3 desenho o gametófito e o esporófito dos dois grupos e identifique as suas estruturas.
JUDD, W. S. et al. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. 3. ed. Porto Alegre: Editora
Artmed, 2009.
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Guanabara Koogan, 2007.
Anotações
Aula
7
Apresentação
A
s espermatófitas, ou plantas com sementes, provavelmente surgiram durante a irradiação
das plantas vasculares no Devoniano, há 360 milhões de anos. As primeiras plantas
com sementes são artificialmente designadas Pteridospermales. As espermatófitas
são tradicionalmente divididas em dois grupos: as gimnospermas e as angiospermas.
Nesta aula, serão abordados os processos reprodutivos e os ciclos de vida das gimnospermas
e angiospermas, além de descrever as principais características desses grupos.
Objetivos
Caracrerizar os principais grupos de gimnospermas e de
1 angiospermas com ênfase em sua reprodução.
Gametófito(n)
Anterídio com
Esporo anterozoide(n)
Arquegônio
com oosfera(n)
Tétrade de
esporos(n) Fecundação
Células-mãe de
esporo( 2n)
Embrião
Esporângios
Esporófito( 2n)
As gimnospermas
As gimnospermas são plantas vasculares apenas com representantes terrestres e são
caracterizadas pela ausência de flores e frutos, ou seja, apresentam sementes nuas. No Brasil se
destaca o pinheiro-do-paraná, uma bela árvore e um dos principais componentes das florestas
de araucária no Sudeste do país (Figura 2).
Cycadales
As Cycadales dominaram a vegetação entre 300 a 70 milhões de anos atrás e hoje contam
com 11 gêneros e 190 espécies. Chamam a atenção pelo interesse ornamental e por serem
constituídas de representantes raros e remanescentes de uma linhagem antiga e ameaçada de
extinção (Figura 3). Os estróbilos são geralmente solitários. O masculino possui um eixo central e
numerosos esporofilos espiralados com um até milhares de microsporângios, os quais liberam os
esporos no ar ou são carregados por besouros. Os megasporofilos femininos formam estróbilos
(exceção em Cycas) onde os esporofilos saem do centro da coroa e possuem de 1 a 6 óvulos,
nos demais são dois e podem produzir até 500 sementes.
Ginkgoales
As Ginkgoales têm apenas um representante atual: o Ginkgo biloba L., que é remanescente
de uma linhagem que surgiu no Triássico há mais de 200 milhões de anos. Por ser o único
Fóssil vivo remanescente de uma linhagem tão antiga, o G. biloba é considerado um fóssil vivo.
É uma expressão utilizada As estruturas reprodutivas da planta mudaram muito pouco sua aparência externa nos últimos
informalmente para
120 milhões de anos. Durante o início do Jurássico, parentes de Ginkgo eram amplamente
qualificar organismos de
grupos biológicos atuais distribuídos e diversos. Acredita-se que a espécie já tenha sido extinta na natureza e sobrevive
que são morfologicamente graças a seu cultivo em templos budistas da China e Japão, e também por ser utilizada como
muito similares a
planta medicinal e ornamental. Assim como as Cicadófitas, os óvulos e os microsporângios
organismos dos quais há
conhecimento apenas do de Ginkgo crescem em indivíduos diferentes. Os óvulos de Ginkgo ocorrem aos pares nas
registro fóssil. extremidades dos ramos e produzem sementes com um envoltório carnoso (Figura 4).
Escamas ovulíferas
Apêndice ou estrutura
semelhante à escama, de
origem caulinar, na qual o
óvulo está aderido
Gnetales
Esse grupo apresenta características evolutivas importantes quanto a evolução das plantas.
Ele apresenta tanto caracteres de gimnospermas, como sementes não envolvidas em um ovário,
quanto de angiospermas, como elementos de vaso no lenho, estruturas reprodutivas semelhantes
a flores e dupla fecundação.
a b c
Figura 6 – Aspectos gerais de Welwitschia mirabilis Hook.f.; (a) parte apical do caule da
planta produzindo estróbilos; (b) estróbilos masculinos; e (c) estróbilos femininos
Em plantas vasculares sem sementes (samambais) a água é necessária para que o anterozoide
(gameta masculino) móvel e flagelado alcance e fecunde a oosfera. Nas gimnospermas, no entanto,
a água não é mais necessária como meio de transporte do gameta masculino para a oosfera.
Ao invés disso, o grão de pólen, microgametófito parcialmente desenvolvido, é inteiramente
transferido (em geral, passivamente pelo vento) para cima de um megagametófito dentro de um
óvulo. Esse processo é chamado de polinização. Após a polinização, o microgametófito (gametófito
masculino) produz uma expansão tubular, o tubo polínico. Os microgametófitos das gimnospermas
e demais plantas com sementes não formam anterídios. Anterídio
Nas coníferas, gnetófitas e angiospermas, o tubo polínico transporta o gameta masculino até
a oosfera. Com essa inovação, as plantas com sementes se tornaram independentes da presença
de água livre para assegurar a fecundação, uma necessidade das plantas sem sementes.
Figura 8 – Ciclo reprodutivo de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze, uma espécie dioica
Atividade 1
Que características reprodutivas são comuns entre Ginkgo e Cycas?
1
e) Produz um fruto seco conhecido como cone, onde estão as sementes chamadas
de pinhões.
Monossulcados
Uma flor completa, e com os dois sexos (monoclina), é composta por um conjunto de
sépalas (cálice), pétalas (corola), estames (androceu) e carpelos (gineceu). Geralmente o cálice Verticilos
é pouco vistoso, derivado de folhas modificadas e associado à proteção, ao passo que a corola Nas flores, conjunto
vistosa, de origem foliar ou estaminal está associada à atração de polinizadores. Os estames de peças florais e cada
verticilo recebe um nome,
são geralmente compostos de filetes longos, possuindo em seu ápice anteras, homólogas
de acordo com a forma e
aos microsporângios. Os carpelos compõem o estilete que possui uma zona receptiva no função dos seus órgãos,
ápice denominada estigma, e englobam o óvulo ou megasporângio no ovário. Para entender exemplos: cálice: verticilo
mais externo, composto
as partes florais de uma flor completa, observe a Figura 09.
pelas sépalas; corola:
verticilo mais interno do
Ao longo da evolução das angiospermas algumas novidades podem ser notadas na
que o cálice, composto
evolução das flores: houve uma estabilização no número de verticilos e de peças por verticilo, pelas pétalas.
quatro ou mais frequentemente três como é o comum nas monocotiledôneas e cinco como é
mais comum nas eudicotiledôneas. Passou a haver uma maior especialização das estruturas,
diferenciação entre sépalas e pétalas, por exemplo, e a gamopetalia, isto é, a fusão dos lobos Gamopetalia
da corola passou a ser comum. O ovário passou a ser ínfero em muitos casos, aumentando Diz-se da flor que
ainda mais a proteção aos óvulos. A maioria dos grupos passou a oferecer néctar, recurso apresenta as pétalas
menos dispendioso à planta, em vez de pólen como recompensa aos seus polinizadores. unidas, formando um
tubo.
Constituem dois processos distintos que levam à formação do microgametófito ou Ovário posicionado abaixo
do ponto de inserção das
gametófito masculino.
outras partes florais, se
ao contrário, denomina-se
A microsporogênese é a formação dos micrósporos no interior do microsporângio ou
súpero.
saco polínico da antera. A microgametogênese é o desenvolvimento do microgametófito no
interior do grão de pólen até o estágio tricelular de desenvolvimento.
Durante a meiose, cada divisão nuclear pode ser seguida imediatamente pela formação de
parede celular (comum em monocotiledôneas), ou os protoplastos dos quatro micrósporos podem
formar paredes simultaneamente (comum em eudicotiledôneas), após a segunda divisão da meiose.
Em seguida, as características principais dos grãos de pólen são estabelecidas. O grão de pólen
desenvolve uma parede externa resistente, a exina, e uma parede interna, a intina.
A cobertura do pólen das angiospermas, muitas vezes rica em óleos, pigmentos e enzimas,
é única para a maioria das angiospermas e nunca encontrada em qualquer gimnosperma atual.
O grão de pólen
Os grãos de pólen, como os esporos das plantas sem sementes, variam consideravelmente
em tamanho, forma, quanto ao número e ao arranjo das aberturas. Diferentemente dos esporos
da maioria das plantas sem sementes, os quais também são produzidos por meiose, os grãos
de pólen sofrem mitose no interior do saco polínico onde são produzidos. Os grãos de pólen
têm, portanto, dois ou três núcleos quando liberados, enquanto a maioria dos esporos, apenas
um. Além disso, os esporos germinam através de uma sutura em sua superfície em forma
de Y, enquanto os grãos de pólen germinam através de sua abertura. A estrutura distinta e o
arranjo dessas aberturas permitem distinguir morfologicamente a maioria dos tipos de grãos
de pólen dos esporos.
Megasporogênese e megagametogênese
São dois processos distintos que levam à formação do megagametófito, ou saco
embrionário.
Na maioria das plantas com sementes, três dos quatro megásporos degeneram. Aquele
mais distante da micrópila sobrevive e se desenvolve no megagametófito.
Um núcleo de cada grupo migra para o centro da célula octonucleada; esses núcleos são
então chamados núcleos polares. Os três núcleos restantes do polo micropilar se organizam
como o aparelho oosférico, consistindo em uma oosfera e duas sinérgides, as quais têm vida
curta. A formação da parede celular também ocorre ao redor dos três núcleos da extremidade
oposta, formando as antípodas. A célula central contém os dois núcleos polares. A estrutura
com sete células e octonucleada é o megagametófito maduro ou saco embrionário. O padrão de
desenvolvimento do saco embrionário descrito é o tipo mais comum. Outros padrões ocorrem
em pelo menos um terço das plantas com flor.
Polinização e fecundação
Com a deiscência da antera e a liberação de seu conteúdo, os grãos de pólen são
transferidos aos estigmas de várias formas. O processo pelo qual ocorre essa transferência é
denominado polinização. Uma vez em contato com o estigma, os grãos de pólen absorvem água
das células da superfície do estigma. Após essa hidratação, o grão de pólen germina, formando
o tubo polínico. Se a célula geradora ainda não se dividiu, isso logo ocorre, formando os dois
gametas. O grão de pólen germinado contém o núcleo da célula do tubo e os dois gametas;
constitui o microgametófito maduro.
O tubo polínico entra no óvulo pela micrópila e penetra uma das duas sinérgides que estão
próximas da oosfera. A sinérgide começa a degenerar logo após a polinização ter ocorrido,
Deve ser lembrado que, na maioria das gimnospermas, apenas um dos gametas é
funcional; um se une com a oosfera e o outro degenera. O envolvimento de ambos os gametas
nesse processo, a união de um com a oosfera e o outro com os núcleos polares é denominada
dupla fecundação (ver Figura 9).
Nas angiospermas com o tipo mais comum de formação do saco embrionário, a fusão de
um dos núcleos gaméticos com os dois núcleos polares é denominada fusão tripla, resultando
no núcleo primário do endosperma, que é triploide (3n).
Atividade 2
Qual a importância da flor na reprodução das angiospermas?
1
Flor
er a
Ant Micrósporos
Esporófito Célula-mãe do
micrósporo 2n n Grão de pólen
jovem
Fruto
Germinação Embrião
Semente Gametófito
Ovário feminino
1 Com base no que você estudou sobre o grão de pólen, é correto afirmar que:
Leitura complementar
RAPINI, Alessandro. Evolução das plantas e paleoecologia: apostila da II Semana de Biologia,
UFBA. Salvador: Universidade Federal da Bahia: UFBA, 2006. Disponível em: <http://www.
freewebs.com/rapinidep/sembio.pdf>. Acesso em: 2 jul. 2010.
Para um melhor entendimento desta aula, recomendamos a leitura do capítulo “As plantas
com sementes”, pág.12 da apostila “Evolução das plantas e paleoecologia”. O texto trata da
evolução das plantas com sementes incluindo hipóteses para o surgimento da semente.
Autoavaliação
O grande sucesso das fanerógamas (gimnospermas e angiospermas) pode ser
1 atribuído a duas importantes adaptações ao ambiente terrestre. Com base na aula
de reprodução das angiospermas e das gimnospermas, responda:
JUDD, W. S. et al. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. 3. ed. Porto Alegre: Editora
Artmed, 2009.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan, 2007.
Anotações
Aula
8
Apresentação
Como vimos na primeira aula desta disciplina, a reprodução sexuada constitui o tipo mais
comum entre os seres vivos, uma vez que promove a variabilidade genética.
Portanto, nesta aula vamos aprofundar os conhecimentos sobre esse tipo de reprodução,
na qual se tem a formação de um novo organismo através do processo de fecundação ou
singamia. Iniciaremos o estudo abordando os tipos de fecundação, seus mecanismos e
resultados, e por fim os eventos da produção da multicelularidade em animais, a segmentação.
Objetivos
Descrever o conceito de fecundação
1
Ordenar os tipos, mecanismos e importância da fecundação.
2
Distinguir os mecanismos e etapas de produção da
3 multicelularidade denominado de segmentação ou
clivagem.
C
onceitua-se fecundação como uma sequência de eventos que se inicia com o
contato entre o espermatozoide e o ovócito e termina com a fusão dos núcleos
e, consequentemente, com a mistura dos cromossomos paternos e maternos.
Essa ‘mistura’ resulta na formação do zigoto, que possui potencial genético de ambos os
progenitores e se coloca apto para iniciar o seu desenvolvimento através da clivagem.
Em animais, a fecundação pode ainda ser externa, ao ocorrer no meio externo, como
verificado para sapos e peixes, dentre outros; ou interna, quando ocorre nos órgãos
reprodutivos localizados no interior do corpo da fêmea, como encontrado para mamíferos e
aves, por exemplo.
Fecundação interna
Você já acompanhou um caso desses? Relate. Caso contrário pergunte aos seus
2 amigos e vizinhos.
Figura 1 – Burro (macho) ou Mula (fêmea) resultantes de fecundação interespecífica entre égua e jumento
a b
Figura 2 – Reação acrossômica em espermatozoide de hamster. (A) Micrografia de transmissão eletrônica. (B) Esquema da fusão de membranas
acrossômica e celular na cabeça do espermatozoide. (A de Meizel, 1948, cortesia de S. Meizel; B, segundo Yanagimachi e Noda, 1970.)
Fonte: Gilbert (2003).
São elas: o bloqueio rápido, causado por uma mudança elétrica na membrana plasmática
do ovócito e o bloqueio lento, causado pela exocitose dos grânulos corticais.
Bloqueio rápido
O bloqueio rápido da polispermia ocorre devido à mudança do potencial elétrico da
Apesar de bastante
membrana do ovócito. Este passa do repouso em –70 mV para um potencial de +20 mV em esclarecido no ouriço
3 segundos após o influxo de íons de sódio no ovócito, proveniente do contato com o primeiro do mar, esse evento em
espermatozoide, tornando-se então, impenetrável para outros gametas masculinos. mamíferos ainda não foi
comprovado.
No entanto, da mesma maneira que se forma rapidamente, o bloqueio rápido é transitório
e permanece por cerca de um minuto. Assim, os gametas femininos dispõem de outro
mecanismo para evitar a polispermia, o bloqueio lento.
No bloqueio lento, que se torna ativo cerca de 1 minuto após a primeira ligação
bem-sucedida espermatozoide-ovócito, verifica-se um bloqueio mecânico conseguido pela reação
dos grânulos corticais presentes no citoplasma do ovócito, denominada reação cortical.
1 Ligação do 2
espermatozoide Reação
à zona pelúcida acrossômica
camada de células
do cúmulo
vesícula acrossômica
zona pelúcida
célula folicular
núcleo
5 do ovo 3
grânula cortical
O núcleo do
espermatozoide Penetração através
penetra no citoplasma da zona pelúcida
do ovo fecundado
Fusão de
membranas
plasmáticas
Figura 3 – Etapas iniciais da fecundação. 1-Contato do espermatozóide com a zona pelúcida; 2- Reação
acrossômica; 3-Penetração através da zona pelúcida; 4- Fusão das membranas plasmáticas; 5- Entrada do núcleo
do espermatozóide no citoplasma do ovócito
Adaptado de: Wolpert (2008).
Atividade 2
Na leitura anterior percebemos que o ovócito possui algumas estratégias para
impedir a poliespemia. Você saberia explicar qual a importância desse bloqueio?
Quais seriam as consequências caso falhasse? Zigotos poliplóides poderiam se
desenvolver adequadamente?.
b c
d e
a b c
Figura 5 – Término da fecundação em hamster. (A) Formação dos pronúcleos. (B) Aposição dos pronúcleos do
espermatozoide e do óvulo. (C) Início da segmentação. Entulho no espaço perivitelínico são os corpos polares em
degeneração. (de Bavister, 1980, cortesia de B. D. Bavister.)
Resultados
imediatos da fecundação
Após a fecundação, observam-se os seguintes resultados:
Verifica-se ainda que, de acordo com a quantidade e distribuição do vitelo e dos genes que
controlam a simetria da clivagem, existem diversos padrões de segmentação entre os animais
que serão estudados mais adiante (HOUILLON, 1972; GARCIA; GARCIA, 1999; GILBERT, 1994;
BARNES, 1996).
Segmentando
A segmentação do zigoto depende da história evolutiva das espécies e da habilidade do
ovo em suprir as necessidades nutricionais do embrião.
Sendo assim, apesar de ser um processo muito bem coordenado e regulado pelas leis
genéticas, apresenta variações em função da quantidade e distribuição do vitelo e dos fatores
no citoplasma do ovo. Esses fatores, por sua vez, influenciam o ângulo do fuso mitótico e
o tempo de sua formação, resultando em diferentes tipos de segmentação.
Classificada ainda como igual, quando todos os blastômeros são do mesmo tamanho,
verificado em mamíferos, ou desigual, quando se formam blastômeros de tamanhos distintos
(micrômeros e macrômeros), verificado em anfíbios, entre outros.
Figura 7 – Etapas da segmentação holoblástica igual em ovo de mamífero e desigual em ovo de anfíbio. Os números de I a V indicam a sequencia
em que surgem os planos de segmentação
Fonte: Gilbert (2003).
1B 2B 2b 1
2b 2
2b 3a 3b
B 2
AB 1b 1b 22 1b 21
1b 12
1a 1b 2c 21
2a 1 1a
2
1a 1b 1
A 1b 11
1A 1a 22 1c 12 2c 2
1d 1c 1C 2A 1a 1 1c 1 2C 1a 11
C 1c 2 3A 1a 12 1c 11
CD 2a 1d 1 1d 11 3C
1d 2 2a 2 1c 21
D 2d
1D 1d 21 1d 12 2c 1
1d 22 1c 22
2D 3d 2d 1 2d 2 3c
3D
b Vista lateral 1b 11 1d 11
1a 11 1d 12
1b 1 1a 1 1b 21 21
B 1b 12 1a 21 1a 121d 2d 1
1b 1a 1d 1b 22
1a 2 1a 22 1c 22
2b 1 2a 1
2b 2a
AB 3a
CD A C 3b 2b 2 2a 2 3d
1B
1A 2B 2D
D
2A
3B 3A
Figura 10 – Clivagem espiral em moluscos. (A) Vista do polo animal e (B) Vista lateral
a b c d
Ectoderma
Ectoderma
neural
Músculo Notocorda
Mesênquima Endoderma
Figura 11 – Simetria bilateral em um ovo de tunicado evidenciando os destinos das várias regiões citoplasmáticas. (A) Ovo não clivado, (B)
Embrião de oito células, (C, D) Vistas de embriões mais tardios do polo vegetal (Segundo Balinsky, 1981)
Adaptado de: Gilbert (2003).
Atividade 4
Assista o vídeo http://www.esnips.com/doc/7e0a5d0a-a632-40ea-ba2e-
0bb1453ef83d. Em seguida identifique o tipo de ovo e da segmentação e liste os
possíveis resultados da segmentação.
Resultados da segmentação
Ainda durante a clivagem, ao atingir o estágio de 12 blastômeros, as células em divisão
se arranjam formando a mórula (forma semelhante à amora).
Em seguida continua sua divisão mitótica, até que ao final da segmentação o zigoto se divide
em muitas centenas ou milhares de células formando a blástula (ou blastocisto em mamíferos).
Em mamíferos, tem-se uma pequena vesícula (blastocele) revestida por uma ou mais
camadas de células distendidas (trofoblasto), tendo no polo animal uma pequena massa
celular (embrioblasto) de onde derivam todos os tecidos do embrião propriamente dito.
Nos anfíbios, a blastocele é deslocada para o polo animal onde estão os micrômeros,
enquanto os macrômeros localizam-se no polo vegetal.
Em aves e répteis, a blastocele está entre duas camadas de blastômeros, enquanto que
abaixo dessa camada inferior há uma outra cavidade, denominada subgerminativa,
separando-a do vitelo.
Nos artrópodes, a blastocele é virtual, sendo preenchida por vitelo, resultando na periblástula.
Leituras Complementares
Para saber mais sobre fecundação:
WOLPERT, L. ( 2008) apresenta conceitos mais aprofundados dos eventos da fecundação com
ênfase em experimentos com diversos animais.
Autoavaliação
Vamos verificar o que foi aprendido?
HICKMAN, C. P.; ROBERTS, L. S.; LARSON, A. Princípios integrados da zoologia. 11. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
Anotações
Aula
9
Apresentação
N
a aula anterior (Aula 8 – Iniciando um novo organismo animal), conhecemos os
magníficos processos da fecundação e segmentação, eventos que iniciam uma série
de mudanças desde a formação da célula ovo, o zigoto, e sua transformação em um
novo ser multicelular, complexo, independente e semelhante a seus pais.
Objetivos
Conceituar o termo ontogenia.
1
Diferenciar os animais protostomados e deuterostomados
2 de acordo com suas características embriológicas.
Ontogenia
Dentre os animais, verifica-se que o desenvolvimento individual, denominado de
ontogenético, possui muitos aspectos semelhantes, resultando no estabelecimento de uma
sucessão fundamental, como visto no esquema a seguir.
Gametogênese:
formação dos gametas
Fecundação:
fusão dos gametas
Segmentação:
subdivisões do zigoto em blastômeros
Gastrulação:
estabelecimento dos folhetos germinativos
Organogênese:
formação dos órgãos do corpo
Atividade 1
Procure no dicionário o significado das palavras filogenia e ontogenia
1 e as diferencie.
Então vamos relebrar e descobrir um pouco mais sobre eles e essas relações com o
desenvolvimento embrionário.
Atividade 2
Quanto aos bilateria, compreendem a maioria dos animais que podem ser protostômios
ou deuterostômios.
a b
a b
c Tubo digestório
Ectoderma
Mesoderma
Figura 6 – Corte transversal: do corpo humano evidenciando as cavidades corporais ou celoma onde estão as
vísceras (a); da planária, invertebrado, evidenciando ausência de celoma (b); e do esquema comparativo entre animais
acelomados, pseudocelomados e celomados evidenciando a ausência ou presença do celoma intraembrionário (c)
Relate sua experiência a outros colegas no ambiente virtual Moodle e pergunte se alguém
acidentalmente já pisou nele.
Figura 7 – Ouriço-do-mar
Fonte: www.sxc.hu>. Acesso em: 22 julho 2010.
A locomoção e a obtenção de alimento ocorrem através dos pés ambulacrários, que são
numerosos, e finos tubos cheios de fluido por onde circula a água do mar, resultando em um
sistema de canais.
Ampolas
Gônoda
Canal
madrepórico
Canal circular
Nervo
Boca
Canal radial radial
Dente da Brânquia
Instestino
Pedicelárias Lanterna-de-
Aristóteles Anel nervoso
a b
Fecundação
Animal de reprodução aquática e fecundação externa, o ouriço-do-mar apresenta todas
as etapas da fecundação já descritas na Aula 8 e evidenciadas a seguir.
Tempo Evento
0s Contato entre o espermatozoide e o óvulo
2s Início do bloqueio rápido da poliespermia
10 s Fusão do espermatozoide com a membrana do óvulo
30 s Reação cortical
1 min Membrana de fecundação completa
1,5 min Início da migração do espermatozoide para o centro do óvulo
2 min Início da descondensação do núcleo do espermatozoide
12 min Fusão dos pronúcleos do óvulo e espermatozoide
20 min Início da síntese de DNA
90min Primeira clivagem
Fonte: Hickman, Robert e Larson (2004).
Figura 11 – Fecundação em ouriço-do-mar. Nas figuras A-D tem-se uma varredura ao microscópio eletrônico da entrada do espermatozoide
no óvulo, evidenciando o contato inicial (A); o cone de fertilização (B); e a internalização do espermatozoide (C e D). Fonte: Gilbert (2003).
A figura E representa esquematicamente a sequência dos eventos da fecundação (1 a 4)
Figura 12 – Desenvolvimento do ouriço-do-mar evidenciando o óvulo não fecundado (A); zigoto (B e C); etapas da
segmentação (D-G); mórula (H); e blástula (I)
Fonte: <http://www.usp.br/cbm/images/cebimar/artigos/desenvolvimento/desmar_
prancha.jpg>. Acesso em: 27 maio 2010.
A blástula, esfera oca composta de 64 blastômeros, está constituída por cinco camadas
celulares (animal, vegetal e micrômeros) e recoberta por cílios. Em torno de 10 horas após
a fecundação, a camada gelatinosa envolvente se desfaz e ela passa a nadar livremente com
ajuda dos cílios.
Durante esse processo ocorre uma diminuição brusca na frequência das divisões celulares
e a preparação para novos rearranjos, a gastrulação.
Gastrulação
A gastrulação é um evento morfogenético que inicia a fase embrionária nos animais
triblásticos, resultando na formação dos folhetos germinativos que darão origem a todos os
tecidos e órgãos do indivíduo.
An1
An2
Veg1
Veg2
Micrômeros
An1 Blastocele
An2
Veg1 Espículas
calcáreas
Veg2 (mesênquima
primário)
Micrômeros
Placa vegetal
Arquêntero (veg2)
Vesículas
enterocelomáticas
(mesênquima
secundário)
Blastóporo
Figura 13 – Etapas da gastrulação do ouriço-do-mar. An e Veg: polos animal e vegetal, respectivamente. An1, An2
e Veg1 formam a ectoderme; Veg2 formará a endoderme e o mesoderma secundário. Os micrômeros originam
as espículas calcáreas da larva
Morfogênese
Durante o desenvolvimento da larva, as espículas calcáreas, derivadas do mesoderma,
darão origem ao esqueleto, enquanto que a partir da formação do arquêntero (intestino
primitivo) surgirão bolsas que se projetam e destacam lateralmente para o mesoderma
resultando no celoma intraembrionário (cavidades corporais).
Esta após nadar durante algumas semanas, se fixa no fundo ou sobre uma alga,
transformando-se em ouriço-do-mar (metamorfose).
Figura 15 – Desenvolvimento do ouriço-do-mar: larva com 4-braços (A); 6 braços (B); com 8 braços (C-D);
surgimento dos espinhos rudimentares (E); e juvenil (F)
os eventos da fecundação
as etapas da segmentação
as etapas da morfogênese
Atividade 4
Aula prática: Seguindo as etapas do roteiro sobre reprodução do ouriço-do-mar,
descritas no Anexo A encontrado no final desta aula, identifique e descreva:
os eventos da fecundação
as etapas da segmentação
as etapas da morfogênese
Atenção! Esta é uma atividade complementar. Ela só deve ser realizada caso haja
facilidade em coletar o animal.
Figura 16 – Anfioxo
Fonte: <http://www.sobiologia.com.br/figuras/Reinos3/cefalocordados.jpg>.
Acesso em: 27 maio 2010.
Gametas
São animais dioicos e seus testículos e ovários saculiformes são numerosos e dispostos
aos pares nas laterais do corpo.
Figura 18 – Ovócito secundário de anfioxo no momento da ovocitação evidenciando também o primeiro corpúsculo
polar (célula menor na região superior) liberado durante a primeira divisão meiótica
Figura 19 – Etapas da segmentação holoblástica radial de anfioxo desde zigoto (A); 2, 4 e 8 blastômeros (B-D);
clivagens posteriores (E, F); até a formação da blástula (G).
Fonte: Garcia (2001).
Gastrulação e neurulação
No início da gastrulação ocorre o achatamento no polo vegetal e as células, agora
endodérmicas, invaginam-se para o interior da blastocele (como se um dedo empurrasse a
parede de uma bola de encher) que se reduz e desaparece. Surge então uma nova cavidade
interna, o arquêntero ou gastrocele, que formará o intestino primitivo.
Surgem então os três folhetos germinativos: ectoderma, camada mais externa, mesoderma,
camada intermediária, e o endoderma, mais interna, formando a parede da gastrocele.
Fonte: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/figuras/embriologia/
gastrulacao.jpg>. Acesso em: 27 maio 2010.
Figura 21 – Gastrulação de anfioxo em estágios consecutivos evidenciando o início da invaginação (A-C) e avançada
com o surgimento da gastrocele (arquêntero) e do blastóporo (D); paredes externa e interna bem aderidas (E);
constricção do blastóporo, presença da notocorda e da placa neural (F); gástrula completa (G); início da neurulação
e a ectoderme superficial recobindo a placa neural (H).
Fonte: Garcia (2001).
Morfogênese
E assim, a partir da gastrulação tem-se a morfogênese (organogênese, embriogênese)
que se caracteriza pela diferenciação de órgãos a partir dos folhetos embrionários.
Uma vez formada, ela induz o ectoderma acima a formar a placa neural que se aprofunda
formando um sulco, o sulco neural.
A partir do endoderma surgirá o trato digestório que também auxilia na respiração através
da faringe.
O mesoderma lateral migra ventralmente abaixo do tubo digestório até se fundir na linha
média sendo responsável pela formação dos Sistemas Circulatório e Muscular.
a b
Figura 23 – Morfogênese do anfioxo evidenciando o início da neurulação com o sulco neural (A); e as estruturas
embrionárias internas que formarão os órgãos e sistemas corpóreos (B).
E, assim, o anfioxo durante seu desenvolvimento passa por um estágio larval plantônico,
após o qual essa larva se assenta no substrato e sofre metamorfose, dando origem ao adulto.
Atividade 5
Vamos conhecer melhor a morfologia do anfioxo?
Sugestão: Que tal pesquisar sobre materiais recicláveis tais como garrafas pet,
bolas de isopor, dentre outros, para utilizá-los no trabalho?
a) Os gametas
g) O indivíduo formado
Autoavaliação
Agora que compreendemos um pouco mais sobre o desenvolvimento embrionário animal,
avalie seus conhecimentos respondendo as questões abaixo.
Faça uma lista contendo nomes de animais vertebrados e invertebrados que você
1 conseguir lembrar. Agora, classifique-os quanto à (a) diblástico ou triblástico,
(b) radiata ou bilateria, (c) protostomado ou deuterostomado, (d) celomado,
pseudocelomado ou acelomado.
a) diblástico ou triblástico
b) radiata ou bilateria
c) protostomado ou deuterostomado
a) ouriço-do-mar
b) anfioxo
Referências
GARCIA, S. M. L.; FERNANDÉZ, C. G. Embriologia. 2. ed. Porto alegre: ARTMED, 2003.
HICKMAN, C. P.; ROBERTS, L. S.; LARSON, A. Princípios integrados da zoologia. 11. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
RUPPERT, E. E.; FOX, R. S.; BARNES, R. D. Zoologia dos invertebrados. 7. ed. São Paulo:
Roca, 2005.
Fonte: <http://www.usp.br/cbm/index.php/artigos-acesso-livre/72-desenvolvimento-
embrionario-dos-ouricos-do-mar.html>. Acesso em: 7 jul. 2010.
Os óvulos, identificados por sua cor amarelada, devem ser coletados diretamente em água
do mar, geralmente até no máximo 15 minutos após o início do processo de liberação
para evitar-se a coleta de óvulos imaturos, que podem vir a ser liberados tardiamente.
O esperma, identificado por sua cor branca, deverá ser coletado com pipeta Pasteur de
ponta fina diretamente dos gonóporos, e mantido em béquer de 30 ml, em caixa de isopor
com gelo ou em geladeira para evitar que sejam ativados antes do início dos experimentos,
o que acontece caso entrem em contato com a água do mar.
Fecundação I
Fecund ação II
O óvulo (Figura 25A), que tem aproximadamente 0,1 mm de diâmetro, possui uma
membrana vitelina que envolve a membrana plasmática. A fecundação desencadeia um
processo na região cortical do óvulo que faz com que a membrana vitelina separe-se da
plasmática (Figura 25B). Após esse processo, a membrana vitelina passa a ser denominada
de membrana de fecundação.
Após a fecundação, o ovo se divide inúmeras vezes (Figuras 25D-25H), atingindo o estágio
de blástula (Figura 25I). A velocidade do desenvolvimento depende da temperatura.
A segmentação é igual e radial para as três primeiras clivagens. A primeira divisão celular,
que ocorre cerca de 20 a 30 min após a fecundação (25° C ), separa o ovo em dois blastômeros.
Durante o estágio de blástula o embrião adquire cílios, passando a ter movimentos de
rotação dentro da membrana de fecundação. Em seguida essa membrana se rompe, liberando
o embrião, que passa a nadar livremente.
Fonte: adaptado de <http://www.usp.br/cbm/index.php/artigos-acesso-livre/72-desenvolvimento-embrionario-dos-ouricos-do-mar.html>. Acesso em: 27 maio 2010.
Aula
10
Apresentação
Na aula anterior, vimos que os animais, sejam eles invertebrados ou vertebrados,
possuem algumas semelhanças embriológicas, podendo ser agrupados de acordo com tais
características.
Objetivos
Identificar as semelhanças no processo inicial de
1 embriogênese dos vertebrados.
Nota-se, ainda, que mesmo com a enorme variedade de ovos e tipos de desenvolvimento
entre eles, os vertebrados apresentam muitas semelhanças em um mesmo estágio de
desenvolvimento. No entanto, enquanto as transformações ontogenéticas prosseguem durante
a fase pré-natal, os indivíduos passam a divergir em ritmo e duração, sendo reconhecidos
inicialmente como membros de sua classe, depois da ordem, da família e, por fim, apresentando
características de sua espécie.
Figura 2 – Peixe-palhaço
Fonte: <http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/foto/0,,10710021,00.jpg>.
Acesso em: 21 maio 2010.
Gametas
Os peixes são animais de reprodução sexuada, sendo a maioria dioicos e ovíparos. As
gônadas são pares, localizadas dorsalmente na cavidade corporal e seu tamanho e coloração
variam de acordo com a estação reprodutiva.
Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/_esD6aRur2q0/SsuhEysmNrI/AAAAAAAAJfI/VT5WqzaPhnY/s400/
ovas+de+curimat%C3%A3+-+es.jpg>. Acesso em: 21 maio 2010.
No entanto, precisamos conhecer bem a sua biologia reprodutiva, uma vez que
a coleta desses animais em períodos inadequados impede que se reproduzam e,
assim, prejudica a renovação do estoque pesqueiro.
Fecundação e segmentação
Os peixes são animais de fecundação externa. Após a deposição do ovócito e do
espermatozoide, este penetra no ovócito secundário por uma abertura no polo animal, a micrópila.
Gastrulação
À medida que as células blastodérmicas se expandem em direção ao polo vegetativo, elas
formam um espessamento ao longo da margem da célula-ovo, fazendo surgir na extremidade
posterior o lábio dorsal do blastóporo.
Em seguida, uma contínua multiplicação celular faz com que as células do polo animal
movam-se para o lábio dorsal do blastóporo e para dentro dele num processo chamado
de involução. Ainda durante essa migração rápida, as células acumulam-se no blastóporo,
formando um tampão vitelino (evento de epibolia).
Temos agora a gástrula, formada por uma parede externa, o ectoderma, a camada que
reveste o arquêntero – endoderma – e, entre elas, o mesoderma intraembrionário, que por sua
vez vai se dividir em duas camadas (parietal e visceral), envolvendo o celoma intraembrionário.
Morfogênese
Com o alongamento da gástrula e a presença da notocorda, o ectoderma citado fica mais
espesso, formando a placa neural, que, por sua vez, vai se aprofundar, formando um sulco
– o sulco neural – e este, ao se fechar, origina uma estrutura oca, o tubo neural, primórdio
do sistema nervoso central. Tal evento denomina-se de neurulação. E, enquanto a cavidade
anterior desse tubo neural forma os ventrículos do cérebro, a posterior será o canal central
da medula espinal.
EC PLN PN
NT
EP
CN CN
TN
NT
NT
Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/_vq_SeMlb9EM/SRhLF2CG5sI/AAAAAAAACMM/0bz-aSjFfA8/s320/Alevino.jpg>;
<http://www.seymoursalmon.com/photos/Alevin22.jpg>. Acesso em: 21 maio 2010.
Atividade 1
Liste os peixes que podem ser encontrados em sua região, agrupando-os de acordo
1 com o seu hábitat atual (rios, mares, açudes ou mesmo lojas de peixes ornamentais).
Figura 11 – Sapo
Esses são os anfíbios, animais terrestres que se reproduzem na água e que, em sua
maioria, apresentam em seu desenvolvimento ontogenético a fase de larva (girinos) em meio
aquático e a fase adulta em meio terrestre.
Muitos anfíbios sofrem uma série de transformações desde a eclosão dos ovos até o
alcance da fase adulta, o que se denomina metamorfose. Durante esse processo, ocorrem
mudanças na alimentação, respiração e até nos membros dos animais, pois enquanto a cauda
é absorvida e desaparece, surgem dois pares de patas.
Gametas
Nesses animais de reprodução sexuada e dioicos, o processo de gametogênese é
semelhante aos demais vertebrados, no entanto, a meiose I é concluída apenas no oviduto,
enquanto que a meiose II depende da fecundação para que ocorra. Sendo assim, na postura e
na fecundação, os ovócitos dos anfíbios encontram-se em meiose II suspensa.
a b c
Figura 12 – Anatomia interna do sapo (a); ovos dos anfíbios desprovidos de casca dura protegidos por uma massa de gel para
evitar a desidratação (b); ovos sendo transportados nas costas da mãe, a Perereca-transporta-ovos (Flectonotus fissilis) (c)
Fecundação e segmentação
Na maioria dos anfíbios a fecundação é externa e, para que haja a liberação dos gametas,
Amplexo o macho deve entrar em amplexo com a fêmea. Nesse momento, macho e fêmea liberam,
Trata-se de um abraço
simultaneamente, espermatozoides e ovócitos, os quais são fecundados assim que vão sendo
que o macho dá na fêmea, liberados no meio (geralmente, num corpo d’água).
ficando atrás dela e
agarrando sua cintura com
as duas patas.
Devido à divisão irregular surge no hemisfério animal uma pequena cavidade preenchida
por líquido, a blastocele. E, assim, composta por 5.000 células, tem-se a blástula dos anfíbios.
Gastrulação
A gastrulação inicia quando as células do polo vegetal invaginam-se pelo lábio dorsal
do blastóporo para dentro do concepto, dando início a uma pequena cavidade, o arquêntero,
que por sua vez está em comunicação com o exterior, e durante sua formação irá empurrar a
blastocele até que regrida.
As células do polo animal passam a recobrir todo o embrião, formando a camada externa,
enquanto que algumas delas penetram no blastóporo para formar a notocorda e o mesoderma.
Fonte: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/figuras/embriologia/gastrulacaoanfibio.jpg>.
Acesso em: 21 maio 2010.
Morfogênese
A neurulação tem início por indução da notocorda, fazendo com que o ectoderma acima
dela se espesse, formando a placa neural, que se aprofunda (o sulco neural) e posteriormente
se fecha, dando origem ao tubo neural, que por sua vez, formará o cérebro e a medula espinal.
a b c
A ausência de anexos embrionários nos anfíbios justifica-se pelo tipo de reprodução que
ocorre na água, mantendo os ovos hidratados; o tipo de ovo heterolécito, com quantidade média
de vitelo, permite a nutrição pré-natal temporária e, assim, faz com que eclodam precocemente
como girinos e possam se alimentar no ambiente externo até que, após a metamorfose, atinjam
as características do individuo adulto.
O ovócito é inicialmente uma célula arredondada com núcleo grande e excêntrico e que
se dirige para a periferia à medida que ocorre a deposição do vitelo. Dessa forma, torna-
se elíptico, sendo então denominado de telolécito, devido ao grande acúmulo de vitelo no
hemisfério vegetal.
Ovário
Gema
Membrana
Óvulos externa Clara
Infundíbulo
Magno Espaço
aéreo
Istmo
Calaza
E assim, semelhante ao que vimos para os peixes, a blástula é composta por: uma camada
superior, a blastoderme (que formará o epiblasto); uma cavidade, a blastocele; a segunda
camada, formada pelo hipoblasto; e, por fim, uma cavidade subgerminal apoiada no vitelo.
Fonte: <http://curlygirl.no.sapo.pt/imagens/
gastrulacaoave.jpg>. Acesso em: 21 maio 2010.
Morfogênese
Durante a morfogênese ocorrerá a formação do tubo neural, que dará origem ao Sistema
Nervoso Central (encéfalo e medula espinal), enquanto que o ectoderma superficial formará
a pele e seus anexos. As cristas neurais migram para o corpo do embrião, participando da
formação do Sistema Nervoso Periférico, medula da adrenal, células pigmentares, entre outras.
Quanto ao endoderma, além do trato digestório, irá contribuir para a formação dos
Sistemas Respiratório e Urinário (cloaca).
Nesse movimento, o saco vitelínico vai sendo incorporado ao embrião, formando uma
grande cavidade cilíndrica, o intestino primitivo, que será completada com as dobras laterais,
também sobre o saco vitelínico, promovidas pelo crescimento e diferenciação dos somitos.
E, assim, ao término desse evento, o embrião estará posicionado com a cabeça voltada
para a região caudal e lado esquerdo (da cabeça) deitado sobre a gema.
d) Algumas vezes os ovos são retirados do ninho e devolvidos juntos para chocar. Eles
eclodem ao mesmo tempo? Explique.
Fonte: <http://www.sobiologia.com.br/figuras/Reinos3/repteis.jpg>;
<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/classe-reptilia/imagens/classe-reptilia29.jpg>. Acesso em: 21 maio 2010.
Presente em aves, répteis e mamíferos, o âmnio compõe uma das quatro membranas
extraembrionárias que sustentam o embrião no ovo terrestre. São elas:
O saco vitelínico: anexo que contém o vitelo, responsável pela nutrição do concepto
durante a fase pré-natal e ainda após a eclosão, evidente em peixes, répteis e aves. Os
mamíferos não possuem vitelo, o que faz o saco vitelínico exercer, então, outras funções.
O âmnio: membrana cheia de fluido que envolve o embião fornecendo ambiente aquoso
no qual flutua protegido de choques mecânicos e aderências.
Atividade 5
Para cada um dos anexos embrionários estudados, pesquise e cite as funções e em
1 quais animais estão presentes.
Resumo
Nesta aula, você viu as principais semelhanças do desenvolvimento pré-natal
dos vertebrados, refletindo-se em um padrão de desenvolvimento entre eles.
Em seguida, estudou as estratégias reprodutivas e detalhes da fecundação,
segmentação, gastrulação e morfogênese de peixes, anfíbios e aves. Por fim,
conheceu os diferentes anexos embrionários presentes nos vertebrados e sua
importância para cada um dos animais.
Tipo de ovo
Fecundação
Segmentação
Folhetos germinativos
Tipo de desenvolvimento
Anexos embrionários
Identifique os anexos embrionários indicados e cite uma função para cada um deles.
2
a) Aves
Referências
FAUSTINO, F. et al. Fertilização e desenvolv. embr.: morfometria e análise estereomicroscópica
dos ovos dos híbridos de surubins (pintado, Pseudoplatystoma corruscans X CACHARA,
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