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Rio de Janeiro
2008
1
Rio de Janeiro
2008
2
COMISSÃO AVALIADORA
______________________________________________________
Amaro Soares de Oliveira Neto – Maj Cav – Dr. Presidente
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
______________________________________________________
Marco José dos Santos – Maj Inf – Dr. Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
______________________________________________________
Raphael Moreira do Nascimento – Maj MB – Dr. Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
3
RESUMO
RESEÑA
El actual trabajo explora las transformaciones ocurridas en el mundo después de la
implosión de la Unión de Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Tal hecho,
determinó el final de la confrontación Este - Oeste que exisitió en el mundo desde
el final de la Segunda Guerra Mundial, cuando el mundo fue dividido en dos áreas
de influencia. De tal manera, el Nuevo Orden Mundial és analizado de acuerdo con
los cuatro campos principales de el poder, verificando las tendencias mundiales más
importantes. Luego, si busca caracterizar la multiplicidad de niveles de conflictos, así
como los nuevos tipos de crisis internacionales, que han ganado espacio con el
nuevo Sistema Mundial. En este contexto, se identifican los aspectos relativos a la
Organización de Naciones Unidas, el Consejo de la Seguridad y las pretensions del
Brasil en lo referente al principal organismo internacional de estos días, así como
sus funciones respectivas en este nuevo escenario. Delante de esta nueva escena,
se aborda los posibles efectos del reordenamiento internacional para el Brasil y
como el desarrollo nacional debe ser facilitado en función de las oportunidades que
van a surgir con el nuevo sistema, sin embargo, la Soberanía Nacional puede ser
limitada, de acuerdo con los nuevos intereses internacionales. Finalmente, se
concluye que el Nuevo Orden Mundial proyecta condicionantes que advierten la
necesidad de que el Brasil debe desarrollar políticas y estratégias que limiten esos
óbices y permitan la consolidación de sus Objetivos Nacionales Permanentes en el
incio del nuevo milenio.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE ABREVIATURAS
UE União Européia
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................. 09
1.1 TEMA............................................................................................... 15
1.2 PROBLEMA..................................................................................... 15
2. A NOVA ORDEM MUNDIAL........................................................... 15
2.1 ANTECEDENTES............................................................................ 15
REFERÊNCIAS............................................................................. 101
9
1 INTRODUÇÃO
1.1 TEMA
1
BOBBIO, Norberto et alii. Dicionário de política. p. 1179.
2
SIEYÈS, Emmanuel Joseph. A constituinte burguesa. p. 113.
11
1.2 PROBLEMA
3
CRUZ, Paulo Márcio. Fundamentos do direito constitucional. p. 247.
12
Em uma rápida análise pode-se afirmar que a Nova Ordem Mundial surgiu
com a vitória do capitalismo e da democracia, particularmente, em função da vitória
dos Estados Unidos sobre a União Soviética, numa disputa de estados rivais com
sistemas políticos e militares diferentes. Sem dúvidas, foi exatamente a partir do
triunfo norte-americano que começou, em 1990, a grande transformação geopolítica
do sistema mundial, que segue em pleno curso, no início do século XXI.
Assim, com o fim da Guerra Fria, a democracia liberal teria superado os
totalitarismos e triunfado como o regime mais adequado ao progresso e à liberdade
humana. Por outro lado, os conflitos ocorridos já sob a égide da NOM, mostraram ao
mundo outra realidade. Assim, depois de vencer a Guerra do Afeganistão, os
Estados Unidos lideraram e venceram a Guerra do Iraque, em 2003, e após essas
duas vitórias, as forças norte-americanas não conseguiram reconstruir os dois
países, mostrando que suas intervenções militares não expandiram a democracia
nem os mercados livres.
2.1 ANTECEDENTES
Fonte: http://www.arikah.net/enciclopedia-espanola/Guerra_Fr%C3%ADa
5
O Plano Marshall, também conhecido como O Programa de Reconstrução da Europa – foi
anunciado pelo secretário de Estado americano George C. Marshall em 5 de junho de 1947.
Dezesseis Estados Europeus – Áustria, Bélgica, Dinamarca, Irlanda, França, Grécia, Islândia, Itália,
Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal, Suíça, Suécia, Turquia e Inglaterra – se tornaram
beneficiários do dinheiro norte-americanos. Embora as 16 nações (Mais a Alemanha Ocidental,
representada pelas forças aliadas), inicialmente tivessem requisitado $ 29 bilhões de dólares pra
cobrir o déficit de cada país, durante o período de 1948-52, somente $12.5 bilhões de dólares foram
enviados.
18
Na verdade, esse conflito, ocorrido entre 1990 e 1991, foi percebido como
uma prova da disposição renovada da comunidade internacional em repudiar
violações às normas existentes. A eficiência da coalizão liderada pelos americanos
via Nações Unidas e materializada na Operação Tempestade do Deserto refletia um
consenso em direção à construção de um mundo unido.
6
Nascido em 18 de abril de 1927, Samuel Phillips Huntington é cientista político, professor da
Harvard University. Ganhou notoriedade no meio acadêmico nos anos 1960, com a publicação de
Political Order in Changing Societies.
7
A definição de potência global atribuída aos Estados Unidos não desconsidera a ascensão de novas
grandes potências no pós Guerra Fria. Mas em meados da década de 1990, quando o cenário se
tornaria mais claro, observa-se que nenhuma tinha capacidade de rivalizar com os Estados Unidos
em todas as áreas, e em todas as regiões do mundo.
8
HUNTINGTON, Samuel P. “A Mudança nos Interesses Estratégicos Americanos”. Política Externa,
v.1, n.1, São Paulo: Paz e Terra, junho, 1992, pp.16-30.
9
O artigo de Fukuyama, com o título "The end of history” apareceu em 1989, na revista norte-
americana The national interest. Em 1992, Fukuyama lançou o livro The end of history and the last
man, editado no Brasil com o título “O fim da história e o último homem”, trad. Aulyde Soares
Rodrigues, Rocco, Rio de janeiro, 1992.
10
A Guerra do Golfo foi um conflito militar iniciado em 2 de agosto de 1990 na região do Golfo
Pérsico, com a invasão do Kuwait por tropas do Iraque. Esta guerra envolveu uma coalização de
forças de países ocidentais liderados pelos Estados Unidos da América e Grã Bretanha e países do
Oriente Médio, como a Arábia Saudita e o Egito, contra o Iraque.
24
11
Paul Kennedy : historiador inglês, Professor da Universidade Yale e autor do best-seller
Ascensão e Queda das Grandes Potências. Conhecido pela tese que desenvolveu na década de
1980 sobre a “superextensão imperial” dos Estados Unidos.
25
como renovacionistas. De fato, os EUA passavam por uma retração de poder, mas
poderiam facilmente se recuperar por meio de uma nova articulação de políticas
domésticas e externas, inexistindo desafiadores reais a seu poder global.
12
Anthony Charles Lynton Blair é um político britânico, tendo ocupado o cargo de primeiro-ministro do
Reino Unido de 2 de maio de 1997 a 27 de junho de 2007, de líder do Partido Trabalhista de 1994 a
2007 e de membro do Parlamento Britânico de 1983 a 2007.
26
Por outro lado, em algumas regiões do mundo, ainda continua existindo uma
grande resistência e oposição às idéias ocidentais, assim como existem, dentro do
capitalismo, diversas formas de ação. Não há, portanto, uma homogeneização dos
Estados em torno de um referencial único, apesar da supremacia alcançada pelos
EUA, em 1989 com o fim da Guerra Fria.
Por outro lado, a China, vem mantendo sua unidade nacional e preservando
suas altas taxas de desenvolvimento. Com isso, esse país vem alcançando um nível
de eqüipolência com os EUA, com enormes possibilidades de se tornar outra
superpotência. Da mesma forma, a Rússia, se persistir na linha de recuperação
nacional instituída por Vladimir Putin13 tende, dentro de algumas décadas, a
recuperar, em nível tecnológico muito mais alto, sua antiga posição de potência.
13
Vladímir Vladímirovitch Putin, foi diretor para assuntos externos da KGB da União Soviética. Em
1991 renuncia ao cargo da KGB e prossegue na carreira política. é o atual presidente da Rússia.
27
14
A expressão "unimultipolaridade" de refere-se ao sistema híbrido em que a potência hegemônica
articula com potências regionais menores no exercício de sua liderança coercitiva atualmente. Cf.
HUNTINGTON, Samuel. A superpotência solitária. Política Externa. São Paulo, Paz e Terra, março
de 2000. p. 18-19.
15
Immanuel Kant: estudou no Colégio Fredericianum e na Universidade de Königsberg. Em 1755,
doutorou-se em filosofia. Em 1770, tornou-se catedrático em matemática e lógica na Universidade
de Königsberg.
28
impacto alcança quase todas as atividades humanas. Seu rumo está orientando os
destinos da humanidade.
16
Embargo lançado pela Opep em 1973 pela Arábia Saudita e acompanhado pelos países árabes,
aos mercados dos EUA e da Europa.
29
Fonte: staticblog.hi-pi.com/.../gd/1188467378.gif
17
Francisco Luiz Corsi é Professor Assistente Doutor da Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho. Tem experiência na área de economia, com ênfase em História Econômica.
Atuando principalmente nos seguintes temas: Estado Novo, Política Externa, Nacionalismo, Projeto
Nacional e Economia Brasileira.
18
François Chesnais, professor de economia internacional da Universidade de Paris. No Brasil,
Chesnais é conhecido, sobretudo pelo seu livro A Mundialização do Capital - lançado em 1994 na
França e em 1996 no Brasil.
19
MARTINS, C.E. Da globalização da economia à falência da democracia.
32
Fonte: www.umicore.com.br/.../umicorenomundo_mapa.jpg
21
A ECO-92, Rio-92, Cúpula ou Cimeira da Terra são nomes pelos quais é mais conhecida a
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada
em 1992 no Rio de Janeiro.
35
Com efeito, constata-se que com o fim dos mais importantes regimes
socialistas totalitários, comuns durante a fase da guerra fria e do mundo ‘bipolar’ a
invocação de princípios morais, o apelo ao direito internacional – e a sua vigência
supranacional – e os argumentos éticos na prática jurídica se tornaram mais
freqüentes.
Por outro lado, a chamada NOM, até bem pouco tempo atrás, era vista com
enorme otimismo. Acreditava-se que o novo Sistema Internacional abriria múltiplas
perspectivas de desenvolvimento social e cultural e a humanidade estaria no umbral
de uma nova era da historia da sociedade moderna.
Fonte: www.aeroglide.com/images/global_map.gif
Fonte: www.geoeconomia.net/.../mapas/spyk/spyk03.gif
De acordo com essa nova divisão, o bloco do Norte é composto por países
industrializados, desenvolvidos e produtores de novas tecnologias; é onde localizam-
se as matrizes das maiores multinacionais do mundo globalizado. Já no bloco Sul,
encontram-se países subdesenvolvidos, industrializados ou agrícolas, e
dependentes das tecnologias desenvolvidas pelos países do bloco do norte.
22
O G-20 (grupo dos 20) é um grupo que consiste nas 19 maiores potências do mundo, junto com a
União Européia.
40
Fonte: static.flickr.com/32/61409553_ca2590cf02.jpg
Em face desse quadro, a manutenção dos EUA como única potencia global,
com sua rede de segurança, tornou-se fundamental para a segurança e estabilidade
da ordem internacional ao evitar novos conflitos entre as demais potências,
insatisfeitas com a ordem internacional, recorrendo unicamente ao uso de seu poder.
Desse modo, a ação externa dos norte-americanos tem priorizado evitar
competições entre Estados em regiões estratégicas ao promover uma ordem
benéfica a todos.
Nesse sentido, o ataque ao Iraque em 2003 teve como objetivo não apenas
evitar que o regime de Saddam Hussein continuasse a ameaçar a estabilidade da
região ou interrompesse o fornecimento de petróleo, mas principalmente evitar
futuras interferências de rivais potenciais (como China, Rússia, Europa e Japão) no
Oriente Médio. Os EUA ao garantirem a segurança da região evitariam que rivais
potenciais se armem para buscar tal objetivo.
Para apreciar porque nós estamos tendo tanto progresso, você precisa
entender as vantagens extraordinárias que nossas forças têm sobre as
Iraquianas. É uma questão de poder devastador. Nosso poder no ar é
inexorável. E o nosso poder na terra tem capacidade massiva de destruir o
inimigo com um mínimo de perda para nós. ( Harlan Ullman, um dos
autores da política de ‘choque e medo' para física e psicologicamente
destruir qualquer inimigo do imperialismo dos EEUU, exclamou no dia
3 de abril ao jornal New York Post ).
Iraque. Não se pode esquecer que a Revolução Xiita, que derrubou o falecido Xá
Reza Parlevi em 1979 e elevou ao poder o Aiatolá R. Komehini, representou um
sério golpe nos interesses políticos, militares e econômicos dos EUA naquela região
do planeta, além, é claro, de ter sido um profundo golpe no orgulho norte-
americano23.
De acordo com esse objetivo, as principais ameaças à segurança dos EUA,
e também à estabilidade de diversas regiões do mundo, identificadas pelo país no
novo cenário passaram a ser: a proliferação de armas de destruição em massa e a
proliferação de mísseis balísticos e de cruzeiro; os chamados Estados parias, mais
especificamente Iraque, Irã e Coréia do Norte; e o terrorismo internacional.
O terrorismo é uma forma violenta de protesto (e de tentativa de
desestabilizar algum regime) conhecida desde a antiguidade. Existem referências a
atos terroristas desde a Grécia antiga, passando pelo Império Romano e por
inúmeros outros momentos da história.
Entretanto, o terrorismo atual, chamado de pós-moderno ou de global, é
diferente das formas anteriores. Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001
simbolizam muito bem este novo terrorismo, em especial pelo planejamento e pelos
objetivos, pela natureza globalizada e pelo uso inteligente da mídia. O velho
terrorismo, em especial aquele do final do século XIX e inícios do XX, era formado
por organizações anarquistas ou nacionalistas que tinham propostas políticas bem
definidas e em geral assumiam os seus atos.
Desde 1945, a confrontação Leste-Oeste, - centrada em contraposições
militares, político-ideológicas e de organização social -, constituía a expressão
máxima da alta política e estratégia internacionais. Em toda a guerra fria, o grande
jogo estratégico mundial girou em torno do equilíbrio de terror nuclear, da
descontrolada carreira armamentista e da articulação de blocos rivais em múltiplas
áreas, inclusive no chamado Terceiro Mundo. As questões centrais eram, em
primeiro lugar, a da hegemonia e dominação globais e, com a exacerbação da
corrida nuclear e missilística, a própria sobrevivência da humanidade.
23
A Revolução Xiita criou profundos ressentimentos nos altos círculos do poder político e militar
norte-americanos, ressentimentos esses que ainda não foram totalmente absorvidos ou esquecidos
por segmentos importantes do governo americano. Some-se a isto o fato de que o Irã, desde a
derrubada do Xá, adotou uma notória política de apoio a grupos extremistas islâmicos em todo o
mundo árabe, bem como, mais recentemente, pôs em prática a construção de usinas nucleares e o
desenvolvimento da tecnologia de enriquecimento do urânio, o que pode, num futuro muito próximo,
dar àquele país o acesso a armas nucleares.
44
24
Coker, Christopher, - "Post modernity and the end of the Cold War: has war been disinvented ?"
Review of International Studies (1992).
45
Diante disso, é importante considerar que, uma vez mantendo uma estrutura
política, as nações vão continuar necessitando das Forças Armadas seja na guerra,
seja na paz. Desse modo, mesmo com a discussão sobre a globalização e a queda
de barreiras entre os países, não há uma proposta efetiva de extinção das estruturas
militares nacionais.
Isto não é apenas uma questão técnica, mas, sim uma questão simbólica e
política. Os narcotraficantes passaram a ter um poder de fogo semelhante aos
militares, guardadas as devidas proporções. Este é um aspecto crucial para a
legitimidade do Estado e daqueles que são responsáveis por sua defesa. A
emergência desta situação afeta o caráter do Estado, enquanto Estado de Direito,
tornando o processo de construção da democracia mais difícil.
Apesar de reconhecer que muito foi tentado e feito nos últimos cinqüenta ou
sessenta anos para se construir uma ordem política e social internacional mais justa,
a triste verdade é que não existe, na prática, uma motivação jurídica supra-estatal
que permita soluções eficazes e coerentes para os graves problemas internacionais
existentes neste início do século XXI.
Em conformidade com o discorrido, não existem nações desarmadas,
porque nenhuma delas seria capaz de desfazer-se de sua Expressão Militar para
merecer, por esse ato ingênuo, o respeito e a simpatia de todos os países. Não há
fórmula miraculosa capaz de manter a paz sem ameaças de conflitos internos ou de
guerra entre os povos.
Os mecanismos políticos e jurídicos criados após o fim da Segunda Guerra
Mundial em 1945 para a solução dos conflitos militares, manter a paz internacional,
bem como para reprimir a prática de crimes de guerra e do terrorismo internacional
49
26
José Maria da Silva Paranhos Júnior (Rio de Janeiro, 20 de abril de 1845 — Rio de Janeiro, 10 de
fevereiro de 1912) foi um diplomata, ministro e historiador brasileiro. Era conhecido pelo título
nobiliárquico de barão do Rio Branco.
50
Esse novo tipo de conflito tem se caracterizado não apenas pela radical
superioridade de forças, como aconteceu no Iraque e na Iugoslávia, mas pela
ausência de pelo menos um Estado constituído do outro lado. Assim, os EUA e a
Grã-Bretanha se valeram apenas da confissão do governo afegão de que Osama
Bin Laden estava no país e da negativa de entregá-lo para iniciar as operações com
bombardeios similares aos das duas guerras anteriores.
27
Eric John Earnest Hobsbawm: nasceu no Egipto ainda sob o domínio britânico. Considerado um
dos mais importantes historiadores atuais. Um dos seus livros, em especial, rendeu-lhe
reconhecimento e prestígio: "A Era dos Extremos", lançado em 1994, na Inglaterra, tornou-se uma
das obras mais lidas e indicadas sobre a história recente da humanidade.
54
O tema das novas formas de guerra aparece também como decisivo. Desde
a Guerra do Golfo, em janeiro-fevereiro de 1991, motivada claramente pelo duplo
fator geostratégico da economia do petróleo e da rede de segurança representada
55
28
Os atentados de 11 de setembro foram uma série de ataques contra alvos civis nos Estados Unidos
em 11 de Setembro de 2001.
29
Rodrigues Viana: nasceu em Lisboa, em 11 de Julho de 1952. É Mestre em Estratégia pelo ISCSP, tem
publicados vários trabalhos no âmbito técnico e nos domínios da História e da Estratégia.
30
Brian Jenkins, norte-americano, é um perito em terrorismo e estudioso do fenômeno da violência
política da Universidade Saint Andrews, da Escócia.
56
31
Guerra de Quarta Geração. Esta teoria da guerra foi desenvolvida por William S. Lind e quatro
oficiais do Exército e do Corpo de Fuzileiros dos Estados Unidos (USMC). O Sr. Lind, que foi
assessor legislativo de dois senadores, é o diretor de um think tank conservador e autoridade em
guerra de movimento. A guerra de quarta geração é, primordialmente, uma teoria em nível tático que,
ocasionalmente, incursiona no nível operacional, e se situa na era moderna que vai da época do
Tratado de Westfália, em 1648, até o presente.
58
32
LIND, William; SCHMITT, John; SUTTON, Joseph e WILSON, Gary: “The Changing Face of War:
into the Fourth Generation”, Marine Corps Gazette (outubro de 1989): pp. 22-26.4.
60
sucedido das Forças Armadas contra ameaças terroristas, teve como conseqüência
a perenização dos combates irregulares e o agravamento das tensões não somente
nas regiões dos conflitos, mas no mundo como um todo.
Vale lembrar que ao invadir esses países e destruir completamente a
estrutura de seus Estados, eliminando o precário equilíbrio de forças interno, a
superpotência hegemônica e seus aliados estabeleceram o caos no território desses
países e criaram condições propícias à proliferação de grupos insurgentes de quarta
geração em toda a região, na qual o Estado, ainda que em condições precárias de
funcionamento, deveria ter sido preservado, pois historicamente sempre funcionou
como uma barreira entre a civilização e a barbárie.
Nessa linha de raciocínio, pode-se supor que a Guerra de Quarta Geração
traz no seu fundamento a crise universal da legitimidade do Estado. Assim, a
destruição de um Estado pode ser conseguida, intencionalmente ou não, por outros
meios que não os militares. Ou seja, a fim de "conquistar" um país, é possível
destruir sua economia e seu sistema político, assim como sua coesão interna e sua
identidade cultural, sem necessidade de empregar força militar.
De fato, no contexto da Guerra de Quarta Geração, os ataques à segurança
de um Estado podem partir de outros Estados, mas também de conglomerados
multinacionais, organizações terroristas ou cartéis de narcotraficantes. Desse modo,
uma coalizão de facções ideológicas ou criminosas, com ramificações internas e
externas, podem declarar guerra a qualquer Nação, inclusive ao Estado brasileiro.
Na América do Sul, nos últimos anos, os conceitos da Guerra da Quarta
Geração têm sido empregados intensivamente para explicar a conduta do
Presidente venezuelano Hugo Chávez em assuntos de defesa e segurança. Tais
conceitos, de acordo com seus partidários, servem para explicar a natureza da
agressão que a nação caribenha enfrenta, assim como as medidas preventivo-
dissuasivas que o seu Poder Executivo adota ao enfrentar essa contingência.
Não obstante, uma nova ameaça, contra a qual a força militar é inócua, é a da
guerra irregular ou Guerra de Quarta Geração praticada por agentes não-estatais,
como o aparato internacional de organizações não-governamentais (ONGs)
ambientalistas e indigenistas, cujas campanhas têm se revelado bastante eficazes
para obstaculizar iniciativas de desenvolvimento e utilização dos recursos naturais
pelos países-alvo. O Brasil tem sido um alvo especial dessa campanha
antidesenvolvimentista.
61
33
O jornalista mexicano Lorenzo Carrasco é dirigente do Movimento de Solidariedade Ibero-
americana (MSIa) e coordenador do livro "Máfia verde: o ambientalismo a serviço do governo
mundial”.
62
Fonte: http://www.tareas-ya.com/web_anterior/www/recursos/h2_p_205.gif
Neste sentido, desde o fim da Guerra Fria vem se defendendo uma reforma
do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Vale destacar que mesmo na sua
criação, já houve uma desproporção entre o poder relativo de cada membro
67
34
Sir Winston Leonard Spencer Churchill foi um estadista britânico, escritor, jornalista, orador e
historiador, famoso principalmente por ser o primeiro-ministro do Reino Unido durante a Segunda
Guerra Mundial.
68
Fonte: www.batalhaosuez.com.br/mapaMissoesBrasForcas...
69
35
Sérgio Vieira de Mello (Rio de Janeiro, 15 de março de 1948 — Bagdá, 19 de Agosto de 2003) foi
um diplomata brasileiro, funcionário da Organização das Nações Unidas por 34 anos. Morreu em
um atentado terrorista à sede local da ONU em Bagdad, juntamente com outros 21 membros de
sua equipe.
70
Por outro lado, o Japão e a Alemanha, por exemplo, há uma década vêm
sendo o segundo e o terceiro maior contribuidores para o orçamento regular da ONU
e preservam uma plataforma político-diplomática à vaga permanente do CSNU bem
mais coesa e alinhada com os EUA.
36
Celso Luís Nunes Amorim é um diplomata brasileiro de carreira. Foi ministro das Relações
Exteriores por duas vezes: de 1993 a 1994, durante o governo de Itamar Franco, e desde 2003 até
atualmente, sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
71
37
ALY, Abdel Monem Said. “From Geopolitics to Geo-Economics – Egyptian National Security
Perceptions”. In: Research Paper, New York/Geneve, United Nations Institute for Disarmament
Research (Unidir), (37): 109, 1995. O autor é diretor do Centro de Estudos Políticos e Estratégicos
da Fundação Al-Ahran, no Cairo (Egito).
72
Em face dessa nova ameaça, países como o Brasil passaram a ter que
desenvolver sua própria política antiterrorismo, não porque sejam alvos no momento,
mas porque muito possivelmente estarão na segunda categoria de países e,
portanto, passarão a sofrer pressões cada vez maiores se não adotarem medidas
efetivas para combater essa ameaça que agora se apresenta em escala global.
Por outro lado, o Brasil, assim como toda América Latina, desde sua
independência se debatem para encontrar seu modelo de desenvolvimento completo
se encontram agora no "olho do furacão" da economia globalizada e se depararam
com dificuldades para vislumbrar alternativas de desenvolvimento, pelo menos a
curto e médio prazo.
Nas duas últimas décadas do século XX, o Brasil passou por um processo
paralelo de transformações. Enquanto, no plano político, os anos 1980 marcaram a
transição para os governos civis. No plano econômico o Brasil assistiu à exaustão do
modelo essencialmente autárquico de desenvolvimento. De fato, em conjunto com a
turbulência financeira, a estratégia de inserção à economia mundial sob controle do
Estado tornou-se crescentemente mais difícil.
Fonte: www.faap.br/.../rel_03/images/img_04.jpg
38
A. HAMILTON, Report on the Subject of Manufactures, 1791. F. LIST, The National System of
Political Economy, 1841. Um dos argumentos contidos nessas obras era a idéia de que o livre
comércio pode ser benéfico para as economias situadas nas duas extremidades: as industrializados e
as de base primária.
76
Entretanto, existe uma grande novidade neste novo ciclo de crescimento sul-
americano: o peso decisivo das exportações, importações e investimentos asiáticos
no continente, em particular da China, que tem sido a grande responsável pelo
aumento das exportações sul-americanas, de minérios, energia e grãos. Ao mesmo
tempo, as exportações chinesas para a América Latina aumentaram 52%, em 2006,
enquanto as dos Estados Unidos só aumentaram 20%.
É imperioso destacar que na nova geopolítica das nações, não há lugar para
alianças baseadas apenas em médias estatísticas, semelhanças sociológicas ou
analogias históricas. Desse modo, as coincidências ideológicas só operam com
eficácia, quando coincidem com as necessidades dos países, do ponto de vista do
seu desenvolvimento e de sua segurança.
Por outro lado, é muito pouco provável que, este simples nexo econômico,
sustente ou justifique uma aliança estratégica entre eles, de tipo geopolítico, e de
longo prazo. Por isto, a construção de uma agenda comum, entre China, Índia, Brasil
e África do Sul, deve partir do reconhecimento das diferenças existentes entre suas
distintas inserções e interesses, dentro do sistema mundial. São quatro países que
ocupam posição de destaque, nas suas respectivas regiões, devido ao tamanho de
seu território, de sua população, e de sua economia. Entretanto, esta semelhança
esconde diferenças muito grandes de interesses, de perspectivas estratégicas e de
capacidade de implementação autônoma de decisões, no campo internacional.
Além disso, existe uma convergência muito importante entre estes países, a
despeito das diferenças de suas estratégias econômicas, que é a prioridade que
vem sendo atribuída pelos seus atuais governos, à promoção da inclusão e da
eqüidade social. E neste sentido, se pode dizer que existe uma agenda de
preocupações sociais comuns, entre estes países, com o combate à fome e a
pobreza, e com a garantia da segurança alimentar, da saúde, do emprego, da
educação, dos diretos humanos e de proteção ao meio ambiente.
78
39
A Teoria dos Três Mundos contrapunha-se ao conceito de Zonas Intermediárias. No
conceito de Zonas Intermediárias, o mundo estaria dividido em três zonas, sendo a primeira composta
pelos países capitalistas, a segunda pelos países socialistas e a terceira pelos países em
desenvolvimento e pelos pequenos países capitalistas. Já a Teoria dos Três Mundos contrapunha-se
à divisão do mundo na perspectiva ideológica Leste-Oeste, considerando a divisão em termos de
níveis de desenvolvimento. Assim, o primeiro mundo seria composto pelos Estados Unidos e pela
União Soviética, o segundo pelos países desenvolvidos da Europa, mais o Japão, Austrália e
Canadá, sendo que o terceiro mundo seria composto pelos países em desenvolvimento.
79
É oportuno destacar que a redefinição dos rumos e dos eixos que organizam
a política externa nem sempre é o resultado de estratégias racionalmente definidas
ou de intencionalidade previamente selecionadas. Freqüentemente, as condições
concretas nas quais um país está inserido, determinam a trajetória e a alternativa
aparece mais como algo imposta pela própria realidade.
proposta de uma área de livre-comércio das Américas, a ALCA, uma iniciativa que,
se concretizada, resultaria em desaparecimento da união aduaneira sul-americana,
Desde então, tornou-se claro que a inserção internacional do Brasil
dificilmente poderia ocorrer a partir de processos puramente internos. Foi necessária
a construção de uma política de alianças no plano externo para que a configuração
do quadro diplomático brasileiro pudesse começar a se inverter de modo mais
favorável, o que acabou ocorrendo de modo mais definitivo com os acordos que
criaram o Mercosul.
O Mercosul não é simplesmente um bloco econômico ou uma pura área de
livre comércio. Ele é também, e a importância disto não é menor, um pacto de
manutenção de uma institucionalidade democrática, entre os países que o integram,
agregando a isto uma cláusula de pleno restabelecimento de um Estado de direito
para que outros países possam integrá-lo de forma mais definitiva.
Outro ponto essencial refere-se à questão das tensões dentro do Mercosul,
e o modo mais adequado para enfrentá-las. Algumas conclusões precisam ser
tiradas a este respeito. Antes de qualquer coisa é preciso compreender que o Brasil
não é o dono do Mercosul, não obstante ser o país mais forte desta associação. Isto,
evidentemente, implica em assumir um certo número de responsabilidades.
Estas responsabilidades aumentam na medida em que, do ponto de vista de
sua ação externa, o Brasil está vivendo uma situação nova. Em meio século de
atividade diplomática passa por diferentes momentos; alinhamento automático,
política externa chamada independente, tentativa de quebrar o círculo do poder
mundial de modo a permitir o seu ingresso e o isolamento.
40
O euro (€) é a moeda oficial de 15 dos 27 países da União Europeia. O euro existe na forma de
notas e moedas desde 1 de Janeiro de 2002, e como moeda escritural desde 1 de Janeiro de 1999.
82
Assim, a ALCA como projeto, não é senão uma outra maneira, mais
adaptada aos tempos atuais, de reestruturar um sistema interamericano sob a
83
Cabe destacar que o Brasil como potência média está excluído do processo
de decisão mundial – mas, como grande potência regional, poderá ser convidado a
participar dele. Participar desse processo é deter parte do poder concreto que
resolve as grandes questões internacionais – aquelas questões que trazem
subjacente a perspectiva da guerra. Perspectiva que impõe a prontidão da força e
indica a possibilidade de seu emprego.
5 CONCLUSÃO
Enquanto, por outro lado, também a disputa por áreas de influência pelos
dois pólos de poder já vinha perdendo impulso desde a segunda metade dos anos
1970 quando, não apenas a détente passou a marcar a política externa das grandes
potências, mas também, visivelmente, muitos eventos de destaque no cenário
internacional passaram a ter cada vez menos relação direta com a disputa
bipolarizada, típica da Guerra Fria.
41
Estabelecida em 1986 pelos países da costa ocidental da África e os banhados pelo Atlântico Sul,
na América Latina (24 países). Ao Brasil, atende aos interesses de ampliar o espaço para a
cooperação econômica, comercial, científica e técnica; e para iniciativas de caráter político-
diplomático. Sítio do Ministério das Relações Exteriores.
Disponível em: <http://www.mre.gov.br/portugues/politica_externa/grupos/zona_paz/zona.asp>.
93
42
e de políticas de ajuste estrutural, com o objetivo de obter o apoio dos países
desenvolvidos, centros mundiais do poder e dos organismos internacionais.
42
O Consenso de Washington pode ser definido como um conjunto de políticas
macroeconômicas, reformas estruturais liberalizantes, tais como a liberalização do comércio, a
privatização das empresas estatais, desregulamentação dos mercados, reformas fiscais, promoção
de investimentos estrangeiros, assim como regras de condicionalidade aplicadas de forma cada vez
mais padronizada em vários países e regiões.
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Jorge Roberto dos Santos Souza – Maj Art
101
REFERÊNCIAS
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