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DESENHO TÉCNICO

AULA 1

Prof. Marcelo Staff


CONVERSA INICIAL

Nesta disciplina, abordaremos conteúdos de Desenho Técnico que serão


importantes para a construção e interpretação de desenhos de peças e
equipamentos mecânicos, e também servirão de base para que possamos ter
um bom aproveitamento em outras disciplinas. Além dos aspectos teóricos,
também abordaremos diversos problemas práticos para entender melhor de que
modo os conteúdos estudados podem ser aplicados. Para iniciarmos os nossos
estudos, é importante que tenhamos uma visão geral da importância do desenho
técnico como uma linguagem universal, e de quais temas serão abordados mais
adiante. O texto a seguir nos mostra, de maneira bastante resumida e objetiva,
o que é Desenho Técnico Mecânico.

CONTEXTUALIZANDO

Imagine-se como uma pessoa do outro lado, lendo um desenho. Ela deve
compreender o que está sendo pedido e executar a fim de que o produto final
atinja todos os requisitos técnicos exigidos pelo projeto. Para que se torne
realidade, é preciso ter uma padronização dos desenhos, em uma linguagem
universal, seguindo padrões internacionais. No Brasil, as normas técnicas que
regulam o desenho técnico são editadas e aprovadas pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas – ABNT, fundada em 1940, e registradas pelo Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro,
recebendo no nome de NBR, e estão em consonância com as normas
internacionais aprovadas pela Organização Internacional de Normalização
(International Organization for Standardization – ISO), criada em 1947, reunidas
em Londres.
O Desenho Técnico é uma linguagem internacional composta por objetos
com formas e dimensão conforme o seu projeto inicial, tendo como objetivo
realizar a fabricação atendendo aos requisitos do projeto.

TEMA 1 – INTRODUÇÃO AO DESENHO TÉCNICO

Nesta aula, estudaremos as Normas NBR para o desenho, instrumentos


utilizados para fazer os desenhos mecânicos, folhas de desenho, normas para
dobrar os desenhos. Em seguida, estudaremos como preencher as legendas

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com os dados para identificação de desenhos. Treinaremos também a caligrafia
técnica.
No sistema de representação dos Desenhos Técnicos, veremos como as
peças são representadas nas folhas de desenhos, seguindo os formatos de
papéis, identificando a peça, o material utilizado, a quantidade produzida, o seu
criador e a escala que foi desenhada em sua legenda. Após esse processo,
veremos como os desenhos são dobrados.
Em seguida, veremos quais os instrumentos manuais para a construção
de Desenhos Mecânicos. O importante no desenho é que seja legível,
principalmente na caligrafia.
Os objetos devem ser desenhados nas folhas padrões seguindo as
normas de sistema de projeção de vistas ortogonais e preceptivas, contendo as
dimensões dentro do sistema de cotagem do desenho técnico.
Temos peças de vários tamanhos, que às vezes não cabem na folha para
ser desenhada, ou peças muito pequenas, então estudaremos como fazê-las por
meio de escala.
No entanto, temos detalhes que podem estar escondidos, então faremos
um “raio X” para ver internamente a peça, por meio de vistas em corte.
Para finalizar, estudaremos como são montadas as peças, os encaixes e
os elementos normalizados, como parafusos, rolamentos, pinos, guias etc.

TEMA 2 – INSTRUMENTOS PARA FAZER OS DESENHOS TÉCNICOS

Para fazer os desenhos técnicos, precisaremos de alguns instrumentos


básicos.

 Esquadros: temos os esquadros de 45° e o de 30°, que são utilizados para


traçar linhas, retas paralelas e retas oblíquas. Como os esquadros
trabalham em conjunto, um sempre servirá de guia para o outro ficar livre
e correr, conforme Figura 1.

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Figura 1 – Movimentação dos esquadros

 Escalímetro: instrumento utilizado para medir, não para traçar. O tipo de


escalímetro mais usado é o triangular, conforme Figura 2, com escalas típicas
de 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100, 1:125. O uso de escalas será explicado mais
adiante.

Figura 2 – Escalímetro

Créditos: Moolkum/Shutterstock.

 Transferidor: usado para fazer peças inclinadas, conforme Figura 3, e


também tem a função são de medir ângulos. Normalmente são fabricados
modelos de 180° e 360°, conforme Figura 4.

Figura 3 – Desenhos de cone

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Figura 4 – Transferidor

Crédito: Moolkum/Shutterstock.

 Compasso: utilizado para fazer círculos, conforme Figura 5. O importante


é saber que, para fazer os círculos, a abertura entre a ponta seca e o
grafite equivale ao raio da peça, sendo o raio igual à metade do diâmetro.
Para desenhar a flange, conforme a Figura 6, é preciso traçar as linhas de
centro de cada círculo após abrir o compasso no valor do raio e fazer o
círculo.

Figura 5 – Compasso

Crédito: Ajt/Shutterstock.

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Figura 6 – Flange

Crédito: Kelly Almeida

 Lápis ou lapiseira: atualmente, as mais utilizadas são as lapiseiras com


grafite de 0,5 mm de diâmetro para linhas cheias e 0,3 mm de diâmetro
para as linhas finas, conforme Figura 8. As linhas cheias são destinadas
aos contornos da peça; as linhas finas são destinadas a linhas de centro
e linhas invisíveis da peça, que estudaremos adiante. Recomenda-se um
grafite HB, F ou H para traçar rascunhos e traços finos, e um grafite HB
ou B para traços fortes. O tipo de grafite dependerá da preferência pessoal
de cada um. Na Tabela 1 estão especificados os tipos de grafite
existentes.

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Figura 7 – Lapiseira

Crédito: Fabio Furquim/Shutterstock.

Tabela 1 – Tipos e classificação de grafites

TEMA 3 – NORMAS PARA DESENHO

A execução de desenhos técnicos aparece em normas


gerais, como a NBR 10209-2 – Desenho técnico – Norma geral,
cujo objetivo é definir os termos empregados em desenho técnico.
A norma define os tipos de desenho quanto aos seus aspectos
geométricos (Desenho Projetivo e Não Projetivo), quanto ao grau
de elaboração (Esboço, Desenho Preliminar e Definitivo), quanto
ao grau de pormenorização (Desenho de Detalhes e Conjuntos)
e quanto à técnica de execução (À mão livre ou utilizando computador).
A seguir, estão as principais Normativas de desenho que vamos estudar:

 NBR 10068: Folha de desenho – Leiaute e dimensões;


 NBR 10582: Apresentação da folha para desenho;
 NBR 13142: Dobramento de cópia;
 NBR 8402/1994: Execução de Caractere para Escrita em Desenho
Técnico;
 NBR 8196: Emprego de escalas;
 NBR 8403: Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas – Larguras
das linhas;

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 NBR 10067: Princípios gerais de representação em desenho técnico;
 NBR 10126: Cotagem de desenho técnico.

TEMA 4 – APRESENTAÇÃO DA FOLHA DE DESENHO

4.1 Folha de desenho

 NBR 10068 – Folha de desenho lay-out e dimensões, cujo objetivo é


padronizar as dimensões das folhas utilizadas na execução de desenhos
técnicos e definir seu layout com suas respectivas margens e legenda. As
folhas podem ser utilizadas tanto na posição vertical como na posição
horizontal, conforme mostra a Figura 10. Os tamanhos das folhas seguem
os formatos da série “A”, e o desenho deve ser executado no menor
formato possível, desde que não comprometa a sua interpretação.

Figura 9 – Folha horizontal e vertical

Crédito: Kelly Almeida

Tabela 2 – Formatos seguidos pela série “A” (dimensões em milímetros)

FORMATO DIMENSÕES MARGEM COMPRIMENTO ESPESSURA LINHAS


ESQUERDA OUTRAS DA LEGENDA DAS MARGENS
A0 841 x 1189 25 10 175 1,4
A1 594 x 841 25 10 175 1,0
A2 420 x 594 25 7 178 0,7
A3 297 x 420 25 7 178 0,5
A4 210 x 297 25 7 178 0,5

 NBR 10582 – Apresentação da folha para desenho técnico. Na folha de


desenho, temos que ter o espaço para as vistas dos desenhos distribuídos
em um espaçamento centralizado, contendo também o espaço para a
legenda. O importante é que a legenda fique posicionada sempre no canto

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direito da folha de desenho, embaixo, perto da margem, conforme figura
11.

Figura 10 – Distribuição do texto, desenho e legenda na folha

Créditos: Kelly Almeida

4.2 Legenda

Toda folha de desenho deve possuir no canto inferior direito um quadro


destinado à legenda. Esse quadro deve conter o título do projeto, o nome da
empresa, escalas, unidades em que são expressas as informações, número da
folha (caso o projeto tenha mais de uma folha), e outras informações necessárias
para sua interpretação, conforme figura 12.

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Figura 11 – Exemplo de legenda

Crédito: Kelly Almeida

Acima da legenda é construído o quadro de especificações.

 Peça: especificação de cada peça contida no desenho. Caso o desenho


seja de uma única peça, colocar 1, caso seja de uma montagem de peças,
anotar o número de cada item em cada linha.
 Denominação: nome da peça. Por exemplo: bucha, pino, placa.
 Quantidade: número de peças a serem produzidas de cada item. Por
exemplo: 1,10, 20.
 Material: material da peça do desenho. Por exemplo: aço 1020, alumínio,
ferro fundido.
 Des: nome do desenhista. Por exemplo: Marcelo.
 Data: a data em que foi feito o desenho. Essa informação é muito
importante para rastreamento.
 Empresa: nome da empresa proprietária do desenho.
 Código: todo desenho deve ter um código, para que possa ser arquivado
e rastreado.
 Escala: a escala em que o desenho foi feito. Por exemplo: 1:1. Esse
assunto será tratado adiante.
 Unidade: a unidade em que a peça foi desenhada. Pode ser em milímetros
ou polegadas.
 Título: nome do conjunto em que esse item é montado.

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4.3 Dobramento de cópia

Para folhas maiores que as dimensões da folha A4, temos a Norma NBR 13142
(ABNT, 1999), que fixa o modo de dobramento de todos os formatos “A” de folhas
desenho. As cópias devem ser dobradas de modo a deixar visível a legenda e devem
permanecer no tamanho da folha A4, conforme as figuras 13, 14, 15, 16, 17 e 18.

Figura 12 – Folha de desenho

Figura 13 – Folha A3

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Figura 14 – Folha A3 dobrada

Figura 15 – Folha A2

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Figura 16 – Folha A1

Figura 17 – Folhas A0

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Sempre que as folhas de desenho forem dobradas, é obrigatório que fiquem
no formato da folha A4, com a legenda à mostra.

4.4 Caligrafia técnica

Para que não haja dúvidas quanto à escrita do desenho em sua


interpretação, sempre aplicaremos a norma caligrafia técnica NBR 8402 (ABNT,
1994), que normaliza as condições para a escrita usada em desenhos técnicos
e documentos semelhantes.
Para se ter uma uniformidade nos tamanhos das letras, podemos usar as
pautas, conforme Figura 19. As distâncias entre essas linhas e entre as letras
são apresentadas na Figura 20.

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Figura 18 – Linhas de pautas

Figura 19 – Caligrafia técnica

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TEMA 5 – TIPOS DE LINHAS PARA DESENHO TÉCNICO

O tipo e a espessura de linha indicam sua função no desenho.

5.1 Exemplos de tipos de linhas

 Contínua larga: arestas e contornos visíveis de peças, caracteres,


indicação de corte ou vista.

 Contínua estreita: hachuras, cotas.


_____________________________________________________________________

 Contínua à mão livre estreita (ou contínua e “zigue-zague”, estreita): linha


de ruptura

 Tracejada larga: lados invisíveis.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------

 Traço e ponto largo – planos de corte (extremidades e mudança de plano).

 Traço e ponto estreito: eixos de simétrico.

 Traço e dois pontos estreitos: peças adjacentes.

O uso de cada tipo de linha será visto mais adiante.

FINALIZANDO

Nesta aula, você pôde conhecer os instrumentos de trabalho usados no


desenho técnico. Estes são elementos utilizados como auxiliares na

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transformação dos objetos uma linguagem gráfica. Com o objetivo de
transformar o desenho técnico em linguagem gráfica e padronizá-lo, surgiram
normas internacionais usadas no mundo todo. As folhas de desenho são
padronizadas com uma espécie de guia, o que facilita a compreensão de
desenhos e projetos de pessoas de nacionalidades diferentes. Vimos que as
exigências básicas do uso de caligrafia em desenhos técnicos são: legibilidade
e uniformidade, para não haver dúvidas.
A folha de desenho é acompanhada de uma legenda, que lhe confere
significado ou esclarecimento de importantes informações referentes ao objeto
desenhado, como tipo de material, quantidades, escalas que foi desenhado,
nome da peça, desenhista etc. Outro fato importante no desenho técnico é que,
para cada tipo de contorno ou aresta de um objeto, existe um tipo de linha
associado. Os tipos de linhas representados no desenho técnico devem ser
diferentes, para que um contorno de uma peça seja automaticamente
identificado, um detalhe não visível, uma linha de cota.

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REFERÊNCIAS

CRUZ, M. D. Desenho técnico. São Paulo: Érica, 2014.

_____. Desenho técnico mecânico: conceitos, leitura e interpretação. São


Paulo: Érica, 2010.

CRUZ, M. D.; MORIOKA, C. A. Desenho técnico: medidas e representação


gráfica. São Paulo: Érica, 2014.

LEAKE, J. M.; BORGERSON, J. L. Manual de desenho técnico para


engenharia: desenho, modelagem e visualização. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2017.

RIBEIRO, A. C.; PERES, M. P.; IZIDORO, N. Desenho técnico e AutoCad. São


Paulo: Pearson, 2013.

SILVA, A. S. Desenho técnico. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

SILVA, A.; RIBEIRO, C. T.; DIAS, J. SOUSA, L. Desenho técnico moderno. 4.


ed. Rio de janeiro: LTC, 2014.

ZATTAR, I. C. Introdução ao desenho técnico. Curitiba: InterSaberes, 2016.

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