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Murillo de Aragão1
1
Bacharel em direito pela UniCeub, mestre em Ciência Política pela UnB e doutor em sociologia pela UnB (Brasília), é presidente
da Arko Advice Pesquisas e membro do CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.
2
IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, ligado ao governo federal, divulgados em junho de 2008.
10% frente ao ano anterior. No mesmo período – entre 2006 e 2007 – o transporte aéreo
no Brasil cresceu mais de 10% .
3
O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini e que foi publicad no
documento "Variabilità e mutabilità" (italiano: "variabilidade e mutabilidade"), em 1912. É largamente empregado para calcular a
desigualdade de distribuição de renda.
Nova Divisão do Bolo
A evolução de cada estrato social em relação à população com idade entre 15 e 60 anos.
De R$ 768 a
Classe D
R$ 1,064
De R$1,064 a
Classe C
R$ 4,591
Classes A e Acima de R$
B 4,591
Miséria
O total de miseráveis em relação à população brasileira (Em %)
Quadro 1 – Renda e Classes Sociais no Brasil - Fonte: FGV, IPEA, Arko Advice, Correio Braziliense, 06.08.2008
4
Matéria do jornal Valor Econômico de 17 de agosto de 2007 reproduzindo informações do The Economist.
5
Universidade Estadual de Campinas no Estado de São Paulo é um dos centros de excelência acadêmica na América Latina.
6
Matéria de Tatiana Rezende do jornal Folha de São Paulo de 28 de abril de 2007.
população ocupada desde a década de 80, tendo como base a PNAD (Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios)7 até 2005. Segundo o estudo, o conceito de classe média
determinado pela Unicamp representava 45,6% dos ocupados em 1996, número que
caiu para 36,2% em 2004 e subiu, no ano seguinte, para 40,6%. Já a massa trabalhadora
subiu de 22,9% para 31,6% (2004) e alcançou o pico de 37,4% da população ocupada
em 20058.
Para Quadros, a “precarização” do trabalho estava sendo aceita como um mal
menor em relação ao desemprego ainda que ele, já em 2007, reconhecia que estava
ocorrendo ganho de renda nas camadas mais pobres. Na entrevista que deu ao jornal
Folha de São Paulo, para explicar seu estudo, o economista Waldir Quadros, dizia que
"ocupações precárias e mal remuneradas vão sendo aceitas como um mal menor [...], e
cada vez mais os indivíduos e as famílias vão relaxando seus padrões morais na luta
pela sobrevivência". Sobre outros estudos divulgados anteriormente que mensuravam
a melhoria de renda da população, Quadros explica que há diferentes metodologias e
algumas levam em conta apenas a criação de empregos formais. Mesmo assim, ele
concorda que houve um ganho de renda expressivo por largos contingentes da
população.
De início, pelo menos duas considerações devem ser colocadas para relacionar
as classes médias e a política no Brasil. A primeira é o fato de que o ganho de renda na
classe média não é um fenômeno que atinge toda a extensão do segmento identificado
como tal. A segunda consideração é que existem várias classes médias. Portanto,
7
O PNAD é elaborado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística do Governo federal é apresenta periodicamente
resultados selecionados da pesquisa, com informações sobre as características gerais da população, migração, educação, trabalho,
famílias e domicílios , bem como indicadores retrospectivos de rendimento para o conjunto do País e grandes regiões.
8
Estudo anterior do mesmo economista Waldir Quadros, divulgado na Folha de S. Paulo, em 14 de novembro de 2004, afirmava
que nos últimos anos a classe média brasileira teria perdido 1/3 de sua renda e, 2 ½ milhões de pessoas perderam a condição de
classe média (renda mensal superior a R$ 1000). Com isso, perderam também a possibilidade de enviar seus filhos para escolas
particulares, e deixaram de freqüentar cinemas, teatros e clubes. Estima-se que nos últimos 5 anos, mais de 4 milhões de pessoas
tenham abandonado planos privados de saúde. Para ele, a mesma classe média que havia elegido Lula em 2002 estava insatisfeita
com o desempenho da economia e revelava desagrado no curso do primeiro mandato de Lula
tendo em vista as duas considerações mencionadas inicialmente, é impraticável
generalizar qualquer das conclusões aqui apresentadas sem deixar de considerar a
especificidade de qual classe média estamos analisando. A quarta consideração decorre
das considerações anteriores e está no fato de que, em não existindo uma padronização
do entendimento do que seja classe média, a interação das várias classes médias com a
política irá variar de acordo com o impacto do ambiente econômico e social do Brasil.
De certa forma, este parágrafo introdutório sintetiza a dificuldade em tratar do tema. Em
adendo, cito Marcelo Nery, em seu trabalho sobre a nova classe media9, que afirmou
que “definir classe média é como definir um elefante, se você nunca viu fica difícil
visualizá-lo” pelo fato de existirem, pelo menos, duas perspectivas para se conceituar
classe média no Brasil: a partir da renda e outra a partir do padrão de consumo.
9
A Nova Classe Média, pesquisa da FGV – Fundação Getúlio Vargas, coordenado por Marcelo Nery e divulgado em agosto de
2008.
10
A Revolução Burguesa no Brasil: ensaio de uma interpretação sociológica” de Florestan Fernandes, Editora Globo, 5a edição,
2006.
11
A Classe Média, Folha de São Paulo (13.12.2006)
12
Denominação convencional para a história republicana que vai da proclamação da república (1889) até a ascensão de Getúlio
Vargas do poder em 1930.
13
No período, o Brasil cresceu a uma taxa média anual per capita de 4% do PIB
14
op.cit.
específico de nosso tema, temos o desafio de analisar um segmento social cujo piso de
entrada, em termos de renda, é muito distante do teto. Como veremos adiante. A
situação leva a alguns pesquisadores, como Waldir Quadros, a utilizar a expressão
“classes médias” ao invés de classe média.
15
Pesquisador do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
16
“A nova classe média”, Rio de Janeiro: Zahar Editores (1979).
17
In Politéia, Vitória da Conquista, V. 4, numero 1, pág. 211-234, 2004.
trabalhadora”, que considera a condição de assalariado suficiente para definir a
situação de classe? Há duas respostas a essa questão que se afastam daquela que
iremos apresentar.
“em primeiro lugar, a resposta proveniente dos autores que nunca aceitaram a
noção de classe média. Esses autores têm apresentado o surgimento e a expansão
do sindicalismo dos “trabalhadores de escritório” como prova de que o
procedimento sociológico correto seria mesmo o de reunir numa única classe
social todos os trabalhadores assalariados. Em segundo lugar, encontramos
para aquela pergunta a resposta dos autores que aceitam o conceito de classe
média mas que, na situação atual, consideram que a sindicalização dos
“trabalhadores de escritório” indica que esses trabalhadores se encontram na
fase final de um processo de proletarização e, portanto, de fusão político-
ideológica com o movimento operário. Trata-se da tese da proletarização da
classe média. “
18
Revista Princípios, 1 de fevereiro de 2002, revista do PCdoB – Partido Comunista do Brasil
19
Os Estados do Rio de Janeiro com 11,9% e Minas Gerais com 9,8% aparecem em segundo e terceiro lugares com domicílio das
famílias de classe média.
famílias são consideradas classe média. Muitas delas trabalham para o governo e não
pertencem ao setor privado. Em seguida aparecem São Paulo (46,9%), Santa Catarina
(41,3%), Rio de Janeiro (39,9%) e Rio Grande do Sul (36,5%).
Destaca-se a baixa participação da classe média na região Nordeste, uma vez que
somente 15,3% das famílias nordestinas podem ser classificadas neste grupo social. Em
termos demográficos, a classe média brasileira é predominantemente branca, o que
revela a desigualdade de cor na definição em sua definição. Praticamente 70% dos
chefes de família de classe média são brancos sendo que seu percentual na população
total é de 54%. Em termos educacionais, os chefes de família de classe média possuem
escolaridade bastante superior à encontrada na população. 97,3% dos chefes de família
da classe média, estudam ou já estudaram, sendo que 27,7% estudam ou concluíram o
ensino médio. 48% dos chefes de família de classe média estudam ou concluíram o
ensino superior. O chefe de família de classe média possui uma escolaridade média
quase 40% superior ao do conjunto dos demais chefes de família.
20
Op.cit
21
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
22
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Definição das Classes Econômicas
Renda Domiciliar Total de Todas as Fontes Por Mês
Limites
Inferior * Superior
Classe E 0 768
Classe D 768 1064
Classe C 1064 4591
Classe A e B 4591
*inclusive
Uma pesquisa do IBPS23, aponta que 8% dos moradores das favelas da cidade
do Rio de Janeiro ganham mais de 5 salários mínimos e, por conseguinte, estariam
dentro da classe média considerando uma renda superior a R$2.075,00 por mês. Por
outro lado, o “Atlas da nova estratificação social do Brasil”24, organizado pelo
economista Márcio Pochmann, parece esclarecer de vez a questão ao reconhecer que a
classe média “destaca-se por posições altas e intermediarias tanto na estrutura sócio-
ocupacional como na distribuição pessoal de renda e riqueza... sendo reconhecida (pelo)
avantajado padrão de consumo”. Ora, um morador de favela na cidade do Rio de
Janeiro, em condições típicas, não poderia estar localizado em posições altas e
intermediárias da sociedade nem ter avantajado padrão de consumo. Pois, se o tivesse,
usaria de sua renda para sair da favela.
3. Algumas Tendências
Um retrato das classes médias no Brasil de hoje revelam, pelo menos, duas
tendências. A primeira de uma evidente ascensão das classes populares ao patamar de
classe média. Ainda que seja uma classe media de baixa renda. Por outro lado, vemos o
empobrecimento das classes médias tradicionais. O quadro 3 mostra claramente o
processo em curso, ainda que retratando o período entre 2001 e 2005. No início deste
século, o Brasil ainda vivia os resquícios da crise que a alta classe média vivia nas
décadas anteriores .Em 2002, a participação das classe médias no total da renda havia
caído de 46,6% para 43%. Apesar do impulso verificado no Plano Real. Por outro lado,
já se identificava o movimento de ascensão da classes D e E com a criação de empregos
na faixa de renda até 3 salários mínimos e, por outro lado, a destruição de empregos nas
faixas superiores.
23
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, realizada a pedido de O Globo, foi divulgada em 1o de setembro de 2008.
24
Editora Cortez, São Paulo: 2006
Quadro 3 – Distribuição de Renda
25
Jornal Valor Econômico, São Paulo, 26 de dezembro de 2006.
26
Cadastro geral de empregados e desempregados do Ministério do Trabalho.
Universidade de São Paulo, Paulo César Endo27, esses jovens tem ingressado no crime
pela certeza da impunidade. Endo diz ainda que a contravenção e a criminalidade
aparece como uma possibilidade quando os jovens de classe média, apesar de
sustentados pelos pais, enfrentam dificuldade no mercado de trabalho.
Dados mais recentes apontam o que já era identificado pelo Instituto Target em
2005. Entre 2002 e o final de 2008, 3 milhões de brasileiros que moram nas seis
principais regiões metropolitanas do País - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte,
Porto Alegre, Salvador e Recife - terão saído da pobreza e entraram na classe media. Os
dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do governo
federal, divulgados em junho e julho deste ano. Como conseqüência, a taxa de pobreza
nessas seis capitais do País - onde vive um quarto da população brasileira e são
produzidos dois quintos do Produto Interno Bruto (PIB) - cairá de 32,9% para 24,1%.
Ainda em agosto de 2008, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), uma respeitada entidade
independente, também confirmou o que o Instituto Target e o IPEA vinham
informando. Talvez a mais contundente mostra do que está ocorrendo no Brasil de hoje
está na já mencionada pesquisa "A Nova Classe Média"29, divulgado pelo pesquisador
Marcelo Neri, da FGV. De acordo com Neri, aumentou de 44,19% para 51,89% a
participação da classe C no total da População Economicamente Ativa (PEA) nas seis
principais regiões metropolitanas do País.
27
Matéria do site G1 de 17 de Marco de 2003.
28
Instituto Target é uma empresa de pesquisa de mercado sediada em São Paulo com tradição em pesquisas e amostragens.
29
Op.Cit.
• que tal movimento decorreu de políticas públicas adotadas nos últimos governos
a partir de 1994;
• que os novos integrantes da classe C podem ser considerados uma “classe média
emergente”, nos termos de Márcio Pochmann;
Vale recordar que, entre 1981 e 2002, a classe média encolheu. Em especial, os
setores localizados no estrato mediano da classe média – com renda entre R$2.500,00 e
R$5.000,00 – encolheram de 13,50% para 11.71%, de acordo com pesquisa de Waldir
Quadros30. Assim, o desempenho do candidato governista foi prejudicado pela crescente
insatisfação da classe média “media” e pela incapacidade dos programas
assistencialistas do governo Fernando Henrique Cardoso galvanizarem votos nas classes
populares para o candidato governista. Mesmo considerando que os setores mais pobres
tiveram benefícios com a introdução do Plano Real. No entanto, nos segmentos de renda
30
Op.cit.
acima de R$5.000,00, as perdas foram bem menores: o encolhimento no período entre
1981 e 2002 foi de apenas 0,20%.
Um exemplo das dificuldades que o então governo teve foi a tentativa de seu
próprio candidato, José Serra, em se apresentar como “mudança”, desprezando parte do
legado de Fernando Henrique Cardoso. Segundo o Estudo Eleitoral Brasileiro (ESEB
2006) elaborado pela cientista política Rachel Meneguello, Lula fez 26,0% dos votos
contra 15,5% de Serra entre os eleitores que ganham entre R$ 260,01 e R$ 520,00,
11,5% a 8,6% entre os que tem renda entre R$ 520,01 e R$ 780,00. Porém, Serra foi
vencedor entre os que ganham de R$ 780,01 a R$ 1.300,00 (10,3% a 6,8%) e entre os
eleitores com renda de R$ 1.300,01 a R$ 2.600,00 (8,6% a 1,7%). Como os mais
atingidos pelo desemprego era a população de classe média baixa, Lula tirou vantagem
nesse segmento. Por outro lado, Serra saiu-se melhor junto a classe média alta.
5. Considerações Finais
Entre os diversos fenômenos que podem ser aventados para explicar essa
dinâmica relativamente positiva na redução da indigência e da pobreza entre 2001 e
2004, obviamente devemos destacar a melhora das condições da economia brasileira,
especificamente neste último ano mencionado (quando o PIB cresceu 4,9% - o maior
crescimento desde 1994). Essa melhora teve impactos sobre o mercado de trabalho, com
aumento da ocupação e da massa de rendimentos do trabalho. Chame-se a atenção
também para o aumento real no valor do salário mínimo, que é instrumento importante
não só para o melhor funcionamento do mercado de trabalho, mas também para o
aumento da massa de rendimentos vinculados a transferências estatais
(fundamentalmente, benefícios da previdência e da assistência social). Acrescente-se,
por fim, as transferências dos programas assistenciais do governo que beneficiaram, na
época, mais de seis milhões de famílias.
31
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) foi instituído
em 1996, e implantado, nacionalmente, em 1º de janeiro de 1998, quando passou a vigorar a nova sistemática de redistribuição dos
recursos destinados ao Ensino Fundamental.A maior inovação do FUNDEF consiste na mudança da estrutura de financiamento do
Ensino Fundamental no País(1ª a 8ª séries do antigo 1º grau), ao vincular a esse nível de ensino uma parcela dos recursos
constitucionalmente destinados à Educação. A Constituição de 1988 vincula 25% das receitas dos Estados e Municípios à Educação.
Com a Emenda Constitucional nº 14/96, 60% desses recursos (o que representa 15% da arrecadação global de Estados e Municípios)
ficam reservados ao Ensino Fundamental. Além disso, introduz novos critérios de distribuição e utilização de 15% dos principais
impostos de Estados e Municípios, promovendo a sua partilha de recursos entre o Governo Estadual e seus municípios, de acordo
com o número de alunos atendidos em cada rede de ensino.
32
É um programa de transferência direita de renda com algumas condicionantes e visa beneficiar famílias cuja renda mensal seja
equivalente a uma faixa que vai de até R$120,00. O programa se pauta na articulação de três dimensões essenciais. São elas:
promoção do alívio imediato da pobreza, por meio da transferência direta de renda à família; reforço ao exercício de direitos sociais
básicos nas áreas de Saúde e Educação, por meio do cumprimentos de certas obrigações; e pela coordenação de programas
complementares, que têm por objetivo o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários do Bolsa Família consigam
Em especial, nas regiões mais pobres do país. A distribuição de recursos fez renascer
comunidades que mal sobreviviam no interior do pais. Em especial, no Norte e
Nordeste. A população abaixo da linha da pobreza caiu de 28,4% em 1999 para 19,3%
em 2007. Hoje, mais de 11 milhões de famílias dividem recursos na ordem de R$ 10
bilhões de reais. 25% da população brasileira está atendida diretamente pelos programas
assistenciais de transferência de renda.
No entanto, dois aspectos negativos devem ser ressaltados. O fato de que muito
das crianças e adolescentes trabalham quando deveriam estar dedicadas ao estudo. Tal
situação é vista no gráfico. A inserção na atividade econômica da população de 5 a 13
anos de idade, apesar de proibida por lei no país, não se alterou entre 2004 e 2006: o
nível de ocupação , manteve-se por volta de 4,5% nesse período. Na faixa de 5 a 9 anos
de idade, 237 mil crianças trabalhavam (1,4% do total); enquanto, entre as de 10 a 13
anos de idade, 8,2%, ou 1,2 milhão de pessoas, estavam ocupadas. Na faixa etária de 14
ou 15 anos, quando a legislação permite o trabalho em atividades relacionadas à
qualificação profissional, na condição de aprendiz, 1,3 milhão de pessoas (19,0%)
estavam ocupadas em 2006. Por fim, 2,4 milhões de adolescentes com 16 ou 17 anos de
idade (cerca de 1/3) trabalhavam – o que também é permitido, desde que não seja em
atividades noturnas, perigosas e insalubres. No total (5 a 17 anos de idade), 5,1 milhões
de crianças e adolescentes trabalhavam em 2006, um nível de ocupação de 11,5%,
pouco menor que o registrado em 2004 (11,8%). Em 2004, 24,8% dos adolescentes
superar a situação de vulnerabilidade e pobreza. São exemplos de programas complementares: programas de geração de trabalho e
renda, de alfabetização de adultos, de fornecimento de registro civil e demais documentos.
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Estudo “Aspectos Complementares de Educação, Afazeres Domésticos e Trabalho Infantil”, suplemento da Pnad 2006 (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios), realizado pelo IBGE em convênio com o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS).
entre 15 e 17 anos não iam à escola para trabalhar ou ajudar nos afazeres domésticos
Figura 4 – Taxa de escolarização das pessoas de 5 a 17 anos de idade, segundo os grupos de idade.
Processo Decisório
Injustiça Social no Brasil Pouca transparência
Inadequada distribuição
dos recursos públicos Legislação inadequada
34
CEPPAC-Universidade de Brasília
a) Como era de se esperar, 80% dos parlamentares acreditam que o voto da classe média
é importante para a sua eleição;
g) Apesar de o governo alardear que a classe média é a maior do pais, para 55% dos
pesquisados o país ainda não pode ser considerado um país de classe média;
h) 70% acreditam que a classe média possui uma posição ideológica de centro;
l) O programa do governo que mais influencia a classe média é o Plano Real: 70%;
m) 57,5% dos parlamentares acreditam que o programa bolsa família influencia pouco
as disposições políticas da classe média.
Examinando a pesquisa Arko Advice, fica evidente que a classe média possui
uma forte importância política, principalmente no que se refere à formação da opinião
pública e sua influência sobre os eleitores de outras classes. Um breve resumo da
pesquisa indicaria que, para os deputados federais, a classe média é eleitoralmente
importante, reflexiva, pragmática, centrista, não partidária, não é a maior classe do
Brasil (ao contrario do que afirma o governo), é intrinsecamente diversa, preocupada –
com a segurança pública, e dependente – sobretudo – do Plano Real (estabilidade
econômica) e que não se aproveita dos programas assistencialistas do governo.
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Vale um esclarecimento. Para Nery, a classe C seria a classe estatisticamente central por estar abaixo
das classe A e B e acima das classes D e E. No meu entendimento, a classe C se situa no extrato inferior
da classe média, abaixo das classes B2, B1 e A2, que também se inserem em um contexto de grande
e D pouco preocupadas com a política ideológica, revela uma dupla via de acesso ao
eleitorado: a via clientelista voltada para a distribuição direta de recursos e a promoção
da estabilidade econômica com desenvolvimento para os setores superiores da classe
média e, como bandeira eleitoral, a questão da segurança pública.
classe média ou das “classes médias” a partir do potencial de consumo. A classe A1 seria a elite
econômica.