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EMPREENDEDORISMO
AULA 3
Esta aula inicia-se com uma análise das oportunidades para empreendedores técnicos e das
vantagens que eles podem usufruir em relação aos empreendedores não técnicos. Depois aborda a
diferença entre o formato de startup e do formato de negócios tradicionais, mostrando ao
empreendedor a possibilidade de empreender nos dois formatos.
É abordada a temática de modelo de negócios e sua importância para análise do negócio. São
tratados alguns aspectos sobre a viabilidade econômica da oportunidade, aos quais o empreendedor
deve se atentar. E também se apresenta a ferramenta de plano de negócios com formatos mais
tradicionais e mais recentes.
conjunto de habilidades e conhecimentos e um título formal que lhe qualifica a exercer diversos cargos
em organizações variadas. Como alternativa, essas habilidades e conhecimentos podem ser muito úteis
no processo empreendedor, caso o indivíduo opte por criar seu próprio negócio.
Mais do que isso, o empreendedor técnico, seja engenheiro ou outra profissão da área de exatas,
deve utilizar seus conhecimentos e habilidades como uma vantagem competitiva em relação à
concorrência.
Mas quem são os concorrentes? Qualquer candidato a empreendedor que intencione atender o
mesmo mercado, segmento de mercado ou clientes que você. Uma das dificuldades em empreender
hoje é que rapidamente um negócio que mostre sucesso inicial (independentemente de ser sustentável
no médio/longo prazo) rapidamente atrai a atenção de outros “empreendedores” que copiam a ideia,
abrindo um negócio que se torna concorrente direto.
Para ilustrar, vamos utilizar o exemplo das barbearias: até por volta de meados dos anos 2000, era
um negócio cuja clientela ficou restrita aos clientes mais tradicionais ou mais velhos, pois os jovens já
frequentavam os salões de beleza para cortar cabelo. Também naquela época, barba era um atributo
que não estava na moda entre os homens brasileiros. Bastava fazer a barba em casa mesmo e sair com o
rosto limpo.
Por volta de 2010, surgiram algumas poucas barbearias renovadas e modernizadas, procurando
oferecer um ambiente para cuidados da beleza masculina fora dos tradicionais salões de beleza.
Decoração moderna, com toques de masculinidade e bebidas alcóolicas para consumo enquanto o
cliente era atendido. A proposta era proporcionar um “ambiente para macho” (Figura 1).
Por volta de 2015, em muitas cidades brasileiras, repentinamente começaram a surgir barbearias
nesse estilo em grande quantidade, principalmente as de pequeno porte: quanto menor, maior a
quantidade. Até um ponto que em determinados bairros e cidades havia mais barbearias do que clientes
dispostos a frequentá-las.
E por que isso aconteceu? Porque barbearia é um negócio fácil de abrir, principalmente as de
pequeno porte. O investimento é baixo, não há equipamentos caros ou complexos para operar e se você
não sabe cortar cabelo e fazer barba, não tem problema, tem curso on-line na Internet a partir de R$
Esse caso relaciona-se a um conceito de novos entrantes no mercado na análise das forças da
concorrência no modelo proposto por Porter (2015). Quanto mais difícil for, a possibilidade de novos
entrantes virem a atuar do mercado, melhor para quem já está no mercado, pois a concorrência não se
torna acirrada. O mecanismo que impede ou dificulta o movimento de novos entrantes é conhecido
como barreiras de entrada, que podem ser classificadas nas formas apresentadas no Quadro 1.
Tipos Exemplos
Financeiras Necessidade de capital elevada.
Acesso à fontes de financiamento.
qualquer novo entrante o ingresso no mercado e essa facilidade atrai muita gente. E isso acaba criando
um ciclo vicioso, pois como está aumentando o número de estabelecimentos, quem está de fora
erroneamente assume que isso está acontecendo porque a uma demanda reprimida. Mas infelizmente o
que acontece é um crescimento da oferta dissociada do tamanho da demanda, o que levará a maior
importância de procurar oportunidades de empreender que façam uso desse conhecimento. O foco
deve ser como usar esse conhecimento técnico para criar valor resolvendo dores ou trazendo ganho
para o consumidor.
formado pelas pessoas jurídicas, também conhecido pela sigla B2B (Business to Business).
Os mercados organizacionais são muito diversos, pois contam com empresas de todos os tipos,
desde uma padaria até uma montadora de automóveis como a Toyota. E ainda esse mercado inclui
órgãos governamentais e empresas estatais, que também precisam de produtos e serviços de terceiros
Apesar dessa grande diversidade, Churchil e Peter (2000, p. 174) mencionam que existem algumas
generalizações básicas que podem ser feitas a respeito desses mercados, aqui mostradas no Quadro 2.
Por ser muito mais racional do que emocional, o mercado organizacional valoriza e exige muito
precisam auxiliar na busca contínua por ganhos de produtividade. Isso exige fornecedores mais
qualificados que no caso do mercado para o consumidor final.
Assim, um empreendedor que monta uma empresa de manutenção de bomba hidráulicas vai ter
menos entrantes potenciais do que um empreendedor que monta uma restaurante.
O último item do Quadro 2 mostra que há muitas pessoas envolvidas na decisão de compra no caso
de consumidores organizacionais. Seguindo nessa linha, também pode-se acrescentar que no caso do
consumidor final, muitas vezes, quem executa todo o processo de compra é quem consumirá o produto
E como fica a proposta de valor para o consumidor organizacional? Para o consumidor final, já
vimos que focamos em segmentos específicos para os quais são construídas essas propostas. Para o
consumidor organizacional, a segmentação refere-se à organização em si, não às pessoas envolvidas no
processo de compra organizacional.
a proposta de valor para transações no business to business (B2B) tipicamente envolvem várias partes
interessadas na busca, avaliação, compra e uso do produto ou serviço. Cada uma dessas partes tem
perfis diferentes, com diferentes trabalhos, dores e ganhos.
Papel Descrição
Influenciadores Indivíduos ou grupos cujas opiniões podem contar e os quais o tomador de decisão pode ouvir, mesmo de
maneira informal.
Recomendadores As pessoas que realizam o processo de busca e avaliação e que fazem uma recomendação formal a favor ou
contra uma compra.
Compradores O indivíduo ou grupo que controla o orçamento e quem efetua a compra real. Suas preocupações são
econômicos tipicamente sobre desempenho financeiro e eficiência orçamentária.
Tomadores de A pessoa ou grupo responsável em última instância pela escolha de um produto / serviço e pelo pedido da
decisão decisão de compra. Os tomadores de decisão geralmente têm autoridade máxima sobre o orçamento.
Usuários finais Os beneficiários finais de um produto ou serviço. Eles podem estar dentro da organização (funcionários, por
exemplo) ou de uma organização (clientes, por exemplo). Os usuários finais podem ser passivos ou ativos,
dependendo de quanto eles contribuem no processo de decisão e compra.
Sabotadores As pessoas e grupos que podem obstruir ou atrapalhar o processo de pesquisa, avaliação e compra de um
produto ou serviço.
Provavelmente, você já ouviu falar do termo startup, que se tornou muito popular quando se fala
em criar um negócio. A pesquisa realizada no Google para esse termo no momento no qual este texto
foi escrito resultou em 350 milhões de resultados. Provavelmente, se você repetir essa busca, esse
número vai estar maior.
E por que falar desse assunto? Porque esse termo se tornou referência quando se fala de criar um
negócio, que é o propósito do empreendedor. E porque esse termo superou o termo anterior que era
referência quando se falava em criação de negócios: plano de negócio. Só para efeito de comparação,
esse termo resultou em 115 milhões de resultados de busca no Google, só que o conceito de plano de
Isso mostra a popularidade do conceito de startup! Mas então agora empreender significa ter que
criar uma startup? Se eu moro numa cidade pequena do interior da Região Norte do Brasil, vou ter que
criar uma startup para atender os moradores dessa cidade? Ou vou precisar mudar para a cidade de São
Mas antes de explicar esse dilema, vamos começar entendendo o que é uma startup. Para Toledo
(2013), “uma startup é uma organização formada para encontrar um modelo de negócio repetível e
Ou seja, se busca um negócio com perspectiva de grande crescimento em pouco tempo (escalável)
e com um formato de negócio que não se esgota rapidamente porque os consumidores só tiveram um
interesse inicial (repetível). Como exemplo entre tantas startups conhecidas, temos a Airbnb, que
Outro aspecto importante quando se fala em startup é o volume de investimento muito elevado,
pois, para escalar e crescer rapidamente, não pode ser por meio de um crescimento orgânico, no qual a
empresa vai conquistando clientes aos poucos. É preciso ter um porte grande rapidamente para atender
muitos clientes e conseguir obter receitas elevadas. Isso é uma característica desse modelo de empresa,
pois segundo Toledo (2013):
A maioria das startups tenta mudar o mundo com seus produtos ou serviços, mas a grande verdade
é que somente uma microparcela consegue. Empresas como Apple, IBM, Cisco, HP e Microsoft, os
exemplos mais célebres de startups bem-sucedidas, só chegaram até aqui após receber grandes
quantidades de investimentos financeiros. Sem esses aportes, as coisas seriam muito mais lentas e
difíceis, por isso é um pensamento unânime entre empreendedores que, para se construir uma startup
A startup precisa gerar valor para uma grande quantidade de clientes para justificar o
escalonamento e as grandes receitas. Nesse mundo, investidores colocam muito dinheiro esperando
ganhar muito mais dinheiro. E assim como todos os outros tipos de negócio, a taxa de insucesso
também é grande no mundo das startups. Para cada caso bem-sucedido e famoso, houve inúmeros
Figura 3 – Startups podem falhar assim como qualquer outro tipo de empresa
Assim como pouquíssimas pessoas ganham na loteria, pouquíssimos empreendedores criarão uma
startup de sucesso. Isso não quer dizer que seja uma questão de sorte, mas de entender que não é fácil
criar valor para o cliente, mesmo que o empreendimento conte com um grande volume de investimento.
Mas o lado muito bom do fenômeno das startups é o arcabouço de conhecimento e ferramentas
que foi criado, aperfeiçoado e disseminado para ser utilizado por empreendedores em qualquer meio ou
situação. Sem falar de cursos, profissionais e entidades que estão ao alcance desses empreendedores
para auxiliá-los na sua jornada.
Voltando ao dilema de se o meu negócio precisa ser uma startup para dar certo, podemos dizer que
não. Se você identifica uma oportunidade para ser atendida por uma startup, consegue definir uma
existe hoje.
Mesmo que você decida empreender em uma cidade pequena do interior da Região Norte do país,
esse lugar não está mais tão distante das novidades que chegavam primeiro nas grandes cidades. Com a
internet e os smartphones, a disseminação da informação é quase instantânea, independente da
distância geográfica. Assim, novos hábitos de consumo, por exemplo, chegam muito mais rápidos em
outros lugares, a partir de onde se originou.
Por exemplo, o assistente virtual da Amazon, o Alexa, está há alguns cliques de distância dos
brasileiros (Figura 4). Você ouve falar dele por um amigo no WhatsApp, faz uma busca no Google e
realiza a compra no site da Amazon Brasil e, em alguns dias, o Alexa estará entregue em sua casa.
Da mesma forma que produtos de última geração de elevado conteúdo tecnológico embarcado
estão acessíveis a qualquer pessoa, o ferramental que foi desenvolvido para negócios muito mais
dinâmicos e desafiantes está disponível para os empreendedores para auxiliá-los a criar qualquer tipo de
negócio, em qualquer lugar. Apenas há alguns cliques de distância.
TEMA 3 – A FERRAMENTA DE MODELO DE NEGÓCIO
Durante boa parte do século 20, o ambiente de negócios foi predominantemente estável, com uma
taxa de mudança muito baixa. Mas já ao final desse século, essa estabilidade histórica do ambiente
começou a se transformar em instabilidade, com uma taxa de mudança cada vez mais elevada e a
imprevisibilidade passou a ser a regra no mundo dos negócios.
Steven Blank percebeu a necessidade de novas abordagens para lidar com esse salto evolucionário
do ambiente e dos mercados, por consequência. Após anos de estudo buscando entender o que havia
mudado, ele escreveu o livro The four steps to the epiphany (no Brasil traduzido como “Do sonho à
realização, em 4 passos”).
No livro, Blank (2013) mostra que empreendedores ou empresas quando iam criar um produto novo
se utilizavam de uma abordagem de desenvolvimento de produtos que pode ser descrita na Figura 5.
Durante os tempos de estabilidade característicos do século 20, criar um produto consistia em:
Ter uma ideia do produto, transformar essa ideia em um conceito aceitável e buscar investidores
dispostos a financiar esse produto.
Desenvolver o produto, com a engenharia contratando os profissionais e definindo data de
entrega e custo do produto; do outro lado, o marketing analisa o tamanho do mercado e começa a
identificar e estudar os primeiros clientes.
O produto passa a ser testado na busca de falhas para correção pela engenharia e o marketing
Tanto que no livro o título do capítulo que trata dessa abordagem é “O caminho para o desastre: o
modelo de desenvolvimento de produto”.
A alternativa proposta por Blank (2013) para o modelo de desenvolvimento de produto é o modelo
de desenvolvimento de consumidor, descrito na Figura 6.
É no passo quatro que ocorre a ponte entre o Modelo de Desenvolvimento de Cliente e o Modelo
de Desenvolvimento de Produto, pois o primeiro é baseado em uma estrutura de aprendizado e
descoberta e o segundo é baseado em uma estrutura projetada para a execução.
Repare que, no passo dois, a Descoberta do Cliente, Blank (2013) fala em testar o modelo de
negócio, sendo um dos primeiros autores a mostrar a importância desse conceito. Alguns anos depois, o
Osterwald e Pigneur (2010) tornaram o conceito de modelo de negócio muito popular com a publicação
de seu livro Business Model Generation. E, ainda, o modelo de negócio originou o Modelo de Proposta
de Valor criado posteriormente por Osterwald et al. (2014). A Figura 7 mostra a evolução desses
modelos.
Figura 7 – Evolução dos modelos com enfoque no produto para o enfoque no valor
Como foi dito, o Business Model Generation, criado por Osterwald e Pigneur (2010), se tornou o
modelo de negócios mais conhecido após a publicação do livro. O grande apelo visual, a facilidade de
aprendizado e uso fizeram esse uma ferramenta muito utilizada no mundo das startups, mas também
serve para análise de negócios mais tradicionais.
O modelo de negócios de Osterwald e Pigneur (2010) segue uma lógica parecida com a dos
modelos propostos por Blank (2013). O lado direito do BMG Canvas se dedica ao aprendizado e
descoberta do cliente e o lado esquerdo se dedica à definição de uma estrutura organizacional focada
na execução, ou seja, na produção e entrega do produto. O Quadro 4 descreve os componentes básicos
do lado direito, focado no aprendizado e na descoberta do cliente.
Canais
Descreve como uma empresa se comunica e
alcança seus segmentos de cliente para
entregar uma proposta de valor.
Fontes de receita
Representa o dinheiro que uma empresa gera com cada segmento de cliente.
Fonte: baseado em Osterwald; Pigneur, 2010, p. 20-33.
Cabe destacar que os componentes Proposta de Valor e Segmento de Clientes foram desdobrados
e deram origem ao modelo de Canvas da Proposta de Valor elaborado posteriormente por Osterwald et
al. (2014). Isso ocorreu devido à dificuldade em identificar a proposição de valor para o cliente e a
necessidade de se dedicar mais a esse tema. O Quadro 5 descreve os componentes básicos do lado
esquerdo, focados na estrutura da empresa para execução e entrega do produto.
Estrutura de custos
Descreve todos os custos envolvidos na operação de um modelo de negócio
O propósito do BMG Canvas é fomentar a discussão e análise do modelo de negócio que crie valor
para o cliente. Para isso, os envolvidos devem levantar os elementos de cada quadrante utilizando post-
its, que podem facilmente ser alocados e realocados em uma folha como desenho do BMG Canvas.
Pode-se dizer que essa discussão do modelo é menos detalhada e mais qualitativa, pois é o momento
de se utilizar mais a criatividade para identificar formas inovadoras de se criar valor para os clientes.
Uma vez definido o modelo de negócio, o detalhamento para operacionalização do negócio, busca
de investidores potenciais e recursos necessários, pode ser feito utilizando-se a ferramenta Plano de
Negócio. Esta é mais detalhada, com muito mais informação e, pode-se dizer, com um enfoque mais
quantitativo.
TEMA 4 – ANALISANDO A VIABILIDADE ECONÔMICA
Ao utilizar a ferramenta BMG Canvas para definir o modelo de negócio para o futuro
empreendimento, discutiu-se e testou-se diversas hipóteses sobre a geração de valor para o cliente.
Mesmo se chegando em um consenso, pode ser que, ao se validar a proposta, descubra-se que algumas
suposições não estavam corretas e o modelo de negócio precise ser revisto.
Quando se olha para o BMG Canvas, nos componentes Fontes de Receita e Estrutura de Custos, eles
são baseados em previsões que podem ser confirmar ou não. Qualquer modelo de negócios somente
vai ser viável se ele mostrar capaz de gerar valor para o cliente em troca de uma receita que seja maior
do que os custos de produção do produto que gerou valor para esse cliente.
Caso contrário, a empresa até pode gerar valor para o cliente, mas com certeza não gerará valor
para si mesma. E não ter a sustentabilidade econômica é uma fórmula certa para o fracasso.
Quando essa frequência de compra não é regular, tem-se o que se chama de sazonalidade do
mercado: o volume de comprar em função do tempo varia, sendo baixo em alguns momentos e elevado
em outros. A sazonalidade pode ocorrer em diversos intervalos de tempo, como mostra o Quadro 6.
Intervalo da Exemplo
sazonalidade
Diária Padaria, que tem movimento maior no início da manhã e final da tarde
Semanal Salão de beleza, cujo maior movimento ocorre a partir do meio da semana.
Mensal Bancos, cujo maior movimento ocorre na primeira semana do mês, quando os clientes recebem seus
salários.
A demanda também é influenciada pelas forças competitivas identificadas por Porter (2015). Das
cinco forças identificadas (Figura 9), três delas influenciam no tamanho da demanda.
A ameaça de novos entrantes diz respeito a quão fácil é um novo concorrente se estabelecer no
mercado. A facilidade de entrada diz respeito a existência ou não de barreiras de entrada que impeçam
o ingresso desses entrantes: quanto mais barreiras existirem, mais difícil será entrar no mercado.
Cada novo entrante tomará uma parcela do mercado. Assim, numa situação hipotética, se quatro
empresas atuam no mercado, cada uma com 25% de participação, com a chegada de um novo entrante,
a participação de mercado se ajustaria para 20% para cada uma. Mesmo que esse novo entrante não
consiga se estabelecer, no tempo que ele permaneceu no mercado, sua atuação prejudicou os
concorrentes já existentes.
E caso as barreiras de entrada sejam poucas ou inexistentes, haverá um fluxo contínuo de novos
entrantes se estabelecendo no mercado, enquanto esses entrantes perceberem esse mercado como
atrativo.
diferentes, mas atendendo a uma mesma necessidade. Outro exemplo recente é o caso do Uber, que
atua no mercado de transportes individualizados, tirando clientes dos taxistas.
Por fim, a intensidade da rivalidade entre concorrentes. Quanto maior o número de concorrentes no
mercado, mais agressivas as ações desses concorrentes se tornam, na tentativa de conquistar os clientes,
já que estes possuem muitas opções de compras entre os concorrentes.
A viabilidade do negócio deve se basear em uma análise de demanda que levar em consideração a
quantidade de clientes potenciais, o volume de compra desses clientes e a frequência de compra em
condições normais. A receita decorrente da combinação dessas três variáveis deve ser suficiente para
cobrir os custos de operação da empresa.
E mesmo uma demanda regular, que sustente a empresa, a qualquer momento pode ser afetada
por alguns dos fatores discutidos até aqui, tornando o que era viável até então, inviável. Por isso é
importante estar antes da abertura da empresa e também após o início das operações.
O plano de negócio é uma ferramenta tradicional utilizada para auxiliar na criação de novos
negócios com muito tempo de uso. Para Chiavenato (2004, p. 128):
Por sua vez, Mendes (2017, p. 44) diz que o plano de negócio
para a concepção do empreendimento. Pode ser descrito também como um conjunto de planos
funcionais reunidos – marketing, financeiro, operacional, vendas etc., os quais servirão de base ou
referência para o início do novo negócio.
Qual é o conteúdo de um plano de negócio? Isso varia dependendo da proposta que for adotada.
Para Chiavenato (2004, p. 132), a estrutura de um plano de negócios deve ser composta de sete partes
básicas, a saber:
1. Sumário executivo.
5. Plano estratégico.
6. Plano operacional.
7. Apêndices.
A popularização da ferramenta de modelo de negócio fez com que alguns autores a considerassem
um dos itens do plano de negócio, como é o caso de Mendes (2017, p. 80), cujo modelo de negócio é
um dos sete passos que compõem a estrutura do plano de negócio, mostrada no Quadro 7.
Item Descrição
1. Sumário É uma síntese do plano de negócio completo contendo os principais pontos abordados em cada capítulo
executivo para despertar o interesse inicial do potencial investidor ou de quem lê; é o último item a ser elaborado.
2. Diretrizes Qual é sua a visão? Qual é a sua missão? Quais são os valores principais para o seu negócio?
estratégicas do
negócio
3. Modelo de Qual é o seu plano? Em que negócio você está? O que você realmente vende? Qual é o seu público-alvo?
negócio Quais são as suas vantagens competitivas?
4. Objetivos Volume de vendas para os próximos três a cinco anos, lucratividade esperada, taxa anual de crescimento,
estratégicos expansão do negócio etc.
5. Objetivos Em que atividades você precisa se empenhar para atingir seus objetivos estratégicos? Produtos e serviços,
táticos plano de marketing e vendas, fontes de financiamento, equipes de trabalho etc.
7. Indicadores Qualquer agente financeiro, quando se consegue um, quer saber se vale a pena colocar dinheiro no seu
financeiros empreendimento; portanto, quanto mais consistentes forem os dados, maior a chance de conseguir uma
boa
alma para financiar o seu negócio.
Mas compensa fazer um plano de negócio? Mendes (2017, p. 49) apresenta algumas razões para se
fazer um plano de negócio, listadas no quadro 8.
Por outro lado, o plano de negócios como ferramenta tem alguns pontos fracos, a saber:
Exige conhecimento especializado para as diferentes áreas abordadas no plano, sendo necessário
o auxílio de um ou mais especialistas para análise dos conteúdos envolvidos.
Pode demorar muito tempo para ficar pronto, o que num ambiente estável, com uma velocidade
de mudança baixa, era aceitável. Num ambiente de mudanças rápidas, essa demora pode significar
que um competidor mais rápido entre primeiro no mercado.
Não capta as peculiaridades do ambiente de negócio atual baseado na mudança rápida – Uma
ferramenta de análise modelo de negócio é mais adequada.
Pode gerar um excesso de informação que pode confundir ou desanimar o empreendedor ou
A ferramenta plano de negócio continua tendo sua validade, mas precisa ser contextualizada e
adaptada aos novos tempos. Usando como exemplo a necessidade de entretenimento das pessoas
assistindo filmes, começou com o cinema, depois a TV aberta, locadora de vídeos, TV a cabo e
finalmente a Internet.
Desses negócios, a locadora de vídeo foi o único negócio acessível aos pequenos empreendedores.
Havia uma locadora pelo menos em toda cidade pequena ou em cada bairro de cidades maiores. Foi um
negócio estável por quase 30 anos e elaborar um plano de negócio para uma locadora era um exercício
fácil, pois o modelo de negócio se estabilizou e se tornou previsível. Agora veja o Quadro 9.
As locadoras de vídeo conseguiram sobreviver às TVs a cabo e até à pirataria com os DVDs vendidos
pelos ambulantes nas esquinas do comércio. Mas não conseguiram sobreviver à Netflix, que consolidou
o modelo de negócio do vídeo streaming. Outros competidores seguiram esse modelo, como Amazon
Prime, Apple TV e Youtube.
Mas além da concorrência de filmes e seriados, com cada plataforma fazendo suas produções
originais, há uma concorrência pela atenção do espectador, na qual ele pode preferir vídeos caseiros e
amadores, disponíveis no Youtube ou no Tik-Tok, que está “nas trends agora”.
Além de ter que dar conta desses ambientes de mudança rápida e pouco previsíveis, há um outro
obstáculo que a ferramenta plano de negócios precisa dar conta. Com o fenômeno das startups,
principalmente em busca do próximo unicórnio (startups – normalmente de tecnologia – cujo valor de
mercado é maior que 1 bilhão de dólares) surgiram uma quantidade imensa de ideias candidatas a
unicórnio.
Só que “peneirar” as ideias com potencial de sucesso é um processo trabalhoso. Por isso, surgiu o
termo elevator pitch no mundo das startups (Figura 11): você tem cerca de cinco minutos para vender
sua ideia para um investidor – a analogia é com o tempo que se leva para se deslocar utilizando um
elevador em um edifício. Ou seja, durante o trajeto do elevador – no qual supostamente o investidor não
tem nada para fazer, você tem que vender sua ideia. E nessa ocasião, não tem como entregar na mão do
investidor potencial um relatório de plano de negócio de 200 páginas.
Buscando atender a essa nova realidade, propostas de formatos de planos de negócio mais
concisos e enxutos foram desenvolvidas. Uma das mais conhecidas é a proposta da Sequoia Capital, que
é uma das empresas de capital de risco mais influentes do Vale do Silício e que criou seu próprio Guia de
Pitching para que os empreendedores interessados apresentassem sua ideia de negócio de uma forma
concisa, clara e segura. Veja o conteúdo desse guia no Quadro 10.
Problema Descreva a dor do seu cliente. Como isso é abordado hoje e quais são as deficiências das soluções atuais.
Solução Explique seu momento eureka. Por que seu valor é único e atraente? Por que isso vai durar? E para onde
vai daqui?
Por que agora? As melhores empresas quase sempre têm um claro por que agora? A natureza odeia o vácuo. Então, por
que sua solução não foi construída até agora?
Potencial de Identifique seu cliente e seu mercado. Algumas das melhores empresas inventam seus próprios mercados.
mercado
Concorrência / Quem são seus concorrentes diretos e indiretos? Mostre que você tem um plano para vencer.
alternativas
Visão Se tudo correr bem, o que você terá construirá em cinco anos?
Esse formato para resumir as informações essenciais do plano de negócio serve tanto para
potenciais investidores em startups, mas também para empreendedores em negócios tradicionais que
não tem tantos recursos para fazer um plano de negócio extenso.
Seguindo nessa linha de ferramentas mais resumidas, Tim Berry escreveu um livro denominado Lean
Business Planning, propondo um formato de plano de negócios enxuto, que permite de uma maneira
fácil e prática alinhar estratégia, tática, marcos, premissas e fluxo de caixa sem a complicação de um
plano de negócios completo.
Dessa forma Tim Berry desenvolveu o Lean Business Plan Template que oferece ao empreendedor
três coisas que ele precisa no seu processo de planejamento (Parsons, 2020):
1. Foco: em vez de desenvolver um plano de negócios tradicional e demorado, o Lean Business Plan
exige que os empreendedores se concentrem nos principais impulsionadores de seus negócios e
encontrem uma estratégia que realmente traga sucesso.
2. Simplicidade: qualquer pessoa pode começar a usar o modelo do Lean Business Plan sem
3. Flexibilidade: o planejamento bem-sucedido visa revisar sua ideia enquanto você tenta aprender
coisas novas. O modelo do Lean Plan (plano enxuto) é fácil de atualizar e ajustar conforme você avança.
O Lean Business Plan possui 12 elementos que proporcionam uma visão compreensiva de um
negócio e suas estratégias. Um dos destaques é a possibilidade de fazer o encaixe produto-mercado,
auxiliando os empreendedores a identificar o problema chave dos clientes e como a solução proposta
atende as necessidades desses clientes. O template para o Lean Business Plan pode ser visualizado no
Quadro 11.
Identidade
Receita Despesas
Marcos
Cada um dos 12 elementos do Lean Business Plan segue com uma breve descrição (Parsons, 2020).
O plano de negócio é uma ferramenta útil para reunir informações e análises sobre um potencial
negócio. Há diversos formatos de planos de negócio disponíveis para uso dos empreendedores. O mais
importante é que o empreendedor escolha um formato que seja adequado as suas necessidades e ideia
de negócio que pode ser uma combinação entre as opções apresentadas no Quadro 12.
Uma dica é começar pequeno e rápido, com planejamentos e análises que facilitem a tomada de
decisão do empreendedor. Conforme os esforços seguem para a criação do negócio, novas elementos e
ferramentas podem ser adicionados para o planejamento e análise, caso seja necessário.
FINALIZANDO
Nesta aula, você vislumbrou que o conhecimento e habilidades técnicas adquiridas na graduação
podem ser constituir em uma vantagem competitiva em relação a outros empreendedores que venham
a criar o seu negócio. É necessário entender que você deve empreender oferecendo produtos e serviços
com base no seu conhecimento, que possam criar valor para um segmento de clientes.
O formato de startup é promissor em termos de lucratividade, mas também enfrenta as dificuldades
de todo novo negócio para ser bem-sucedido. É valido empreender, seja no formato de negócio
tradicional ou de startup, desde que, em ambos os casos, o empreendedor tenha uma proposta de valor
a oferecer.
A definição do modelo de negócio a ser seguido pelo empreendimento aumenta muito as chances
de sucesso para ele, pois as ferramentas de modelos de negócio permitem a análise de vários
componentes que são importantes para criar valor para o cliente.
O futuro empreendedor deve prestar atenção no tamanho da demanda do mercado que pretende
atuar. Tão importante quanto criar uma proposta de valor para o cliente, é ter clientes suficientes
dispostos a consumir no seu futuro negócio.
E, por fim, a ferramenta plano de negócio pode ser muito útil para reunir informações e análises
sobre o futuro empreendimento, podendo ser utilizada na concepção do negócio, mas principalmente
na sua estruturação. Além disso, hoje há formatos de planos de negócio mais enxutos e adaptado aos
tempos de mudanças rápidas que se vive hoje.
REFERÊNCIAS
BLANK, S. The Four Steps to the Epiphany: Successful Strategies for Products That Win. K&S
Ranch: Palo Alto, 2013.
CHURCHIL, G. A.; PETER, J. P. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo: Saraiva, 2000.
OSTERWALDER, A. et al. Value proposition design: how to create products and services customers
want. New Jersey: John Wiley & Sons, 2014.
OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios.
Rio de Janeiro: Alta Books, 2010.
PARSONS, N. An easier business model canvas template: The Lean Plan Template. The Live Plan
Blog. 2020. Disponível em <https://www.liveplan.com/blog/an-easier-business-model-canvas-template-
the-lean-plan-template/>. Acesso em: 8 dez. 2020.
TOLEDO, M. Dono: um caminho revolucionário para o sucesso da sua empresa. Rio de Janeiro, Alta
Books, 2013.