Cultivo, é o segundo volume de um conjunto de três, que foram escritos como parte
das atividades do Projeto Microalgas, desenvolvido com o objetivo de estudar as
2 MICROALGAS DE ÁGUAS CONTINENTAIS
VOLUME 2
PRODUÇÃO DE
trabalhos científicos, revisões de literatura e publicações que tratam do tema
microalgas. Além disso, é apresentado um roteiro para a realização de buscas
nas principais bases de dados mundiais. Na sequência, é discutido o biodiesel
produzido a partir das microalgas, as técnicas de cultivo destes microrganismos
BIOMASSA E
para essa finalidade e as exigências climáticas para o cultivo massal em diferentes
regiões do Estado do Paraná. Também é considerado o aproveitamento de resíduos
agroindustriais paro o cultivo de microalgas, como forma de destinação desses
resíduos. Fotobiorreatores abertos e fechados para o cultivo massal são abordados
COPRODUTOS
e os principais fatores bióticos e abióticos que podem influir na eficiência do
cultivo são descritos. Também é apresentado um estudo de caso com dados reais
ISBN 858818449-4
9 788588 184497
Diva Souza Andrade
Arnaldo Colozzi Filho
Editores
FLORINDO DALBERTO
Diretor-Presidente
PRODUÇÃO DE
BIOMASSA E
COPRODUTOS
Diva Souza Andrade
Arnaldo Colozzi Filho
Editores
Editor ExEcutivo
Álisson Néri
rEvisão
diagramação
imprEssão
Midiograf
distribuição
Área de Difusão de Tecnologia - ADT
adt@iapar.br | (43) 3376-2373
tiragEm: 1.000 exemplares
Trabalho realizado em parceria com a Fundação de Apoio
à Pesquisa e ao Desenvolvimento do Agronegócio (FAPEAGRO).
Todos os direitos reservados.
É permitida a reprodução parcial, desde
que citada a fonte.
É proibida a reprodução total desta obra.
Inclui bibliografia.
Conteúdo: v.1. Potencialidades e desafios do cultivo - v.2.
Produção de biomassa e coprodutos - v.3. Coleção IPR de
microalgas.
ISBN 978-85-8818-449-7 (obra compl.)
CDU 582.26
Alexandra Scherer
Engenheira Agrônoma, doutora em Agronomia
Professora, Universidade Norte do Paraná
Londrina, Paraná, Brasil
ascherer2000@gmail.com
Antônio Costa
Engenheiro Agrônomo, doutor em Agronomia
Pesquisador, Instituto Agronômico do Paraná
Londrina, Paraná, Brasil
antcosta@iapar.br
Krisle da Silva
Engenheira Agrônoma, doutora em Microbiologia Agrícola
Pesquisadora, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Boa Vista, Roraima, Brasil
krisle.silva@embrapa.br
É
nosso dever preservar o meio ambiente para as
futuras gerações, um compromisso que afeta
praticamente todas as áreas da atividade hu-
mana e, em particular, leva à busca de alternativas
renováveis de energia para a promoção do desenvol-
vimento econômico e social.
Com essa preocupação, Instituto Agronômico do
Paraná (IAPAR), Companhia Paranaense de Energia
Elétrica (COPEL) e Fundação de Apoio à Pesquisa e
ao Desenvolvimento do Agronegócio (FAPEAGRO)
iniciaram o PROJETO MICROALGAS, em 2009, com
o objetivo de investigar o potencial desses microrga-
nismos como alternativa energética.
A dedicada equipe avançou na coleta, classifica-
ção e identificação, cultivo em diferentes meios de
cultura e chegou a definir parâmetros para avaliar a
quantidade e qualidade do material graxo e dos co-
produtos que possam vir a ser de interesse tecnológi-
co e comercial.
Como resultado, além do fortalecimento da pes-
quisa em energias renováveis, chegou-se a uma vas-
ta diversidade de informações úteis à comunidade
científica e ao desenvolvimento da matriz energéti-
ca brasileira e mundial, compiladas em três volumes
Florindo Dalberto
Diretor-Presidente do IAPAR
A
ocorrência de microalgas em diversos ambien-
tes, principalmente em ambientes aquáticos
marinhos e continentais confere a esse grupo
de microrganismos uma imensa versatilidade metabó-
lica. Sua participação em diversos processos de impor-
tância ecológica é bastante conhecida, sendo destacado
o seu papel na realização de fotossíntese e fixação do
CO2, contribuindo não apenas para a disponibilidade de
oxigênio para a respiração de quase todos os seres vi-
vos do planeta, como também para a redução dos riscos
apresentados pelos gases do efeito estufa. Além disso,
algumas microalgas possuem a capacidade de fixar o ni-
trogênio atmosférico em vida livre ou em associações, o
que as coloca numa posição de destaque como micror-
ganismos que participam nos dois processos responsá-
veis pela manutenção da vida em nosso planeta.
Além de sua importância ecológica, muitas microal-
gas são capazes de produzir quantidades significativas
de biomassa que pode ser utilizada como fertilizantes,
enriquecendo os solos e outros ambientes, bem como
apresentam facetas metabólicas como a produção de
pigmentos e lipídeos em quantidades que as tornam po-
tenciais candidatas à utilização em programas de gera-
ção de energia, através da produção de biocombustíveis.
Mesmo com todas essas qualidades, a explora-
PARTE 1
CAPÍTULO 1
ESTRATÉGIAS DE BUSCA
DE ARTIGOS CIENTÍFICOS
COM ENFOQUE EM MICROALGAS PARA BIOENERGIA .......... 35
Introdução ................................................................. 37
Referências ................................................................ 58
Referências ................................................................ 85
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR
DE MICROALGAS ........................................................... 353
Introdução ................................................................. 355
9.1 Caracterização das Estirpes da Coleção
IPR de Microalgas ................................................... 356
9.1.1 Análise BOX-PCR para caracterizar
estirpes de microalgas .................................................. 356
9.1.2 Diversidade genética de estirpes
de microalgas.................................................................. 364
9.2 Agrupamento de Estirpes de Microalgas
pela Técnica PCR-RFLP ............................................. 367
9.3 Análise de Genes Específicos .................................... 371
9.4 Sequenciamento dos Genes 16S e 18S
RNA das Microalgas ................................................ 373
9.4 Ocorrência de Gêneros de Microalgas
em Águas Continentais do Paraná ............................. 376
9.5 Sequenciamento de Microalgas ................................ 377
9.6 Sequenciamento do Genoma
de Microalgas ............................................................. 379
Considerações Finais .................................................... 386
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 12
INOCULAÇÃO DE CIANOBACTÉRIAS EM
LEGUMINOSAS E GRAMÍNEAS ......................................... 445
Introdução ................................................................. 447
12.1 Potencial da Inoculação de Cianobactérias ................ 449
ESTRATÉGIAS DE BUSCA
DE ARTIGOS CIENTÍFICOS
COM ENFOQUE EM MICROALGAS
PARA BIOENERGIA
Helder Rodrigues da Silva
Freddy Zambrano Gavilanes
Maria Elisabeth da Costa Vasconcellos
Diva Souza Andrade
Introdução
Neste capítulo, o objetivo é apresentar o caminho para
realizar “busca” por informações bibliográficas sobre temas
de interesse em uma plataforma online e, também, conhecer
o número e o desenvolvimento (incremento) das publicações
relacionadas com o tema microalgas e bioenergia ao longo do
tempo.
Esse tipo de levantamento bibliográfico de dados quantita-
tivos e qualitativos é de extrema importância para tomada de
decisões de cunho técnico cientifico, pois assim é possível evi-
denciar as áreas de pesquisas em ascensão, a produtividade de
instituições e países, revistas, autores, artigos e instituições em
destaque na produção intelectual e cientifica. Essa busca deve
ser conduzida de acordo com o tema de interesse e o objetivo
da pesquisa e para isso é necessário estabelecer critérios para
a escolha da (s) plataformas de dados bibliográficos e também
para a seleção dos artigos de interesse.
Nas últimas décadas, o tema microalgas tem sido abordado
em diversas pesquisas de grande interesse mundial, e isso se
deve principalmente à capacidade desses microrganismos em
produzir metabólitos de grande interesse biotecnológico e com
curto tempo de crescimento comparado com culturas oleagino-
sas. Desta forma a biomassa produzida pelas microalgas pode
ser empregada como matéria-prima para a produção de bio-
combustíveis, produção de fármacos, alimentação humana e
animal, entre outras aplicações. Nas ultimas três décadas, uma
das linhas de pesquisa neste tema com destaque é a da utiliza-
ção da biomassa de microalgas para produção de biocombustí-
veis, principalmente para produção de biodiesel.
A revisão sistemática (RS) e a meta-análise (MA) relaciona-
das a qualquer tema científico dão confiabilidade para as con-
clusões da busca (SAMPAIO et al., 2007). Neste sentido as RS e
MA são métodos sistemáticos para evitar vícios (viés) e possibi-
litar uma análise mais objetiva dos resultados facilitando uma
1800
1600
1400
Número de documentos
1200
1000
800
600
400
200
0
1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
Anos
Colômbia 70
Chile 95
Brasil 285
Austrália 565
França 681
Espanha 717
China 1016
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
Número de documentos
142
1 os de ocumentos
202 18
17
22
77
97
Art o
on er nc er
7780 e s o
Art o m reso
nde n do
tu o de ro
e uen s es u s s
Not
A ri ultura e Ci n ias Biol i as
Ci n ia e Ambiente
Bio u mi a en ti a e en ti a ole ular
46 En enharia u mi a
10
munolo ia e i robiolo ia
8 4
u mi a
41
1 erra e Ci n ias lanetárias
En enharia
Ener ia
edi ina
10 0
04
1 20
22 4
0 20 40 60 80 100
Número de u c es er d s
drobiolo ia 6
ournal o h olo 1 8
A ua ulture 20
70
60
40
Número de documentos
20
10
0
1 80 1 8 1 0 1 2000 200 2010 201 2020
Anos
16
17
66
0 10 20 0 0 50 60 70
Número de documentos
1 1 1
1 1
11
2
1 1
Arti o e is o
Con er n ia paper Arti o impreso
Cap tulo de li ro i ro
e is o de o eren ias Errata
e ueno in u rito esumo reportado
re de u c es
1
26 8
2
Ci n ia e Ambiente
En enharia u mi a
Bio u mi a en ti a e en ti a ole ular
41 Ener ia
A ri ultura e Ci n ias Biol i as
4 munolo ia e i robiolo ia
En enharia
u mi a
edi ina
6 F si a e Astronomia
A nstitut ational de a
0 1 2 4 6 8
Número de u c es
600
00
00
200
100
0
1970 1980 1990 2000 2010 2020
nos
e 9
o om 26
r s
or do u 74
Austr 82
nd 96
n 207
st dos n dos 41
1 1 42 4
1 4
208 11
2 4
41 606
412
En enharia u mi a
Ci n ia e Ambiente
Bio u mi a en ti a e en ti a ole ular
Ener ia
A ri ultura e Ci n ias Biol i as
En enharia
munolo ia e i robiolo ia
u mi a
Figura 1.8. Número de documentos encontrados com a busca, utili-
zando os termos Microalgae and Biofuel*. Pesquisa rea-
lizada a partir de 1979 até 12/06/2014: (a) tipos e (b)
áreas de pesquisas. Fonte: SCOPUS 2014.
Uni o ueensland 20
Uni nd de antander 21
orea Ad nst o e h 21
sin hua Uni 21
a enin en Uni and es C 21
onash Uni 2
at en Ener ab 2
at Chen un Uni 2
Uni innesota C 2
Chinese A 2
0 10 1 20 2 0
Número de u c es
Biote hnolo Ad an es 24
Al al esear h 0
Applied Ener 2
Bioresour e e hnolo 2
0 0 100 1 0 200 2 0 00 0
No de er od cos e ed tor s
Considerações Finais
Desde o ano 1963 até 2014 usando a base de dados SCO-
PUS com o termo Microalgas foram encontrados 10.037 docu-
mentos publicados. No ano de 2013 teve maior número de
publicações sendo 16,66% do total.
Quando os termos Microalgae, Microalgae and Bioenergy e
Microalgae and Biofuel* foram utilizados os maiores percentu-
ais das publicações foram observados nos EUA e China.
Na plataforma Scopus, utilizando o termo Microalgae, foi
observado incremento no percentual de publicações em vários
países, os EUA tiveram um incremento de 17,9% e a China de
10,12%. Alterando os termos para Microalgae and Biofuel os
EUA mostraram um aumento de 33,86% e China 12,31%. O
mesmo padrão de percentagem de incremento nestes países foi
observado com a busca com Microalgae and Bioenergy.
Ás áreas que obtiveram maior número de publicações até
a atualidade com o termo Microalgae foram as da Agricultura
e Ciências Biológicas, seguidas de Ciências Ambientais; com o
termo Microalgae and Bioenergy foram Ciências Ambientais e
Engenharia Química; já com os termos Microalgae and Biofuel,
a Engenharia Química e Ciências Ambientais lideram sendo as
publicações escritas mais na forma de artigo seguidas daquelas
escritas na forma de resumo de conferência.
Entre as principais instituições que geraram mais publi-
cações com o termo Microalgae destaca-se a Universidad de
Almería (Espanha), Université de Nantes (França). Com o termo
Microalgae and Bioenergy a University of Georgia (Estados Unidos
da América, EUA) e Conseil National de Recherches (Canadá) e
com o termo Microalgae and biofuel Chinese Academy of Scien-
ces (China) e University Minnesota (Estados Unidos da América,
EUA).
Estudos com o tema envolvendo microalgas são de grande
interesse mundial, com pesquisas importantes nos diferentes
continentes, especialmente no Americano com os Estados Uni-
Referências
KHAN, K.; R. KUNZ; J. KLEIJNEN; G. ANTES. Five steps to conducting a
systematic review. J R Soc Med., v. 96, n. 3, p. 118-121. 2003.
MARTIN, M.; A. J. E. FONSECA. A systematic literature review of biofuel
synergies. L. U. Linköping University Environmental Technology and
Management, Se-581 83 Linköping, Sweden 51 p. 2014.
SAMPAIO, R.; M. MANCINI. Estudos de revisão sistemática: um guia para
síntese criteriosa da evidência científica. Rev. Bras. Fisioter, v. 11, n. 1,
p. 83-89. 2007.
SILVA, V.; E. LOPES; E. ANDRADE; R. SOUSA; M. ZANGERONIMO; L.
PEREIRA. Use of biodiesel co-products (Glycerol) as alternative sources
of energy in animal nutrition: a systematic review Uso de co-productos
de biodiesel (Glicerol) como fuentes alternativas de energía en la
alimentación animal: una revisión sistemática. Arch Med Vet v. 46, p.
111-120. 2014.
Introdução
As microalgas representam um grupo bastante diverso de
microrganismos e, embora muitos as definam apenas como
fotossintetizantes, estudos recentes sobre sua bioquímica têm
demonstrado ampla versatilidade metabólica. Destaca-se que
há espécies de microalgas heterotróficas, capazes de oxidar
compostos orgânicos externos como fonte de carbono e ener-
gia. Há ainda espécies mixotróficas, capazes de realizar fotos-
síntese e também oxidar fontes de carbono, e espécies fotohe-
terotróficas, as quais necessitam de luz para oxidar compostos
orgânicos (BUMBAK et al., 2011; CHOJNACKA; MARQUEZ-
-ROCHA, 2004).
Desde o início dos estudos sobre a produção de microalgas,
tem predominado o cultivo baseado no metabolismo fotoauto-
trófico destes microrganismos (CARVALHO et al., 2006; CHEN,
1996). No entanto, é importante considerar a versatilidade das
microalgas ao se desenvolver sistemas de produção. A escolha
de qual o melhor sistema para o cultivo envolve vários fatores
como: objetivo da produção (produto ou processo almejado),
bem como as características da microalga. Destaca-se que cada
sistema apresenta vantagens, desvantagens e desafios tecnoló-
gicos próprios.
Nos últimos dez anos, têm despontado estudos que focam
o cultivo heterotrófico e mixotrófico das microalgas. De acordo
com a literatura, esta forma de cultivo apresenta a vantagem
de não necessitar de uma fonte luminosa, o que permite a pro-
dução em maiores volumes e com altas densidades, já que não
há a limitação quanto à penetração da luz. Além disso, o cul-
tivo heterotrófico pode ser feito em biorreatores com tecnolo-
gias já estabelecidas, o que favorece o controle de parâmetros.
O cultivo heterotrófico necessita de menor área para instala-
ção e, em geral, as espécies de microalgas com esta forma de
metabolismo apresentam altas produtividades. As principais
desvantagens e os desafios para o cultivo heterotrófico seriam:
u nt d de de
u c es
60
20
0
1978 1991 1996 2001 2006 2011
no
rt os
80
70
60
50
0
0
20
10
0
ses
u nt d de de
u c es
1
12
10
0
1991 199 1997 2000 200 2006 2009 2012
nos
2 2
Figura 2.3. Evolução das publicações dos EUA e China entre 1991 e
2012, de acordo com o levantamento bibliográfico com
os termos “microalgae” e “heterotrophic”.
Figura 2.4. Mapa das correlações entre os 20 países que mais pu-
blicam sobre os termos “microalgae” e “heterotrophic”.
Quanto mais forte o tracejado, maior a correlação en-
tre os países.
rt os
18
16
12
10
nos
Figura 2.7. Mapa das correlações entre os 20 autores que mais pu-
blicam sobre o cultivo heterotrófico de microalgas.
Quanto mais forte o tracejado, maior a correlação entre
os países.
100
90
80
70
60
50
0
0
20
10
0
1990 199
1995 1999
2000 200
2005 2009
2010 2012
corr nc
100
90
80
70
60
50
0
0
20
10
0
utores
corr nc
100
90
80
70
60
50
0
0
20
10
0
utores
5 5 1
1
26
11
11
16
Cultivation,
photobioreactor Chen, Chun-Yen; Yeh,
design and harvesting Kuei-Ling; Aisyah,
2011
of microalgae for Rifka; Lee, Duu-Jong;
biodiesel production: A Chang, Jo-Shu.
critical review
Huang, GuanHua;
Biodiesel production
Chen, Feng; Wei, Dong;
by microalgal 2010
Zhang, XueWu; Chen,
biotechnology
Gu.
The technology of
2008 Eriksen, Niels Thomas
microalgal culturing
Estuda a mudança na
composição da biomassa em
função do meio de cultivo
The dynamics of heterotrophic
heterotrófico e do tempo de
algal cultures (H. de la Hoz
cultivo. Propõe um modelo para
Siegles, 2011)18.
cultivo fed-batch heterotrófico
da microalga Auxenochlorella
protothecoides.
Cultiva em condições
heterotróficas a microalga
Biodiesel production from Chlorella protothecoides e
heterotrophic microalgal oil compara formas de obtenção do
(XIAOLING MIAO, 2006)13. biodiesel a partir da biomassa,
bem como as características
finais deste biocombustível.
Heterotrophic production of
O foco é a produção de ômega-3
long-chain omega-3-fatty-
com microrganismos, com
acids utilizing agae and algae-
destaque para as microalgas
like microorganisms (W. R.
heterotróficas.
BARCLAY, 1994)24.
Considerações Finais
A mineração textual é uma importante metodologia para
se fazer um panorama geral sobre as publicações em determi-
nado tema. Neste estudo, esta metodologia permitiu observar a
evolução das publicações sobre cultivo heterotrófico ao longo
dos anos. Percebeu-se que a quantidade de publicações vem
aumentando com o tempo, caracterizando o tema como emer-
gente.
Os principais países que publicam sobre o cultivo hetero-
trófico de microalgas são EUA e China, sendo que esta iniciou
suas pesquisas mais tardiamente, porém, conta com o autor
que mais publica sobre o tema: Feng Chen, da Universidade de
Honk Kong. As publicações chinesas sobre o cultivo heterotró-
fico concentram-se nas seguintes áreas: Biotecnologia e Micro-
biologia Aplicada (33,4%) e Microbiologia e Biologia Molecular
(18,6%). Já os EUA apresenta uma maior diversificação quanto
aos campos de publicação sobre este tema, destacando-se nas
seguintes categorias: Biologia marinha, aquática e piscicultura
(42,9%), Ecologia e Ciências Ambientais (20,1%) e Biotecnolo-
gia e Microbiologia Aplicada (10,7%).
Os principais gêneros de microalgas citados nas palavras-
-chaves dos artigos são Chlorela, Cryphecodinium, Nitzschia,
Tetraselmis e Chlamydomonas. Entre as espécies, as que mais
constaram nas publicações foram Chlorela protothecoides e C.
vulgaris; as quais vem se mostrando promissoras para o cultivo
heterotrófico.
Por ser uma tecnologia emergente, percebe-se que o cul-
tivo heterotrófico ainda necessita de vários estudos e desenvol-
vimento tecnológico. No entanto, esta área vem se mostrando
promissora, sendo que há trabalhos que citam sua aplicabi-
lidade para produção de vários compostos. Percebe-se que é
cedo para pensar na viabilidade econômica do processo, pois
ainda não se tem toda a tecnologia desenvolvida; porém, como
o cultivo heterotrófico de outros microrganismos já é bem
Referências
AZMA, M.; MOHAMED, M. S.; MOHAMED, R.; RAHIM, R. A.; ARIFF, A.
B. Improvement of medium composition for heterotrophic cultivation of
green microalgae, Tetraselmis suecica, using response surface methodology.
Biochemical Engineering Journal, v. 53, p. 187-195, 2011.
BAO, F.; HE, X.; ZHAO, F. Applying Data Mining to the Geosciences Data.
Physics Procedia, v. 33, p. 685-689, 2012.
BARCLAY, W. R.; MEAGER, K. M.; ABRIL, J. R. Heterotrophic production
of long chain omega-3 fatty acids utilizing algae and algae-like
microorganisms. Journal of Applied Phycology, v. 6, p. 123-129, 1994.
BUMBAK, F.; COOK, S.; ZACHLEDER, V.; HAUSER, S.; KOVAR, K.
Best practices in heterotrophic high-cell-density microalgal processes:
achievements, potential and possible limitations. Applied Microbiology
Biotechnology, v. 91, p. 31-46, 2011.
CARVALHO, A. P.; MEIRELES, L. A.; MALCATA, F. X. Microalgal Reactors:
A Review of Enclosed System Designs and Performances. Biotechnology
Progress, v. 22, n. 6, p. 1490-1506, 2006.
CHEN, F. High cell density culture of microalgae in heterotrophic growth.
Trends in Biotecnhology, v. 4, p. 421-426, 1996.
CHEN, C-Y.; YEH, K-L.; AISYAH, R.; LEE, D-J; CHANG, J-S. Cultivation,
photobioreactor design and harvesting of microalgae for biodiesel
production: A critical review. Bioresource Technology, v. 102, p. 71-81,
2011.
CHENG, Y.; ZHOU, W.; GAO, C.; LAN, K.; GAO, Y.; WU, Q. Biodiesel
production from Jerusalem artic (Helianthus tuberosus L.) tuber by
heterotrophic microalgae Chlorella protothecoides. Journal of Chemical
Technology and Biotechnology, v. 84, p. 777-781, 2009.
VANTAGENS E DESAFIOS
DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL
DE MICROALGAS
Introdução
Pesquisas recentes têm focado no desenvolvimento de tec-
nologias para a produção de biodiesel, um combustível biode-
gradável derivado de biomassa, utilizado para substituir parcial
ou totalmente o diesel, por motivos econômicos e ambientais.
Uma das principais vantagens da substituição do diesel conven-
cional pelo biodiesel é a redução considerável na emissão de
poluentes atmosféricos ao meio ambiente (FERRERO, 2011).
O biodiesel pode ser produzido a partir de diversas maté-
rias-primas, incluindo gorduras animais, óleos vegetais, ou
mesmo óleos residuais de frituras e graxas de alta acidez.
Entretanto, do ponto de vista econômico, devem ser adotados
alguns critérios para a seleção da matéria-prima, uma vez que
a mesma representa aproximadamente 75% do custo total da
produção do biodiesel (AHMAD, 2011a).
Estes critérios de seleção se baseiam nos seguintes aspec-
tos: teor de lipídio por área cultivada; período de cultivo da
espécie; existência de um balanço energético favorável; preço
da matéria-prima compatível com a necessidade de fornecer
biodiesel a preços competitivos; possibilidade de aproveita-
mento do subproduto da extração do óleo, principalmente para
a alimentação humana ou animal; e atendimento às especifi-
cações de qualidade do produto final (TEIXEIRA; MORALES,
2006).
Atualmente, no Brasil, a principal matéria-prima para a
produção de biodiesel é o óleo de soja, conforme mostrado
na Figura 3.1, com dados extraídos da página 19 do Boletim
Mensal dos Combustíveis Renováveis, mês de fevereiro/2014
(BRASIL, 2014a).
A partir de um ponto de vista socioeconômico e ambiental,
novos estudos para produção de biodiesel têm incluído tecno-
logias que evitem a utilização de terras para o cultivo da maté-
ria-prima, com intuito de eliminar o conflito existente com o
setor alimentício. Um exemplo que se enquadra neste contexto
2 9
20 5
(%); e,
• Genética do material que deve se manter estável e
com características conservadas mesmo após sucessi-
vas produções ou longos períodos de armazenamento.
Controle da
Fácil Difícil
contaminação
Batelada ou Batelada ou
Regime operacional
semicontínuo semicontínuo
Depende da Depende da
Espaço requerido
produtividade produtividade
Densidade
populacional (células Alta Baixa
microalgais)
Tanques <
Custo operacional 3 a 10 vezes mais caro
Fotobiorreatores
Eficiência de utilização
Alta Baixa
da luz
3 a 5 vezes mais
Produtividade Baixa
produtivo
Depende da
refrigeração- mas é
Depende da
Perda de água maior
refrigeração
Acentuada por
evaporação
Tensão hidrodinâmica
Baixa a Alta Muito baixa
nas microalgas
Evaporação em
Baixo Alto
crescimento médio
Controle de
Alto Baixo
transferência gasosa
Tanques <
Inibição por O2 Possível
Fotobiorreatores
(Equação 1)
Onde:
• Pa = taxa de produção de biomassa por área por tempo
(kg/m2.d);
• Ed = densidade de energia fornecida pela luz solar
(MJ/m2.d);
• PAR = porcentagem de radiação absorvida pelos
organismos fotossintetizantes em relação a toda radia-
ção solar que chega a superfície do planeta (%) – valor
assumido de 43%;
• = eficiência na qual a luz solar é transmitida para as
microalgas (%);
• Ec = eficiência na qual as microalgas convertem a
energia luminosa em biomassa (%);
• Ee = conteúdo energético por unidade de biomassa
(MJ/kg).
(Equação 2)
Onde:
• Ps = média da potência incidida sobre a superfície da
região (MW/m2);
• t = tempo de incidência (t = 1 dia = 24 h);
• fc = fator de conversão de unidades (fc = 1Wh =
0,0036 MJ).
(Equação 3)
Onde:
• L = porcentagem de lipídios presentes na biomassa
(%);
• PCIL = poder calorífico dos lipídios (MJ/kg);
• P = porcentagem de proteínas presentes na biomassa
(%);
Luz ou composto
Mixotrófico Inorgânico ou orgânico
orgânico
Mo, Fe, Co, Cu, Zn, Se e B), além da adição ao meio de cultura
de vitaminas ou substâncias específicas que algumas espécies
necessitam. Os nutrientes limitantes para as microalgas são:
nitrogênio e fósforo, embora o carbono seja considerado o
macronutriente mais importante (OSHE et al., 2007).
Por se tratar de um amplo espectro de espécies, as condi-
ções ótimas de desenvolvimento das microalgas variam muito.
Cotteau (1996) apresenta um conjunto de parâmetros com
faixas generalizadas de algumas condições para o cultivo de
microalgas (Tabela 3.3). Estes valores são válidos apenas como
estimativa inicial, visto que, trabalhos mais recentes apresen-
tam uma faixa mais ampla para temperatura, como Ras, Steyer,
Bernard (2013) que apresentaram a possibilidade de cultivo de
17 diferentes espécies de Chlorella em uma faixa de tempera-
tura de 26°C a 36°C.
1.000-10.000
Intensidade de luz
2.500-5.000
(lux)
16:8 (mínimo)
Fotoperíodo (claro: -
escuro, horas) -
24:0 (máximo)
pH 7-9 8,2-8,7
*depende do volume e da densidade Fonte: Cotteau (1996).
rodut d de dc u tur s
70000
58700
no
60000
50000
0000
dc
0000
rodut d de
20000
10000 5 66
97 6 6 172
0
Tabela 3.4. Produtividade e teor lipídico de diferentes espécies de microalgas sob diferentes condições de
Produtividade de Produtividade
Espécies de Condições de Conteúdo lipídico
biomassa (g L-1 lipídica (mg L-1 Referência
microalgas cultivo (% peso seco)
d-1) d-1)
Illman, Scragg e
Chlorella vulgaris Fotoautotrófico 0,03-0,04 18,0-40,0 5,4-14,9
Shales (2000)
Liang, Sarkany e
Chlorella vulgaris Heterotrófico 0,08-0,15 23,0-36,0 27,0-35,0
Cui (2009)
30/07/2014 09:47:04
5 Livro Microalgas V2.indb 109
Liang, Sarkany e
Chlorella vulgaris Mixotrófico 0,09-0,25 21,0-34,0 22,0-54,0
Cui (2009)
Rodolfi et al.
Chlorococcum sp. Fotoautotrófico 0,28 19,03 53,7
(2009)
Rodolfi et al.
Elipsoidion sp. Fotoautotrófico 0,17 27,4 47,3
(2009)
Rodolfi et al.
Isochrysis sp. Fotoautotrófico 0,14 27,4 37,8
(2009)
Takagi, Karseno e
Nannochloris sp. Fotoautotrófico 0,04-0,35 29,9-40,3 15,6-109,3
Yoshida (2006)
Neochloris
Fotoautotrófico 0,31-0,63 7,0-40,3 38,0-133,0 Li et al. (2008)
oleoabundans
Produção de Biomassa e Coprodutos
109
30/07/2014 09:47:04
110
Rodolfi et al.
Pavlova lutheri Fotoautotrófico 0,14 35,5 50,2
Rodolfi et al.
Pavlova salina Fotoautotrófico 0,16 30,9 49,4
(2009)
Scenedesmus Gouveia e
Fotoautotrófico 0,09 17,7 15,9
Microalgas de Águas Continentais | Volume 2
Rodolfi et al.
Scenedesmus sp. Fotoautotrófico 0,26 21,1 53,9
(2009)
30/07/2014 09:47:04
5 Livro Microalgas V2.indb 111
Rodolfi et al.
Skeletonema sp. Fotoautotrófico 0,09 31,8 27,3
(2009)
Rodolfi et al.
Tetraselmis sp. Fotoautotrófico 0,30 14,7 43,4
(2009)
30/07/2014 09:47:04
112 Microalgas de Águas Continentais | Volume 2
Ácidos graxos
B.a
Haptophyceae
Cyanophyceae
Cryptophyceae
Chlorophyceae
Pinguiophyceae
Bacillariophyceae
Eustigmatophyceae
C.sp N.sp M.s C.s C.v P.i E.h I.g P.p G.c A.sp T.e H.b R.l
C10:0 27-50
C11:0 2-5
C14:0 32,0 23,6 6,9 2,3 35,1 23,1 18,7 22,0 29-34 7,21 2,0 18,0
C14:2 9-13
Saturados
C15:0 2,2 1,1 1,2
C16:0 5,0 9,2 19,9 20,2 40,0 18,0 9,1 5,1 14,0 3,7 4,4 11-17 13,3 13,1
C17:0 2,0
Produção de Biomassa e Coprodutos
30/07/2014 09:47:04
114
C16:1
5-7
C16:1
27,0 36,5 27,4 26,9 4,0 5,0 0,7 2,0 3,5 4,0 4,7 13,0 5,0
ω7
C16:1
3,6 1,0 36-39
ω9
Monoinsaturados
C18:1ω9 3,0 1,7 4,5 5,0 9,2 9,2 14,3 13,0 1,3 6,6 1-2 3-7 2,0 10,1
Microalgas de Águas Continentais | Volume 2
C18:1
1-4
ω13
C20:1 18,0
30/07/2014 09:47:04
5 Livro Microalgas V2.indb 115
C16:2
6,0 0,6 3,0 6,1
ω4
C16:2
2,0 0,9 11,0 12,0 1,0
ω7
C16:3 8,0 2,6 17,0 2,1
C18:2
3,5 2,0 36,0 43,0 9,3 2,1 5,0 1,8 3,9 1-2 2,2
ω6
C18:3
0,5 0,7 23,0 10,0 1,0 7,0 6-19 11,0 16,0
ω3
C18:3
0,9 1,0 0,6 7,0 1,1
ω6
C18:4
0,6 4,2 1,2 8,0 10,0 30,0 23,0
ω3
Poli-insaturados
C18:5
10,0
ω3
C20:4
4,1 58,9 2,9 5,5
ω6
C20:5
26,0 8,0 34,9 37,1 56,0 39,2 11,0 13,0
ω3
C22:5
1,0 13,3 1,0
ω3
C22:6
1,0 11,0 14,0
ω3
Fonte: Adaptado de Hu et al. (2008). Abreviação das espécies de microalgas: B.a., Biddulphia áurica (ORCUTT; PATTERSON, 1974); C.sp.
Chaetoceros sp. (RENAULD et al., 2002); N.sp., Nannochloropsis sp. (SUKENIK, 1999); M.s., Monodus subterraneus (COHEN, 1999); C.s.,
Chlorella sorokiniana (PATTERSON, 1970); C.v., Chlorella vulgaris (HARRIS et al., 1965); P.i., Parietochloris incise (KHOZIN-GOLDBERG;
COHEN, 2006); E.h., Emiliania huxleyi (VOLKMAN et al., 1981); I.g., Isochrysis galbana (VOLKMAN et al., 1981); P.p., Phaeonomonas parva
Produção de Biomassa e Coprodutos
(KAWACHI et al., 2002); G.c., Glossomastrix chrysoplasta (KAWACHI et al., 2002); A.sp., Aphanocapsa sp. (KENYON, 1972); S.p., Spirulina
platensis (MUHLING et al., 2005); T.e., Trichodesmium erythraeum (PARKER et al., 1967); H.b., Hemiselmis brunescens (CHUECAS; RILEY,
1969); R. l., Rhodomonas lens (BEACH et al., 1970).
115
30/07/2014 09:47:04
116 Microalgas de Águas Continentais | Volume 2
Tabela 3.6. Biomassa e volume de cultivo requeridos para a produção diária de 1 quilograma de lipídios
Botryococus
Fototrófico 4,81 4,97 5,24 160,26 165,55 174,76
braunii
Microalgas de Águas Continentais | Volume 2
Chaetoceros
Fototrófico 2,98 3,07 3,25 42,52 43,92 46,37
muelleri
Chlorella
Fototrófico 2,17 2,25 2,37 54,35 56,14 59,27
emersonii
Chlorella
Heterotrófico 2,25 2,32 2,45 0,54 0,55 0,58
protothecoides
Chlorella
Fototrófico 5,18 5,35 5,65 22,53 23,27 24,57
sorokiniana
30/07/2014 09:47:04
5 Livro Microalgas V2.indb 119
Chlorella
Fototrófico 3,45 3,56 3,76 98,52 101,78 107,44
vulgaris
Chlorella
Heterotrófico 3,39 3,5 3,7 29,48 30,45 32,14
vulgaris
Chlorella
Mixotrófico 3,64 3,76 3,97 21,39 22,1 23,33
vulgaris
Chlorococcum
Fototrófico 5,25 5,43 5,73 18,77 19,39 20,47
sp.
Dunaliella
Fototrófico 1,56 1,61 1,7 15,58 16,09 16,99
tetriolecta
Monodus
Fototrófico 6,21 6,42 6,77 32,69 33,77 35,65
subterraneus
Nannochloropsis
Fototrófico 2,8 2,89 3,05 16,48 17,02 17,97
sp.
Produção de Biomassa e Coprodutos
119
30/07/2014 09:47:04
120
Neochloris
Phaedactylum
Fototrófico 5,35 5,52 5,83 22,28 23,02 24,3
tricornutum
Porphyridium
Fototrófico 10,53 10,87 11,48 28,45 29,39 31,02
cruentum
Microalgas de Águas Continentais | Volume 2
Scenedesmus
Fototrófico 5,65 5,84 6,16 62,77 64,85 68,46
obliquus
Scenedesmus
Mixotrófico 11,24 11,61 12,25 36,84 38,06 40,17
obliquus
Scenedesmus
Fototrófico 5,43 5,61 5,93 28,6 29,55 31,19
quadriculata
Skeletonema
Fototrófico 4,74 4,9 5,17 59,24 61,2 64,6
costatum
30/07/2014 09:47:04
5 Livro Microalgas V2.indb 121
Skeletonema sp. Fototrófico 3,14 3,25 3,43 34,94 36,1 38,1
Spirulina
Fototrófico 24,39 25,2 26,6 116,14 119,98 126,66
maxima
Tetraselmis
Fototrófico 7,75 8,01 8,45 27,69 28,6 30,19
suecica
Thalassiosira
Fototrófico 4,85 5,01 5,29 60,68 62,69 66,17
psedonana
Produção de Biomassa e Coprodutos
121
30/07/2014 09:47:04
122 Microalgas de Águas Continentais | Volume 2
(Equação 4)
Onde:
• = velocidade de sedimentação das partículas (m s-2);
• = massa específica das partículas (kg m-3);
• = massa específica do líquido (kg m-3);
• = diâmetro das partículas (m);
• = aceleração da gravidade (m s-2);
• = viscosidade do líquido (Pa.s = 3 kg m-1s-1).
(Equação 5)
Onde:
• = tempo de sedimentação das partículas (s);
• = altura da lâmina d’água (m);
• = velocidade de sedimentação das partículas (m s-1).
Parâmetros Fonte
Cultivo:
Produtividade de
34,7 mg L-1 d-1 Lemos (2012)
biomassa1 (PB):
Teor lipídico em
relação à biomassa 36% Lemos (2012)
seca2
Floculação:
Cloreto férrico
Tipo de floculante: hexahidratado Lemos (2012)
(FeCl3.6H2O)
Concentração ideal do
54,1 mg L-1 Lemos (2012)
floculante (ConcF):
Eficiência de remoção
96,80% Lemos (2012)
de biomassa (ER):
Custo do floculante
R$ 0,009752 por g Splabor (2013)
(CF):
(Equação 6)
Onde:
• = massa removível de biomassa (g);
• = produtividade de biomassa (mg L-1 d-1);
• = volume do meio de cultivo (L);
• = tempo de cultivo até a colheita (d).
(Equação 7)
Onde:
• = massa removível de lipídios (g);
• = teor de lipídios presente na biomassa seca (%).
• = eficiência de remoção de biomassa (%).
(Equação 8)
Onde:
• = custo total por unidade de massa removível de lipí-
dios (R$ por kg de lipídios removíveis);
• = custo do floculante (R$ por g);
• = concentração do floculante (g L-1);
3.3.5 Centrifugação
A centrifugação é uma extensão da sedimentação por gra-
vidade na medida em que a aceleração gravitacional (g) é subs-
tituída pela aceleração centrífuga (rω2) (GEANKOPLIS, 1998).
Esta substituição de força motriz pode acelerar a separação em
até 10000 vezes, reduzindo efetivamente o tempo de separação
sólido-líquido (PERRY; CHILTON, 1973). A equação da velo-
cidade de centrifugação pode ser simplificadamente calculada
pela Equação 9:
(Equação 9)
Onde:
• = velocidade de centrifugação das partículas (m s-1);
• ω = velocidade angular (rad s-1);
• r = distância da partícula em relação a eixo rotacional
(m);
• = massa específica das partículas (kg m-3);
• = massa específica do fluido (kg m-3);
• = diâmetro das partículas (m);
• = viscosidade do fluido (Pa.s = kg m-1 s-1).
(Equação 10)
Onde:
• = custo total por unidade de massa removível de lipí-
dios (R$/kg de lipídios removíveis);
• = custo de 1 KWh;
• = energia requerida (KWh m-3);
• = volume do meio de cultivo (m3);
• = massa removível de lipídios (kg).
Parâmetros Fonte
Cultivo:
Produtividade média
34,7 mg L-1 d-1 Lemos (2012)
de biomassa1 (PB):
Teor lipídico em
relação à biomassa 39% Lemos (2012)
seca2
Centrifugação:
Capacidade da
35 m3/h Gea (2009)
centrífuga
Energia consumida
1,4 KWh m-3
(E)1:
Eficiência de remoção
98% Lemos (2012)
de biomassa (ER):
Volume (V): 1 m3
1
Valor se todo for utilizado em sua totalidade.
2 (TAMBURIC et al., 2011).
*Volume em estudo foi de uma base de cálculo de 1000 L.
3.3.6 Flotação
A flotação é um processo de separação por gravidade no
qual o ar ou as bolhas de gás agem sobre as partículas sólidas e,
em seguida, carregam-nas para a superfície do líquido (CHEN
et al., 2011). Esse processo é mais eficaz que a sedimentação
para a remoção de microalgas, visto ser uma tecnologia efetiva
para a captura de pequenas partículas (até 500 μm) em solu-
ção aquosa, utilizando bolhas de gás (MATIS et al., 1994). É
uma operação relativamente rápida e de custos operacionais
moderados; segundo Liu et al. (1999), a técnica de flotação
tem o potencial para superar o gargalo da produção viável de
biocombustível de microalgas.
De acordo com o tamanho das bolhas de gás, as aplicações
podem ser dividas em flotação:
3.3.7 Filtração
A operação de filtração é a separação de uma mistura de
líquido-sólido, envolvendo a passagem da solução através de
uma barreira porosa que retém a maior parte das partículas
sólidas contidas na mistura.
Considerações Finais
A vantagem principal da produção de biodiesel de microal-
gas é que as microalgas não precisam competir com as oleagino-
sas alimentícias, que hoje são usadas na produção do biodiesel,
como é o caso do óleo de soja no Brasil e o óleo de canola na
Europa. Acredita-se que em futuro próximo a demanda de bio-
diesel produzido a partir de algas crescerá substancialmente.
No decorrer deste capítulo foi possível visualizar os desa-
fios a serem vencidos para possibilitar a produção de biodiesel
de microalgas de forma economicamente viável.
A eficiência de conversão pelas microalgas da energia
luminosa em biomassa, em dado cultivo, em relação à eficiên-
cia máxima teórica de conversão, se mostra como um indi-
cador da necessidade de otimização do cultivo de microalgas
para a produção de biodiesel.
O ideal é otimizar o cultivo de microalgas em larga escala
a fim de atingir uma produtividade de biomassa maior, equipa-
rável aos valores alcançados em cultivos fechados (fotobiorrea-
tores). Assim, é recomendável o cultivo em fotobiorreatores em
grandes plantas instaladas em locais que forneçam condições
ambientais mais favoráveis ao desenvolvimento das microalgas
a custo reduzido como, por exemplo, nas regiões onde a inci-
dência de luz solar é intensa (próximas a linha do Equador).
O custo de produção pode ser reduzido ao usar um meio
de cultivo de baixo custo, como uma fonte de CO2 resultante do
processo de fermentação da cana-de-açúcar, onde a demanda
nutricional pode ser suprida parcial ou totalmente por subpro-
dutos de outras atividades, como águas residuárias industriais,
efluentes sanitários ou gás carbônico proveniente de fábricas.
Outra alternativa que contribui para a viabilidade financeira é
o aproveitamento de outros componentes da biomassa microal-
gal.
Após a extração lipídica para a produção de biodiesel,
pode haver um aproveitamento da biomassa remanescente
Referências
AHMAD, A. L. Y., N. H. M.; DEREK, C. J. C.; LIM, J. K.;. Microalgae as a
sustainable energy source for biodiesel production: A review. Renewable
and Sustainable Energy Reviews, v. 15, n. 1, p. 584-593, 2011a.
AHMAD, A. L. Y., N. H. M.; DEREK, C. J. C.; LIM, J. K.;. Optimization of
microalgae coagulation process using chitosan. Chemical Engineering
Journal, v. 173, n. 3, p. 879-882, 2011b.
ALFAFARA, C. G.; NAKANO, K.; NOMURA, N.; IGARASHI, T.;
MATSUMURA, M. Operating and scale-up factors for the electrolytic
removal of algae from eutrophied lakewater. J. Chem. Technol.
Biotechnol., v. 77, n. 8, p. 871-876, 2002.
ANTUNES, R.; SILVA, I. C. Utilização de algas para a produção de
biocombustíveis. Cluster do Conhecimento Energias Renováveis,
Brasil, 2010. Disponível em: < http://www.marcasepatentes.pt/
files/collections/pt_PT/1/300/302/Utiliza%C3%A7%C3%A3o%20
de%20algas%20para%20a%20produ%C3%A7%C3%A3o%20de%20
biocombust%C3%ADveis.pdf >. Acesso em: 24/11.
ARCEO, Á. A. Produção de biodiesel mediante o processo de
Hidroesterificação da biomassa das microalgas Scenedesmus
dimorphus e Nannochloropsis oculata. 2012. 204 p. (doutorado). Pós
Graduação da Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro.
AZEREDO, V. B. S. Produção de biodiesel a partir do cultivo de
microalgas: estimativa de custos e perspectivas para o Brasil.
2012. 171p. (Mestrado). Pós Graduação em Planejamento Energético,
Universidade Federal do Rio de Janeiro - COPPE, Rio de Janeiro.
BANERJEE, C.; GHOSH, S.; SEN, G.; MISHRA, S.; SHUKLA, P.;
BANDOPADHYAY, R. Study of algal biomass harvesting using cationic
guar gum from the natural plant source as flocculant. Carbohydr.
Polym., v. 92, n. 1, p. 675-681, 2013.
BEACH, D. H.; HARRINGTON, G. W.; HOLZ, G. G. The polyunsaturated
fatty acids of marine and freshwater Cryptomonads. Journal of
Eukaryotic Microbiology, v. 17, n. 3, p. 501-510, 1970.
GEA_WS_US/Documents/Brochures/Renewable_Resources/GEA_
Westfalia_Separator_Algae_Production. pdf. 2009.
GEANKOPLIS, C. J. PROCESOS DE TRANSPORTE Y OPERACIONES
UNITARIAS. 3a. CECSA, 1998. 938 p.
GODOS, I.; GUZMANA, H. O.; SOTO, R.; GARCÍA - ENCINA, P. A.;
BECARES, E.; MUÑOZ, R.; VARGAS, V. A. Coagulation/flocculation-based
removal of algal–bacterial biomass from piggery wastewater treatment.
Bioresource Technology, v. 102, n. 2, p. 923-927, 2011.
GOUVEIA, L.; OLIVEIRA, A. C. Microalgae as a raw material for biofuels
production. J. Ind. Microbiol. Biotechnol., v. 36, n. 2, p. 269-274, 2009.
GREENWELL, H.; LAURENS, L. M.; SHIELDS, R. J.; LOVITT, R. W.;
FLYNN, K. J. Placing microalgae on the biofuels priority list: a review of
the technological challenges. Journal of the Royal Society, v. 6;7, n.
(46), p. pp. 703-26., 2010.
GRIMA, E. M.; BELARBI, E. H.; FERNÁNDEZ, F. G. A.; MEDINA, R.;
CHISTI, Y. Recovery of microalgal biomass and metabolites: process
options and economics. Biotechnology Advances, v. 20, n. 7-8, p. 491-
515, 2003.
HALIM, R.; GLADMAN, B.; DANQUAH, M. K.; WEBLEY, P. A. Oil
extraction from microalgae for biodiesel production. Bioresource
Technology, v. 102, n. 1, p. p. 178-185, 2011.
HARRIS, R. V.; HARRIS, P.; JAMES, A. T. The fatty acid metabolism of
Chlorella vulgaris. Biochimica et Biophysica Acta, v. 106, n. 3, p. p.
465-473, 1965.
HARRISON, R. G.; TODD, P.; RUDGE, S. R.; PETRIDES, D. P.
Bioseparations sciences and engineering
Chapter 3: Cell lysis and flocculation. London: Oxford University Press,
2003.
HU;, Q.; SOMMERFELD;, M.; JARVIS;, E.; GUIRARDI;, M.; POSEWITZ;, M.;
SEIBERT;, M.; DARZINS;, A. Microalgal triacylglycerols as feedstocks for
biofuels production: perspectives and advances. The Plant Journal, v. 54,
n. 4, p. p. 621-639, 2008.
HUANG, G.; CHEN, F.; WEI, D.; ZHANG, X.; CHEN, G. Biodiesel
production by microalgal biotechnology. Applied Energy, v. 87, p. p.
38-46, 2010.
ILLMAN, A. M. S., A. H.; SHALES, S. W.; Increase in Chlorella strains
calorific values when grown in low nitrogen medium. Enzyme and
Microbial Technology, v. 27, n. 8, p. pp. 631-635, 2000.
KATES, M. Lipid extraction procedures. Techniques of lipidology
isolation, analysis, and identification of lipids. Amsterdam: Elsevier
Science Publisher; , 1986.
KAWACHI, M.; INOUTE, I.; HONDA, D.; O’KELLY, C. J.; BAILEY, J. C.;
BIDIGARE, R. R.; ANDRESEN, R. A. The pinguiphyceae classis nova, a
new class of photosynthetic stramenopiles whose members produce large
amounts of omega-3 fatty acids. Phycology Research, v. 50, n. 1, p.
31-47, 2002.
KENYON, C. N. Fatty acid composition of unicellular strains of blue-green
algae. Journal of Bacteriology, v. 109, n. 2, p. 827-834, 1972.
KHOZIN-GOLDBERG, I.; COHEN, Z. The effect of phosphate Starvation
on the lipid and fatty acidcomposition of the fresh water eustigmatophyte
Monodus subterraneus. Phytochemistry, v. 67, n. 1, p. 696-701, 2006.
KNOTHE, G.; KRAHL, J.; GERPEN, J. V.; RAMOS, L. P. Manual de
Biodiesel. Editora Blucher, 2006. 352 p.
LEE, J. Y.; YOO, C.; JUN, S. Y.; AHN, C. Y.; OH, H. M. Comparison
of several methods for effective lipid extraction from microalgae.
Bioresource Technology, v. 101, p. p. 75-77, 2010.
LEMOS, J. S. Desenvolvimento de sistema de tratamento e reciclagem
de meio de cultivo de microalgas para produção de biodiesel. 2012
83 (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Engenharia
e Ciência dos Materiais, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
LI, Y. H., M; WANG, B; WU, N; LAN, C. Q. Effects of nitrogen sources
on cell growth and lipid accumulation of green alga Neochloris
oleoabundans. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 81, n. 4, p.
pp. 629-636, 2008.
LIANG, Y. N. S., N.; CUI, Y. Biomass and lipid productivities of Chlorella
poliméricos: 1 p. 2013.
SPOEHR, H. A.; MILNER, H. W. The chemical composition of Chlorella;
effect on environmental conditions Plant Physiology, v. 24, p. pp. 120-
149, 1949.
SUBRAMANIAM, B.; LYON, C. J.; ARUNAJATESAN, V. Environmentally
Benign Multiphase Catalysis with Dense Carbon Dioxide. Apllied
Catalysis B: Environmental, v. 988, n. p. 1-14, 2002.
SUKENIK, A. Production of eicosapentaenoic acid by the marine
eustigmatophyte Nannochloropsis. In: COHEN, Z. (Ed.). Chemicals From
Microalgae. Philadelphia: Taylor & Francis, 1999. p. 41-56.
SURENDHIAN, D.; M., V. Microalgal Biodiesel - A Comprehensive Review
on the Potential and Alternative Biofuel. Research Journal of Chemical
Sciences, v. 2, n. 11, p. 71-82, 2012.
TAKAGI, M. K. Y., T. Effect of salt concentration on intracellular
accumulation of lipids and triacylglyceride in marine microalgae
Dunaliella cells. Journal of Bioscience and Bioengineering, v. 101, n. 3,
p. pp. 223-226, 2006.
TAMBURIC;, B.; ZEMICHAEL;, F. W.; CRUDGE;, P.; MAITLAND;, G. C.;
HELLGARDT;, K. Design of a novel flat-plate photobioreactor system for
green algal hydrogen production. International Journal of Hydrogen
Energy, v. 36, p. pp. 6578-6591, 2011.
TAYLOR, L. T. Supercritical fluid extraction. New York: John Wileys &
Sons, Inc., 1996.
TEIXEIRA, C. M.; MORALES, M. E. Microalga como matéria-prima para
a produção de biodiesel: rasil. Ministério de Minas e Energia. Programa
Nacional de Produção e Uso de Biodiesel - Esplanada dos Ministérios -
Bloco U - Brasilia, DF - Brasil - 70065-900 - http://www.mme.gov. br/
programas/biodiesel: 91-96 p. 2006.
UDUMAN, N.; QI, Y.; DANQUAH, M. K.; FORDE, G. M.; HOADLEY, A.
Dewatering of microalgal cultures: a major botteneck to algae-based fuels.
Journal of Renewable and Sustainable Energy 2, p. p. 701-715, 2010.
VERMA, N. M.; MEHROTRA, S.; SHUKLA, A.; MISHRA, B. N. Prospective
of biodiesel production utilizing microalgae as the cell factories: A
DESAFIOS DE CULTIVO
DE MICROALGAS PARA
PRODUÇÃO DE BIOMASSA
Introdução
O planeta sofre o impacto das mudanças climáticas, o que
acaba por fomentar a busca por alternativas energéticas ao uso
dos combustíveis fósseis. A viabilização dos biocombustíveis é
objetivo de muitos, quer seja pela redução na emissão de gases
de efeito estufa e carbono de origem fóssil na atmosfera, pela
sustentabilidade, ou pelo custo elevado das fontes energéticas
tradicionais. Dentre os microrganismos, as microalgas se desta-
cam como um importante grupo, que se caracteriza pelo cresci-
mento rápido e grande produção de biomassa, a qual apresenta
compostos específicos, alguns altamente energéticos. Além de
produzir biomassa altamente energética, o cultivo das microal-
gas não compete com a produção de grãos pela agricultura,
pois independe de solos. Por isto, as microalgas tem sido foco
de estudos da pesquisa e da indústria, principalmente com o
objetivo energético. No entanto, em países como os USA, onde
o número de empresas ligadas a algacultura é grande, Trenta-
coste et al. (2014) questionam os potenciais de políticas e pro-
gramas que poderiam apoiar o cultivo de biomassa algal, bem
como as barreiras para a expansão destes programas.
De todas as fontes disponíveis para biocombustíveis, os
derivados de microalgas mostram potencial em termos ener-
géticos para se tornarem uma alternativa viável e sustentável
aos combustíveis fósseis. Essa premissa de sustentabilidade
pode fazer a diferença na produção e uso do biocombustível
a partir de microalgas. Explorando a possibilidade do uso de
combustível de microalgas na aviação comercial, Haddad e
Fawaz (2012) demonstram a competitividade do combustível
derivado de microalgas em relação aos combustíveis fósseis,
quando se considera no processo a questão ambiental.
Como há pouco conhecimento disponível na literatura
sobre a modelagem da temperatura e radiação, relacionado
ao desenvolvimento e crescimento de microalgas, o objetivo
neste capítulo é apresentar um estudo de caso sobre este tema.
Microalga
Temperatura Fonte
Gênero Espécie
Fioresi e
A. gracilis 24 Sipaúba-Tavares
(2008)
Nordi et al.
A. gracilis 23
(2006)
Sipaúba-Tavares
A. gracilis 22
et al. (2009)
Jacob-Lopes;
Revah et al.
Aphanothece microscopica 35
(2009)REVAH,
et al., 2009
Teixeira et al.
Arthospira platensis 30
(2008)
Borges et al.
Chaetoceros Affinis 15
(2007)
Moura-Junior et
C. gracilis 18
al. (2006)
Borges et al.
C. muelleri 20
(2007)
Borges et al.
C. muelleri 22
(2007)
Ding et al.
Chlamydomonas sp. 25
(2007)
Borges et al.
Isochrysis galbana 27
(2007)
Junior et al.
Isochrysis galbana 18
(2006)
Rückert e Giani
M. viridis 20
(2004)
Borges et al.
Nannochloropsis oculata 20
(2007)
Borges et al.
Phaeodactylum tricornutum 20
(2007)
Borges et al.
Skeletonema costatum 20
(2007)
Gonzales et al.
Spirulina maxima 30-35
(2006)
Macedo e Alegre
S. maxima 25-35
(2001)
Miranda et al.
S. maxima 20
(1998)
Santos et al.
S. maxima 25
(2003)
Muliterno et al.
S. platensis 30
(2005)
Andrade et al.
Spirulina sp. 30
(2008)
Borges et al.
Tetraselmis chuii 20
(2007)
Klein e González
T. chuii 24
(1993)
Borges et al.
T. tetrathele 20
(2007)
Borges et al.
Thalassiosira weissflogii 20
(2007)
Borges et al.
T. pseudonana 20
(2007)
Moura-Junior et
T. weissflogii 18
al. (2006)
Os dados de luminosidade levantados nos artigos estão sintetizados na Tabela 4.2. Neste parâmetro
destaca-se a grande variação nas unidades de medida utilizadas. A unidade adotada da Radiação Fotossin-
teticamente Ativa se refere ao acúmulo de energia no dia e não ao fluxo de radiação, em razão do objetivo
buscar a maior produtividade de biomassa de microalgas. Todos os dados de luminosidade ou iluminação
foram convertidos para radiação acumulada no dia e expressa em MJ m-2 dia-1.
Microalga Fluxo de
PAR1
fótons Fonte
Gênero Espécie μmol.m-2.s-1
fioresi e
13,5 a
gracilis
20,7
0,38 Sipaúba-
Tavares (2008)
Nordi et al.
gracilis 174 (12h) 1,61
(2006)
Sipaúba-
gracilis 24,12 0,45 Tavares et al.
(2009)
Jacob-lopes;
150
Aphanothece microscopica 2,78 Scoparo et al.
(24h)
(2009)
Borges et al.,
Chaetoceros affinis 64 (12h) 0,59
(2007)
Moura-Junior
C. gracilis 40 w2 0,05
et al. (2006)
Borges et al.
C. muelleri 369 (12h) 3,42
2007)
Borges et al.
C. muelleri 40 w 0,05
2007)
Ding et al.
Chlamydomonas sp. 24-34 0,63 (2007)
Borges et al.
Isochrysis galbana 457 5,06
(2007)
Moura-Junior et
I. galbana 40 w 0,05 al., (2006)
Rückert e Giani
viridis 60 0,56
(2004)
BorgeS et al.
Nannochloropsis oculata 399 3,69
(2007)
Borges et al.
Phaeodactylum tricornutum 135 1,25
(2007)
BorgeS et al.
Skeletonema costatum 279 2,58
2007)
6x40 w Macedo e
S. maxima 0,32
2.4 kLux Alegre (2001)
Andrade et al.
Spirulina sp. 2.5 kLux 0,32
(2008)
Borges et al.
Tetraselmis chuii 209 1,93
(2007)
Klein e
T. chuii 40w 0,05
González 1993)
Borges et al.
T. tetrathele 261 2,41
(2007)
Borges et al.
Thalassiosiora weissflogii 199 1,84
(2007)
Borges et al.
T. pseudonana 416 3,84
(2007)
Moura-Junior et
T. weissflogii 2x40w 0,10 al. (2006)
1
Radiação Fotossinteticamente Ativa (PAR) acumulada no dia (MJ m-2 dia-1). Quando não definido, o
fotoperíodo considerado para os cálculos foi de 24 h; 1 lux = 1 lumen m-2; 1 watt = 683 lumens, 1 lumen =
6,792.10-3 µmol fótons s-1; 1 watt m-2 = 4,67 μmol fóton m-2 s-1 de PAR na luz solar. Fonte: (BOOTHE, 2002).2
Lâmpadas fluorescentes de 40 w
2,00
1,75
1,50
1,25
1,00
0,75
0,50
0,25
0,00
100 400 700 1000 1300 1600 1900 2200
Comprimento de onda (nm)
Considerações Finais
As áreas do noroeste, norte e oeste do estado do Paraná
apresentaram maior potencial para produção de biomassa de
microalgas em fotobiorreatores ao ar livre e tanques abertos
durante todo o ano. No entanto, quando se considera a possi-
bilidade de cultivo de espécies mais adaptadas a baixas tempe-
raturas (menores do que 22ºC), na maioria da área do estado
é possível o crescimento de microalgas, sem controle da tem-
peratura.
A análise preliminar das potenciais áreas de cultivo em
tanques abertos no estado do Paraná mostra que as alternativas
apresentadas devem ser detalhadas. Um exemplo é a seleção
de espécies de microalgas adaptadas a temperaturas inferio-
res a 22°C pode ser uma opção para aumentar o período de
recomendação para o cultivo durante o ano. Outra alternativa
são os cultivos fechados ou parcialmente fechados, com con-
trole de temperatura para aumentar a produtividade de micro-
algas ao longo do ano.
Com relação à luminosidade ou PAR, não existe limitação
para o cultivo massal de microalgas no Paraná em nenhuma
época do ano.
O estudo da viabilidade considerando as condições cli-
máticas mostrou o grande potencial para o cultivo massal de
microalgas no estado do Paraná.
Referências
ALMEIDA, C. C. S. A. D. Avaliação do crescimento, padrões
metabólicos e capacidade fotossintética de Microcystis panniformis
(Cyanobacteria) e Ankistrodesmus gracilis (Reisch) Korsikov
(Chlorophyta) em fontes de nitrogênio inorgânicas e orgânicas. 2007.
62 (Mestrado). Ciências Exatas e Biológicas, Universidade Federal de Ouro
Preto, Ouro Preto.
ANDRADE, M. D. R.; CAMERINI, F. V.; COSTA, J. A. V. Chemical
carbon losses and growth kinetics in Spirulina cultures. Perda
química de carbono e cinética do crescimento celular em
cultivos de Spirulina, v. 31, n. 8, p. 2031-2034, 2008.
ASTM. Standard Tables for Reference Solar Spectral Irradiances:
Direct Normal and Hemispherical on 37° Tilted Surface. West
Conshohocken 2012.
BÉCHET, Q.; MUÑOZ, R.; SHILTON, A.; GUIEYSSE, B. Outdoor cultivation
of temperature-tolerant Chlorella sorokiniana in a column photobioreactor
under low power-input Biotechnology and Bioengineering, v. 110, n. 1,
p. 118-126, 2013.
BOOTHE, R. G. Perception of the Visual Environment. Springer, 2002.
BORGES, L.; FARIA, B. M. D.; ODEBRECHT, C.; ABREU, P. C. Potencial
de absorção de carbono por espécies de microalgas usadas na agricultura
: primeiros passos para o desenvolvimento de um “mecanismo de
desenvolvimento limpo” Atlântica, Rio Grande, v. 29, n. 1, p. 35-46,
2007.
BOUTERFAS, R.; BELKOURA, M.; DAUTA, A. Light and temperature
effects on the growth rate of three freshwater algae isolated from a
eutrophic lake. Hydrobiologia, v. 489, p. 207-217, 2002.
CAVIGLIONE, J. H.; KIIHL, L. R. B.; CARAMORI, P. H.; OLIVEIRA, D.
Cartas climáticas do Paraná. Londrina IAPAR CD-ROM 2000.
DING, Y.; MIAO, J.-L.; WANG, Q.-F.; ZHENG, Z.; LI, G.-Y.; JIAN, J.-C.;
WU, Z.-H. Purifcation and characterization of a psychrophilic glutathione
reductase from Antarctic ice microalgae Chlamydomonas sp. Strain ICE-L.
p. 91-100, 1993.
MACEDO, R. V. T. D.; ALEGRE, R. M. Influência do teor de nitrogênio
no cultivo de Spirulina maxima em dois níveis de temperatura: parte ii:
produção de lipídios. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 21, n. 2, p.
183-186, 2001.
MCCREE, K. J. Test of current definitions of photosynthetically active
radiation against leaf photosynthesis data. Agricultural Meteorology, v.
10, n. 0, p. 443-453, 1972.
MIRANDA, M. S.; CINTRA, R. G.; BARROS, S. B. M.; MANCINI-FILHO,
J. Antioxidant activity of the microalga Spirulina maxima. Brazilian
Journal of Medical and Biological Research, v. 31, p. 1075-1079, 1998.
MOURA JUNIOR, A. M.; NETO, E. B.; KOENING, M. L.; LEÇA5, E. E.
Composição química de microalgas em cultivo semi-intensivo: Chaetoceros
gracilis Schutt, Isochrysis galbana Parke e Thalassiosira weissflogii (Grunow)
G. Fryxell & Hasle. Revista Ciência Agronômica, v. 37, n. 2, p. 142-148,
2006.
MULITERNO, A.; MOSELE, P. C.; COSTA, J. A. V.; HEMKEMEIER, M.;
BERTOLIN, T. E.; COLLA, L. M. Cultivo mixotrófico da microalga Spirulina
platensis em batelada alimentada. Ciência e Agrotecnologia, v. 29, n. 6,
p. 1132-1138, 2005.
NORDI, C. S. F.; CAVAGLIERE, T. G. W. F.; VIEIRA, A. A. H.;
NASCIMENTO, O. R. Efeito caotrópico do íon lítio na permeabilidade
da cápsula polissacarídica da microalga Ankistrodesmus gracilis (Reinsch)
Korsikov (Chlorophyceae). Acta Botanica Brasilica, v. 20, p. 449-454,
2006.
RABUS, B.; EINEDER, M.; ROTH, A.; BAMLER, R. The shuttle radar
topography mission--a new class of digital elevation models acquired
by spaceborne radar. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote
Sensing, v. 57, n. 4, p. 241-262, 2003.
RÜCKERT, G. V.; GIANI, A. Effect of nitrate and ammonium on the
growth and protein concentration of Microcystis viridis Lemmermann
(Cyanobacteria). Brazilian Journal of Botany, v. 27, p. 325-331, 2004.
SANTOS, G. M. D.; MACEDO, R. V. T. D.; ALEGRE, R. M. Influência do
POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES DO
USO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS
NO CULTIVO DE MICROALGAS PARA
PRODUÇÃO DE BIODIESEL
Antônio Costa
Graziela Moraes de Cesare Barbosa
Patrícia Cristina Gomes
Iara Cintra de Arruda Gatti
Introdução
O uso de combustíveis fósseis tem aumentando considera-
velmente nas últimas décadas. Há preocupação com a capaci-
dade das reservas de petróleo conhecidas atender esse aumento
de demanda no longo prazo, mesmo com a descoberta de novas
jazidas.
Além do eventual esgotamento das reservas de petróleo e
os seus reflexos na economia, também é preciso considerar os
aspectos ambientais do uso dos combustíveis fósseis. Assim, a
produção sustentável de energia representa uma questão a ser
equacionada no século XXI.
Os biocombustíveis podem ser uma contribuição promis-
sora para que essa equação seja resolvida, aliando economi-
cidade e baixo impacto ambiental. Dentre os combustíveis
renováveis mais promissores destaca-se o biodiesel, cujas limi-
tações estão relacionadas à disponibilidade de matéria-prima
que atenda, quantitativa e qualitativamente, à demanda por
óleos vegetais e processos de produção viáveis economica-
mente, com capacidade de competição com os combustíveis
fósseis e com sustentabilidade ambiental.
De um lado o biodiesel é um componente essencial para
garantir a sustentabilidade econômica e socioambiental de
nosso setor energético. De outro lado, o biodiesel oriundo de
plantas oleaginosas, bem como de óleos de fritura e de gor-
dura animal, não consegue atender sequer uma pequena parte
da demanda global por biocombustíveis, uma vez que exigiria
uma extensão elevada de áreas cultiváveis e uma complexa
rede de coleta de resíduos. Ainda, o histórico da produção bra-
sileira de biodiesel mostra o setor em crescente dependência de
uma única matéria-prima, a soja, contrapondo-se ao objetivo
do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB)
de sustentar sua cadeia na diversidade de materiais graxos dis-
poníveis nas várias regiões do País (FRANCO et al., 2013).
A soja, como matéria-prima para o biodiesel, tem a limita-
ção de ser uma commodity, assim seu valor é cotado conforme
a variação do mercado internacional. Atualmente, com mer-
N P K Ca Mg B Cu Mn Zn
avaliados
Resíduos
g kg-1 mg kg-1
Resíduo de
laranja
10
o 10
N n s
o 10
10
9 N n s
1
m
1
m
8
N de c u s
N de c u s
7
7
6
6
5 5
0 5 10 15 20 25 0 0 10 20 0
s
s
o 10
10 N n s
o 10
10
N n s
1
9
m
9
1
m
N de c u s
8 8
N de c u s
7 7
6 6
5 5
0 10 20 0 0 10 20 0
s
s
10 10
N n s
o 10
N n s
o 10
9 9
1
m
1
N de c u s
8 8
N de c u s
7 7
6 6
5 5
0 10 20 0 0 10 20 0
s s
BBM 7,15 7,15 7,15 7,15 7,4 7,2 6,75 7,12 8,35 7,1 9,7 8,38 9,85 7,6 9,85 9,1 7,94 c
RSBN25 8,05 7,8 7,95 7,93 9,6 8,45 9,9 9,32 9,8 9,25 9,85 9,63 9,95 9,25 9,55 9,58 9,11 b
RSBN50 8,7 8,55 8,25 8,5 9,85 8,5 8,65 9 10,25 9,5 9,85 9,87 10,2 9,45 9,6 9,75 9,28 a
RSBN75 8,9 8,95 8,85 8,9 8,9 8,95 8,85 8,95 10,2 9,45 9,75 9,8 10,25 9,55 9,65 9,82 9,36 a
RSBN100 9 9,1 9,15 9,08 9 9,1 9,15 9,17 10,1 9,3 9,7 9,7 10,1 9,7 9,6 9,8 9,44 a
30/07/2014 09:47:27
230
30/07/2014 09:47:27
Produção de Biomassa e Coprodutos 231
DMS
Espécies* F=
espécies = DMS meios = 0,061
Meios 5,94**
0,056
1
As médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatistica-
mente entre si. Foi aplicado o teste de t no nível de 5% de probabilidade. São apresentados os valores da
diferença mínima significativa (DMS) e o valor de F (F) para cada variável e para as interações.
2
Concentração de resíduo suíno biodigerido (RSB) equivalentes a 25% (N25), 50% (N50), 75% (N75) e 100%
(N100) do teor de nitrogênio no meio BBM.
CV % =
Espécies DMS = 8,60 F = 468,28**
35,29
CV % =
Meios DMS = 13,64 F = 23,53**
20,27
DMS
Espécies* F=
espécies= DMS meios = 23,63
Meios 11,97**
22,34
As médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatistica-
1
CV (%) =
Espécies DMS = 0,056 F = 33,42**
17,29
CV (%) =
Meios DMS = 0,116 F = 1,57
39,95
DMS
Espécies*
espécies = DMS meios = 0,200 F = 0,681
Meios
0,181
1
As médias seguidas pela mesma letra, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem esta-
tisticamente entre si. Foi aplicado o teste t no nível de 5% de probabilidade. São apresentados os valores
da diferença mínima significativa (DMS) e o valor do teste F (F) para cada variável e para as interações e o
valor do coeficiente de variação (CV), em porcentagem, para cada variável.
2
Concentração de resíduo suíno biodigerido (RSB) equivalentes a 25% (N25), 50% (N50), 75% (N75) e 100%
(N100) do teor de nitrogênio no meio BBM.
Considerações Finais
A produção de biocombustíveis a partir de microalgas
apresenta como vantagens alta produtividade de biomassa e
óleo, ocupando menor área de cultivo quando comparada a
plantas oleaginosas. Há iniciativas no sentido de alcançar a
viabilidade econômica e ambiental para a implementação, em
larga escala, da produção de biocombustíveis a partir de bio-
massa de microalgas. No entanto, há inúmeras limitações para
se alcançar esse objetivo.
As microalgas vivem em meio líquido. Por essa razão, os
resíduos do criatório de animais e das atividades agroindus-
triais podem ser constituintes dos meios de cultivo desses orga-
nismos. O uso desses resíduos justifica-se, pois as microalgas
ocorrem naturalmente nas lagoas de decantação que contém
esses dejetos e por serem fontes de nutrientes e carbono para as
microalgas. Ainda, o uso como constituinte do meio de cultivo
promove a reciclagem e a disposição adequada desses dejetos,
contribuindo para mitigar problemas ambientais decorrentes
Referências
ALCOPAR. ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES DE BIOENERGIA DO ESTADO
DO PARANÁ. http://www.alcopar.org.br/consecana/apresentacao.
php, acessado em: 10/11/11.
CULTIVO DE MICROALGAS EM
FOTOBIORREATORES DE BANCADA:
FATORES ABIÓTICOS
Introdução
Produzir biomassa de microalgas em grandes quantidades
pode ser possível através de cultivos heterotróficos ou foto-
autotróficos. O cultivo heterotrófico é realizado em fermen-
tadores nos quais uma fonte de carbono, por exemplo, glicose
ou outro composto orgânico, é adicionado ao meio de cultivo,
para que ocorra a fermentação. O cultivo autotrófico pode ser
realizado em sistemas abertos, como as lagoas tipo raceway,
em sistemas fechados ou parcialmente fechados, chamados de
fotobiorreatores (FBR). Nos fotobiorreatores, a luminosidade
natural (MASOJÍDEK et al., 2003) ou artificial não incide dire-
tamente sobre a superfície do cultivo e não ocorre a troca direta
de gases e contaminantes entre o cultivo e a atmosfera (BAR-
SANTI et al., 2006; RODOLFI et al., 2009). No que diz respeito
ao formato, as principais categorias de fotobiorreatores são:
achatados (placas), tubulares, horizontais, tubulares verticais,
inclinados e espirais. Estes sistemas podem ser confeccionados
em vidro ou material plástico, acrílico, polietileno (TREDICI,
2007). O custo da construção, no teto de um laboratório, de
um FBR de vidro foi de 8.700 euros, incluindo as placas para
concentrar a luz solar, as mangueiras, os suportes, os sensores
e a caixa de controle da temperatura, pH, luz e da concentra-
ção de O2 dissolvido e da medida da clorofila por flurescência
(MASOJÍDEK et al., 2003).
Com o objetivo de mostrar a influência de fatores abióticos
no crescimento de microalgas, em fotobiorreatores fechados
de bancada, inicialmente, são apresentados os resultados do
experimento, avaliando os efeitos do fotoperíodo na produção
de biomassa e lipídeos da microalga Neocloris oleoabundans.
Posteriormente, pela análise de superfície de resposta, os resul-
tados da densidade ótica (DO), teores de proteína e produção
de biomassa da N. oleoabundans são discutidos em função do
pH e concentração de nitrato de sódio no meio de cultivo.
CV (%) 1,7 70
1=Temperatura e pH do meio de cultivo no décimo dia no final do experimento. Valores seguidos da
mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste t a 5% de probabilidade.
Concentração Fotoperíodo
inicial dos CV (%)
Nutrientes nutrientes 18 h 24 h
(g L-1)
mg L-1
Níveis
Fatores
-1 0 1
Tratamentos NaNO3 pH
1 -1 -1
2 -1 0
3 -1 1
4 0 -1
5 0 0
6 0 1
7 1 -1
8 1 0
9 1 1
Soma Média
Fatores GL Teste F p
quadrática quadrática
Total 0,09008 26
R2= 0,96; R2adj= 0,95; *p<0,05; L= efeito linear; Q= efeito quadrático; GL= Graus de liberdade.
Soma Média
Fatores GL Teste F p
quadrática quadrática
Total 338,1077 24
R2= 0,92; R2adj= 0,90; *p<0,05; L= efeito linear; Q= efeito quadrático; GL= Graus de liberdade.
Soma Média
Fatores GL Teste F p
quadrática quadrática
Total 0,011315 26
R2= 0,96; R2adj= 0,95; *p<0,05; L= efeito linear; Q= efeito quadrático; GL= Graus de liberdade.
Considerações Finais
O fotoperíodo altera a produção de biomassa e teor de lipí-
deo nas células d N. oleoabundans, mas com a alta variabili-
dade dos resultados não foi possível detectar diferenças signifi-
cativas para cultivos em fotobiorreatores de bancada.
O fotobiorreator vertical em saco plástico transparente
composto de polietileno de baixa densidade apresenta bai-
xos custos de instalação e potencial para cultivo da microalga
Neochloris oleoabundans, buscando a produção de biomassa
bioenergética que minimize a degradação ambiental.
De acordo com os resultados dos experimentos realiza-
dos, verificou-se que as variáveis pH e concentração de nitro-
gênio apresentaram influência significativa no cultivo da
microalga N. oleoabundans. A densidade ótica (DO) do cultivo
da microalga N. oleoabundans apresentou maior média para
concentração de 1,12 mol L-1 de NaNO3 e em pH 9,0. A maior
quantidade de proteína, foi obtida com 1,12 mol L-1 de NaNO3
e em pH 7,0 com valor médio de 32,98 mg L-1. O maior valor
para produtividade de biomassa microalgal foi encontrado na
concentração de NaNO3 de 2,5 mol L-1 de NaNO3 e pH 9,0 com
média de 105 mg L-1.
Referências
ARUMUGAM, M.; A. AGARWAL; M. C. ARYA; Z. AHMED. Influence of
nitrogen sources on biomass productivity of microalgae Scenedesmus
bijugatus. Bioresource Technology, v. 131, n. 0, p. 246-249. 2013.
BARBOSA, M. J.; J. HOOGAKKER; R. H. WIJFFELS. Optimisation of
cultivation parameters in photobioreactors for microalgae cultivation
using the A-stat technique. Biomolecular Engineering, v. 20, n. 4-6, 7//,
p. 115-123. 2003.
BARSANTI, L.; P. GUALTIERI. Algae: anatomy, biochemistry and
biotechnology. New York: CRC Press Taylor & Francis group. 2006. 301
p.
BRADFORD, M. M. A rapid and sensitive method for quantitation of
microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye
binding. Analytical Biochemistry, v. 72, p. 248-254. 1976.
GRIFFITHS, M.; S. L. HARRISON. Lipid productivity as a key characteristic
for choosing algal species for biodiesel production. Journal of Applied
Phycology, v. 21, n. 5, 2009/10/01, p. 493-507. 2009.
KIM, D.-G.; H.-J. LA; C.-Y. AHN; Y.-H. PARK; H.-M. OH. Harvest of
Scenedesmus sp. with bioflocculant and reuse of culture medium for
subsequent high-density cultures. Bioresource Technology, v. 102, n. 3,
2//, p. 3163-3168. 2011.
LEMOS, J. S. Desenvolvimento de sistema de tratamento e reciclagem
de meio de cultivo de microalgas para produção de biodiesel.
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012. 83 p.
LIN, Q.; J. LIN. Effects of nitrogen source and concentration on biomass
and oil production of a Scenedesmus rubescens like microalga. Bioresource
Technology, v. 102, n. 2, p. 1615-1621. 2011.
LOURENÇO, S. O. Cultivo de Microalgas Marinhas-Princípios e
Aplicações. São Carlos: RIMA. 2006. 606 p.
MASOJÍDEK, J.; Š. PAPÁČEK; M. SERGEJEVOVÁ; V. JIRKA; J. ČERVENÝ;
J. KUNC; J. KOREČKO; O. VERBOVIKOVA; J. KOPECKÝ; D. ŠTYS; G.
TORZILLO. A closed solar photobioreactor for cultivation of microalgae
CULTIVO DE MICROALGAS
EM FOTOBIORREATORES FECHADOS
E EM SISTEMAS ABERTOS
Introdução
Os estudos preliminares com utilização de microalgas ini-
ciaram em 1955, de acordo com o relatório do Departamento
Nacional de Energia dos Estados Unidos (DOE) (SHEEHAN et
al., 1998). Em um extenso relatório deste departamento, estão
descritas varias metodologias, resultados e conclusões de um
programa internacional de pesquisa composto por Estados
Unidos da América, Israel e Japão, visando à produção de gás
metano e óleo combustível a partir da biomassa de algas. Diver-
sos projetos se iniciaram na década de 1980 e os resultados
apontaram para um uso potencial, com viabilidade econômica
em larga escala e uma produtividade média de 70 t ha-1 ano-1.
Os principais fatores limitantes relacionados ao controle
da produção de biomassa de microalgas em grandes tanques
abertos são descritos por Sheehan et al. (1998). Estes fatores
referem-se à contaminação, às dificuldades com a colheita, a
alta influência das condições climáticas, bem como, a tempe-
ratura. Além disso, fatores químicos presentes no meio de cul-
tivo, tais como teor de dióxido de carbono e potencial hidroge-
niônico, influenciam grandemente o crescimento microbiano.
No entanto, tais parâmetros químicos podem ser regulados de
acordo com as necessidades de crescimento das microalgas.
Na operacionalização da produção de biomassa de microal-
gas, o baixo custo no processo está diretamente relacionado ao
planejamento da planta piloto, pois, envolve desde o tamanho
e forma dos tanques, tipos de cobertura, até os mecanismos de
iluminação e controle de temperatura. Outro ponto importante
a ser considerado é a água. De acordo com o relatório do DOE,
a água é o componente majoritário do cultivo de microalgas,
sendo que sua captação, adução e armazenamento deverão pas-
sar por um controle rigoroso, além disso, não pode possuir cloro.
Diversos sistemas de cultivos de microalgas têm sido rea-
lizados visando à produção de biomassa, tanto para uso na
elaboração de alimentos, quanto para a obtenção de produtos
naturais com alto valor no mercado mundial. O potencial bio-
tecnológico das microalgas, principalmente a sua capacidade
Área de cultivo
Produção de óleo Área necessária
Cultura nos EUA
(L ha-1) (M ha)
(%)
Coco 2.689 99 54
Palma 5.950 45 24
Corte 211,20
Aterro 64,80
Total 276,00
Quantidade (unidade) 02 02
foi feito com água não estéril, com pH inicial de 6,8. O inóculo
inicial foi preparado em sacos plásticos transparentes, manti-
dos em ambiente externo ao laboratório, sem controle de tem-
peratura ou luminosidade. Para cada um dos “raceways” foi
utilizada uma espécie de microalgas. A concentração de cada
inóculo foi de 9,68 105 cél mL-1 de C. sorokiniana e de 4,96
105 cél mL-1 de N. oleoabundans. Após 7 dias de cultivo, foram
transferidos 600 L de cada fotobiorreator de 1.500 L para os
“raceways” de 3000 L através de um sistema de hidráulico.
O experimento foi conduzido sob luminosidade e tempera-
tura ambiente, sendo mantida a agitação por bomba de água
submersa, com fluxo máximo de 2.800 L por hora. Após 18
dias de cultivo, realizou-se a amostragem para avaliação dos
seguintes parâmetros: pH, contagem de células em câmara de
Neubauer, determinação da densidade óptica por espectrofo-
tometria a 670nm e quantificação da biomassa seca a 60oC em
estufa com ventilação forçada e o teor de lipídeos por extração
com clorofórmio e metanol.
O número de células inicial das microalgas C. sorokiniana
e N. oleoabundans foi comparada com o número de células no
18º dia de cultivo (Tabela 7.4), bem como, os resultados do
pH, densidade óptica, biomassa.
Número de células
9,68 4,96
inicial (x 105 m L-1)
Número de células
11,50 16,00
final x (x 105 m L-1)
Antes Depois
Características
(μg L-1)
Referências
ANDERSEN, R.; M. KAWACHI. Traditional microalgae isolation
techniques. Algal Culturing Techniques, p. 83-100. 2005.
BENEMANN, J. R. Microalgae Biofuels: A Brief Introduction. 2009.
BJERK, T. R. Cultivo de microalgas em fotobiorreator e reator misto
visando a biorremediação e produção de biocombustíveis. (Mestrado).
Tecnologia Ambiental, Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do
Sul, 2012. 105 p.
BLANCO, A.; J. MORENO; J. DEL CAMPO; J. RIVAS; M. GUERRERO.
Outdoor cultivation of lutein-rich cells of Muriellopsis sp. in open ponds.
Applied Microbiology and Biotechnology, v. 73, n. 6, p. 1259-1266.
2007.
BORGHETTI, I. A. Avaliação do crescimento da microalga Chlorella
minutissima em meio de cultura com diferentes concentrações de
manipuiera. Mestrado em Processos Biotecnológicos, Universidade
Federal do Paraná, Curitiba, 2009. 103 p.
DESAFIOS PARA O
ISOLAMENTO, MANUTENÇÃO
E CARACTERIZAÇÃO
DE MICROALGAS
COLETA, ISOLAMENTO,
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA
E MANUTENÇÃO IN VIVO DE
MICROALGAS DA COLEÇÃO IPR
Michele Regina Lopes da Silva
Diva Souza Andrade
Alexandra Scherer
Introdução
Microalgas são organismos microscópicos que primaria-
mente apresentam clorofila em sua constituição e, por isso, são
capazes de realizar fotossíntese. Além disso, produzem uma
série de compostos de grande interesse comercial e para a pes-
quisa. Na área comercial, os compostos da biomassa microal-
gal possuem uma variedade de aplicações, seja na alimenta-
ção humana e de animais, na extração de compostos químicos
finos, como pigmentos ou na produção de energia renovável.
No campo da pesquisa destacam-se estudos sobre a ocorrên-
cia, distribuição e descrição de novas espécies. Além disso, as
microalgas nativas ou naturalizadas apresentam grande poten-
cial de uso biotecnológico (AMARO et al., 2011).
Diversas espécies de microalgas como Botryococcus brau-
nii, Neochloris oleoabundans, Chlorella spp. Chaetoceros mulleri,
Chaetoceros calcitrans, Chlorococcum spp., entre outras, produ-
zem altas concentrações de lipídeos, que pode ser utilizado
para a produção de biodiesel, apresentando grande poten-
cial de utilização prática (CHISTI, 2007; BALIGA et al., 2010;
MATA et al., 2010; CHEN et al., 2013). Devido ao interesse por
fontes renováveis de energia, pesquisas têm sido voltadas para
a produção simultanêa de biodiesel, bioetanol e metano a par-
tir de matéria-prima de microalgas. A partir de um diagnóstico
tecnológico, sobre o potencial das microalgas para produção
de biocombustível, Antunes e Silva (2010) concluíram que por
se tratar de área tecnológica com empresas diretamente envol-
vidas com combustíveis, a proteção de patentes tecnológicas,
nesta área no Brasil, tende a crescer.
Afora os biocombustíveis, ainda existe uma demanda alta
de matéria-prima de microalgas, por exemplo, espécies de Hae-
matococcus pluvialis, Muriellopsis sphaerica, Arthrospira platen-
sis e Chlorella sp. para produção biotecnológica de compostos
como os pigmentos, suplementos proteicos, compostos com
atividade antioxidante e promotores de crescimento (MARGA-
LITH, 1999; DEL CAMPO et al., 2007; AMIN et al., 2009; FUJII
et al., 2010; FASSETT et al., 2011; ABURAI et al., 2013).
As microalgas são encontradas em diversos ambientes
aquáticos, tanto marítimos como em águas continentais ou de
interiores, e também em ambiente terrestre, diretamente no
solo ou em associação com plantas e animais. Para estudos ex
situ, existem diversos métodos de coleta (BICUDO et al., 2006),
bem como de isolamento de microalgas do ambiente, como o
uso de meio de cultivo enriquecido, isolamento de células utili-
zando micropipetas, isolamento em meio de cultivo agarizado,
diluição, separação por gravidade e fototaxia (ANDERSEN et
al., 2005; LOURENÇO, 2006). A escolha dos métodos de iso-
lamento depende do objetivo da coleta e de fatores como a
disponibilidade de equipamentos do laboratório.
A Coleção IPR de Microalgas foi formada para atender a
demanda do projeto de pesquisa intitulado Microalgas, resul-
tado de um Convênio entre o Instituto Agronômico do Paraná
(IAPAR), a Companhia Paranaense de Energia (COPEL) e a
Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento do Agro-
negócio (FAPEAGRO). O principal objetivo das coletas foi esta-
belecer uma coleção de trabalho composta por espécimes nati-
vos de ambientes aquáticos continentais do Estado do Paraná,
visando a seleção de microalgas com potencial para aplicação
na produção de biocombustível. Após a coleta, foram realizadas
as análises morfológicas, fisiológicas e genéticas nos espécimes,
que possibilitaram sua caracterização, identificação e seleção
prévia. Neste capítulo são abordadas de maneira sucinta as
metodologias utilizadas para coleta, isolamento, caracteriza-
ção morfológica (celular e colonial) e preservação das estirpes
para manutenção da Coleção de microalgas IPR. Esta coleção
encontra-se alocada no IAPAR, sendo composta de espécimes
de microalgas do grupo cianófitas (Filo Cyanobacteria) e cloró-
fitas (Divisão Chlorophyta).
Tabela 8.1. Localidades e características dos pontos de coleta de amostras de água no estado do Paraná para
Clima Altitude
Município Ambiente Latitude Longitude
(Köppen) (m)
Lagoa
*Guarapuava Cfb 963 25° 23′ 19″ Sul 51° 32′ 45″ Oeste
natural
Lagoa
*Pato Branco Cfa 704 26° 07′ 26″ Sul 52° 38′ 58″ Oeste
natural
Lagoa
Microalgas de Águas Continentais | Volume 2
*Palotina Cfa 269 24° 18′ 27″ Sul 53° 54′ 15″ Oeste
natural
Fernandes Lagoa
Cfb 805 25° 25’ 12” Sul 50° 32’ 52” Oeste
Pinheiro natural
Pesqueiro-
Tapejara Cfa 494 23° 44’ 01” Sul 53° 55’ 01” Oeste
lagoa
Umuarama* Represa Cfa 447 23° 47’ 44’ Sul 53° 15’ 15” Oeste
30/07/2014 09:47:36
5 Livro Microalgas V2.indb 313
Resíduo
Arapongas Cfa 804 23° 25′ 00″ Sul 51° 25′ 00″ Oeste
suíno
Porecatu Vinhaça Cfa 364 22º 45’ 00” Sul 51° 22’ 00” Oeste
Lagoa
industrial
Londrina e Chorume Cfa 550 23° 17′ 00″ Sul 51° 10′ 00″ Oeste
de lixo
urbano
*Estação experimental do IAPAR.
Produção de Biomassa e Coprodutos
313
30/07/2014 09:47:36
314 Microalgas de Águas Continentais | Volume 2
Concentração
de células
Coleta de
células
Leite
Preservante
Gradual até o
Banho-maria a 37°C/ 2
descongelamento
min. e sob leve agitação. -
em banho de gelo
Após 25 dias.
após 70 dias
1. Descarte
de meio com
preservantes e
1. Centrifugação e lavagem adição
com meio fresco; de meio fresco;
2. Repouso por cerca de 3 2. Repouso por 1. Adição
Preparo para h sob penumbra; cerca de 3 h sob de meio nas
Cultivo. 3. Centrifugação e lavagem penumbra; ampolas
com meio fresco; 3. Incubação e contato
4. Adição de meio às a 25 ± 2°C e durante 2 h.
células lavadas. fotoperíodo
de 12 h para
recuperação do
tapete de células.
1.
Transferência
dos “plugs”
de algodão
para placas
1. Inoculação em
1. Inoculação em BBM de petri
BBM sólido;
sólido líquido fresco em contendo
Forma de 2. Incubação
maiores volumes; meio de
cultivo. a 25 ± 2°C e
2. Incubação a 25 ± 2°C e cultura BBM
fotoperíodo de
fotoperíodo de 12 h. sólido;
12 h.
2. Incubação
a 25 ± 2°C e
fotoperíodo
de 12 h por
45 dias.
5 0 0 100 100
MeOH
10 0 0 50 100
Cultivo em
meio líquido
5 0 0 100 100
DMSO
10 0 0 100 100
5 0 0 50 100
MeOH
10 0 0 100 100
Cultivo em
meio sólido
5 0 33,3 * 100
DMSO
10 0 100 * *
Leite
Liofilização 10 0 66,3 33,3 33,3
desnatado
1
Pseudochlorella pyrenoidosa, 2Desmodesmos opoliensis, 3Não determinado. *Ausência de crescimento
completo do tapete de células antes do congelamento.
Considerações Finais
Os maiores desafios para isolamento de microalgas são
obter estirpes unialgais e manter nestas condições sem conta-
minantes por longos períodos.
A análise da morfologia celular permite identificar e pelo
menos separar estirpes de microalgas pertencentes aos grupos
Cyanophyta e Chlorophyta.
Testes com diferentes antibióticos e concentrações deverão
ser conduzidos como uma prática de rotina, em uma Coleção
de microalgas, considerando que a sensibilidade ou tolerância
é uma característica de cada estirpe e não apenas do gênero e/
ou espécie.
Exame sistemático dos espécimes de uma Coleção in vivo
de microalgas exige alguns pré-requisitos, para viabilizar o
trabalho rotineiro e não perder material genético importante.
Uma destas exigências é a padronização de protocolos para
facilitar a verificação da densidade de células viáveis e sem
danos fisiológicos de estirpes criopreservadas.
A meta no Projeto Microalgas de estabelecer uma coleção
de espécies adaptadas às condições paranaenses foi alcançada.
Algumas dessas estirpes podem ser novas espécies e após des-
crição completa serão disponibilizadas e/ou depositadas em
coleções internacionais.
Referências
ABURAI, N.; S. OHKUBO; H. MIYASHITA; K. ABE. Composition of
carotenoids and identification of aerial microalgae isolated from the
surface of rocks in mountainous districts of Japan. Algal Research, v. 2,
n. 3, p. 237-243. 2013.
ALLEN, M. M. Simple conditions for growth of unicellular blue-green
algae on plates. Journal of Phycology, v. 4, p. 1-4. 1968.
ALLEN, M. M.; R. Y. STANIER. Growth and division of some unicellular
CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR
DE MICROALGAS
Introdução
O nome Microalgas genericamente designa membros de
um grupo diverso de microrganismos (eucariotos e procario-
tos) que realizam a fotossíntese oxigênica e têm ocorrência
generalizada em ambientes aquáticos e, também, em ambiente
terrestre. O recente aumento no interesse pela exploração bio-
tecnológica das microalgas como fonte de matéria prima para
produção de bioenergia decorre de uma série de vantagens,
tais como: o crescimento rápido desses microrganismos, a alta
produtividade de biomassa com acúmulo de lipídeos e a produ-
ção de pigmentos e proteínas de qualidade. Os avanços atuais
nas técnicas moleculares têm permitido caracterizar e iden-
tificar estirpes de microalgas visando selecionar e explorar o
potencial para produção de biocombustíveis, como também na
busca de novos produtos biotecnológicos.
Na caracterização das estirpes de microalgas da Coleção
IPR, a abordagem polifásica foi adotada. Nessa abordagem são
usados não apenas métodos citológicos, mas também técnicas
moleculares, como ferramentas auxiliares na análise genética
dos espécimes. Entre as técnicas moleculares empregadas na
caracterização de microalgas destacam-se amplificações por
reação da polimerase em cadeia (PCR) com iniciadores uni-
versais para os genes ribossomais 16S e 18S rRNA, para regi-
ões repetitivas e conservadas do DNA por BOX-PCR e por
sequenciamento parcial dos genes ribossomais. Essas técnicas
foram utilizadas para determinar a ocorrência e diversidade
de espécies de microalgas isoladas de águas continentais no
estado do Paraná. Assim, a ênfase neste capítulo é discutir os
resultados obtidos com a aplicação de algumas destas meto-
dologias para a caracterização genética de estirpes dos gru-
pos de cianobactérias e o de clorófitas. Índices de diversidade,
calculados com base da análise do perfil de polimorfismo do
PCR-BOX, são apresentados para cada localidade de coleta de
material biológico aquoso utilizado no isolamento das estirpes
de microalgas IPR.
Índices
N*
Grupos
Margalef
Simpson_1
Menhinick
Shannon_H
Localidades
Dominância
Fisher_alpha
Equitabilidade_J
Pato
A 3 11 0,686 0,314 0,6002 0,9045 0,8341 0,5463 1,359
Branco
30/07/2014 09:47:40
366
Nova
A 4 12 0,3472 0,6528 1,199 1,155 1,207 0,8648 2,101
América
30/07/2014 09:47:40
Produção de Biomassa e Coprodutos 367
Considerações Finais
É de conhecimento geral que, nos ambientes aquáticos e
terrestres, existe grande diversidade de microrganismos, muitos
desses de interesse biotecnológico, como por exemplo, as
microalgas. No entanto o potencial biotecnológico só pode ser
explorado com o conhecimento da máxima capacidade destes
microrganismos. Para isso, é importante realizar o isolamento
e estabelecer uma Coleção ex situ e manter in vivo esses espé-
cimes para ter acesso a essa diversidade. Nesse contexto, o uso
da abordagem polifásica é fundamental para a identificação
taxonômica de microalgas de uma Coleção e, consequente-
mente, para a elucidação da diversidade.
Considerando o apresentado nesse capitulo, o perfil eletro-
forético da análise do BOX-PCR permitiu caracterizar as micro-
algas e, por meio de dendrogramas genéticos, foi possível rea-
lizar o agrupamento pela similaridade. Esta técnica também
mostrou que existe grande diversidade genética de estirpes de
microalgas em lagoas no estado do Paraná. Já com o sequen-
ciamento, de genes ribossomais, foi possível realizar as identi-
ficações de gêneros e até de espécies das microalgas. As novas
tecnologias de sequenciamento e os avanços da bioinformática,
permitiram a geração e montagens de novos genomas. Com as
informações contidas nessas sequências, aliadas a estudos fisio-
lógicos e bioquímicos, será possível maximizar a exploração da
capacidade biotecnológica desses microrganismos.
Referências
ABOU-SHANAB, R. A. I.; I. A. MATTER; S.-N. KIM; Y.-K. OH; J. CHOI;
B.-H. JEON. Characterization and identification of lipid-producing
microalgae species isolated from a freshwater lake. Biomass and
Bioenergy, v. 35, n. 7, p. 3079-3085. 2011.
BERRENDERO, E.; E. PERONA; P. MATEO. Phenotypic variability
p. 1031-1045. 2014.
STARKENBURG, S.; K. KWON; R. JHA; C. MCKAY; M. JACOBS; O.
CHERTKOV; S. TWARY; G. ROCAP; R. CATTOLICO. A pangenomic
analysis of the Nannochloropsis organellar genomes reveals novel
genetic variations in key metabolic genes. BMC Genomics, v. 15, n. 1,
2014/03/19, p. 1-21. 2014.
TAMURA, K.; D. PETERSON; N. PETERSON; G. STECHER; M. NEI;
S. KUMAR. MEGA5: Molecular Evolutionary Genetics Analysis Using
Maximum Likelihood, Evolutionary Distance, and Maximum Parsimony
Methods. Molecular Biology and Evolution, v. 28, n. 10, October 1,
2011, p. 2731-2739. 2011.
VALÉRIO, E.; L. CHAMBEL; S. PAULINO; N. FARIA; P. PEREIRA;
R. TENREIRO. Molecular identification, typing and traceability of
cyanobacteria from freshwater reservoirs. Microbiology v. 155, n. 2, p.
642-656. 2009.
VARGAS, M. A. T.; M. HUNGRIA. Fixação biologica do nitrogenio na
cultura da soja In: Vargas, M. A. T., Hungria, M. Bilogia dos solos dos
Cerrados, p. 527. 1997.
VERSALOVIC, J.; M. SCHNEIDER; F. J. DE BRUIJN; J. R. LUPSKI.
Genomic fingerprinting of bacteria using repetitive sequence-based
polymerase chain reaction. Methods in Molecular and Cellular Biology,
v. 5, p. 25-40. 1994.
WEISBURG, W.; S. BARNS; D. LANE. 16S ribosomal DNA amplification for
phylogenetic study. J Bacteriol, v. 173, p. 697 - 703. 1991.
WEISS, T.; J. JOHNSTON; K. FUJISAWA; S. OKADA; T. DEVARENNE.
Genome size and phylogenetic analysis of the A and L races of
Botryococcus braunii. Journal of Applied Phycology, p. 1-7. 2010.
WOESE, C. R.; G. E. FOX. Phylogenetic structure of the prokaryotic
domain: The primary kingdoms. Proceedings of the National Academy
of Sciences of the United States of America, v. 74, n. 11, p. 5088-5090.
1977.
WOESE, C. R.; O. KANDLER; M. L. WHEELIS. Towards a natural system
of organisms: Proposal for the domains Archaea, Bacteria, and Eucarya.
MICROALGAS: COPRODUTOS
DA BIOMASSA E POTENCIAL
USO COMO BIOFERTILIZANTES
Introdução
O elevado consumo mundial de energia oriunda principal-
mente da queima de combustíveis fósseis representa grandes
riscos à sobrevivência humana, devido não apenas ao esgo-
tamento das reservas mundiais de petróleo, mas, também aos
conflitos geopolíticos por recursos cada vez mais escassos.
Aliado a estes problemas surge o risco das mudanças climáti-
cas em todo o globo com o aumento da concentração de CO2 na
atmosfera devido à queima de combustíveis fósseis. Segundo
Ritmann (2008), a necessidade de redução da dependência de
uso de combustíveis derivados do petróleo bem como o inte-
resse em desenvolver ferramentas que apoiem a redução do
aquecimento global fez aumentar o interesse na produção de
biocombustíveis obtidos a partir de microalgas.
A determinação da biomassa, com os resultados expres-
sos em massa seca ou úmida, é um dos métodos de avaliar o
desenvolvimento de microalgas. Essa abordagem consiste em
recolher alíquotas dos cultivos, concentrar células por centri-
fugação, filtração ou floculação e assim obter a biomassa. O
método mais adequado para secagem, no caso de determina-
ção da biomassa seca é a liofilização, pois preserva as carac-
terísticas químicas das microalgas. Além de ser um parâmetro
para avaliar o crescimento das células, a biomassa é importante
por conter as substâncias de interesse tecnológico produzidas
durante o cultivo das microalgas.
Existe um grande número de espécies de microalgas pro-
missoras como fonte de lipídeos para a produção de biocombus-
tíveis devido à sua rápida multiplicação, alto conteúdo lipídico
e por permitir que seu cultivo se realize em terras não aráveis.
Diferentes espécies de microalgas podem produzir diferentes
tipos de lipídeos. Embora comumente quase toda microalga
possua lipídeo em sua célula, nem todo lipídeo de fonte algal
pode ser convertido a biodiesel (CHISTI, 2007). Diversos fato-
res influenciam a produção de lipídeos por microalgas, como a
100
90
1
1d 80
70 n 1
60
m
0
sec
40 n 6
om ss
20 n 17
10 n 2
0
A
ru os de est r es de c no ct r s d oe o
12
n 6
10 n 9
n 1
n 1
8 n
0
A
ru os de est r es de c no ct r s d oe o
12
n 6
10 n 9
n 1
n 1
8 n
0
A
ru os de est r es de c no ct r s d oe o
12
n 6
n
n 12
10 n 1
n 20
n 22
8 n 24
0
A
ru os de est r es de c or t s