INTRODUÇÃO
“Pelo impacto que a DA opera sobre a qualidade de vida, tanto dos portadores quanto
dos familiares cuidadores e por ocasionar dependência total de outras pessoas, todos os
9
envolvidos no tratamento, inclusive os profissionais da saúde, têm a difícil tarefa de lidar com
um transtorno cuja história natural é a deterioração progressiva, o que exige muito de todos
os envolvidos dos pontos de vista físico e emocional. Curas farmacológicas ou psicológicas
ainda não existem e, com o aumento da população com mais de sessenta anos, o número de
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
Metodologia
1 - A DOENÇA DE ALZHEIMER
A Doença de Alzheimer (DA) foi descrita pela primeira vez em 1907 pelo
neuropatologista Alois Alzheimer, que estudou uma paciente de 56 anos, falecida
num hospital psiquiátrico de Munique, com quadro de declínio de memória grave e
progressivo, associado a outros déficits cognitivos como apraxia, afasia, agnosia e
desadaptação social, com piora progressiva dos sintomas. A paciente faleceu 4 anos
e 6 meses após a primeira consulta e a necropsia mostrou alterações específicas. O
exame anatomopatológico revelou atrofia do córtex cerebral, com pequenos
aglomerados de material degenerado - “placas senis” ou “placas neuríticas” e, no
interior dos neurônios, depósitos de estruturas fibrilares - “emaranhados
neurofibrilares” (ALBERT; DRACHMAN, 2000).
Em 1910, Kraepelin propôs denominar essa estranha doença com o nome do
seu descobridor, Alzheimer (GRAEBER et al., 1997). Esta denominação passou a
ser considerada apenas para as demências pré-senis, diferentes da demência senil
da época.
Dessa forma, a DA caracteriza-se como uma doença progressiva que
acomete o tecido cerebral de forma generalizada. Muitas vezes é confundida
popularmente com a esclerose, cuja causa se relaciona com a má circulação
cerebral, ou seja, com o que se conhece como aterosclerose. Na DA,
diferentemente, os achados neuropatológicos são caracterizados por lesões
microscópicas como as placas senis e os emaranhados neurofibrilares presentes
nas regiões hipocampais e corticais (MÁRMORA, 2005).
A DA apresenta alta incidência na população acima de 65 anos (FREITAS,
2006). Caracterizada por perda progressiva da memória e de outras funções
cognitivas, que prejudicam o portador em suas atividades de vida diária e em seu
desempenho social e ocupacional (MACHADO, 2002).
Segundo Touchon e Portet (2002) a doença de Alzheimer corresponde entre
60 a 70% dos casos de demência, sendo a forma mais comum de demência no
idoso. Trata-se de uma doença neurodegenerativa crônica, progressiva e de início
insidioso (MOREIRA; OLIVEIRA, 2005), cujas manifestações iniciais escapam
muitas vezes aos familiares que convivem com o doente (BARRETO, 2005).
12
Estádio 6: Demência grave, nesta fase o doente necessita de ajuda nas atividades da
vida diária como a higiene e o vestir-se e a incontinência pode surgir. É nesta fase que se manifestam
mais os sintomas comportamentais. A duração é em média dois a três anos,
tornando cada vez mais freqüente, à medida que a idade avança, até atingir entre
25% a 50% em pessoas com 80 anos ou mais (EVANS, 1997).
1.2. - Etiologia da Doença de Alzheimer
F) A perturbação não pode ser explicada por uma perturbação do eixo I como por exemplo
perturbação depressiva grave ou esquizofrenia.
Dessa forma, o cuidador é uma pessoa que vai realizar as tarefas que o idoso
portador de demência não tem mais possibilidade de executar, desde atividades de
higiene até mesmo a administração financeira. Esse cuidador responsável é, na
maioria das vezes, um familiar próximo, como cônjuge ou filhos, que com a
progressão da demência, enfrenta diversas dificuldades na sua vida diária (Bandeira
et al., 2006, Paula et al., 2008).
Os cuidadores podem ser divididos em diversas categorias: por grau de
parentesco com o idoso, pelo tipo de ajuda proporcionada, pela freqüência dessa
ajuda e pelo tipo de arranjo de moradia, dentre outros.
Wanderley e Blanes (1998) distinguem os cuidadores domiciliares em duas
grandes categorias:
“(1) proporcionar suporte em atividades instrumentais de vida diária (AIVD) como, por
exemplo: arrumar e limpar a casa, preparar refeições, fazer compras, fazer e receber
pagamentos, transportar e acompanhar a visita médica;
(2) lidar com dificuldades funcionais associadas às atividades físicas e ao autocuidado do
idoso como, por exemplo: tomar banho, alimentar-se, pentear os cabelos, escovar os dentes,
transferir-se da cama para a cadeira. Essas atividades são denominadas atividades básicas
de vida diária (ABVD) e mantêm uma relação próxima com a maior ou menor autonomia do
idoso e as conseqüentes questões emocionais e de perda de auto-estima para ele. Para o
cuidador podem demandar mais ou menos sobrecarga física e de tempo, além de
conhecimentos e habilidades específicas;
(3) atender à necessidade de suporte emocional, por exemplo: fazer companhia,
atuar como confidente, conversar sobre questões pessoais e emocionais, compartilhar
atividades e ajudar a manter ou reatar laços afetivos e,
(4) lidar com as pressões psicológicas decorrentes de proporcionar os cuidados.”
“(1) O ônus físico e financeiro, que tende a aumentar conforme a saúde do idoso vai
se deteriorando e sua dependência vai aumentando;
(2) O peso das tarefas, que pode ser agravado pela falta de preparo e de informação
do cuidador, pela escassez de apoio social e emocional àquele que exerce o cuidado e pela
carência de ofertas de serviços especializados ou de apoio formal a idosos;
(3) O exercício do papel do cuidador tende a competir com o desempenho de papéis
profissionais e familiares que os cuidadores exerciam anteriormente;
(4) O fato de familiares cuidar de pais ou cônjuges idosos usualmente faz aflorar
sentimentos pessoais e conflitos familiares de difícil manejo e,
(5) O cuidado exercido no âmbito da família é, geralmente, uma atividade solitária,
tanto no sentido em que o cuidador realiza as tarefas sozinho, como no sentido em que
encontra pouco apoio social entre as pessoas que estão vivendo ou já viveram a mesma
situação.”
O ônus financeiro foi alvo do estudo realizado por Veras et al. (2007) com 41
famílias que cuidam de idosos demenciados, com o objetivo de compreender a
composição dos gastos com o cuidado e seu impacto sobre a renda familiar e
sugere que a repercussão destes é realmente grande e chega a comprometer, em
média, 66% da renda familiar. Segundo os autores, os gastos podem chegar a 75%,
nos casos de pacientes no estágio inicial da demência, a 62% no estágio avançado
e a cerca de 80% da renda familiar, quando associada a outra doença crônica. O
item que mais se destacou foi a compra de medicamentos em razão do tratamento
da saúde.
Estudo realizado por Garrido e Almeida (1999) apontou que a tarefa de cuidar
de pessoas demenciadas é uma sobrecarga na vida do cuidador. Segundo os
autores, os distúrbios de comportamentos apresentados pela pessoa com demência
23
enfermeiro atua quando o problema de saúde já ocorreu, por isso um dos objetivos,
além do tratamento adequado, deve ser a prevenção da recorrência. No momento
da identificação do problema, é necessário que o enfermeiro instrua o cuidador
sobre a importância da procura por atendimento especializado.
Segundo Gratão (2006) o enfermeiro precisa atuar no cuidado ao idoso com
DA, em fases mais avançadas da doença como posicionamento no leito, banho,
alimentação, troca de roupa de cama, entre outras necessidades. Ainda segundo a
autora, a família deve ser preparada para os sentimentos de culpa, frustração, raiva,
depressão e outros sentimentos que acompanham a responsabilidade, com auxílio
de profissionais de saúde.
Para Bottino e colaboradores (2002) as intervenções de suporte e
aconselhamento fornecidas aos familiares/cuidadores dos pacientes com DA podem
reduzir o nível de sintomas psiquiátricos existentes entre os familiares, alterando de
forma significativa o bem-estar dos pacientes e de suas famílias. Portanto, os
profissionais envolvidos no atendimento de indivíduos com demência devem,
sempre que possível, considerar a viabilidade de associar ao tratamento
medicamentoso o atendimento psicossocial multidisciplinar dos pacientes e seus
familiares
26
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALBERT, M.S.; DRACHMAN, D.A. Alzheimer’s Disease: What is it, how many people
have it, and why do we need to know? Neurol., v.55, p.166-8, 2000.
LEMOS, N.D.; GAZZOLA, J.M.; RAMOS, L.R. Cuidando do paciente com Alzheimer:
o impacto da doença no cuidador. Saúde Soc.,v.15, n.3, p.170-9, 2006.
MORIGUCHI, E. et al. Adulto tardio. In: CATALDO NETO, A.; GAUER, G.J.C.;
FURTADO, N.R. Psiquiatria para estudantes de medicina. Porto Alegre: EDIPUC-
RS, 2003.
SOUZA, L.M.; WEGNER, W.; GORINI, M.I.P.C. Educação em saúde: uma estratégia
de cuidado ao cuidador leigo. Revista Latino-Americana Enfermagem, Rio Grande
do Sul, v.15, n.2, p.167-175, mar/abr, 2007.
VERAS, R.P. et al. Avaliação dos gastos com o cuidado do idoso com demência.
Rev Psiq Clín., v.34, n.1, p.:5-12, 2007.