1 Introdução
estar e o desempenho social. (Newcomb et al., 1986; Jessor, 1991; Jessor et al.,
1995).
Alguns desses fatores são mencionados as características da personalidade das
pessoas; outros, ao seu meio microssocial e outros, ainda, a condições básicas e
socioculturais mais amplas. (Zweig et al., 2002).
Zweig et al., (2002) afirma que geralmente, estão combinados quando uma
situação considerada biopsicossocial perigosa se concretiza. Por exemplo, no caso
do uso de drogas: ao fumar maconha, o adolescente pode alargar a chance de
desenvolver uma patologia pulmonar, e também sofrer consequências psicossociais
ou sanções legais, conflitos com os pais, perda de interesse na escola ou culpa e
ansiedade.
Dentro das ideias iniciais de proteção, uma das atividades de quem atua na
atenção aos adolescentes que usam drogas é determinar que fatores podem ser
evidenciados pela ténica e experiencia como relevantes para promover seu
crescimento saudável e evitar que corram riscos de dependências e de acirramento
de problemas sociais. (Hawkins et al., 1992; Coie et al., 1993; Jessor et al., 1995;
Pettit et al., 1997).
Jessor et al., (1995) resulta que os fatores de risco e de proteção devem ser
tratados como variáveis independentes, pois não podem afetar o comportamento
que haja necessariamente, uma complementaridade entre eles.
No entanto, ambos fatores não devem ser considerados uma sentença, no qual
tal evento seja de risco ou de proteção para todos os indivíduos. Deve ser analisado
o contexto no qual a pessoa está inserida para compreender se tal evento
caracteriza-se como de risco ou de proteção para se propor estratégias de
intervenção (PERES, MERCANTE & NASELLO, 2005).
Newcomb MD, Maddahian E & Bentler PM 1986. Risk factors for drug use among
adolescents: concurrent and longitudinal analyses. American Journal of Public
Health 76(5):525-531.
Jessor R, Bos JV, Vanderryn J, Costa FM & Turbin MS 1995. Protective factors
in adolescent problem behavior: moderator effects and developmental
change. Developmental Psychology 31(6):923-933.
Zweig JM, Phillips BS & Lindberg LD 2002. Predicting adolescent profiles of risk:
looking beyond demographics. Journal of Adolescent Health 31:343-353.
6
Coie JD, Watt NF, West SG, Hawkins JD, Asarnow JR et al. 1993. The science of
prevention. A conceptual framework and some directions for a national research
program. American Psychologist 48(10):1013-1022.
Pettit GS, Bates JE & Dodge KA 1997. Supportive parenting, ecological context,
and childrens adjustement: a seven-year longitudinal study. Child
Development 68(5):908-923.
PERES, J. F. P., MERCANTE, J. P. P., NASELLO, A. G. Promovendo
resiliência em vítimas de trauma psicológico. Revista de Psiquiatria do Rio
Grande do Sul, v. 27, n. 2, p. 131-138, 2005.
1.1.1 Família
até mesmo habitando viadutos e ruas. Isso deixa evidente o grau de discrepância
entre o que é previsto pela lei e o que realmente acontece.
A questão da violência e agressividade dentro da família também precisa ser
considerada. Lopes, Delfino e Rodrigues (2008) indicam para o fato de que
interações familiares autoritárias, abusivas e repressivas são determinadas por uma
constante troca de respostas aversivas verbais e físicas, por pelo menos um
integrante do grupo familiar, e que tais respostas aversivas são modeladas,
amplificadas e mantidas, em parte, por contingências sociais. A questão de o
adolescente não dar importância ou sua devida atenção às regras e comando à
autoridade parental, pode ser um ponto primordial nas trocas coercitivas. Nas
famílias com adolescentes agressivos, tanto os pais quanto os filhos usam respostas
aversivas como artifícios para lidar com os conflitos e desentendimentos.
Adolescentes de qualquer classe social estão expostos à violência doméstica,
embora as famílias com poder aquisitivo maior, ou seja, famílias mais favorecidas
economicamente, tenham mais facilidade de esconder seus comportamentos
abusivos. Crianças e adolescentes expostos ao abandono, morte, doença dos pais,
submetidos à intensa ansiedade gerada pelo ambiente das ruas ou extrema
dificuldade financeira no âmbito familiar, podem apresentar conduta agressiva em
suas relações familiares, escolares e sociais (MENEGHEL; GIUGLIANI; FALCETO,
1998).
mostra a figura abaixo. Essas famílias são, em sua grande maioria, de baixo poder
aquisitivo: 70,29% têm renda de até dois salários mínimos.
Figura 1: Estado de Goiás: adolescentes em medida socioeducativa, por renda familiar Fonte:
Souza (2013, p. 20).
Não se pode afirmar que não há adolescentes das classes média e alta que
praticam atos infracionais, no entanto, o que se percebe é que os adolescentes que
estão cumprindo medidas socioeducativas, sobretudo de internação, em sua maioria
vivenciam realidades nas quais se experienciam o corte de desigualdade social que
promove a exclusão, a privação de bens e de consumo, de oportunidades de estudo
ou boa qualidade de educação e acesso a uma profissionalização. Eles vivenciam
uma pobreza real, concreta, uma segregação da escola, da comunidade, da
sociedade e, por vezes, da família (SARTÓRIO, 2007).
1.1.3 Educação
O problema das drogas precisa ser mais bem abordado. Mesmo não havendo
predominância nos tipos de infrações cometidas, o consumo e o tráfico parecem ser
banais no cotidiano dos adolescentes infratores. No Brasil, o álcool, o tabaco e a
maconha são as drogas mais usadas pelos adolescentes (MINAYO, 2007).
O estudo, que foi realizado no estado de Goiás, nas unidades de atendimento
socioeducativo do estado em 2009, mostra a incidência desse consumo, como é
mostrado na figura a seguir.
2. Métodos
Legenda: S: Sim/ N:Não/ NC: Não esta claro / NA: Não se Aplica.
3. Resultados
3.1 Seleção dos estudos
(n = 423)
Registros
duplicados
(n = 1)
Registros selecionados
(n = 29)
Foram excluídos por não
se adequarem aos
padrões exigidos. Por
não terem o foco que
procuramos.
Artigos completos
avaliados para
elegibilidade
(n =29)
Incluído
Artigos incluídos na
síntese qualitativa
(n = 3)
COELHO, Bianca Verificar as Participaram da Adolescentes em Os dados foram A compor o núcleo central das Observa-se que as representações
Izoton; ROSA, representações pesquisa conflito com a lei que coletados, por meio de representações sociais, têm-se sociais de ato infracional
Edinete Maria. Ato sociais de ato quarenta e seis estavam cumprindo entrevistas Individuais, as palavras cadeia, crime, mencionadas pelos adolescentes
infracional e medida infracional e Adolescentes há mais de três com um roteiro drogas, homicídio, roubo e entrevistados reproduzem as
socioeducativa: medida de faixa etária meses a medida semiestruturado, tráfico como aquelas representações que nossa
representações de socioeducativa de 15 a 18 anos socioeducativa de registradas por meio de consideradas mais significativas sociedade atual também possui com
em adolescentes e pertencentes
adolescentes em Liberdade Assistida um gravador. quando referentes ao termo ato relação a esse ato. Por outro lado,
em conflito com ao sexo
L.A. Psicologia e relativa aos atos infracional. Nota-se também o percebe-se a existência de alguns
a lei. masculino.
sociedade, Belo infracionais. apontamento das palavras elementos das representações
Horizonte, v. 25, n. sofrimento, culpa e revolta como sociais dos adolescentes que
1, p. 163-173, 2013. termos relacionados à prática cometeram ato infracional que
de atos infracionais. Referente a apontam para um novo
Qualitativo medida socioeducativa entendimento desse ato, pois
observam-se as representações envolvem seus sentimentos, ou seja,
Brasil.
sociais. As palavras a culpa, a revolta, o sofrimento. No
consideradas mais significativas que se refere às representações
foram aprendizagem, sociais de medida socioeducativa, é
atividades, educação e demonstrado que, apesar da medida
mudança. atuar como instrumento
sancionatório, também é um objeto
de esperança e mudança na vida
desses adolescentes.
19
VARGAS, Identificar os Três Adolescentes que Foi utilizado como Quanto ao nível da pessoa, foi Alguns microssistemas foram
Fernanda. Fatores fatores de risco adolescentes, se encontravam instrumento de possível identificar a presença identificados como fatores de risco
de risco e fatores familiares e a dois do sexo cumprindo Pesquisa, o de características como: nos casos dos participantes, como:
de proteção: um presença de masculino e Medida Questionário da impulsividade, pouca empatia, escola, grupo de amigos,
estudo de caso com fatores de uma do sexo socioeducativa Juventude Brasileira. ansiedade, baixa autoestima comunidades em que residiam,
adolescentes em de Liberdade entre outros. Além disso, foi possível
proteção na vida feminino, com agressividade e baixa tolerância
cumprimento de Assistida (LA) identificar também fatores de risco
destes jovens idades entre 13 em uma ONG na a frustrações nos três casos.
medidas no nível pessoal, como: baixa
presentes ao e 16 anos de cidade de Santa Foi possível identificar nos três
socioeducativas. autoestima e problemas quanto ao
longo do idade. Maria. casos a presença de conflitos temperamento (baixa tolerância à
Monografia do
desenvolvimento familiares, baixa coesão familiar frustração, falta de controle dos
Curso de
de adolescentes e um ambiente violento, além impulsos etc.)
Especialização em
Saúde Comunitária em conflito com a da presença de outro familiar Neste estudo foi possível identificar
da Universidade lei. envolvido com delitos ou abuso fatores de proteção como: melhora
Federal do Rio de substâncias. Outra dos atributos pessoais de
Grande do Sul, problemática identificada se autoestima e controle da
2012. refere às dificuldades impulsividade; a presença de
financeiras que as famílias dos sistemas externos de apoio, como
três casos estudados por exemplo, o conselho tutelar,
Estudo de professores das escolas, fazenda
apresentaram.
caso terapêutica, madrinha e
Brasil principalmente o vínculo
estabelecido com a ONG em que os
adolescentes cumprem medida
socioeducativa.
ANDRADE, O objetivo é Sexo feminino de A amostra foi obtida Entrevista Como resultados alta O estudo aponta para a
Renata et al. avaliar a idades na única instituição semiestruturada. prevalência de transtornos necessidade de proteger
Prevalência de prevalência de entre 12 e 21 governamental para psiquiátricos entre adolescentes adolescentes da exposição precoce
transtornos transtornos anos. detenção em regime infratores, sendo os mais ao álcool, e sua vulnerabilidade é
psiquiátricos em mentais em fechado do estado prevalentes: transtorno de mais uma vez demonstrada neste
jovens infratores na adolescentes do Rio de Janeiro. déficit de atenção com estudo, que corrobora a literatura.
cidade do Rio de Os dados sugerem às autoridades
sob medida hiperatividade (33%), transtorno
Janeiro (RJ, em saúde pública que tanto a
socioeducativa da conduta (77%), transtorno
Brasil): estudo de detecção quanto o tratamento
. desafiador opositivo (50%), precoce de transtornos psiquiátricos
gênero e relação
com a gravidade transtornos de ansiedade na infância podem ajudar na
do delito. Ciência (70%), transtorno depressivo prevenção de atos infratores.
& Saúde (50%), abuso de drogas ilícitas Sugerem também que o tratamento
Coletiva, Porto (70%) e abuso de álcool (52%). em saúde mental dos jovens sob
Alegre, v. 16, n. O abuso de álcool aumentou custódia da lei deve ser parte
4, p. 2179-2188 em 2,4 vezes a chance de um fundamental da recuperação e da
2011. adolescente cometer delito ressocialização deles.
Qualitativo, violento.
Brasil
20
21
Foram utilizados 3 estudos que são homogêneos, pois todos foram realizados
no Brasil e os estudos analisaram adolescentes infratores que estavam cumprindo a
medida socioeducativa de liberdade assistida. Os tipos de estudo são heterogêneos,
pois são dois qualitativos e 1 estudo de caso, totalizando 96 alunos nos 3 estudos
analisados. Os instrumentos utilizados foram entrevistas semiestruturadas e 1
questionário da juventude brasileira.
Com base nos estudos é possível verificar que os adolescentes foram
influenciados com fatores que antecedem o ato infracional, como os fatores de risco
e proteção, tais como família, comunidade, grupo de amigos e as suas
representações sociais relacionadas a criminalidade, roubo, justiça, aprendizagem e
mudança que levam a sentimentos como revolta, tristeza e esperança. Além desses
fatores externos e psicossociais foi possível analisar a influência de transtornos
psiquiátricos que levariam esse adolescente a cometer o ato infracional, tais como
déficit de atenção com hiperatividade, transtorno da conduta, transtorno desafiador
opositivo, transtorno de ansiedade, transtorno depressivo e abuso de drogas ilícitas.
4. Discussão
6. Conclusão
7. Abreviaturas
8. Declarações:
9 Referências
ALVES, Gabriela. A construção da identidade do adolescente e a influência dos
rótulos na mesma. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) -
Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, Santa Catarina, Brasil, 2008.
Disponível em: http://newpsi.bvs-psi.org.br/tcc/GabrielaMacileAlves.pdf. Acesso em:
10 out. 2019.
FEIJÓ, Maria Cristina; ASSIS, Simone Gonçalves de. O contexto de exclusão social
e de vulnerabilidades de jovens infratores e de suas famílias. Estud. Psicol., Natal,
v. 9, n. 1, p. 157-166, abr. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_abstract&pid=S1413-
294X2004000100017&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 03 nov. 2019.
MENEGHEL, Stela Nazareth; GIUGLIANI, Elsa J.; FALCETO, Olga. Relações entre
violência doméstica e agressividade na adolescência. Caderno de Saúde Pública,
Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 327-335, abr. 1998. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/csp/v14n2/0110.pdf. Acesso em: 03 nov. 2019.
ANEXOS
Anexo 1
Quadro S1. Itens do checklist a serem incluídos no relato de revisão
sistemática ou meta-análise
TÍTULO
27
Anexo 2
JBI Critical Appraisal Checklist for Qualitative Research
Reviewer Date
Anexo 3 Declaração de
revisão de texto
Declaro, para os devidos fins, que revisei o artigo FATORES QUE LEVAM ADOLESCENTES A
COMETEREM ATOS INFRACIONAIS: UM ESTUDO DE REVISÃO SISTEMÁTICA DA
LITERATURA, das autoras Anny
Caroliny Ferrari Guilherme, Lucélia Pires do Prado Lavrinha e Maria Claudia Vieira,
com 26 páginas, a ser apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso de
Psicologia da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO).