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A República – Platão
Para responder a pergunta como seria uma cidade justa, Sócrates começa a
dialogar, principalmente com Gláucon e Adimanto.
Platão salienta que a justiça é uma relação entre indivíduos, e depende da
organização social. Mais tarde fala que justiça é fazer aquilo que nos compete, de
acordo com a função. A justiça seria simples se os homens fossem simples. Os homens
viveriam produzindo de acordo com as suas necessidades, trabalhando muito e sendo
vegetarianos, tudo sem luxo.
Para inserir seu sistema de governo, Platão imagina que devia se começar da
estaca zero. De plano, seria tirar os filhos das suas mães, já que ele repudiava o modo de
vida com a promiscuidade social, ganância, a mente que a riqueza, o luxo e os excessos
moldam, típicos dos homens ricos de Atenas. Nunca se contentavam com o que tinham,
e desejavam as coisas dos terceiros, o que resultava na invasão de um grupo para o
outro e vinha a guerra.
Nota-se para o inconformismo em razão dos homens, que com mais votos
pudessem assumir cargos da mais alta importância, pois nem sempre o mais votado é o
melhor preparado. Era preciso criar um método para impedir que a corrupção e a
incompetência tomassem conta do poder público.
Ressalta-se, que por trás dessa indagação, estava a psyche humana, como havia
identificado Sócrates.
Nesta ótica, conhecimento humano se origina de três fontes principais: o
desejo, a emoção, e o conhecimento, que fluem do baixo ventre, coração e cabeça,
respectivamente.
Essas fontes seriam forças presentes em diferentes graus de distribuição nos
indivíduos, que se dosariam umas às outras, e num homem apto a governar, estariam em
equilíbrio, com a cabeça liderando continuamente, sendo necessária uma longa
preparação e muita sabedoria.
Se não bastasse, o autor traz uma reflexão sobre vários pontos da conduta
humana, evidenciando que o homem nunca chegará ao ponto final do conhecimento,
pois ele não existe. Constantemente há a necessidade de aprender e de precisar buscar
de mais informações, pois elas nunca se esgotam.
Quanto à justiça, esta, pois deve se o bem de todos e não o bem do mais
esperto e aproveitador ou do mais forte, como queria Trasímaco, em um de seus
diálogos.
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Para o autor, o bem deve ser visto para todos em beneficio de todos e este só se
conquista através de ações justas, racionais e universais.
Platão também discute a questão da racionalidade. Para ele as pessoas devem
se guiar pelo pensamento racional, pois só assim o homem poderá diferenciar o caminho
no qual deverá seguir, se afastando dos caminhos incorretos.
Não será a conveniência do mais forte que deverá prevalecer e sim a justiça e é
através dessa justiça que as coisas devem se constituir, segundo menciona o Autor na
obra.
Para ele, a justiça a ser seguida deve ser a mais ampla e não apenas a justiça
individual, pois essa poderia levar a interesses egoístas.
Platão se vale da expressão “a semelhança do maior na forma do menor”, isto
é, a investigação da justiça numa escala mais ampla para poder reduzir de maneira mais
justa aos indivíduos, só assim não cairá nos interesses individuais, podendo desta forma,
ocorrer à injustiça.
Há também, uma admissão de que as pessoas são diferentes e assim devem
ocupar lugares e funções diversas na sociedade.
No olhar de Platão, a sociedade ideal deve-se tirar os filhos dos pais, para
protegê-los dos maus hábitos, onde nos primeiros dez anos, a educação será
predominantemente física, e a medicina serve só para os doentes sedentários das
cidades, e não se deve viver para a doença. Para contrabalançar com as atividades
físicas, a música. Quanto à música, ela aperfeiçoa o espírito, cria um requinte de
sentimento e molda o caráter, também restaura a saúde.
A inspiração e a intuição verdadeira não se conseguem quando se está
consciente, com a razão. O poder do intelecto está reprimido no sono ou na atenção que
aflora com a doença. Ele então critica o controle da lei e da razão a certos instintos que
ele chama de ilegal.
Depois dos dezesseis anos, e de misturar a música para lições musicais com a
música pura, essas práticas são abandonadas. Assim os membros dessa comunidade
teriam uma base psicológica e fisiológica. A base moral será dada pela crença em Deus.
O que torna a nação forte seria ele, pois ele pode dar conforto aos corações aflitos,
coragem às almas e incitar e obrigar.
Quando se chegar aos vinte anos, chegará à hora da Grande Eliminação, que é
um teste prático e teórico, que se inicia com a divisão por classes da República.
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Para Platão, aqueles que passaram com sucesso por essa série de provas ao
chegar aos cinquenta anos de idade, estarão aptos a serem admitidos no corpo supremo
dos magistrados.
Estes homens selecionados poderão exercer o poder, visto que apenas eles têm
ciência da política. Como são os mais sábios, também serão os mais justos, uma vez que
o mais justo é aquele que conhece a justiça.
No que tange a análise de justiça, esta constitui a principal virtude, a própria
condição das outras virtudes.
A função da Justiça é de manter a cidade coesa. E justamente depois de terem
adquirido tanto conhecimento através da experiência e dos estudos é que poderão
ocupar essas funções de tamanha importância dentro da polis.
Eles serão os mestres a serem seguidos pelos demais, por isso é que poucos
chegam a esses lugares.
Em relação à proposta de Platão, leva a um modelo aristocrático de poder, mas
que não se trata de uma aristocracia da riqueza, e sim da inteligência, em que o poder é
confiado aos melhores.
Só serão considerados os melhores os que também forem os mais sábios e
assim mais justos.
Esse estado de coisas pode degenerar, e de sua decadência aparecem outras
formas de governo, quais sejam: a timocracia, quando o culto da virtude é substituído
pela norma guerreira; a oligarquia, quando prevalece o gosto pelas riquezas, e o censo é
a medida de capacidade para o exercício do poder; a democracia, quando o poder
pertence ao povo, que, sendo incapaz de conhecer a ciência política, facilita, através da
demagogia, o aparecimento da tirania; esta é a pior forma de governo, exercido por um
só homem através da força.
Existe uma preocupação quanto à constituição do estado.
Importante diferenciar a conceituação de Belo. Belo em si e o Belo como
conhecimento verdadeiro. Para o Autor, existe o Belo em si e o Bom em si, e, do
mesmo modo relativamente a todas as coisas que então postulamos como múltiplas e
inversamente postulamos que a cada uma corresponde a uma idéia, que é única e
chamamo-la a sua essência: o espírito humano precisa saber discernir e amar o belo em
si e não apenas a aparência.
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Tais ideias gerais são hierarquizadas, e no topo delas está à ideia do Bem, a
mais alta em perfeição e a mais geral de todas: os seres e as coisas não existem senão na
medida em que participam do Bem.
O Bem supremo é também a Suprema Beleza, tratando-se do Deus de Platão.
Esse tipo de conhecimento só é obtido através do conhecimento, do
pensamento racional, da justiça e do bom. Esse é o tipo de visão que os homens
deveriam ter das coisas, uma visão profunda, analítica, realista, que para muitos é
difícil, por isso eles preferem o mundo visível.
Questiona-se como ser possível que certos homens ultrapassem o mundo das
aparências ilusórias.
Platão supõe que os homens já teriam vivido como puro espírito quando
contemplam o mundo das ideias.
Ao “decair”, se “aprisionando” em um corpo (que é sempre um túmulo da
alma), tudo esquecem, mas a visão, pelos sentidos das coisas sensíveis desperta na alma
as lembranças adormecidas, denominada como teoria da reminiscência.
O Autor entende que o mundo só é conquistado por meio de muito esforço e
discernimento.
O homem só atinge esse grau a partir do momento que ele se conscientiza da
sua importância, já que o mundo sensível é muito mais atraente, acessível e fácil,
havendo uma tarefa que só consegue ser cumprida por poucos e estes têm o dever de
espalhar o mais que puder, para que outras pessoas sejam levadas a esse ponto
denominado como superior.
Cabe a alma elevar-se das coisas múltiplas e mutáveis, a partir das ideias unas
e imutáveis.
Segundo a análise, o filósofo o que se libertou das correntes, ao contemplar a
verdadeira realidade a ter passado da opinião à ciência, deve retornar ao meio dos
homens para orientá-los.
A segunda dimensão do mito da caverna, também é denominada como sendo a
dimensão política, baseada no seguinte questionamento: Como influenciar os homens
que não vêem?
O sábio, neste caso, tem o papel essencial de ensinar e dirigir, tratando-se da
necessidade da ação política, da transformação dos homens e da sociedade, desde que
essa ação seja dirigida pelo modelo ideal contemplado.
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Percebe-se que este é o grande desafio dos governantes, que também devem ser
homens sábios, contemplativos, guiados pelo pensamento racional, que devem levar a
maioria das pessoas às ações que visem esse objetivo primordial que é o da justiça, e
eles devem servir de exemplo e mostrar o caminho correto aos seus súditos, trazendo a
importância do conhecimento para as ações humanas.