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LEGISLAGAO EXTRAVAGANTE 1. CONTEXTUALIZAGAO: A implementagao de disciplinas que visam 0 aprimoramento técnico profissional dos policiais militares do Estado de Goids, conforme as matrizes curriculares de cursos ¢ REGIMENTO DE ENSINO DA PMGO, indicam a necessidade de profissionais qualificados e bem preparados. Em resposta a essa demanda de formagao, utilizacéio de tecnologias educacionais e formagao na modalidade a distancia, faz-se necesséria uma melhor capacitagao dos policiais militares do Estado de Goids, no cumprimento de sua missdo institucional, com 0 aprimoramento de habilidades especificas no desenvolvimento da a dade policial. Nesse diapasdo, a disciplina Legislagao Extravagante visa dotar a praga policial militar de conhecimentos gerais sobre as leis penais extravagantes e suas recentes alteragées, principalmente aquelas que estao intimamente ligadas ao servigo policial militar. Lei extravagante ¢ aquela que se encontra fora do cédigo que regula o setor da vida social a que se destina. Leis Penais Extravagantes sao leis vélidas, mas que nao estao escritas no Cédigo Penal, e sim em leis separadas, a exemplo da Lei de Drogas e da Lei de Crimes Hediondos. Importante destacar que as disposigées contidas nas leis especiais prevalecem sobre as regras gerais. 0 Otjetivo Especifico da disciplina ¢ capacitar a praca policial militar a reconhecer um ilicito previsto nas principais leis penais especiais, para que tome as iniciativas corretas, agindo na legalidade e imparcialidade. Convém ressaltar que nao é objeto de estudo desta disciplina o Estatuto do Desarmamento, pois seré abordado na parte teérica da disciplina Uso Seletivo da Forga. 2. CONTEUDOS a) Médulo | - Abuso de Autoridade: b) Médulo II — Crimes Hediondos ¢c) Médulo IIl -Crimes Ambientais d) Médulo IV -Lei de Drogas — 11.343/06 e) Médulo V - Lei Maria da Penha ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 32011606 Ema cap. be eager MODULO! LEI N° 13.869, de 05 de setembro de 2019 (ABUSO DE AUTORIDADE) Dispée sobre os crimes de abuso de autoridade 1. INTRODUGAO No dia 05 de setembro de 2019 foi publicada a nova Lei 13.869 que dispde acerca do Abuso de Autoridade, definindo os crimes de abuso de autoridade cometides por agente publico, que, no exercicio de suas fungdes ou a pretexto de exercé-las, abuse do poder que Ihe tenha sido atribuido. Cumpre ainda salientar que essa inovagao legislativa surgiu no ordenamento juridico patrio revogando a Lei 4.898 de 09 de dezembro de 1965 (antiga Lei de abuso de autoridade) e dispositivos do Decreto-Lei n° 2.848 de 07 de dezembro de 1940 (Cédigo Penal). Importante observar ainda que a Lei 13.869/19 teve um periodo de vacatio legis de 120 dias, ou seja, embora j tenha sido publicada, somente entrou em vigor 120 dias apés sua publicaco. 2. _ DISPOSIGOES GERAIS Em relagéo a esse novo diploma normative, importante trazer algumas particularidades imprescindiveis ao dominio do contetido em aprego. 2.4. Natureza da Agdo Penal nos crimes tipificados na Lei de Abuso de Autoridade Cumpre mencionar que todos os crimes previstos nesse diploma legal so de agao penal publica incondicionada, o que significa dizer que independe de representacao da vitima para que 0 Membro do Ministério Publico possa dar inicio a eventual Acao penal pertinente, munido obviamente dos documentos que corroboraram na formagao de sua Opinio acerca da pratica delitiva. Importante ainda mencionar que existe a possibilidade do manejo da Ago Penal Privada subsididria da publica por parte do ofendido, nos crimes descritos nesse diploma normativo, quando verificada a inércia por parte do Promotor de Justiga em promover a ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 32011606 Ema cap. be eager Aco penal no prazo legal. Tal previsao legal encontra-se insculpida no artigo 3°, §1° da LEI 13.869 de 05 de setembro de 2019, conforme se verifica a seguir: Art. 3° Os crimes previstos nesta Lei séo de agéo penal publica incondicionada. —_(Promulgagdio partes vetadas, § 1° Sera admitida aco privada se a acao penal publica nao for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Publico aditar a queixa, repudié-la e oferecer dentincia substitutiva, intervir em todos os termos do proceso, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligéncia do querelante, retomar a agao como parte principal. § 2° A acdo privada subsidiéria seré exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da dentincia Para que 0 ofendido possa ajuizar a ago privada subsidiaria, é necessdrio que 0 membro do MP fique completamente inerte no prazo legal do art. 46 do CPP, ou seja, que no adote nenhuma das seguintes providencias: a) oferecer denuincia; b) requisitar a realizagéio de novas diligéncias; ©) pedir o arquivamento; 4) requerer a declinagao de competéncia. Diante do exposto, se o Promotor de Justiga/Procurador da Republica pedir, por exemplo, 0 arquivamento do inquérito policial, 0 ofendido, mesmo que nao concorde com tal atitude, nao poderd ajuizar a aco privada subsi inércia do MP. Se, mesmo nao havendo inércia por parte do MP e 0 ofendido oferecer ago privada subsididria, neste caso, o juiz devera rejeitar a queixa substitutiva por ia considerando que nao houve ilegitimidade de parte. Insta salientar que Cédigo de Processo Penal, positivado no ordenamento juridico patrio por meio do Decreto-Lei n® 3.689 de 3 de outubro de 1941, em seu Art. 46, estipula © prazo de 05 (cinco) dias estando o réu preso e 15 (quinze) dias estando o réu solto para que 0 Membro do Ministério Publico possa oferecer a pega acusatéria, conforme se pode depreender do Artigo a seguir descrito: clings Dann ¢ eg rate nA 201130 Ema can ong br enka sal. Art. 46. O prazo para oferecimento da dentincia, estando o réu preso, sera de 5 dias, contado da data em que 0 érgao do Ministério Pablico receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiangado. No titimo caso, se houver devolugao do inquénito @ autoridade policial (art. 16), contar-se-4 0 prazo da data em que o 6rgao do Ministério Publico receber novamente os autos. 2.2. Necessidade de dolo especifico no crime de abuso de autoridade Outro ponto que merece igual importancia, no que se refere a abordagem tematica em apreco, trata-se da exigéncia de dolo especifico na pratica do delito de abuso de autoridade, ou seja, exclui, de forma inequivoca, a possibilidade de se ventilar 0 enquadramento de qualquer tipo penal, previsto nesse diploma normativo, na modalidade culposa. Corrobora nesse sentido 0 disposto em seu art. 1°, § 1°, aduz a Lei 13.869/19: Art. 1°. § 1° As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade especifica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfagao pessoal. 23. Condutas oriundas de divergéncia de interpretagao de Lei ou avaliagao de fatos ou provas e o abuso de autoridade Por oportuno, muito se falou acerca da possiblidade de, com essa inovacéo legislativa, estar se buscando criminalizar o hermeneuta ou o intérprete da Lei, porém, tal entendimento nao merece prosperar considerando que, no préprio texto normativo, ja se proibe a punicao de condutas oriundas de divergéncia de interpretagao de Lei ou avaliagao de fatos ou provas. Sedimentando tal entendimento verifica-se 0 disposto no art. 1°, § 2°, a Lei 13,869/19, aduz que elencado a seguir: Art. 1°. § 2° A divergéncia na interpretagao de lei ou na avaliagdo de fatos e provas néo configura abuso de autoridade. 3. COMPETENCIA PARA PROCESSAR E JULGAR CRIMES RELACIONADOS NA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM % rela zou. ‘A competéncia para julgar o delito sera, em regra, determinada pela esfera seja ela Federal, Estadual ou Militar, ao qual estiver vinculado 0 agente publico que praticou tal crime. Assim, em regra se 0 delito foi praticado por autoridade (agente pUblico) federal no exercicio dessa fungao o crime serd de competéncia da Justiga Federal, considerando que, neste caso, o delito tera sido praticado em detrimento de um servigo publico federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88, sendo vejamos: Art. 109 (...) IV - os crimes politicos e as infragdes penais praticadas em detrimento de bens, servigos ou interesse da Unido ou de suas entidades autarquicas ou empresas publicas, excluidas as contravengées e ressalvada a competéncia da Justica Militar e da Justiga Eleitoral: Obviamente, para a competéncia ser da Justiga Federal, o crime deve estar relacionado com as fungées federais exercidas pelo agente publico, conforme se depreende do enunciado de simula 147 do STJ: Sumula 147-STJ: Compete 4 justiga federal processar e julgar os crimes praticados contra funciondrio publico federal, quando relacionados com o exercicio da fungao. Se o delito foi praticado por autoridade (agente publico) estadual ou municipal no exercicio dessa fungao: 0 crime sera, em regra, de competéncia da Justica Estadual, que é residual. Cumpre ainda ressaltar que em relacao aos militares houve inovagao legislativa com a entrada em vigor da Lei n° 13.491/2017, que alterou 0 art. 9°, Il, do CPM, de modo que em relago aos militares esse entendimento sumular encontra-se superado. Antes da alteracdo, se o militar, em servigo, cometesse abuso de autoridade ele seria julgado pela Justica Comum porque o art. 9°, Il, do CPM afirmava que somente poderia ser considerado como crime militar as condutas que estivessem tipificadas no Cédigo Penal Militar. Assim, como 0 abuso de autoridade nao estava previsto no CPM, mas sim na Lei n° 4.898/65, este delito no podia ser considerado crime militar nem clings Dann ¢ eg rate nA 201130 Ema can ong br enka sal. podia ser julgado pela Justica Militar. Isso, contudo, mudou com a nova redagao dada pela Lei n® 13.491/2017 ao art. 9°, II, do CPM que trouxe para a competéncia da justi¢a militar a responsabilidade pelo proceso e julgamento dos crimes praticados em servigo estando essas figuras tipicas previstas ou néo no Cédigo Penal Militar. Desta feita, essa alteragdo legislativa trazida pela Lei 13.491/2017, a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do art. 9°, pode estar prevista no Cédigo Penal Militar ou na legislagao penal “comum’. Portanto, 0 abuso de autoridade, mesmo no estando previsto no CPM pode agora ser considerado crime militar (1ulgado pela Justiga Militar) com base no art. 9°, Il, do CPM. Logo, a Justiga Militar tem plena competéncia para julgar os crimes previstos na Lei de abuso de autoridade. 4. SANGOES DE NATUREZA CiVEL E ADMINSTRATIVA NOS CRIMES PREVISTOS NA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE Os artigos 6°, 7° e da Lei 13.869/2019, esclarece que as esferas de responsabilizagéo do agente publico no ambito criminal, civil ou administrative séo independentes entre si, levando a conclusdo, portanto, de que o agente publico que exorbita de seus poderes no exercicio de seu cargo, emprego ou fungao publica, podera ser responsabilizado em qualquer delas, ainda que cumulativamente, sendo vejamos: Art. 6° As penas previstas nesta Lei serdo aplicadas independentemente das sangdes de natureza civil ou administrativa cabiveis. Paragrafo dnico. As noticias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional seréo informadas 4 autoridade competente com vistas 4 apuragéo. Art. 7° As responsabilidades civil e administrativa so independentes da criminal, néo se podendo mais questionar sobre a existéncia ou a autoria do fato quando essas questées tenham sido decididas no juizo criminal. Cumpre, no entanto, consignar que a prdpria lei de abuso de autoridade, em seu Art. 8°, ressalta que 0 desfecho alcangado no ambito criminal podera influenciar nas decisées das outras esferas, quais sejam, administrativa e civel, quando a atuagéo do ‘coMaNo ba AcADESMA DE POLICIA MILITAR clings Dann ¢ eg rate nA % rela zou. agente se enquadrar em qualquer das hipsteses descritas como excludentes de ilicitudes, conforme se pode constatar a seguir: Art. 8° Faz coisa julgada em dmbito civel, assim como no administrativo-disciplinar, a sentenca penal que reconhecer ter sido 0 ato praticado em estado de necessidade, em legitima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercicio regular de direito. 5. SUJEITOS DO CRIME No art. 2° da Lei 13.869/19, definiu o legislador quem sera 0 sujeito ativo do delito de abuso de autoridade: Art. 2° E sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente publico, servidor ou ndo, da administragao direta, indireta ou dos Estados, do Distrito Federal, dos Municipios e de Territério, compreendendo, mas no se limitando a: fundacional de qualquer dos Poderes da Uni I- servidores publicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; I- membros do Poder Legislativo; IM - membros do Poder Executivo; 1V- membros do Poder Judiciério; V- membros do Ministério Publico; VI- membros dos tribunais ou conselhos de contas. Paragrafo unico. Reputa-se agente publico, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneragao, por eleigéo, nomeagdo, designagao, contratagdo ou qualquer outra forma de investidura ou vinculo, mandato, cargo, emprego ou fungéo em érgao ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. Nesse sentido, 0 sujeito ative do delito de abuso de autoridade, de acordo com a conceituagao de agente publico feita pela Lei 13.869/19, sera qualquer agente publico, servidor ou nao, que exerga: a) ainda que transitoriamente ou sem remuneragao; ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nick de Ei a Date © Teeolgi a oem do CAPM 2) 2011696 Emo aden 0.0 eek apo emule b) por eleicdo, nomeagao, designagdo, contratagéo ou qualquer forma de investidura ou vinculo; c) mandato, cargo, emprego ou funcao; d) em érgao ou entidade da administragao direta e indireta de qualquer ente federativo; Lembrando da conceituagao de agentes publicos trazida pela classica doutrina administrativista, serdo autores do delito de abuso de autoridade os Agentes Politicos, Agentes Administrativos, Agentes Honorificos, Agentes Delegados e os Agentes Credenciados. De maneira elucidativa pode-se afirmar que os agentes politicos s4o os ocupantes dos altos cargos da Administragao Publica, descritos dos incisos II a VI, do art. 2°, da Lei 13,869/19. Os Agentes Administrativos sao os servidores e empregados publicos. Os Agentes Honorificos nao sao profissionais contratados pela Administragao Publica. Eles apenas colaboram transitoriamente com o Estado, para exercer determinadas fungées, por exemplo, jurados no Tribunal do Juri e Mesério Eleitoral. Os Agentes Delegados sao particulares que tém a responsabilidade de exercer uma atividade especifica por delegacao do Estado, que deve fiscalizar sua atuagao, por exemplo, os leiloeiros de bens puiblicos. Por fim, os Agentes Credenciados, so as pessoas que representam o Estado em alguma circunstancia, por exemplo, um pesquisador que participa de um semindrio internacional representando o Brasil. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM pesmi con 6. EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENACAO Em seu Art. 4°, a Lei 13.869/19 elenca os efeitos extrapenais da condenagao pelo crime de abuso de autoridade: Art. 4° Sao efeitos da condenagao: 1- tomar certa a obrigagéo de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, @ requerimento do ofendido, fixar na sentenga o valor minimo para reparagéo dos danos causados pela infragao, considerando os prejulzos por ele sofridos; II - @ inabilitag3o para 0 exercicio de cargo, mandato ou fungao publica, pelo periodo de 1 (um) a 5 (cinco) anos; IM- a perda do cargo, do mandato ou da fungao publica. Portanto, trés serao os efeitos extrapenais de uma condenagao por crime tipificado na Lei de abuso de autoridade, ficando assim dispostos: * Obrigagao de reparar o dano; * Inabilitago para 0 exercicio de cargo, mandato ou fungao, pelo prazo de 1a 5 anos; + Perda do cargo, mandato ou fungao publica; Deve-se atribuir uma atengao especial aos incisos II ¢ Ill do art. 4° supracitado, pois, a perda do cargo e a inabilitagdo para ocupagao de outro cargo piiblico sao efeitos extrapenais da condenagao. E a inabilitagao tem duragao de 1 a 5 anos. 7. Os efeitos extrapenais previstos na nova Lei de Abuso de Autoridade sao automaticos? Essa indagagdo encontra resposta na disposigao legal prevista no paragrafo Unico do art. 4°, da Lei 13.869/19: Art. 4°... Pardgrafo unico. Os efeitos previstos nos incisos Il e Ii do caput deste artigo sao condicionados a ocorréncia de reincidéncia em ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM pesmi con crime de abuso de autoridade e néo sdo automaticos, devendo ser declarados motivadamente na sentenga. Ou seja, os efeitos extrapenais da perda do cargo e inabilitagao para 0 exercicio de outro cargo pelo prazo de 1 a 5 anos nao sao automaticos e, apenas, poderdo recair sobre os réus reincidentes em crimes de abuso de autoridade. ‘Ao no condicionar o efeito da obrigagdo de reparar o dano a reincidéncia do réu e nem exigir a declaragao motivada do mesmo em sentenga, o legislador deixou claro que, a exemplo do que jd ocorre no Cédigo Penal, a obrigagao de reparar 0 dano é efeito automatic da condenagao e atinge tanto os réus primarios quanto os reincidentes. 8. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Sobre as penas restritivas de direitos, aduz 0 art, 5% do novo diploma que: Art. 5° As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei séo: I- prestagao de servigos & comunidade ou a entidades publicas; 1N- suspensdo do exercicio do cargo, da fungéo ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos € das vantagens; IMl- (VETADO), Paragrafo Unico. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas aut6noma ou cumulativamente. De maneira bem simples, duas so as penas restritivas de direitos cabiveis aos condenados por crime de abuso de autoridade: * Prestagao de servigos a comunidade; ‘+ Suspensio do exercicio das fungGes pelo prazo de 1 a 6 meses, com perda dos vencimentos e vantagens; Nesse sentido, a suspensao do exercicio das fungées é uma pena restritiva de direitos cabivel em substituigéo pena privativa de liberdade, e com prazo que varia de 1 a 6 meses. Importante ainda consignar que durante o periodo de suspensdo o servidor penalidade ficard sem 0 recebimento de seus vencimentos e /ou vantagens. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 201130 Ema can ong br enka sal. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Ei «Datei Tesolin norma do CAPM. oe Fe: 62) 3201790 Fan (62) 32011606 Em adit gc en apn emo 8.1. Quais os crimes de abuso de autoridade admitem a substituigao da pena privativa de liberdade pelas restritivas de direitos? De maneira bem didatica, no sentido de responder a esse questionamento, precisaremos esclarecer os requisitos devem ser cumpridos para que essa substituicao seja realizada. Tais requisitos sao previstos no Art. 44 do cédigo penal: Art. 44. As penas restritivas de direitos séo auténomas e substituem as privativas de liberdade, quando: | — aplicada pena privativa de liberdade nao superior a quatro anos e 0 crime no for cometido com violéncia ou grave ameaga a pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; Il- 0 réu nao for reincidente em crime doloso; Ill — a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunst&ncias indicarem que essa substituig4o seja suficiente. Partindo da premissa que para se obter a substituigao das penas privativas de liberdade por restritivas de direitos deve-se enquadrar nos requisitos acima, pode-se afirmar que apenas 3 (trés) figuras delituosas descritas na Lei 13.869/19 no admitem a substituigao da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos, nem mesmo aos réus primarios, quais sejam, Art. 13, Art. 22, § 1°, le Art. 24. Essa conclusdo decorre do fato de que, embora nenhum dos crimes de abuso de autoridade previstos na Lei 13.869/19 possuam pena maxima superior a 4 anos, trés deles sao praticados mediante violéncia ou grave ameaga, fato este que impede a concessao do beneficio, Os crimes que nao admitem a referida substituicao sao: Art. 13. Constranger 0 preso ou o detento, mediante violéncia, grave ameaga ou redugao de sua capacidade de resisténcia, a: I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido a curiosidade publica; IN - submeter-se a situagéo vexatéria ou a constrangimento nao autorizado em lei; M- (VETADO). Pena - detencao, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, @ multa, sem prejuizo da pena cominada a violéncia. ick densa Teena ntact So APM 32011606 Ema cap. be eager Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou & revelia. da vontade do ocupante, imével alheio ou suas dependéncias, ou nele permanecer nas mesmas condigées, sem determinagao judicial ou fora das condigdes estabelecidas em lei: Pena - detencao, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1° Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: 1 - coage alguém, mediante violéncia ou grave ameaga, a franquear-Ihe 0 acesso a imével ou suas dependéncias; Il- (VETADO); " (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas). cumpre mandado de busca e apreensao domiciliar apés as 21h § 2° Nao haverd crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indicios que indiquem a necessidade do ingresso em razdo de situagao de flagrante delito ou de desastre Acerca dessa figura tipica importante trazer alguns posicionamentos, pois é bem intrinseca a atividade policial. O art. 22 da Lei de Abuso de Autoridade segue a regra constitucional prevista ao teor do art. 5., XI, que diz: a casa é asilo inviolével do individuo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinagao judicial, O art. 150 do Cédigo Penal ja tipificava o crime de violacao de domicilio. O caput do art. 22 da Nova Lei de Abuso de Autoridade, porém trouxe uma modalidade especial de violagao de domictlio tipo penal consagra uma presungao do desejo de nao ingresso do agente piiblico (se 0 ocupante nada diz, entéo o agente publico no pode entrar em seu imével). Portanto, se hd revelia da manifestacdo de vontade do ocupante do imével, presume-se que © ocupante nao quer o ingresso do agente publico. Tal presungao tem razao de ser, porque prestigia 0 direito & propriedade, vida privada e intimidade. Por oportuno, cabe ainda esclarecer que o legislador passou a considerar crime de abuso de autoridade a conduta daquele que cumpre mandado de busca e apreensao domiciliar apés as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas). Nesse sentido, no §1°, inciso Ill, do artigo em analise, o legislador estabeleceu um critério objetivo que clings Dann ¢ eg rate nA 32011606 Ema cap. be eager confere seguranga juridica ao operador do direito, pois, sendo cumprido o Mandado de busca e apreensdo apés as 21h e antes das Sh do dia seguinte, havera crime. Art. 24. Constranger, sob violéncia ou grave ameaca, funcionario ou empregado de instituicéo hospitalar publica ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo dbito ja tenha ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuracao: Pena - detengao, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente a violéncia. 9. CRIMES EM ESPECIE SOB A EGIDE DA LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS Discorrendo acerca dos varios tipos penais tipificados como abuso de autoridade previstos na Lei 13.869/19, de acordo com o previsto no Art. 39 do mesmo diploma legal, constata-se que diversos deles sao clasificados como infragdes penais de menor potencial ofensivo, pois a pena maxima em abstrato atribuida ao tipo penal nao supera 02 anos e, portanto, necessariamente, devem seguir todo o procedimento estabelecido pela Lei 9.099/95. ‘Cumpre ainda consignar que de acordo com o disposto no Capitulo Vil, Art. 39 da Lei 13.869/19, no que couber, ou seja, sempre que possivel, as disposigdes descritas na Lei n° 9099/95, sendo veja: CAPITULO VII DO PROCEDIMENTO Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que couber, as disposicées do Decreto-Lei n? 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Cédigo de Processo Penal), e da Lei n? 9,099, de 26 de setembro de 1995. De maneira a facilitar a aprendizagem do contetido, seréo elencados os dispositivos que, conforme disposigao legal seguirdo 0 rito previsto para os juizados especiais. Sao eles: ‘COMANDO DA ACADEMIA DE FOLICLA MILITAR ‘acco de inin 2Distca enol trae do CAPM oe 201130 Ema can ong br enka sal. Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar priséo em flagrante @ autoridade judiciaria no prazo legal: Pena - detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Paragrafo tinico. Incorre na mesma pena quem: 1 - deixa de comunicar, imediatamente, a execugao de priséo temporéria ou preventiva 4 autoridade judicidria que a decretou; IW - deixa de comunicar, imediatamente, a prisdo de qualquer pessoa e 0 local onde se encontra 4 sua familia ou a pessoa por ela indicada; Ill - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com 0 motivo da prisdo e os nomes do condutor e das testemunhas; IV - prolonga a execugéo de pena privativa de liberdade, de priséo temporéria, de prisdo preventiva, de medida de seguranga ou de internagéo, deixando, sem motivo justo e excepcionalissimo, de executar 0 alvard de soltura imediatamente apés recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal. Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasido de sua captura ou quando deva fazé-lo durante (Promulgagao partes vetadas) sua detengao ou priséo: Pena - detencao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 18. Submeter o preso a interrogatério policial durante 0 periodo de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declaragées: Pena - detencao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM pesmi con Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado: Pena - detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 27. Requisitar instauragéo ou instaurar procedimento investigatério de infragao penal ou administrativa, em desfavor de alguém, falta de qualquer indicio da pratica de crime, de ilicito funcional ou de infragao administrativa: Pena - detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Pardgrafo unico. Nao ha crime quando se tratar de sindicéncia ou investigagao preliminar sumaria, devidamente justificada. Art. 29. Prestar informagao falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrative com o fim de prejudicar interesse de investigado: Pena - detengdo, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Pardgrafo unico. (VETADO). Art. 31. Estender injustificadamente a investigagao, procrastinando- a em prejuizo do investigado ou fiscalizado: Pena - detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Paragrafo unico. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execugéo ou concluséo de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuizo do investigado ou do fiscalizado. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE FOLICLA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM So 2) 2011696 Emo aden 3.20% Art. 32, Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigagao preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatério de infragdo_ penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtengao de cépias, ressalvado 0 acesso a pecas relativas a diligéncias em curso, ou que indiquem a realizacao de diligéncias futuras, cujo sigilo seja imprescindivel: (Promulgacéo_partes vetadas) Pena - detencao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, @ multa. Art. 33. Exigir informagao ou cumprimento de obrigagéo, inclusive 0 dever de fazer ou de néo fazer, sem expresso amparo legal: Pena - detencao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Pardgrafo nico. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou fungao publica ou invoca a condigo de agente publico para se eximir de obrigagao legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido. Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido vista em érgao colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento: Pena - detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 38. Antecipar o responsavel pelas investigagdes, por meio de comunicagao, inclusive rede social, atribuigéo de culpa, antes de concluidas as apuragdes e formalizada a acusacao: ule utes vetadas) ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM Pena - detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. MODULO II LEI DOS CRIMES HEDIONDOS (Lei 8.072/90) Em 25 de julho de 1990, foi publicada a Lei n. 8.072, conhecida como Lei dos Crimes Hediondos, que, além de definir os delitos dessa natureza, trouxe diversas outras providéncias de cunho penal e processual penal, bem como referentes a execucao da pena dos préprios crimes hediondos e equiparados (trafico de entorpecentes, terrorismo e tortura). 4 CONCEITO Existem trés formas: 1) Legal — Compete ao legislador enumerar num rol taxativo quais os delitos considerados hediondos (adotada pelo Brasil) 2) Judicial ~ Compete ao Juiz na apreciagao do caso concreto, diante da gravidade do crime ou da forma em que foi executado, decide se é ou nao hediondo. 3) Mista — O legislador apresenta um rol exemplificativo de delitos hediondos, permitindo ao juiz na analise do caso concreto, encontrar outros fatos assemelhados (interpretacdio analégica). 1.1, MANDADOS CONSTITUCIONAIS DE CRIMINALIZAGAO As Constituiges modemas nao se limitam a especificar restrigbes ao poder do Estado e passam a conter preocupagdes com a defesa ativa do individuo e da sociedade em geral. ‘A propria Constituigéo impée a criminalizagao de bens e valores constitucionais, pois do Estado espera-se mais que uma mera atitude defensiva. Requer-se que torne eficaz a Constituigao, dando vida aos valores que ela contemplou e protegendo-os de eventuais ataques (Ex.: art. 5°, XLIII, CRFB). ‘COMANDO DA ACADEMIA DE FOLICLA MILITAR ‘acco de inin 2Distca enol trae do CAPM oe 72) 3001 - Emils calm sn brendan ems 1.2. CRITICAS AOS CONCEITOS: 1) Legal — Ignora as circunstancias do caso concreto. 2) Judicial — Nao havendo lei que defina os crimes hediondos, gera inseguranca, ferindo o Principio da Legalidade, que é a nossa seguranca quanto o Estado punitivo. 3) Mista — Retine as criticas dos dois conceitos acima A forma mais justa de conceituar crimes hediondos seria a apresentagao de um rol taxativo de crimes hediondos pelo legislador, devendo o juiz na andlise do caso concreto, confirmar a Hediondez da infragao. Desta forma ha lei, respeitando a legalidade, no entanto 0 juiz trabalha, conformado pela lei, as circunstancia do caso concreto, néo se contentando com a gravidade em abstrato. PERGUNTA: Existe crime hediondo previsto em legislacao fora do Cédigo Penal? Existe, o genocidio (art. 1°, pardgrafo Unico, Lei 8.072/90), nao se confundindo com trafico, tortura e terrorismo que sao equiparados a hediondos. a CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS trafico ilicito de entorpecentes ou drogas afins, 0 terrorismo e a tortura nao séo crimes hediondos, porque nao constam do rol do art. 1° da Lei n. 8.072/90. Todavia, como possuem tratamento semelhante nos demais dispositivos da lei, sio chamados de figuras equiparadas. Tal equiparagao encontra fundamento no proprio art. 5°, XLIII, da Constituigéo Federal, que expressamente faz mengdo a tais infragées penais. O crime de trafico ilicito de entorpecentes mencionado no texto constitucional encontra-se descrito na lei 11.343/2006 (Lei de Drogas). Ja 0 delito de terrorismo esta descrito na Lei n. 13.260/2016. Por fim, 0 crime de tortura possui diversas formas, todas tipificadas na Lei n. 9.455/97. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE FOLICLA MILITAR ‘acco de inin 2Distca enol trae do CAPM oe 72) 3001 - Emils calm sn brendan ems 3. © ROL DOS CRIMES HEDIONDOS: © art. 1° da Lei n. 8.072/90 apresenta um rol taxativo desses crimes, nao admitindo ampliacao pelo juiz. NAo se admite, tampouco, que o magistrado deixe de reconhecer a natureza hedionda em delito que expressamente conste do rol. A Lei n. 8.072/90 confere cardter hediondo a determinados delitos descritos no Cédigo Penal (¢ também ao crime de genocidio da Lei n. 2.889/56). Tal lei especifica 0 nome e 0 numero do artigo do delito considerado hediondo. Ex.: considera-se hediondo, nos termos do art. 1°, caput, Il, ¢ da Lei n. 8.072/90, o “crime de latrocinio (art. 157, § 3°, in fine)’ Assim, quando o juiz condena alguém por latrocinio, 0 delito automaticamente considerado hediondo, ndo sendo necessério que o magistrado declare tal circunstancia, que, em verdade, decorre de texto expresso de lei. Atengdio! A lei n® 13.964/19, mais conhecida como pacote anticrime, mudou a Lei n® 8.072/90 (Leis dos crimes hediondos), acrescentando alguns dispositivos que merecem destaque pela sua recente incluso. Vejamos: Art. 1° Sao considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Cédigo Penal, consumados ou tentados: | - homicidio (art. 121), quando praticado em atividade tipica de grupo de exterminio, ainda que cometido por um s6 agente, e homicidio qualificado (art. 121, § 2°, incisos |, Il, Ill, \V, V, VI Vil e VIII); (Redacdo dada pela Lei n° 13.964, de 2019) © crime homicidio doloso simples - art. 121, caput, CP, quando praticado em atividade tipica de grupo de exterminio, ou homicidio condicionado, como é chamado pela doutrina, é hediondo ainda que cometide por um s6 agente. O homicidio qualificado, por sua vez, sera hediondo independentemente da qualificadora. Em razdo da auséncia de previsdo legal, néo sdo considerados hediondos o homicidio simples, que ndo cometido em atividade tipica de grupo de exterminio e o homicidio privilegiado - art. 121, caput, e § 1°, cédigo penal. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE FOLICLA MILITAR ‘acco de inin 2Distca enol trae do CAPM So 201130 Ema can ong br enka sal. -A — lesao corporal dolosa de natureza gravissima (art. 129, § 2°) e lesdo corporal seguida de morte (art. 129, § 30), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituigao Federal, integrantes do sistema prisional e da Forga Nacional de Seguranga Publica, no exercicio da fungao ou em decorréncia dela, ou contra seu cénjuge, companheiro ou parente consanguineo até terceiro grau, em razao dessa condigao; (Incluido pela Lei n® 13.142, de 2015). Conforme expressamente previsto, deve haver 0 chamado nexo funcional para que incida a hediondez no caso concreto, isto é, a lesdo gravissima deve guardar relacao com © fato de ser a vitima integrante das forgas armadas, sistema prisional ou da forga nacional de seguranga publica. Como o texto legal faz mengao a parente consanguineo até 0 terceiro grau, abrange irmao, tio e sobrinho, mas nao abrange sogra, cunhado e filho adotivo. Por fim, vale consignar que a lesdo corporal dolosa de natureza grave - 129, § 1°, cédigo penal, nao possui carater hediondo. 1 - roubo: (Redacao dada pela Lei n® 13.964, de 2019) a) circunstanciado pela restrigao de liberdade da vitima {art. 157, § 2°, inciso V); (Incluido pela Lei n® 13.964, de 2019) b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2°-A, inciso |) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2°-B); (Incluido pela Lei n® 13.964, de 2019) c) qualificado pelo resultado lesdo corporal grave ou morte (art. 157, § 3°); (Incluido pela Lei n® 13.964, de 2019 Ill - extorséio qualificada pela restrigdo da liberdade da vitima, ocorréncia de lesao corporal ou morte (art. 158, § 3°); (Redag&o dada pela Lei n® 13.964, de 2019) VIll - favorecimento da prostituigao ou de outra forma de exploragao sexual de crianga ou adolescente ou de vulneravel (art. 218-B, caput, e §§ 1° € 2°). (Incluido pela Lei n° 12,978, de 2014) sain iene RT ese eo 2) 2011696 Emo aden 3.20% IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato analogo que cause perigo comum (art. 155, § 4°-A) (Incluido pela Lei n° 13.964, de 2019) Paragrafo nico. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: (Redagdo dada pela Lei n° 13.964 de 2019) 1-0 crime de genocidio, previsto nos arts. 1°, 2° © 3° da Lei n® 2.889, de 1° de outubro de 1956; (Incluido pela Lei n® 13.964, de 2019) Il - 0 crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art, 16 da Lei n° 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluido pela Lei n® 13,964, de 2019) Ill- 0 crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art, 17 da Lei n® 10,826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluido pela Lei n® 13.964, de 2019) IV - 0 ctime de trafico internacional de arma de fogo, acessério ou munigao, previsto no art, 18 da Lei n® 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluido pela Lei_n® 13.964, de 2019) V = © crime de organizagao criminosa, quando direcionado a pratica de crime hediondo ou equiparado. Incluido pela Lei n° 13.964, de 2019). A lei n® 13.964/19 (Anticrime) desmembrou 0 art. 16, caput, da lei n° 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), e manteve a mesma pena anteriormente prevista, qual seja: reclusdo de 03 a 06 anos, e multa, quando se tratar de posse ou porte de arma de fogo de uso restrito, muni¢ao ou acessério (fuzil, metralhadora, etc), @ criou, no § 2°, do att. 16, da referida lei de armas uma qualificadora, a qual prevé a pena de reclusao de 04 a 12 anos, quando as condutas descritas no caput e no § 1° envolverem arma de fogo de uso proibido. Ocorre que 0 art. 2°, inciso Ill, alineas "a" e "b" do Decreto n° 9.847, de 25 de junho de 2019, estabalece que: ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 201130 Ema can ong br enka sal. Art. 2° Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: Ill - arma de fogo de uso proibido: a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a Republica Federativa do Brasil seja signataria; ou b) as armas de fogo dissimuladas, com aparéncia de objetos inofensivos; Conclui-se, portanto, a que a Lei Anticrime declarou a hediondez apenas para as armas de fogo de uso proibido - art. 16, § 2°, da Lei n° 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento). Em outras palavras, ao desmembrar o dispositivo legal acima mencionado, fazendo distingao entre uso restrito e uso proibido, a posse ou o porte ilegal de arma de fogo de uso restrito deixou de ser hediondo por falta de referéncia legal. Trata-se, portanto, neste aspecto de novatio legis in mellius, uma vez que a Lei Anticrime foi benéfica nesse sentido. Registre-se que no final do ano de 2017 a posse ou porte de arma de fogo, munigéo ou acessério de uso restrito havia sido inserida no rol de crimes hediondos, sendo que, posteriormente, a Lei Anticrime fez referdncia téo somente 4 arma de fogo de uso proibido. Em razao disso, podem ser cogitadas duas posiges a respeito da hediondez prevista no art. 1°, paragrafo unico, Il, da Lei, 8.072/90: 1° Corrente - Restritiva: Como o inciso II, do pardgrafo Unico da Lei de Crimes Hediondos n° 8.072/90 faz referéncia apenas as armas de fogo de uso proibido - art. 16, § 2°, lei 10.826/03 - Estatuto do Desarmamento, a posse ou o porte ilegal de armas de fogo de uso restrito - art. 16, caput, do mesmo diploma legal teria deixado de ser crime hediondo, de modo que, neste ponto, a Lei Anticrime teria sido benéfica, portanto, retroativa 2° Posigao - Ampliativa: Ao se referir genericamente ao art. 16 da Lei de Armas, a Lei dos Crimes Hediondos estaria abrangendo todas as figuras tipicas do referido dispositivo legal, de modo que a posse ou o porte ilegal de arma de fogo de fogo de uso restrito e proibido continuariam sendo consideradas hediondas. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 201130 Ema can ong br enka sal. 4. CONSEQUENCIAS DOS CRIMES HEDIONDOS: a) __Insuscetiveis de anistia, graca e indulto, que so formas de rentincia estatal ao seu poder de punir. PERGUNTA: A Constituigdo Federal/88 proibiu anistia e graga, mas a lei acrescentou indulto, seria esse alargamento constitucional? 1® Corrente: entende que a ampliagao é inconstitucional, pois as vedagées previstas no art.5°, XLIII, da CRFB, séo maximas, sendo defeso ao legislador ordindrio, suplanta- las. Observa ainda, que a concessdo do indulto esta entre as atribuigées privativas do Presidente, néo podendo o legislador ordinatio, limité-lo no exercicio desta atribuigdo. 2® Corrente: entende que a ampliaco € constitucional, pois o indulto ndo deixa de ser modalidade de graga e, por isso, alcangado pela vedagdo constitucional (Corrente adotada pelo STF). GRAGA INDULTO. Destinatario certo Destinatario nao certo, por ser beneficio coletivo Depende de provocacao Nao depende de provocagao Note que a graca no deixa de ser indulto no sentido singular e indulto, nao deixa de ser graga no sentido coletivo, assim a segunda corrente entende que ao se proibir graga, obviamente o indulto que esta ligado a graca, também esta vedado. Graca e indulto excluidos para crimes cometidos antes da Lei 8.072/90, nao existe ofensa garantia constitucional da lei penal mais grave, consistindo a exclusao, exercicio do poder do Presidente da Republica de negar o indulto a determinados crimes. Logo, 0 Presidente concede a quem bem entender, pois o indulto é discricionario do Presidente. b) _Insuscetivel de fianga pela lei 11.464/07, que antes desta além da proibigao da fianga, proibia liberdade provisoria, gerando discussao doutrinaria sobre a liberdade provisoria. cl de Eni a Ditcl Tecolgind norma ds CAPM 2) 2011696 Emo aden 0.0 eek apo emule 1° Corrente: entende que fianca se confunde com liberdade proviséria e assim a lei 11.464/07, acaba com essa redundancia. 2° Corrente: entende que liberdade proviséria e fianga nao se misturam tanto que hé liberdade proviséria sem fianga, logo é possivel a liberdade proviséria. 4.1 CRIMES HEDIONDOS (ou equiparados) X LIBERDADEPROVISORIA proviséria Vigorava a simula 697, STF. Reconhece implicitamente a constitucionalidade da vedacio da liberdade Passou a ser permitida a Liberdade Proviséria em crime hediondo ou equiparado. 2* Corrente — A vedagao esté implicita na proibigao da fianca. LEI 8.072/90 LEI 11.464/07 HC 104339 STF Art 2, Il da lel, An 2, I foi © STF declarou proibia: alterado e s6 proibe | inconstitucional Fianga e | fianga. qualquer vedacao legal Liberdade provisoria. 1° Corrente —- | a liberdade provisoria, fundamentando: Presungao Inocéncia; pressupostos cautelar; sum. 697, STF. a) __Incompativel com o Principio da b) A proibigdo em abstrato nao analisa os necessidade da priséo c) E antecipagao de pena. Superou-se a de da 4.2. CRIMES HEDIONDOS X REGIME DE PRISAO (Art. 2°, §1° e 2° da Lei 8.072/90 e Lei 13.964/19 — Pacote Anticrime) LE! 8.072/90 STF 82959/07 HC LEI 11.464/07 STF HC 111840 LEI 13.964/19 Pacote Anticrime ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM Fe: 62) 3201790 Fan (62) 32011606 Em adit gc en apn emo que dew nova redagéo ao art. 112 da LeP Regime Juigou ° Regi 0 STF Nos integral fechado e | regime integral | me inicial | julgou crimes vedagao de | fechado fechado. _| inconstitucional | hediondos e progressio —_de | inconstitucional, por Progr | também —_o | equiparados. regimes violar os principios: | esséo com | regime inicial |, os novos Confirmado pela i) 2/5 da | fechado, com | parametros Stimula 698 STF | Individualizagao da | pena se | fundamento | para a que —reconhecia | Pena; primario | principal ~—_a | progressao implicitamente a ii) Isonomia; | ou 3/5 da | violagao do | sao os constitucionalidad ili)Proporcional | pena se | Principio _da | seguintes: e do regime | idade; e reincidente | Individualizagé | a) 40%, para integral fechado. iv) Dignidade oda Pena. ° réeu da Pessoa Humana. ATENGA | primario e Com isso oO: Ainda | 60% para o autorizou a admite reincidente progressao com 1/6 progressao em — crime da pena, superando diferenciada. | hediondo ou a Simula 698. equiparado; b) 50%, para ° réu primario e 70% para o reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM vedado oo livramento conc nal em ambos 08 casos. OBS2.: Hoje para fixar regime inicial fechado para crime hediondo ou equiparado, o magistrado deve observar a necessidade do regime mais rigoroso com base na gravidade em concreto do fato somado aos fins da pena (atentar para as sumulas 718 e 719 do STF) Vale ressaltar que antes da Lei 11.464/07, a progressao de regime, por conta do HC 82959 de 2007 (STF), era de 1/6 da pena (art. 112, LEP). Com 0 advento da mencionada lei, surge a progressdo diferenciada, com 2/5 da pena se primario ou 3/5 da pena se reincidente. A partir dal, indaga-se se esta nova progressdo é retroativa, alcangando os fatos Praticados antes de sua vigéncia? Cuidado! Sumula Vinculante. 26 e Sumula 471 do STJ dizem que néo retroagem por ser maléfica a nova lei. Outro ponto que merece destaque ¢ 0 § 3°, art. 2°, da Lei, que deve ser interpretado conforme a CRFB e adota duas situagées: a) Acusado processado preso (provisoriamente), recorre preso, salvo se nado presentes mais os requisitos da prisao preventiva; ou b) Acusado processado solto, recorre solto, salvo se presentes os fundamentos da prisdo preventiva. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM Fs (62) 320116 Ema calito. 4.3, CRIMES HEDIONDOS X PRISAO TEMPORARIA Allei 7.960/89 criou as hipsteses de prisdo temporaria, vejamos: LEI 7.960789 LEI 8.072/90 Hipoteses: Diz que se tratando de crime a) 121, CP; hediondo ou e que 0 prazo é de b) 148, CP; 30+30 dias. ©) 187, CP: Alineas a, c, d, e, f, i, m,n que d) 158, CP; enumeram os crimes ao lado sdo e) 159, CP; hediondos e assim seré 30+30 dias. 1.213, CP i) 267, §1°, CP; )) 270 cle 285, CP; 1) 288, CP m) Genocidio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889/56); n) Trdafico; e 0) Crimes contra o sistema financeiro. Nestas hipéteses 0 prazo é de 5+5 dias. PERGUNTA: Ha priséo temporaria aos crimes nao previstos na Lei 7.960/89, mas hediondos, como: 217-A, 273, tortura e terrorismo? Se atentarmos para a redago do §4° do art. 2° da lei 8.072/90, logo perceberemos que 0 referido pardgrafo ampliou ndo apenas 0 prazo, mas também o rol dos delitos possiveis de priséo temporaria (Principio da Posterioridade, ou seja, lei posterior alterando anterior, alterando 0 prazo e aumentando o rol). ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM So 2) 2011696 Emo aden 3.20% pesmi con 4.4, CUMPRIMENTO DE PENA DOS CRIMES HEDIONDOS (art. 3° da Lei) Condenado pela justica estadual, cumprindo pena em presidio federal, a execugao da pena passa a ser de responsabilidade da justia federal e vice-versa (Simula 192 do STJ). 4.5. LIVRAMENTO CONDICIONAL (liberdade antecipada) Previsto no art. 83, V, do CP, incluido pela Lei 13.344/16, estabelece os seguintes pressupostos: a) Condenado nao sendo reincidente especifico em crime hediondo deve cumprir mais de 2/3 da pena; b) Condenado primério ou reincidente pela pratica de crime hediondo ou equiparado com resultado morte é vedado o livramento condicional conforme Art. 112, VI, alinea a e Vill, da LEP, alterada pela Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime); 4.6. CRIMES HEDIONDOS X ASSOCIACAO CRIMINOSA (art. 8° da Lei) Comegamos diferenciando 0 art. 288 do Cédigo Penal para pratica de crimes comuns e hediondos ou equiparados. Art. 288 CP Art. 288 CP (sendo crimes hediondos) Pena 1 a 3 anos + pena dos crimes eventualmente praticados. Pena de 3a 6 anos + pena dos demais crimes _eventualmente praticados. ‘Admite sursis processual por ter pena minima nao superior a 1 ano e nao cabe _preventiva associado primario (art. 313, |, CPP). para o Nao admite sursis processual por ter pena minima superior a 1 ano e cabe preventiva para o associado primdrio pela pena maxima superior a 4 anos. 5. EIMPORTANTE SABER Nuch de tani a Datel © Teal oem do CAPM 2) 2011696 Emo aden 3.20% No caso de trafico de drogas, nao se aplica o art. 288 CP, mas sim o art. 35 da Lei 11.343/06, que possui pena de 3 a 10 anos PERGUNTAS: 1. A delago premiada (paragrafo Unico, art. 8°, da Lei) é somente enderegada aos associados ou alcanga no associados que participaram do crime praticado pela organizagao criminosa? A delagdo nao se restringe aos associados. 2. E possivel sursis ou penas restritivas de direitos em crimes hediondos ou equiparados? 1° Corrente — Nao, pois tais beneficios sao incompativeis com a gravidade desses delitos; 28 Cortente — A vedagao de sursis ou penas restritivas de direitos para esses crimes com base na gravidade em abstrato 6 inconstitucional, devendo o juiz analisar a suficiéncia das penas alternativas (Principio da Suficiéncia das Penas Alternativas) com base no caso concreto (Corrente adotada pelo STF). 3. Cabe remicao (diferente de remissao = perdao), ou seja, resgate de pena em Virtude de trabalho ou estudo, para esses crimes? A lei 8.072/90 nao proibe, sequer implicitamente, logo é perfeitamente cabivel, tratando-se de importante instrumento de ressocializagao. 5.1. LEI DOS CRIMES HEDIONDOS X LC 64 /90 alterada pela LC 135/10 Condenado por érgao colegiado a crime hediondo ou equiparado é considerado “ficha suja’, portanto, inelegivel nos termos da LC 64/90 ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM pesmi con 5.2. LE] DOS CRIMES HEDIONDOS X LEI 12.654/12 (identificagao do perfil genético) Esta lei 12.654/12 alterou a lei 7.210/84 e dispondo no art. 9°- A que os condenados por crimes hediondos, mas néo os equiparados sem violéncia, serao submetidos, obrigatoriamente (sem ago ativa do condenado, ex.: cabelos caidos ao chao), a identificagao do perfil genético por técnica adequada e indolor, visando abastecer sistema de dados do Estado (esta alteragao vigera em 180 dias de 29/05/12) 5.3. LEI DOS CRIMES HEDIONDOS E 0 DIREITO PENAL DE EMERGENCIA E representado pela producdo normativa penal destinada a repressdo da alta criminalidade. Nessas hipdteses, nao raras vezes, 0 Direito Penal afasta-se de seu importante caréter subsidiario assumindo fungao nitidamente puritivista, visando o carter educativo e o atendimento do clamor publico. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Ei «Datei Tesolin norma do CAPM. (2) 32011606 Ema edit gobo en apn em con MODULO III LEI DE CRIMES AMBIENTAIS (LEI 9.605 de 12/02/1998) © homem, ao mesmo tempo, & criatura e criador do meio ambiente. (Conferéncia Estocolmo - 1972) 41. INTRODUGAO. O meio ambiente é um bem fundamental a existéncia humana e, como tal, deve ser assegurado e protegido para uso de todos. Este é principio expresso no texto da Constituicéo Federal, que no seu art. 225, caput, dispde sobre o reconhecimento do direito a um meio ambiente sadio como uma extensdo ao direito a vida, seja pelo aspecto da propria existéncia fisica e satide dos seres humanos, seja quanto a dignidade desta existéncia, medida pela qualidade de vida. Este reconhecimento impde ao Poder Publico © & coletividade a responsabilidade pela protegao ambiental. 2. PECULIARIDADES DAS LEIS AMBIENTAIS E comum na legislagao ambiental que as condutas tipificadas como crimes também sejam consideradas infragdes administrativas; Isto ocorreu no Cédigo de Caca, de Pesca e Florestal e se repete na Lei de Crimes Ambientais. 241. POLITICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE A Politica Nacional do Meio Ambiente trata das diretrizes para a preservacdo e conservagao do meio ambiente no pais. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE FOLICLA MILITAR ‘acco de inin 2Distca enol trae do CAPM Se pesmi con A Lei n® 6.938, de 31 de agosto de 1981, dispée sobre a Politica Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulagao e aplicago e estabelece que sua execugdo se dard por intermédio do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). 22, SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente — 0 SISNAMA é 0 conjunto de instituigdes érgaos publicos responsdveis pela politica nacional do meio ambiente que visa a protegdo e A melhoria da qualidade do meio ambiente nas trés instancias: federal, estadual e municipal. O SISNAMA 6 0 responsdvel pelas politicas de protegao ambiental. 2.3. ESTRUTURA DO SISNAMA Como os problemas ambientais sao setorizados, ou seja, cada regio possui suas proprias peculiaridades, © sistema 6 composto de érgaos federais, estaduais e municipais, de forma que a aplicagao da lei atenda as circunstancias locais. Orgaos que compée o SISNAMA: ‘+ Orgao Superior: O Conselho de Governo. '* Orgao Consultivo e Deliberativo: O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). ‘+ Orgao Central: © Ministério do Meio Ambiente (MMA). Desde 1992, a Secretaria do Meio Ambiente da Presidéncia da Republica foi extinta em seu lugar surgiu o Ministério do Meio Ambiente; embora a lei nao tenha sido atualizada, quem faz as vezes de érg4o central do SINASMA é 0 Ministério do Meio Ambiente. Orgao Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturals Renovaveis (IBAMA) e 0 Instituto Chico Mendes de Conservagao da Biodiversidade (ICMBio). ‘COMANDO DA ACADEMIA DE FOLICLA MILITAR ‘acco de inin 2Distca enol trae do CAPM Se 72) 3001 - Emils calm sn brendan ems Orgaos Seccionais: Os érgaos ou entidades federais/estaduais responsaveis pela execugao de programas, projetos e pelo controle e fiscalizagao de atividades capazes de provocar a degradagao ambiental Orgaos Locais: Os érgaos ou entidades municipais, responsaveis pelo controle e fiscalizagao dessas atividades nas suas respectivas jurisdicdes. E importante entender que os Estados e os Municipios participam de forma ativa do SISNAMA e sao responsdveis por elaborarem normas complementares a Unido. Exemplo: Se a legislaco federal estabelece que a quantidade maxima de pescado por pescador ¢ de 15kg + 1 exemplar de qualquer tamanho, o Estado de Tocantins pode fixar em 10kg a quantidade permitida no estado (nunca acima da norma federal, sempre de forma mais restritiva), de igual modo, o Municipio de Miracema — TO, pode baixar a norma e estabelecer que nos limites do municipio a quantidade maxima € de 5kg. 24. COMPETENCIAS DO SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Os érgéos que compéem o SISNAMA so responséveis pelo licenciamento ambiental, pela criagéo de unidades de conservagao, pelo controle de atividades potencialmente poluidoras, dentre outras competéncias. Ao estudar a legislagao que trata dos crimes ambientais, observe que as infragdes so punidas nas esferas penal e administrativa, e vocé, como agente encarregado da aplicagao da lei, sé podera agir, administrativamente, se o érgao ao qual pertencer for membro do SISNAMA ou tiver celebrado convénio com érgao ou entidade membro do SISNAMA. Assim, juntamente @ Unido, os Estados e os Municipios tem competéncia para legislar em matéria ambiental, como a Constituicao Federal prescreve. 2.5. INFRAGAO AMBIENTAL A Policia Militar Ambiental do Estado ou o IBAMA, devem tomar as medidas administrativas cabiveis quando tiverem conhecimento de Infragdo ambiental Para seu conhecimento, as infragdes ambientais s4o punidas com as seguintes penas administrativas, dentre outras: Niclzo de Eso a Dratincla «Tecmo tnfoemacho do CAPM 32011606 Ema cap. be eager + Adverténcia; + Multa; + Embargo; + Suspensao das atividades; + Apreensao dos animais; dos produtos e subprodutos da pratica delituosa, inclusive os instrumentos utilizados para a pratica do crime; + Destruigao dos produtos e subprodutos apreendidos. Quanto & competéncia para agir no caso de infragdes ambientais, o poder de policia a ser exercido pelos entes federados insere-se nesta competéncia administrativa. Logo, a Unido, os Estados, 0 Distrito Federal e os Municipios possuem competéncia comum para realizar os atos derivados do poder de policia, como, por exemplo, os relativos & fiscalizagao e a autuagdo administrativa das infragdes ambientais. Por tal atribuigéo ser comum, todos estes entes piiblicos possuem igual responsabilidade, nao podendo renuncié-la. 3. BATALHAO DA POLICIA MILITAR AMBIENTAL A Policia Ambiental em Goids tomou forma a partir da necessidade de montar uma equipe de policiais para uma operagéo emergencial no ano 1987, durante o tragico acidente radiativo, que se deu por conta da abertura de uma cépsula de césio 137. Diante do ocorrido a Policia Militar recebeu a missao de atuar na operacao, através dos servigos de policiais militares e bombeiros militares na execugao de isolar 0 local e na construgéo de um Depésito de Rejeitos Radioativos (DRR) criado no municipio de Abadia de Goids, com o objetivo de anular a efeito quimico existente no ambiente em que © objeto havia sido manuseado Na ocasiao, foi criada uma Companhia Independente de Policia Especial (CIPOLES), com fins especificos de realizar a tarefa de vigilancia do deposito de Rejeitos Radioativos. Na sequéncia, através do Decreto 3.441, foi criado o Batalhdo de Policia Militar Florestal que substituiu 0 CIPOLES. © Batalhdo recebia a misséo de fazer a seguranga do local. A companhia Independente de Policiamento Especializado ao constatar a gravidade no indice de contaminagao que foi identificado pelos técnicos da Comisséo Nacional de Energia Nuclear - CNEN intensificou 0 isolamento com intuito de proteger a populagao. clings Dann ¢ eg rate nA 32011606 Ema cap. be eager Em 11 de novembro de 2010 foi instaurada a Portaria n° 982 com o objetivo dar inicio a um planejamento das atividades em defesa do meio ambiente em todo o Estado, surge entao a criagao do Comando de Policiamento Ambiental - CPA (GOIAS, 2010). A Constituigao Estadual de Goids previu a criagéo do Batalhdo de Policia Militar Florestal com a obrigagéo de proteger as nascentes dos mananciais e os parques ecolégicos, somente com 0 Decreto n° 3.441, de 05 de junho de 1990 houve essa criacéo sendo oficialmente instalado no em 28 de julho de 1990, dia do aniversario da PMGO. O Batalhdo da Policia Militar Ambiental (BPMAMB)é parte integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente tendo como dever legal a promogéio da educagao ambiental, sua atuagao como unidade especializada da policia militar 6 direcionada para a Tepresséo baseada na lei que a instituiu, Lei n? 9.605/98 e também no Decreto n° 3.179/99 que a regulamentou. Atualmente o 1° BPMAMB esté localizado na zona rural da cidade de Goiandpolis, e tem 0 objetivo de fiscalizar: as exploragées florestais; 0 transporte de produtos e subprodutos florestais; o transporte e o comércio de pescados; o transporte e 0 comércio de plantas vivas, procedentes de florestas; os desmatamentos e queimadas; os criadouros de animais silvestres; as alividades de pisciculturas. Como também coibir as atividades que poluem o meio ambiente, fornecer relatérios e laudos para que se inicie a ago penal e civil de reparagao de danos quando necessarios cooperando assim com as Promotorias de Justia do Meio Ambiente. Na busca de uma eficiéncia maior na detengo do meio ambiente referente a fauna € € flora criou-se através da Lei n° 17.091 de 02 de julho de 2010, 0 16° Comando de Policiamento Ambiental — CRPM — que também foi instalado na cidade da Abadia de Goids, esse comando é o responsével por planejar as atividades que visem a defesa do meio ambiente no Estado de Goias. 4. CONCEITO DECRIME AMBIENTAL Constitui crime ambiental todo e qualquer dano ou prejuizo causado aos elementos que compéem © ambiente: flora, fauna, recursos naturais e 0 patriménio cultural. Por violar direito protegido, todo crime ¢ passivel de sangao (penalizacao), que é regulado por lei. © ambiente é protegido pela Lei n° 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais), que determina as sangées penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. clings Dann ¢ eg rate nA % br eagle 5. OS PRINCIPAIS PRINCIPIOS DO DIREITO AMBIENTAL Os principios do direito ambiental so frutos de uma construgao juridica originada no direito internacional ambiental, a partir das conferéncias ambientais internacionais. Eles foram elaborados para dar legitimidade juridica aos Estados a criarem politicas ntal. publicas voltadas a protegao aml Por isso, os principios do direito ambiental possuem a fungdo de ordenar a construgao normativa ambiental internacional, regional e nacional. Iremos abordar brevemente os mais importantes principios do direito ambiental, trazendo uma definigao e hist6rico de cada um. 5.1. PRINCIPIO DA PREVENCAO ‘Tem origem a partir da Declaragao da Conferéncia das Nagdes Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, de 1972. O principio possui como caracteristica impedir a ocorréncia da poluicao. A importancia do principio se da pelo dever de vigilancia em prevenir a ocorréncia de danos irreversiveis e transfronteiricos. Por isso, necesita da participagao publica as tomadas de decisdes. 5.2. PRINCIPIO DA PRECAUGAO De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o principio se originou na Alemanha, na década de 1970, conhecido como Vorsorgeprinzip. Se consolidou nos demais paises europeus em 20 anos. Esse principio pode ser considerado complementar ao da prevengao. No principio da precaugo, 0 foco esté para casos em que ha auséncia de evidéncias cientificas que apontem com certeza a ocorréncia de dano ambiental. 5.3. PRINCIPIO DO POLUIDOR-PAGADOR ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 201130 Ema can ong br enka sal. © Principio teve origem como uma recomendagéo da Organizagao para a Cooperagao e Desenvolvimento Econémico, em 1972. A CF/88 reconhece o principio no art. 225, §3° e foi adotado pelo direito brasileiro pela lei 6.938/81, de 31 de agosto de 1981. Diferente dos pri como caracteristica identificar as externalidades causadas pela _atividade ipios do direito ambiental citados anteriormente, este possui econémica. Tal externalidade é inserida nos custos da atividade econémica a fim de mitigar os custos dos danos ambientais ao contribuinte. Um exemplo recente 0 caso do rompimento da barragem de contencao da Vale na cidade de Brumadinho. Neste caso, foi imputada a empresa uma multa sobre os danos ambientais ocasionados. Também foi criado um plano de agao para modificar as formas de exploragao dos minérios e da contengao dos residuos nao aproveitados. 5.4. PRINCIPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL conceito do principio do desenvolvimento sustentavel foi se construindo ao longo dos debates de Conferéncias Internacionais. Ganhou forga a partir da Conferéncia do Rio, em 1992. Nessa ocasiao, foi reconhecida a necessidade de assegurar o desenvolvimento sustentavel ao longo de 12 dos 27 principios fundamentais da Conferéncia. Provavelmente seja o mais controverso dos principios do direito ambiental devido ao seu alto grau de abstragao, nao obrigatoriedade, ou até mesmo se discute se é realmente um principio ou um conceito. Os objetivos do desenvolvimento sustentavel devem prezar pela integragao de agées empreendidas pelo Estado, empresas, ONGs e demais atores sociais. 5.5. PRINCIPIO DA PARTICIPAGAO PUBLICA A origem do Principio da Participagéo Publica se deu no Principio 10 da Declaragao do Rio, posteriormente, foi editada a Convengao Aarhus, de 1998, na Dinamarca, que regula © direito @ participagao social no campo internacional. Muito ‘CoMANDO D4 ACADESMA DE POLICIA MILITAR clings Dann ¢ eg rate nA 201130 Ema can ong br enka sal. embora seja uma convencao restrita a Comisséo Econémica das Nagées Unidas para a Europa (UNECE), esta aberta a adesao, aceitagao ou aprovagao pelos Estados por meio das organizacées de integragao econémica e regional Tal principio é a maneira em que se é possivel propiciar ao piiblico fazer parte nas tomadas de decisées do Estado em questdes ambientais. A participacdo publica na execugéio e elaboracao de politicas ambientais acontece por meio das audiéncias pibblicas. A sociedade civil participa em érgaos colegiados, que formulam diretrizes, bem como acompanham a execugao de politicas publicas. 6. TECNICA LEGISLATIVA UTILIZADA NA CRIACAO DOS DELITOS PENAIS NORMA PENAL EM BRANCO + Tipos penais “abertos"; + Crimes de danos ou perigo concreto; + Crimes de perigo abstrato (potencialidade); + Crimes de mera conduta. 7. CRIMES CONTRA A FAUNA (arts. 29 a 37) + Morte; (art. 29) + Perseguicao; (art.29) + Caga; (art. 29) + Caca e Pesca Predatérias; (arts.34 e 36) + Apanha; (art.29) + Utiizagdo; (art.29) + Maus tratos. (art.32) Pena: reclusao de 1 a 3 anos e multa wale EXEMPLOS DE PROTEGAO DA FAUNA. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE FOLICLA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM So pesmi con * Art. 33 — Provocar, pela emissdo de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquatica existentes em rios, lagos, agudes, lagoas, baias ou aguas jurisdicionais brasileiras. + Pena: detengao de 1 a 3 anos ou multa + Art. 34 — Pescar em periodo no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por 6rgao competente. + Pena: detengdo de 1 a 3 anos e/ou multa. 7a. EXCLUDENTES Nao é crime o abate: - em estado de necessidade (para saciar a fome); - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da aco predatéria de animais, desde que autorizado pelo IBAMA; - por ser nocivo o animal, desde que autorizado pelo IBAMA. 8. CRIMES CONTRA A FLORA (ARTS. 38 a 53) BUSCA PROTEGER FLORESTAS E DEMAIS FORMAS DE VEGETACAO CONTRA: - Corte; (Art.39) - Incéndio; (art.41) - Danos diretos e indiretos a UC; (Art.40) - Destruigao; (arts.38 e 50) - Extragdo; (art.45 — reclusdo:1 a 2 anos) - Impedimento de regeneragao; (art.48);, Penas: detengdo de 1 a 3 anos; rec.1a5. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM Fs (62) 320116 Ema calito. ben melo 8.1. EXEMPLOS DE CRIME CONTRA A FLORA + Art. 38 — Destruir ou danificar floresta considerada de preservagao permanente, mesmo que em formagao, ou utiliza-la com infringéncia das normas de protegao Pena: detencao de 1 a 3 anos e/ou multa Crime culposo: pena reduzida pela metade. + Art. 48 — Impedir ou dificultar a regeneragao natural de florestas e demais formas de vegetacao. Pena: detengao de 6 meses a 1 ano e multa. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Ei «Datei Tesolin norma do CAPM. oe 2) 2011696 Emo aden 0.0 eek apo emule MODULO IV LEI DE DROGAS ~ 11.343/06 4. INTRODUGAO A Lei 11.343/06 revogou a Lei 6.368/76, instituiu 0 Sistema Nacional de Politicas sobre Drogas — Sisnad; prescreveu medidas para prevencao do uso indevido, tengo e reinsergéo social de usuarios e dependentes de drogas; estabeleceu normas para repressao a produgao nao autorizada e ao trafico ilicito de drogas e definiu crimes. Diferente da Lei 6.368/76, que tinha um foco maior na repressdo as drogas, a Lei 111.343/06 trata a questo da droga como questdo de satide publica, punindo de forma mais severa 0 traficante, porém “despenalizando” o usudrio, focando na ressocializagao. O “uso” de drogas nao deixou de ser crime, continua sendo tipificado no artigo 28 da Lei n. 11.343/06, porém nao possui uma pena que restrinja a liberdade do usuario Portanto, usar drogas é, sim, crime! artigo 1° da Lei 11.343/06 deixa claro que o principal objetivo da Lei de Drogas é trazer um tratamento diferenciado ao usuério e o traficante de drogas. 2. CONCEITO DE DROGAS A Lei 11.343/06 nao trouxe a definigo do que seriam essas drogas. Contudo, podemos conceituar drogas como sendo as substancias ou produtos capazes de causar dependéncia, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pela Unido (por meio da Portaria n? 344 - Anvisa). Estamos diante de uma Norma Penal em Branco, que é aquela cuja compreensdo de um preceito primario depende de uma complementagao. No caso da Lei 11.343/06, essa complementagéo nado vem da mesma fonte legislativa, ou seja, ndo vem de uma lei, e sim da Portaria de nimero 344 da ANVISA. clings Dann ¢ eg rate nA 2) 2011696 Emo aden 0.0 eek apo emule 3. FINALIDADE DO SISNAD O art. 3° da Lei 11.343/06 trouxe a finalidade do SISNAD. Atengéio! Em 2019, entrou em vigor a Lei 13.840/2019, que alterou a Lei de Drogas, © um dos pontos alterados foi exatamente aqui no artigo 3°, definindo o que seria o Sisnad (§1°) € a previsdo de uma atuagao conjunta com 0 SUS e com o SUAS. Basicamente a Lei 13.840/2019 realizou alteragdes no Sisnad, apresentando uma formulago de uma politica sobre drogas, nao trazendo alteracdes na seara criminal. Nos artigos seguintes, verificamos outras definigoes, como o Plano Nacional de Politicas sobre Drogas, dos Conselhos de Politicas sobre Drogas, das Diretrizes; enfim, temos enumeradas diversas ages de prevengao ao combate as drogas. As alteragées trazidas pela Lei 13.840/2019 mais comentadas pela midia e demais veiculos de comunicagao foram as referentes ao tratamento e acolhimento dos usuarios e dependentes de drogas. tratamento do usuario devera ser realizado em uma rede de atengao a satide, sendo que de forma prioritaria esse tratamento sera ambulatorial. Temos a previséo ainda de que esses tratamentos deverao ser orientados por protocolos técnicos predefinidos, baseados em evidéncias cientificas. No mbito nacional, caberé a Unido dispor sobre esses protocolos. Atengao! De forma excepcional, sera admitida a internagao em Unidades de Satide € hospitais gerais. 3.1. INTERNACAO Essa medida s6 se daré quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes, devendo elas em, no maximo, 72h serem comunicadas ao Ministério Publico, 4 Defensoria Publica e a outros érgaos de fiscalizagdo por meio de um sistema informatizado Unico. 3.2. PLANO DE ATENDIMENTO. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 2) 2011696 Emo aden 0.0 eek apo emule A Lei 13.840/2019 estabeleceu o plano individual de atendimento nas redes de atengao a satide ao inserir na Lei de drogas os arts. 23-B e 26-A. 4. CRIMES PREVISTOS NA LEI DE DROGAS 4.1 PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL O art. 28 da Lei 11.343/06 trata do porte de drogas para consumo pessoal, observe que 0 legislador trouxe diversos verbos para identificar a conduta; temos 0 que a doutrina chama de tipo penal complexo, ou misto Ou seja, se o agente praticar qualquer uma dessas condutas, responder pelo artigo 28 da Lei n. 11.343/06 (adquirir, guardar, tiver em depésito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorizagéo ou em desacordo com determinagao legal ou regulamentar) , porém, caso ele pratique mais de uma, isso ndoquer dizer que ele estard praticando mais de um crime. A necessidade do dolo especifico presente nesse artigo. E necessario que o agente adquira, guarde, tenha em depésito, transporte ou traga consigo substancia entorpecente para consumo pessoal. Assim, 0 que houve com o porte de drogas para consumo pessoal foi a despenalizagao, ou seja, nao temos a cominagao de uma pena privativa de liberdade. Atengdo! legislador tipificou o “porte para uso” e nao 0 “uso” propriamente”. O que isso significa? Imagine que em uma abordagem policial a equipe policial perceba a presenga do odor tipico da droga vulgarmente conhecida como maconha e perceba que os abordados estAo visivelmente alterados. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE FOLICLA MILITAR ‘acco de inin 2Distca enol trae do CAPM oe pesmi con Caso nao seja localizado 0 cigarro de maconha ou qualquer outra substancia, a equipe policial nao poderd lavrar 0 Termo Circunstanciado, até mesmo porque é necessario a apreensdo da substancia para a realizagao da pericia JA que o art. 28 da Lei de Drogas nao prevé pena privativa de liberdade para o porte para 0 uso, vejamos o que estabelece a lei: + Adverténcia: 0 magistrado faz uma explanagao sobre a nocividade do uso da droga; + Prestagdo de servigos a comunidade: esse servico deve ser prestado preferencialmente em entidade que tenha como finalidade a prevengdo do consumo de drogas tera como prazo maximo de 5 meses ou 10 meses, em caso de reincidéncia; + Medida sociceducativa: frequentar cursos ou programas educativos, nao necessariamente voltados a temética das drogas; prazo maximo de 5 meses ou 10 meses. Em caso de recusa injustificada o juiz poder aplicar uma pena de admoestagao verbal e multa (paragrafo 6”). Outro ponto importante do artigo 28 € quanto ao paragrafo 1°, que traz a conduta equiparada ao caput. O que devemos ficar atentos € que esse cultivo devera se dar para © consumo pessoal, caso contrério o agente podera responder pelo previsto no artigo 33 4.2. DESTRUIGAO DAS PLANTAGOES Art. 32. As plantagées ilicitas seréio imediatamente destruidas pelo delegado de policia na forma do art. 50-A, que recolhera quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condigSes encontradas, com a delimitago do local, asseguradas as medidas necessarias para a preservacao da prova Atengao! conforme o entendimento majoritario da doutrina, a destruigo das plantagées poder ser realizada sem a prévia autorizagao judicial. 4.3. TRAFICO DE DROGAS ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 201130 Ema can ong br enka sal. Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor @ venda, oferecer, ter em depésito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar @ consumo ou fomecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorizagdo ou em desacordo com determinagao legal ou regulamentar: Pena — reclusdo de § (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Esse artigo trata do tréfico de entorpecentes propriamente dito. ‘Segundo 0 entendimento do ST, 0 trafico de drogas é um crime de ago miltipla, e a pratica de qualquer um dos verbos contidos no artigo 33 é suficiente para a sua consumago, sendo desnecessaria a realizacdo dos atos de venda. Existem 18 nuicleos do tipo (verbos) no caput do artigo 33 e, portanto, o agente que pratica qualquer um praticard o trafico de drogas. Para que seja comprovada a materialidade do delito é necessario um laudo que comprove que a substéncia é entorpecente e esta presente na portaria 344 da ANVISA. No dia a dia policial funciona assim: a guamigao da policia militar conduz 0 preso em flagrante até a Delegacia de Policia, e a substancia apreendida é submetida a exame pericial, sendo juntada ao Flagrante (ou TC no caso do artigo 28) uma cépia do laudo preliminar da droga. Apés, 0 Instituto de Criminalistica realiza 0 laudo definitive da substancia. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM pesmi con 4.4, MATERIA-PRIMA - INSUMO OU PRODUTO QUIMICO DESTINADO A PREPARACGAO §1° Nas mesmas penas incorre quem: | — importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expée a venda, oferece, fomece, tem em depésito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorizagéo ou em desacordo com determinagao legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto quimico destinado a preparaco de drogas. inciso primeiro do paragrafo primeiro trata da matéria-prima ou insumo para a preparagao do trafico de drogas. Exemplo: a lidocaina, cafeina, taurina, para ser misturada a cocaina, essas substancias sao tratadas como insumo. Atengao! Nao é porque a pessoa foi encontrada com um quilo de lidocaina que sera presa por trafico, pois é necessdria a comprovagao de que essa substancia era destinada a preparagao das drogas. 4.5. CULTIVO DE MATERIA-PRIMA. Il — semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorizagéo ou em desacordo com determinagao legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparagao de drogas. ‘Atencio! Nao confundir essa conduta com a prevista no artigo 28. Naquela o agente realiza o plantio para consumo préprio, j4 aqui a finalidade do agente é a circulagao dessa substancia entorpecente. 4.6. UTILIZACAO DE LOCAL ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM pesmi con Ill — utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem 2 propriedade, posse, administragdo, guarda ou vigilancia, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorizagao ou em desacordo com determinagao legal ou regulamentar, para o trafico ilicito de drogas. Isso significa que mesmo uma pessoa que sequer tocou na droga, se consentir que se realize a traficdncia em seu imével respondera nas mesmas penas. 4.7. INDUZIMENTO AO USO § 2° Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: Pena — detengdo, de 1 (um) a 3 (trés) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-mutta. A induco é “colocar” a ideia na cabeca da pessoa: o agente nunca tinha pensado em utilizar drogas, mas o agente vem o induz a utilizar. A instigagao € a estimulagdo a ideia jd existente e o auxilio diz respeito a colaboragao material do agente, sempre permitindo que a pessoa satisfaga a sua vontade de utilizar o entorpecente. E a “marcha da maconha"? No julgamento da ADI 4247 o STF afirmou que: - Impossibilidade de restrigdo ao direito fundamental de reunidio que nao se contenha nas duas situagdes excepcionais que a propria Constituico prevé: 0 estado de defesa e 0 estado de sitio (art. 136, §1°, inciso |, alinea “a’, e artigo 139, inciso IV). - Ago direta julgada procedente para dar ao §2° do art. 33 da Lei 11.343/06 interpretagdo conforme a Constituigéo e dele excluir qualquer significado que enseje a proibigdo de manifestagées e debates publicos acerca da descriminalizagao ou legalizagéo do uso de drogas ou de qualquer substancia que leve 0 ser humano ao entorpecimento episédico, ou entao viciado,das suas faculdades psicofisicas. 4.8. OFERECIMENTO DE DROGA SEM OBJETIVO DE LUCRO. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 201130 Ema can ong br enka sal. §3° Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Pena — detengdo, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuizo das penas previstas no art. 28. E a famosa “rodinha de maconha”, que possui uma menor censurabilidade por parte do legislador, sendo considerada pela doutrina como sendo o trafico de menor potencial ofensivo. 4.9. CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIGAO DE PENA § 4° Nos delitos definidos no caput e no § 1° deste artigo, as penas poderdo ser reduzidas de um sexto a dois tergos, vedada a converso em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primario, de bons antecedentes, nao se dedique as atividades criminosas nem integre organizagao criminosa. A doutrina intitula de “trafico privilegiado". Conforme a jurisprudéncia do STJ, a causa de diminuigao de pena prevista no § 4° do artigo 33 da Lei de Drogas sé poderé ser aplicada se todos os requisites estiverem cumulativamente presentes: + Primariedade; + Bons antecedentes; + Nao se dedicar as atividades criminosas; + Nao integrar organizagao criminosa. A reincidéncia de que trata esse pardgrafo nao precisa ser especifica, conforme 0 entendimento do STJ no julgamento do HC 393.709/SP, julgado em 20/06/17. O tréfico de drogas privilegiado & equiparado a hediondo? Segundo 0 STF o trafico de entorpecentes privilegiado nao se harmoniza com a hediondez do trafico de entorpecentes definido no caput e §1° do artigo 33 da Lei de téxicos. ‘costanpo pa Acabess DE rOLICtA MHLITA "cle de Bu 3 Daten ¢Tecologin forma do CAPM oe No mesmo julgamento, 0 STF disse ainda que o tratamento penal dirigido ao delito cometido sob 0 manto do privilégio apresenta contornos mais benignos, menos gravosos, notadamente porque sao relevados 0 envolvimento ocasional do agente com o delito. Hé um evidente constrangimento ilegal ao se estipular ao trafico de entorpecentes privilegiado os rigores da Lei n. 8.072/90. (HC 118533, de 16/09/2016). 4.10. OBJETO DESTINADO A PREPARAGAO DA DROGA Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer titulo, possuir, guardar ou fomecer, ainda que gratuitamente, maquinario, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado a fabricacdo, preparagao, produgéo ou transformagéo de drogas, sem autorizagéo ou em desacordo com determinagao legal ou regulamentar: Pena — reclusdo, de 3 (trés) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. Esse artigo tipifica, excepcionalmente (j4 que a regra é que atos preparatérios nao sejam punidos), os atos preparatérios para o trafico de drogas. Atengao 1! Se o agente praticar as condutas previstas tanto no artigo 34 como no artigo 33, num mesmo contexto fatico, responderd somente pela conduta do artigo 33. ‘Atengao 2! A maioria da doutrina entende que a pratica dessa conduta (do artigo 34) se equipara aos crimes hediondos. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM pesmi con 4.11, ASSOCIACAO PARA O TRAFICO Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou nao, qualquer dos crimes previstos nos arts, 33, caput e § 1°, e 34 desta Lei: Pena ~ reclusiio, de 3 (trés) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. Pardgrafo Unico. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a pratica reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei A associago para o tréfico também pode ser considerada uma punic&o excepcional de ato preparatério do crime, j4 que 0 fato de se associarem duas ou mais pessoas com © fim de praticar o trafico j4 configura o crime, mesmo que o trafico nao ocorra. A conduta de associagéo ¢ auténoma ao trafico, ou seja, se os agentes se associarem e praticarem efetivamente o trafico, responderéo em concurso material pelos crimes de trafico e associagao para o trafico. A jurisprudéncia do STJ entende que essa associago deverd se dar de forma estavel e permanente, de modo que, se ocorrer de forma eventual, teremos um mero concurso de agentes. paragrafo Unico traz a conduta da associagao com o fim de financiar o tréfico de drogas, conduta prevista no artigo 36 da lei. Nesse caso, teremos as mesmas penas descritas no caput. Atencao! A associacao para o trafico (art. 35) nao é crime equiparado a hediondo. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM pesmi con 4.12, FINANCIAMENTO DO TRAFICO Art. 36. Financiar ou custear a prética de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1°, e 34 desta Lei: Pena — reclusao, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil ¢ quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. A conduta descrita no artigo 36 nao precisa da obtencao de lucro por parte do agente, basta que ele financie a pratica dos delitos previstos nos arts. 33, caput e § 1°, € 34, ‘Atengdo! Essa conduta é equiparada a hediondo. 4.13. COLABORAGAO COM O TRAFICO Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organizagao ou associacao destinados a pratica de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1°, ¢ 34 desta Lei: Pena — reclusao, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. Essa é a conduta tipica do “olheiro’, “fogueteiro”, ou seja, aquele que colabora com © trafico de drogas, com o grupo ou organizagao criminosa. O STF no julgamento do HC 106.155/RJ afirmou que a conduta do “fogueteiro” seria punida por meio da conduta descrita no artigo 37. Caso a colaboracao seja permanente, o agente incorrera no delito de associagao para 0 trafico. Portanto, para que seja tipificado no artigo 37, a colaboragao deverd ser eventual. ‘Atengdo! O delito do artigo 37 nao é equiparado a hediondo. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM Se pesmi con 4.14, PRESCRIGAO CULPOSA DE DROGAS Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazé-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinacao legal ou regulamentar: Pena — detengao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqiienta) a 200 (duzentos) dias-multa. Paragrafo Unico. O juiz comunicaré a condenagao ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertenca 0 agente. No caso da prescrigdo culposa, como o proprio nome ja diz, é decorrente de culpa. Ja que o artigo 38 € necessariamente culposo, caso o agente realize a conduta de forma dolosa, ele respondera pelo artigo 33, caput. ‘tengo! Crime culposo nao admite tentativa e, como podemos observar na pena, trata-se de um crime de menor potencial ofensivo. 4.15, CONDUGAO DE EMBARCAGAO OU AERONAVE SOB A INFLUENCIA DE DROGAS Art. 39. Conduzir embarcagao ou aeronave apés 0 consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Pena ~ detengao, de 6 (seis) meses a 3 (trés) anos, além da apreenso do veiculo, cassacao da habilitagdo respectiva ou proibigdo de obté-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa. Pardgrafo tnico. As penas de prisio e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, serao de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se © veiculo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. ‘costanpo Da ACADEMIA DE FOLICIA MLA ‘dtm ata eigen CAPM Soe 2) 3201166 - Ema cap goon br /endapmgoGiemsl oo Para que seja configurado esse delito, é necessario que 0 agente esteja sob o efeito de drogas ilicitas, sendo que essa ingestdo devera ser comprovada. Outro fator importante é que para configuracao do delito é necessério a exposigao a um dano potencial a incolumidade de outrem, ou seja, devera ser comprovada a exposigaio da incolumidade a provavel dano (crime de perigo concreto) Atengao! Esse é um crime que nao é equiparado a hediondo. 4.16. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei sdo aumentadas de um sexto a dois tergos, se: | — a natureza, a procedéncia da substancia ou do produto apreendido e as circunstancias do fato evidenciarem a transnacionalidade do deli Il - 0 agente praticar o crime prevalecendo-se de fungdo publica ou no desempenho de missdo de educacdo, poder familiar, guarda ou vigilancia; Ill — a infragao tiver sido cometida nas dependéncias ou imediagdes de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetaculos ou diversées de qualquer natureza, de servigos de tratamento de dependentes de drogas ou de reinsergo social, de unidades militares ou policiais ou em transportes piblicos; IV — 0 crime tiver sido praticado com violéncia, grave ameaga, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidagao difusa ou coletiva: V — caracterizado 0 trafico entre Estados da Federagao ou entre estes e 0 Distrito Federal; VI — sua pratica envolver ou visar a atingir crianca ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminulda ou suprimida a capacidade de entendimento e determinacao; VII — 0 agente financiar ou custear a pratica do crime. Sobre a transnacionalidade, tem-se que: ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 201130 Ema can ong br enka sal. ‘SUmula 607-STJ: A majorante do trafico transnacional de drogas (art. 40, |, da Lei 111.343/06) se configura com a prova da destinagao internacional das drogas, ainda que no consumada a transposigao de fronteiras. STJ. 3° Seco. Aprovada em 11/04/2018. rol trazido pelo inciso III é taxativo, j4 que ndo 6 possivel uma interpretagao analégica in malam partem. 4.17. COLABORACAO PREMIADA Art. 41. indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigagao policial e 0 processo criminal na identificagao dos demais coautores ou participes do crime e na recuperagao total ou parcial do produto do crime, no caso de condenagao, tera pena reduzida de um tergo a dois tergos. Assunto muito em voga atualmente. E importante que saibamos que a Lei 11.343/06 possui a sua propria previsao de colaboragao premiada. 5. PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA © STJ entende que o principio da insignificdncia nao se aplica aos delitos de tréfico de drogas e porte de substancia entorpecente para consumo préprio, pois relaciona-se a de crimes de perigo abstrato ou presumido. 6. LIBERDADE PROVISORIA E CONVERSAO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM RESTRITIVA DE DIREITOS Embora o texto de lei (art. 44) estabeleca que nao caberd a liberdade proviséria e também a conversdo da pena restritiva de liberdade em restritiva de direitos, o STF tem o entendimento pacifico de que essa previsdo ¢ inconstitucional. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 2) 2011696 Emo aden 0.0 eek apo emule 7. PROCEDIMENTOS PROCESSUAIS A Lei 11.343/06 ndo traz apenas a definicao de crimes e a cominagao de penas ela também estabelece procedimento préprio, aplicando-se de forma subsididria 0 Cédigo de Processo Penal 7.1, | PROCEDIMENTO DE DESTRUICAO DAS DROGAS Trata-se de mais uma alteragao legislativa trazida pela Lei 13.840/2019. Art. 50-A. A destruigéo das drogas apreendidas sem a ocorréncia de prisdo em flagrante seré feita por incineragao, no prazo maximo de 30 (trinta) dias contados da data da apreensdo, guardando-se amostra necesséria a realizagéio do laudo definitivo. Se ocorrer a apreensao da droga sem a lavratura do Auto de Prisdo em Flagrante, ou seja, foi somente apreendida a substancia entorpecente @ nao o autor do trafico, a droga devera ser destruida no prazo maximo de 30 dias, sendo necessario guardar uma amostra para a realizacao da pericia e elaboragaio de um laudo definitivo. A incineragao da droga com a priséo em flagrante nao foi algo alterado pela lei, permanecendo conforme o disposto no artigo 50. O delegado de policia, na presenga do Ministério Publico e da autoridade sanitéria, deverd realizar essa destruigéo das drogas, sendo que o local de realizagao dessa incineragao deverd ser vistoriado antes e depois do procedimento. 7.2. PRAZOS DO INQUERITO POLICIAL A Lei de Drogas traz prazos diferentes do Cédigo de Processo Penal. Art. 51. O inquérito policial serA concluido no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE FOLICLA MILITAR ‘acco de inin 2Distca enol trae do CAPM So 72) 3001 - Emils calm sn brendan ems Paragrafo nico. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido 0 Ministério Publico, mediante pedido justificado da autoridade de policia judiciaria + 30 dias se 0 indiciado estiver preso; + 90 dias se o indiciado estiver solto; + Os prazos podem ser duplicados. 8. LEI DE DROGAS E A APLICACAO DA LEI 9.099/95 Alguns dos delitos sao classificados como infragéo de menor potencial ofensivo e, Portanto, seguem o rito sumarissimo da Lei n. 9.099/95; ‘© que ocorre com o porte de substancia entorpecente para consumo, previsto no artigo 28. A Lei 9,099/95 prevé que caso o agente se recuse a assinar o termo de compromisso de comparecimento do JECrim, poderd ser preso em flagrante. ‘Ocorre que a Lei 11.343/06, em seu artigo 48, §2°, veda expressamente a prisdo em flagrante do autor do delito previsto no artigo 28. Art. 48, § 2° Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, ndo se impora priséo em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juizo competente ou, na falta deste, assumir 0 compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as requisiges dos exames e pericias necessarios. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM eo Fs (62) 320116 Ema calito. 9. INFILTRAGAO E ACAO CONTROLADA Art. 53. Em qualquer fase da persecucao criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, s4o permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorizacao judicial e ouvido 0 Ministério Publico, os seguintes procedimentos investigatérios: | — ainfiltrago por agentes de policia, em tarefas de investigagao, constituida pelos drgéos _especializados pertinentes; II ando atuago policial sobre os portadores de drogas, seus precursores quimicos ou outros produtos utilizados em sua produgao, que se encontrem no territério brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior numero de integrantes de operagées de trafico e distribuigdo, sem prejuizo da ago penal cabivel. Pardgrafo Unico. Na hipétese do inciso Il deste artigo, autorizagao seré concedida desde que sejam conhecidos o itinerario provavel e a identificagao dos agentes do delito ou de colaboradores. No caso da infiltrago somente o juiz poder autorizar tal medida A infiltrago dos agentes ¢ a possibilidade de que os agentes se fagam passar por pessoas voltadas para a realizagao da traficdncia, com a finalidade de colher informagdes necessarias para o esclarecimento dos fatos. Outra informagao importante constante deste artigo ¢ sobre o flagrante diferido, expressamente autorizado pela lei. A equipe policial pode deixar de dar voz de priséo a uma pessoa com uma menor participagao no crime para prender outra que tem uma maior participacdo. Veja que aquele que nao foi preso num primeiro momento serd preso assim que Possivel; néo ¢ que devemos ‘liberar um para pegar varios", ndo é bem assim que funciona Deixamos de prender um agora para prender ele € varios outros depois. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE FOLICLA MILITAR ‘acco de inin 2Distca enol trae do CAPM So 72) 3001 - Emils calm sn brendan ems 10. PROVIDENCIAS DO MP Art. 54. Recebidos em juizo os autos do inquérito policial, de Comissao Parlamentar de Inquérito ou pegas de informagao, dar-se-d vista ao Ministério Publico para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes providéncias: | — requerer 0 arquivamento; Il - requisitar as diligéncias que entender necessarias; Ill — oferecer denuncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e requerer as demais provas que entender pertinentes. © que ocorre € que a autoridade policial enviaré o inquérito policial para o magistrado, que o remeterd ao MP (Promotor de Justiga ou Procurador da Republica). A diferenga entre um e outro é que em regra, 0 trafico de drogas seré de competéncia da justiga estadual, portanto serd remetido ao Promotor de Justiga. Porém, no caso da transnacionalidade, a competéncia sera da Justi¢a Federal, entao teremos a atuacao do Procurador da Republica. Sobre 0 arquivamento requerido pelo MP, no custa lembrar que o delegado de policia no poderd requerer arquivamento, sendo essa competéncia do MP. 11,.MEDIDAS ASSECURATORIAS O artigo 60 da Lei foi alterado pela Lei 13.840/19. Dentre as mudancas ocorridas, temos as seguintes: + O magistrado nao pode mais determinar a concessdo das medidas assecuratérias de oficio; + Foi inserida a previsdo expressa de que o assistente de acusago pode requerer ao juizo a concessao de medidas assecuratorias; + O art. 60 possuia dois paragrafos trazendo regras de procedimento para essas medidas, tendo revogado esses dispositivos e remetido a regulamentagao para o CPP. ‘costanpo Da AcaDEMs DE rOLICtA MLTR ‘dtm ata eigen CAPM oe 2) 3201166 - Ema cap goon br /endapmgoGiemsl oo Tivemos ainda outras alteragdes promovidas pela Lei 13.840/2019, bem como pela Medida Proviséria 885/2019 (aprovada no Senado Federal na forma do Projeto de Lei de Conversao 20/2018), que foi editada alguns dias apés a publicagao da Lei, que tratam sobre a apreensdo e destinacao dos bens do investigado: Art. 61. A apreensao de veiculos, embarcagdes, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte e dos maquinarios, utensilios, instrumentos e objetos de qualquer natureza utilizados para a pratica dos crimes definidos nesta Lei sera imediatamente comunicada pela autoridade de policia judiciaria responsavel pela investigagao ao juizo competente. (Redacao dada pela Lei n. 13.840, de 2019). § 1° O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado da comunicagao de que trata o caput, determinard a alienagao dos bens apreendidos, excetuadas as armas, que serdo recolhidas na forma da legislagéo especifica. (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019). § 2° - A alienacdo sera realizada em autos apartados, dos quais constara a exposicao sucinta do nexo de instrumentalidade entre o delito e os bens apreendidos, a descrigao e especificagao dos objetos, as informagées sobre quem os tiver sob custédia e local em que se encontrem, (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019) § 3° - O juiz determinara a avaliagéo dos bens apreendidos, que serd realizada por oficial de justiga, no prazo de 5 (cinco) dias a contar da autuagéo, ou, caso sejam necessdrios conhecimentos especializados, por avaliador nomeado pelo juiz, em prazo nao superior a 10 (dez) dias. (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019). § 4° - Feita a avaliagao, 0 juiz intimara 0 érgéo gestor do Funad, 0 Ministerio Publico e 0 interessado para se manifestarem no prazo de 5 (cinco) dias e, dirimidas eventuais divergéncias, homologaré o valor atribuido aos bens. (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019). Art. 62. Comprovado o interesse publico na utilizagéo de quaisquer dos bens de que trata o art. 61, os érgaos de policia judicidria, militar e rodovidria poderao deles fazer uso, sob sua responsabilidade e com o ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 32011606 Ema cap. be eager objetivo de sua conservagao, mediante autorizagao judicial, ouvido o Ministério Publico e garantida a prévia avaliagao dos respectivos bens. (Redagao dada pela Lei n. 13.840, de 2019). § 2° - A autorizacao judicial de uso de bens deveré conter a descri¢ao do bem e a respectiva avaliagdo e indicar 0 érgao responsavel por sua utilizagao. § 3° - O drgao responsdvel pela utilizagao do bem deverd enviar ao juiz periodicamente, ou a qualquer momento quando por este solicitado, informagées sobre seu estado de conservagao. (Redagao dada pela Lei n. 13,840, de 2019). § 4° - Quando a autorizacao judicial recair sobre veiculos, embarcagées ou aeronaves, o juiz ordenara a autoridade ou ao érgao de registro e controle a expedigo de certificado provisério de registro e licenciamento em favor do érg&o ao qual tenha deferido o uso ou custédia, ficando este livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores & decisao de utiiizagao do bem até o transit em julgado da decis&o que decretar 0 seu perdimento em favor da Unio. § 5° - Na hipétese de levantamento, se houver indicagdo de que os bens utiizados na forma deste artigo softeram depreciagao superior aquela esperada em razdo do transcurso do tempo e do uso, poderd o interessado requerer nova avaliagao judicial. § 6° - Constatada a depreciagao de que trata 0 § 5°, 0 ente federado ou a entidade que utilizou o bem indenizaré o detentor ou proprietario dos bens. § 12. Na alienago de veiculos, embarcagées ou aeronaves, a autoridade de transito ou 0 érgao de registro equivalente procederd A regularizagao dos bens no prazo de trinta dias, de modo que o arrematante ficara livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuizo de execugao fiscal em relagao ao antigo proprietario. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). § 13. Na hipétese de que trata 0 § 12, a autoridade de transito ou 0 érgaio de registro equivalente podera emitir novos identificadores dos bens. (Incluido pela Medida Provisoria n. 885, de 2019). Art. 62-A. © depésito, em dinheiro, de valores referentes ao produto da alienago ou relacionados a numerarios apreendidos ou que tenham sido clings Dann ¢ eg rate nA 32011606 Ema cap. be eager convertidos, serao efetuados na Caixa Econémica Federal, por meio de documento de arrecadagao destinado a essa finalidade. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) § 1° - Os depésitos a que se refere o caput serdo repassados pela Caixa Econémica Federal para a Conta Unica do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalidade, no prazo de vinte e quatro horas, contado do momento da realizagao do depésito. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). § 2° - Na hipétese de absolvicao do acusado em decisao judicial, o valor do depésito sera devolvido ao acusado pela Caixa Econémica Federal no prazo de até trés dias uteis, acrescido de juros, na forma estabelecida pelo § 4° do art. 39 da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). § 3° - Na hipétese de decretagao do seu perdimento em favor da Unido, 0 valor do depésito ser transformado em pagamento definitivo, respeitados os direitos de eventuais lesados e de terceiros de boa-fé. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). § 4° - Os valores devolvidos pela Caixa Econémica Federal, por decisao judicial, serao efetuados como anulagao de receita do Fundo Nacional Antidrogas no exercicio em que ocorrer a devolugao. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) § 5° - A Caixa Econémica Federal manteré o controle dos valores depositados ou devolvidos. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). Art. 63. Ao proferir a sentenga, o juiz decidira sobre: (Redagao dada pela Lein. 13.840, de 2019): | 0 perdimento do produto, bem, direito ou valor apreendido ou objeto de medidas assecuratorias; e (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019). Il 0 levantamento dos valores depositados em conta remunerada e @ liberagao dos bens utilizados nos termos do art. 62. (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019) § 1° - Os bens, direitos ou valores apreendidos em decorréncia dos crimes tipificados nesta Lei ou objeto de medidas assecuratérias, apés decretado seu perdimento em favor da Unido, seréo revertidos diretamente ao Funad. (Redagao dada pela Lei n. 13.840, de 2019). ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 32011606 Ema cap. be eager § 2° - O juiz remeterd ao érgdo gestor do Funad relagao dos bens, direitos e valores declarados perdidos, indicando o local em que se encontram e a entidade ou 0 érgo em cujo poder estejam, para os fins de sua destinago nos termos da legislagao vigente. (Redagéo dada pela Lein. 13.840, de 2019). § 4° - Transitada em julgado a sentenga condenatéria, o juiz do proceso, de oficio ou a requerimento do Ministério Publico, remeterd a Senad relago dos bens, direitos e valores declarados perdidos em favor da Unido, indicando, quanto aos bens, o local em que se encontram e a entidade ou 0 érgéo em cujo poder estejam, para os fins de sua destinagao nos termos da legislagao vigente. § 5° - (VETADO). (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019). § 6° - Na hipdtese do inciso II do caput, decorridos 360 (trezentos sessenta) dias do transito em julgado e do conhecimento da sentenga pelo interessado, os bens apreendidos, os que tenham sido objeto de medidas assecuratérias ou os valores depositados que nao forem reclamados serao revertidos ao Funad. (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019). Art. 63-A. Nenhum pedido de restituigao sera conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determinar a pratica de atos necessarios conservacdo de bens, direitos ou valores. (Incluido pela Lein. 13.840, de 2019) Art. 63-B. O juiz determinard a liberagao total ou parcial dos bens, direitos € objeto de medidas assecuratérias quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrigéo dos bens, direitos e valores necessdrios e suficientes 4 reparagdo dos danos e ao pagamento de prestagdes pecuniarias, multas e custas decorrentes da infragao penal. (Incluido pela Lei n. 13.840, de 2019). Art. 63-C. Compete a Secretaria Nacional de Politicas sobre Drogas do Ministério da Justica e Seguranga Publica proceder & destinagao dos bens apreendidos e néo leiloados em carater cautelar, cujo perdimento seja decretado em favor da Unido, por meio das seguintes modalidades: (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) | —alienacao, mediante: (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 32011606 Ema cap. be eager a) licitago; (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) b) doacao com encargo a entidades ou drgaos piiblicos que contribuam para 0 alcance das finalidades do Fundo Nacional Antidrogas; ou (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) c) venda direta, observado 0 disposto no inciso I! do caput do art. 24 da Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993; (Incluido pela Medida Provisoria n 885, de 2019). I — incorporaga0 a0 patriménio de érgao da administrag4o publica, observadas as finalidades do Fundo Nacional Antidrogas; (Incluido pela Medida Provisoria n. 885, de 2019). Ill - destruicao; ou (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) IV - inutilizagao. (Incluido pela Medida Provisoria n. 885, de 2019). § 1° - A alienagao por meio de licitagéo seré na modalidade leildo, para bens méveis e iméveis, independentemente do valor de avaliacdo, isolado ou global, de bem ou de lotes, assegurada a venda pelo maior lance, por prego que nao seja inferior a cinquenta por cento do valor da avaliagao. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). § 2° - O edital do leildo a que se refere o § 1° sera amplamente divulgado em jornais de grande circulagao e em sitios eletrénicos oficiais, principalmente no Municipio em que sera realizado, dispensada a publicago em diario oficial. (Incluido pela Medida Provisoria n. 885, de 2019). § 3° - Nas alienagées realizadas por meio de sistema eletrénico da administragao publica, a publicidade dada pelo sistema substituir publicago em diario oficial e em jornais de grande circulagao. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). § 4° - Na alienagao de veiculos, embarcagées ou aeronaves, a autoridade de transito ou 0 érgao de registro equivalente procederé a regularizagao dos bens no prazo de trinta dias, de modo que o arrematante ficara livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuizo de execugo fiscal em relagao ao antigo proprietario. (Incluldo pela Medida Provis6ria n. 885, de 2019). § 5° - Na hipétese do § 4°, a autoridade de transito ou 0 érgao de registro equivalente podera emitir novos identificadores dos bens. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 32011606 Ema cap. be eager § 6° - A Secretaria Nacional de Politicas sobre Drogas do Ministério da Justi¢a e Seguranga Publica podera celebrar convénios ou instrumentos congéneres com érgaos e entidades da Unido, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municipios, a fim de dar imediato cumprimento ao estabelecido neste artigo. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019) § 7° - Observados os procedimentos licitatérios previstos em lei, fica autorizada a contratagao da iniciativa privada para a execugao das agdes de avaliagao, administragao e alienagao dos bens a que se refere esta Lei. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiga e Seguranga Publica regulamentar os procedimentos relativos 4 administragao, @ preservacao e € destinagdo dos recursos provenientes de delitos e atos ilicitos e estabelecer os valores abaixo dos quais se deve proceder 4 sua destruigdo ou inutiizagao. (Incluido pela Medida Proviséria n. 885, de 2019). Art. 64. A Unio, por intermédio da Senad, podera firmar convénio com os Estados, com 0 Distrito Federal e com organismos orientados para a Prevengao do uso indevido de drogas, a atencdo e a reinsercdo social de usudrios ou dependentes e a atuagdo na repressdo a produgéo ndo autorizada e ao trafico ilicito de drogas, com vistas na liberagao de equipamentos e de recursos por ela arrecadados, para a implantagao e execugdio de programas relacionados a questo das drogas. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM pesmi con MODULO V LEI MARIA DA PENHA. 1. INTRODUGAO, A Lei 11.340/2006, chamada de Lei Maria da Penha, foi publicada em 8 de agosto de 2006 e batizada com este nome em homenagem a cruel histéria de vida da farmacéutica Maria da Penha Maia Fernandes. Ela foi vitima de violéncia doméstica durante seus 23 anos de casamento, ela era casada com um professor universitério e economista. Em 1983, seu marido tentou assassiné-la, simulando um assalto fazendo uso de uma espingarda, como resultado ficou paraplégica. Pouco tempo depois em uma nova tentativa de assassiné-la, buscou eletrocutd-la com uma descarga elétrica durante o banho. Durante todo seu casamento Maria da Penha sofreu muitas agress6es. Nunca reagiu nem denunciou por medo de expor sua vida e de suas filhas. Depois de ter sido quase assassinada duas vezes resolveram fazer uma dentncia publica. Mesmo apés ter feito a denuncia, nenhuma deciséo foi tomada, chegou a ficar com vergonha de si, achando que era culpada por tudo que havia Ihe acontecido. Em 1991 0 réu foi condenado pelo tribunal do juri a 8 anos de prisdo. Recorreu em liberdade e apés um ano o julgamento foi anulado. Novamente foi julgado em 1996, 0 agressor pegou 10 anos e 6 meses de reclusao. Mais uma vez respondeu em liberdade, até que em 2002 finalmente foi preso depois de 19 anos apés a primeira tentativa de homicidio. © Brasil foi condenado intemnacionalmente pela Comissao Interamericana de Direitos Humanos, que por varias vezes solicitou informagdes ao governo brasileiro e ndo recebeu resposta. No relatério n. 54/2001 da OEA, realizou uma analise dos fatos responsabilizou 0 estado brasileiro por negligéncia, recomendando uma reforma legislativa a fim de ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Eni a Date Teeolgi a oem do CAPM 2) 2011696 Emo aden 0.0 eek apo emule combater a violéncia doméstica contra a mulher e também simplificar os processos judiciais. A comissao também impés uma indenizagao em favor de Maria da Penha, que foi paga em uma sessdo solene pelo Governo do Estado do Ceara. A Lei Maria da Penha foi embasada no paragrafo 8° do artigo 226 da Constituigao Federal, na Convencao sobre a eliminagao de todas as formas de violéncia contra a mulher, na Convengao Interamericana para prevenir, punir ¢ erradicar a violéncia contra a mulher e em outros tratados intemacionais ratificados pela Republica Federativa do Brasil. A Lei Maria da Penha nao é uma simples lei, é um precioso estatuto, néo somente de carater repressivo, mais, sobretudo, preventive e essencial. Cabe lembrar que antes da Lei 11.340/06, 0 registro da violéncia perante a autoridade policial néo gerava qualquer iniciativa protetiva imediata. Atengao! Recentemente a Lei Maria da Penha foi alterada pela Lei 13.894/19. 2. CONCEITO DE VIOLENCIA DOMESTICA CONTRA MULHER A Convencao Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violéncia contra a Mulher OEA define “A violéncia contra a mulher como qualquer ato ou conduta baseada nto género, que Ihe cause morte, dano ou softimento fisico, sexual ou psicolégico a mulher tanto na esfera publica quanto na esfera privada”. 3. OBJETIVOS DA LEI MARIA DA PENHA - Criar mecanismos para coibir e prevenir a violéncia doméstica e familiar contra a mulher; - Dispor sobre a criagao dos Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher; - Estabelecer medidas de assisténcia e protegio as mulheres em situagdo de violencia doméstica e familiar. 4, DIREITOS ASSEGURADOS A MULHER ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 201130 Ema can ong br enka sal. A Lei 11.340/06 em seus arts. 2° e 3° assegura as mulheres os seguintes direitos: viver sem violéncia; preservar sua satide fisica e mental; aperfeigoamento moral, intelectual e social; 8 vida; a seguranga; a satide; a alimentacdo; A educacao; moradia; ao acesso a justiga; ao esporte; ao lazer; ao trabalho; a cidadania; a liberdade; dignidade; ao respeito e a convivéncia familiar e comunitaria cultura; a ‘A quem cabe criar as condigdes necessdrias para o efetivo exercicio dos direitos enunciados? Nao cabe apenas ao Estado criar essas condigdes e sim a familia, a sociedade e ao poder piiblico como um todo. 5. INTERPRETAGAO DA LEI A interpretagao da lei levara em conta os fins sociais a que ela se destina (protegao da mulher contra violéncia doméstica e familiar) e condigdes peculiares das mulheres em situago de violéncia doméstica e familiar. 5.1. CONFIGURAGAO DA VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR CONTRA MULHER De acordo com o art. 5° da Lei Maria da Penha configura violéncia doméstica e familiar contra a mulher qualquer ago ou omissdo baseada no género que Ihe cause morte, lesao, sofrimento fisico, sexual ou psicolégico e dano moral ou patrimonial. Para fins de aplicagao da lei, a violéncia contra a mulher se configura nos seguintes ambitos: Unidade doméstica Espago de convivio permanente de pessoas (casa onde a mulher mora), com ou sem vinculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas. (pessoa que ndo mora na casa, mas esté passando alguns dias, por exemplo). ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM pesmi con Familia Comunidade formada por individuos que séo ou se consideram aparentados, unidos por lagos naturais, por afinidade ou por vontade expressa Relacdo intima de afeto Na qual 0 agressor conviva ou tenha convivido —(ex-namorado, por exemplo) com a ofendida, independentemente de coabitagao Atengao! Essas relagdes néo dependem de orientacao sexual! Ou seja, a lei nao exige que 0 agressor seja um homem, sendo assim, é possivel que a agressora seja a namorada da mulher por exemplo. Atengao! A Lei Maria da Penha é uma norma de Direitos Humanos. 5.2. FORMAS DE VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER VIOLENCIA Fisica Psicolégica Sexual Patrimonial Moral Integridade/sadde | Dano emocional, | Relagao ‘Objetos; Calinia; corporal. Diminuiggo da | sexual nao | Instrumentos de | Difamagao; autoestima; desejada; trabalho; Injuria; Controle de | Impedir. de | Documentos; agoes, usar _método | Bens, valores e comportamentos | contraceptivo | direitos/recurso » crengas e |; s econémicos; decisées; Prostituigéo, matriménio, gravidez ou aborto forgados. iba a acai each iran i ee oe 2) 2011696 Emo aden 3.20% 5.3 MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENCGAO. O art. 8° traz as diretrizes das medidas que diversos entes publicos (Unido, Estados, Distrito Federal ¢ Municipios) e organizagbes ndo governamentais (ONGs), vo adotar conjuntamente (vo unir esforgos) para garantir assisténcia e protecao a mulher vitima de violencia doméstica e familiar 5.4, ASSISTENCIA A MULHER EM SITUAGAO DE VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR art. 9° da lei trata dos sistemas de satide, assisténcia social e seguranca publica atuando de forma integrada e conjunta para garantir a assisténcia adequada a mulher vitima de violéncia doméstica e familiar Percebe-se uma forte atuagéo jurisdicional na assisténcia 4 mulher vitima de violéncia doméstica e famil Medidas que podem ser adotadas pelo magistrado sao: Incluséo da | Acesso prioritario | Manutengao do | Encaminhamento mulher, por prazo | a remogao | vinculo a assisténcia certo, em | quando servidora | trabalhista, judicidria, quando situagao de | piblica, quando for 0 caso, violencia integrante da | necessério —o | inclusive para doméstica e | administragao | afastamento do | eventual familiar no | direta ou indireta. | local de trabalho, | ajuizamento da cadastro. de. por até seis | ado de divércio, programas meses. de anulagdo de assistenciais do © empregador | casamento ou de govern federal, nao 6 obrigado a | dissolugao de estadual e arcar. com os | unido —_estavel. municipal. salérios da | perante 0 julzo mulher e sim | competente. garantir 0 vinculo | Inovagao trazida trabalhista. pela Lei ‘COMANDO DA ACADEMIA DE FOLICLA MILITAR ‘dtm ata eigen CAPM C > ) 2) 2011696 Emo aden 3.20% 13.894/19. 5.5. ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLI AL Ocorrendo violencia doméstica e familiar contra a mulher ou na iminéncia de ocorrer a autoridade policial adotara de imediato as medidas legals cabiveis. Isso também ocorrerd em caso de descumprimento de medida protetiva de urgéncia anteriormente deferida pelo juiz. As providéncias adotadas pela Policia sao: *Garantir protego policial, quando necessario, comunicando de imediato ao Ministério Publico e ao Poder Judiciario; *Encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de satide e ao Instituto Médico Legal; *Fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de morte; *Se necessario, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorréncia ou do domicilio familiar; *Informar a ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os servicos disponiveis, inclusive os de assisténcia judicidria para o eventual ajuizamento perante o juizo competente da aco de separaco judicial, de divércio, de anulaco de casamento ou de dissolugao de unio estavel. Inovagao trazida pela Lei 13.894/19. Atengdo! Essas providéncias, em regra, serao adotadas pela Policia Militar, pois 6 0 brago estatal que primeiro tem contato com a vitima. Providéncias a serem adotadas pelo Delegado de Policia, sem prejuizo do que jé previsto pelo Cédigo de Processo Penal: ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorréncia e tomar a representagao a termo (por se tratar de uma acdo penal condicionada é necesséria essa medida), se apresentada; *colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunst&ncias; ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 201130 Ema can ong br enka sal. *remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com 0 pedido da ofendida, para a concessao de medidas protetivas de urgéncia. Quem pede medida protetiva é a vitima 0 Delegado de Policia s6 faz o encaminhamento e conter obrigatoriamente as informagées do art. 12, § 1° da lei. *determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessarios; * ouvir 0 agressor e as testemunhas; *ordenar a identificagao do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existéncia de mandado de prisdo ou registro de outras ocorréncias policiais contra ele; *verificar se © agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipstese de existéncia, juntar aos autos essa informagao, bem como notificar a ocorréncia instituigo responsavel pela concessdo do registro ou da emissao do porte, nos termos da Lei n® 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento); (Incluido pela Lei n° 13.880, de 2019). *remeter, no prazo legal, 0s autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministerio Publico. Os Estados € 0 Distrito Federal darao prioridade, no Ambito da Policia Civil, & criagéo de Delegacias Especializadas de Atendimento 4 Mulher (Deams), de Nucleos Investigativos de Feminicidio e de equipes especializadas para o atendimento e a investigagao das violéncias graves contra a mulher. Constatado © risco atual ou iminente contra a vida da mulher em situagdo de violencia doméstica e familiar ou a sua integridade fisica, ou de seus dependentes, o (a) agressor (a) seré imediatamente afastado (a) do lar, domicilio ou local de convivéncia com a ofendida: * pelo juiz; *pelo delegado de policia, quando o Municipio nao for sede de comarca; ou *pelo policial, qua disponivel no momento da comunicacao do crime. (Essa inovagao legislativa fol incluida pela Lei n® 13.827, de 2019) ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 32011606 Ema cap. be eager Caso nao seja 0 juiz que determinou tal medida ele deve ser comunicado no prazo méximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidir, em igual prazo, sobre a manutengao ou a revogagao da medida aplicada, devendo dar ciéncia ao Ministério PUblico concomitantemente. Caso 0 agressor tenha sido preso ¢ haja risco & integridade fisica da ofendida ou & efetividade da medida protetiva de urgéncia, 0 magistrado ndo concederé liberdade proviséria ao preso. 5.6. PROCEDIMENTO Nos processos em que envolvam a pratica de violéncia domestica e familiar contra a mulher aplica-se as normas dos Cédigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislagdo especifica relativa a crianga, ao adolescente ao idoso conjuntamente com a Lei Maria da Penha, desde que nao confltantes. Os Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher poderdo ser criados pela Unido, Territorios, Estados e Distrito Federal. Nos termos do art. 29 da Lei Maria da Penha esses juizados poderdo contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas areas psicossocial, juridica e de satide Entre outras atribuigdes devem fornecer subsidios por escrito ao juiz, ao Ministério Publico e & Defensoria Publica, mediante laudos ou verbalmente em audiéncia, desenvolver trabalhos de orientago, encaminhamento, prevengo e outras medidas, voltados para a ofendida, 0 agressor e os familiares, com especial atencao as criangas € aos adolescentes. Obs.: Quando a complexidade do caso exigir avaliago mais aprofundada, o juiz poderé determinar a manifestagao de profissional especializado, mediante a indicagao da equipe de atendimento multtidisciplinar. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 2) 2011696 Emo aden 0.0 eek apo emule Esses juizados retinem a competéncias civel e criminal. Antes da Lei Maria da Penha e da criagdo desses juizados esses processos eram julgados por juizes distintos (Vara Civel e Vara Criminal). Atengo! As disposicées transitérias (art. 33) da Lei Maria da Penha prevé que enquanto nao estruturados os Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularo as competéncias civel e criminal para conhecer julgar as causas decorrentes da pratica de violéncia doméstica e familiar contra a mulher. E tais processos terdo preferéncia no processo e julgamento. Obs.: Os atos processuais poderdo realizar-se em horario noturno. Em regra os atos processuais so realizados durante o dia, mas como nos casos de aplicagao da Lei Maria da Penha podem necessitar de medidas urgentes a Lei autoriza que sejam realizados em hordrio notumo. JUIZADO COMPETENTE Por opgao da ofendida é competente (juiz onde pode julgar o caso) o Juizado: do seu domicilio ou de sua residéncia; #do lugar do fato em que se baseou a demanda; #do domicilio do agressor. 5.7. RENUNCIA A REPRESENTACAO A ago penal publica pode ser condicionada a representacéo da vitima ou incondicionada. A lei penal (nao a Lei Maria da Penha) é quem vai dizer quando a agao penal pblica vai ser condicionada ou incondicionada. Em regra a grande maioria dos delitos 6 de ago piiblica incondicionada. No caso da aco penal publica condicionada é registrado o Boletim de Ocorréncia, 0 delegado de policia investiga, mas 0 promotor de justiga (Ministério Publico) s6 podera ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 2) 2011696 Emo aden 0.0 eek apo emule oferecer a dentincia (peticao inicial da ago penal publica), e o criminoso ser processado caso a vitima queira (deve haver a concordancia da vitima). A Lei Maria da Penha em seu art. 16 estabelece que nas agdes publicas condicionadas caso a vitima tenha realizado a representacao ela s6 pode renunciar tal representago (s6 pode arrepender-se, retirar, voltar a trés), na frente do juiz em uma audiéncia especifica para tal ato e ouvido Ministério Publico. Obs.: Nessa audiéncia tanto o juiz quanto o promotor de justica podem tentar convencer a vitima a continuar com a representagao contra o ofensor. Momento: Até quando a mulher pode renunciar a representaco? Antes do recebimento da dentncia. Apés 0 recebimento da denuncia a ofendida nao mais pode desistir. 5.8. CESTA BASICA A Lei Maria da Penha veda expressamente como pena o pagamento cesta basica ou outras de prestagao pecuniaria, bem como a substituicao de pena que implique o pagamento isolado de multa 5.9. MEDIDAS PROTETIVAS DE URGENCIA. juiz ao receber 0 pedido de medidas protetivas tomar as seguintes providéncias no prazo de 48 (quarenta e cito) horas: *conhecer do expediente ¢ do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgéncia; edeterminar 0 encaminhamento da ofendida a0 érgao de assisténcia judiciéria, quando for 0 caso, inclusive para o ajuizamento da ado de divércio, de anulagao de casamento ou de dissolugao de unido estavel perante o juizo da Vara de Familia;(A redacao dessa providéncia foi dada pela Lei n® 13.894, de 2019) *comunicar ao Ministério Publico para que adote as providéncias cabiveis. clings Dann ¢ eg rate nA 2) 2011696 Emo aden 0.0 eek apo emule *determinar a apreensao imediata de arma de fogo sob a posse do agressor. (Essa medida foi incluida pela Lei n° 13.880, de 2019). Atengao! As medidas protetivas podem ser solicitadas pela vitima ou pelo Ministério Public. Em regra o delegado de policia nao pode solicitar. Atengao! A prisdo preventiva do agressor pode ser decretada pelo juiz, de oficio, a requerimento do Ministério Publico ou mediante representagao da autoridade policial. juiz nao depende de audiéncia das partes e de manifestagao do Ministério Public para decidir 0 pedido. Apés decidir 0 pedido o juiz ouvird as partes podendo revogar ou alterar as medidas protetivas anteriormente concedidas. juiz pode aplicar uma medida isolada ou varias medidas ao mesmo tempo e podera alterar a qualquer tempo. Exemplo: O juiz decretou medida para que 0 agressor nao se aproxime a menos de 200 metros da vitima, mas o agressor insiste em ir 4 casa da vitima, por esse motivo o juiz decreta a prisdo preventiva do ofensor. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrugao criminal, cabera a prisdo preventiva do agressor. O juiz podera revogar ou decretar novamente a prisdo preventiva se houver razo para tal. A vitima seré notificada dos atos processuais, especialmente dos pertinentes ao ingresso e a saida da prisdo. 5.10. MEDIDAS PROTETIVAS EM ESPECIE art. 22 da Lei Maria da Penha traz as medidas protetivas de urgéncias aplicadas ao agressor, sendo esse rol exemplificativo. ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM pesmi con Atengao! Os incisos VI e VII foram acrescentados recentemente pela Lei n° 13.984, de 2020. ‘Atencio! Tendo o agressor porte de arma garantido pelo caput e incisos do art. 6° da Lei n° 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicaré ao respectivo drgao, corporagao ou instituigéio as medidas protetivas de urgéncia concedidas e determinard a restrigao do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsavel pelo cumprimento da determinago judicial Podera, contudo, trabalhar em regime de cautela, ou seja, quando estiver em servigo poderd estar portando seu armamento descautelando ao final do servico. O art. 23 da Lei Maria da Penha traz as medidas protetivas de urgéncias aplicadas a vitima, sendo esse rol exemplificativo. ‘As medidas protetivas de urgéncias para salvaguardar o patriménio da vitima esto previstos no art. 24. ‘Ocorrendo 0 descumprimento da decisdo judicial que defere medidas protetivas de urgéncia previstas na Lei Maria da Penha o ofensor estara sujeito a uma pena de detencdo, de 3 (trés) meses a 2 (dois) anos, nos termos do art. 24-A. MINISTERIO PUBLICO O Ministério Publico sempre atuaré nos processos em que seja aplicada a Lei Maria da Pena, seja como parte seja como fiscal da lei, podendo requerer: * requisitar forga policial e servigos publicos de satide, de educagao, de assisténcia social e de seguranga, entre outros; *fiscalizar os estabelecimentos publicos e particulares de atendimento & mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabiveis no tocante a quaisquer irreguleridades constatadas; *cadastrar os casos de violéncia doméstica e familiar contra a mulher. 5.11, ASSISTENCIA JUDICIARIA ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM 2) 2011696 Emo aden 0.0 eek apo emule A mulher vitima de violéncia doméstica ou familiar sera acompanhada por advogado em todos os processuais, sendo garantido acesso aos servigos de Defensoria Publica ou de assisténcia judiciaria gratuita, em sede policial e judicial, mediante atendimento especifico e humanizado. Atengao! A mulher vitima de violéncia doméstica ou familiar nao precisa estar acompanhada de advogado para realizar requerimento de medida protetiva de urgéncia. 5.12. REGISTRO DA VIOLENCIA DOMESTICA OU FAMILIAR CONTRA MULHER E MEDIDAS PROTETIVAS As estatisticas sobre a violéncia doméstica e familiar contra a mulher serao incluidas nas bases de dados dos érgaos oficiais do Sistema de Justiga e Seguranca a fim de subsidiar o sistema nacional de dados e informagées relativo as mulheres. As Secretarias de Seguranga Publica dos Estados e do Distrito Federal poderao remeter suas informagées criminais para a base de dados do Ministério da Justica. A Lei 13.827/19 acrescentou o art. 38-A a Lei Maria da Penha para estabelecer que © juiz competente providenciaré o registro da medida protetiva de urgéncia ‘As medidas protetivas de urgéncia serdo registradas em banco de dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justica, garantido 0 acesso do Ministério Piblico, da Defensoria Publica e dos érgéos de seguranga publica e de assisténcia social, com vistas a fiscalizagao e a efetividade das medidas protetivas. BIBLIOGRAFIA ‘COMANDO DA ACADEMIA DE POLICIA MILITAR Nuch de Es a Date © Tecolgi a oem do CAPM pesmi con . DECRETO-LEI N° 2.848 — Codigo Penal, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940.. Rio de Janeiro, 07 dezembro 1940. Disponivel em . Acesso em 10 de junho de 2020. DECRETO-LEI N° 3.689 — Codigo de Processo Penal, DE 03 DE OUTUBRO DE 1941.. Rio de Janeiro, 03 outubro 1941. Disponivel em . Acesso em 10 de junho de 2020. . Lei n®, 11.340, de 07 de agosto de 2006. Brasilia, 07 agosto 2006. Disponivel em . 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