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(NOME), pessoa jurídica de direito privado, estabelecida (ENDEREÇO), inscrita no CNPJ/MF sob
o____________, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, com fundamento nos arts. 319 e ss., do Novo Código de Processo Civil,
propor a presente
AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL
CUMULADA COM PEDIDO DE TUELA ANTECIPADA
contra a FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, pelas razões de fato e de direito a
seguir expostas.
A Autora teve contra si lavrado o Auto de Infração e Imposição de Multa - AIIM n.º_________,
com o seguinte conteúdo:
PRELIMINAR
Como verifica-se no texto do art. 99, §2º do Decreto 54.486/2009, é regra que o contribuinte
seja notificado pessoalmente acerca da lavratura do Auto de Infração.
Ainda, o parágrafo 3º do art. 99 supracitado, possibilita à Fazenda notificar o contribuinte
autuado através de Carta Registrada com aviso de recebimento, e por fim, somente em caso
de devolução da carta registrada é que se permite a notificação por edital.
Tanto é assim, que em medida fiscalizatória antecedente a lavratura do Auto de Infração, a
Autora foi intimada pessoalmente à apresentar documentos, sendo que agindo de boa-fé e no
intuito de contribuir com a fiscalização, está última prontamente atendeu a intimação.
Surpreendentemente, o fisco, agido de forma arbitrária, optou notificar a Autora através da via
editalícia, mesmo tendo conhecimento do endereço da Autuada e sabendo que esta sempre
agiu de forma solicita recebendo intimações e às respondendo.
Como bem sabemos, as notificações, intimações e outros atos praticados através de
publicação de edital que visem dar ciência de um ato à pessoa (física ou jurídica) tem somente
presunção efetividade, e estão previstas no ordenamento jurídico pátrio apenas para permitir
o seguimento dos atos administrativos ou judiciais que não poderiam ficar sobrestados “ad
aeternum” quando não fosse possível localizar a pessoa a quem se destina a comunicação.
Todo texto normativo deve ser interpretado para que se possa efetivamente compreender
qual a norma ali contida, e não é diferente com o texto do Art. 99 do Decreto Estadual n.º
54.486/2009.
Verificamos que no texto do artigo supracitado encontramos, logo abaixo do rol de
informações obrigatórias, o rol de documentos obrigatórios que devem acompanhar o Auto,
depois a previsão de intimação pessoal da lavratura do auto, e por derradeiro as previsões de
intimação por carta registrada e edital.
Tal redação obedece à um critério lógico de prática do ato administrativo, ou seja, não seria
logicamente possível praticar o ato sem que se respeitasse a sequência descrita no texto legal.
“Mérito do ato é o campo de liberdade suposto na lei e que efetivamente venha a remanescer
no caso concreto, para que o administrador, segundo critérios de conveniência e
oportunidade, decida-se entre duas ou mais soluções admissíveis perante a situação vertente,
tendo em vista o exato atendimento da finalidade legal, ante a impossibilidade de ser
objetivamente identificada qual delas seria a única adequada”
Não bastasse isso, a carta registrada com aviso de não foi recebida por representante legal da
empresa, sendo consequentemente inválida.
A Autora é empresa que atua no ramo comercial e, por dia, dezenas, quiçá centenas de
pessoas transitam pela sua recepção, fazendo retiradas e entregas, não sendo medida
diligente da Administração Tributária encaminhar uma simples comunicação pelos Correios,
que será recebida, supostamente, por qualquer recepcionista.
Não é por outa razão, aliás, que no próprio auto de infração existe campo próprio para
assinatura e ciência do representante legal da empresa autuada.
Ante a ilegalidade da notificação da Autora, resta comprovado que não lhe foi oportunizado o
exercício da ampla defesa no âmbito administrativo e, por tal razão, o presente auto de
infração deve ser anulado.
MÉRITO
Vejamos.
No relato do AIIM, o próprio Agente Fiscal de Rendas autuante admite que as notas fiscais que
geraram o direito ao crédito do imposto à Autora foram devidamente escrituradas no Livro de
Registro de Entradas.
É fato incontroverso que a empresa remetente das mercadorias objeto das operações
mercantis é regular e idônea, o que se comprova por jamais ter havido qualquer oposição da
autoridade fiscal, bem como pode se depreender dos documentos que atestam tal
regularidade
Ademais, conforme informado pelo próprio agente administrativo que lavrou o AIIM, as
operações foram devidamente escrituradas no Livro de Registro de Entradas, o que se
comprova também pela juntada aos autos de tais documentos.
O preço ajustado nas referidas operações foi devidamente pago pela Autora, na maioria dos
casos, sendo que algumas das faturas encontram-se sujeitas ao plano de recuperação judicial
da empresa, conforme se depreende do relatório e comprovantes anexos.
Com efeito, todas as operações foram devidamente submetidas a registro contábil, estando
devidamente demonstradas no Livro Razão.
Pois bem.
Ora Excelência, as operações mercantis que deram origem ao crédito do ICMS foram perfeitas
e acabadas. Tal fato resta comprovado por meio dos documentos supra referidos e em
nenhum momento essa afirmação foi afastada pelo fisco.
Todavia, ainda assim, o crédito aproveitado em razão das aquisições de mercadorias foi
glosado pela autoridade fiscal, a qual aplicou ainda à Autora elevada multa em razão da não
apresentação da primeira via das notas fiscais.
Nesse ponto, há de se reconhecer que a não apresentação da primeira via de nota fiscal é falta
meramente formal, que não tem o condão de afastar o direito ao crédito do ICMS, decorrente
do princípio constitucional da não-cumulatividade.
A Constituição Federal de 1988 trouxe diretriz inserta no §2º, de seu art. 155, pela qual o ICMS
será orientado pelo princípio da não cumulatividade, estando, desse modo, determinado aos
entes políticos a observância de tal premissa quando do exercício da competência tributária
relativa ao imposto, in verbis:
Ocorre que a Autora, além do rol de documentos que comprovam a regularidade da operação
(notas fiscais, livro de registro de entradas, registro contábil de todas as operações,
comprovantes de pagamento e/ou inclusão da obrigação em plano de recuperação judicial),
apresentou a terceira via das notas fiscais que relatam as operações.
Ora Excelência, restou devidamente comprovada a realização das operações por meio do
conjunto probatório supra mencionado.
A falta de apresentação da primeira via das notas fiscais poderia implicar, quando muito, a
aplicação de multa meramente de caráter formal, jamais o cancelamento do crédito
aproveitado pelo contribuinte.
Mesmo no caso de fornecedores que são declarados inidôneos pela Fazenda Pública, caso se
comprove a boa-fé do contribuinte que aproveitou o crédito e a regularidade das operações
realizadas, o direito ao crédito do imposto é reconhecido.
Nesse sentido a Súmula 509 do Superior Tribunal de Justiça: “É lícito ao comerciante de boa-fé
aproveitar os créditos de ICMS decorrentes de nota fiscal posteriormente declarada inidônea,
quando demonstrada a veracidade da compra e venda.”
Vai daí que, comprovada a regularidade da operação e a boa-fé do contribuinte, nem mesmo a
inidoneidade do remetente tem força suficiente para afastar o direito ao crédito.
Ademais, a falta de apresentação da primeira via da nota fiscal não afasta a comprovação do
direito ao crédito, já que este é comprovado pelo conjunto de documentos que atesta a
regularidade das operações, bem como pela terceira via das respectivas notas fiscais.
Ora, o próprio Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo, órgão administrativo
integrante da estrutura da Secretaria da Fazenda do Estado, em diversas oportunidades,
reconheceu que a inexistência da primeira via da nota fiscal não afasta o direito ao crédito do
imposto, desde que demonstrada sua regularidade por outros meios.
ICMS. CRÉDITO INDEVIDO DE ICMS. APRESENTAÇÃO DAS 1ªs VIAS DE NFs. MÉRITO. Decisão
recorrida que concedeu provimento ao recurso ordinário pois, além de cópia das 2ªs vias das
Notas Fiscais, as provas carreadas aos autos (comprovantes de pagamentos bancários e das
cópias dos Livros Registro de Saídas dos emitentes das NFs), determinaram a validação do
crédito fiscal apropriado e, por consequência, o cancelamento do item 3 do AIlM. As razões
decisórias então proferidas fundamentaram-se na análise das peculiares circunstâncias de fato
e nas provas colacionadas durante o curso do processo administrativo, o que torna incabível a
sua reapreciação nesta fase recursal. Não houve demonstração de divergência que possa
conferir supedâneo ao conhecimento do apelo especial. Não foi satisfeita condição essencial
pelo que determina o artigo 49 e parágrafos na Lei nº 13.457/09. RECURSO NÃO CONHECIDO.
DECISÃO UNÂNIME. (Processo nº 288.838/2010 - AIIM 3.130.879-0- Tribunal de Impostos e
Taxas do Estado de São Paulo - TIT/SP - DRTC-II - Câmara Superior - Data da Decisão
06/09/2012 - Data de Publicação 17/09/2012).
Note Excelência, em face de todos estes elementos probatórios ora apresentados, é impossível
não se concluir que estas operações não ocorreram exatamente conforme descrito nos
documentos fiscais, tendo as mercadorias efetivamente saído dos fornecedores e entrado no
estabelecimento da Autora, tendo sido emitido o documento fiscal regular em todas as suas
vias.
O posterior extravio das primeiras vias dos documentos fiscais não é suficiente para retirar a
legitimidade do creditamento efetuado, visto que as provas apresentadas não deixam dúvida
de que a operação ocorreu exatamente conforme escriturado pela Autora, situação esta que
legitimou o creditamento á época do lançamento no Livro-Registro de Entrada.
A multa exigida no AIIM ora combatido é de 100% do valor do crédito de ICMS glosado.
De acordo com o relato do AIIM, a multa é capitulada no art. 527, II, j do Regulamento do ICMS
do Estado de São Paulo, in verbis:
O próprio Regulamento do ICMS do Estado de São Paulo prevê multas mais razoáveis para os
casos de mera infração de caráter formal, em casos que não há dano ao erário.
Nesse sentido, o mesmo art. 527, no seu inciso IV, alínea j, estabelece que extravio, perda ou
inutilização de documento fiscal, bem como sua permanência fora do estabelecimento em
local não autorizado ou sua não-exibição à autoridade fiscalizadora enseja a aplicação de multa
no valor de 15 UFESPs.
A Constituição Federal de 1988 traz em seu art. 150, IV, a vedação a utilização de tributos com
efeito de confisco, garantindo assim a segurança ao contribuinte, evitando que este sofra
expropriação indevida e voraz por parte do fisco.
É evidente que multa desta proporção é confiscatória, o que deve ser reconhecido de plano
pelo douto julgador.
A sistemática para cálculo dos encargos moratórios mostra-se de pronto ilegal, pois é
entendimento pacífico o de que os Estados podem estabelecer juros inferiores à Selic, mas
nunca superiores.
Isso em razão de expressão previsão da Constituição Federal de 1988 que, em seu artigo 24,
autoriza a União Federal, os Estados e o Distrito Federal a legislarem, concorrentemente, sobre
“direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico”. Trata-se, como dito, de
competência concorrente entre os Entes Federativos, ou seja, a União Federal estabelece as
regras gerais e limites sobre cada assunto, cabendo aos demais entes legislarem sobre
questões específicas de cada região.
Por conta disso, a União Federal, em 1995, editou a Lei nº 9.250, de 1995, estabelecendo juros
equivalentes à taxa SELIC, ou melhor, estabeleceu as normas gerais sobre a atualização dos
débitos tributários, fixando como limite a taxa SELIC.
Ocorre que o Estado de São Paulo, invadindo a competência do governo federal, editou a já
mencionada Lei nº 13.918, de 2009, bem como o Decreto nº 55.437/10 e Resoluções SF nº
02/2010 e nº 11/2010, prevendo índice de atualização monetária muito superior à Taxa Selic.
A postura adotada pelo Estado de São Paulo, prevendo taxa de juros demasiadamente
superior à taxa média nacional, além de exorbitante, contraria o pacto federativo, pois coloca
o contribuinte paulista em condição desfavorável em relação aos demais contribuintes
instalados nos outros entes federativos.
São Paulo. UFESP. Índices fixados por lei local para correção monetária. Alegada ofensa ao art.
22, II e VI, da Constituição Federal.
Entendimento assentado pelo STF no sentido da incompetência das unidades federadas para a
fixação de índices de correção monetária em percentuais superiores aos fixados pela União
para o mesmo fim.
Qualificação da autora, por intermédio dos advogados que ao final subscrevem, nos termos
dos artigos 300 e 319 do Novo Código de Processo Civil, vem respeitosamente à presença de
Vossa Excelência propor a presente
em face da FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE _____, com endereço na Avenida ____, pelos
motivos de fato e de direito que a seguir apresenta.
1.
2. BREVE INTRÓITO
A Autora foi surpreendida com a lavratura do Auto de Infração e Imposição de Multa – AIIM nº
______, por meio do qual o agente autuante exige o pagamento do imposto de R$ 175.484,68,
juros de mora R$ 160.672,86 e multa de R$ 1.067.805,00, perfazendo o total de R$
1.403.962,54.
Não concordando com a referida exação, não resta à Autora outro meio senão a propositura
da presente ação.
3. DO MÉRITO
Presente está o fundamento relevante, pois resta configurado verdadeiro abuso praticado pelo
Estado de São Paulo prevendo taxa de juros demasiadamente superior à taxa média nacional
contrariando dispositivos da Constituição Federal.
4. DOS PEDIDOS
Termos em que,
Pede Deferimento.
LOCAL/DATA
NOME DO ADVOGADO
OAB/XX XXX.XXX