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Resumo para a frequência de Direito Fiscal

 Atividade Financeira
As exigências de satisfação das necessidades económicas de carácter público e de
obtenção de meios indispensáveis à respectiva cobertura impõem ao Estado, e às outras
entidades públicas, uma actividade económica com características próprias, a
actividade financeira.
Destinada a assegurar a satisfação das necessidades públicas, a actividade
financeira  abrange a aquisição de meios económicos, o emprego desses meios e a
coordenação dos meios obtidos e das utilidades a realizar.

 Meios de financiamento do Estado


Como meios de financiamento do Estado, temos:
 Preços
 Impostos
 Empréstimos

Todavia, juridicamente pode-se fazer uma nova relação, quanto às receitas tributárias.
 Receitas voluntárias correspondem aos empréstimos e podem corresponder aos
preços (quando fixados pelas partes)

 Receitas coativas correspondem aos impostos e podem corresponder aos preços


(quando fixados autoritariamente pela lei).

No fundo, as receitas voluntárias são receitas que o Estado percebe em virtude de


obrigações resultantes de negócios jurídicos, isto é, de manifestações de vontade de as
criar.
As receitas coativas são receitas que o Estado percebe em virtude de obrigações
impostas aos cidadãos pela lei, de obrigações que têm diretamente origem, não em
manifestações de vontade de as criar, mas na concorrência de determinados factos.
É estabelecido por lei o regime das receitas coativas, uma vez que, é a lei que determina
autoritariamente, os valores e os momentos essenciais dos impostos. Neste sentido, a
criação dos impostos é reservada à lei e só o legislador pode tomar as decisões, pois o
Estado Administrador está vinculado. Portanto, o imposto é indisponível e
irrenunciável, uma vez que, só o Estado Legislador o pode dispensar ou perdoar e por
isso, nem o ente público pode o fazer nem o favorecer (pagamento em prestações) pois é
a lei que o determina, desde que, com a verificação de requisitos e mediante o que está
referido no requerimento imposto pela parte.
Depois, tem-se que ter cuidado que o Governo tem funções legislativas (decreto-lei) e
funções administrativas (decreto regulamentar) e para estas situações deve-se ter em
conta que só importa a função legislativa.

As pessoas têm necessidades ativas (quando satisfaz uma necessidade individual) –


Princípio da Exclusão – e necessidades passivas. Dadas as necessidades das pessoas,
o Estado tem de criar duas ordens de bens: os públicos e os semipúblicos. Nos bens
públicos que também têm despesas satisfazem a necessidade de proteção das pessoas e
seus patrimónios e por serem coletivas: o Estado não pode exigir uma contraprestação.
Mas se é ao Estado que cabe os bens, a que não pode pedir nada em troca, então
também é um direito do Estado receber prestações sem dar nada em troca, ou seja, sem
haver o correspetivo direta.
É normal que a CRP consagre um regime mais apertado para questões de segurança
jurídica, em relação aos impostos e outros meios. Daqui surge o conceito de auto
imposição, auto consentimento e auto tributário. Com a crise, deixou de ser possível as
receitas voluntárias, pois os outros países têm medo que Portugal não pague os
empréstimos e as receitas patrimoniais são quase nulas por causa da perda dos valores.
Resta apenas os tributos e como é difícil conseguir as taxas, a alternativa são os
impostos.

 Direito financeiro
Conjunto de normas jurídicas que disciplinam a atividade financeira do Estado e demais
entes públicos que damos o nome de direito financeiro, ou direito financeiro público,
um ramo de direito que podemos definir como o complexo de normas jurídicas que
disciplinam a obtenção e distribuição do dinheiro necessário ao funcionamento dos
entes públicos e, bem assim, á gestão dos bens propriedade desses mesmos entes.

 Direito tributário e Direito Fiscal


O direito tributário é o direito da generalidade das receitas coativas de natureza
contributiva, ou seja, o direito dos tributos.
O direito fiscal é o direito das receitas coativas unilaterais, isto é, direito dos impostos.

 Imposto
Pode-se definir o imposto com base em três elementos, nomeadamente: um elemento
objetivo, um elemento subjetivo e um elemento teleológico. Objetivamente, o imposto é
uma prestação pecuniária, unilateral, definitiva e coativa. Por sua vez, subjetivamente, o
imposto é uma prestação, com as características objetivas acabadas de mencionar,
exigida a (ou devida por) detentores individuais ou coletivos de capacidade contributiva
a favor de entidades que exerçam funções ou tarefas públicas. Finalmente, em termos
teleológicos, o imposto é exigido pelas entidades que exerçam funções públicas para a
realização dessas funções, conquanto que não tenham caracter sancionatório.
Pois bem, o imposto é do ponto de visto objetivo, antes de mais, uma prestação, o que
significa que integra uma relação de natureza obrigacional e não uma relação de
carácter real. O imposto é uma prestação pecuniária, ou seja, uma prestação de dare
pecúnia ou concretizada em dinheiro. Através desta característica o conceito de imposto
distingue-se claramente quer das prestações de caracter pessoal ou prestações de facere
como o serviço militar ou o serviço cívico, quer das prestações de bens ou serviços
exigidas aos particulares através da requisição administrativa, quer ainda da prestação
consubstanciada na expropriação por utilidade pública.
O imposto é, em terceiro lugar, uma prestação unilateral, não lhe correspondendo
assim qualquer contraprestação específica a favor do contribuinte. Em quarto lugar, o
imposto apresenta-se como uma prestação definitiva, ou seja, uma prestação que não
dá lugar a qualquer reembolso, restituição ou indemnização. Em certo sentido, podemos
dizer que o imposto é uma prestação unilateral não só no presente, mas também no
futuro.
Por ultimo, o imposto é objetivamente uma prestação coativa, isto é, uma prestação
que tem por fonte a lei, que é estabelecida por lei. A obrigação de imposto surge, pois,
exclusivamente por força do encontro do facto tributário ou do pressuposto de facto do
imposto com a lei, que assim modela o seu conteúdo, independentemente portanto de
qualquer manifestação de vontade do contribuinte nesse sentido (art. 36º/1/2 LGT e art.
103º/2 CRP), na medida em que dispõem que a relação jurídica tributária se constitui
com o facto tributário e os elementos essenciais da mesma não podem ser alterados por
vontade das partes. Ou seja, a lei gera as situações da vida suscetiveis de imposto e
quando verificadas, surge a obrigação de pagar (não interessa se a pessoa teve
conhecimento dessas situações nem se foi contra a sua vontade, pois segundo o
Princípio da Legalidade, os factos tem de estar tipificados na lei).
Por seu turno, do ponto de vista subjetivo, quando refere com as características
objetivas acabadas de assinalar, procura-se convocar para o terreno do próprio
conceito de imposto o critério material da igualdade ou da justiça fiscal que constitui o
suporte indiscutível dum Estado fiscal de direito – a capacidade contributiva (art. 4º/1
LGT).
Com a capacidade contributiva pretende-se, por seu lado, não limitar a titularidade
ativa dos impostos exclusivamente às pessoas coletivas públicas, admitindo-se assim a
hipótese de impostos exigíveis também a favor de pessoas privadas que exerçam
funções públicas. Ao contrário da capacidade contributiva, tem-se a capacidade
tributária que é equivalente à capacidade de exercício.

 Tributos Unilaterais e Bilaterais


Por tributos unilaterais entende-se os impostos (art. 4º/1 LGT) e por bilateralidade
entende-se as taxas (art. 4º/2 LGT). No primeiro caso, tem-se a capacidade contributiva,
enquanto nas taxas, o pressuposto é a proporcionalidade que tem como elementos:
prestação concreta de um serviço público, na utilização de um bem do domínio público
ou na remoção de um obstáculo jurídico ao comportamento dos particulares.
Em relação às taxas deve-se ter cuidado com a expressão duplo teste que defende que,
para se aferir a constitucionalidade tem-se que analisar o seu regime. Casalta Nabais diz
que não basta a característica da bilateralidade (1º teste) é também preciso a
proporcionalidade entre as duas prestações, a que é devida e a contraprestação (2º teste).
Agora se, não se verificar que as prestações estão no mesmo patamar, verifica-se uma
inconstitucionalidade. Como se verifica a proporcionalidade? Através do registo de
emolumentos e do registo dos valores que serão contra prestados.

 Divisão dos Tributos


A figura dos tributos tem sido objeto de uma divisão bipartida, que os distribui por
tributos unilaterais ou impostos e tributos bilaterais ou taxas, ou de uma divisão
tripartida que distingue entre impostos, taxas e contribuições ou tributos especiais.
Assim, a diversidade de designações e de figuras tributárias que se observa
nomeadamente em sede da ciência das finanças e do direito financeiro não tem tido
correspondência no direito fiscal, entendido este como um ramo especial de direito
administrativo. Um ramo de direito cuja especialidade tem por suporte a própria
constituição, na medida em que esta consagra um específico regime jurídico, formal e
material, para o imposto um diverso do regime jurídico aplicável às taxas.
Com efeito, enquanto os impostos obedecem ao exigente princípio da legalidade fiscal
e a sua medida tem por base o princípio da capacidade contributiva, as taxas bastam-
se com a reserva à lei parlamentar (ou decreto-lei parlamentarmente autorizado) do seu
regime geral e a sua medida assenta no princípio da proporcionalidade taxa/prestação
estadual proporcionada ou taxa/custos específicos causados à respetiva comunidade (art.
103º/2 CRP, art. 8º LGT, art. 165º/1/i). Não existe à data um regime geral das taxas por
isso, utiliza-se o RGTAL.
Para saber se está-se perante um tributo unilateral ou um tributo bilateral, deve-se fazer
um teste da sua medida ou do seu critério, estando perante um imposto se apenas puder
ser medido ou aferido com base na capacidade contributiva do contribuinte, ou perante
uma taxa se for suscetivel de ser medida ou aferida com base na referida ideia de
proporcionalidade. Concretizando um pouco mais, pode-se dizer que, em rigor, há aqui
dois testes: o da bilateralidade, para podermos concluir pela sua conformidade
constitucional. Exige-se também proporcionalidade entre o tributo e a respetiva
contraprestação específica.
Só se passa para o segundo teste com a verificação do primeiro. No RGTAL existem
princípios da proporcionalidade e deve-se ter em conta que, a bilateralidade das taxas
leva às licenças fiscais, pois é um obstáculo jurídico.
Uma orientação que não foi infirmada pela constituição (art. 165º/1/i) nem pela LGT
(art. 3º e art. 4º). Pois aquele preceito constitucional que, passou a referir os impostos,
as taxas e demais contribuições financeiras a favor das entidades públicas, estabelece
apenas dois regimes de reserva relativa da Assembleia da República: um, para os
impostos, sujeitando-os ao exigente princípio da legalidade fiscal, outro para as taxas e
demais contribuições financeiras, traduzido na integração do seu “regime geral” na
reserva relativa da competência legislativa da AR.
Por sua vez, os mencionados preceitos da LGT ou repetem o que prescreve aquele
preceito constitucional (art. 3º/3) ou consideram impostos as contribuições especiais
(art. 4º/4). Pelo que e em conclusão, as demais contribuições financeiras, não parece ser
ainda objeto de um regime jurídico próprio, uma vez que as “contribuições especiais”
são consideradas impostos e as demais “contribuições financeiras” são equiparadas, em
termos do seu regime, às taxas.

 As contribuições, as tarifas e as receitas parafiscais


A divisão dicotómica dos tributos não significa que a distinção das diversas figuras
tributárias se não possa fazer noutros termos. Em termos que, embora tendencialmente
irrelevantes naquela sede, tenham importância nomeadamente no domínio do direito
financeiro.
Pois bem, na divisão tripartida dos tributos encontra-se dois tipos de contribuições entre
a figura dos impostos e a figura das taxas: as clássicas contribuições especiais e as
demais contribuições financeiras. Contribuições que têm de comum, podemos adiantar
já, não se reportarem seja a normais detentores de capacidade contributiva como nos
impostos, nem a destinatários de especificas contraprestações individuais como nas
taxas, mas antes a grupos de pessoas ligadas seja por uma particular manifestação de
capacidade contributiva decorrente do exercício de uma atividade administrativa, seja
pela partilha de uma especifica contraprestação de natureza grupal.
Assim, e quanto às contribuições especiais é habitual referenciar duas modalidades: a
das contribuições de melhoria que se verifica naqueles casos em que é devida uma
prestação, em virtude, de uma vantagem económica particular resultante do exercício de
uma atividade administrativa, por parte de todos aqueles que tal atividade
indistintamente beneficia; e das contribuições por maiores despesas, que ocorre
naquelas situações em que é devida uma prestação em virtude de as coisas possuídas ou
de a atividade exercida pelos particulares darem origem a uma maior despesa das
autoridades públicas.
Ora, como se pode ver, tais contribuições ou tributos especiais não precisam de
impostos especiais, ou seja, impostos que apresentam a particularidade de terem por
base manifestações da capacidade contributiva de determinados grupos de pessoas
resultantes do exercício de uma atividade administrativa pública e não, ou não
exclusivamente, do exercício de uma atividade do respetivo contribuinte como acontece
nos impostos. Manifestações da capacidade contributiva que operam de maneira
diferente consoante se trate de contribuições de melhoria ou de contribuições por
maiores despesas, já que, enquanto nas primeiras a atividade administrativa pública
provoca manifestações positivas dessa capacidade, aumentando-a nas segundas, a
atividade administrativa pública limita-se a obstar a que surjam manifestações negativas
dessa capacidade, ou seja, limita-se a manter essa mesma capacidade. Há assim uma
contrapartida pública traduzida numa vantagem que, embora indeterminada
relativamente a cada contribuinte como nos impostos, não deixa, a seu modo, de ser
determinável na perspetiva do grupo beneficiado pela correspondente atividade
administrativa.
No respeitante às demais contribuições financeiras a favor das entidades públicas,
podemos dizer que se trata de contribuições, como tendem a ser as taxas de regulação e
supervisão que suportam financeiramente a atividade do atual Estado regulador e
supervisor que, de algum modo, têm por base uma contraprestação de natureza grupal,
na medida em que constituem um preço público, operando assim à maneira das clássicas
taxas, a pagar pelo conjunto dos regulados à respetiva entidade ou agencia de regulação.
Por sua vez, no concernente às tarifas, é de referir que, não obstante a falta de
consenso, elas reconduzem-se a um especial tipo de taxas, as taxas que exprimem não
apenas uma equivalência jurídica, como é característico de todas as taxas (art. 15º/2
RGTAL), mas também uma equivalência económica, como é característico dos preços.
Por isso, são de designar por tarifas as taxas equivalentes, o que as equipara, de algum
modo, às revelances em França, muito embora o que distingue juridicamente uma
tarifa-taxa duma tarifa-preço público não seja a referida equivalência económica mas o
seu regime jurídico, pois enquanto a tarifa-taxa, como tributo que é, se apresenta como
uma obrigação ex lege e implica a aplicação dum regime de direito público integrado
por uma serie de prerrogativas atinentes nomeadamente à sua garantia e execução, a
tarifa-preço não beneficia dum tal regime (art. 4º RGTAL).
Finalmente, quanto às contribuições, tributos ou receitas parafiscais pode-se dizer que
se concretizam por serem tributos (art. 3º LGT e art. 1º CPPT) que são cobrados para a
cobertura das despesas de pessoas coletivas publicas não territoriais, ou seja, de tributos
objeto de uma verdadeira consignação subjetiva de receitas. Exemplo destas receitas são
os tributos parafiscais de natureza económica, as chamadas taxas para organismos de
coordenação económica e, de outro, os tributos parafiscais de natureza social, as
contribuições para a segurança social.
A respeito da divisão tripartida dos tributos é de sublinhar que o critério para a distinção
entre os tipos de tributos se reporta exclusivamente à estrutura da relação tributária,
ao tipo de relação que se estabelece entre os respetivos sujeito ativo e o sujeito passivo,
e não à titularidade ativa dessa relação, nem a finalidade do tributo.
 Momentos da vida do imposto
Olhando para o imposto numa perspetiva dinâmica, encontra-se dois momentos
essenciais do ponto de vista da sua disciplina jurídica. Por um lado, tem-se o momento
do estabelecimento, criação, instituição ou incidência do imposto, e por outro, o
momento da sua aplicação, efetivação, administração ou gestão.
No primeiro momento, trata-se de definir o se e o quanto do imposto, o que engloba a
definição normativa: do facto, atividade ou situação que dá origem ao imposto (o
chamado pressuposto de facto, facto gerador ou facto tributário); dos sujeitos ativos e
passivos da obrigação de imposto (contribuinte, responsáveis, substitutos); do montante
do imposto, montante em regra (sempre que não seja um imposto de quota fixa)
definido através do valor sobre que recai (definição em abstrato da matéria coletável),
mediante a percentagem desse valor ou a quantidade por unidade a exigir do
contribuinte (a taxa ou alíquota) e, eventualmente, das deduções a fazer ao valor assim
apurado (no caso de deduções à coleta); e na medida em que decidem que não há lugar a
imposto ou há lugar a menos imposto, dos benefícios fiscais.
Deve-se saber, pois, o que cabe neste momento e o que dele está excluído, é importante
sobretudo porque, como havemos de ver, se trata dum momento normativo, mais
exatamente dum momento legislativo qualificado, já que a sua disciplina se encontra
subordinada às exigências do princípio da legalidade fiscal.
Por sua vez, no segundo momento da dinâmica dos impostos, traduz-se nas operações
de lançamento, liquidação e cobrança dos impostos. Pelo lançamento identificam-se os
contribuintes, através do lançamento subjetivo, e determina-se a matéria coletável (ou
tributável) e a taxa (no caso de pluralidade de taxas), mediante o lançamento objetivo.
Pela liquidação, por seu turno, determina-se a coleta aplicando a taxa à matéria
coletável, coleta que vem a coincidir com o imposto a pagar, a menos que haja lugar a
deduções à coleta, caso em que a liquidação também abarca esta ultima operação.
Finalmente, através da cobrança (ou pagamento quando visto do lado do sujeito
passivo), o imposto vai dar entrada nos cofres do Estado seja através da cobrança
voluntária se há lugar ao pagamento espontâneo pelo contribuinte do montante
liquidado, seja através da cobrança coerciva, se for preciso recorrer à apreensão dos
bens necessários à solvência do débito fiscal do devedor.
E assim, aqui tem-se o chamado procedimento fiscal, isto é, a sequência funcional de
atos conducentes à identificação do sujeito passivo e à determinação do montante do
imposto a pagar. Como bem se vê, não se trata nesta fase de instituir ou de criar o
imposto, mas antes e só de o administrar ou gerir.
Administração ou gestão que, ao contrário do que tem sido tradicional está no presente
longe de caber exclusivamente à administração fiscal, sendo cada vez mais frequente a
administração total ou parcial de alguns impostos pelos próprios particulares, mormente
pelas empresas, seja na qualidade de contribuintes (casos de autoliquidação e de
pagamentos por conta), seja na qualidade de terceiros (casos de substituição fiscal e de
cobrança contratual de impostos alheios).

 Incidência Real e Pessoal

Incidência

Incidência Real ou Objetiva Incidência Pessoal ou Subjetiva


(art. 1º a art. 12º) (art. 13º a art. 21º)

Categorias: A Artigo 13º: Residentes (art. 15º/1)


B
E Artigo 13º: Não Residentes (art. 15º/2)
F
G  Família
H

As regras de quantificação do imposto estão dependentes da determinação da matéria


coletável (art. 22º a art. 55º). Sendo assim, como se faz a quantificação da obrigação
de imposto? Deve-se ter em conta o IRS que se desdobra em várias operações: em
primeiro lugar, procede-se ao apuramento do rendimento bruto por categoria e depois
faz-se a dedução relativamente a cada categoria das despesas realizadas para a obtenção
do respetivo rendimento, tornando este uma categoria líquida (art. 22º/1). Em terceiro
lugar faz-se o englobamento dos diversos rendimentos líquidos apurados, obtendo assim
o rendimento líquido total, levando à aplicação do quociente familiar, à determinação da
taxa aplicável e à aplicação desta ao rendimento coletável, apurando assim a coleta (a
liquidação em sentido estrito).
Por fim, procede-se às deduções da coleta, entre as quis justamente se contam as
despesas de caracter pessoal das famílias adstritas à realização dos direitos sociais à
saúde, à educação, à habitação e à segurança social, deduções que, uma vez realizadas,
nos dão o montante do imposto a pagar. Segue-se o pagamento do imposto. O imposto é
uma prestação não reembolsável e quando se devolve é porque houve um excesso, ou
seja, o imposto que se apura não é bem um imposto, pois ele já é feito durante algum
tempo e portanto, já tem vindo a ser pago.

 Classificação dos Impostos


Várias são as distinções que se procedem relativamente aos impostos e é importante
referi-las pois há uma forte conformação constitucional legal, por exemplo: impostos
sobre o rendimento (IRS e IRC), património (IMI) e despesa (IVA).

1. Impostos Direitos e Impostos Indiretos: diversos são os critérios económicos e


jurídicos que têm servido de base a esta distinção clássica dos impostos. Quanto aos
primeiros, pode-se apontar os seguintes: critério financeiro: são impostos direitos,
aqueles que, atingindo manifestações imediatas da capacidade contributiva, têm por
pressuposto a própria existência duma pessoa, dum património ou dum rendimento e
impostos indiretos aqueles que, atingindo manifestações mediatas da capacidade
contributiva, tributam a despesa, a transferência de bens ou outras manifestações
indiretas da capacidade contributiva.
O critério económico: são impostos diretos, aqueles que não constituem custos de
produção das empresas e impostos indiretos, aqueles que constituem custos de
produção das empresas.
E o critério da repercussão económica: se os impostos são repercutíveis no
consumidor ou no adquirente final de bens e serviços são impostos indiretos, se pelo
contrário não o forem são impostos indiretos.
Por sua vez, quanto aos critérios jurídicos tem-se, o critério do lançamento
administrativo: são impostos diretos aqueles em cujo procedimento fiscal houvesse
lugar a um ato administrativo de lançamento ou ato tributário e são impostos indiretos
aqueles em que esse ato administrativo não tivesse lugar. O critério do rol nominativo
estabelece que, são diretos os impostos cujo lançamento se baseasse na existência junto
da administração fiscal de uma lista ou rol nominativo de contribuintes, e indiretos os
impostos cujo lançamento não tivessem por base essa lista ou rol.
Por fim, o critério do tipo de relação jurídica base do imposto: em conformidade
com este critério, a distinção entre impostos diretos e indiretos reside no tipo de relação
jurídica fonte da obrigação de imposto, ou seja, na configuração instantânea ou
duradoura do elemento temporal do facto tributário. Assim, se tratar de uma relação
desencadeada por um facto ou ato isolado ou por factos ou atos sem continuidade entre
si, isto é, de uma relação de carater instantâneo, que dá origem a uma obrigação de
imposto isolada, trata-se de um imposto indireto. Se pelo contrário, a relação jurídica
fonte da obrigação de imposto tiver na base situações estáveis, situações que se
prolongam no tempo, mantendo-se ano após ano, dando origem, por conseguinte, a
obrigações periódicas, a obrigações que se renovam todos os anos, então estamos
perante um imposto direto. Com este sentido a distinção entre impostos diretos e
indiretos vem a coincidir com a distinção entre impostos periódicos (duradouros) e
impostos de obrigação única

2. Impostos periódicos e de obrigação única


Os impostos de obrigação única têm na base do facto tributário um elemento temporal
cuja definição não carece de critérios jurídicos, bastando-se a mesma com simples
critérios naturalísticos, já os impostos periódicos têm na base do facto tributário um
elemento temporal que tende a manter-se, a reiterar-se, o que coloca o problema do
período do imposto, período que, em geral, é de um ano e coincide com o ano civil. O
que tem importância em sede de contagem dos prazos de caducidade da liquidação e de
prescrição da obrigação de imposto, os quais que segundo o art.45º\4, 48º\1 da LGT se
contam em termos diferentes consoante estejamos perante imposto de obrigação única
ou imposto periódico. Assim, nos impostos periódicos conta-se a partir do termo do ano
em que se verificou o facto tributário, nos impostos de obrigação única conta-se a partir
da data em que ocorreu o facto tributário.

3. Impostos reais e impostos pessoais


Nos impostos reais atinge-se a matéria coletável objetivamente determinada, fazendo-se
a abstração da concreta situação económica do contribuinte.

Nos impostos pessoais, tem-se em consideração a concreta situação económica e social


do contribuinte, isto é, o valor da sua fortuna e dos seus rendimentos por um lado, e o
montante dos encargos que tem obrigatoriamente de suportar por outro, como ocorre no
IRS. Os impostos pessoais têm caraterísticas:

 Atendem ao rendimento global do contribuinte


 Excluem da tributação o mínimo de existência, ou seja, aquela quota de
rendimento necessária á satisfação das necessidades á salvaguarda da dignidade
humana do contribuinte e da sua família
 Têm em consideração os encargos com a família, abatendo-os á matéria
coletável ou tendo-os em conta através de deduções á coleta
 Sujeitam a matéria coletável a uma taxa progressiva.

4. Impostos de quota fixa e impostos de quota variável


Esta distinção tem a ver com o modo de determinar o montante individual do imposto,
ou seja, o montante a pagar por cada contribuinte.
O imposto de quota fixa determina que esse montante seja para todos os contribuintes e
numa importância fixa estabelecida por lei, tem como característica a dispensa duma
liquidação, já que o montante da coleta consta da própria lei.
O imposto de quota variável faz variar o montante pago pelos contribuintes em função
da matéria coletável.

5. Impostos sobre o rendimento, sobre o património e sobre o consumo


Nos impostos sobre o rendimento tributa-se o rendimento produto, isto é, o acréscimo
em bens obtidos durante o correspondente período a título de contribuição para a
atividade produtiva, ou tributa-se o rendimento acréscimo que integra também os
acréscimos em bens obtidos a outro título e sem dano de património inicial (por
exemplo o IRS, IRC).
Nos impostos sobre o património tributa-se a titularidade ou transmissão de valores
pecuniários líquidos que constituam o mesmo capital produtivo, capital lucrativo ou
bens de consumo duradouro (por exemplo, o IMI, IMT).
Nos impostos sobre o consumo tributa-se o rendimento ou o património utilizado no
consumo, por exemplo o IVA.

 Capacidade Tributária e Capacidade Contributiva


Importa distinguir capacidade tributária de capacidade contributiva. A primeira
corresponde a uma capacidade de exercício, já a segunda corresponde a uma
manifestação do património e do rendimento. Basicamente, ter capacidade contributiva
é ser rico, pois a despesa do IRS é feita ou com rendimento ou com despesa. Na lei geral
tributária dá a entender que a despesa é feita com o rendimento, o que é duvidoso. O
que é um rendimento? É o acréscimo patrimonial líquido ocorrido num determinado
período anual que corresponde do dia 1 de Janeiro a 31 de Dezembro. Este ano
financeiro terá subjacente outras realidades em que, terão iguais períodos dado o seu
carácter periódico.
Neste período, apura-se s rendimentos líquidos ganhos e como se faz isso? Verifica-se o
início e o fim do período e analisa-se as quantidades das despesas e ganhos e calcula-se
o valor líquido (diferença entre ganhos e despesas) e depois o Estado retira um pouco
dessa riqueza para pagar o imposto. A lei fiscal não obtém o mesmo resultado de
acréscimo líquido que o cálculo da contabilidade, uma vez que, não contam certos
elementos que a legislação fiscal conta pois têm regras próprias. O legislador dá relevo
a pessoas em concreto (famílias, pessoas dependentes, filhos) a nível do imposto. É uma
realidade objetiva ligada à atividade reguladora do rendimento e ao ter em conta aquelas
relevâncias, a lei descrimina outros. Desta forma, o imposto incide sobre quem? Sobre
as pessoas singulares que têm um rendimento que tenha sofrido um acréscimo
patrimonial. Portanto, o IRS é sobre as pessoas ou que residem em Portugal ou que não
residem mas auferem rendimento, ou seja, existe um elemento de conexão ou com o
território ou com a residência.

 1988: Reforma Fiscal dos Impostos sobre o Rendimento


Decreto-lei 442A/ 88, 30-11: aprovaram o código IRS, código IRC, código IMI (2003)
revogou o código da contribuição autárquica.
Decreto-lei 442B/ 88, 30-11
Decreto-lei 442C/ 88, 30-11

“Rendimento Acréscimo”
Imposto Único

Até 1988: Rendimento – Produto


Impostos Parcelares ou Celulares + Imposto Complementar

Rendimento Produto resulta de várias remunerações de participação no processo


produtivo. Ele está incluído no Rendimento Acréscimo e é colocado a quem tenha
rendimentos (salário, capital, juros, rendas e lucros). Mas as pessoas não concedem
outros rendimentos acréscimos durante o período? Sim, com herança, doação, venda de
imoveis com mais valia, euro milhões e outros jogos e concursos e as reformas ou
pensões obtidas.
Inicialmente, tinha-se nove categorias de rendimento, agora só tem seis e não estão por
ordem alfabética (art. 1º cód. IRS). Com a primeira redação, entendia-se que estava em
constante acréscimo e por isso, deve-se ter em conta as várias categorias. Hoje em dia,
elas são menores porque as três desaparecidas incidiram-se numa só categoria já
existente, sofrendo apenas uma alteração de nome.

 IRS
Imposto pessoal: unipessoal, progressivo e tem em conta os rendimentos do agregado
familiar daí ter deixado de ser um imposto parcelar ou celular e mais tarde o
complementar. Assim, tem-se um novo regime de categorias do imposto,
nomeadamente:

1988/1989 – CÓDIGO IRS Hoje – CÓDIGO IRS

A.Rendimento do trabalho dependente A. Rendimento do trabalho dependente


B. Rendimento do trabalho independente B. Rendimentos profissionais e
C. Rendimentos comerciais/ industriais empresariais
D. Rendimento agrícola E. Rendimentos capitais
E. Rendimentos capitais F. Rendimentos prediais
F. Rendimentos prediais G. Incrementos patrimoniais (mais valias
G.Mais-valias e outros acréscimos patrimoniais – não
H. Pensões está no código do IRS mas no imposto de
I. “Outros rendimentos” (jogos e selo.
concursos) H. Pensões

O IRS destina-se às pessoas singulares mas quais? Os residentes em Portugal e os não


residentes que obtém rendimentos de Portugal (art. 13º a 21º cód. IRS). As categorias do
IRS também estão estabelecidas na lei (art. 1º a 12º cód. IRS). Existe uma norma de
incidência abstrata que define situações que colocam a obrigação de imposto (art. 36º
LGT).
Portanto, nas categorias trata-se a incidência real ou objetiva (da sujeição) e nas pessoas
que fazem o IRS tem-se a incidência pessoal ou subjetiva. Supondo que, um emigrante
português, foi para o brasil à 50 anos, aufere de rendimentos salariais e de rendimentos
de imóveis. Partindo do princípio que tudo é feito no brasil, ele não está sujeito ao IRS.
Agora, se comprou um imóvel em Portugal que aluga no verão, já está sujeito ao IRS.

Supondo que, um individuo queria constituir uma sociedade, logo, tornou-se,


imediatamente, sócio. Todavia, tornou-se gerente dessa mesma sociedade. Ele recebe
enquanto socio ou gerente? Enquanto gerente, e o legislador estabelece-o como um
trabalhador dependente (art. 2º/3/a), e no que toca à incidência real (art. 1º a 12º), onde é
que se estabelece as remunerações dos sócios? No art. 5º. Já no que toca à incidência
pessoal (art. 13º a 21º).
Imaginando que, um brasileiro vive em Portugal à 50 anos, tem um imóvel cá que
arrenda. Será que está sujeito ao IRS? E imaginando que, este tem outros imoveis mas
no Brasil, será que estes também estão sujeitos? O IRS incide sobre a totalidade dos
seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território (art. 15º/1).
Portanto, segundo a incidência pessoal, são sujeitos passivos do IRS, por um lado, as
pessoas singulares residentes e, por outro, as pessoas singulares não residentes. São
assim sujeitos passivos do IRS as pessoas singulares, residentes em território
nacional, que são tributadas pela totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos
fora do território nacional (art. 15º/1), ou seja, segundo o principio da universalidade
ou do rendimento mundial. E são sujeitos passivos as pessoas singulares não
residentes em território nacional, que são tributadas apenas pelos rendimentos obtidos
em Portugal, ou seja, segundo o princípio da territorialidade ou da obrigação
tributária limitada beneficiarão também os chamados residentes não habituais, no
quadro do regime especial de tributação em IRS (art. 15º/2).
Assim, o brasileiro residente em Portugal, paga os impostos porque é residente e por
isso, tem uma obrigação de IRS ilimitada ou tributação base mundial e universal. E
também porque tem rendimentos em Portugal e por isso, tem uma obrigação de IRS
limitada. Acontece que, este brasileiro como paga em Portugal e provavelmente no
Brasil sofre de dupla tributação jurídica internacional.
Os critérios dos rendimentos obtidos em Portugal só interessam para as pessoas que não
residem em Portugal (art. 18º). É decisivo para as não residentes mas não é irrelevante
para os residentes, pois pode haver regras de tributação a que estejam sujeitos.

O critério da incidência pessoal, é portanto, o da residência e aqui distingue-se os


residentes e não residentes do território nacional português. Iremos ver vários tipos de
impostos, porque o imposto parcelar passou a único? Foi uma decisão livre? A CRP
(art. 104º/1) determinou o imposto único, progressivo, tendo em conta os rendimentos e
necessidades do agregado familiar. Logo, estabeleceu-se um imposto pessoal (art. 68º
CIRS). É um imposto que recai sobre o rendimento familiar, a tributação da família, a
não tributação de rendimentos inferior a tanto (art. 70º CIRS). Uma nota muito
importante é que as mais-valias (art. 10º CIRS) só são tributadas não quando verificadas
mas quando realizadas.
Quanto à questão da incidência, ficou por verificar os critérios da residência (art. 16º
CIRS). Ele tem-se tornado muito complexo e por força da CRP tornou-se importante
definir a região (território continental e regiões autónomas), o tempo e a qualidade de
residente.

Quanto á família, podem optar pela tributação conjunta. Também s deu dignidade á
união de facto, e os unidos de facto podem tributar separadamente ou em conjunto.
Achava-se isto inconstitucional, por causa da igualdade entre os casados e os unidos de
facto, mas se nada for dito cada um dos cônjuges tem a sua contribuição, mas poderão
optar pela tributação conjunta.

E quando existe filhos? Imaginemos A, camionista, casado com B, doméstica, e têm


dois filhos menores que receberam uma herança, dois apartamentos cada um com
rendas.

 Temos 4 contribuintes – mas só dois sujeitos passivos A e B e dois dependentes


C e D – há um agregado familiar artigo 13º nº4 do CIRS + o artigo 1672º ou
1673º do CC – cabe a ambos os cônjuges.

 Cálculo da Matéria Coletável


O cálculo da matéria coletável dará o valor da taxa ou do imposto, assim no IRS deve-se
determinar as taxas para saber qual o montante a pagar.
Após determinar a incidência, temos que apurar os rendimentos líquidos que constituem
a matéria coletável. Quais as regras desse apuramento?

Para esse cálculo temos que ter em conta o art.22º CIRS, para o apuramento deve-se ter
em conta as várias categorias que terão valor variável, ou seja, depende de categoria
para categoria o valor do rendimento.

As regras de quantificação do imposto estão dependentes da determinação da matéria


coletável (art. 22º a art. 55º).
Sendo assim, como se faz a quantificação da obrigação de imposto? Deve-se ter em
conta o IRS que se desdobra em várias operações:
 Apura-se o rendimento bruto por categoria

 Depois faz-se a dedução relativamente a cada categoria das despesas realizadas


para a obtenção do respetivo rendimento, tornando o rendimento uma categoria
líquida (art.22º\1).
o Categoria A – não permite deduções de certas despesas art.25º
o Categoria B – art.28º a 39º
o Categoria E – não há deduções, os rendimentos desta categoria são
coletáveis de forma bruta
o Categoria G – as mais-valias têm regime de deduções específicas –
art.40º, 40ºA, 42º e 52º
o Categoria F- a dedução está limitada ás despesas de manutenção e de
conservação suportadas pelo sujeito passivo e ao IMI que incida sobre o
valor dos prédios cujo rendimento tenha sido englobado (art.41º).
o Categoria H – não permite deduções de certas despesas art.53º
 Faz-se o englobamento dos diversos rendimentos líquidos apurados, obtendo
assim o rendimento líquido total, o que leva á aplicação do quociente familiar, á
determinação da taxa aplicável e a aplicação dessa taxa ao rendimento coletável,
apurando assim a coleta.

 Procede-se às deduções da coleta, aqui conta-se as despesas de carater pessoal


das famílias adstritas á realização dos direitos sociais á saúde, á educação, á
habitação e á segurança social, depois de feitas estas deduções dá-nos o valor do
imposto a pagar.
 Segue-se o pagamento do imposto.

Assim, podemos fazer um esquema de determinação do IRS

Rendimento bruto por categoria

Deduções específicas para cada


categoria (art.25º ss)

Rendimento líquido para cada


categoria (soma dos rendimentos
líquidos de cada categoria
(englobamento – art.22º)

Rendimento englobado

Algumas perdas (art.55º), a


categoria B, F,G leva a perdas. A
perda pode passar para o ano
seguinte (máximo 12 anos)

Rendimento global líquido.

Taxa (art.68º e 70º remete para


73º).

(quando os contribuintes são


casados ou unidos de facto
art.69º\1 e 69º\2)
Coleta

Deduções á coleta por sujeitos


passivos e dependentes – art.79º

Despesas sociais – art.82º, 84º,


87º

Impostos já suportados – art.80º


81º

Crédito de imposto por dupla


tributação internacional art.81º

Pensão de alimentos – 83º A

Benefícios fiscais – 85º,86º e 88º

Imposto a pagar

Exceções ao englobamento
O art.22º nº 3 do CIRS diz-nos que há rendimentos que não se juntam:
 Os rendimentos dos não residentes não se englobam
 Os rendimentos dos residentes referidos no art.71º e 72º não se englobam, salvo
se o contribuinte quiser englobar.

 Príncipio da Legalidade Fiscal


Este príncipio tem na sua base a ideia de autoimposição, autotributação ou de
autoconsentimento dos impostos, segundo a qual os impostos devem ser consentidos
pelos próprios contribuintes (103º\2 CRP).
Este príncipio desdobra-se em dois aspetos:

 Príncipio da reserva de lei (formal)


Implica que haja uma intervenção de lei parlamentar, seja esta uma
intervenção material a fixar a própria disciplina dos impostos, ou uma
intervenção de carater meramente formal, autorizando o governo-legislador a
estabelecer, em consonância com a respetiva lei de autorização legislativa, essa
disciplina dos impostos.
 Princípio da reserva material
Também entendida como o princípio da tipicidade, exige que a lei (lei da AR,
decreto-lei autorizado) contenha a disciplina tão completa quanto possível da
matéria reservada, matéria que nos termos do 103º\2 CRP integra: incidência,
taxa, benefícios fiscais e garantias dos contribuintes, sendo certo que quanto às
garantias dos contribuintes, a reserva apenas é exigida na medida em que estas
sejam objeto de restrição ou condicionamento já que não é necessária reserva
quando forem objeto de ampliação ou alargamento. (art.165º CRP). E aqui
temos a intensidade da reserva de lei fiscal, implica que a lei contenha os
elementos essenciais do imposto, o que significa que a lei deve abranger todas
as normas relativas á incidência real, pessoal, á taxa e aos benefícios fiscais.

 Príncipio da Segurança Jurídica


É um príncipio consagrado no art.2º da CRP, impõem-se fundamentalmente ao
legislador, limitando-o em dois sentidos:

 Na edição de normas retroativas desfavoráveis


 Na livre revogabilidade e alterabilidade das leis fiscais favoráveis

Mas o que é a retroatividade dos impostos? Em 1976 houve proibição da retroatividade


só que em 1997 com a revisão constitucional é que ficamos com uma norma que proíbe
essa retroatividade expressamente (art.103º\3 CRP). Não era preciso esta norma, mas
acabou por ser enriquecedor, Casalta Nabais até chama de “riquismo constitucional”.

Assim antes de 1976 a questão era se havia limites á retroatividade dos impostos, depois
de 1997 a questão é se há alguma retroatividade permitida.
Por força do principio da segurança jurídica, pode haver retroatividade desde que não
afete a segurança jurídica (proteção de confiança dos cidadãos). A partir do momento de
1997, com a norma o príncipio da segurança jurídica foi um pouco afastado pois agora
já não faz sentido a sua finalidade, uma vez que deixa de ser limite á retroatividade dos
impostos, já que agora é expressamente proibida.
Hoje proíbe-se toda a retroatividade? Ou permite-se alguma? Para saber essa resposta
temos que saber distinguir:
 Retroatividade própria, autêntica ou verdadeira- que é a retroatividade de 1º
grau: existe uma retroproduçao de efeitos
 Retroatividade imprópria, inautêntica ou falsa – que é a retroatividade de 2ª
grau: é uma mera conexão de factos passados.

O art.103º\3 proíbe a retroatividade do 1º grau (art.12º LGT), concordando que possa


existir a retroatividade do 2º grau uma vez que nessa o facto tributário ainda não foi
formado. Mas a questão que agora se coloca é se pode existir toda a retroatividade do 2º
grau? A resposta é consoante violar ou não violar o príncipio da segurança jurídica, isto
é, se não violar pode existir.

 Príncipio da Igualdade Fiscal


O princípio da igualdade fiscal teve sempre como base a seguinte ideia:
 Generalidade ou universalidade, nos termos da qual todos os cidadãos se
encontram adstritos ao cumprimento do dever de pagar impostos (todos devem
pagar impostos;
 Uniformidade, a exigir que semelhante dever seja aferido por um mesmo critério
– o critério da capacidade contributiva – 104º/1 CRP e 4º LGT (todos devem de
pagar de acordo com o mesmo critério). Este implica assim:
o Igualdade horizontal: igual imposto para os que dispõem de igual
capacidade contributiva (ou seja, quem tiver a mesma capacidade deve
pagar o mesmo imposto);
o Igualdade vertical: diferente imposto para os que dispõem de diferente
capacidade contributiva na proporção desta diferença (ou seja, quem
tiver capacidade diferente deve pagar na medida da diferença).
A capacidade contributiva constitui o pressuposto e o critério da tributação. Como
pressuposto, exige não só que todos os tributos, em que naturalmente se incluem os
impostos extrafiscais, mas também os próprios benefícios fiscais tenham por objeto
“bens fiscais”, excluindo da tributação.
Enquanto critério da tributação, a capacidade contributiva rejeita que o conjunto dos
impostos e cada um dos impostos tenham por base qualquer outro critério, seja ao nível
das respetivas normas, seja ao nível dos correspondentes resultados.
 Interpretação
As normas fiscais também se interpretam, e no art.11º da LGT fala nessa interpretação,
ou seja, não há especialidade, interpreta-se através das regras gerais de interpretação,
logo pode haver interpretação extensiva, restritiva … Já o art.11º\2 o sentido das coisas
na lei fiscal é o mesmo sentido de onde essa coisa provem, exceto se a lei fiscal lhe der
outro sentido.

O nº3 é criticado por Casalta Nabais pois se o nº1 estabelece o princípio geral, o nº3 não
faz sentido, contudo quando fazemos interpretação temos que chegar a um interpretação
ou lacuna.

 Integração
A norma tem um carater elástico, e de uma situação abrangemos outra na mesma norma.
No direito fiscal é permitido integração analógica? Não, não é permitido integrar a
lacuna por analogia. Se não há norma não respeita o princípio da legalidade logo leva a
lacuna que não pode ser integrada por analogia nas matérias de reserva da AR, no resto
da matéria fiscal já se pode. É de toda proibida analogia nos impostos ou pode o
legislador permitir? Se na lei estabelecer normas que permite recorrer á analogia mesmo
que seja sobre incidência, logo temos que ponderar os vários princípios: segurança
jurídica e igualdade, ou seja, no plano legislador este pode recorrer a analogia, já o
aplicador no dia-a-dia não pode.

 Aplicação da Lei Fiscal no Tempo e no Espaço (art.12º e 13º)


No tempo, aplica-se a lei no início de vigência. A cessação de vigência e a sucessão de
leis são as questões que se colocam.

A sucessão de leis implica a retroatividade, que remete para o princípio da proibição da


retroatividade não favorável. Só se aplica para factos posteriores esta é a regra. Esta
norma dirige-se ao aplicador da norma que deve respeitar o princípio de se aplicar a
factos posteriores. O legislador deve obediência á CRP, que permite a retroatividade nos
termos e limites que estudamos.

Quanto ao espaço, é no território nacional, a norma parte do principio da territorialidade


mas depois liberta-se no art.13º\2 quando diz que os residentes que auferem
rendimentos fora do território português.

 Regime das Perdas (55º)


Existe perdas na categoria B, F,G portanto havendo perdas o regime é de reporte de
perdas para o ano seguinte dentro da mesma categoria. Quando se trata de casal as
perdas não são contabilizadas em conjunto, visto que são relativamente a cada um.
Tendo o rendimento coletável temos de aplicar a taxa (68º) havendo tributação conjunta
e filhos temos de ver o quociente familiar (69º).

Aplicada a taxa temos a coleta, que ainda permite deduções á coleta (art.78º).

O art.78º nº2 é muito importante, pois fala em retenções na fonte (97º) e pagamentos
por conta (102º).

A retenção na fonte são os descontos que as entidades patrimoniais fazem, e quanto á


natureza pode ser definitiva (71º) ou provisória que é a regra geral. A retenção na fonte
é como se o imposto fosse indo ser pago ao longo do ano.

Assim, segundo o art.78º\2 vão deduzir-se a coleta:

 Pagamentos feitos ao longo do ano


 Retenções na fonte que tenham natureza por conta (provisória).

 Substituição Tributária

Nos termos do art.20º da LGT, a substituição tributária verifica-se quando por


imposição da lei, a prestação tributária for exigida a pessoa diferente do contribuinte
(nº1) sendo a mesma efetivada através do mecanismo da retenção na fonte do imposto
devido (nº2). Um entendimento consonante com os conceitos de retenção na fonte e de
pagamento por conta dos arts.34º e 33º. Com efeito, a LGT entende a retenção na fonte
em termos que abrange não apenas a verdadeira retenção na fonte, mas também os
pagamentos por conta de imposto efetuados por terceiro. De outro lado, integra nos
pagamentos por conta não só as entregas pecuniárias antecipadas efetuadas pelo próprio
contribuinte, mas também as entregas efetuadas por terceiro.
Assim, e de um lado reconduz a substituição tributária á que se concretiza na técnica da
retenção na fonte, reduzindo o substituto a um retentor do imposto, quando é possível
haver substituição tributária sem retenção.
É importante a este respeito a distinção entre a substituição tributária e a repercussão
fiscal dos impostos sobre o consumo como o IVA, sobretudo quando esta constitui uma
repercussão legalmente exigida.
Costuma distinguir-se:
 Substituição total - quando a substituição abrange tanto a obrigação de imposto
como a generalidade das obrigações acessórias, o que acontece no caso da
retenção na fonte com carater definitivo do imposto, que é o caso dos
rendimentos das pessoas singulares tributados em IRS através de taxas
liberatórias (art.71º CIRS).
 Substituição parcial- quando o substituto tiver de cumprir a generalidade ou
algumas das obrigações acessórias.
De acordo com o art.28º LGT há na substituição tributárias três situações de
responsabilidade tributária:
 No caso de o imposto ter sido retido e não entregue nos cofres do Estado, o
substituto é o único responsável, ficando o substituído desonerado de
qualquer responsabilidade pelo seu pagamento
 Na hipótese de retenção ser efetuada a título de pagamento por conta do
imposto do substituído ou contribuinte devido a final, cabe ao substituído a
responsabilidade originária pelo imposto não retido e ao substituto a
responsabilidade subsidiária, ficado ainda este sujeito aos juros
compensatórios desde o termo do prazo da entrega
 Nos restantes casos de retenção na fonte, isto é, nos casos em que a retenção
não é a título de pagamento por conta do imposto do contribuinte devido a
final, mas a título de pagamento definitivo (caso das taxas liberatórias em
IRS) em que o substituto não procede á retenção, o substituto é o
responsável originário e o substituído o responsável subsidiário pelo
pagamento das importâncias que deviam ter sido retidas e não foram.

 Liquidação e Cobrança
È objeto de retenção na fonte o IRS devido pelos rendimentos do trabalho dependente e
das pensões (com exceção das de alimentos) e, bem assim, pelos rendimentos das outras
categorias nos termos do art.99º a 101º. Segundo o nº 3 e 4 do art.98º o imposto retido
deve ser pago mensalmente, até ao dia 20 do mês seguinte àquele em que as retenções
tiverem sido efetuadas.

Por seu lado, no que diz respeito aos pagamentos por conta, é uma forma antecipada de
pagamento e aplica-se apenas aos rendimentos da categoria B, os quais vêm regulados
no art.102º. Assim, segundo este preceito, os sujeitos passivos dos rendimentos da
categoria B efetuarão obrigatoriamente três pagamentos por conta do imposto devido a
final, até ao dia 20 de cada um dos meses de Julho, Setembro e Dezembro. A totalidade
dos pagamentos por conta é igual a 76,5% do montante calculado com base na seguinte
fórmula:

Coleta x RLB (rendimento líquido positivo do penúltimo ano da cat.B) – R (total das
retenções efetuadas no penúltimo ano)

_______

RLT (rendimento líquido total do penúltimo ano)

 Relação Jurídica Fiscal


A relação jurídica fiscal é complexa, e a sua complexidade é visível a partir d diversos
ângulos ou perspetivas. Vamos analisar a partir dos seus ângulos mais salientes, ou seja,
tendo em conta os titulares ativos, os sujeitos passivos, o conteúdo e as relações em que
a mesma se analisa ou desdobra.

Quanto aos titulares ativos temos os titulares do poder tributário, os titulares da


capacidade tributária ativa e os titulares da competência tributária, e os titulares da
receita fiscal.

Relativamente aos diversos sujeitos (passivos) ou titularidades passivas encontramos o


contribuinte, os substitutos, os retentores, os responsáveis fiscais, os sucessores, os
suportadores económicos do imposto e os sujeitos passivos das múltiplas e
diversificadas obrigações ou deveres acessórios.

De destacar é o dever de boa prática tributária consagrada no art.32 da LGT, nos termos
do qual incumbe aos representantes das pessoas singulares e coletivas o cumprimento
dos deveres tributários das entidades que representam. Um dever que tem específica
concretização nos arts. 16\3, 22º e 23º LGT.

No que toca ao conteúdo da relação fiscal, temos ao lado da obrigação de imposto, as


mais diversificadas obrigações ou deveres acessórios, diversificadas porque se traduzem
quer em prestações de natureza pecuniária, quer em prestações de carater formal.

 Obrigação fiscal

O núcleo central da relação jurídica fiscal é constituído pela obrigação fiscal ou


obrigação de imposto. Assim a obrigação fiscal carateriza-se por ser uma obrigação:

 Obrigação legal – trata-se de uma obrigação ex lege, duma obrigação que tem
por fonte a lei

 Obrigação pública – a sua disciplina integra o direito público

 Obrigação exequível e executiva- carece de execução, e a sua execução não está


dependente de qualquer outra pronúncia para além da constituída pelo próprio
ato tributário.

 Obrigação semi-executória, a execução corre na administração tributária

 Obrigação indisponível e irrenunciável – uma vez que ao credor não cabem,


quaisquer poderes para conceder moratórias, admitir o pagamento em prestações
ou conceder o perdão da dívida. (art.85º\3 CPPT, art.86º\2\3 CPPT, art.196º
CPPT).

 Obrigação autotitulada – obrigação relativamente á qual o fisco cria os seus


próprios títulos executivos, constituídos pelas certidões de dívida extraídas pelos
serviços competentes das notas de cobrança ou de outros elementos que tiverem
ao seu dispor, sendo que são estas certidões que servirão de base á instauração
do correspondente processo de execução fiscal (art.88º CPPT).

 Obrigação especialmente garantida – dadas as garantias especiais que rodeiam o


crédito tributário, garantias que colocam o credor tributário numa posição
particularmente vantajosa face aos credores comuns.

 Sujeito ativo da relação jurídica fiscal

A titularidade ativa da relação fiscal comporta diversas situações:

 Poder tributário- consubstancia-se no poder conferido constitucionalmente ao


legislador para a criação, instituição, estabelecimento ou invenção dos impostos.

 Competência tributária – diz respeito á administração ou gestão dos impostos,


traduzida no lançamento, liquidação e cobrança dos impostos, uma competência
que tradicionalmente cabia á administração fiscal, mas que hoje em dia se divide
entre a administração fiscal e os particulares.

 Capacidade tributária – traduz a qualidade de sujeito ativo da relação de crédito


em que a relação fiscal se consubstancia.

 Titularidade da receita dos impostos- uma situação que se verifica naqueles


casos em que, por imposição constitucional ou legal, as receitas proporcionadas
por certos impostos estejam subjetivamente consignadas a determinados entes
públicos que não tenham todas ou algumas das titularidades fiscais ativas.

 Sujeito passivo da relação jurídica fiscal

Nos sujeitos passivos encontramos o contribuinte, os substitutos, os retentores, os


responsáveis fiscais, os sucessores, os suportadores económicos do imposto.

 Contribuinte: pessoa relativamente á qual se verifica o facto tributário, o


pressuposto de facto ou o facto gerador do imposto, isto é, o titular da
manifestação de capacidade contributiva que a lei tem em vista atingir e que, por
conseguinte, deve suportar a ablação ou desfalque patrimonial que o imposto
acarreta. O contribuinte apresenta-se como um devedor qualificado, pois trata-se
de um devedor a título direto (e não indireto como o substituto tributário),
originário (e não derivado como o sucessor legal), e principal (e não acessório
como o responsável fiscal). Mas importa salientar, que tanto é contribuinte o
direto, em relação ao qual o referido desfalque patrimonial ocorre diretamente na
sua esfera seja ele ou não o devedor do imposto, como o contribuinte indireto,
em relação ao qual o mencionado desfalque patrimonial ocorre na sua esfera
através do fenómeno económico da repercussão do imposto. Nesta vertente
alguns autores distinguem contribuinte direito (pessoa em relação á qual se
verifica o pressuposto de facto do imposto) e contribuinte de facto (aquele que
em virtude da repercussão, suporta economicamente o imposto).
 Devedor: sujeito passivo qualificado ou o sujeito passivo que deve satisfazer
perante o credor fiscal a obrigação de imposto, isto é, a prestação ou prestações
em que o imposto se concretiza. Em sentido estrito, o devedor do imposto
limitar-se-ia ao chamado devedor principal ou originário, aquele em relação ao
qual o Fisco exige, em princípio ou em primeira linha, a satisfação do crédito de
imposto. Todavia, num sentido mais amplo, o devedor do imposto abrange
também os chamados devedores indiretos, derivados ou acessórios, aos quais o
fisco exige, excecionalmente, ou em segunda linha o crédito de imposto.

 Sujeito passivo: toda e qualquer pessoa, singular ou coletiva, a quem a lei


imponha o dever de efetuar uma prestação tributária, seja prestação de imposto,
sejam as prestações correspondentes ás múltiplas e diversificadas obrigações
acessórias.

 Juros moratórios vs. Juros compensatórios


Os juros moratórios estão no art.44º LGT e ocorrem quando há atraso no pagamento de
imposto, por exemplo, tem que pagar 350€ de IRS até 4 de Junho e não pagou.

Os juros compensatórios estão no art.35º da LGT, por exemplo, quando alguém se


atrasa a entregar o IRS. A substituição faz correr juros compensatórios.

 Caducidade e Prescrição nos impostos

A prescrição é o modo de extinção da obrigação de imposto (decurso do tempo) e tem


como prazo regra 8 anos. A caducidade é o modo de extinção do direto á liquidação
(art.45º e 48º LGT).

 Parte Prática

A, inglês, residente em França mantem em Portugal (na caixa geral de depósitos)


um depósito a prazo de 15.000€ que reforça anualmente com 1.000€ valor da renda
que recebe do apartamento que é proprietário no Algarve.
Primeiramente, vamos analisar a incidência pessoal, neste caso at.13º\1 2ªparte, A é não
residente mas obtém rendimentos em Portugal, logo está sujeito ao IRS, através do
princípio da obrigação limitada aos rendimentos obtidos em território nacional, nos
termos do at.15º\2\.
Depois analisamos a incidência real, onde questionamos, quais os rendimentos que
aufere?
o Juros de depósito a prazo – categoria E art.5º\2.b) – art.18º\1\g
o Renda – categoria F art.8º\1, da renda recebe 12.000€ (1.000 x 12 meses)
art.18º\1\h

A e B residem em Valença e têm 1 filho, menor de 5 anos.


A é engenheiro exerce atividade por conta própria, auferindo mensalmente em
média 2.500€.
Como titular de uma quota na Pontes e Barragens procedeu á sua alienação por
50.000€.
B é professora numa escola em Espanha com salário de 1.500€.
Em primeiro lugar, falamos na incidência pessoal, são residentes, usamos o art.13º\1 e
estão sujeitos a IRS pois têm obrigação de imposto ilimitada art.15º\1. Aqui têm 1 filho,
art.13º\2 e 3 e 4, podem optar pela tributação conjunta ou em separado.
Quanto á incidência real, auferem os seguintes rendimentos:
o Quanto a A:
 Categoria B (art.3º\1\b) 2.500€ x 12 = 30.000
 Categoria G (art.9º\1\a) alienação da quota
o Quanto a B:
 Categoria A (art.2\1\a + 2) 1500x 12= 18.000

Suponha que o Ministro das Finanças projeta promover a aprovação do seguinte:


1. Redução para metade do seu montante das taxas do IRS do 1º e 2º escalão
(art.68º CIRS) aplicáveis aos rendimentos dos agregados familiares que
possam ser considerados “famílias numerosas de baixos rendimentos”
2. A determinação dos agregados familiares considerados como “família
numerosa” será efetuada através de portaria do Ministro das Finanças.
Esta questão versa sobre o príncipio da legalidade. Uma vez que o Ministro das finanças
pretende reduzir a taxa de imposto, estamos perante um benefício fiscal. Aqui falta a
parte material do princípio da legalidade que se dirige ao legislador.
A lei é que tinha que estabelecer o que é família numerosa, não é o Ministro das
Finanças, este perante a lei é que pode provar se a família X é numerosa ou não.

Suponha que no dia 1 de Junho de 2012 foi publicada em Diário da República uma
Portaria do Ministro das Finanças que veio alterar o conteúdo do art.25º CIRS,
aumentando o montante de dedução específica aceite na categoria A do IRS. O
mesmo diploma prevê a sua aplicação para efeitos de cálculo do imposto devido
pelos rendimentos obtidos ao longo de todo o ano civil de 2012.
Esta questão tem a ver com a retroatividade e com benefício fiscal.
Primeiro não pode ser o Ministro das Finanças, tem que ser o governo com decreto-lei
autorizado. Se quer aumentar é desfavorável logo não há nem pode haver retroatividade
para todo o ano civil de 2012.

Abel e Berta, depois de terem vivido em união de facto durante vários anos,
casaram a 15 de Novembro de 2015. A 30 de setembro desse ano, venderam por
180.000€ a casa em que habitavam com o seu filho de 12 anos, Calos, e que havia
sido adquirida por ambos em Fevereiro de 2009 por 100.000€.
Investiram o valor da renda na compra de um carro novo e no pagamento de
algumas dívidas.
A venda foi intermediada por uma sociedade de mediação imobiliária que cobrou
uma comissão de 5.000€.
Berta é consultora de decoração, atividade que exerce de modo independente,
auferindo anualmente honorários no valor de 40.000€. Abel, recebe uma pensão de
reforma no valor de 7.500€ e é titular de um depósito a prazo, que em 1 de
Dezembro venceu juros no valor de 10.000€.
Aprecie as regras aplicáveis para o cálculo do rendimento coletável, evidenciando
o regime do englobamento.

Depois da incidência, devemos determinar o rendimento coletável – art.22º.


Quanto ao rendimento coletável a regra é a do englobamento, no entanto, existe
exceções ao englobamento, é o caso dos juros do depósito a prazo- art.71º- rendimento
categoria E, não é suscetivel de deduções específicas, é tributada na sua forma bruta.
São casados (at.13º) a tributação é separada com opção pela tributação conjunta com
filho descendente.
Relativamente ás mais valias, em 2015 alienaram por 130.000€ , a esse valor reduzimos
o valor de realização, uma casa adquirida em 2009 por 100.000€ que é o valor de
aquisição. Art.10º\1\A
Assim, valor de alienação – (valor de aquisição x coeficiente (correção monetária)
art.50º + despesas de alienação 51º)

2
Ou seja 180.000-115.000 = 65.000:2 = 32.500, valor que vai ser englobado.

Honorário de Berta 40.000€ abrangido pelo regime simplificado, aplicando-se o


coeficiente de 0.75, isto é, 40.000 x 0.75 = 30.000 valor que irá ser englobado.
Reforma de Abel, 7.500€ (11º) categoria H, faz-se a dedução até á sua concorrência,
7.500 – 4104 = 3396€ (53º\1)

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