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EB70-MC-10.

213

MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES

Manual de Campanha

OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO

2a Edição
2019
EB70-MC-10.213

MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES

Manual de Campanha

OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO

2a Edição
2019
PORTARIA Nº 225 - COTER, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2019

Aprova o Manual de Campanha


EB70-MC-10.213 Operações de
a
Informação. 2 Edição. 2019 e dá
outras providências.

O COMANDANTE DE OPERAÇÕES TERRESTRES, no uso da


atribuição que lhe confere o inciso II do art. 16 das INSTRUÇÕES GERAIS
PARA O SISTEMA DE DOUTRINA MILITAR TERRESTRE – SIDOMT (EB10-
a
IG-01.005), 5 Edição, aprovadas pela Portaria do Comandante do Exército nº
1550, de 08 de novembro de 2019, resolve:
o
Art. 1 Aprovar o Manual de Campanha EB70-MC-10.213 Operações
a
de Informação, 2 Edição, 2019, que com esta baixa.
o
Art. 2 Revogar o Manual de Campanha EB20-MC-10.213 – Operações
de Informação, 1ª Edição, 2014, aprovado pela Portaria Nº 008-EME, de 29 de
Janeiro de 2014.
o
Art. 3 Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua
publicação.

Gen Ex JOSÉ LUIZ DIAS FREITAS


Comandante de Operações Terrestres

(Publicado no Boletim do Exército nº 01, de 03 de janeiro de 2020)


As sugestões para o aperfeiçoamento desta publicação, relacionadas aos
conceitos e/ou à forma, devem ser remetidas para o e-mail
portal.cdoutex@coter.eb.mil.br ou registradas no site do Centro de Doutrina do
Exército http://www.cdoutex.eb.mil.br/index.php/fale-conosco

A tabela a seguir apresenta uma forma de relatar as sugestões dos leitores.

Manual Item Redação Atual Redação Sugerida Observação/Comentário


FOLHA REGISTRO DE MODIFICAÇÕES (FRM)

NÚMERO ATO DE PÁGINAS


DATA
DE ORDEM APROVAÇÃO AFETADAS
ÍNDICE DE ASSUNTOS

Pag

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
1.1 Finalidade....................................................................................... 1-1
1.2 Considerações Iniciais................................................................... 1-1
1.3 Aplicação........................................................................................ 1-1

CAPÍTULO II – O AMBIENTE OPERACIONAL E AS OPERAÇÕES


DE INFORMAÇÃO
2.1 Generalidades................................................................................ 2-1
2.2 O Ambiente Operacional e a Dimensão Informacional.................. 2-2
2.3 Contexto Estratégico para as Operações de Informação.............. 2-6

CAPÍTULO III – FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES DE


INFORMAÇÃO
3.1 Generalidades................................................................................ 3-1
3.2 Conceituação de Operações de Informação.................................. 3-1
3.3 Princípios das Operações de Informação...................................... 3-3
3.4 Características das Operações de Informação.............................. 3-4

CAPÍTULO IV – CAPACIDADES NAS OPERAÇÕES DE


INFORMAÇÃO E SUA INTERGRAÇÃO
4.1 Generalidades................................................................................ 4-1
4.2 Capacidades Relacionadas à Informação..................................... 4-1
4.3 Integração e Sincronização de Capacidades nas Operações de
Informação........................................................................................... 4-9
CAPÍTULO V – ESTRUTURAS, RESPONSABILIDADES E
RELAÇÕES NAS OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO
5.1 Generalidades................................................................................ 5-1
5.2 Estruturas e Responsabilidades nas Operações de Informação... 5-1
5.3 Relações no Planejamento e Condução das Operações de
Informação........................................................................................... 5-2
REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

1.1 FINALIDADE

1.1.1 Este manual tem por finalidade estabelecer os conceitos e concepções da


Doutrina de Operações de Informação do Exército Brasileiro (EB),
proporcionando unidade de pensamento sobre o assunto, no âmbito do EB,
alinhados com a Doutrina Militar Terrestre (DMT) e a Doutrina de Operações
Conjuntas.

1.2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.2.1 O presente Manual de Campanha (MC) tem o propósito de difundir o


conhecimento conceitual relativo às Operações de Informação (Op Info) a
todos os membros da instituição ou ao público específico a quem se destina,
conferindo o entendimento amplo e comum à unidade de pensamento e à
coerência das informações.

1.2.2 A elaboração deste manual tomou como referência outros documentos


que tratam do assunto de natureza semelhante, produzidos tanto na esfera do
Ministério da Defesa (MD) e das Forças Singulares (FS) como também em
outros países, buscando garantir a harmonia e o alinhamento dos
procedimentos a serem adotados no âmbito EB com os praticados nas demais
Forças Armadas (FA) sem perder de vista as especificidades da Força
Terrestre (F Ter).

1.3 APLICAÇÃO

1.3.1 Esta publicação estabelece os principais conceitos da doutrina de Op Info


visando a orientar as atividades e o emprego dos elementos da F Ter em
operações singulares, conjuntas, combinadas e/ou multinacionais e, também,
necessárias à cooperação e à coordenação com agências.

1.3.2 O manual discute a condução das Op Info no complexo ambiente


informacional global de hoje, que requer uma gama de recursos e habilidades,
desde recursos tecnológicos, como operações no ciberespaço e no espectro
eletromagnético, até as capacidades individuais, como manter a presença a
postura e o perfil, de habilidades técnicas, como as necessárias para defender
redes de computadores; às habilidades interpessoais, como as necessárias para
conduzir os relacionamentos com diversos públicos e audiências.

1-1
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CAPÍTULO II

O AMBIENTE OPERACIONAL E AS OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO

2.1 GENERALIDADES

2.1.1 No ambiente operacional contemporâneo, a crescente proeminência de


grupos transnacionais e/ou insurgentes, com ou sem apoio político e material
de outros atores globais, ampliou o caráter difuso das ameaças a serem
enfrentadas com o emprego de forças de Defesa e Segurança.

2.1.2 Como característica do ambiente operacional contemporâneo, a


opinião pública, tanto nacional quanto internacional, está menos propensa a
aceitar o emprego da força para as quais o Estado aplicava suas FA e tem
exercido o papel de protagonista no gerenciamento de crises e na solução de
conflitos. Além disso, ressalta-se a relevante influência que a opinião pública
exerce sobre as operações militares atuais, pela importância atribuída à
legitimidade da causa, a qual é determinada pela legalidade, com base em
diplomas legais nacionais e internacionais; e respaldada por Organismos
Internacionais e pela moralidade, isto é, atos de guerra devem ser moralmente
aceitos pela opinião pública interna e externa.

2.1.3 O ambiente operacional tornou-se, ainda, congestionado e difuso, uma


vez que as operações militares têm sido desenvolvidas, cada vez mais, em
áreas humanizadas ou no seu entorno. A presença da população e de uma
miríade de outros atores dificulta a identificação dos contendores e aumenta a
possibilidade de danos colaterais decorrentes das ações militares.

2.1.4 O crescimento das redes de comunicação reduziu o número de


populações isoladas em todo o mundo. O surgimento de Tecnologias da
Informação e Comunicações (TIC) avançadas facilitou a comunicação global,
entre corporações, organizações extremistas violentas e indivíduos.

2.1.5 A possibilidade de compartilhar informações, em tempo real, de forma


anônima e em segurança, é uma capacidade que pode, ao mesmo tempo, ser
um trunfo para as forças militares, agências civis parceiras e aliados, como
também tornar-se uma vulnerabilidade potencial a ser explorada por
adversários.

“Na guerra, a verdade é a primeira vítima”.


Ésquilo

2.1.6 A obtenção, produção e a difusão de informações relevantes, seletivas,


oportunas e confiáveis têm relação direta com a qualidade e efetividade do

2-1
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processo decisório e com os meios e formas de lidar com a prevenção de


ameaças, o gerenciamento de crises ou a solução de conflitos por parte dos
instrumentos (diplomático, informacional, militar e econômico) do Poder
Nacional (PN).

2.1.7 É igualmente importante reconhecer a influência da informação sobre o


comportamento do conjunto de atores que participam da dinâmica dos
conflitos: a mídia, os civis não combatentes, os grupos e organizações
presentes em áreas conflagradas, o público de massa – nacional e
internacional –, os atores do mundo digital e os dirigentes e líderes em todos os
níveis.

2.1.8 A informação tornou-se, assim, o componente primordial da Era do


Conhecimento e uma poderosa ferramenta para influenciar, interromper ou
afetar a capacidade do adversário de tomar e compartilhar as suas decisões.
Essas ações tornaram-se imprescindíveis no Espaço de Batalha
contemporâneo e, normalmente, são desempenhadas com o suporte de TIC.

2.2 O AMBIENTE OPERACIONAL E A DIMENSÃO INFORMACIONAL

2.2.1 O ambiente operacional, cuja compreensão é condição fundamental para


o êxito nas operações militares terrestres, pode ser caracterizado por um
conjunto de fatores que interagem, entre si, de forma específica em cada
situação, a partir de três dimensões: a física, a humana e a informacional (Fig
2-1).

2.2.2 O ambiente operacional é a composição de condições, circunstâncias e


influências que afetam o emprego de recursos e apoiam às decisões do
comandante, abrangendo áreas físicas e fatores relativos aos domínios
marítimo, terrestre e aeroespacial, aspectos humanos, bem como à dimensão
informacional.

2.2.3 Tradicionalmente, o foco da análise do ambiente operacional era


concentrado na dimensão física, considerando a preponderância dos fatores
terreno e condições meteorológicas nas operações. As variações no caráter e
na natureza do conflito, resultantes das mudanças tecnológicas e sociais,
impõem uma visão que também considere as influências das dimensões
humana e informacional nas operações militares e vice-versa.

2.2.4 A dimensão humana compreende os elementos relacionados às estruturas


sociais e aos seus comportamentos e interesses, normalmente geradores do
conflito. Nesse contexto, a análise do terreno humano – agregado de
características socioculturais existentes em um determinado ponto no tempo e no
espaço geográfico – adquire a mesma relevância da análise do terreno físico.

2-2
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2.2.5 A dimensão informacional do ambiente operacional reveste-se de


destacada importância, uma vez que as mudanças sociais contemporâneas
ocorridas decorrem diretamente dos avanços na área das TIC, que
proporcionam elevada capacidade de transmissão, acesso e compartilhamento
da informação.

Fig 2-1 As dimensões do ambiente operacional

2.2.6 A DIMENSÃO INFORMACIONAL

2.2.6.1 A dimensão informacional é o conjunto de indivíduos, organizações e


sistemas no qual tomadores de decisão são utilizados para obter, produzir,
difundir e atuar sobre a informação. Essa dimensão é composta por três
perspectivas interrelacionadas que interagem continuamente, entre si, e com
indivíduos, organizações e sistemas. Essas perspectivas são: a física, a lógica
e a cognitiva (Fig 2-2).

2.2.6.2 A avaliação dos efeitos produzidos no domínio da informação, na


percepção da realidade e na vontade dos decisores envolve outras
perspectivas além das relacionadas com o contexto das operações militares
tradicionais, orientadas para o atrito com um oponente estatal ou não, seja ele
regular seja irregular. Muitos dos efeitos na vontade são atingidos na dimensão
informacional que apoia a decisão, revelando implicações também relevantes
nos domínios cognitivo e social.

2-3
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2.2.6.3 A Perspectiva Física

2.2.6.3.1 A perspectiva física é composta por sistemas de Comando e Controle


2
(C ), pelo apoio de infraestruturas que propiciam aos indivíduos e organizações
criarem efeitos desejados. É a dimensão em que residem as plataformas
físicas e as redes de comunicação que as conectam.
2
2.2.6.3.2 A perspectiva física inclui seres humanos, instalações de C , unidades
de processamento de computadores, jornais, livros, torres de micro-ondas,
laptops, smartphones, tablets ou quaisquer outros objetos e medidas. Tal
perspectiva não se limita apenas aos sistemas e processos tipicamente
militares ou mesmo nacionais, ela é uma rede conectada que extrapola as
fronteiras geográficas, políticas, psicossociais e econômicas. É de caráter
multinacional.

2.2.6.4 A Perspectiva Lógica

2.2.6.4.1 A perspectiva lógica engloba onde e como as informações são


2
obtidas, produzidas, armazenadas, protegidas e difundidas. É onde o C das
forças militares é exercido e por meio da qual a intenção do comandante é
transmitida. As ações nessa perspectiva afetam o conteúdo e o fluxo de
informações.

2.2.6.5 A perspectiva Cognitiva

2.2.6.5.1 A perspectiva cognitiva abrange as mentes daqueles que têm a


responsabilidade de obter, produzir, difundir e atuar sobre a informação. Ela
refere-se a indivíduos ou a grupos de processamento da informação,
percepção, avaliação e da tomada de decisão. Esses elementos são
influenciados por vários fatores e podem incluir: crenças individuais e culturais,
normas, vulnerabilidades, motivações, emoções, experiências, costumes,
educação, saúde mental, identidades e ideologias.

2.2.6.5.2 A definição desses fatores que influenciam em um determinado


ambiente é fundamental para a compreensão de como melhor influenciar a
mente do tomador de decisão e criar os efeitos desejados.

2-4
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CENTRADA NO HOMEM

CENTRADA EM DADOS CENTRADA NA


INFRAESTRUTURA

Fig 2-2 Perspectivas da dimensão informacional

2.2.6.6 Na dimensão informacional, não há como, a priori, entre as


perspectivas, definir a mais importantes. As perspectivas são constituídas por
fatores que, de forma integrada, as definem (Fig 2-3). Esses fatores, de acordo
com o a análise da dimensão informacional, podem tornar-se alvo de Op Info,
de nossa parte ou por parte de oponentes ou potenciais adversários.

Fig 2-3 Interação das perspectivas da dimensão informacional

2-5
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2.3 CONTEXTO ESTRATÉGICO PARA AS OPERAÇÕES DE


INFORMAÇÃO

2.3.1 O contexto estratégico global tem demonstrado que a maioria das


ameaças contemporâneas tem suas origens na reunião de fatores conjunturais
locais, nacionais e internacionais. Esses fatores estão relacionados, com
frequência, ao crescimento populacional e ao controle de recursos naturais e,
normalmente, conjugados à proliferação de tecnologias (incluindo as
relacionadas a armas e a agentes de destruição em massa), ao terrorismo
internacional e transnacional, ao narcotráfico, à degradação ambiental e à
migração massiva.

2.3.2 Nessas condições, redes criminosas transnacionais e grupos extremistas


encontram campo fértil, explorando a instabilidade de Estados fracos e com
problemas de governabilidade. A violência politicamente motivada pode
assumir novas e mais complexas formas. Admite-se que, mesmo nos conflitos
armados localizados no espectro superior dos conflitos, haja uma razoável
gama de atores relevantes atuando em um espaço que vai além do campo de
batalha.

2.3.3 A dimensão informacional do ambiente operacional, em uma sociedade


cada vez mais influenciada pela informação, reveste-se de destacada
importância, uma vez que a percepção estabelecida como válida nas mentes
de um ou mais Pub A – a narrativa dominante – pode ser considerada um
ponto decisivo nas operações militares contemporâneas e o “terreno”
informacional passa a ser tão importante quanto o físico e o humano.

2.3.4 Nesse contexto, a percepção que a população tem da realidade é de


suma importância. Controlar a “narrativa” é não apenas comunicar bem, mas
comunicar primeiro e com mais e melhores informações. Dessa constatação,
decorrem outras:
a) a prioridade atribuída aos assuntos de defesa é definida a partir da
percepção da sociedade sobre as ameaças concretas e potenciais;
b) nas situações para as quais a sociedade aceita a solução pela via militar,
espera-se que o emprego da força seja seletivo, gradual, proporcional e de
curta duração. O excesso de força é dispendioso e, por isso, inaceitável;
c) perder o controle da narrativa pode levar a sérias restrições à liberdade de
ação e até mesmo impor a derrota no Espaço de Batalha; e
d) prevenir a ocorrência de fratricídio informacional, a fim de não comprometer
a conquista dos objetivos informacionais estabelecidos pelos comandantes.

2.3.5 A facilidade de acesso a novas tecnologias, a atuação da mídia, a


socialização da internet e a utilização em massa das redes sociais
disponibilizam, a qualquer indivíduo e de forma instantânea, informações que
antes eram reservadas aos Estados. Os diversos atores, estatais ou não,
conduzem suas atividades ostensivas com o entendimento de que elas podem

2-6
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ser gravadas e difundidas ao “público global” instantaneamente.

2.3.6 A comunicação com as sociedades nacional e global determina a


narrativa dominante. A importância atribuída à opinião pública, portanto, pode
transformá-la em um dos Centros de Gravidade a ser conquistado em qualquer
situação de emprego de elementos da F Ter (Fig 2-4).

Fig 2-4 A narrativa dominante e a opinião pública

2.3.7 Os oponentes e potenciais adversários (estatais ou não) de um Estado


são igualmente conscientes da importância dessas novas possibilidades e
podem utilizar as capacidades relacionadas com a informação para obter
vantagens na dimensão informacional, da mesma forma que usam tecnologias
militares mais tradicionais para obter vantagens nas outras dimensões do
ambiente operacional.

2.3.8 Assim, toda ação, atividade, tarefa e/ou operação militar terrestre pode
ser potencialmente “capturada” em imagens digitais, as quais, em alguns
casos, podem ser manipuladas por atores com interesses contrários, cada qual
buscando controlar a “narrativa”. A visibilidade imposta pelas mídias sociais e
tradicionais torna-se, portanto, uma consideração fundamental para o emprego
de elementos da F Ter.

2.3.9 Tal constatação tem transformado a dimensão informacional em um


campo de batalha virtual, o que representa tanto uma ameaça para os
elementos da F Ter, nas operações desencadeadas no amplo espectro dos
conflitos, como um elemento multiplicador do poder de combate, quando
aproveitada de forma eficaz.

2-7
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2.3.10 Essa caracterização conduz à percepção de como a dimensão


informacional tornou-se essencial e como as Capacidades Relacionadas à
Informação (CRI) podem ser efetivamente integradas e exploradas nas
operações militares, para criar os efeitos e as condições necessárias para
atingir o Estado Final Desejado (EFD).

2-8
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CAPÍTULO III

FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO

3.1 GENERALIDADES

3.1.1 Os Estados modernos procuram, dentro do espectro das ações de


comunicação nacional, divulgar seus objetivos como nação para outros estados
e instituições, de forma a proporcionar a desejável liberdade de ação para que
possam desenvolver suas estratégias nacionais.

3.1.2 Essa atividade é definida por comunicação estratégica, que trata da


abordagem conjunta de governo, impulsionada por processos interagências e
de integração de esforços focados em comunicar eficazmente a estratégia
nacional.

3.1.3 Para atingir esses objetivos, no âmbito do MD, deve ocorrer a


segmentação dos temas e ações setoriais, nos quais são desenvolvidos os
preceitos da Comunicação Estratégica Militar.

3.1.4 A Comunicação Estratégica Militar é a atividade na qual as FA devem


realizar esforços deliberados para atuar sobre os públicos designados para
criar, fortalecer ou preservar condições favoráveis ao avanço dos interesses,
políticas e objetivos da nação, afetando percepções, atitudes e
comportamentos. Ela deve ser implementada através do alinhamento de ações,
imagens e palavras e da sincronização do poder militar com todos os
elementos do PN, incluindo ações militares, para alcançar objetivos
estratégicos e é, portanto, integral ao planejamento e condução de todas as
operações e atividades militares.

3.1.5 No âmbito do Planejamento das Operações Militares, as Op Info


traduzem os objetivos da Comunicação Estratégica Militar para os Objetivos da
campanha militar no âmbito da dimensão informacional.

3.1.6 As Op Info fornecem opções estratégicas no âmbito político e alternativas


operacionais e/ou táticas aos comandantes dos elementos da F Ter de um
Teatro de Operações/Área de Operações (TO/A Op), quando ativado (a).

3.2 CONCEITUAÇÃO DE OPERAÇÕES DE INFORMAÇÕES

3.2.1 As Op Info são o emprego integrado de CRI e outros recursos


relacionados à informação, no âmbito da dimensão informacional, para
influenciar, interromper, corromper ou para usurpar o processo de tomada de

3-1
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decisões de adversários e potenciais adversários, enquanto protege o nosso


próprio.

3.2.2 As Op Info reúnem as CRI e outros recursos de forma permanente e de


maneira coerente para criar efeitos na dimensão informacional e, por meio
deles, aumentam a capacidade de oferecer vantagem operativa ao
comandante. Enquanto as CRI isoladas criam efeitos individuais, as Op Info
enfatizam os efeitos integrados e sincronizados como essenciais para alcançar
os objetivos na dimensão informacional.

3.2.3 Uma CRI é uma ferramenta técnica ou atividade empregada em uma


perspectiva da dimensão informacional, que pode ser usada para criar efeitos e
condições desejáveis. Entre elas são incluídas a Inteligência, a Comunicação
Social (Com Soc), as Operações Psicológicas (Op Psc) , a Guerra Eletrônica
(GE), a Guerra Cibernética (G Ciber) e os Assuntos Civis (As Civ).

3.2.4 As Op Info procuram criar efeitos específicos na dimensão informacional.


Efeitos imediatos (interrupção, corrupção, usurpação) são possíveis nas
perspectivas físicas e lógicas por meio da negação, degradação ou destruição
de recursos relacionados à informação dos adversários ou inimigos. No
entanto, os efeitos na perspectiva cognitiva (influência) levam mais tempo para
se manifestar. São esses efeitos cognitivos - como testemunhados por
alterações de comportamentos - que mais importam para alcançar resultados
decisivos na dimensão informacional.

3.2.5 É necessário afetar a tomada de decisão do inimigo ou do adversário em


todos os seus fatores contribuintes. Esses fatores incluem, mas não estão
2
limitados a sistemas de C , bem como outros sistemas que facilitam a tomada
de decisão, sistemas de comunicação, conteúdo da informação, pessoas que
participam do processo decisório e redes de pessoas que influenciam o
tomador de decisão e a quem o tomador de decisão procura influenciar. Em
suma, todos os públicos relevantes nas áreas de operações e de interesse.

3.2.6 Em nossas operações militares, os comandantes dependem de uma


variedade de sistemas, capacidades, informações, redes e assessores para
apoiar na tomada de decisões. Para obter vantagem na Dimensão
Informacional é fundamental proteger os sistemas, informações e pessoal que
apoia a tomada de decisão amiga. (Fig 3).

3-2
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Fig 3 – 1 Representação esquemática das operações de informação

3.3 PRINCÍPIOS DAS OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO

3.3.1 As operações militares requerem a aplicação de uma série de princípios


de caráter operativo, interdependentes, derivados dos princípios de guerra.

3.3.2 As Op Info normalmente exigem abordagens “não ortodoxas”, sem negar


os princípios operativos tradicionais. Ao contrário, enfatizam de forma diferente
a combinação desses princípios ou a importância relativa de cada um.

3.3.3 Às Op Info, uma série de princípios fundamentais específicos deve ser


aplicada, a qual facilita o planejamento e a condução dessas operações
desencadeadas nas situações de guerra e de não guerra, no amplo espectro
dos conflitos. Esses princípios são relacionados como se segue:
a) direção e envolvimento pessoal do comandante – o comandante, ao
envolver-se pessoalmente, proporciona a adequada orientação ao
planejamento e a condução das Op Info, facultando-lhe dirigir e controlar os
esforços das atividades de Op Info em todo ciclo do processo decisório. Na
finalidade das Op Info, deve ser especificado o EFD a ser alcançado na
dimensão informacional, bem como definido como essas operações contribuem
para o cumprimento da missão do escalão superior;
b) estreita coordenação – as Op Info devem integrar-se estreitamente à
cadeia de comando. Todas as suas tarefas devem ser coordenadas e
sincronizadas com outras atividades operativas, de forma sinérgica, para evitar

3-3
EB70-MC-10.213

o conflito, a redundância e a dispersão do poder de combate, particularmente,


entre as CRI;
c) acurada atividade de inteligência – as Op Info devem ser fundamentadas,
em todas as fases de uma campanha militar, em informações confiáveis e
oportunas sobre o terreno (físico e humano), o inimigo, as condições
meteorológicas, as considerações civis, os atores adversários potenciais e
audiências neutras cujas percepções podem influir no resultado das operações.
O pessoal que as conduz deve trabalhar estreitamente com os integrantes do
Sistema de Inteligência para definir as Necessidades de Inteligência (NI) e o
Repertório de Conhecimentos Necessários (RCN) que permitam planejar,
executar e avaliar a efetividade das Op Info;
d) planejamento centralizado e execução descentralizada – esse princípio é
válido para as Op Info em todos os níveis de planejamento e condução das
operações militares. Porém um controle centralizado na execução pode ser
necessário em determinadas atividades nas quais todos os elementos
envolvidos devem seguir rigidamente um plano;
e) planejamento baseado em efeitos – os efeitos perseguidos podem incluir a
destruição, a neutralização, a inutilização, a influência, a dissimulação e a
negação da informação, por meio do uso de meios que produzem efeitos letais
ou não letais. As Op Info são integradas ao processo de Seleção, Análise e
Aquisição de Alvos que, por sua vez, podem influir e criar efeitos involuntários
nas operações. Esses efeitos devem ser analisados por pessoal especializado
em Op Info, com vistas a adotar medidas para mitigá-los;
f) envolvimento precoce e preparação antecipada – o planejamento das Op
Info deve começar o mais breve, particularmente, quando influir nas
percepções-chave para o êxito, considerando que tanto o planejamento como a
execução necessitam de tempo e os resultados não são imediatos. A direção e
o propósito do comandante sobre as Op Info, como parte do processo de
planejamento, devem ser proporcionados o mais cedo possível. O pessoal
dedicado à condução dessas operações deve estar envolvido totalmente no
processo de planejamento da campanha militar; e
g) análise e acompanhamento dos efeitos – o acompanhamento no êxito das
Op Info requer uma contínua avaliação dos efeitos sobre os objetivos, a curto,
médio e a longo prazos, de suas capacidades e atividades interrelacionadas.
Isso é possível, pela intensa atividade de inteligência, baseada nos dados e
informações obtidos de todas as fontes disponíveis.

3.4 CARACTERÍSTICAS DAS OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO

3.4.1 As Op Info são caracterizadas por suas utilidades e peculiaridades.


Entender tais características proporciona ferramentas apropriadas aos
comandantes (operacionais e táticos) de elementos da F Ter e níveis
decisórios superiores para autorizar o desencadeamento desse tipo de
operação, na aplicação do poder militar. As Op Info possuem as seguintes
características:

3-4
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a) prioridade para as dimensões informacional e humana – atuam,


prioritariamente, mas não exclusivamente, sobre as dimensões humana e
informacional do ambiente operacional;
b) legalidade – seu emprego é condicionado por diplomas legais: legislação
internacional; leis que regem os conflitos armados; regras de engajamento;
memorandos de entendimento; e protocolos e acordos que se estabeleçam;
c) coesão em todos os níveis de planejamento – seus objetivos devem estar
claramente identificados e alinhados com os objetivos políticos, estratégicos e
militares definidos;
d) coordenação com todas as atividades e tarefas – apoiam de forma global
a consecução dos objetivos estabelecidos para uma campanha militar e suas
atividades devem estar minuciosamente incorporadas e coordenadas com as
demais ações previstas nas operações;
e) flexibilidade na dosagem do esforço – em algumas das fases de uma
campanha militar, as Op Info podem exercer o esforço principal, um esforço de
apoio ou inclusive desenvolver uma fase;
f) ampla abrangência das Op Info – além de buscar a formação da opinião
dos diversos Pub A, busca afetar, pela integração de todas as capacidades, o
ciclo de tomada de decisão do oponente, atingindo os meios (pessoal e
material) que o apoiam, e neutralizar os efeitos das ações adversárias na
dimensão informacional; e
g) aumenta o poder de combate – contribui, durante as operações, na
conquista e/ou manutenção da liberdade de ação, para a preservação do
processo decisório e da capacidade de transmitir ordens às forças
subordinadas, cooperando, inclusive, para o restabelecimento dos sistemas
danificados pelo adversário e para a degradação do poder de combate do
oponente.

3-5
EB70-MC-10.213

CAPÍTULO IV

CAPACIDADES NAS OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO E SUA


INTEGRAÇÃO

4.1 GENERALIDADES

4.1.1 Conduzir operações militares terrestres no contexto de prevenção de


ameaças, de gerenciamento de crises ou de solução de conflitos armados
exige que autoridades, chefes e comandantes militares, em todos os níveis,
saibam lidar com diversificadas fontes que disponibilizam dados e/ou produzem
informações.

4.1.2 Os comandantes de elementos da F Ter, seus Estados-Maiores (EM) e


suas forças subordinadas devem atuar de forma conjunta, em ambiente
interagências e, em algumas situações, com parceiros multinacionais, para
isolar e/ou neutralizar oponentes, proteger nossas forças e tranquilizar
populações da A Op.

4.1.3 O presente capítulo visa a explorar as CRI e a integração entre as que,


de alguma forma, são direta ou indiretamente vinculadas às Op Info. Também
tem o propósito de responder por que a integração e sincronização dessas
capacidades são fundamentais para que os comandantes de elementos da F
Ter, nas Operações no amplo espectro, sejam bem-sucedidos.

4.2 CAPACIDADES RELACIONADAS À INFORMAÇÃO

4.2.1 As CRI são aptidões requeridas para afetar a capacidade dos oponentes
ou potenciais adversários de orientar, obter, produzir e/ou difundir informações,
em qualquer uma das três perspectivas da dimensão informacional (física,
cognitiva ou lógica).

4.2.2 As CRI permitem maximizar o potencial do comandante de informar e


influenciar Pub A de interesse para as operações, bem como afetar ou obstar o
processo de tomada de decisão de potenciais oponentes, ao mesmo tempo em
que protege o nosso processo decisório. Visam, ainda, a evitar, impedir ou a
neutralizar os efeitos das ações adversárias na dimensão informacional, por
meio de uma série de atividades, para moldar e assegurar os resultados
desejados.

4.2.3 As capacidades a seguir apresentadas, contribuem para a condução de


Op Info e devem ser levadas em consideração por ocasião do planejamento,
preparação e execução dessas operações. Essas capacidades são aquelas as

4-1
EB70-MC-10.213

quais, normalmente, estarão diretamente ligadas ao domínio da dimensão


informacional.

4.2.4 Maiores informações sobre as diversas CRI podem ser obtidas por
intermédio da consulta aos manuais de campanha específicos .

4.2.5 COMUNICAÇÃO SOCIAL

4.2.5.1 É o processo pelo qual se pode exprimir ideias, sentimentos e


informações, visando a estabelecer relações e somar experiências. É um
campo de conhecimento acadêmico que busca aperfeiçoar o relacionamento,
entre os seres humanos, como indivíduos ou como integrantes de um grupo
social. A Com Soc cumpre a missão do Exército de manter os públicos
(internos e externos) informados, para isso envolve atividades de: Relações
Públicas, Assessoria de Imprensa e Divulgação Institucional.

4.2.5.2 Relações Públicas

4.2.5.2.1 É a atividade da Com Soc que contribui diretamente para o


aprimoramento da imagem da instituição, estabelecendo um canal permanente
de comunicação, entre seus integrantes, buscando o ajustamento e a interação
entre esses. As Relações Públicas (RP) permitem a implementação de ações
de informação, promoção e propaganda, além de exercerem papel fundamental
na legitimidade institucional.

4.2.5.3 Assessoria de Imprensa

4.2.5.3.1 É a atividade da Com Soc que compreende as atividades pelas quais


se divulgam os assuntos relacionados ao EB para o público externo, em
especial, para órgãos de Com Soc nacionais e estrangeiros.

4.2.5.4 Divulgação Institucional

4.2.5.4.1 É a atividade da Com Soc que promove e dissemina a imagem da


Força, por meio de campanhas e produtos direcionados aos diferentes
públicos.

4.2.6 OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS

4.2.6.1 As Op Psc são definidas como procedimentos técnico-especializados,


aplicáveis de forma sistematizada, de modo a influenciar Pub A a manifestarem
comportamentos desejáveis, com o intuito final de apoiar a conquista dos
objetivos estabelecidos.

4.2.6.2 As Op Psc são aplicáveis às operações militares desencadeadas no


amplo espectro dos conflitos, nas situações de guerra e de não guerra, o que

4-2
EB70-MC-10.213

inclui ações que precedem ou independem da ativação de TO/AO, tais como:


campanhas militares de operações de vulto; evacuação de não combatentes;
ajuda humanitária; ações na faixa de fronteira; entre outras.

4.2.6.3 As Op Psc enfocam a perspectiva cognitiva da dimensão informacional


do ambiente operacional, influenciando as emoções, o raciocínio, as
motivações, os objetivos e o comportamento de Pub A (indivíduos, grupos ou
organizações) que não se limitam apenas a oponentes reais e potenciais
adversários, mas incluem populações neutras e aliadas.

4.2.7 GUERRA ELETRÔNICA

4.2.7.1 A GE é o conjunto de atividades que visam a desenvolver e assegurar a


capacidade de emprego eficiente das emissões eletromagnéticas próprias, ao
mesmo tempo em que buscam impedir, dificultar ou tirar proveito das emissões
inimigas. É responsável, portanto, por garantir e manter a liberdade de ação no
espaço eletromagnético para nossas forças enquanto exploram ou negam essa
liberdade aos oponentes.

4.2.7.2 Além de contribuir para influenciar Pub A adversários, a GE está


intimamente vinculada às Op Info no que se refere à degradação do processo
decisório de potenciais oponentes, ao mesmo tempo em que é utilizada para
proteger o nosso. Serve, ainda, desde que devidamente integrada a outras
CRI, para evitar, impedir ou neutralizar os efeitos das ações adversárias na
dimensão informacional.

4.2.7.3 A GE divide-se em função dos objetivos que norteiam o seu emprego,


nos ramos relacionados a seguir:
a) Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica (MAGE) – ramo de natureza
passiva, que visa a obter dados do oponente, a partir das emissões
eletromagnéticas de interesse utilizadas pelo oponente;
b) Medidas de Ataque Eletrônico (MAE) – ramo que visa a impedir ou a
dificultar o uso do espectro eletromagnético pelo oponente, pelo uso da
irradiação, reirradiação, reflexão, alteração ou absorção intencional de energia
eletromagnética; e
c) Medidas de Proteção Eletrônica (MPE) – ramo que busca assegurar a
utilização eficaz e segura das próprias emissões eletromagnéticas, a despeito
das ações de GE empreendidas pelo oponente ou formas de interferências
“não intencionais”.

4.2.8 GUERRA CIBERNÉTICA

4.2.8.1 A revolução tecnológica elevou o espaço cibernético a uma nova


condição nos assuntos relacionados à Defesa & Segurança. É um domínio
global dentro da dimensão informacional do ambiente operacional que consiste
em uma rede interdependente de infraestruturas de TIC e de dados residentes,

4-3
EB70-MC-10.213

incluindo a internet, redes de telecomunicações, sistemas de computador e


processadores embarcados e controladores.

4.2.8.2 As Ações Cibernéticas (Exploração, Ataque e Proteção) são o emprego


de recursos do espaço cibernético e objetivam: proteger os próprios ativos de
informação; explorar e atacar redes do oponente, mantendo a capacidade de
interferir no desenrolar das operações militares no Espaço de Batalha; bem
como afetar as condições de normalidade em uma determinada área ou região,
atingindo gravemente o funcionamento de estruturas estratégicas e serviços
essenciais destinados à população.

4.2.8.3 As ações cibernéticas visam a negar ou a manipular o oponente ou


potencial adversário, por meio do direcionamento de um meio de informação
(como um ponto de acesso sem fio na perspectiva física), da mensagem em si
(uma mensagem cifrada na perspectiva lógica), ou de uma pessoa virtual (uma
identidade online que facilita a comunicação, a tomada de decisão e/ou a
influência dos PA na perspectiva cognitiva).

4.2.9 INTELIGÊNCIA

4.2.9.1 A Inteligência Militar é o conjunto de atividades e tarefas técnico-


militares exercidas em caráter permanente, com os objetivos de produzir
conhecimentos de interesse dos comandantes e seus EM, em todos os níveis,
bem como proteger conhecimentos sensíveis, instalações e pessoal do EB
contra ações do oponente. É dividida nos ramos inteligência e
contrainteligência (C Intlg).

4.2.9.2 O ramo inteligência desenvolve seus trabalhos orientados pelas


necessidades de conhecimentos definidas pelos seus usuários, de forma
permanente, com vistas a reduzir o grau de incerteza que cerca o processo
decisório da F Ter, em qualquer situação e em qualquer escalão.

4.2.9.3 A C Intlg é o ramo voltado para a prevenção, detecção, obstrução e a


neutralização da atuação adversa e das ações de qualquer natureza que
possam se constituir em ameaças à salvaguarda de dados, informações,
conhecimentos e seus suportes, tais como documentos, áreas, instalações,
pessoal, materiais e meios de tecnologia da informação.

4.2.9.4 A Inteligência é uma capacidade vital para as Op Info. A utilização de


conhecimentos de inteligência integrados facilita sobremaneira a compreensão
da inter-relação entre as perspectivas física, lógica e cognitiva da dimensão
informacional.

4.2.9.5 A inteligência envolve um processo integrado de fusão de dados,


permeia todo o ciclo do conhecimento (orientação, obtenção, produção e
difusão) e gera produtos que irão expor as capacidades e vulnerabilidades de

4-4
EB70-MC-10.213

oponentes e de potenciais adversários selecionados. Para tal, utiliza uma


variedade de ferramentas (técnicas e não técnicas) para avaliar a dimensão
informacional.

4.2.10 ASSUNTOS CIVIS

4.2.10.1 Os As Civ são um conjunto de atividades referentes ao relacionamento


do componente militar com as autoridades civis e a população da área ou
território sob a responsabilidade ou jurisdição do comandante dessa
organização ou força. Compreendem Assuntos de Governo e Cooperação
Civil-Militar (CIMIC).

4.2.10.2 Os Assuntos de Governo são as atividades de As Civ na qual, em uma


situação de guerra ou comoção interna, devem ser normatizadas as relações
entre o comandante militar e as forças a ele subordinadas com as autoridades
e com a população da área submetida à condução de ações pela força, no que
se refere à administração local, considerando as atividades governamentais,
econômicas, de serviços públicos e especiais. As relações são normalmente
estabelecidas nos níveis político, estratégico e operacional.

4.2.10.3 A CIMIC caracteriza-se por atividades que buscam estabelecer,


manter, influenciar ou explorar as relações entre as forças militares, as
agências, as autoridades e a população em uma área operacional. Contribui
para atingir os objetivos militares e garantir um ambiente seguro e estável, de
acordo com a natureza da missão. A CIMIC está inserida nos As Civ e
compreende ações comunitárias e de coordenação com organizações não
governamentais, organizações internacionais e, eventualmente, organizações
governamentais.

4.2.10.4 As atividades de As Civ podem afetar diretamente e/ou ser afetadas


pelas Op Info e contribuem para assegurar a legitimidade das operações, a
transparência das ações e a credibilidade dos elementos da F Ter.

4.2.11 OUTROS RECURSOS (CAPACIDADES, ATIVIDADES, TÉCNICAS E


FERRAMENTAS) RELACIONADOS ÀS OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO

4.2.11.1 Os comandantes de elementos da F Ter podem designar outros


recursos para apoiar os esforços das Op Info, durante o processo de
planejamento, preparação e execução das operações terrestres. Por ocasião
do referido processo, tais comandantes devem decidir em que aspectos as
outras capacidades, atividades, técnicas e ferramentas a seguir relacionadas
podem ser aproveitadas, a fim de maximizar as CRI, para o atingimento de
objetivos na dimensão informacional do ambiente operacional.

4-5
EB70-MC-10.213

4.2.11.2 Dissimulação Militar

4.2.11.2.1 A Dsml Mil é um dos mais antigos recursos usados para influenciar a
percepção de um adversário. Pode ser caracterizada como um conjunto de
ações executadas deliberadamente para enganar os tomadores de decisão
oponentes, contribuindo para o cumprimento da missão das nossas forças.

4.2.11.2.2 Apesar de requerer um profundo conhecimento dos processos de


tomada de decisão do oponente ou de um potencial adversário, ressalte-se que
a Dsml Mil é focada no comportamento desejado. Não sendo suficiente apenas
enganá-los, a Dsml Mil é projetada para levá-los a se comportar, de acordo
com os nossos interesses, facilitando o cumprimento da nossa missão.

4.2.11.2.3 Portanto, a finalidade precípua da Dsml Mil é contribuir com as


operações terrestres, influenciando o decisor adversário a reagir de forma
favorável aos nossos planos. Englobam a Dissimulação Tática (fintas e
demonstrações), o Despistamento e a Contradissimulação.

4.2.11.3 Ataque Físico

4.2.11.3.1 O Ataque Físico é a aplicação do poder de combate, por meio de


ações letais, para destruir ou degradar forças oponentes, fontes de sistemas
habilitados por rede e/ou insfraestruturas. Inclui fogos diretos e indiretos (de
terra, mar e/ou ar) e, também, ações diretas por parte de Forças de Operações
Especiais (F Op Esp).

4.2.11.3.2 Muitas vezes, os comandantes de elementos da F Ter devem utilizar


esta ferramenta para degradar ou destruir as CRI do adversário, amplificando
os efeitos das Op Info conduzidas por forças amigas em um TO/A Op. Dentre
as quais temos: a neutralização, por meio de F Op Esp, de uma estação-rádio
clandestina, utilizada por oponentes, como vetor de disseminação de
propaganda contrária às nossas operações militares.

4.2.11.4 Segurança das Operações

4.2.11.4.1 A Segurança das Operações (Seg Op) compreende o conjunto de


medidas adotadas por elementos da F Ter, visando à prevenção e à proteção
contra ações ofensivas – incluindo as realizadas na Dimensão Informacional (a
tomada de decisão humana e automatizada) –, inquietações de surpresa e
contra observação por parte do adversário.

4.2.11.4.2 A finalidade precípua é proteger forças, infraestruturas, atividades e,


dentro do possível, a população local da A Op, negando vantagens ao
oponente e consolidando êxitos, a fim de conservar a iniciativa das ações,
preservar o sigilo das operações e de obter a liberdade de ação.

4-6
EB70-MC-10.213

4.2.11.4.3 A Seg Op é planejada para mitigar riscos associados a


vulnerabilidades específicas, a fim de negar informações críticas sobre nossas
forças a oponentes ou a potenciais adversários, buscando aumentar a
possibilidade de êxito da missão, preservar o sigilo e surpresa de nossas ações
e, ainda, servir como um multiplicador de forças.

4.2.11.4.4 A Segurança Física (ou orgânica) é parte da Seg Op voltada para as


medidas físicas destinadas a salvaguardar informações/conhecimento, a fim de
negar o acesso aos equipamentos, instalações, materiais e documentos por
pessoal não autorizado e para protegê-los contra a espionagem, sabotagem,
dano e/ou a furto. Tais medidas obrigam aos adversários a alocação de mais
recursos para obtenção de informações críticas necessárias ao seu processo
decisório e facilitam o atingimento do EFD das nossas forças.

4.2.11.4.5 Visando à integração e à sincronização das ações de segurança


com as Op Info e como atividade crítica, os planejadores de Op Seg devem
estar familiarizados com as operações das nossas forças, a fim de facilitar a
salvaguarda de informações/conhecimento. Essa consciência situacional sobre
as nossas forças, as ameaças e as possibilidades do oponente está disponível
na(s) estrutura(s) de Op Info.

4.2.11.5 Câmera Tática

4.2.11.5.1 A Câmera Tática é uma técnica que emprega especialistas em


câmeras e recursos de imagens de vídeo que são disponibilizados aos
comandantes de elementos da F Ter para apoiar requisitos operativos e de
planejamento. Esses elementos utilizam as capacidades de registro em vídeo
que vão desde imagens aéreas até vídeos subaquáticos para apoiar as Op
Info.

4.2.11.5.2 As equipes de Câmera Tática acessam áreas e eventos


normalmente inacessíveis a outros meios (pessoal e material). Além disso,
agregam-se à capacidade tecnológica para transmitir imagens em tempo real,
que, por sua vez, servem para reforçar outras CRI. Além disso, o registro das
operações fornece apoio aos especialistas em desinformação e/ou
propaganda.

4.2.11.6 Presença, Atitude e Perfil

4.2.11.6.1 Apesar de não ser considerada uma CRI tradicional, os


comandantes geralmente se valem da presença, postura e do perfil de
integrantes de elementos da F Ter para repassar mensagens, para audiências
selecionadas. Essa técnica é um recurso relacionado às Op Info e mostra-se
eficaz em divulgar uma mensagem.

4-7
EB70-MC-10.213

4.2.11.6.2 O militar do Exército tem uma grande responsabilidade no processo


de manutenção e fortalecimento da imagem da Instituição. Deve compreender
o seu papel fundamental como agente da Com Soc e deve ter a convicção de
que a sua presença, atitude, conduta, mensagens que transmite, seu
comprometimento com a Força e a sua crença na Instituição refletem-se
diretamente na imagem do Exército.

4.2.11.6.3 A realização de uma operação envolvendo os elementos da F Ter,


com uniforme de combate, equipados e armados, transmite uma mensagem
diferente daquela em que soldados desarmados, com uniforme de passeio,
participam de um evento. Toda ação ou omissão passa uma mensagem ao
público.

4.2.11.6.4 Dependendo dos efeitos pretendidos, comandantes podem designar


elementos da F Ter para tornar um ambiente mais seguro simplesmente pela
presença ou patrulhamento ostensivo. Podem, também, desdobrar forças para
moldar um ambiente operacional, quando necessário. Os comandantes devem
reconhecer como as ações de elementos da F Ter, em suas áreas de atuação,
apoiam ou comprometem a concepção global no contexto da comunicação
estratégica.

4.2.11.7 Engajamento de Líderes-chave (Relações Institucionais)

4.2.11.7.1 O engajamento de líderes-chave, por intermédio das relações


institucionais, são compromissos deliberados e planejados entre líderes
militares e líderes de audiências de interesse na A Op que têm objetivos
definidos, como uma mudança de política ou apoio aos objetivos da Campanha
Militar.

4.2.11.7.2 Esses compromissos podem ser usados para moldar e influenciar


esses líderes nos níveis estratégico, operacional e tático e, também, podem ser
direcionados a grupos específicos, como líderes religiosos, líderes acadêmicos
e líderes tribais; por exemplo, para solidificar a confiança nas tropas da
operação.

4.2.11.7.3 O engajamento de Líderes-chave pode ser aplicável a uma gama de


operações, como operações de estabilização, operações de evacuação não
combatentes e operações humanitárias, entre outras. Quando totalmente
integrado com outras CRI em operações, podem efetivamente moldar e
influenciar os líderes de audiências de interesse do comandante.

4-8
EB70-MC-10.213

4.3 INTEGRAÇÃO E SINCRONIZAÇÃO DE CAPACIDADES NAS


OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO

4.3.1 As CRI e demais recursos supramencionados, relacionados às Op Info e


à disposição do comandante, não constituem uma lista definitiva de todas as
possibilidades. A aptidão para acessar tais instrumentos está diretamente
relacionada à forma como os comandantes de elementos de emprego da F Ter
compreendem a importância das Op Info.

4.3.2 A utilização de apenas uma CRI ou de um dos recursos relacionados às


Op Info, associada à complexidade do ambiente operacional, dificulta
sobremaneira o atingimento dos efeitos desejados na dimensão informacional.
As Op Info não são traduzidas na aplicação individualizada de uma CRI ou
recurso relacionado, mas sim no uso integrado e sincronizado dessas
capacidades e recursos como multiplicadores de força para a criação de um
efeito desejado.

4.3.3 Embora a ação independente de cada CRI seja fundamental para o êxito
no combate moderno sempre que possível, deve ser buscado o uso integrado,
coordenado e sincronizado dessas capacidades e recursos, a fim de aumentar
o poder de combate para a conquista dos objetivos no âmbito da dimensão
informacional.

4.3.4 Como contribuição da integração e sincronização das CRI e recursos


relacionados às Op Info, podem ser destacadas a economia de forças, na
obtenção de vantagens na dimensão informacional, e a redução de risco de
fratricídio das informações. A integração, sincronização e a adaptação desses
vetores às especificidades das Op Info potencializam as linhas de esforço
estabelecidas para atingir o EFD.

4.3.5 Os comandantes e os seus EM devem considerar todos os recursos na


elaboração de soluções e planos de Op Info, podendo designar quaisquer das
suas capacidades orgânicas e/ou solicitar outras para apoiar os seus objetivos
e aumentar os efeitos desejados na dimensão informacional.

4.3.6 Os especialistas em Op Info devem integrar e sincronizar as capacidades


para obter mais efetividade nas operações terrestres. Da mesma forma, a
proteção de sistemas habilitados em rede e seus componentes também
requerem cuidadosa integração e sincronização entre as Seções de EM e os
especialistas supramencionados.

4.3.7 De uma maneira geral, as atividades das CRI e de outros recursos


relacionados à informação podem ser agrupados, de acordo com os efeitos que
proporcionam nas diversas perspectivas da dimensão informacional, as quais
são:
a) Atividades de Influência – atividades em que o propósito principal seja

4-9
EB70-MC-10.213

influenciar o comportamento, percepção e a atitude do alvo/audiência do alvo.


Atuam sobre a vontade de agir do alvo, no âmbito da perspectiva cognitiva.
Destacam-se a Com Soc, as Op Psc, a Presença, a Atitude e Perfil, os As Civ,
a Dissimulação Militar (Dsml Mil) e o Engajamento de Líderes (Relações
Institucionais);
b) Atividades de Controle da Informação – atividades que buscam proteger
informação relacionada às operações, bem como controlar ou deturpar
informação disponível para o alvo. Tais atividades atuam sobre a perspectiva
lógica do alvo, afetando neste o entendimento da situação e,
consequentemente, a sua capacidade de agir. Destacam-se a Segurança nas
Operações, a Guerra Eletrônica, a Guerra Cibernética e a Inteligência; e
2
c) Atividades de Negação do C – atividades que buscam afetar fisicamente o
2
C de um alvo / audiência do alvo. Atuam especificamente sobre os meios que
2
proporcionam o C dos alvos, no âmbito da perspectiva física, afetando sua
capacidade de comandar e controlar. Destacam-se o Ataque Físico, a GE e a
G Ciber.

4.3.8 O primeiro passo para o atingimento de efeito (s), por meio do uso das
CRI e demais recursos, é a seleção e priorização de metas e a adequação da
resposta pretendida, as quais consideram as necessidades operativas e as
capacidades disponíveis, baseadas no processo de seleção, análise e
aquisição de alvos que proporciona um método eficaz para combinar as
capacidades das nossas forças contra alvos oponentes ou potencialmente
hostis.

4.3.9 O processo de seleção, análise e aquisição de alvos proporciona aos


comandantes uma metodologia que permite relacionar os objetivos estratégicos
às ações táticas. Ocorre de forma contínua nas operações militares terrestres,
em consonância com as ações conjuntas do TO/A Op e estabelece a
correspondência da responsabilidade apropriada de cada uma das Forças
Componentes (F Cte) sobre os alvos, considerando-se os requisitos operativos
e as capacidades de cada força.

4.3.10 No referido processo, os alvos “previamente selecionados” são


analisados, a fim de indicar o vetor mais vocacionado para executar a ação
planejada sobre cada alvo, minimizar a interferência mútua, evitando, assim, o
fratricídio, o desperdício de meios, a duplicação de ações e os efeitos
potencialmente indesejáveis advindos no curso das operações. Aliada a isso, a
integração das Op Info no processo de seleção de alvos é fundamental para o
atingimento dos objetivos propostos.

4-10
EB70-MC-10.213

CAPÍTULO V

ESTRUTURAS, RESPONSABILIDADES E RELAÇÕES NAS OPERAÇÕES


DE INFORMAÇÃO

5.1 GENERALIDADES

5.1.1 As forças militares contemporâneas, em resposta a um ambiente de


incertezas, onde inexiste um inimigo dominante, tendem a reorganizarem-se
por estruturas baseadas na geração de capacidades requeridas pelas ameaças
concretas e potenciais, ficando mais aptas ao planejamento e condução das
operações desencadeadas no amplo espectro dos conflitos.

5.1.2 O achatamento dos níveis decisórios, patrocinado pela tecnologia aliada


à multiplicidade de vetores, interagindo entre si nos mesmos ambientes,
dificulta o exercício do domínio da dimensão informacional e do controle dos
diversos atores envolvidos nas operações. Como solução, há necessidade de
integração e sincronização de todos os ativos disponíveis, especialmente, as
CRI e demais recursos destinados às Op Info.

5.1.3 Os aspectos supramencionados afetam tanto os requisitos gerais para


organizar as estruturas responsáveis pelo planejamento, preparação e
2
condução das Op Info como ressaltam a complexidade do C .

5.2 ESTRUTURAS E RESPONSABILIDADES NAS OPERAÇÕES DE


INFORMAÇÃO

5.2.1 No nível estratégico de Defesa, atualmente não há previsão de uma


estrutura permanente, para o planejamento estratégico responsável por lidar
com a complexidade das Op Info, especificamente destinada a coordenar os
esforços e a desenvolver estratégias de Op Info. Uma equipe de Op Info do
Exército, quando requisitada, pode participar de um Grupo de Trabalho para
elaboração/atualização dos Planos Estratégicos de Defesa, sob a coordenação
do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA).

5.2.2 No âmbito do Exército, em apoio ao Nível Estratégico, cabe ao Comando


de Operações Terrestres (COTER) coordenar as Op Info da F Ter.

5.2.3 No nível operacional, quando da ativação de um TO/A Op, há que se


considerar a estruturação da 8ª Seção do Estado-Maior responsável por
integrar e sincronizar as CRI e recursos relacionados às Op Info, a disposição
do Comandante Operacional. Essa estrutura é responsável pelo planejamento,
condução e avaliação contínua das Op Info.

5-1
EB70-MC-10.213

5.2.4 No âmbito do Exército, no Nível Operacional, cabe aos Comandos


Militares de Área coordenar as Op Info no âmbito de sua Área de
Responsabilidade (A Rspnl).

5.2.5 No nível tático, o Comando da Força Terrestre Componente (FTC) deve


ativar a 8ª Seção do Estado-Maior responsável por integrar e sincronizar as
CRI e recursos relacionados às Op Info, a disposição do comandante tático.
Essa estrutura é responsável pelo planejamento, condução e avaliação
contínua das Op Info.

5.2.6 8ª SEÇÃO DE ESTADO-MAIOR

5.2.6.1 A fim de planejar, coordenar, controlar e supervisionar as Op Info, a 8ª


Seção do EM (Op Info) é parte normalmente de uma FTC, incluindo
planejadores de Op Info e, normalmente, especialistas das CRI na condição de
oficiais de ligação e representantes diversos.

5.2.6.2 Os integrantes da 8ª Seção Op Info realizam a análise contínua da


dimensão informacional, a integração e a sincronização das diversas CRI e
recursos relacionados às Op Info, a disposição do comandante. Estabelecem,
ainda, uma estreita ligação com as unidades que fornecem as CRI,
contribuindo para o atingimento dos objetivos propostos.

5.2.6.3 A 8ª Seção de Estado-Maior, nas situações nas quais o Comandante


julgar conveniente, pode vir a ser o núcleo da ativação da célula de Op Info.
Essa célula reúne representantes das CRI que podem contribuir para a
condução das Op Info.

5.3 RELAÇÕES NO PLANEJAMENTO E CONDUÇÃO DAS OPERAÇÕES DE


INFORMAÇÃO

5.3.1 No nível estratégico, as Op Info refletem a análise das diretrizes políticas


e são planejadas, coordenadas e avaliadas pelo escalão imediatamente
superior aos comandos operacionais, o que pode ocorrer nas operações
conjuntas, combinadas ou singulares. Deve manter estreita relação com a
comunicação estratégica militar, orientada pelo MD.

5.3.2 As Op Info no nível estratégico visam a contribuir para promover a


aceitabilidade e o senso de legitimidade das ações e dos posicionamentos do
Estado, em um conflito nos âmbitos nacional ou internacional e/ou em defesa
de seus interesses e de seus objetivos nacionais; a promover a proteção das
2
estruturas estratégicas de C e de TIC de interesse do país por ocasião do
esforço de guerra, entre outras ações.

5-2
EB70-MC-10.213

5.3.3 No nível operacional, o C Op tem uma percepção das operações e, em


coordenação com os demais atores presentes no TO/A Op envolvidos nas
operações, é o responsável pelo planejamento e condução das Op Info, de
acordo com as diretrizes do Comandante. As F Cte – cada qual com suas CRI
e recursos relacionados às Op Info orgânicos – desempenham papel
preponderante na execução das tarefas de Op Info demandadas pelo C Op. A
coordenação das F Cte pelo C Op permite, ainda, o recobrimento das ações
nas perspectivas cognitiva, lógica e física, as quais compõem a dimensão
informacional do ambiente operacional.

5.3.4 No nível tático, o escalão que representa a FTC deve realizar o


planejamento das Op Info, de acordo com as diretrizes do nível operacional. Os
elementos de emprego da FTC devem analisar a dinâmica da dimensão
informacional na sua área de responsabilidade e, em complemento às
diretrizes do nível operacional, podem ser protagonistas na condução de ações
diversas, como importantes atuadores, em prol de uma campanha bem
planejada. O comandante de FTC deve possuir flexibilidade para atribuir
missões e estabelecer prioridades às CRI e recursos relacionados às Op Info, a
fim de contribuir para o alcance de objetivos dos escalões superiores.

5-3
EB70-MC-10.213

GLOSSÁRIO

PARTE I – ABREVIATURAS E SIGLAS

A
Abreviaturas/Siglas Significado
Aç Psico Ação Psicológica
A Op Área de Operações
A Rspnl Área de Responsabilidade
As Civ Assuntos Civis

C
Abreviaturas/Siglas Significado
CRI Capacidades Relacionadas à Informação
2
C Comando e Controle
C Op Comando Operacional
COTER Comando de Operações Terrestres
Cmt Comandante
Com Estrt Comunicação Estratégica
Com Soc Comunicação Social
C Intlg Contrainteligência
CIMIC Cooperação Civil-Militar

D
Abreviaturas/Siglas Significado
Dsml Mil Dissimulação Militar
DMT Doutrina Militar Terrestre
Doutrina, Organização (e processos),
DOAMEPI Adestramento, Material, Educação, Pessoal e
Infraestrutura

E
Abreviaturas/Siglas Significado
EEI Elementos Essenciais de Inteligência
EFD Estado Final Desejado
EM Estado-Maior
EMCFA Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas
EB Exército Brasileiro
EB70-MC-10.213

F
Abreviaturas/Siglas Significado
FA Força Armada
F Cte Força Componente
F Op Esp Força de Operações Especiais
FS Força Singular
F Ter Força Terrestre
FTC Força Terrestre Componente

G
Abreviaturas/Siglas Significado
Gp Intg Grupo de Integração
G Ciber Guerra Cibernética
GE Guerra Eletrônica

M
Abreviaturas/Siglas Significado
MC Manual de Campanha
MAE Medidas de Ataque Eletrônico
MAGE Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica
MPE Medidas de Proteção Eletrônica
MD Ministério da Defesa

N
Abreviaturas/Siglas Significado
NI Necessidade de Inteligência

O
Abreviaturas/Siglas Significado
Op Info Operações de Informação
Op Psc Operações Psicológicas
ONI Outras Necessidades de Inteligência

P
Abreviaturas/Siglas Significado
Pub A Público-Alvo
PN Poder Nacional
PD Ponto Decisivo
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R
Abreviaturas/Siglas Significado
RCN Repertório de Conhecimentos Necessários
RP Relações Públicas

S
Abreviaturas/Siglas Significado
Seg Op Segurança das Operações

T
Abreviaturas/Siglas Significado
TIC Tecnologia da Informação e Comunicações
TO Teatro de Operações
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GLOSSÁRIO

PARTE II – TERMOS E DEFINIÇÕES

Agência – são organizações, instituições e entidades, governamentais ou não,


civis ou militares, públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras,
fundamentadas em instrumentos legais e/ou normativos que têm competências
específicas e que exercem alguma interferência, possuam interesse ou podem
ser instrumentos, atores ou partes na prevenção de ameaças, no
gerenciamento de crises e/ou na solução de conflitos.

Ajuda Humanitária – é uma ação militar secundária, no contexto de outra


operação militar, na qual se utiliza os meios militares disponíveis para
complementar os esforços dos atores civis na A Op, a fim de aliviar o
sofrimento humano.

Ambiente Operacional – é o conjunto de condições e circunstâncias que


afetam o emprego de forças militares e influem nas decisões do Comandante
(Cmt). A sua compreensão constitui uma condição fundamental para o êxito
nas operações militares. Pode ser caracterizado por um conjunto de fatores
que interagem entre si, de forma específica em cada situação, a partir de três
dimensões: a física, a humana e a informacional.

Ameaça – é qualquer conjunção de atores, entidades ou forças com intenção e


capacidade de realizar ação hostil contra o país e seus interesses nacionais,
com possibilidades de, por intermédio da exploração de deficiências, causar
danos ou comprometer a sociedade nacional (a população e seus valores
materiais e culturais) e seu patrimônio (território, instalações, áreas sob
jurisdição nacional e o conjunto das informações de seu interesse). Também
podem ocorrer sob a forma de eventos não intencionais (naturais ou
provocados pelo ser humano).

Campanha – é o conjunto de operações militares, relacionadas entre si,


subdividida normalmente em fases, visando a alcançar um objetivo estratégico
em um tempo e espaço determinados.

Capacidade – é a aptidão requerida de uma força ou organização militar, para


que possa cumprir determinada missão ou tarefa. É obtida a partir de um
conjunto de sete fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis:
Doutrina, Organização (e processos), Adestramento, Material, Educação,
Pessoal e Infraestrutura que formam o acrônimo DOAMEPI. Para que as
unidades atinjam o nível máximo de prontidão operativa, é necessário que
possuam as capacidades que lhes são requeridas na sua plenitude. A geração
de capacidades exige o atendimento de todos os fatores determinantes.
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Comando Operacional (C Op) – é o mais alto comando destinado a


operações militares, que deverá ser ativado de acordo com a Estrutura Militar
de Defesa, podendo ser conjunto ou singular, conforme as necessidades de
preparo ou de emprego.

Comando Operacional Conjunto – é o C Op estruturado com meios


ponderáveis de mais de uma Força Armada. O mesmo que Comando Conjunto
ou C Op.

Consciência Situacional – garante a decisão adequada e oportuna em


qualquer situação de emprego, permitindo que os comandantes possam se
antecipar aos oponentes e decidir pelo emprego de meios na medida certa, no
momento e local decisivos, proporcionalmente à ameaça.

Coordenação – ato ou o efeito de conciliar interesse e conjugar esforços para


a consecução de um objetivo ou tarefa comum. É obtida por meio da
conjugação harmônica de esforços de elementos distintos, visando a alcançar
um mesmo fim e com o objetivo de evitar a duplicidade de ações, a dispersão
de recursos e a divergência de soluções. Otimiza resultados e aumenta a
eficácia das ações.

Dado – toda e qualquer representação de fato ou situação por meio de


documento, fotografia, gravação, relato, sensores eletrônicos de vigilância,
carta topográfica ou digital e outros meios, não submetida à metodologia para a
produção do conhecimento.

Efeito Desejado – resultado da ação a ser executada. É o que se espera da


realização da tarefa. Implica que alguma forma de ação deva ser executada.

Efetividade – a capacidade de manter eficácia ao longo do tempo.

Eficácia – a obtenção de um efeito desejado.

Elementos Essenciais de Inteligência (EEI) – tópico de informação ou de


informe (sobre as características (físicas e humanas) do TO/A Op ou sobre as
possibilidades do inimigo) que o comandante julga necessitar, em um
determinado momento, para correlacioná-los com outros conhecimentos
disponíveis, a fim de contribuir no processo decisório que lhe permita o
cumprimento da missão.

Espaço Cibernético – ambiente virtual onde as informações digitais transitam,


são processadas e/ou armazenadas. É composto de dispositivos
computacionais, conectados em redes ou não.

Espaço de Batalha – é a dimensão física e virtual onde ocorrem e repercutem


os combates, abrangendo as expressões política, econômica, militar,
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tecnológica e psicossocial do poder, que interagem entre si e entre os


beligerantes. O Campo de Batalha está incluído no Espaço de Batalha.

Estado Final Desejado (EFD) – situação, política ou militar, favorável que


deve ser alcançada quando as operações estiverem finalizadas.

Força Oponente – são pessoas, grupos de pessoas ou organizações cuja


atuação comprometa o pleno funcionamento do estado democrático de direito e
a paz social.

Informação – representação inteligível de objetos, estados e acontecimentos


nos domínios real, virtual e subjetivo. Integra processos para a construção do
conhecimento, o que promove a compreensão precisa e atualizada do
ambiente operacional.

Integração – 1. ação de ligar um conjunto de subsistemas num todo lógico, de


tal forma que as relações entre eles sejam mais importantes do que os próprios
subsistemas, ou que as relações entre eles possam gerar um efeito sinérgico.
2. ação de colocar uma unidade ou elemento, temporariamente, numa
organização de constituição variável.

Inteligência – ramo da atividade de inteligência voltado para a obtenção e a


análise de dados e para a produção e a disseminação de conhecimentos de
Inteligência, dentro e fora do território nacional, sobre fatos e situações de
imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação
governamental e sobre a salvaguarda da sociedade e do Estado.

Líderes-chave – indivíduos que, em geral, representam grupos ou instituições,


de forma legítima ou não, na interlocução entre as partes interessadas, os
quais são efetivamente capazes ou reúnem potenciais para influenciarem
públicos de interesse a desenvolverem atitudes ou manifestarem
comportamentos favoráveis, adversos ou neutros em relação às pretensões
das nossas forças.

Necessidades de Inteligência (NI) – conhecimentos específicos estabelecidos


pelo comandante em função da missão a ser cumprida. As NI do comandante
são satisfeitas pelos conhecimentos de que ele precisa dispor, relativos ao
terreno, inimigo, condições climáticas e meteorológicas, e considerações civis,
para cumprir a missão com êxito. Normalmente, a reunião de dados,
informações e conhecimentos não é suficiente para satisfazer de imediato
todas as NI. Por isso os recursos empregados na atividade de obtenção são
orientados para as NI prioritárias. Dividem-se em duas categorias: Elementos
Essenciais de Inteligência (EEI) e Outras Necessidades de Inteligência (ONI).

Operações no Amplo Espectro – conceito operativo do Exército, que


interpreta a atuação dos elementos da Força Terrestre para obter e manter
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resultados decisivos nas operações, mediante a combinação de Operações


Ofensivas, Defensivas, de Pacificação e de Apoio a Órgãos Governamentais,
simultânea ou sucessivamente, prevenindo ameaças, gerenciando crises e
solucionando conflitos armados, em situações de Guerra e de Não Guerra.
Requer que comandantes em todos os níveis possuam alto grau de iniciativa e
liderança, potencializando a sinergia das forças sob sua responsabilidade.

Ponto Decisivo (PD) – local, evento-chave específico, sistema crítico ou


função que permite aos comandantes obter uma vantagem relevante sobre o
inimigo e influenciar decisivamente o resultado de um ataque.

Públicos-alvo (Pub A) – indivíduos ou os grupos selecionados para a


influência.

Regras de Engajamento – caracteriza-se por uma série de instruções


predefinidas que orientam o emprego das unidades que se encontram na A Op,
consentindo ou limitando determinados tipos de comportamento, em particular
o uso da força, a fim de permitir atingir os objetivos políticos e militares
estabelecidos pelas autoridades responsáveis. Dizem respeito à preparação e
à forma de condução tática dos combates e engajamentos, descrevendo ações
individuais e coletivas, incluindo as ações defensivas e de pronta resposta.

Repertório de Conhecimentos Necessários (RCN) – reunião de temas e


assuntos que o decisor deseja saber e/ou acompanhar. Divide-se,
normalmente, em expressões do PN (política, econômica, militar, psicossocial e
científico-tecnológica) e/ou em áreas de interesse (público interno, imagem da
instituição etc.). Deve estar relacionado com o planejamento estratégico, a fim
de orientar o trabalho de Inteligência.

Sincronização – elemento importante no planejamento, que se refere ao


arranjo de ações militares no tempo, no espaço e em termos de propósito,
destinado à produção de um poder relativo máximo em um dado lugar e em um
dado momento, decisivo. Pela sincronização das ações, busca-se a
simultaneidade de impactos sobre a força inimiga. Um plano de sincronização
bem concebido e executado é capaz de permitir que forças inferiores se
sobreponham a forças superiores.

Vulnerabilidade – situação de fraqueza de uma força, sistema, instalação ou


equipamento, que pode ser explorada por um para auferir vantagens.
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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6021 –


Publicação científica impressa. Documentação. Rio de Janeiro, 2003.

BRASIL. Exército. Estado-Maior. Manual de Abreviaturas, símbolos e


convenções cartográficas. C21-30. Brasília, DF: Estado-Maior do Exército,
2002.

BRASIL. Exército. Glossário de Termos e Expressões para uso no Exército


- C20-1. Brasília, DF: Comando do Exército, 2009.

BRASIL. Exército. Instruções Gerais para as Publicações Padronizadas do


Exército - EB10-IG-01.002. Brasília, DF: Comando do Exército, 2011.

BRASIL. Exército. Estado-Maior. Doutrina Militar Terrestre (DMT) – EB20-


MF-10.102 – 2ª Edição. Brasília, 2019.

BRASIL. Exército. Estado-Maior. Manual de Campanha – Guerra Cibernética


– EB70-MC-10.232 – 1ª Edição. Brasília, 2017.

BRASIL. Exército. Estado-Maior. Manual de Campanha – Operações de


Informação – EB20-MC-10.213 – 1ª Edição, Brasília, 2014.

BRASIL. Ministério da Defesa. Glossário das Forças Armadas – MD35-G-01


– 4ª Edição. Brasília, 2007.

BRASIL. Ministério da Defesa. Manual de Abreviaturas, Siglas, Símbolos e


Convenções Cartográficas das Forças Armadas – MD33-M-02 – 3ª Edição.
Brasília, 2008.

NATO. Allied Joint Doctrine For Information Operations (AJP-3.10).


November, 2009.

NATO. Nato Strategic Communications Handbook (Draft For Use). Maio


2015.

USA. Headquarters, Departmente of the Army. Field Manual 3-13: Inform and
Influence Activies. Headquarters, Departament of The Army. Washington, DC,
2013.

USA. Joint Chiefs of Staff. Joint Publication (JP) 3-13: Information


Operations. Washington, DC, 2012.
EB70-MC-10.213
EB70-MC-10.213

COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES


CENTRO DE DOUTRINA DO EXÉRCITO
Brasília, DF, 03 de janeiro de 2020
www.cdoutex.eb.mil.br

COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES


CENTRO DE DOUTRINA DO EXÉRCITO

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