A vendeu a B um automóvel pelo preço de 8000€, a ser pago em 16
prestações mensais, iguais e sucessivas de 500 euros cada. O automóvel foi,
desde logo, entregue ao comprador. Responda às seguintes questões:
Quanto ao pagamento do preço, temos uma obrigação única, em que o valor
total de 8000€ foi fraccionado em 16 prestações de 500€. Afigura-se, pois, uma compra e venda a prestações, na qual merece especial destaque o 934º, que estipula regras para o caso de não cumprimento, podendo ou não aplicar-se. Este artigo está dividido em duas partes, constituindo a 1ª um limite à aplicabilidade do 801º 2/ e a 2ª parte um limite à do 781º 1/). O 801º 2/ consiste na possibilidade de resolução no caso de incumprimento definitivo de um contrato sinalagmático, remetendo-nos para o 432º e ss. Do 781º 1/ resulta que, se o devedor está a pagar obrigação única em prestações fraccionadas e falha ao pagamento de uma, perde o benefício do prazo, tendo de pagar a prestação que falhou com juros, nos termos dos 804º 2/ e 806º; e, vencendo-se as restantes.
1) B não pagou a quinta prestação. O que poderá A fazer?
Não se aplica a 1ª parte do 934º pois não houve reserva de propriedade.
A não pode resolver o contrato nos termos do 801º 2/, por força do 886º e, também não se pode aplicar o 781º 1/, por força da 2ª parte do 934º, pois a prestação em falta não excede 1/8 do preço. Por isso, a relação jurídica obrigacional mantém-se, tendo como consequência, os juros de mora em relação à prestação em falta nos termos do 806º.
2) B não pagou a quinta e a sexta prestação. O que poderá A fazer.
Mesmo as prestações em falta não sendo superiores a 1/8 parte do preço
(são sim iguais a 1/8 do preço), por ter havido uma falta reiterada ao pagamento das prestações, B perde a protecção do 934º. Neste caso, vamos então recorrer ao 781º, pelo qual B perde o benefício do prazo, podendo A exigir-lhe as prestações vincendas. Quanto à possibilidade de A resolver o contrato nos termos do 801º 2/, eis que o 886º obsta à sua aplicação, uma vez que já houve transmissão de um direito sobre a coisa e entrega da mesma.