Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ABSTRACT Teaching methods based on field activities make a closer approximation between the studied object and
students. Fieldwork yelds an excellent learning environment, promotes group socialization and allows to consider both the
prior knowledge of the student and the local reality as well. A research on field activities in the Geography discipline of basic
education schools was developed. The research aimed to investigate whether or not fieldwork is done by teachers of public
and private schools of Ponta Grossa municipaty, PR. It has been found that more than 50% of the consulted geography
teachers apply field methodologies. Difficulties to carry out field activities were also identified: (a) lack of financial support
for students, (b) liabilities that a teacher must assume when taking a student out of the school environment, and (c) lack
of time for preparation. The research has largely confirmed the initial hypothesis: the participant teachers attribute a great
value for this didactic resource because they get good results from it. Even those who do not attach great importance to the
activities. Citation: Justen-Zancanaro R., Carneiro C.D.R. 2012. Trabalhos de campo na disciplina Geo-
grafia: estudo de caso em Ponta Grossa, PR. Terræ, 9(1-2):49-60. <http://www.ige.unicamp.br/terrae/>.
RESUMO Métodos de ensino baseados em atividades de campo aproximam o objeto estudado do estudante, pois
o campo oferece ótimo ambiente, promove socialização e permite considerar tanto o conhecimento prévio do aluno como
a realidade que o envolve. O quadro, favorável, motivou pesquisa com professores de educação básica sobre atividades de
campo da disciplina Geografia em Ponta Grossa, PR. O questionário de pesquisa objetivou investigar a realização ou
não de trabalhos de campo em Geografia, envolvendo escolas públicas e particulares. Verificou-se que mais de 50% dos
professores de Geografia consultados aplicam metodologias de campo. Identificaram-se dificuldades que levam à não-
-realização, como: (a) aspectos de ordem financeira dos alunos, (b) responsabilidades do professor ao retirar o aluno do
ambiente escolar, e (c) falta de tempo para preparação. A pesquisa confirmou amplamente a hipótese inicial de que os
professores consultados valorizam tal recurso didático porque obtêm bons resultados. Mesmo aqueles que não as realizam
atribuem grande importância para tais atividades.
Palavras-chave: Metodologia de ensino, trabalhos de campo, Ensino de Geografia, Ponta Grossa, Geociências.
49
Trabalhos de campo na disciplina geografia:estudo de caso em ponta grossa -PR TERRÆ 9:49-60, 2012
50
TERRÆ 9:49-60, 2012 Rosangela Justen, Celso Dal Ré Carneiro
1. Questões abertas são as que permitem que o outubro/2008 a março/2009. O primeiro contato
pesquisado discorra espontaneamente sobre as foi feito pessoalmente com direção ou assessor
perguntas; é livre a deliberação e escolha das res- pedagógico de cada unidade escolar, sendo entre-
postas, sem quaisquer limitações e mediante uso de gue carta explicativa sobre a pesquisa, e após apro-
linguagem própria. As respostas a questões abertas ximadamente 15 dias o questionário era coletado.
ajudam a “detectar melhor a atitude e as opiniões Entretanto, das escolas selecionadas e visitadas para
do pesquisado, bem como sua motivação e signi- a pesquisa, duas não responderam, totalizando 95%
ficação” (Fachin 2006, p. 163). de devolutivas das pesquisas, o que corresponde a
2. Nas questões fechadas, o pesquisado atribui cada 46 professores envolvidos na pesquisa.
resposta de acordo com um conjunto de categorias
previamente elaboradas e que fazem parte da pró-
pria pergunta. As questões fechadas direcionam o
IMPORTÂNCIA E POTENCIAL DAS ATIVIDADES
pesquisado para alternativas existentes, devidamen- DE CAMPO
te estruturadas (Fachin 2006, p. 165). Trabalhos de campo, como recurso educacional
O questionário foi elaborado levando-se em e atividade destinada a facilitar a aprendizagem, pre-
consideração os objetivos pretendidos com o tra- cisam ser planejados de acordo com clara proposta
balho, sendo estruturado em três blocos: pedagógica. Ao se executar trabalhos de campo,
Na primeira parte do questionário, buscou-se é essencial a análise escalar dos ambientes, pois
a caracterização profissional de cada professor partindo de um estudo local (possibilitado pelas
envolvido na pesquisa. Para tanto, foram consi- atividades de campo), a percepção de contextos
deradas a formação acadêmica – graduação e pós- mais distantes acontece por meio de contextos
-graduação do entrevistado – e o tempo de atuação mais significativos: “o focar para a relação local/
no magistério. Pretendeu-se, com isso, detectar se a global aponta para a necessidade das metodologias
instituição, o ano de conclusão e o tempo de atuação de estudos do meio e trabalhos de campo” (Com-
no magistério são pontos relevantes e influentes piani 2007, p. 32).
quanto à realização ou não de atividades de campo Segundo Nidelcoff (1979), em sua obra a escola
em Geografia. e a compreensão da realidade, quando se estuda o
Na segunda parte, as questões referem-se meio, deve-se ver e analisar a realidade; fomentar
às metodologias utilizadas pelos professores de nas crianças uma atitude de curiosidade, observação
Geografia ao ministrarem suas aulas. Nessa eta- e crítica diante da realidade e iniciar as crianças no
pa do questionário investiga-se o procedimento estudo da geografia. Ainda para a autora:
dos professores que utilizam atividades de campo
como metodologia de ensino – incluindo frequên- “(...) a escola tem que ajudar a criança, para que, em
cia, locais escolhidos para desenvolver a atividade, seu processo de crescimento, ela vá compreendendo
preparação do trabalho de campo, classificação das a realidade que a cerca e nela vá se localizando lúcida
atividades, existência ou não de trabalhos interdis- e criativamente. Esse processo a inicia na realidade
ciplinares, interesse dos alunos e atividades desen- imediata, com o meio: aprende a VER no mesmo,
volvidas pós-atividade de campo. para em seguida estender seu olhar na direção dos
horizontes mais largos. O primeiro objetivo, por-
Em um terceiro momento, buscou-se conhe-
tanto, é este: aprender a ver e analisar a realidade.
cer, junto ao pesquisado, a importância que este
Outro objetivo é o de fomentar nas crianças uma
atribui aos trabalhos de campo, independentemente atitude de curiosidade, observação e crítica diante
de aplicar ou não tal metodologia como recurso no da realidade” (Nidelcoff 1979, p. 11).
processo de ensino-aprendizagem na disciplina de
Geografia. O campo é “cenário de geração, problemati-
A pesquisa foi realizada em trinta escolas do zação e crítica do conhecimento, onde o conflito
município, o que correspondeu a 32,96% do total entre o real e as ideias ocorre com toda a intensi-
existente, que apresentam ensino médio ou ensi- dade” (Compiani e Carneiro 1993, p.11). Neste
no fundamental com terceiro e quarto ciclos. As sentido o trabalho de campo pode possibilitar ao
escolas foram eleitas levando-se em consideração aluno construir um conhecimento próximo de
sua dispersão no município, tendo como intenção seu cotidiano; é também no campo que o aluno
a escolha de pelo menos uma escola de cada bairro. poderá questionar informações e conceitos vistos
O levantamento foi realizado entre os meses de em sala de aula e não compreendidos até então.
51
Trabalhos de campo na disciplina geografia:estudo de caso em ponta grossa -PR TERRÆ 9:49-60, 2012
Um estudo analítico das saídas de campo desen- alunos, visto que proporciona o contato direto
volvidas na disciplinas Ciência do Sistema Terra I com os objetos e os fenômenos concretos que
e II da Unicamp (Carneiro et al. 2008) considera o estão sendo estudados (Compiani 1991). Uma das
campo um componente essencial, porque estimula características que tornam as atividades de campo
o aluno a conquistar seu próprio aprendizado, seja essenciais é o fato de proporcionarem contato dire-
na forma individual ou coletiva. Ainda segundo os to com o meio, permitindo que o aluno conceba
autores, um dos objetivos didáticos das atividades o ambiente não fragmentado e a interação dos
de campo é estimular os alunos a exercitar o típico fenômenos, de modo a distinguir as relações que
raciocínio geológico. ali existem e se efetivam.
“No campo os alunos devem aprender mediante “(...) no ensino, o papel das atividades de campo está
participação ativa dos professores, cuja função é a de atrelado à proposta pedagógica da disciplina na qual
facilitadores da aprendizagem. As práticas de ensino as atividades se inserem e à concepção do professor
buscam desenvolver nos alunos a criatividade, a acerca do que é ensinar, do que é aprender e de seu
habilidade de observar e compreender os processos entendimento de como se processa o conhecimento”
naturais, a capacidade de analisar e integrar diferentes (Fantinel 2000, p.11).
tipos de informação e habilidades de pensamento
cíclico. Os estudantes e professores realizam con- Se o conhecimento é adquirido pelo aluno por
exões mentais para interpretar o registro gravado nas intermédio de informações repassadas pelo profes-
rochas.” (Carneiro et al. 2008, p. 131) sor e posteriormente memorizadas, o campo servirá
apenas de modelo do que já foi estudado em sala de
Em documento que defende práticas de campo aula, mera ilustração (Compiani e Carneiro 1993);
em cursos de graduação em Geologia, Carneiro nesse sentido, o papel do campo torna-se limitado.
(2008) salienta que “o campo é o local onde todos Entretanto, se na proposta pedagógica o ensino é
os cinco sentidos humanos são requeridos e parti- centrado no aluno, a ênfase volta-se para proces-
cipam da observação”. Esse fato faz de atividades de sos de aquisição do conhecimento pelo aluno; “a
campo imprescindíveis para estudo de fenômenos metodologia fundamenta-se no estágio cognitivo,
e conceitos que acontecem no espaço: interesse e ritmo de aprendizado do aluno, e não
em mecanismos de transmissão do saber pelo pro-
“(...) a visão, para olhar os detalhes do local visitado,
fessor aos alunos” (Fantinel 2000, p.11). O campo
suas cores e brilhos (...); a audição, para perceber a
passagem da água em um córrego, o ruído do vento assume papel relevante para aquisição do conheci-
na vegetação, o som de animais e pássaros (...) o mento. O aluno desenvolve seu próprio ritmo de
tato é não apenas para o geólogo perceber nas mãos aprendizagem para adquirir o conhecimento e deixa
a aspereza ou suavidade da aspereza de uma rocha, de ser receptor de informações; o aluno participa
mas, sobretudo para sentir a noção de ‘ambiente’ nat- ativamente da aprendizagem.
ural. O contato direto com a natureza proporciona Em cursos de Geografia, Scortegagna (2001)
desgaste físico, mas também a necessária sensação menciona que atividades de campo “são funda-
de frio-calor, úmido-seco. O olfato (...) precisamos mentais para colocar o estudante em contato com
dele para aproveitar tudo o que existe para ser notado o meio, e possibilitar sua percepção da inter-relação
no campo, desde o cheiro das rochas, os aromas da
entre os aspectos físicos e humanos” (Scortegagna
vegetação, o cheiro familiar da argila úmida, exalado
2001, p.17), pois levam o aluno a observar e tam-
pela ação de determinadas bactérias, os cheiros desa-
gradáveis de eventuais contaminações (...) o paladar,
bém a questionar seu espaço de vivência. O aluno
que acompanha as percepções olfativas, ou pode produz seu próprio conhecimento e pode agir e ser
entrar diretamente na apreciação dos materiais que um agente transformador do meio. Poderá, ainda,
examinamos, como sedimentos argilosos, os sais de compreender as relações que existem entre aspectos
evaporitos e outros materiais; estes últimos fazem físicos e humanos no espaço, até perceber que o
parte do mesmo aprendizado, porque a prudência espaço está em constante movimento, é dinâmico,
nos ensina a testá-los, todos, com grande cautela. não-estático, nem fragmentado.
Essa é talvez a mais difícil habilidade a ser adquirida De acordo com Corrêa (1996), o campo é um
no campo” (Carneiro 2008). meio onde o geógrafo aprende a ver, analisar e refle-
tir sobre o infindável movimento de transformação
O campo é também excelente “ambiente de que o homem realiza no espaço, é no campo que o
ensino”, que pode auxiliar na aprendizagem dos
52
TERRÆ 9:49-60, 2012 Rosangela Justen, Celso Dal Ré Carneiro
53
Trabalhos de campo na disciplina geografia:estudo de caso em ponta grossa -PR TERRÆ 9:49-60, 2012
“O trabalho de campo pode ser utilizado, no ensino, na qual o aluno é o centro do processo.
como estratégia em que todas as coisas podem tomar Saídas de campo treinadoras objetivam treinar
parte de um processo maior: o efeito holográfico. habilidades, geralmente com o uso de instrumentos
A idéia é enfrentar a dominante fragmentação do e aparatos científicos e requer conhecimentos pré-
conhecimento, que bloqueia os mecanismos de vios dos alunos. A sequência de atividades é deter-
análise de problemas reais ao não facilitar a relação de
minada pelo professor e o aluno deve realizá-las.
conceitos, procedimentos e de atitudes, trabalhados
Essa categoria é ao mesmo tempo formativa e
em diferentes disciplinas do currículo.” (Compiani
2007, p.32)
informativa.
A atividade ilustrativa é centrada no professor;
serve para reforçar ou mostrar os conteúdos estuda-
dos em sala, sendo considerada a mais tradicional de
PAPÉIS DIDÁTICOS DAS ATIVIDADES DE CAMPO todas, reafirmando o conhecimento como produto
Muitos professores, ao utilizarem atividades de acabado. Os alunos são expectadores, devendo o
campo em suas aulas, o fazem somente para exem- professor definir o ritmo das atividades e indicar o
plificar conteúdos e conceitos vistos ou trabalhados quê deve ser observado no campo.
em sala de aula, não atentando para outras possibi- Nas atividades indutivas o professor conduz
lidades que as atividades oferecem. É inadequado os alunos, ou faz com que estes sigam um roteiro
dizer que tal postura seja errada ou inválida, mas é pré-determinado; os alunos devem resolver um
relevante admitir outras formas de se trabalhar con- problema dado; o ensino é dirigido e semi-dirigido,
teúdos e conceitos quando se realizam atividades centralizando as atividades desenvolvidas pelos
de campo. Nos casos de professores que as usam alunos, mas os alunos avançam na direção que o
somente como exemplificação, parece válido supor professor desejar.
que desconheçam outros modos de utilização. Atividades investigativas possibilitam ao aluno a
Há várias formas de desenvolver uma atividade resolução de problemas no campo e a elaboração
de campo, dependendo do objetivo que o professor de hipóteses para serem pesquisadas. Nesse caso, o
deseja alcançar com o trabalho. O aluno não preci- aluno é o centro e decide os passos para sua investi-
sa ser mero espectador, pode ser um sujeito ativo, gação. O professor esclarece as dúvidas dos alunos
investigando e indagando o porquê dos fenômenos. e os orienta. Esta saída valoriza o conhecimento
Algumas classificações de trabalhos de campo defi- prévio dos alunos.
nem papéis didáticos das saídas de campo, que são Scortegagna (2001) complementa a proposta
definidas por Compiani e Carneiro (1993), como: de classificação de saídas de campo, ao introduzir
as saídas de campo autônomas, nas quais o aluno vai
“(...) funções que determinada atividade assume den- ao campo sem a presença do professor, trazendo
tro do processo de ensino-aprendizagem, decididas suas anotações, amostras e imagens para serem
de maneira deliberada ou não, que exercem algum trabalhadas em sala de aula.
significado para o alcance dos objetivos didáticos”
(Compiani e Carneiro 1993, p.90).
RESULTADOS
Os parâmetros utilizados pelos autores para
classificação são: objetivos didáticos pretendidos,
visão de ensino presente, emprego/questionamento Perfil dos professores
dos modelos científicos existentes, método de ensi- Na primeira parte do questionário, buscou-se
no e relação docente-aluno e, ainda, a lógica predo- caracterizar o grupo de professores envolvidos,
minante no processo de aprendizagem. A associação levando-se em consideração a graduação, a insti-
entre dois ou mais os parâmetros permite classificar tuição, o ano de conclusão, o tempo de atuação no
as saídas de acordo com seu papel didático em: magistério, a existência ou não de curso de pós-
motivadoras, treinadoras, indutivas, investigativas -graduação. As informações têm importância para
e ilustrativas (Compiani e Carneiro 1993). averiguar se o grau de estudos do professor, o tempo
Atividades motivadoras pretendem despertar o de magistério ou o ano de conclusão são condições
interesse e a curiosidade dos alunos para determi- que influenciam na realização ou não de práticas de
nado problema, valorizando a vivência que o aluno campo. Os resultados obtidos foram:
já possui do meio. É uma aprendizagem formativa • Todos os professores entrevistados são
54
TERRÆ 9:49-60, 2012 Rosangela Justen, Celso Dal Ré Carneiro
55
Trabalhos de campo na disciplina geografia:estudo de caso em ponta grossa -PR TERRÆ 9:49-60, 2012
Tabela 1. Locais escolhidos pelos professores para realização de visitas de campo no município de Ponta Grossa, PR
Escola Escola
Local das saídas Motivo da escolha do local
pública particular
Relevo, rochas, educação ambiental 7 2
Parque Estadual de Vila Velha
e isenção da taxa de entrada
Buraco do padre e Furnas Relevo e hidrografia 4 1
Relevo, hidrografia, urbanização e 3 2
Arroios próximos da escola
sem custo de transporte
Cavernas: Olhos d’água e Andorinhas Relacionado ao conteúdo 3 4
56
TERRÆ 9:49-60, 2012 Rosangela Justen, Celso Dal Ré Carneiro
57
Trabalhos de campo na disciplina geografia:estudo de caso em ponta grossa -PR TERRÆ 9:49-60, 2012
58
TERRÆ 9:49-60, 2012 Rosangela Justen, Celso Dal Ré Carneiro
financeira, mas também foram mencionadas falta ambiental com os alunos. Na dimensão cognitiva,
de tempo, planejamento e também a grande res- se um trabalho de campo é bem executado, poderá
ponsabilidade que o professor assume ao levar os construir no aluno a concepção cidadã, fazendo-o
alunos para fora do ambiente escolar. interessado na sua região e se comprometendo com
Dois motivos principais estimulam profes- sua proteção e desenvolvimento. Atualmente são
sores que lecionam a disciplina de Geografia no comuns as referências a temas como “desenvolvi-
município de Ponta Grossa a utilizar atividades mento sustentável”, “patrimônio natural” “edu-
de campo como metodologia. Primeiro, é preciso cação ambiental”, que precisam ser estudados e
reconhecer o fato significativo de terem sido reali- debatidos na escola. Nos três temas, dentre outros,
zadas atividades de campo regulares nos respectivos o campo pode desempenhar papel fundamental, ao
cursos de graduação, porque todos os entrevistados, colocar o aluno/cidadão no contato com o meio,
exceto um, formaram-se na UEPG; ao se analisar entendendo as relações complexas que se estabele-
as respostas dos docentes para a última pergunta cem e sendo capaz de intervir na realidade.
do questionário, a qual investiga se foram desenvol- Espera-se que o resultado da pesquisa estimule
vidas atividades de campo no curso de gradução e se estas professores que ainda não se interessam por esse tipo
influenciaram a utilização da metodologia em sala de aula, de atividade e, para aqueles que já as utilizam, sirva
todas as respostas foram afirmativas. A segunda de referência, ao indicar várias facetas de usos simi-
evidência que induz o desenvolvimento de inú- lares, praticados por número considerável de colegas.
meros trabalhos de campo no município de Ponta
Grossa e arredores é o fato de a região apresentar
muitos atrativos relacionados a patrimônio natural Agradecimentos
(geológico, geomorfológico), não só para o ensino Agradecemos a todos os professores que parti-
superior como também no ensino básico. ciparam da pesquisa, contribuindo de forma efetiva
Os professores que realizam atividades de com suas experiências relacionadas às atividades
campo preocupam-se com novas metodologias de de campo na disciplina de Geografia e ao Prof. Dr.
ensino, buscam conquistar o interesse dos alunos Pedro Wagner Gonçalves, por sugestões e oportuna
e estão atentos à importância que o conhecimento revisão do manuscrito.
do local pode trazer para a vida do aluno. Merece
destaque e deve ser divulgada a quantidade consi- Referências
derável de professores que realizam atividades de Archela R.S., Calvente M.C.M.H. orgs. 2008. Ensino
campo em Geografia e que acreditam na impor- de geografia: tecnologias digitais e outras técnicas
tância da metodologia no processo de contrução passo a passo. Londrina: EDUEL. v. 1, 163p.
do conhecimento. Aponta-se aqui o extraordinário Berger D.G., Correa V.R., Silva Z.Z. 1999. O trabalho
papel desempenhado pelos professores do curso de de campo: relato de experiência. VIII ENDIPE. 08
Geografia na UEPG para que atividades de campo maio de 1999.
Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. 2001.
sejam frequentes no município. Parâmetros Curriculares, Terceiro e Quarto
Os resultados da pesquisa salientam outras Ciclos do Ensino Fundamental: temas transversais.
possibilidades que podem ser exploradas pelos Brasília: MEC, Secretaria de Educação
docentes, admitindo novas formas de utilização. Fundamental.
Um professor que utiliza o campo como forma Brusi D., Zamorano M., Casellas R.M., Bach J. 2011.
de ilustrar um conteúdo, ou ainda com um roteiro Reflexiones sobre el diseño por competencias en el
pré-determinado, sabe o resultado que os alunos trabajo de campo en Geología. Rev. de la Enseñanza
chegarão. Iniciar um conteúdo ou um assunto no de las Ciencias de la Tierra, 19(1):04-14.
Carneiro C.D.R. 2008. Os gastos com aulas de campo do
campo é outra forma de realizar atividade de campo,
Curso de Geologia da UFPR. Aulas de campo em
que pode despertar ainda mais o interesse dos alu- cursos de graduação de Geologia: o que são e para
nos para determinado problema, além de valorizar que servem? Campinas: IG-Unicamp. (inédito).
a vivência e o conhecimento que o aluno possui Carneiro C.D.R., Gonçalves P.W., Negrão O.B.M.,
do meio. Toro e Morcillo (2011) abordam ativi- Cunha C.A.L. 2008. Docência e trabalhos de campo
dades de campo no ensino secundário da Espanha nas disciplinas Ciência do Sistema Terra I e II da
Unicamp. Rev. Bras. Geoc., 38(1):130-142. (março
e Dinamarca; revelam que as atividades de campo
2008). URL: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/
assumem valor inestimável ao permitir trabalhar
rbg/article/view/9816/8972. Acesso 14.03.2011.
as dimensões afetiva, cognitiva e de alfabetização Compiani M. 1991. A relevância das atividades de campo
59
Trabalhos de campo na disciplina geografia:estudo de caso em ponta grossa -PR TERRÆ 9:49-60, 2012
no ensino de Geologia na formação de professores Justen R., Carneiro C.D.R. 2009. Trabalhos de campo no
de Ciências. Cadernos IG/Unicamp, 1(2):2-25. ensino de geografia em estabelecimentos de ensino
Compiani M. 2007. O lugar e as escalas e suas dimensões de Ponta Grossa, PR. In: Encontro Nacional de
horizontal e vertical nos trabalhos práticos: Prática de Ensino em Geografia, 10, Porto Alegre,
implicações para o ensino de ciências e educação 30.ago a 2.set de 2009. Anais... Porto Alegre,
ambiental. Ciência e Educação, 13(1):29-45. ENPEG. 12p.
Compiani M., Carneiro C.D.R. 1993. Os papéis didáticos Pombo O. 2006. Contribuição para um vocabulário
das excursões geológicas. Rev. de la Enseñanza sobre Interdisciplinaridade. Disponível em: < http://
de las Ciencias de la Tierra. 1(2):90-98. URL: www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/mathesis/
http://www.raco.cat/index.php/ECT/article/view/ vocabulario-interd.pdf. Acesso em 29/05/2013.
88098/140821. Acesso 18.03.2010. Nidelcoff M.T. 1983. A escola e a compreensão da
Correa R. L. 1996. Trabalho de campo e globalização. realidade. 8 ed. São Paulo: Brasiliense.
Trab. apres. colóquio “O discurso Geográfico na Scortegagna A., Negrão O.B.M. 2005. Trabalhos de
Aurora do século XXI”. Progr. Pós-Graduação em campo na disciplina de Geologia Introdutória:
Geografia, UFSC. Florianópolis: 27-29.nov.1996. a saída autônoma e seu papel didático. Terrae
Fachin O. 2006. Fundamentos de Metodologia. 5 ed. São Didatica, 1(1):36-43. URL: http://www.ige.
Paulo: Saraiva. unicamp.br/terraedidatica /v1/v1_a3.html. Acesso
Fantinel L.M. 2000. Práticas de campo em fundamentos 04.04.2011.
de geologia introdutória: papel das atividades de Scotergagna A. 2001 Trabalhos de campo nas disciplinas
campo no ensino de fundamentos de geologia no de geologia introdutória : cursos de Geografia no
curso de geografia. Campinas: Inst. Geoc. Unicamp. Estado do Paraná. Campinas: Inst. Geoc. Unicamp.
(Dissert. Mestr., Educ. Aplic. Geociências). 122p. (Dissert., Mestr. Educ. Aplic. Geociências).
Fazenda I.C.A. 2002. Interdisciplinaridade: um projeto Sorrentino M, Lestinge S. 2008. As contribuições a partir
em parceria. 5 ed. São Paulo: Loyola. do olhar atento: estudos do meio e a educação para
Guimarães G.B., Melo M.S., Mochiutti N.F. 2009. a vida. Ciência e Educação, 14(3):601-619.
Desafios da geoconservação nos Campos Gerais Tomita S.M.L. 1999. Trabalho de campo como
do Paraná. Geologia USP, Publ. Esp. 5:47-61. instrumento de ensino em Geografia. Londrina,
Justen R. 2010. Trabalhos de campo na disciplina Geografia, 8(1):13-15.
geografia : um olhar sobre a educação básica Toro R.del, Morcillo J.G. 2011. Las actividades de campo
em Ponta Grossa (PR). Campinas: Inst. Geoc. en educación secundaria. Un estudio comparativo
Unicamp. (Dissert., Mestr. Ensino e História de entre Dinamarca y España. Rev. de la Enseñanza de
Ciências da Terra). URL: http://cutter.unicamp. las Ciencias de la Tierra, 19(1):39-47.
br/document/?code=000774543&opt=1. Acesso:
04.04.2011.
60