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NOVO PRESIDENTE DA FINEP DIZ QUE FALTA VISÃO ESTRATÉGICA NAS TENTATIVAS
DE ESTIMULAR EMPREENDEDORISMO DE CIENTISTAS NO BRASIL
Quem estiver perto do sociólogo Glauco Arbix vai ouvir com frequência a música tema de
"Indiana Jones", personalizada como toque de seu telefone celular.
Desde que ele assumiu a presidência da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), as
ligações não param. "Sua demanda é legítima, mas não é comigo que você deve tratar disso",
argumentava Arbix ao celular quando recebeu a Folha.
A Finep é hoje uma das principais engrenagens do motor da inovação brasileira, embora as
tentativas de transformar ciência em tecnologias lucrativas ainda engasguem em boa parte das
grandes empresas do país.
No ano passado, o órgão desembolsou R$ 3,3 bilhões entre créditos e subvenções (valor não
reembolsável para empresas fazerem pesquisa).
Em 2011, mesmo com contigenciamentos, o orçamento deve chegar a R$ 4 bilhões. O
sociólogo entrou em cena para transformar a instituição numa espécie de "banco da inovação",
num contexto em que empresários estão começando a inovar. "Não é a universidade que deve
ter patentes", diz. Acompanhe a entrevista.
O que o sr. poderia apontar como problemático na maneira como a Finep funciona?
Existe um problema institucional que é desenhar a Finep como uma instituição financeira. A
Finep é uma instituição financeira, mas não é acompanhada e supervisionada pelo Banco
Central.
Isso significa que os processos que a Finep tem nem sempre estão adequados às regras
definidas pelo marco regulatório financeiro.
Há um mundo enorme: contabilidade, gestão de risco, áreas críticas, montagem da carteira.
Esse é um problema, ou seja, como conceber a Finep como uma instituição financeira
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Patentear a esmo não ajuda inovação na universidade
"especial"?
Ela não é um banco, e não adianta falar que ela será simplesmente um "banco de inovação".
Ela não será um banco qualquer. Sem a Finep hoje a universidade brasileira acaba se
esfarelando em minutos. Foram cerca de R$ 2 bilhões para as universidades do país em 2010.
Estamos estabelecendo uma relação com as empresas que nunca tivemos no Brasil. Os
países avançados fazem isso há muito tempo. Os instrumentos são desenvolvidos a partir de
modelos dos Estados Unidos.
Mas essa aproximação não seria papel das agências de inovação das universidades?
Eu acompanhei as agências de inovação do MIT. Mas as nossas são muito centradas na ideia
de aproveitar o conhecimento da universidade para desenvolver patentes [de produtos
inovadores.] Ajudam o professor a desenvolver patentes e, eventualmente, licenciar -o que
nem sempre é muito claro, já que para licenciar é preciso ter análise comercial.
Não basta fazer patente para currículo. No MIT a análise da patente está próxima da análise de
comercialização. A agências de inovação aqui parecem mais um "despachante inteligente",
que está atrás de ideias. Os americanos começaram a estimular o processo patentário. Isso se
espalhou pelo mundo todo e está chegando aqui.
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Patentear a esmo não ajuda inovação na universidade
Os empresários devem entender que inovação se faz com pessoas. Tecnologia é resultado de
gente.
Hoje, na esmagadora maioria das empresas, salário continua sendo visto como custo. Mas não
se inova, remodela e repensa um processo se o pessoal não receber bem. É preciso fazer
inovação a partir de pessoas que ganham bem.
E elas têm de ganhar bem porque têm de ler, falar inglês, ter vida cultural ativa para ter um
fluxo de ideias. Elas têm de funcionar como uma espécie de "antena" que capta informações. A
verdadeira herança maldita do Brasil é achar que não se deve investir nas pessoas.
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