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ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

Capítulo 4: Conversor Digital-Analógico e Analógico-Digital

1. Introdução
Uma grandeza digital terá sempre um entre dois valores. Tais
valores são especificados como 0 ou 1, ALTO ou BAIXO. Na prática,
uma grandeza digital pode ser representada, por exemplo, por uma
tensão, que deverá situar-se dentro de limites especificados, de maneira a
representar corretamente tal grandeza. Por exemplo, para a lógica TTL,
sabemos que
de 0 V a 0,8 V temos a representação do valor lógico 0
de 2 V a 5 V temos a representação do valor lógico 1

Por outro lado, uma grandeza analógica pode assumir qualquer


valor dentro de um intervalo contínuo de valores, e, mais importante, o
seu valor exato neste intervalo é significante. Assim, se a saída de um
conversor de temperatura para tensão apresenta um valor de 2,76V, tal
valor deve ser tomado exatamente como foi obtido, pois deve representar
uma temperatura de, por exemplo, 27,6oC. Se a tensão medida fosse de
2,34V ou de 3,78V, ela estaria representando uma temperatura
completamente diversa. A maioria das grandezas físicas é analógica em
sua natureza, e podem assumir qualquer valor dentro de um espectro
contínuo de valores. Como exemplo, podemos citar a temperatura, a
pressão, a velocidade de rotação etc.
Os sistemas digitais realizam todas as suas operações internas,
usando circuitos e grandezas digitais. Qualquer informação que tenha de
entrar em um sistema digital precisa, primeiro, ser digitalizada. Do
mesmo modo, as saídas de um sistema digital estão sempre representadas
na forma digital. Quando um sistema digital, como um computador,
precisar ser utilizado para monitorar e/ou controlar um processo físico,
precisaremos resolver o problema da compatibilização das características
digitais de um computador com as características analógicas das
variáveis envolvidas no processo físico. A Figura 1 ilustra esta situação.

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Con Con
A/D D/A

Figura 1- Conversores A/D e D/A são usados para estabelecer uma


interface entre um computador e o mundo analógico.

1. Transdutor. Em geral, a variável física é uma grandeza não-elétrica. O


transdutor é um dispositivo que converte uma variável física em variável
elétrica. Alguns dos transdutores mais conhecidos são os termistores, os
fotodiodos, os transdutores de pressão e os tacômetros. A saída de um
transdutor é uma corrente ou uma tensão proporcional ao valor da
variável física que está sendo monitorada. Por exemplo, a variável física
pode ser a temperatura da água de um tanque que está sendo alimentado
por duas fontes de água, uma fria e outra quente. Vamos imaginar que a
temperatura da água varie de 80oF a 150oF, e que um termistor converta a
temperatura da água para tensões na faixa de 800 a 1500mV. Note que a
saída do transdutor é diretamente proporcional à temperatura, de forma
que cada 1oF produza uma saída de 10mV.
2. Conversor Analógico-Digital (A/D). A saída analógica do transdutor é
colocada na entrada do conversor A/D que converte a entrada analógica
numa saída digital. Esta saída digital é um número binário que representa
o valor da entrada analógica. Por exemplo, o conversor A/D poderia
converter os valores entre 800 e 1500mV da saída do transdutor em
valores binários na faixa de 010100002 (80) a 100101102 (150). Note que
o valor da saída binária do conversor A/D é proporcional ao valor da sua
tensão de entrada.
3. Computador Digital. A representação digital da variável do processo
físico é transmitida do conversor A/D para o computador digital, que
armazena o valor desta variável para processamento, de acordo com as

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instruções do programa que estiver sendo executado.


4. Conversor Digital-Analógico (D/A). A saída digital gerada pelo
computador é enviada ao conversor D/A, que converte para seu valor
analógico de tensão ou corrente correspondente. Por exemplo, o
computador pode produzir uma saída digital na faixa de 00000000 2 a
111111112, que o conversor D/A converte para uma tensão na faixa de 0
a 10V.
5. Acionador. O sinal analógico proveniente da saída do conversor D/A é
muitas vezes conectado à entrada de um dispositivo que serve como
acionador para controlar a variável física. No exemplo do tanque d'água,
o acionador poderia ser uma válvula eletricamente controlada, que
regulasse o fluxo de água quente para dentro do tanque, de acordo com a
tensão analógica existente na saída do conversor D/A. O fluxo poderia
variar proporcionalmente com esta tensão, com 0V interrompendo o
fluxo, e com 10V produzindo o fluxo máximo.
Pelo exposto, fica claro que tanto os conversores A/D quanto os
conversores D/A funcionam como interfaces em um sistema totalmente
digital, como um computador, e o mundo analógico. Esta função vem
ficando cada vez mais importante à medida que os microprocessadores,
cada vez mais baratos, são amplamente utilizados em áreas onde antes
não se justificava o uso do computador em razão do alto custo.

2. Conversão Digital/Analógica (D/A)


A conversão D/A é o processo onde um valor representado em
determinado código binário (como o binário puro ou o BCD) é
convertido para um valor de tensão ou de corrente proporcional ao valor
digital. A Figura 2(a) mostra o símbolo para um conversor D/A de 4 bits.
As entradas digitais D, C, B e A são, via de regra, provenientes de
um registrador de saída de um sistema digital. Os 2 4 = 16 números
binários diferentes representados por estes quatro bits estão listados na
tabela da Figura 2(b). Para cada número na entrada, o conversor D/A
associa um único valor de tensão de saída. Realmente a tensão analógica
de saída VOUT equivale em volts ao número binário de entrada. A mesma
idéia poderia ser aplicada no caso de termos uma corrente IOUT na saída
do conversor D/A.

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Em geral, saída analógica = K x entrada digital


onde K é o fator de proporcionalidade, que é um valor constante para um
dado conversor D/A. A saída pode ser tanto uma tensão quanto uma
corrente. Quando a saída for uma tensão, K será uma unidade de tensão,
e quando a saída for uma corrente, K será uma unidade de corrente. Para
o conversor D/A da Figura 2, K = 1V, de modo que VOUT = (1 V) x
entrada digital
Podemos usar esta relação para calcular VOUT para qualquer valor
da entrada digital. Por exemplo, com uma entrada digital de 11002 2 =
1210, obteremos VOUT = 1 V x 12 = 12 V
D C B A Vout (V)
0 0 0 0 0
0 0 0 1 1
0 0 1 0 2
0 0 1 1 3
0 1 0 0 4
0 1 0 1 5
D MSB
0 1 1 0 6
C Conversor 0 1 1 1 7
Entradas D/A Vout 1 0 0 0 8
digitais B (DAC) Saída analógica 1 0 0 1 9
1 0 1 0 10
A 1 0 1 1 11
LSB 1 1 0 0 12
(a) 1 1 0 1 13
1 1 1 0 14
1 1 1 1 15
(b)

Figura 2 Um conversor D/A de quatro bits, com saída de tensão.

Exemplo 1: Um conversor D/A de cinco bits tem saída de corrente. Para


uma entrada digital de 101002, é produzida uma corrente de saída de 10
mA. Qual será a corrente IOUT para uma entrada digital de 111012?
A entrada digital de 101002 é igual ao decimal 20. Uma vez que
IOUT = 10 mA, o fator de proporcionalidade é de 0,5mA. Então,
IOUT para qualquer entrada digital, tal como 111012 = 2910 da
seguinte forma: IOUT = (0,5 mA) x 29 = 14,5 mA

Exemplo 2: Qual o maior valor da tensão de saída de um conversor D/A


de oito bits, que produz 1,0 V na saída, para uma entrada de 001100102?
001100102 = 5010
1,0V = K x 50  K =20 mV
A maior saída ocorrerá para uma entrada de 111111112 = 25510
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VOUT(máx.)= 20 mV x 255 = 5,10V

Saída Analógica. Tecnicamente, a saída de um conversor D/A não é


considerada uma grandeza analógica pelo fato de ela poder assumir
somente valores específicos de tensão ou corrente, como os 16 possíveis
níveis de tensão para VOUT ilustrados na Figura 2. No entanto, como
veremos adiante, poderemos aumentar o número de valores diferentes
para representar as saídas, diminuindo, assim, a diferença entre dois
valores de saída sucessivos, com o consequente aumento do número de
bits para representar a entrada. Com efeito, isto vai produzir uma saída
cada vez mais parecida com uma quantidade analógica, cuja principal
característica é sua variação sobre um espectro de valores.

Entradas Ponderadas. Para o conversor D/A da Figura 2, deve ser


observado que cada entrada digital contribui com uma quantidade
diferente para a formação da saída analógica. Isto pode ser visto
facilmente, analisando os casos onde apenas um dos sinais de entrada
está no nível ALTO:
As contribuições de cada entrada digital são ponderadas, ou seja,
têm um peso, de acordo com sua posição no número binário de entrada.
Então, sendo A o bit menos significativo, o seu peso é de 1V, B tem um
peso de 2V, C de 4V, e o bit mais significativo, D, tem peso de 8V. Os
pesos dobram para cada bit sucessivo, começando com o menos
significativo, cujo peso é 1. Então, podemos considerar a saída VOUT
como sendo a soma ponderada das entradas digitais do conversor. Por
exemplo, para encontrar VOUT relativa à entrada 01112 faremos
4V+2V+1V = 7V.

D C B A VOUT
(V)
0 0 0 1  1
0 0 1 0  2
0 1 0 0  4
1 0 0 0  8

Exemplo 3: Um conversor D/A de cinco bits produz V OUT = 0,2V para


uma entrada digital de 000012. Encontre o valor de VOUT para a entrada
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111112.
0,2V é o peso do bit menos significativo. Então, os pesos dos
outros bits devem ser de 0,4V, 0,8V, 1,6V e 3,2V,
respectivamente. Desta forma, para uma entrada digital de
111112, o valor de VOUT será de 3,2V + 1,6V + 0,8V + 0,4 + 0,2 =
6,2V.

Resolução (Tamanho do Degrau). Definimos a resolução de um


conversor D/A como sendo a menor modificação que pode ocorrer em
sua saída analógica, resultante de uma alteração na entrada digital.
Referindo-nos à tabela da Figura 2, podemos observar que a resolução do
conversor D/A lá representado é de 1V. A resolução é sempre igual ao
peso do dígito menos significativo da entrada, sendo muitas vezes
denominada tamanho de degrau, por ser a quantidade que VOUT vai
mudar quando a entrada digital mudar de um degrau para outro. Isto está
mais bem ilustrado na Figura 3. Como o contador volta a zero a cada 16
contagens, a saída do conversor D/A é uma forma de onda em escada
que sobe 1V por degrau. Quando o contador está em 1111, a saída do
conversor D/A estará em seu valor máximo de 15V correspondendo ao
valor de fim de escala. Quando o contador voltar a 0000, a saída do
conversor D/A retorna a 0V.
Observe que a escada tem 16 níveis, correspondendo a cada uma
das possíveis entradas, havendo somente 15 degraus, entre o nível de 0 e
o de 15V. Em geral, para um conversor D/A de N bits, o número de
níveis diferentes será de 2N, e o número de degraus será de 2N - 1.

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Conversor
D/A

Resolução
= 1V

Figura 3- Forma de onda na saída de um conversor D/A.

Pode-se também imaginar que a resolução é idêntica ao fator de


proporcionalidade existente na relação da entrada com a saída de um
conversor D/A, ou seja,
saída analógica = K x entrada digital
Exemplo 4: Qual a resolução do conversor D/A do exemplo 2? Descreva
o sinal em escada presente na saída deste conversor D/A.
O bit menos significativo do conversor tem um peso de 0,2V. Esta
é a resolução ou tamanho do degrau. Uma forma de onda em
escada pode ser gerada pela conexão de um contador de cinco bits
à entrada do conversor D/A. A escada terá 32 níveis de 0 a 6,2V, e
31 degraus, de 0,2V cada um.

Exemplo 5: Para o conversor D/A do exemplo2, determine VOUT para a


entrada de 100012.
O tamanho do degrau é de 0,2V, que vem a ser o fator de
proporcionalidade K. A entrada digital de 100012 corresponde a
1710. Então VOUT = (0,2V) x 17 = 3,4 V.

Resolução Percentual. Apesar da resolução poder ser expressa como


uma quantidade de tensão ou corrente por degrau, é comum expressá-la
como uma percentagem do valor máximo possível para a saída ou valor
de fim de escala. Para ilustrar isto, consideremos o conversor D/A da
Figura 3, com uma tensão de fim de escala igual a 15V, obtida quando a
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entrada digital for de 11112. O tamanho do degrau é de 1V, o que dá uma


resolução percentual de
tamanho do degrau 1V
resolução %  x 100%  x100%  6,67%
valor de fim de escala 15V

A resolução percentual também pode ser calculada a partir da


relação seguinte
1
resolução %  x 100%
número total de degraus

Isto significa que é somente o número de bits que determina a


resolução percentual. Aumentando o número de bits na entrada, há um
aumento do número de degraus para atingir o valor máximo de tensão, de
modo que cada degrau é uma parte menor da tensão máxima.

O que Significa Resolução? Um conversor D/A não pode produzir um


espectro contínuo de valores de saída, e assim, sua saída não é
verdadeiramente analógica. A resolução do conversor D/A (número de
bits) determina quantos valores de tensão são possíveis na saída. Se um
conversor D/A de seis bits for usado, existirão 63 degraus de 0,159V
cada um, entre 0 e 10V. Se usarmos um conversor D/A de oito bits,
existirão 255 degraus de 0,039V entre 0 e 10V. Quanto maior o número
de bits, mais fina será a resolução (menor o tamanho do degrau).

Exemplo 5: A figura abaixo mostra um computador controlando a


velocidade de um motor. Uma corrente analógica entre 0 e 2mA é
amplificada para produzir velocidades de 0 a 1000rpm (rotações por
minuto). Quantos bits devem ser usados se o computador deve ser capaz
de produzir velocidades que variem de no máximo 2 rpm?
Cada degrau da saída do conversor D/A vai produzir uma
mudança na velocidade do motor. Desejamos que cada mudança
seja de, no máximo, 2rpm. Então precisamos de, no mínimo, 500
degraus (100012). Precisamos determinar quantos bits são
necessários para gerar um mínimo de 500 degraus de 0 até a
velocidade máxima requerida. Sabemos que o número de degraus
é dado por 2N -1, e desta forma podemos afirmar que 2N -1500 ou

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que 2N 500.
Uma vez que 28 = 256 e que 29 = 512, o menor número de bits que
irá produzir um mínimo de 500 degraus é igual a nove.
Poderíamos usar mais de nove bits. Porém, isso aumentaria o
custo do conversor.

Conversor
D/A

Exemplo 6: Usando nove bits, o quão perto de 326rpm poderemos levar


a velocidade do motor do exemplo anterior?
Com nove bits, existirão 29-1 = 511 degraus. Então a velocidade
do motor pode chegar a 1000rpm, em intervalos de 1000/511 =
1,957rpm. O número de degraus necessários a chegar a 326rpm é
326/1,957 = 166,58. Tal valor não é um número inteiro de degraus
e, desta forma, deve ser arredondado para 167. A velocidade real
do motor no degrau de número 167 será de 167x1,957 = 326,8
rpm. Então, o computador precisa gerar uma saída de nove bits,
equivalente a 16710, para produzir a velocidade desejada do motor.

3. Circuitos para Conversão Digital/Analógica (D/A)


A Figura 4(a) mostra o circuito básico de um tipo de conversor D/A
de quatro bits. As entradas A, B, C e D são entradas binárias cujos
valores são ou 0V ou 5V. O amplificador operacional é empregado
como um amplificador somador, produzindo em sua saída uma soma
ponderada (considerando os pesos) das tensões de entrada. É preciso
lembrar que o amplificador operacional multiplica cada tensão de entrada
pela razão do valor do resistor de realimentação R F pelo valor do resistor
de entrada RIN correspondente a cada entrada. Neste circuito R F = 1k e
os resistores de entrada variam de 1k a 8k. A entrada D tem RIN =

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1k, e assim sendo o amplificador operacional recebe a tensão em D


sem nenhuma atenuação. A entrada C tem RIN=2k, de forma que o
amplificador recebe uma tensão atenuada pela razão 1/2. Do mesmo
modo a atenuação sofrida pela tensão presente na entrada D será de 1/4,
em função de seu resistor de entrada ser de 4k. Finalmente, pelos
mesmos motivos, a razão de atenuação sofrida pela tensão na entrada A é
de 1/8. A tensão na saída do amplificador pode ser expressa como
 1 1 1 
VOUT   VD  VC  VB  VA 
 2 4 8 

A saída do amplificador é uma tensão analógica que representa a


soma ponderada das entradas digitais, conforme mostrado na tabela da
Figura 4(b). A saída é avaliada para cada uma das possíveis situações da
entrada, colocando uma tensão de 0V (nível lógico 0) ou de 5V (nível
lógico 1) em A, B, C e D, conforme o caso. Por exemplo, se a entrada
digital for 10102, então VD = VB = 5 V e VC = VA = 0V. Desta forma
teremos:
VOUT = - (5V+ 0V + 1/4 x 5V + 0V) = -6,25V
A resolução deste conversor é igual ao peso atribuído ao bit menos
significativo da entrada, ou seja 1/8 x 5V = 0,625V. Conforme pode ser
observado na tabela, a saída analógica cresce de 0,625V, toda vez que a
entrada binária avança de uma unidade.

D C B A Vout

-0,625 - LSB

-9,375 – valor de
final de escala

Figura 4- Um conversor D/A simples, utilizando amplificador


operacional somador, com resistores para representar os pesos de cada

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um dos bits da entrada.

Exemplo 7- (a) Determine o peso de cada um dos bits da entrada do


conversor D/A da Figura 4(a). (b) Mude RF para 250, e determine o
valor máximo da tensão de saída.
(a) O bit mais significativo passa com ganho igual a 1, e seu peso
na saída é de 5 V. Teremos, portanto
Bit mais significativo = 5 V
2o bit mais significativo = 2,5 V
3o bit mais significativo = 1,25 V
4o bit mais significativo = bit menos significativo =
0,625 V
(b) Se o valor de RF for dividido por 4, passando a valer 250, o
peso de cada uma das entradas passará a ser quatro vezes menor
do que os valores acima. Então, o valor máximo da tensão de
saída será igual a -9,375/4 = -2,344 V.

Precisão da Conversão. A tabela da Figura 4(b) mostra os valores ideais


de VOUT para cada uma das possíveis situações de entrada. O quão perto
de tais valores o circuito que gera a saída do conversor vai conseguir
chegar depende apenas de dois fatores: (1) a precisão dos valores
associados aos resistores de entrada e ao resistor de realimentação, e (2)
a precisão dos níveis das tensões aplicados às entradas. Os resistores
podem assumir valores bastante exatos. No caso dos valores de tensão
presentes nas entradas digitais, devemos observar que não podemos
tomá-los diretamente das saídas de flip-flops ou de portas lógicas, pois os
níveis de tais saídas não são exatamente iguais a 0V e a 5V, podendo
variar dentro dos valores especificados para saídas TTL, CMOS etc. Por
isso, torna-se necessário adicionar um circuito entre cada entrada digital
e seu resistor de entrada.

Conversor D/A com Saída de Corrente. A Figura 5(a) mostra um


esquema para geração de uma saída de corrente, cujo valor é
proporcional à entrada binária, para um conversor D/A de quatro bits,
com valores dos resistores de entrada que são potências inteiras da base
2. O circuito usa quatro caminhos de corrente paralelos, cada um
controlado por uma chave eletrônica. O estado de cada chave é

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controlado pelo nível lógico da entrada binária correspondente. A


corrente em cada caminho é determinada por uma tensão de referência,
VREF, muito precisa, e por um resistor de precisão situado no caminho da
corrente. Os valores dos resistores são potências inteiras da base 2, a
partir de R, correspondendo ao bit mais significativo. O valor da corrente
em cada caminho será dividido pela potência de 2 correspondente ao
resistor deste caminho, sendo que a corrente total na entrada do
amplificador, IOUT será a soma das correntes individuais. O caminho do
bit mais significativo tem o resistor de menor valor, R; o próximo
caminho tem um resistor de 2R, e assim por diante. Podemos fazer I OUT
fluir por um resistor de carga RL, muito menor do que R, sem nenhuma
influência no valor da corrente.

De modo a manter, IOUT dentro de uma certa margem de precisão, RL


precisa ter um curto para a terra. Uma forma usual de se conseguir isto, é
usar um amplificador operacional como um conversor corrente-tensão,
conforme mostrado na Figura 8(b). A saída IOUT do conversor D/A é
conectada à entrada negativa do amplificador operacional, que está
ligada logicamente à terra. A realimentação negativa do operacional
força que uma corrente igual a IOUT passe a fluir por RF para produzir
uma tensão VOUT = - IOUT x RF. Então VOUT será uma tensão analógica
proporcional à entrada binária do conversor D/A.
I0 I I
I OUT  B 3 .I 0  B 2 .  B1 . 0  B 0 . 0
2 4 8
onde
VREF
I0 
R

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VOUT = -IOUT x RF

Figura 5- (a) Conversor digital-analógico com saída de corrente, (b)


conexão a um amplificador operacional que converte corrente em tensão.

Conversores R/2R. Os circuitos de conversão D/A vistos até o momento


utilizam resistores com valores de potências inteiras da base 2, para
produzirem o peso correspondente a cada um dos bits do sinal digital.
Tal método funciona perfeitamente na teoria, tendo, no entanto, algumas
limitações de ordem prática. O maior problema é a grande diferença
entre os valores dos resistores correspondentes aos bits mais e menos
significativos do sinal digital, sobretudo nos conversores de alta
resolução (que convertem sinais digitais compostos de muitos bits). Por
exemplo, se o resistor correspondente ao bit mais significativo de um
conversor de 12 bits valer 1k, o do bit menos significativo deverá valer
2M.
Um dos circuitos para conversão D/A mais usado é aquele que
emprega o princípio da rede R/2R, onde os valores das resistências
restringem-se a valores na faixa de 2 para 1. O esquema de um de tais
conversores é mostrado na Figura 6.
Observe a forma como os resistores estão arranjados, e
principalmente note que são usados apenas dois valores diferentes de
resistências, R e 2R. A corrente IOUT depende da posição das quatro

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chaves, e as entradas binárias B3B2B1B0 controlam os estados das chaves.


A corrente IOUT flui através de um amplificador operacional, que converte
corrente em tensão, produzindo VOUT. O valor de VOUT é dado pela
expressão
 VREF
VOUT  xB
8
onde B é o valor da entrada binária, que pode variar entre 0000 (0) e
1111(15).

VREF
VOUT   xB
8

Figura 6- Conversor D/A R/2R básico.

4. Especificações dos Conversores Digital/Analógica (D/A)


Resolução. A resolução percentual de um conversor D/A só depende do
número de bits na entrada de tal conversor. Por isso, os fabricantes
preferem especificar a resolução de seus produtos através de número
máximo de bits presentes na entrada. Um conversor D/A de 10 bits tem
uma resolução melhor do que um de oito bits.
Precisão. Os fabricantes de conversores A/D expressam a precisão de
seus produtos de diversas maneiras. As duas formas mais comuns são
através do erro de fundo de escala e do erro de linearidade, expressos
como uma percentagem do valor de fim de escala do conversor.
O erro de fundo de escala (FE) é definido como o desvio máximo da
saída do conversor em relação a seu valor ideal, expresso como
percentagem do valor de fim de escala. Por exemplo, assuma que o
conversor D/A da Figura 4 tem uma precisão de + 0,01% FE. Como tal
conversor D/A tem uma tensão de fim de escala de 9,375V, esta
percentagem pode ser convertida para o seguinte valor de tensão:

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0 01% x 9,375 V = +0 9375 mV


O erro de linearidade é o desvio máximo admitido para o tamanho
ideal do degrau do conversor. Por exemplo, o conversor D/A da Figura 4
tem um degrau ideal de 0,625V. Se tal conversor apresentar um erro de
linearidade correspondente a + 0,01% FE, significa dizer que o tamanho
real do seu degrau está entre 0,625 V + 0,9375 mV e 0,625V
-0,9375mV.
É importante entender que precisão e resolução de um conversor
D/A devem ser compatíveis. Não seria lógico ter uma resolução de,
digamos, 1% e uma precisão de 0,1% ou vice-versa. Para ilustrar,
considere um conversor D/A com uma resolução de 1% e um valor de
fim de escala de 10V. Tal conversor pode produzir uma saída analógica
com um desvio máximo de 0,1V. Não faz nenhum sentido ter uma
altíssima precisão de 0,01% FE, ou 1mV, se a própria resolução limita a
exatidão do resultado a valores que diferem de 0,1V do valor ideal.
Podemos aplicar o mesmo raciocínio para o caso de se ter uma resolução
muito pequena (mais bits) e uma precisão pobre, para concluir que
estaremos desperdiçando bits na entrada.

Exemplo 7- Um certo conversor D/A de oito bits tem um valor de tensão


de fim de escala de 2mA e um erro de fundo de escala de +0,5% FE.
Qual a faixa de possíveis valores de saída para uma entrada de
100000002?
O tamanho do degrau é de 2mA/255 = 7,84A. Uma vez que
100000002 = 12810, a saída ideal seria de 128 x 7,84A = 1004A.
O erro na saída pode ser de no máximo
0,5% X 2mA = 10A
Então, o valor real da saída pode desviar-se de 10A em relação à
saída ideal, de forma que os valores reais de saída do conversor
estarão entre 994 e 1.014A.

Tempo de Estabilização. Em geral, a velocidade de operação de um


conversor D/A é expressa por seu tempo de estabilização, que vem a ser
o tempo gasto pela saída do conversor para ir de zero ao seu valor de
final de escala, enquanto todos os valores de entrada mudam de 0 para 1.
Na prática, o tempo de estabilização é medido como o tempo gasto para
a saída do conversor estabilizar-se dentro da faixa de 1/2 do tamanho
15
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

do degrau (resolução) de seu valor de final de escala. Por exemplo, se a


resolução do conversor D/A for de 10 mV, o tempo de estabilização é
medido como o tempo gasto para a saída estabilizar-se dentro da faixa de
5 mV, em torno de seu valor de final de escala. Valores típicos para o
tempo de estabilização, situam-se na faixa de 50 ns a 10s. Geralmente,
os conversores D/A com saídas de corrente têm tempos de estabilização
menores do que os com saídas de tensão.

5. Pesquisa de Falhas em Conversores Digital/Analógica (D/A)


Existem basicamente duas maneiras de testar a operação de um
conversor D/A: o teste de precisão estática e o teste da escada. O teste
estático envolve a colocação das entradas digitais em um valor fixo e a
medida da saída analógica com um multímetro preciso. Este teste é
usado para verificar se a saída analógica está dentro da faixa de valores
especificada através da precisão do conversor D/A. Se não estiver,
existem várias causas possíveis. Seguem-se algumas delas:
 Flutuação nos valores dos componentes do conversor (por exemplo,
nos valores dos resistores) devido à variações de temperatura,
envelhecimento do componente etc.
 Conexões abertas ou curtos em qualquer uma das entradas digitais.
Isto pode fazer com que o peso de uma entrada jamais seja
considerado na formação da saída analógica, ou que seu peso seja
sempre considerado, independente do valor da entrada.
 Falha na tensão de referência. Como a saída analógica depende da
tensão de referência VREF, uma falha no fornecimento desta tensão
pode produzir resultados fora das especificações.
 Erro de compensação alto, causado pelo envelhecimento de
componentes ou por variação da temperatura, fazendo com que as
saídas do conversor sejam afetadas por um valor fixo.

O teste da escada é usado para verificar a monotonicidade do


conversor D/A, isto é, para verificar se a saída cresce passo a passo com
o incremento da entrada binária, conforme ilustrado na Figura 3. Os
degraus da escada devem ser todos do mesmo tamanho, não podendo
haver salto de nenhum degrau, nem nenhum degrau descendente até a
tensão de final de escala ser alcançada. Este teste pode ajudar a detectar
16
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

falhas internas ou externas que levem uma entrada a não contribuir nunca
ou a contribuir sempre na formação da saída analógica. O seguinte
exemplo vai ilustrar a aplicação do teste da escada a um conversor D/A.

Exemplo 12: Como seria a forma de onda na saída do conversor D/A da


Figura 3 se a entrada C estivesse aberta? Assuma que as entradas do
conversor são TTL.

Uma conexão aberta em C será interpretada pela lógica TTL do


conversor, como um valor lógico 1 constante em tal entrada.
Então, a entrada C contribuirá sempre com 4 V para a formação da
saída analógica do conversor, fazendo com que a forma de onda
na saída tenha o aspecto mostrado na figura acima.

6. Conversão Analógica/Digital (A/D)


Um conversor analógico-digital recebe uma entrada analógica e,
após certo intervalo de tempo, transforma-a numa saída digital
correspondente à entrada analógica. O processo de conversão A/D é mais
complicado e mais demorado do que o processo de conversão D/A,
havendo uma grande variedade de métodos para realizar tal conversão.
Vários tipos de conversores A/D usam conversores D/A como parte
de seus circuitos. A Figura 7 mostra o diagrama em blocos destes
conversores. A temporização da operação do circuito é feita por um sinal
de clock. A unidade de controle contém os circuitos lógicos para geração
da sequência apropriada de operações em resposta ao COMANDO DE

17
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

INICIO, que começa o processo de conversão. O amplificador


operacional, usado como comparador, tem duas entradas analógicas e
uma saída digital que muda de estado, dependendo de qual das entradas
analógicas é maior.

Conversor
D/A

Figura 7- Diagrama geral de uma classe de conversores A/D.


A operação básica dos conversores A/D deste tipo é a seguinte:
1- Um PULSO DE INÍCIO inicia a operação.
2- A unidade de controle modifica continuamente o número binário
armazenado no registrador, numa cadência ditada pelo clock.
3- O número binário armazenado no registrador é convertido para um
valor analógico VAX, pelo conversor D/A.
4- O comparador compara VAX com a entrada analógica VA. Enquanto
VAX for menor do que VA, a saída do comparador permanece no nível
lógico ALTO. Quando VAX exceder VA de um valor mínimo VT
(tensão limite), a saída do comparador vai para o nível lógico BAIXO,
interrompendo o processo de modificação do conteúdo do registrador.
Neste ponto, VAX é muito próxima de VA. O valor digital armazenado
no registrador, que é o valor digital equivalente a VAX, é também
equivalente a VA, respeitados os níveis de precisão e resolução.
5- A lógica de controle ativa o sinal EOC, de término do processo de
conversão.

7. Conversão A/D em Rampa

18
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

Uma das versões mais simples do conversor genérico da Figura 7


usa um contador binário como registrador, e permite que o clock
incremente o contador um passo de cada vez, até que V AX  VA. Tal
processo é denominado conversão A/D em rampa, porque a forma da
onda de VAX assemelha-se a uma rampa (na verdade é como uma
escada), como a mostrada na Figura 3.
A Figura 8 é o diagrama de um conversor A/D em rampa. A saída
do comparador serve como sinal de término da conversão, sinal este
ativo-BAIXO. EOC (end of conversion)

Conv.
D/A

Figura 8- Conversor A/D em rampa.

Se assumirmos que VA, o sinal analógico a ser convertido, é


positivo, a operação processa-se como descrito a seguir:
1- Um pulso de INÍCIO é aplicado para resetar o contador. O nível
ALTO do pulso de INÍCIO serve para inibir a passagem dos pulsos de
clock pela porta AND, em direção ao contador.
2- Com todas as suas entradas em zero, a saída do conversor D/A será
VAX = 0V.
3- Sendo VA > VAX, a saída EOC do comparador irá para o nível lógico
ALTO.
4-Quando INÍCIO volta ao nível lógico BAIXO, a porta AND é
habilitada, e os pulsos de clock entram no contador.

19
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

5-A medida que o contador avança, a saída do conversor D/A, V AX,


cresce um passo a cada instante, conforme mostrado na Figura 8(b).
6- Este processo continua até que VAX chegue a um valor que ultrapasse
VA por uma quantidade maior ou igual a VT (da ordem de 10 a
100V). Neste ponto, EOC vai para o nível lógico BAIXO e inibe o
fluxo de pulsos para o contador, que pára, então, a sua contagem.
7- O processo de conversão está agora completo, sinalizado pela
transição de ALTO para BAIXO do sinal EOC, e o conteúdo do
contador é a representação digital de VA.
8-O contador segura o valor digital nele armazenado, até que o próximo
pulso de INÍCIO inicie uma nova conversão.

Exemplo 13: Assuma os seguintes valores para o conversor A/D da


Figura 12: freqúência do clock = 1MHz; VT = 0,1 mV; valor de final de
escala do conversor D/A = 10,23 V e entrada do conversor D/A de 10
bits. Determine os seguintes valores:
(a)O valor digital obtido para a entrada VA = 3,728V.
(b) O tempo gasto na conversão.
(c)a resolução do conversor.
(a) O conversor D/A tem uma entrada de 10 bits e um valor de
final de escala de 10,23V. Então, o número total de possíveis
degraus é de 210-1 = 1023, sendo, portanto, o tamanho do degrau
de 10,23V/1023 = 10mV. Isto significa que VAX cresce em
degraus de 10mV, a cada contagem do contador, a partir de zero.
Uma vez que VA=3,728V e que VT=0,1mV, VAX deve alcançar
3,7281V ou mais, antes que a saída digital do comparador vá para
o nível lógico BAIXO. Isto ocorre em 3,7281V/10mV = 372,81 =
373 passos. No final da conversão, o contador vai guardar o valor
binário equivalente a 373, ou seja, 0101110101 2. Este é o valor
binário correspondente a VA = 3,728 V, produzido pelo conversor
A/D
(b) São necessários 373 passos para completar a conversão. Então
ocorrerão 373 pulsos de clock, até o final do processo, sendo um
pulso a cada s. Desta forma, o tempo de conversão é de 373s.
(c) A resolução deste conversor é igual ao tamanho do degrau do
conversor D/A, ou seja, 10mV. Percentualmente a resolução pode
ser expressa como 1/1023x100%=0,1%.

20
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

Precisão e Resolução na Conversão A/D. A resolução do conversor


A/D é igual à resolução do seu conversor D/A. A tensão de saída do
conversor D/A tem a forma de uma escada (rampa) que cresce em
degraus discretos até exceder VA. Então, VAX é uma aproximação do
valor de VA, e o melhor que podemos esperar é que VAX esteja na faixa
de VA mais ou menos 10mV, se a resolução (tamanho do degrau) for de
10mV. Podemos pensar na resolução como sendo um erro inerente ao
próprio processo. Tal erro, que pode ser reduzido com o aumento do
número de bits do contador e do conversor D/A, é muitas vezes
especificado como devido ao peso do bit menos significativo do
conversor, fazendo com que o resultado da conversão difira do resultado
ideal por, no máximo, o valor de tal peso.
Da mesma forma que na conversão D/A, a precisõo na conversão
A/D, não está relacionada com a resolução, dependendo, porém, da
precisão dos circuitos que compõem o conversor, tais como o
comparador, os resistores do conversor D/A, das tensões de referência,
entre outros.

Exemplo 14- Um certo conversor A/D de oito bits admite uma entrada
de, no máximo, 2,55V (VA= 2,55V produz uma saída digital igual a
11111111). O erro especificado para o conversor é de 0,1% FE.
Determine o valor máximo que a saída VAX pode diferir da entrada
analógica.
O tamanho do degrau é de 2,55V/(28- 1) que dá exatamente 10mV.
Isto significa que mesmo que o conversor D/A não tenha qualquer
imprecisão, a saída VAX pode estar errada em no máximo 10mV,
pois VAX só pode ser alterada de 10 em 10mV. O erro
especificado, de 0,1% FE, equivale a 0,1% x 2,55V=2,55mV. Isto
significa que o valor de VAX pode estar errado em até 2,55mV
devido a imprecisões nos componentes. Então, o erro total na
conversão pode ser de, no máximo, 10mV+2,55mV = 12,55 mV.
Por exemplo, suponha uma entrada analógica de 1,268V. Se a
saída do conversor D/A for perfeitamente precisa, a escada deve
parar no 1270 degrau (1,27V). Mas suponhamos que VAX estava
errada em -2 mV, valendo, portanto, 1,268V no 127 0 degrau. Tal
valor poderia não ser suficiente para encerrar o processo de

21
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

conversão, fazendo-o parar somente no 128 o degrau. Desta forma,


a saída digital seria 100000002 = 12810 para a entrada analógica de
1,268V, com erro de 12 mV.

Tempo de Conversão tC. O tempo para conversão da entrada analógica


na saída digital é o intervalo de tempo decorrido entre o final do pulso de
INÍCIO e a ativação de EOC. O contador começa sua contagem de zero,
indo até VAX exceder VA, quando EOC assume o nível lógico BAIXO,
encerrando o processo de conversão. Deve ficar claro que o tempo de
conversão tC depende fundamentalmente de VA, pois quanto maior for
este valor, mais degraus serão necessários antes que a tensão da escada
exceda VA, provocando o encerramento do processo.
O tempo máximo gasto na conversão vai ocorrer quando V A estiver
ligeiramente abaixo do valor da tensão de final de escala, imediatamente
antes de VAX ir para o último degrau, quando EOC deverá ser ativado.
Para um conversor de N bits, este valor será dado pela expressão
tC(máx) = (2N – 1) períodos do clock
Algumas vezes, fala-se no tempo de conversão médio. Para o
conversor em rampa temos
tC(avg) = tC (máx)/2
A maior desvantagem do método de conversão em rampa é o
fato do tempo de conversão dobrar para cada bit adicionado ao contador,
fazendo com que a melhora da resolução só possa ser conseguida às
custas de um tC mais longo. Tal fato torna este tipo de conversor A/D
impróprio para aplicações que requerem repetidas conversões de um
sinal analógico que é alterado com frequência. Para aplicações onde o
sinal analógico varia lentamente, a simplicidade conceitual deste
conversor torna-se uma grande vantagem em relação aos demais.

Exemplo 15: O que acontecerá com a operação de um conversor A/D em


rampa, quando a entrada analógica for maior do que o valor de final de
escala?
A saída digital do comparador nunca passa para o nível lógico
BAIXO, uma vez que a tensão da escada não excede V A em
nenhuma hipótese. Os pulsos de clock continuarão a ser aplicados
ao contador, de forma que ele vai contar indefinidamente, do zero
22
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

ao valor máximo, até que VA assuma um valor menor do que o


valor de final de escala.

8. Aquisição de Dados
Existe um grande de aplicações onde um dado analógico deve ser
digitalizado e transferido para a memória de um computador. O processo
através do qual o computador obtém um dado analógico digitalizado é
chamado de aquisição de dados. Determinadas aplicações, como a
gravação digital de sinais de áudio, ou o armazenamento de sinais
digitais por um osciloscópio, necessitam que o processador armazene o
dado, e depois o entregue a um conversor D/A para que o sinal analógico
original seja recomposto. Nas aplicações de controle de processos, o
processador deve examinar o dado e/ou realizar algum processamento
sobre ele, a fim de determinar qual o sinal de controle a ser gerado em
respostas à entrada analógica.
A Figura9(a) mostra como um microcomputador pode ser
conectado a um conversor A/D em rampa para implementar o processo
de aquisição de dados. O microcomputador gera o sinal de INÍCIO que
inicia uma nova conversão A/D. O sinal EOC é examinado
periodicamente pelo microcomputador para determinar quando se
encerra a conversão em curso, quando então o dado digitalizado poderá
ser transferido para sua memória. As formas de onda da Figura 9(b)
ilustram como o computador adquire a versão digitalizada de um sinal
analógico. A forma de onda em escada correspondente a V AX, gerada
internamente pelo conversor, aparece sobreposta à forma de onda V A
com a finalidade de ilustrar o processo que tem início no tempo t 0,
quando o microprocessador gera um pulso de INICIO, iniciando um
novo ciclo de conversão A/D. A conversão termina em t 1, quando a
tensão da escada excede VA, e EOC assume o nível lógico BAIXO. A
transição negativa de EOC é um sinal para o microprocessador,
indicando que o conversor tem um sinal na saída que representa o valor
de VA no ponto a, fazendo com que o microprocessador armazene este
dado em sua memória.

23
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

Saída
digital

Computador carrega
dados na memória

Figura 9- (a) Um sistema típico de aquisição de dados por um


microcomputador; (b) formas de onda mostrando como o micro

computador inicia um novo processo de conversão e armazena o


dado digitalizado em sua memória, ao final de tal processo.
O microprocessador gera um novo pulso de INÍCIO imediatamente
após o instante de tempo t1 para iniciar um segundo ciclo de conversão.
Note que isto leva a tensão da escada de volta a zero, e o valor de EOC
de volta ao nível ALTO, uma vez que o pulso de INÍCIO reseta o
contador do conversor A/D. A segunda conversão termina em t 2, quando
a tensão da escada excede novamente VA. O microprocessador armazena
na memória o valor de VA no ponto b. Os mesmos passos anteriormente

24
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

descritos são repetidos em t3, t4, e assim por diante.


O processo através do qual o microprocessador gera os pulsos de
INÍCIO, examina o sinal EOC e armazena o dado digitalizado na
memória é feito sob o controle do programa que está rodando no
microprocessador. O programa de aquisição de dados determina a
quantidade de pontos do sinal analógico que deve ser armazenada na
memória.

Reconstituindo um Sinal Digitalizado. Na Figura 9(b), o conversor


A/D está operando em sua velocidade máxima, uma vez que um novo
pulso de INÍCIO é gerado logo após a aquisição do dado que acabou de
ser digitalizado. Observe que o tempo de conversão não é constante, pois
o sinal analógico na entrada está variando constantemente. O
microcomputador vai armazenar os dados digitais obtidos nas várias
conversões, de forma a possuir em sua memória uma versão digitalizada
do sinal analógico da entrada. Por exemplo, os dados digitais
correspondentes aos pontos a, b e c seriam armazenados como abaixo:

Pont Tensão Digital


o real equivalente
A 1,74 10101110
B 1,47 10010011
C 1,22 01111010

Estes dados digitais são utilizados muitas vezes para construir uma
aproximação do sinal analógico original. Nos osciloscópios com
memória, os valores digitais armazenados são entregues a um conversor
D/A que produz tensões analógicas que vão movimentar o feixe de
elétrons verticalmente enquanto que o seu movimento horizontal é
controlado por um sinal de tempo. O resultado é que o sinal analógico é
reconstituído com linhas retas ligando os diversos pontos digitalizados
sucessivos. Este processo está ilustrado na Figura 10.

25
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

Figura 10- (a) digitalização de um sinal analógico; (b) reconstituição do


sinal.
Na Figura 10(a), podemos observar que o conversor A/D realiza
conversões sucessivas para digitalizar o sinal analógico nos pontos a, b,
c, d, e assim por diante. Se tais dados forem utilizados na reconstituição
do sinal analógico, o resultado será semelhante ao mostrado na Figura
10(b). Pode-se concluir que conseguimos uma ótima reprodução do sinal
original. Isto se deve ao fato de o sinal não ter apresentado qualquer
mudança brusca entre os pontos digitalizados. Se o sinal analógico
apresentasse variações devidas a alta frequência, o conversor não teria
sido capaz de acompanhar tais variações, e a versão reproduzida do sinal
original seria menos fiel. Por isso, é importante manter o tempo de
conversão pequeno o suficiente para que o sinal analógico não possa
variar significativamente entre duas conversões sucessivas.

9. Conversão A/D por Aproximações Sucessivas


O conversor A/D que usa o método das aproximações sucessivas é
um dos tipos de conversor mais utilizados atualmente. Seus circuitos são
mais complexos do que os do conversor em rampa, porém seu tempo de
conversão é muito menor, o que torna seu uso bastante atrativo. Além
disso, os conversores A/D por aproximações sucessivas têm um tempo
de conversão fixo, que não depende do sinal analógico presente em sua
entrada. O esquema básico deste conversor, mostrado na Figura 11(a), é
26
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

similar ao do conversor em rampa. No entanto o conversor A/D por


aproximações sucessivas não utiliza um contador para gerar a entrada do
conversor D/A, usando, em seu lugar, um registrador comum. A lógica
de controle modifica o conteúdo deste registrador bit a bit, até que o
dado armazenado no registrador seja equivalente à entrada VA, dentro da
resolução do conversor. A sequência básica das operações é mostrada no
fluxograma da Figura 11(b). Utilizaremos este fluxograma para analisar
o exemplo apresentado na Figura 12.

início

fim

Figura 11- Conversor A/D por aproximações sucessivas; (a) diagrama


em bloco simplificado; (b) fluxograma da operação. MSB = Bit mais
significativo; LSB = Bit menos significativo.

Neste exemplo escolhemos um conversor bem simples, de quatro


bits, com um degrau de 1V. Observe que os quatro bits que saem do
registrador e alimentam o conversor D/A possuem pesos de 8, 4, 2 e 1V,
respectivamente, do menos significativo para o mais significativo.

27
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

Conv.
D/A

Figura 12- Ilustração de um conversor analógico digital de quatro bits,


usando um conversor D/A com degrau de 1V e VA=10,4V. MSB = Bit
mais significativo; LSB = Bit menos significativo.

Vamos assumir que o valor da entrada analógica é de 10,4V. A


operação inicia-se com a lógica de controle zerando todos os bits do
registrador, fazendo Q3=Q2=Q1=Q0=0. Expressaremos este fato pela
notação [Q] = 0000. Isto faz com que a saída do conversor D/A seja VA =
0V, conforme indicado no instante de tempo t0 do diagrama de tempos da
Figura 12. Com VAX < VA, a saída digital do comparador assume o nível
lógico ALTO.
No passo seguinte (tempo t1), a lógica de controle faz com que o bit
mais significativo do registrador passe a valer 1, fazendo com que o
valor armazenado passe a ser [Q] = 1000. O valor de V AX passa a ser 8 V.
Como VAX < VA a saída COMP do comparador continua em ALTO,
indicando para a lógica de controle que a colocação do bit mais
significativo do registrador em 1 não tornou V AX maior que VA, de modo
que a lógica de controle mantém tal bit em 1.
A lógica de controle prossegue, fazendo o bit Q 2 igual a 1, de maneira
a tornar [Q] = 1100 e VAX = 12 V, no instante de tempo t2. Em vista de
VAX assumir um valor maior do que VA, a saída COMP vai para o nível
lógico BAIXO, indicando à lógica de controle que o valor de VAX tornou-
se muito grande. Neste momento, t3, a lógica de controle zera Q2,
levando [Q] de volta a 1000 e fazendo V AX voltar a 8 V, tornando-se
novamente menor do que a entrada VA.
O próximo passo ocorre em t4, quando a lógica de controle faz o bit
Q1 = 1, tornando [Q] = 1010 e VAX =10V. Com VAX < VA, COMP
assume o nível lógico ALTO, informando à lógica de controle que o bit
28
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

Q1 deve ser mantido em 1. O passo final ocorre em t 5, quando a lógica de


controle faz Q0 = 1 levando [Q] a valer 1011, e, em conseqúência, V AX
=11V. Com VAX > VA, a saída COMP vai para o nível BAIXO,
sinalizando que VAX é muito grande, fazendo com que a lógica de
controle retorne o valor de Q0 a zero em t6.
Neste ponto, todos os bits do registrador já foram processados,
fazendo com que a lógica de controle ative o sinal EOC, dando por
encerrado o processo de conversão, e sinalizando que um valor digital
equivalente a VA está armazenado no registrador. Neste exemplo, a saída
digital equivalente a 10,4V foi 1010. Observe que 1010 equivale a 10V,
valor menor que o da entrada analógica. Este fato é característico do
método de conversão por aproximações sucessivas.

Exemplo: Um conversor A/D por aproximações sucessivas, tem oito bits


e uma resolução de 20mV. Qual será a saída digital para uma entrada
analógica de 2,17 V?
2,17V/20mV = 108,5, de forma que o degrau 108 produz VAX =
2,16V, e o degrau 109 produz VAX = 2,18V. O conversor sempre
produz um valor final de VAX que está um degrau abaixo do valor
de VA. Portanto, no caso da entrada VA = 2,17V, a saída digital
será de 10810 = 011011002.

Tempo de Conversão. Na operação descrita acima, a lógica de controle


examina cada um dos bits do registrador, colocando-o em 1 e decidindo,
posteriormente, se o mantém em 1 ou se o leva de volta a 0. O
processamento de cada um dos bits demora o equivalente a um ciclo de
clock, de modo que o tempo total de conversão para um conversor de N
bits por aproximações sucessivas será de N ciclos de clock. Isto é,
tC (aproximações sucessivas) = N x 1 ciclo de clock
Este tempo é o mesmo, independente do valor de VA. Isto ocorre, pois a
lógica do controle precisa processar cada bit para verificar se um 1 é
necessário ou não.

10. Conversores A/D Instantâneos (FLASH)


Os conversores instantâneos são aqueles que possuem a maior

29
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

velocidade de conversão entre todos os conversores A/D disponíveis,


requerendo, no entanto, circuitos muito mais elaborados que os demais.
Por exemplo, um conversor A/D instantâneo de seis bits precisa de 63
comparadores analógicos, enquanto um de oito bits precisa de 255
comparadores. O grande número de comparadores analógicos
necessários ao projeto de conversores instantâneos tem limitado
enormemente o tamanho de tais conversores, que estão disponíveis
atualmente em unidades de dois a oito bits.
O conversor da Figura 13(a) tem uma resolução de três bits e um
degrau de 1V. O divisor de tensão extrai da tensão básica de 10V uma
tensão de referência para cada um dos oito comparadores. A tensão de
referência VA é conectada a outra entrada de cada comparador.
Com VA<1V, todas as saídas dos comparadores, de C1 a C7, estarão
no nível lógico ALTO. Com VA >1V, uma ou mais das saídas dos
comparadores irão para o nível BAIXO. Todas as saídas dos
comparadores são ligadas a um circuito codificador com prioridade, que
gera uma saída binária correspondente à saída do comparador associado
à entrada que estiver no nível lógico BAIXO e possuir a numeração mais
elevada. Por exemplo, quando VA estiver entre 3 e 4V, as saídas C1, C2 e
C3 estarão no nível BAIXO, estando as demais no nível ALTO. O
codificador com prioridade vai responder apenas ao nível BAIXO
presente em C3, produzindo uma saída binária CBA = 011, que representa
o valor digital equivalente a VA, dentro da resolução de 1V. Quando VA
for maior do que 7V, as entradas de C1 a C7 estarão todas no nível
BAIXO, e o codificador vai produzir uma saída CBA = 111,
representando a saída digital equivalente à entrada analógica V A. A
tabela da Figura 13(b) mostra as respostas para todos os valores possíveis
das entradas analógicas.
O conversor instantâneo da Figura 13 tem uma resolução de 1V,
pois a entrada analógica precisa sofrer uma variação de 1V de forma a
levar a saída digital para seu próximo valor. Para conseguir uma
resolução mais fina, poderemos aumentar o número de níveis de tensão
de entrada, usando mais resistores para divisão de tensão, e, em
conseqúência, aumentando o número de comparadores analógicos. Por
exemplo, um conversor instantâneo de oito bits requer 28 = 256 níveis
diferentes de tensão, incluindo 0V, sendo então necessários 256
resistores e 255 comparadores analógicos (não há necessidade de

30
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

comparador associado ao nível de tensão 0V). As saídas dos 255


comparadores devem alimentar as entradas de um codificador com
prioridade, que produz na saída um código de oito bits que corresponde
ao número do comparador de mais alta ordem, cuja saída está no nível
lógico BAIXO. Em geral, um conversor instantâneo de N bits precisa de
2N-1 comparadores, 2N resistores, além da lógica do codificador com
prioridade.

Figura 13- (a) Conversor A/D instantâneo de três bits; (b) tabela-verdade.

Tempo de Conversão. O conversor instantâneo não usa sinal de clock,


pois não há necessidade de sequenciamento de suas operações. A
conversão ocorre de uma só vez. Quando muda o valor da entrada
analógica, as saídas dos comparadores também mudam, forçando a
mudança na saída do codificador. O tempo de conversão é o tempo
necessário ao aparecimento de uma nova saída digital, em resposta a uma

31
ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

mudança ocorrida na entrada analógica VA, e depende única e


exclusivamente do retardo de propagação introduzido pelos
comparadores e pela lógica de codificação. Por isso, os conversores
instantâneos têm tempos de conversão extremamente pequenos. Por
exemplo, o AD9002, da Analog Devices, é um conversor A/D
instantâneo de oito bits, com tempo de conversão menor do que 10ns.

11.Multiplexação
Quando houver necessidade de se converter em sinais digitais as
entradas analógicas provenientes de diversas fontes, é usual empregar
uma técnica de multiplexação destas entradas, de modo a possibilitar o
uso de um único conversor A/D em regime de tempo compartilhado. O
princípio básico de tal esquema é mostrado na Figura 14 para um sistema
de aquisição de dados composto por três canais. As chaves S 1, S2 e S3 são
usadas para chavear cada um dos canais analógicos em sequência, para a
entrada do conversor A/D. O circuito de controle supervisiona a ação
destas chaves, usualmente chaves semicondutoras, fazendo com que
apenas uma delas possa estar fechada em determinado instante de tempo.
Este circuito também gera o pulso de INICIO para o conversor A/D.
Um sinal de clock controla a taxa na qual os sinais analógicos são
sequencialmente comutados para a entrada do conversor. A taxa máxima
é determinada pelo retardo de tempo introduzido pelas chaves e pelo
tempo de conversão do conversor A/D.
A maioria dos conversores A/D integrados já possui os circuitos
responsáveis pela multiplexação incluídos no próprio CI. O ADCC0808,
por exemplo, pode multiplexar oito entradas analógicas diferentes, que
usam um único conversor A/D. Este CI utiliza um código binário de três
bits para determinar qual das entradas deve ser conectada ao conversor.

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ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

Figura 14- Conversão de três sinais analógicos por multiplexação através


de um único conversor.

12. Osciloscópio com Memória Digital


Este instrumento usa os dois tipos de conversor para digitalizar,
armazenar e mostrar formas de onda analógicas. Um osciloscópio com
memória digital tem muitas vantagens sobre o osciloscópio convencional
com memória, que armazena as imagens das formas de onda como
cargas elétricas em uma matriz de tela, situada entre o canhão de elétrons
do tubo de raios catódicos e a tela revestida de fósforo. Aqui vão
algumas destas vantagens:
 O osciloscópio com memória digital pode armazenar formas de onda
por um tempo indefinido, pois os valores digitais correspondentes às
formas de onda são armazenados em dispositivos de memória digital,
como os FF’s. No osciloscópio convencional com memória, a imagem
vai apagando pouco a pouco, enquanto as cargas da matriz de tela vão
sendo neutralizadas lentamente.
 Em um osciloscópio com memória digital, a forma de onda
armazenada pode sofrer algum tipo de processamento, sendo
posicionada em qualquer região da tela, podendo ter seus valores de
escala verticais e horizontais alterados, para melhorar as condições de
medida. Estas coisas não são possíveis em um osciloscópio comum
com memória.
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ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

 Em um osciloscópio com memória digital, é possível armazenar e


mostrar partes da forma de onda que ocorreram antes do gatilho, o
que não é possível em um osciloscópio comum.
Lista de Exercícios

1- Questionário:
(a) Qual é a expressão que relaciona a saída de um conversor D/A com
suas entradas?
(b) Diga o que entende por tamanho de degrau de um conversor D/A.
(c) Defina resolução de um conversor D/A.
(d) Diga o que entende por valor de fim de escala.
(e) Defina resolução percentual.
(f) Verdadeiro ou falso: Um conversor D/A de 10 bits tem uma
resolução menor do que a de um de 12 bits, para a mesma saída de fim
de escala.
(g) Verdadeiro ou falso: Um conversor D/A de 10 bits com tensão de
fim de escala igual a 10V tem uma resolução percentual menor do que
um de 10 bits com sua tensão de fim de escala igual a 12V.
(h) Um conversor D/A de oito bits tem uma saída de 3,92 mA para uma
entrada de 01100010. do conversor, e qual a sua tensão de fim de escala?

2- Um conversor D/A de oito bits produz uma tensão de saída de 2,0V,


para uma entrada de 011001002. Qual será o valor da saída VOUT para
uma entrada de 101100112?
3- Determine o peso de cada bit da entrada do conversor D/A do
Problema 2.
4- Qual é a resolução do conversor D/A do Problema 2? Expresse-a
em volts e em percentagem.
5- Qual a resolução em V de um conversor D/A de 10 bits, cuja saída
de fim de escala vale 5V?
6- Quantos bits são necessários a um conversor D/A para que sua saída
de fim de escala seja igual a 10mA e sua resolução seja igual a 40A?
7- Qual é a resolução percentual do conversor D/A da figura abaixo?
Qual o tamanho de seus degraus, sendo 2V o valor de topo da rampa?

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ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

8- Determine a tensão de saída de uma escada binária de 6 bits com as


entradas abaixo. Sabe-se que a tensão de saída em escala completa é 8
V.
a) 101001 b) 111011 c) 110001
9- Para o problema 2 qual a variação na tensão de saída devido a
mudança no bit menos significativo.
10- Um divisor resistivo de 10 bits é construído de forma que a
corrente pelo resistor do bit menos significativo é de 100ª Determine
a corrente máxima que fluirá pelo resistor do bit mais significativo.
11- Qual a vantagem de um conversor D/A que usa uma rede R-2R em
relação a um conversor D/A simples.
12- Qual a tensão de saída em escala completa de uma rede R-2R de 6
bits se 0=0V e 1=+10V? E de uma rede de 8 bits?
13- Qual a definição de um conversor D/A de 12 bits que usa uma rede
R-2R? Se a saída em escala completa é +10V, qual a definição em
volts?
14- Quantos bits são necessários em uma rede R-2R para obter uma
definição de 1 mV se a escala completa é +5V?
15- Considere a saída de uma rede R-2R terminada por uma resistência
de carga igual a 2R. Determine, analiticamente, a resistência vista
pelas fontes digitais de entrada de um conversor de 4 bits. Sabendo
que o valor de R é 1k e a tensão de entrada +12 V, determine a
corrente que cada fonte de tensão digital de entrada deve ser capaz de
fornecer.
16- Um conversor D/A de 8 bits tem um erro de fundo de escala de
0,2% FE. Se tal conversor tem uma saída de final de escala igual a
10mA, qual será o maior erro possível de ocorrer para qualquer

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ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

entrada digital? Se a saída marcar 50A para uma entrada de


00000001, ela estará dentro da faixa de precisão do conversor?
17- Suponha que no decorrer de uma verificação de monotonicidade no
conversor de 4 bits foi observadaEscada
a forma
de tensão de
de onda abaixo. Qual o
provável mau funcionamento no conversor?
saída correta

Tensão
de saída
existente

18- Suponha que no decorrer de uma verificação de monotonicidade de


um conversor foi observada a forma de onda abaixo. O sinal de clock
possui frequência de 1kHz. Qual o provável mau funcionamento no
conversor?

19-Um conversor A/D em rampa de 8 bits com uma resolução de 40mV,


usa um clock de frequência igual a 2,5MHz e um comparador com V T
= 1mV. Determine os seguintes valores:
a) a saída digital para VA = 6 V
b) a saída digital para VA = 6,035 V
c) os tempos de conversão máximo e médio para este conversor
20-Determine o seguinte para um conversor A/D em rampa de 12 bits
que usa um relógio de 1MHz:
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ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

a) tempo de conversão máximo;


b) tempo médio de conversão;
c) velocidade máxima de conversão.
21-Que frequência de relógio deve ser usada com um conversor A/D em
rampa de 10 bits se ele deve ser capaz de fazer pelo menos 7.000
conversões por segundo?
22-Assuma que o sinal analógico abaixo deva ser digitalizado através da
realização de conversões A/D contínuas, usando um conversor A/D
em rampa de 8 bits, cuja rampa cresce a uma taxa de 1V a cada 25s.
Esboce a forma de onda do sinal reconstituído, usando os dados
obtidos durante o processo de digitalização. Compare esta forma de
onda com o sinal original e discuta o que pode ser feito para se obter
uma representação melhor para o sinal reconstituído.

23- Desenhe a forma de onda para VAX resultante do processo de


conversão A/D por aproximações sucessivas realizado conversor D/A
de 4 bits com um degrau de 1V, para VA=6,7V.
24- Quantos comparadores são necessários para construir um conversor
A/D instantâneo de 5 bits?
25-Desenhe o circuito para um conversor A/D instantâneo de 4 bits, com
saída em código BCD, e uma resolução de 0,1V. Assuma que está
disponível uma fonte de tensão de precisão para fornecer +5V ao
circuito.
26- Qual a precisão total de um conversor A/D de 12 bits?
27- Discuta como um conversor A/D instantâneo com tempo de
conversão de 1s poderia trabalhar na situação descrita no exercício

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ELETRÔNICA DIGITAL II - CONVERSORES D/A E A/D

22.

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