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Universidade Politécnica

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A POLITÉCNICA

A POLITÉCNICA
Escola Superior Aberta
Escola Superior Aberta

GUIA DE ESTUDO

METODOLOGIA DA PESQUISA
(1º Semestre)

Moçambique
FICHA TÉCNICA

Maputo, Maio de 2009

© Série de Guias de Estudo para o Curso de Gestão de


Empresas (Ensino a Distância).

Todos os direitos reservados à Universidade de


Uberaba/Universidade Politécnica

Título: Guia de Estudo da Metodologia da Pesquisa Científica


Edição: 1ª

Organização e Edição
Escola Superior Aberta (ESA)

Adaptação
Aissa Mithá Issak (Conteúdo)
 
 
 

UNIDADES TEMÁTICAS 

Pesquisa: dos saberes espontâneos aos saberes científicos ..................... 1

Pesquisa científica: da planificação à socialização do conhecimento


construído .................................................................................................. 24
APRESENTAÇÃO
Caro(a) estudante

Está nas suas mãos o Guia de Estudo da disciplina de Metodologia da


Pesquisa Científica que integra a grelha curricular dos Curso oferecido
pela Universidade Politécnica na modalidade de Educação a Distância.

Este guia tem por finalidade orientar os seus estudos individuais neste
segundo semestre do curso. Na disciplina de Metodologia da Pesquisa
Científica você irá estudar a universalização da ciência, dos procedimentos
científicos, dos tipos e métodos de pesquisa, da diversificação das fontes
de pesquisa e da relevância da pesquisa científica na formação
académica, como meio de melhoria da comunicação e elaboração de
trabalhos de natureza académico científica.

Este Guia de Estudo contempla textos introdutórios para situar o assunto


que será estudado; os objectivos específicos a serem alcançados ao
término de cada unidade temática, a indicação de textos como leituras
obrigatórias que você deve realizar; as diversas actividades que favorecem
a compreensão dos textos lidos e a chave de correcção das actividades
que lhe permite verificar se você está a compreender o que está a estudar.
Vai também encontrar no guia a indicação de leituras complementares, isto
é, indicações de outros textos, livros e materiais relacionados ao tema em
estudo, para ampliar as suas possibilidades de reflectir, investigar e
dialogar sobre aspectos do seu interesse. Finalmente, encontrará em
anexo a este guia três cadernos de actividades de avaliação à distância
que deverá realizar à medida que for estudando as diversas unidades
temáticas desta disciplina e enviar para o secretariado da Escola para
avaliação.

Esta é a nossa proposta para o estudo de cada disciplina deste curso. Ao


recebê-la, sinta-se como um actor que se apropria de um texto para
expressar a sua inteligência, sensibilidade e emoção, pois você é também
o(a) autor(a) no processo da sua formação em Gestão de Empresas. Os
seus estudos individuais, a partir destes guias, nos conduzirão a muitos
diálogos e a novos encontros.

A equipa de professores que se dedicou à elaboração, adaptação e


organização deste guia sente-se honrada em te-lo como interlocutor(a) em
constantes diálogos motivados por um interesse comum a educação de
pessoas e a melhoria contínua dos negócios, base para o aumento do
emprego e renda no país.
Seja muito bemvindo(a) ao nosso convívio.

A Equipa da ESA
Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

UNIDADE TEMÁTICA 1
PESQUISA: DOS SABERES ESPONTÂNEOS AOS SABERES
CIENTÍFICOS

Fábio Rocha Santos


Adaptado por: Aissa Mithá Issak

Objectivos

• Reconhecer a importância da ciência na sua formação académica;


• Conceituar a pesquisa;
• Reconhecer as finalidades e os requisitos humanos, financeiros e
materiais necessários à realização de uma pesquisa científica;
• Identificar as características fundamentais de um pesquisador;
• Entender os diferentes tipos de pesquisa;
• Entender as aplicações das abordagens quantitativas e qualitativas
na realização de pesquisas científicas;
• Usar adequadamente os serviços das bibliotecas, físicas e virtuais
e bases de dados online, diversificando o uso das fontes de
informação para a pesquisa.

Pesquisa: uma primeira conversa

Ao tomar conhecimento da disciplina de Metodologia da Pesquisa


Científica você pode ter-se perguntado:

Mas, porquê estudar sobre pesquisas científicas se estou


num curso superior que visa a formação académica e
profissional voltada para uma actuação na área de Gestão
de Empresas ou de Gestão de Recursos Humanos?

Ao seguir as orientações disponíveis nos dois roteiros de estudos sobre a


Metodologia da Pesquisa Científica, no segundo semestre, você perceberá
que esta faz parte do nosso quotidiano.

Perceberá, ainda, o quanto é importante conhecer mais sobre o assunto.


Mesmo que não tenha o propósito de actuar directamente com o
planeamento e a execução de pesquisas, entenderá a importância da
pesquisa na vida de um profissional.

Uma dúvida comum que geralmente aparece é distinguir a disciplina já


estudada no primeiro semestre, chamada Metodologia do Trabalho

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Científico, da Metodologia da Pesquisa Científica. O propósito final das


duas disciplinas é desenvolver habilidades que permitam a construção do
conhecimento, com base no rigor e nos métodos científicos e, a partir
dessa construção do conhecimento, submeter projectos a programas de
pesquisa, como a iniciação científica e, também, auxiliá-lo na elaboração
de trabalhos académicos, como: artigos científicos, comunicações para
conferências e seminários, monografias, dissertações de mestrado e até
mesmo teses de doutoramento.

As duas disciplinas possuem nomes parecidos, mas objectivos específicos


diferenciados. Enquanto a Metodologia do Trabalho Científico preocupa-se
com a sistematização dos estudos na universidade e o uso das normas de
apresentação de trabalhos académicos, a Metodologia da Pesquisa
Científica aborda, desde a sistematização da concepção de pesquisa à
publicação dos resultados e das respostas obtidas com a pesquisa. Na
realidade, a Metodologia da Pesquisa Científica é a continuidade da
Metodologia do Trabalho Científico em prol da construção, documentação
e publicação do conhecimento, do saber científico.

Conceitos de pesquisa científica

Para si, o que é Pesquisa?

Você já ouviu falar em Pesquisa Científica? Já tentou pensar na


possibilidade de criar um conceito do que é uma Pesquisa Científica?

Vamos tentar? Registe o que você entende por Pesquisa.

Agora vamos ampliar um pouco mais. Tente criar o seu conceito de


Pesquisa Científica.

Comunidade
Talvez você ainda não tenha percebido, mas a pesquisa, na actualidade, científica:
não se restringe apenas aos sofisticados centros de pesquisa, e nem é Conjunto de
apenas feita por cientistas superdotados. A pesquisa já faz parte do nosso pessoas que
desenvolvem
quotidiano e, até sem perceber, fazemos pesquisas dos mais variados pesquisas,
tipos. O que pode ocorrer, muitas vezes, é que não recorremos aos conforme o rigor e
procedimentos que a comunidade científica considera essenciais para os procedimentos
que uma pesquisa possa ser considerada científica. da metodologia da
pesquisa e do
trabalho científico.

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Ao realizar um levantamento de preços, ao perguntar às pessoas qual será


o seu candidato à presidência da república nas próximas eleições e ao
explorar bases de dados online ou bibliotecas físicas ou virtuais em busca
de textos sobre algum assunto, estamos naturalmente a fazer uma
pesquisa. Você sabia disso? E, assim como estes, temos diversos
exemplos que poderiam ser apresentados para que pudéssemos
representar a familiaridade da pesquisa no nosso quotidiano. O que
distingue, muitas vezes, essas pesquisas das pesquisas científicas são os
procedimentos utilizados e que a comunidade científica considera
essenciais a um processo rigoroso e minucioso que é o de fazer uma
pesquisa científica.

Mas não se preocupe com isso agora, pois os procedimentos ou etapas de


uma pesquisa científica farão parte do próximo guia de estudos.

Vamos ver o que alguns autores dizem sobre o que é, de facto, uma
Pesquisa Científica?

“ ... procedimento racional e sistemático que tem por objetivo


proporcionar respostas aos problemas que são propostos”
(Gil, 1994, p.19)

Asti Vera, citada por Lakatos (1989, p.15) afirma que “o significado da
palavra não parece ser muito claro ou, pelo menos, não é unívoco”. Para
a autora há vários conceitos sobre pesquisa, nos diferentes tipos de
conhecimento humano. Afirma ainda que o ponto de partida da pesquisa
encontra-se no problema que se deverá definir, examinar, avaliar,
analisar criticamente, para depois ser tentada uma solução.

Já para o estudioso Ander-Egg, citado por Lakatos (1989,


p.15): “a pesquisa é um procedimento reflexivo sistemático,
controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou
dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento.
É, portanto, um procedimento formal, com método de
pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se
constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para
descobrir verdades parciais”.

“ . . . a pesquisa é uma indagação minuciosa ou exame crítico e exaustivo na


procura de fatos e princípios; uma diligente busca para averiguar algo.
Pesquisar não é apenas procurar a verdade; é encontrar respostas para
questões propostas, utilizando métodos científicos”. Webster’s Internacional
Dictionary citado por Lakatos (1989, p.15).

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Agora, com muita atenção, veja o esquema a seguir e perceba que


aspectos foram assegurados por todos os estudiosos:

a) A pesquisa origina-se sempre a partir de um problema - tal equivale


a dizer que ninguém faz pesquisa por fazer. Fazemos pesquisa quando
percebemos um problema no nosso meio e entendemos que esse
problema poderia ser compreendido para que pudéssemos lidar com ele
ou até mesmo solucioná-lo;

b) O problema é submetido a procedimentos científicos - Essa


submissão gera respostas ou soluções. Perceba que a solução nem
sempre é a meta de uma pesquisa. Melhor seria se toda a pesquisa
apontasse para soluções, não é mesmo? De qualquer forma, a pesquisa
científica, ao gerar respostas já traz contribuições e melhorias para o nosso
dia-a-dia. Uma outra conclusão a que podemos chegar é a de que,
algumas respostas, naturalmente, indicam um caminho ou são a própria
resposta.

Pesquisa científica

Problema Procedimentos Respostas


científicos ou soluções

Agora, retorne ao conceito que você criou de Pesquisa Científica e reflicta,


considerando todos os conceitos que acabamos de ver. Se achar
necessário, pode reformular o seu conceito de Pesquisa Científica!

Finalidades da Pesquisa

Gil (2002) descreve, com muita clareza, por que as pesquisas são feitas.
Este autor ressalta que as razões pelas quais as pesquisas são feitas
partem de razões organizadas e podem ser classificadas em dois grandes
grupos:

a) Razão de ordem intelectual: decorre do desejo de conhecer pela


própria satisfação do conhecer, e é também conhecida como pesquisa
pura. Geralmente os resultados gerados por uma pesquisa pura não têm

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uma aplicabilidade imediata, ou seja, é um conhecimento construído e


poderá ser utilizado noutras situações. Por exemplo: digamos que um
cientista descobriu um composto químico e um outro pesquisador
descobriu um segundo composto químico. Se cada um desses dois
compostos químicos descobertos não possuir uma aplicabilidade imediata
é um conhecimento construído a partir de uma pesquisa pura. Agora, se
um terceiro pesquisador descobrir que a junção desses dois compostos
químicos contribui para o surgimento ou a melhoria de um produto, essa
terceira pesquisa passa a ter um carácter prático, ou seja, o seu resultado
teve uma aplicabilidade imediata. Então, essa pesquisa não será mais pura
ou intelectual. Ela passará a fazer parte do grupo de pesquisa de ordem
prática ou aplicada, conforme veremos no grande grupo a seguir.

b) Razão de ordem prática: decorre do desejo de conhecer com vista a


fazer algo de maneira mais eficiente ou eficaz e é também conhecida como
pesquisa aplicada. Geralmente, os resultados gerados por essa pesquisa
têm uma aplicabilidade imediata. É um conhecimento construído e poderá
ser utilizado na melhoria ou até mesmo na criação de novos produtos,
serviços, enfim, inovações. Realizar as pesquisas puras isoladamente das
aplicadas é extremamente inadequado, tendo em vista que “a ciência
objectiva tanto o conhecimento em si mesmo quanto as contribuições
práticas decorrentes desse conhecimento” (Gil, 2002, p. 17).

Veja o esquema, a seguir, e perceba que:

• A pesquisa prática ou aplicada CONDUZ a conhecimentos passíveis de


aplicação prática imediata e que PODE CONDUZIR, ou seja, não assegura
que de facto irá conduzir à descoberta de princípios científicos (leis,
teorias, conceitos, explicações).

• A pesquisa intelectual ou pura é o inverso. Esta CONDUZ à descoberta


de princípios científicos (leis, teorias, conceitos, explicações) e PODE
CONDUZIR a conhecimentos passíveis de aplicação prática imediata.

a conhecimentos
passíveis de aplicação
prática

Pesquisa prática ou
Pesquisa intelectual ou pura
aplicada

a descoberta de
princípios
científicos

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Agora, veja o que alguns autores dizem sobre as finalidades de uma


pesquisa:

Já para Bunge, citado por Lakatos


(1989, p.16), há duas finalidades na
realização de uma pesquisa:
Uma das finalidades da pesquisa é “acumulação e compreensão” dos
“descobrir respostas para questões, fatos levantados. Esse levantamento
mediante a aplicação de métodos de dados faz-se através de hipóteses
científicos”. precisas, formuladas e aplicadas sob
(Selltiz et alli citado por Lakatos a forma de respostas às questões.
(1989, p.16).

Esses métodos, mesmo que, às vezes,


não obtenham respostas fidedignas,
são os únicos que podem oferecer
resultados satisfatórios ou de total
êxito.

Para Trujillo, citado por Lakatos (1989, p.16), a pesquisa tem como objectivo “ tentar
conhecer e explicar os fenómenos que ocorrem no mundo existencial”, ou seja, como esses
fenómenos operam, qual a sua função e estrutura, quais as mudanças efectuadas, porquê e
como se realizam, e até que ponto podem sofrer influências ou ser controlados.

Requisitos para uma pesquisa

Para que possamos realizar uma pesquisa, é necessário passarmos por


diferentes etapas. Veremos cada uma dessas etapas mais adiante, mas
podemos começar por reconhecer que, sabendo para que elas sejam
seguidas, é importante contarmos com requisitos humanos, materiais e Requisitos
financeiros. humanos:
Corresponde à
formação de uma
Gil (1999, p.20) sugere que os pesquisadores tenham conhecimento sobre equipa de
o assunto a ser pesquisado, sejam curiosos, criativos, possuam integridade pesquisadores
intelectual, atitude de autocorrecção, sensibilidade social, imaginação adequada ao perfil
dos objectivos da
disciplinada, perseverança e paciência. pesquisa.

É extremamente recomendável que a equipa de pesquisadores seja


multidisciplinar, ou seja, com formação e experiências diversificadas, pois,
para além da equipa saber realizar a pesquisa, os membros devem ter
mais algumas habilidades, tais como fazer uma boa planificação e realizar
funções administrativas. Por exemplo, elaborar um orçamento, buscar
parcerias e financiamentos.

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Requisitos materiais: a disponibilidade de recursos materiais está


directamente ligada à qualidade dos resultados apontados na
pesquisa, mesmo que os envolvidos sejam criativos e pensem em
alternativas para a sua realização. Quanto maior a disponibilidade material,
maior a possibilidade de a pesquisa ser bem-sucedida.

Requisitos financeiros: é praticamente impossível, por um lado,


desvincular o requisito financeiro do material. Por outro lado, não podemos
deixar de registar que o requisito financeiro é o responsável por todo o
financiamento da pesquisa.

Mas, você deve estar a perguntar:

Quem financia as pesquisas em Moçambique?

A resposta para a sua pergunta é: órgãos de fomento à pesquisa, como


as universidades, as instituições públicas, privadas, governamentais e não-
governamentais que investem em pesquisa e usufruem,
consequentemente, dos resultados gerados pelas pesquisas realizadas.

Veja alguns exemplos:


Portal do Ministério de Ciência e Tecnologia - http://www.mct.gov.mz/ -
neste portal você encontra informações sobre actividades de pesquisa que
poderão ser financiadas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia de
Moçambique.

Tipos de pesquisa

Há várias formas de realizarmos uma pesquisa no meio científico.

Os objectivos e os procedimentos técnicos adoptados na realização de


uma pesquisa caracterizam cada uma dessas formas de pesquisar
surgindo, então, tipos específicos de pesquisa. Os nossos estudos sobre
esses tipos serão norteados conforme a abordagem de dois autores que se
destacam, a saber Antônio Carlos Gil e Pedro Demo.

É importante saber que, mesmo que cada tipo de pesquisa tenha a sua
especificidade, costumamos utilizar mais do que um tipo de pesquisa num
trabalho científico, tendo em vista que eles não são auto-suficientes e,
portanto, complementam-se.

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O professor Pedro Demo classifica os tipos de pesquisa em quatro grupos.


Vejamos!

1 Pesquisa teórica

Trata-se da pesquisa que é “dedicada a reconstruir teoria, conceitos,


idéias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos,
aprimorar fundamentos teóricos” (Demo, 2000, p. 20). Esse tipo de
pesquisa também é chamado de pesquisa aplicada, ou seja, aquela que
produz resultados de ordem intelectual e não necessariamente de ordem
prática.

Por exemplo: quando um pesquisador, num determinado lugar, descobre


um componente químico e ele não sabe, necessariamente, a aplicabilidade
desse componente, desconhece ainda o seu uso, ele está a realizar uma
pesquisa teórica, de ordem intelectual. Essa pesquisa não promove uma
intervenção imediata.

A pesquisa dele produziu o seu resultado, que foi a descoberta de um


componente químico, mas como não há ainda uma intervenção directa
dessa descoberta, ela restringe-se ao campo da teoria e do intelecto e não
da prática.

Isso significa que as pesquisas teóricas são utilizadas para reconstruir


teorias, conceitos, quadros de referência, condições explicativas da
realidade, polémicas e discussões pertinentes.

Este tipo de pesquisa é de extrema importância, pois o seu papel é


decisivo na criação de condições para a intervenção, ou seja, para que
possamos produzir respostas, produtos ou serviços práticos, antes é
preciso fundamentações que, em muitos momentos, são viabilizadas em
pesquisas de natureza teórica. O professor Demo(1994, p. 36) afirma que:
“o conhecimento teórico adequado acarreta rigor conceitual, análise
acurada, desempenho lógico, argumentação diversificada, capacidade
explicativa”.

2 Pesquisa metodológica

É um tipo de pesquisa voltado para a pesquisa propriamente dita. Tal


acontece porque este tipo de pesquisa dedica-se intrinsecamente à
investigação de métodos e procedimentos adoptados como
científicos, de maneira que possamos fazer pesquisa científica da forma
mais eficiente e qualificada, em virtude dos métodos e procedimentos que

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

ela descobre, para que possamos aprimorar cada vez mais a forma de
se fazer pesquisa. Veja o que o professor Pedro Demo (1994, p. 37) diz
sobre este tipo de pesquisa: “[...] faz parte da pesquisa metodológica o
estudo dos paradigmas, as crises da ciência, os métodos e as técnicas
dominantes da produção científica”.

Por exemplo: quando dizemos que as etapas de uma pesquisa são: A, B,


C e D, certamente essa conclusão foi obtida a partir de uma pesquisa de
ordem metodológica, pois os seus resultados surgiram em benefício do
próprio acto de se pesquisar, por isso dizemos que ela existe em função
do aperfeiçoamento do processo de se pesquisar.

3 Pesquisa empírica

Podemos começar a discutir sobre este tipo de pesquisa com uma


pergunta:

O que é empírico?

O empirismo está associado à experiência que adquirimos e, muitas vezes,


ao acto da repetição. Muitas pesquisas só conseguem chegar às suas
conclusões a partir de incansáveis e repetidos testes.

Essa experiência adquirida com a repetição e com a persistência assegura


que muitos resultados de pesquisas sejam confiáveis, em razão da
quantidade e diversidade de testes a que um procedimento científico foi
submetido.

A pesquisa empírica, segundo Demo (2000, p. 21) é dedicada ao


tratamento da “face empírica e factual da realidade; produz e analisa
dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e factual”. A
valorização deste tipo de pesquisa deve-se à “possibilidade que oferece de
maior concretização das argumentações, por mais ténue que possa ser a
base factual. O significado dos dados empíricos depende do referencial
teórico, mas esses dados agregam impacto pertinente, sobretudo no
sentido de facilitarem a aproximação prática” (Demo, 1994, p. 37).

4 Pesquisa prática

Trata-se de uma pesquisa voltada inteiramente para os conhecimentos


aplicáveis, ou seja, para a prática. Poderíamos dizer, inclusive, que esta

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

pesquisa propõe o inverso da pesquisa teórica/aplicada, pois ela preocupa-


se com a aplicabilidade do conhecimento construído.

Lembra-se do pesquisador que citamos no exemplo da pesquisa teórica?


Vamos imaginar que você seja um outro pesquisador, mas que não
descobriu um outro componente químico, como o pesquisador do exemplo
anterior. A sua pesquisa teria um outro objectivo, o de descobrir uma
aplicabilidade imediata do componente químico descoberto por aquele
pesquisador. Se você conseguir essa façanha, você estará a realizar uma
pesquisa de natureza prática, pois essa descoberta produzirá intervenções
imediatas.

Este tipo de pesquisa, segundo Demo (1994): “está ligada à práxis, ou


seja, à prática histórica em termos de conhecimento científico para fins
explícitos de intervenção; não esconde a ideologia, mas sem perder o rigor
metodológico”.

Gil (2002, p.41-57) também apresenta uma classificação para os tipos de


pesquisa, só que a sua classificação é em outros dois grupos. Vejamos!

5 Classificação com base nos objectivos da pesquisa

Nesta classificação são apresentados os tipos de pesquisa que se baseiam


NOS OBJECTIVOS, a saber:

ƒ Pesquisas exploratórias
ƒ Pesquisas descritivas
ƒ Pesquisas explicativas

6 Classificação
adoptados
com base nos procedimentos técnicos

Nesta classificação são apresentados os tipos de pesquisa que se baseiam


NOS PROCEDIMENTOS:

• Pesquisa bibliográfica
• Pesquisa documental
• Pesquisa experimental
• Pesquisa ex-pos-facto
• Pesquisa de levantamento
• Estudo de campo
• Estudo de caso
• Pesquisa-acção
• Pesquisa Participante

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Santos (1999), um outro autor de renome na área da pesquisa científica,


acrescenta à classificação de Gil (2002) um terceiro grupo, criando uma
classificação com base nas fontes de informação.

7 Classificação com base nas fontes de informação

• Pesquisa de campo
• Pesquisa de laboratório
• Pesquisa bibliográfica

Para além dos tipos de pesquisa citados, existem outros que também são
importantes e que estão estreitamente relacionados com as áreas de
administração e gestão e de contabilidade.

Veja:

Pesquisa de mercado:

“é a melhor e mais confiável ferramenta para obtenção de informações


representativas sobre determinado público-alvo. Além de permitir o teste
de novas hipóteses, conceitos ou produtos, a pesquisa de mercado auxilia
na identificação de problemas e oportunidades e ajuda a traçar perfis de
consumidores e mercados. Seja para a abertura ou expansão de um
negócio, a primeira providência que um empreendedor deve tomar é
desenvolver uma análise do mercado. A pesquisa de mercado é a
ferramenta certa para suprir a necessidade de desenvolver estratégias
para valorizar marcas, conhecer melhor os consumidores, identificar a
estrutura da concorrência, enfim, obter informações que possam orientar
não só a formulação de um plano de marketing, como a tomada de
decisões mais quotidianas. Para que isso aconteça, cada tópico abordado
em uma pesquisa de mercado deve trazer uma resposta ou informação
essencial para um plano de marketing” (IBOPE, 2006b, p.1)

“A pesquisa de mercado é uma ferramenta


fundamental para empreendedores preocupados com
a qualidade de seus serviços e que buscam maneiras
de maximizar retornos e minimizar riscos de
investimentos. Hoje, é um dos instrumentos mais
eficazes para a elaboração de um bom plano de
acção, contribuindo para fidelização e prospecção de
mercado.” (IBOPE, 2006c, p.1)

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Pesquisa de opinião:

“procura saber o ponto de vista ou preferência que as pessoas possam ter


acerca de um assunto, preferência por marcas de produtos, por empresa,
pessoas, ou ainda o seu comportamento em relação a determinadas
situações, por exemplo: (a) quantas pessoas aceitariam a pena de morte
no Brasil?; (b) qual a preferência do público em relação aos automóveis da
GM, FORD, Wolkswagem, Fiat?; (c) qual a opinião da classe média sobre
a atual situação político econômica?; (d) qual a opinião do público interno
sobre as suas condições de trabalho, lazer, mecanismos de comunicação,
relacionamento social dentro da empresa?” (Oliveira, 2002, p.125)

Métodos de pesquisa

Para que possamos prosseguir com a realização de uma pesquisa,


podemos usufruir dos métodos que são utilizados e que nos auxiliarão no
decorrer dela. Há, na literatura, o registo de dois métodos de pesquisa.
Um, chamado Método Quantitativo, e o outro, Método Qualitativo.

Resumidamente, podemos afirmar que o primeiro método preocupa-se


com questões quantificáveis, ou seja, com a representação numérica dos
dados e informações recolhidas numa pesquisa.

O segundo método, o qualitativo, dedica-se às questões descritíveis, ou


seja, é utilizado para explicar e detalhar o que os números muitas vezes
por si só não conseguem.

Muitos autores sugerem que sejam utilizados os dois métodos de


pesquisa, pois eles se complementam. Segundo (Jick, 1979, p.602 apud
Neves, 1996, p.2) quando combinamos os métodos quantitativo e
qualitativo é dado o nome de “triangulação”.

Vejamos um exemplo bem simples, mas que poderá auxiliar o seu


entendimento sobre os métodos de pesquisa. Digamos que o actual
presidente da república queira realizar uma pesquisa sobre a sua
reeleição. Ele propõe que seja contratada uma empresa especializada em
pesquisa de opinião para saber o que seus eleitores pensam sobre a
possibilidade de uma provável reeleição. A empresa então resolve fazer
uma pesquisa com apenas uma pergunta.

SIM □ NÃO □ NÃO SEI □

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Após a recolha de dados, a empresa terá condições de identificar a


percentagem para cada uma das opções escolhidas pelos eleitores
pesquisados (sim, não e não sei). Mas, será que essa percentagem seria
suficiente para que as expectativas do presidente fossem atendidas?

Você notou que esta pesquisa utiliza o método puramente quantitativo?

Agora vejamos, se incluíssemos apenas mais uma pergunta em que os


eleitores pudessem registar o porquê de sua escolha, talvez fosse uma
saída para que o presidente soubesse os motivos que mobilizaram os
eleitores ao escolherem uma das opções de resposta. Ao incluir essa
segunda pergunta, estamos naturalmente a inserir um método qualitativo,
ou seja, uma alternativa para que possamos obter explicações para a
escolha dos pesquisados.
Neste caso, passamos a não utilizar exclusivamente um método
específico, e sim, a triangulação, a alternativa mais adequada e mais
utilizada nas pesquisas realizadas actualmente.

Para você aprofundar o seu conhecimento em cada um desses métodos


de pesquisa sugerimos a leitura do artigo: Pesquisa qualitativa: uso,
características e possibilidade, que faz parte das Leituras Obrigatórias.
Esse artigo foi elaborado por um aluno de Mestrado da área de
Administração, da FEA/USP, e faz uma síntese sobre os métodos de
pesquisa.

Fontes de pesquisa

Preocupar-se com as fontes de pesquisas utilizadas num procedimento


científico significa preocupar-se com o que pode vir a ser a base, o
alicerce, para a realização da pesquisa. Para concluir as orientações de
estudo deste guião, vamos discutir sobre a importância
dessas fontes, que visa sumariamente viabilizar a fundamentação teórica
de todo o trabalho científico. Em seguida, prosseguiremos com um estudo
que ressalta a importância da diversificação de acesso à essas fontes, Processo analítico:
considerando a variedade de opções de publicação e disseminação do Processo pelo qual os
conhecimento científico. documentos
originais devem
passar para que
possam ser
A fundamentação teórica publicados, conforme
Vimos que ao realizar um trabalho científico podemos utilizar um ou mais as
tipos de pesquisa. Entre eles, conhecemos o tipo bibliográfico, que é um normas de publicação
tipo fortemente baseado nas publicações que já existem na nossa literatura regidas por órgãos,
como a Universidade
e o tipo documental, que se baseia em documentos originais (leis, Politécnica, por
portarias, regimentos documentos ou registos pessoais), que ainda não exemplo.
sofreram um processo analítico,
para que possam ser publicados.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Esses dois tipos de pesquisa (bibliográfico e o documental) estão A Fundamentação


estreitamente relacionados com um processo que chamamos de Teórica ou Revisão
fundamentação teórica. Cruz & Ribeiro (2003, p.50) também abordam Bibliográfica:
esse processo de referencial teórico e acrescentam que o mesmo: É um estudo
“representa a base teórica que vai fundamentar a reflexão e a realizado na literatura
que existe sobre o
argumentação do pesquisador” . assunto que estamos
a pesquisar, de
Podemos então concluir que, há uma estreita relação entre esses dois maneira que
tipos específicos de pesquisa com a fundamentação teórica. possamos sustentar a
nossa proposta de
pesquisa e,
É importante saber que, independente do tipo de pesquisa que consequentemente,
adoptarmos, temos que nos preocupar com a construção de uma justificar a sua
fundamentação teórica consistente. continuidade.

Talvez a expressão “fundamentação teórica” até seja nova para você. Para
entendê-la é muito simples. Realizá-la talvez pode ser considerado um
processo trabalhoso, considerando o rigor científico que há em torno dela.

Então, quando alguém lhe disser que você precisa de uma boa
fundamentação teórica no seu trabalho de pesquisa, essa pessoa está a
dizer-lhe que você precisa de buscar subsídios, tanto na literatura, quanto
em documentos originais, de maneira a desenvolver um trabalho que:

• Não esteja “a reinventar a roda”;


• Que não seja necessariamente inédito (excepto em casos de teses
de doutoramento);
• que seja coerente e consistente;
• apresente originalidade.

Dessa forma, será um trabalho que possibilita apresentar resultados


relevantes, não só à comunidade científica, mas também ao meio social
de que ela faz parte e que, certamente, produzirá contribuições que
justifiquem a realização dessa pesquisa.

A diversificação das fontes de pesquisa

Como já citamos anteriormente, no próximo roteiro de estudos de


Metodologia da Pesquisa Científica estudaremos sobre as etapas de uma
pesquisa. Nele, veremos que uma dessas etapas é denominada
levantamento bibliográfico e ainda o quanto essa etapa é importante no
processo da fundamentação teórica da pesquisa.

Cuidado! Um levantamento bibliográfico mal realizado pode comprometer


(e muito) a consistência de uma pesquisa. Mais um motivo para que
possamos realizar esse levantamento de forma que não comprometa a
pesquisa realizada.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Quando você tinha que desenvolver um trabalho escolar, onde você


buscava dados, informações e conhecimento sobre o assunto?

Certamente, para a maioria, a primeira fonte lembrada era a biblioteca, não


é mesmo? Ou seja, já consultamos muito e ainda consultamos, com
intensidade, os fiéis livros!

Veja o que Cervo (2002, p. 88) ao descrever sobre o levantamento


bibliográfico, refere sobre os livros: “Praticamente todo o conhecimento
humano pode ser encontrado nos livros ou em outros textos impressos que
se encontram nas bibliotecas”.

Os locais e as formas em que encontramos conhecimento para construir


outros novos conhecimentos estão cada vez mais diversificados e, para
que você possa usufruir desse novo cenário, é preciso estar atento às
mudanças que vêm ocorrendo.

Devido ao actual contexto, confirmado inclusive por Cervo (2002, p.89):


“[...] a fonte das informações, por excelência, estará sempre na forma de
documentos escritos, estejam eles impressos ou depositados em meios
magnéticos ou electrónicos”. Talvez seja interessante você, a partir de
agora, diversificar cada vez mais os locais e os tipos de materiais para
consultar quando desenvolver os seus trabalhos académicos, caso você já
não o faça!

Em virtude das transformações sociais, tecnológicas e das actuais formas


de gestão de recursos de informação, temos vivido mudanças no que
podemos chamar de paradigma dos modelos tradicionais das
bibliotecas. Este facto tem ajudado inclusive a formular um novo
conceito de biblioteca.

Nessa perspectiva, surgem as Bibliotecas Digitais que se têm


apresentado como alternativa para ampliar as condições de busca,
disponibilidade e recuperação de informações de forma globalizada,
qualitativa, pertinente e racional. As Bibliotecas Virtuais viabilizam a
democratização da informação, respeitando o ritmo e a disponibilidade de
tempo de cada pessoa que tenha interesse em usufruir dos seus recursos.

Vejamos agora um conceito de Biblioteca Digital:

A biblioteca digital difere das demais, porque a informação que ela contém
existe apenas na forma digital, podendo residir em meios diferentes de
armazenagem, como as memórias electrónicas (discos magnéticos e
ópticos). Desta forma a biblioteca digital não contém livros na forma
convencional e o acesso à informação pode ser feito em locais específicos
e remotamente, por meio de redes de computadores. A grande vantagem
da informação digitalizada é que ela pode ser compartilhada instantânea e
facilmente, com um custo relativamente baixo.
(Barker apud Marchiori, 1997)

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Pesquisadores da ciência da informação, área que estuda, entre outros


assuntos, as bibliotecas e seus serviços, apontam tipos distintos de
bibliotecas: as virtuais, as digitais e as electrónicas. Como esse não é o
foco do nosso estudo, não prosseguiremos com essa abordagem.

Para complementar, vejamos alguns exemplos de bibliotecas digitais, que


também são conhecidas como bibliotecas virtuais. Para conhecê-las, assim
que tiver uma oportunidade, use os links indicados.

- Biblioteca Virtual de Educação a Distância


(http://www.prossiga.br/edistancia

- Biblioteca Virtual do Rio Grande do Sul


(http://www.fee.tche.br/bibvirtual/

- Biblioteca Virtual em Saúde


(http://www.bireme.br/bvs/

- Biblioteca Virtual de Educação


(http://bve.cibec.inep.gov.br/

- Biblioteca Virtual de Ciências Sociais


(http://www.prossiga.br/ifcsufrj/

- Biblioteca Virtual de Literatura


(http://www.prossiga.br/pacc/bvl

- Biblioteca Virtual de Economia


(http://www.prossiga.br/nucaieufrj/economia

- Biblioteca Virtual Mulher


(http://www.prossiga.br/bvmulher/cedim

Ainda sobre essa perspectiva de diversificação de fontes de pesquisa,


existe um serviço que também é muito utilizado: realizar consultas em
metabuscadores. Podemos citar alguns exemplos: Google
(www.google.com), Alta vista (www.altavista.com), Cadê
(www.cade.com.br) e Yahoo (www.yahoo.com.br).

Nada contra os serviços prestados pelos metabuscadores, até porque eles


vêm aperfeiçoando cada vez mais os serviços prestados aos seus
utilizadores. O maior problema percebido nos serviços de pesquisa
prestados por eles é que os links trazidos como respostas às pesquisas
realizadas, muitas vezes, referem-se a sites e arquivos que não passaram
por uma selecção ou uma análise criteriosa de uma equipe editorial, que se
preocupe inclusive com a publicação de textos com informações essenciais
à organização das referências, como por exemplo: nome do autor e data
de publicação.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

O Google, por exemplo, lançou recentemente um serviço chamado


Google Académico, um serviço que viabiliza buscar artigos, teses e
outras publicações produzidas no meio académico. Para conhecer o
Google Académico, acesse http://scholar.google.com/
advanced_scholar_search. Em serviços específicos como este, as
possibilidades de acesso a sites incompletos são minimizadas, mas
mesmo assim é preciso manter-se atento.

As bases de dados online


são serviços, via web, com
menos opções que as
bibliotecas virtuais, mas que
não se comportam como os
metabuscadores, quanto à
selecção dos documentos
disponibilizados.

Problemas editoriais como os que acontecem com os metabuscadores são


evitados nas biblioteca digitais e nas bases de dados online, que são
uma outra alternativa que podemos usufruir para diversificar as nossas
fontes de pesquisa.

Algumas dessas bases de dados online são de acesso público e outras de


acesso restrito, mediante o pagamento de uma taxa de subscrição. No
Brasil, temos um número considerável de bases de dados com acesso
livre. Uma das bases mais ricas disponíveis é a PERIÓDICOS. Aceda
assim que puder, ou se necessitar de realizar pesquisas, no endereço:

http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp.

Uma outra base de dados que possui um rico acervo é


SCIELO: http://www.scielo.br

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Vejamos alguns outros exemplos de bases de dados:

- Banco de teses e dissertações/capes


http://www.capes.gov.br/capes/portal/conteudo/10/Teses_Dissertacoes.htm

- Banco de teses e dissertações ppgep/ufsc


http://teses.eps.ufsc.br/tese.asp

- Bases de dados brasileiras na internet


http://www.prossiga.br/basesdedados/

- Biblioteca digital de teses e dissertações PucMG


http://sitesearch.akwan.com.br/akwansitesearch/pucmg/searchpdf.php

- Biblioteca digital de teses e dissertações USP


http://www.teses.usp.br/

- Biblioteca digital da Unicamp


http://www.rautu.unicamp.br/nourau/sbu/document/search.php?adv=y

- Centro de pós-graduação e pesquisa em administração


http://cordoba.cepead.face.ufmg.br/banco_teses/index.asp

- Cofecon – Conselho Federal de Economia


http://www.cofecon.org.br/

- Interscience
http://www3.interscience.wiley.com/cgibin/home

- Ipea - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas


http://www.ipea.gov.br/

Ipeadata
http://www.ipeadata.gov.br/ipeaweb.dll

Perie – base de dados de documentos sobre economia


http://www.eco.unicamp.br/wwwisis/formulario.asp

Quatro k soluções empresariais


http://www.4kconsultoria.com.br/topo.html

Rh.com
http://www.rh.com.br/listar.php?cod=10

Um outro recurso interessante que vem sendo explorado por pessoas do


meio académico, seja para consultar ou auxiliar na realização de
pesquisas, são as enciclopédias livres e colaborativas. Elas estão

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

disponíveis na Web e podem contar com a nossa ajuda, inclusive na


manutenção das informações publicadas.

Uma delas, a Wikipedia (http://wikipedia.org/), foi criada em 2001 e está


disponível em mais de duzentas línguas, incluindo a língua portuguesa.

Observe como a dinamização do acesso ao conhecimento está cada vez


mais presente. Pense nisso!

Agora, sugerimos que você faça as Leituras Obrigatórias indicadas e


realize as actividades propostas neste guião. Não se esqueça de que o seu
tutor é o nosso intermediário – um personagem fundamental no processo
de ensino-aprendizagem.
Por isso, conte com ele para tirar as suas dúvidas!

Sugerimos também que você realize a leitura dos textos indicados como
complementares. Estão todos disponíveis em formato electrónico, com
acesso público e irrestrito. Poderá encontrar tais textos no catálogo
electrónico da Biblioteca Central da Universidade Politécnica
(http://biblioteca.apolitecnica.ac.mz). Essas leituras certamente contribuirão
para aprofundar seus conhecimentos sobre os temas abordados aqui!

Bons estudos.

Leituras obrigatórias

Texto 1
DAVIES, Paul. O que é a ciência?. Tradução de Desidério Murcho.
Disponível em:<http://www.cfh.ufsc.br/~wfi l/davies.htm>. Acesso em: 01
jun. 2006.

Antes de conversarmos especificamente sobre pesquisa é interessante


iniciarmos partindo de abordagens que nos levem a pensar na
universalidade da ciência, no que ela propõe e qual a sua importância no
nosso quotidiano. Nesse sentido, esta leitura irá auxiliar o seu
entendimento sobre o assunto e irá contribuir com a fundamentação do
que é a ciência.

Texto 2
GIL, Antônio Carlos. Como formular um problema de pesquisa?. In:
______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002, p.2330.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Tendo em vista que a pesquisa científica parte sempre de um problema,


torna-se imprescindível um estudo mais aprofundado sobre o que é esse
problema, porque formulá-lo e como formulá-lo adequadamente. Nesse
sentido, a leitura do capítulo, intitulado: Como formular um problema de
pesquisa? pretende contribuir para o entendimento do factor problema nos
nossos estudos sobre a pesquisa científica.

Texto 3
GIL, Antônio Carlos. Como construir hipóteses?. In: ______. Como
elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p.3139.

Após definido o problema de uma pesquisa, o próximo passo consiste em


organizar possibilidades que visem solucionar o referido problema ou obter
respostas para o mesmo. Nesse momento, passamos então a criar
proposições, ou seja, expressões em que se afirma ou que se nega
alguma coisa. Essas proposições ou possibilidades são chamadas de
hipóteses. Saber o que são hipóteses, quais são as suas características,
como elas podem ser classificadas e também criadas são os principais
aspectos abordados no capítulo, intitulado: Como construir hipóteses?

Texto 4
GIL, Antonio Carlos. Como classificar as pesquisas?. In: ______. Como
elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p.4157.

Nesse capítulo, o Professor Antônio Carlos Gil faz um passeio detalhado


sobre os mais conhecidos tipos de pesquisa científica. Na oportunidade,
além de citar e apresentar cada um dos tipos, ele os classifica em dois
grupos. O primeiro grupo com base nos objectivos de uma pesquisa e o
segundo grupo considerando os procedimentos técnicos utilizados.

Texto 5
NEVES, José Luiz. Pesquisa qualitativa: usos, características e
possibilidades. Caderno de pesquisas em Administração. São Paulo, v. 3,
n. 3, 1996. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.
br/cadpesq/arquivos/C03art06.pdf>. Acesso em: 17 maio 2006.

Trata-se de um artigo publicado em formato electrónico pela Revista


Caderno de Pesquisas em Administração que, apesar de possuir um pouco
mais de 10 anos de publicação, descreve, de forma consistente, os
métodos quantitativos e qualitativos de pesquisa. Além de apontar os
problemas e as características mais marcantes de cada um dos métodos,
ressalta a importância do uso em conjunto dos dois métodos na realização
de pesquisas.

Leituras Complementares

Texto 1
IBOPE. Conheça os tipos de pesquisa realizados pelo Grupo IBOPE –
Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Disponível em:
http://www.ibope.com.br/calandraWeb/BDarquivos/sobre_pesquisas/tipos_
pesquisa.html Acesso em 10 jun. 2006.

O Grupo IBOPE é uma instituição multinacional brasileira, especializada


em pesquisas de mercado e opinião, presente em dezasseis países. No
seu site, podemos encontrar os detalhes de vários tipos de pesquisas
citados neste guião, além de exemplos da aplicabilidade, em situações
reais, de cada um dos tipos de pesquisa utilizados pelo IBOPE.

Texto 2
ROSETTO, Márcia. Os novos materiais bibliográficos e a gestão da
informação: livro eletrônico e biblioteca eletrônica na América Latina e
Caribe. Ciência da Informação. j an./abr. 1997, vol. 26, no. 1. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S010019651997000100008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 27
jun. 2006.

A leitura deste artigo, publicado também em formato electrónico, auxiliará


no aprofundamento dos seus estudos sobre a diversificação das fontes de
pesquisa, tendo em vista as actuais mudanças nos procedimentos de
produção, transmissão e uso do conhecimento. Para além disso, o artigo
faz uma abordagem interessante e consistente sobre a gestão da
informação, o livro e a biblioteca electrónica.

Actividades

Actividade 1

De acordo Gil (1994, p. 20-21), “para que uma pesquisa possa ser bem
sucedida, ela depende fundamentalmente de certas qualidades intelectuais
e sociais do pesquisador”. Algumas destas qualidades estão relacionadas
a seguir. Então, relacione correctamente a coluna de qualidades dos
pesquisadores com a coluna dos exemplos.

Qualidades Exemplos

a) Criatividade ( ) Respeito pela propriedade intelectual citando


correctamente as fontes utilizadas no trabalho

b) Atitude ( ) Interpretar, prever e imaginar, sem descorar


auto correctiva o rigor e os métodos científicos

c) Sensibilidade ( ) Consciência de que pode cometer erros e


social corrigi-los assim que os detectar

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

d) Imaginação ( ) Não comprometer o andamento da pesquisa,


disciplinada sem que se tenham esgotado todas as
possibilidades relativas a materiais e
procedimentos

e) Integridade ( ) Respeito pelas crenças e costumes de um


intelectual contexto a ser pesquisado

Actividade 2

Relacione correctamente a coluna de tipos de pesquisa com a coluna de


características da pesquisa.

Tipos de pesquisa Características

a. Pesquisa ( ) Tipo de pesquisa que se caracteriza pelo


experimental envolvimento dos pesquisadores também
como pesquisados

b. Pesquisa ( ) Tipo de pesquisa em que se utiliza,


de mercado fundamentalmente, as contribuições dos
diversos autores sobre determinados assuntos
a partir de publicações já existentes,
geralmente livros e artigos científicos

c. Pesquisa ( ) Utiliza, fundamentalmente, as contribuições


documental dos diversos tipos de pesquisa, recorrendo a
documentos já existentes, mas que ainda não
receberam tratamento analítico, ou que ainda
podem ser reelaborados de acordo com os
objectivos da pesquisa

d. Pesquisa ( ) Tipo de pesquisa em que são realizadas


participante experiências laboratoriais como, por exemplo,
pingar uma gota de ácido numa placa de metal
para observar o que ocorre

e. Pesquisa ( ) Tipo de pesquisa em que se criam ou se


bibliográfica aprimoram técnicas e métodos em benefício da
própria ciência/pesquisa

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Actividade 3

Leia a citação, a seguir, do físico Paul Davies e elabore, com base nas
orientações deste guia de estudo, um pequeno comentário, entre 5 e 10
linhas, enfatizando a universalidade da ciência.

“Apesar de a ciência ter começado na Europa, é universal e


está agora à disposição de todas as culturas. Podemos
continuar a dar valor aos sistemas de crenças das outras
culturas, ao mesmo tempo que reconhecemos que o
conhecimento científico é algo de especial que transcende a
cultura”. (Davies, 2006, p.1).
Actividade 4

Assinale V, para as alternativas verdadeiras, e F, para as alternativas


falsas:

a) ( ) Ciência pode ser considerada um conjunto de actividades racionais,


dirigidas ao conhecimento sistemático com objectivo limitado, não
necessariamente devendo ser submetido à verificação.

b) ( ) Uma das possibilidades de uso do método qualitativo pode ser por


meio do desenvolvimento de pesquisas documentais.

c) ( ) A demarcação científica tem grande importância para a ciência, pois


permite a distinção entre o senso comum e o que não é científico dentro do
conhecimento adquirido.

d) ( ) A abordagem quantitativa remete para critérios quantificáveis,


enquanto que a abordagem qualitativa para critérios que podem ser
descritos e explicados.

e) ( ) A Ciência pode ser considerada um conjunto de conhecimentos,


sistemáticos e racionais, caracterizando uma realidade imutável, sem
transformação.

f) ( ) A pesquisa qualitativa busca enumerar ou medir eventos, empregando


métodos estatísticos, quantificáveis para a análise de dados.

g) ( ) Em Moçambique, diferentemente dos EUA, a grande maioria dos


pesquisadores está concentrada em empresas privadas, pois há garantia
de melhores condições de trabalho e disponibilidade de recursos
financeiros.

h) ( ) Projectos de pesquisa baseados em métodos quantitativos são


utilizados exclusivamente nas áreas de ciências exactas e tecnológicas.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

UNIDADE TEMÁTICA 2
PESQUISACIENTÍFICA: DA PLANIFICAÇÃO À SOCIALIZAÇÃO DO
CONHECIMENTO CONSTRUÍDO

André Luís T. Fernandes


Fábio Rocha Santos
Valeska Guimarães Rezenda da Cunha
Adaptado por: Aissa Mithá Issak

Objectivos

Ao término dos estudos propostos neste Guia de Estudo 2, esperamos que


você esteja apto para:

• Planificar e realizar as etapas de uma pesquisa científica;


• Preparar materiais de apoio, utilizados nas apresentações em eventos
científicos;
• Elaborar projectos de pesquisa;
• Fazer apresentações em eventos científicos;
• Compreender os aspectos éticos aplicados à pesquisa;
• Agir de maneira comprometida com a ética.

Prosseguindo a nossa conversa

Prezado estudante, seja bem-vindo à continuidade dos nossos estudos


sobre os métodos e técnicas usados na realização de trabalhos de
natureza académica e científica.

No primeiro Guia de Estudo, referimos que, para que uma pesquisa possa
ser caracterizada como científica, é preciso que ela siga um processo
minucioso e sistemático, subsidiado por procedimentos metodológicos.

Nesse sentido, iniciaremos este Guião propondo discussões sobre estes


procedimentos. Em seguida, apresentamos-lhe orientações para a
elaboração do projecto de pesquisa – documento essencial na
planificação, na execução e na documentação das pesquisas científicas.
Finalmente, sugerimos reflexões sobre as questões éticas que necessitam
de permear o nosso dia-a-dia, não apenas como pesquisadores,
académicos e profissionais, mas também, como sujeitos sociais.

Etapas de uma pesquisa científica

No início dos nossos estudos sobre a pesquisa científica, vimos que ela
parte de um problema. Problema esse que deverá ser submetido a um
conjunto de procedimentos para que possamos obter respostas e, em
alguns casos, soluções.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Esse conjunto de procedimentos, na verdade, é predominantemente


chamado de Etapas ou Fases. São várias as etapas de uma pesquisa, mas
nem todas elas são utilizadas em todos os tipos de pesquisa. Em
determinadas pesquisas, algumas etapas são utilizadas e em outras, não.

A determinação de quais etapas farão parte da pesquisa a ser realizada e


de que forma essas etapas serão realizadas depende do tipo de pesquisa.
Pesquisas experimentais, por exemplo, são pesquisas que são realizadas
predominantemente em laboratórios e exigem experimentação, diferente
de outros tipos de pesquisa, como é o caso das pesquisas documentais,
que se baseiam em documentos originais e que ainda não passaram por
nenhum processo analítico de publicação. Ou seja, na pesquisa
experimental temos uma etapa que não necessariamente fará parte das
etapas de uma pesquisa documental, que seria a etapa de manipulação ou
de experimentação.

Cabe aqui uma explicação mais detalhada.


Encontramos, na literatura, autores que defenderiam a ideia de que tanto
a experiência, na pesquisa experimental, quanto a manipulação dos
documentos de uma pesquisa documental poderiam ser procedimentos
ou etapas com finalidades afins, por isso não se distinguiriam. Mas, o
mais importante aqui não é aprofundarmos essa discussão, e sim
perceber que, entre as etapas que estudaremos a seguir, algumas são
exploradas em determinadas situações e outras são exploradas em
outras situações e o factor que determinará isso poderá ser justamente o
tipo de pesquisa que está a ser realizado.

Em virtude dessa distinção entre os tipos de pesquisa, seja pelos seus


objectivos, seja pelos procedimentos que farão parte da rotina da pesquisa,
é-nos difícil apresentar um esquema padrão de etapas de pesquisa. Nesse
sentido, apresentaremos uma sequência de etapas que,
independentemente das variáveis que possam interferir na definição do
uso delas ou não, possa ser utilizada em quaisquer tipos de pesquisa que
você for realizar.

Isso precisa de ficar bem claro, de maneira que você não se depare com a
necessidade de utilizar alguma etapa numa pesquisa que talvez não tenha
sido apresentada aqui neste Guião de Estudos. Por isso, sugerimos que
sempre que for realizar uma pesquisa, resguarde as etapas estudadas aqui
e faça um estudo mais aprofundado sobre o tipo de pesquisa que for
desenvolver, para verificar se não haveria alguma outra etapa – não
mencionada aqui – que seria de suma importância para o sucesso da sua
pesquisa.

Podemos iniciar a nossa discussão, compreendendo que as etapas são


intimamente relacionadas e que, para fins didácticos, podemos separá-las
ou agrupá-las em categorias, como as que apresentaremos a seguir.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Vamos às categorias:

• Planeamento – refere-se à categoria que agrupa as etapas


responsáveis pelo “pensar como será”;

• Execução – esta categoria responsabiliza-se pelo conjunto de


etapas que “fazem”;

• Documentação/divulgação – esta categoria assume o papel de


cartório da pesquisa, ou seja, da função de reunir num documento
de carácter científico toda a trajectória e também os resultados
obtidos e interpretados da pesquisa.

CATEGORIAS DE PLANEAMENTO

• Escolha do tema
• Revisão da literatura
• Elaboração da justificação
• Formulação do problema
• Determinação dos objectivos
• Planeamento da metodologia

CATEGORIAS DE EXECUÇÃO

• Recolha e tabulação de dados


• Análise e discussão dos resultados

CATEGORIAS DE DOCUMENTAÇÃO / PUBLICAÇÃO

• Redacção e apresentação do trabalho científico


• Publicação dos resultados

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Vamos conhecer agora o conjunto de etapas que fará parte do nosso


esquema.

Não se esqueça!
O esquema pode ser adaptado de acordo com a pesquisa a ser realizada.

Categorias de planeamento

Etapa 01: escolha do tema

Podemos começar a nossa discussão sobre esta etapa a


partir de uma pergunta: o que vou pesquisar?

Um pequeno entrave...
Algumas vezes, o tema escolhido é pouco trabalhado por outros autores
e não existem fontes suficientes para consulta.
A escassez de fontes obriga o pesquisador a buscar outras. Para isso, ele
necessita de um tempo maior para a realização do trabalho (por exemplo,
trabalhos em outras línguas). Este problema não impede a realização da
pesquisa, mas deve ser levado em consideração para que o tempo
previsto não seja ultrapassado.

Obter essa resposta, caro estudante, não é uma tarefa muito fácil, mas, ao
obtê-la, você estará bem encaminhado, pois o objectivo dela é fazer com
que o pesquisador saiba exactamente o que vai pesquisar, mesmo que no
decorrer da pesquisa ele mude de ideias. Ao escolher o tema, precisamos
de considerar aspectos, como:

ƒ Clareza quanto à área de interesse do assunto que se


deseja provar ou desenvolver;

ƒ Afectividade em relação a um tema ou alto grau de interesse


pessoal: prazer ao discutir o assunto pretendido é
necessário para que o pesquisador tenha sucesso durante a
elaboração e a condução de um projecto de pesquisa.
Trabalhar um assunto que não seja do seu agrado tornará a
pesquisa num exercício de tortura e sofrimento;

ƒ Tempo disponível para a realização do trabalho de


pesquisa: toda a equipa envolvida no projecto,
especialmente o seu coordenador, deve definir
preliminarmente quanto tempo cada envolvido terá para
elaborar o projecto e conduzi-lo;

ƒ Capacidades do pesquisador em relação ao tema


pretendido: é preciso que o estudante/pesquisador tenha
consciência da sua limitação de conhecimentos para não se
aventurar em assuntos fora do seu domínio;

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

ƒ O significado do tema escolhido, seus valores académicos e


sociais e as oportunidades que o tema poderá trazer à
equipa: ao escolher um tema, deve-se tomar cuidado para
não definir um assunto que não interesse a ninguém;

• Material de consulta e dados necessários ao pesquisador:


deve-se levar em conta a quantidade de informações
disponíveis sobre o assunto a ser trabalhando no projecto;

• Disponibilidade de capital: ao definir um tema, deve-se ter


em mente que há sempre um gasto de capital para a
condução de qualquer projecto de pesquisa. É preciso
definir se haverá verba da instituição sede do projecto ou se
serão solicitados recursos financeiros de órgãos de fomento
à pesquisa.

“Não reinvente a roda!”

A originalidade de um assunto
não é pré-requisito para a
realização de uma pesquisa.
Você pode abordar um assunto
que já esteja em discussão na
sociedade ou até mesmo em
pesquisa. Preocupe-se apenas
se o seu enfoque é diferente do
que já está em estudo.

Antes de definir o tema, diversifique as fontes sobre o assunto que


pretende pesquisar, a partir de vivências diárias, reflexões, leituras,
conversas, debates, eventos científicos e discussões com pessoas que
possam incentivar a realização da pesquisa.

Há ainda alguns autores que diferem a escolha do tema com a delimitação


dele e enfatizam na escolha que:

Seleccionar um tema equivale a eliminar aqueles que, por uma


razão plausível, devem ser evitados e fixar-se naquele que merece
prioridade. Não pode haver selecção sem critério de selecção:
convém, portanto, definir os critérios que o estudante levará em
consideração quanto tiver que proceder à escolha de um assunto.
Tais critérios desempenham a função de guia metodológico,
orientando o estudante em direcção ao assunto prioritário.
(Cervo, 2002, p.81-83)

Nessa distinção entre escolha e delimitação, Cervo (2002, p.82) explica


que a delimitação equivale a uma decomposição melhor, um
desdobramento do tema em partes, enquanto que a definição do tema

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

implica na enumeração dos elementos constitutivos ou explicativos de uma


pesquisa. O estudioso afirma ainda que nem todos os temas podem ser
delimitados com o auxílio dessa técnica de desdobramento, também
chamada de decomposição e que, de acordo com a natureza do tema
proposto para a pesquisa, pode ser necessária uma outra técnica para a
sua delimitação.

Etapa 02: revisão de literatura

Esta etapa da pesquisa, também mencionada em algumas obras como


levantamento de dados, consiste em realizar um estudo que possibilite
conhecer quem já pesquisou algo semelhante ao que irá ser pesquisado e
o quanto já se pesquisou sobre o assunto.

Para isso, um bom começo é realizar uma busca de trabalhos semelhantes


a partir das fontes de pesquisa já mencionadas no primeiro Roteiro de
Estudos, ou seja, nas bibliotecas convencionais e virtuais. Essa busca
viabilizará a realização de pesquisas sobre as produções académico-
científicas na área e nos dirá inclusive sobre a viabilidade no que se refere
à relevância e à pertinência da pesquisa.

Por isso, conhecer o que se tem produzido na área da pesquisa a ser


realizada pode auxiliar bastante. Por isso, torna-se uma etapa
imprescindível à continuidade do estudo.
Você deve consultar artigos recomendados pelo supervisor, de preferência
utilizando palavras-chave (keywords). Se achar um texto de interesse, é
aconselhável consultar as referências contidas nesse texto. Essas
referências, por sua vez, irão proporcionar novas referências.

Não basta, porém, procurar livros e


revistas, nem basta ler tudo. É preciso
fazer uma revisão da literatura. Para
IMPORTANTE isso, é preciso resumir e comentar o
que se leu. Não é recomendável
“juntar o material”, para depois
começar a redigir. É preferível fazer
simultaneamente a leitura e o resumo.

Depois de ler e resumir, deve-se ordenar o material de que dispõe, por


tópicos (assuntos). É preciso reler, para saber se serão necessárias mais
informações. Se sim, é preciso complementar.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Etapa 03: elaboração da justificativa

Esta é a etapa da pesquisa em que reunimos os “porquês” de se estudar


determinado tema. É o momento em que reunimos os argumentos que
justificarão a realização da pesquisa para que possamos ser convincentes
quanto à importância da pesquisa que iremos realizar. Podemos organizar,
nesta etapa, as vantagens e benefícios que a pesquisa irá proporcionar, a
importância pessoal ou cultural, de maneira que possamos ter respaldo
para a continuidade do trabalho.

Esta etapa depende bastante da anterior ― revisão da literatura ―, pois


precisamos de encontrar, na literatura, argumentos que possam justificar o
nosso trabalho. Por isso, o sucesso da revisão da literatura incidirá
directamente na elaboração de uma boa justificativa.

Uma estratégia interessante que podemos utilizar ao construirmos a nossa


justificativa é o uso de citações directas e indirectas, a partir dos resultados
de nossas buscas na literatura. Este recurso consolida os argumentos
apresentados na justificativa.

Barral (2003, p. 88-89) oferece alguns itens importantes que podem fazer
parte de uma boa justificativa. São eles:

a) Actualidade do tema: inserção do tema no contexto actual;


b) Ineditismo do trabalho: proporcionará maior importância ao assunto;
c) Interesse do autor: vínculo do autor com o tema;
d) Relevância do tema: importância social, jurídica, política, entre outras;
e) Pertinência do tema: contribuição do tema para o debate na área de
conhecimento.

Etapa 04: formulação do problema

Sabemos que a pesquisa surge a partir da caracterização de um problema.


Saber defini-lo e delimitá-lo claramente em termo de tempo e de
espaço, é um dos principais objectivos desta etapa.

Para que esta etapa seja bem-sucedida, você pode começa-la buscando
“pistas” que irão ajudá-lo na delimitação do seu problema de pesquisa.

O que espero responder com minha pesquisa?


Para responder o que desejo, qual deve ser a
melhor abordagem?

Ao responder a essas indagações, você terá uma visão da abrangência da


sua pesquisa, ou seja, até onde irá com ela. Isso torna-se necessário
porque, em alguns assuntos, as pesquisas podem estender-se por

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

períodos incomensuráveis, tornando-as inviáveis. Daí a importância da


clareza e da delimitação do problema.

Abordar o tema de forma a identificar a situação ou o contexto no qual o


problema está inserido é de fundamental importância.

A formulação do problema é também considerada como a continuidade da


delimitação da pesquisa, só que bem mais específica, pois indica
exactamente qual a dificuldade que se pretende resolver ou responder, de
maneira que possamos apresentar, de forma clara, a ideia central do
trabalho.

O pesquisador deve contextualizar, de forma sucinta, o tema da sua Contextualizar:


pesquisa. Essa é uma forma de introduzir o leitor no tema em que se Abordar o tema de
encontra o problema, permitindo uma visualização situacional da questão forma a identificar a
(Oliveira, 2002, p. 169). situação ou o contexto
no qual o problema a
seguir será inserido.
Cervo (2002, p.84-86) reforça ainda que nunca devemos passar
directamente da escolha do tema à recolha de dados. Segundo o
estudioso, as vantagens da formulação do problema são inegáveis, pois:

a) delimita, com exactidão, que tipo de resposta deve ser procurado;


b) leva o pesquisador a uma reflexão benéfica e proveitosa
sobre o assunto;
c) fixa, frequentemente, roteiros para o início do levantamento
bibliográfico e da recolha de dados;
d) auxilia, na prática, a escolha de cabeçalhos para o sistema
de tomada de apontamentos;
e) discrimina, com precisão, os apontamentos que serão tomados, isto é,
todos e, tão somente aqueles que respondem às perguntas formuladas

(salvador, 1970, p.30 apud Cervo, 2002, p.85)

Ao escolher um problema, Minayo (1999), coloca algumas questões:

o Trata-se de um problema original e relevante?


o Ainda que seja “interessante”, é adequado para mim?
o Tenho possibilidades reais para executar tal estudo?
o Existem recursos financeiros para o estudo?
o Há tempo suficiente para investigar a questão?

Atenção!
Questões como estas podem auxiliar muito na escolha do problema e na
viabilidade da realização da pesquisa, por isso, sempre que for iniciar um
trabalho científico, faça essas perguntas antes de definir o problema a ser
estudado.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Veja como podemos encontrar um problema, mas antes perceba que os


exemplos apresentados a seguir, são criados a partir de pergunta, de
maneira que a própria pesquisa viabilize a construção das possíveis
respostas. Por outro lado, é interessante preocupar-se em limitar também o
número de perguntas para não cometer o erro de serem apresentadas
respostas inadequadas.

Vamos a alguns exemplos:

- A desnutrição determina o rebaixamento intelectual? (Gil, 1999, p. 50).


- Técnicas de dinâmica de grupo facilitam a interacção entre os alunos? Hipótese científica:
(Gil, 1999, p. 50). É um conjunto
estruturado de
Após definido o problema, são formuladas as hipóteses científicas, de argumentos e
explicações que
grande importância num projecto de pesquisa. possivelmente
justificam dados e
A hipótese científica também pode ser considerada como a afirmação informações, porém,
positiva, negativa ou condicional (ainda não testada) sobre determinado que ainda não foi
confirmado ou
problema ou fenómeno, podendo ser classificada em: rejeitado por
observação ou
a) Hipótese afirmativa – positiva experimentação.
O resultado da pesquisa deve comprovar a afirmação.

Por exemplo:
“A Educação à distância permite que o aluno tenha a mesma compreensão
do conteúdo obtida nas aulas presenciais”.

b) Hipótese afirmativa – negativa


O resultado da pesquisa deve comprovar a afirmação

Por exemplo:
“Não se consegue na educação à distância rendimento dos alunos superior
à forma presencial”.

c) Hipótese condicional Os objectivos:


O resultado da pesquisa é condicionado aos resultados da experiência. São acções
individuais ou
Por exemplo: colectivas que se
“Se for assegurada a qualidade do ensino não presencial, o rendimento materializam através
de verbos. Por isso, é
dos alunos pode ser similar ao obtido nos estudos presenciais”.
importante uma
grande precisão na
escolha do verbo,
Etapa 05: determinação de objectivos escolhendo aquele
que, rigorosamente,
exprime a acção que
Nesta etapa devemos ter como meta a obtenção de respostas para um o pesquisador
questionamento: o que pretendemos alcançar com a pesquisa? pretende executar
(Barreto, Honorato,
1998)

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Para facilitar o entendimento do que almejamos, podemos dividir os


objectivos em dois grupos:

a) objectivo geral – neste tipo de objectivo temos que especificar o


propósito da pesquisa;

b) objectivos específicos – desdobramento do objectivo geral em outros


menores. Podem ser caracterizados também como um conjunto de
objectivos que visam alcançar o objectivo geral.

Na exposição do objectivo geral, segundo Filho e Santos (2000), o


pesquisador não deve preocupar-se com a delimitação do tema, que será
devidamente especificado quando da discussão do objectivo específico. É
importante que o pesquisador utilize uma linguagem clara e precisa.

Normalmente, o objectivo é descrito por verbos fortes,


no infinitivo, constituindo-se num conteúdo resumido,
porém expressivo.

Veja alguns verbos que podem ser utilizados na elaboração dos objectivos:

identificar, levantar, descobrir, caracterizar, descrever, traçar,


analisar, explicar, classificar, aplicar, distinguir, enumerar,
exemplificar e seleccionar.

Vamos a um exemplo de objectivo geral:


Identificar os aspectos que influenciam no assoreamento do rio Zambeze.

Vamos pensar?
Quais seriam outras acções que poderíamos executar na nossa pesquisa,
de maneira que fosse alcançado o objectivo geral?
Veja algumas alternativas de objectivos específicos:

Geral
Identificar os aspectos que influenciam no
assoreamento do rio Zambeze

Específico – 1 Específico – 2
Analisar as formas de uso das Avaliar as condições das matas
margens do rio Zambeze por parte da ciliares no curso do rio Zambeze.
população e indústria locais.

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Etapa 06: Planeamento da metodologia

A metodologia de um projecto deve responder, de forma detalhada, “como”


o projecto será realizado. Assim, o projecto deve apresentar as etapas ou
fases, dispostas, preferencialmente, em ordem cronológica, numeradas e
nominalmente definidas, subdivididas quando necessário, contendo uma
descrição dos procedimentos a serem seguidos. Note que a descrição
detalhada das etapas e sub-etapas permitirá ao proponente quantificar os
recursos humanos e materiais, bem como estabelecer o tempo necessário
para a sua realização. O conjunto de etapas dispostas organizadamente
numa tabela, em função do tempo, dá origem a um resumo do cronograma
de execução do trabalho.
População:
Na metodologia da pesquisa é que definimos como a pesquisa será
realizada, observando, detalhadamente, cada etapa/sub-etapa a ser Totalidade de
seguida. Por exemplo: pessoas, animais,
objectos, situações
etc. que possuem um
conjunto de
Sub-etapa 6.1 características
comuns, que os
definem.
Qual ou quais tipos de pesquisa serão necessários? Podemos fixar como
população todos os
indivíduos
Sub-etapa 6.2 de determinada
nacionalidade ou que
residam em certa
Qual será a população e a amostra da pesquisa? cidade ou mesmo que
possuam uma série
de características
Sub-etapa 6.3 definidoras
simultâneas
específicas.
Quais serão os instrumentos (formulários, questionários, gravadores) e (Appolinário, 2006,
técnicas de recolha de dados (entrevista, observação)? p.125).

Amostra:
Sub-etapa 6.4
Subconjunto de
Que abordagens metodológicas serão utilizadas: quantitativa, qualitativa sujeitos extraídos de
ou de triangulação? uma população por
meio de alguma
técnica de
amostragem. Quando
Sub-etapa 6.5 essa amostra é
representativa dessa
Quantos e quais serão os pesquisadores participantes? população, supõe-se
que tudo que
Realizando uma espécie de checkup, após definida a metodologia da concluímos acerca
pesquisa, verifique se estão claras as respostas para cada uma das dessa amostra será
perguntas a seguir. Se isso ocorrer, o seu trabalho, no que se refere ao válido também para a
planeamento metodológico, estará atingindo o objectivo: população com um
todo.
(Appolinário, 2006,
a) Os caminhos para se chegar aos objectivos propostos estão bem p.125).
delimitados e claros?
b) Qual o ou os tipos de pesquisa que serão explorados?

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

c) Quais métodos? (quantitativo, qualitativo, triangulação)


d) Qual o universo/população da pesquisa?
e) Será utilizada a amostragem?
f) Quais são os instrumentos de recolha de dados?
g) Como foram construídos os instrumentos de pesquisa?
h) Que técnicas de recolha de dados serão utilizadas?
i) Qual a forma que será usada para a tabulação de dados?
j) Como serão analisados e interpretados os dados e informações?
k) Houve a realização de uma pesquisa bibliográfica, a partir de leituras em
materiais primordiais?
l) Como pretende usar as suas fontes de consulta, fazer fichas
(bibliográficas e de leitura), lê-las e resumi-las para a construção do seu
texto?

Barreto & Honorato (1998) reforçam que a metodologia da pesquisa, num


planeamento, deve ser entendida como o conjunto detalhado e sequencial
de métodos e técnicas científicas a serem executados ao longo da
pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os objectivos inicialmente
propostos e, ao mesmo tempo, atender aos critérios de menor custo, maior
rapidez, maior eficácia e mais confiabilidade de informação.
Artigos científicos
ou
Categorias de documentação e publicação papers:
São textos menores
Etapa 01: Redacção e apresentação do trabalho científico que as monografias,
em que a finalidade é
serem publicados em
Esta é a etapa em que a equipa pesquisadora deve redigir o documento periódicos científicos.
que regista todos os passos da pesquisa. Em carácter de planeamento,
estaríamos a falar do projecto de pesquisa. Já em carácter documental, ou
seja, acerca dos resultados registados na pesquisa, podemos nos referir a
vários documentos científicos, como: Monografia:
É um dos tipos de
trabalhos científicos
- relatórios de pesquisa, artigos científicos ou papers , dissertações de que versa sobre um
mestrado, teses de doutoramento, monografias, entre outros. único tema.

Independentemente do tipo de documento científico escolhido pela equipa


pesquisadora para o registo dos resultados da pesquisa, ele deve Trabalho de
apresentar uma redacção clara, objectiva, simples, concisa e precisa conclusão de curso
(Appolinário, 2006, p.95), baseada nas normas definidas pela instituição – TCC:
onde a pesquisa se realiza, por exemplo, a universidade a que os Corresponde a
trabalhos académico-
pesquisadores estão ligados. científicos, elaborados
e apresentados pelos
estudantes, no final
É importante ressaltar que os propósitos dos Guiões de Metodologia da dos seus cursos
superiores, sempre
Pesquisa Científica são de orientá-lo sobre a elaboração do projecto de sob a orientação de
pesquisa e a realização da pesquisa científica. As orientações sobre os um ou mais
documentos finais serão disponibilizadas oportunamente, quando você professores da área
receber as orientações sobre a elaboração do Trabalho de Conclusão de de conhecimento do
Curso (TCC). tema do TCC.
Também conhecidos
como Trabalho de Fim
de Curso ou Trabalho
de Licenciatura.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Podem ser considerados como exemplos de TCC: monografias, projectos


e artigos. Cada curso superior apresenta na sua proposta pedagógica
quais as possibilidades que o estudante tem em relação ao tipo de TCC.

Nas leituras obrigatórias e complementares deste Guia, são indicados


textos publicados na Internet com orientações pertinentes, claras e
exemplificativas sobre a elaboração de materiais e também sobre a
preparação pessoal em apresentações de eventos científicos.

Não deixe de consultar esses textos, pois trata-se de textos fundamentais


no momento em que se for preparar não só para eventos especificamente
científicos, mas também em seminários propostos no decorrer de sua
formação académica.

Etapa 02: Publicação do trabalho científico

A veiculação do conhecimento construído, a partir das pesquisas


científicas, prossegue das mais variadas formas. Hoje,
predominantemente, essa veiculação acontece por meio de livros e
periódicos tanto na forma impressa como na digital – viaWeb . Para que
você possa tomar conhecimento sobre o processo de veiculação e as
formas de acesso às produções científicas, indicamos, entre as leituras
obrigatórias, um capítulo da obra de Fábio Appolinário, intitulado: O
sistema de produção científica.

Indicamos também uma outra leitura comentada, intitulada Revistas


científicas em mídia digital: critérios e procedimentos para publicação, só
que entre as complementares. Esta obra faz uma discussão acerca do
histórico dos periódicos científicos e também sobre os critérios de selecção
utilizados pelas bibliotecas virtuais na indexação de novos trabalhos
científicos.

O projecto de pesquisa

Toda e qualquer acção metodologicamente desenvolvida, com o objectivo


de contribuir, de forma inovadora, para o avanço científico das diferentes
áreas do conhecimento, constitui um projecto de pesquisa.

Na verdade, é um texto que define, com detalhes, o planeamento do


caminho a ser seguido na construção de um trabalho científico de
pesquisa. É um planeamento que impõe ao autor ordem e disciplina para
execução do trabalho de acordo com os prazos estabelecidos.

Ele pode ser utilizado para que o seu autor:

¾ Discuta suas ideias com colegas e professores em reuniões


apropriadas;
¾ Inicie contactos com possíveis orientadores;

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

¾ Participe em seminários, congressos, simpósios e outros encontros


científicos;
¾ Apresente trabalho académico nas disciplinas de Metodologia da
Pesquisa, Metodologia do Trabalho Científico ou outras
semelhantes;
¾ Participe em concurso para ingresso em Programas de Pós-
graduação.

A elaboração de um projecto de pesquisa visa registar a ideia do


proponente, permitindo a terceiros uma análise técnica e de mérito do seu
conteúdo. Por essa razão, o projecto deve ser elaborado de forma
organizada, contemplando os conteúdos de forma clara e
cronologicamente dispostos. Para que isso seja atingido, o projecto deve
conter, necessariamente:

I. Capa
II. Folha de Rosto
III. Resumo
IV. Sumário
V. Objectivo (s) – geral e específicos
VI. Justificativa
VII. Introdução
VIII. Revisão de Literatura
IX. Metodologia (Material e Métodos)
X. Orçamento Detalhado
XI. Pessoal Envolvido
XII. Resultados Esperados
XIII. Referências

Descrição dos Tópicos

I) Capa

A capa é a protecção externa do trabalho e sobre a qual se imprimem as


informações indispensáveis à sua identificação. Os elementos utilizados na
capa são os seguintes (devendo-se respeitar a ordem):

- Nome da instituição (opcional)


- Nome (s) do (s) autor (es)
- Título
- Subtítulo, se houver
- Local
- Ano da entrega

O título deve expressar, da melhor maneira possível, o tema do projecto,


sendo apresentado de forma concisa. Lembrar que o título do trabalho
(projecto) será lido por muitas pessoas. O trabalho final (artigo científico,
tese, dissertação, etc.), será sempre referenciado pelo seu título.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Um bom título deve ser:


a) curto
b) específico
c) sem fórmulas de qualquer espécie.

Atenção! Não se recomendam: títulos-frases, títulos-perguntas.

II) Folha de rosto

É na folha de rosto que são dispostos os elementos essenciais à


identificação do trabalho e é também nela que se esclarece qual é o tipo do
documento, se é uma monografia, uma tese, um projecto de pesquisa,
dentre outros.

Os elementos que devem compor uma folha de rosto, nesta ordem, são:
- Nome do autor.
- Título.
- Subtítulo, se houver.
- Natureza do trabalho (tese, dissertação, projeto de pesquisa) e
objectivo (aprovação em disciplina, grau pretendido, atendimento a
um edital de órgão de fomento, etc.) nome da instituição a que é
submetido; área científica.
- Local.
- Ano da entrega.

III) Resumo

É um texto de dimensões reduzidas em relação ao tamanho do projecto,


com a finalidade de traduzir, em menos palavras, o pensamento do (s)
autor (es), preservando suas intenções e realçando os pontos para os
quais se dispensou maior atenção.

IV) Sumário

Representa uma relação das principais divisões, secções e outras partes


do projecto de pesquisa, que devem ser dispostas na mesma ordem em
que aparecem no texto, com indicação do número da página.

V) Objectivo

O objectivo de um projecto, juntamente com o título, deve dizer de forma


simplificada “o que” se pretende fazer. Normalmente, o objectivo é descrito
por verbos fortes, no infinitivo, constituindo-se um conteúdo resumido,
porém expressivo. Reveja mais detalhes na Etapa 5.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

VI) Justificativa

A justificativa de um projecto deve apresentar, de forma convincente, o


“porquê” da sua realização. Por outras palavras, a justificativa deve
esclarecer ou convencer, principalmente as pessoas ligadas à área do
projecto, sobre a importância da sua realização. Reveja mais detalhes na
Etapa 3.

Algumas propostas de projecto substituem os três itens apresentados


acima por Introdução e Revisão Bibliográfica, sem mencionar o tópico
sugerido como Justificativa.

VII) Introdução

Deve dar ao leitor a informação necessária para entender de que assunto


trata o seu trabalho, sem precisar recorrer a outras fontes. Para auxiliar na
elaboração da introdução, algumas perguntas podem ser respondidas:
a) De que assunto trata o seu trabalho (projecto)?
b) Por que é importante tratar esse assunto?
c) Como você tratou o assunto?
d) Qual é o seu objectivo?

VIII) Revisão de Literatura

Para qualquer trabalho que se faça, é necessário ler. Nunca se deve


considerar a leitura como perda de tempo, mas como investimento na sua
formação como pesquisador. Reveja mais detalhes na Etapa 2.

IX) Metodologia (Material e Métodos)

Esta é uma das partes mais importantes do projecto, pois é por meio dela
que se definem as necessidade relativas ao pessoal, material e tempo de
realização. Reveja mais detalhes na Etapa 6.

Em geral, a última etapa da metodologia é o cronograma. Como a


pesquisa se desenvolve em várias etapas, é necessário fazer a previsão
do tempo necessário para se passar de uma etapa a outra. Para isso, a
definição de um cronograma é fundamental para o sucesso de um projecto
de pesquisa. Na Tabela 1 a seguir, é possível visualizar um exemplo de um
cronograma.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Quadro 1 – Cronograma das actividades


Período 1º ano 2º ano
Bimestres Bimestres
Etapas 1º 2º 3º 4º 5º 6º 1º 2º 3º 4º 5º 6º
1. X X X X X
Complementação
da revisão
bibliográfica
2. X X
Operacionalização
dos conceitos
3. X X
Elaboração dos
questionários
4. X X
Validação dos
questionários
5. X X
Selecção da
amostra
6. X
Impressão dos
questionários
7. X X
Selecção dos
pesquisadores
(entrevistadores)
8. X X X X
Recolha de dados
9. X X X
Análise e
interpretação dos
dados
10. X X
Redacção do
relatório final do
projecto
11. X X
Apresentação dos
resultados em
eventos científicos
12. X X
Envio de trabalho
para publicação
em revista
especializada

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

X) Orçamento Detalhado

Mesmo que a pesquisa não exija financiamento externo, é necessário que


o projecto envolva considerações do orçamento da pesquisa, respeitando-
se um cronograma pré- estabelecido. Sem esse planeamento, o
pesquisador corre o risco de perder o controle do projecto.

A origem do orçamento do projecto tem sua fundamentação nos itens


(necessidades) identificados na metodologia, especificamente nas etapas e
sub-etapas. Tratam-se dos recursos humanos e materiais disponíveis na
instituição, bem como daqueles a serem contratados/adquiridos. No
primeiro caso, enquadram-se o pessoal, as instalações físicas e
eventualmente alguns materiais, devendo ser considerados como
contrapartida da instituição proponente. Os itens pessoal permanente e
instalações físicas são dificilmente financiados por órgãos de fomento.

Os itens restantes, enquadrados como financiáveis, são os itens de


custeio, capital e bolsas.

Rubrica de custeio

Contém as diárias, materiais


de consumo (nacionais e Rubrica capital
importados), remuneração
de serviços pessoais, outros Contém os materiais
serviços e encargos permanentes (nacionais e
(passagens etc.). importados), inclusive
material bibliográfico, e os
equipamentos (nacionais e
importados). No tocante às
bolsas, estas podem ser
de diferentes modalidades,
sendo concedidas por um
período igual ao da
vigência do projecto, que
deve ter duração entre um
e dois anos.

É importante lembrar que os itens solicitados para financiamento


necessitam de justificativa própria, relacionando-se a sua utilização com
uma ou mais etapas definidas na metodologia do projecto. Um resumo das
despesas (custeio, capital, bolsas) deve ser apresentado separadamente,
em quadros ou tabelas, contendo os respectivos elementos de despesa,
assim como uma tabela/resumo das despesas totais do projecto. Para as
solicitações de bens de capital com valores expressivos, é recomendada a
inclusão, no projecto, de cotações de um ou mais fornecedores.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Material permanente

São aqueles materiais que têm uma durabilidade prolongada.


Normalmente é definido como bens duráveis que não são consumidos
durante a realização da pesquisa.
Podem ser: geladeiras, refrigerador de ar, computadores, impressoras,
itens de laboratório, dentre outros.

Quadro 2 – Exemplo de orçamento para material permanente

Descrição Qt. Custo Custo total Justificativa


unitário (MT) (MT)
Computador 1 1.700,00 1.700,00 Montagem de
estrutura física
Impressora 1 500,00 500,00 para a recolha
dos dados do
Scanner 1 400,00 400,00 projecto.

Mesa para o 1 300,00 300,00


computador
TOTAL (MT) 2.900,00

Material de Consumo
São aqueles materiais que não têm uma durabilidade prolongada.
Normalmente é definido como bens que são consumidos durante
a realização da pesquisa.
Podem ser: papel, tinta para impressora, gasolina, material de
limpeza, caneta, fertilizantes, defensivos, etc.

Quadro 3 – Exemplo de orçamento para material de consumo

Descrição Qt. Custo Custo total Justificativa


unitário (MT)
(MT)
Caixas de 10 10,00 100,00 Impressão
disquete para dos
computador questionários
Resmas de 10 15,00 150,00 e relatório do
papel tipo A4 projecto de
Cartuchos de 02 150,00 300,00 pesquisa
tinta para
impressora
TOTAL (MT): 550,00

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

XI) Pessoal Envolvido

Numa proposta de projecto, é extremamente importante ressaltar que ele


será desenvolvido por um grupo ou equipa de trabalho. Um dos
participantes deve aparecer como coordenador responsável pelo projecto,
podendo haver um subcoordenador.

O comprometimento do pessoal envolvido deve ser feito através de termo


de concordância ou de participação, podendo-se até citar em quais etapas
do projecto se dará sua contribuição. Para todos os participantes de nível
superior, é importante a inclusão do seu Curriculum Vitae, principalmente
do coordenador, não sendo necessários os currículos do pessoal técnico e
de alunos, eventualmente participantes do projecto.

Para apresentar a equipa, sugerimos a elaboração de uma tabela contendo


as informações descritas abaixo:

• Pessoais (nome completo, email, contacto telefónico);


• Académicas ( título, especialização);
• Projecto (nome do projecto, instituição/unidade).

XII) Resultados esperados

Neste tópico, os autores devem discorrer de forma resumida o que


esperam do projecto, quais os resultados que pretendem alcançar depois
de finalizado o mesmo.

XIII) Referências

As referências devem constar necessariamente, no final do projecto, dentro


dos padrões definidos por normas. Como o número de materiais
disponíveis sobre o tema geralmente não é completo na fase de
proposição do projecto, deve-se prever, no início da metodologia, uma
etapa específica para Revisão Bibliográfica, com o objectivo de ampliar o
conhecimento sobre o assunto.

Para realizar a formatação do


documento, sugerimos que
consulte o Guia de
Metodologia do Trabalho
Científico, cujo conteúdo é
trabalhado na 1ª etapa do
curso.

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Ética na pesquisa

Quando entrevistei o pároco da vizinhança em que cresci, constatei que


ele se lembrava de mim como uma criança de classe média, que
freqüentava a igreja com relativa assiduidade, e também que partia do
princípio que nossa posição política seria idêntica. Como nada me
perguntou, nada lhe esclareci. Em vista disso, ele não hesitou em me
contar como examinava, com a maior cautela, todos os pedidos de
emprego na fábrica local a fim de que ninguém com tendências
esquerdistas tivesse a mais remota chance de ali conseguir trabalho. Essa
entrevista veio a ser a primeira prova documentária concreta de algo que,
indiretamente, sempre soubéramos: o papel desempenhado pela Igreja na
discriminação política, naquele contexto específico. É evidente que, por
saber que o uso que eu faria do material iria de encontro às expectativas
do clérigo, fui rigorosamente ético em termos profissionais. Deilhe o
manuscrito para ler, obtive sua aprovação por escrito das citações, antes
de publicálas, e assim por diante. Abstive-me de informá-lo sobre o
contexto em que situaria o material, bem como a interpretação que a ele
daria. Este representa um bom exemplo, creio eu, de manipulação “ética” –
neste caso, espero, por uma boa causa.(Portelli, 1997 apud Debert, 2006
:28).

Após a leitura da epígrafe acima, você considera a situação um exemplo


claro de ética? O entrevistador foi rigorosamente ético em termos
profissionais? Se você fosse o entrevistador, ao publicar o manuscrito, faria
a denúncia do pároco da Igreja? Qual seria sua postura? O que você faria?

Vivenciamos diariamente situações como essa e, muitas vezes, não


reflectimos e buscamos os “porquês” dos nossos comportamentos, dos
hábitos e dos costumes que nos cercam. No nosso dia-a-dia, geralmente
não fazemos distinção entre valor, ética e moral.

Vejamos, a seguir, a distinção entre eles:

VALOR

Do Latim valere – “que tem valor, custo”.


Segundo Cohen e Segre (2006), o valor
expressa o sentimento e o propósito de
nossas vidas, sendo a base de nossas

Exemplificando...
Tomemos como valor cultural, o fato de ser o
dinheiro o maior valor para os americanos
em relação aos orientais;
como valor universal temos, a religião, o
crime e outros; como valor individual temos,
a escolha profissional, a opção
por uma conduta.

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MORAL

É definida como o conjunto de


normas, princípios, costumes e
valores que norteiam o
comportamento do indivíduo no
seu grupo social. Segundo
Chauí (2006), é um juízo que
enuncia obrigação, avalia
intenções e acções, segundo o
critério do correcto e incorrecto.

ÉTICA

Do grego ethos – “modo de ser”

A ética é um comportamento moral que explica, compreende, justifica e critica a


moral da sociedade. Podemos afirmar que é construída histórica e socialmente a
partir das relações dos seres humanos na sociedade.
É nessa convivência com o outro que o indivíduo se descobre enquanto um ser
moral e ético. Por sermos seres históricos e culturais, cujas acções se
desenvolvem no tempo, reconhecemos que a ética se transforma para atender
às exigências da sociedade e da cultura.

A ética exprime a maneira como a cultura e a sociedade definem para si mesmas


o que julgam ser a violência e o crime, o mal e o vício e, como contrapartida, o
que consideram ser o bem e a virtude. Por realizar-se como relação
intersubjectiva e social, a ética não é alheia ou indiferente às condições históricas
e políticas, económicas e culturais da acção moral, (CHAUÍ, 2000).

Considerando o exposto acima, como evidenciamos atitudes éticas?


Quando denominamos que certa conduta é ética? Como se manifesta a
conduta moral?

Veremos, a seguir, constituintes do campo ético, a importância da ética na


pesquisa e os principais enfoques da maioria dos códigos de éticas.

Componentes do campo ético

A conduta ética manifesta-se quando o indivíduo exprime uma consciência


moral, sendo capaz de avaliar as suas motivações pessoais, as exigências
feitas por determinadas situações, as consequências dos seus actos para
si próprio e para os outros, a conformidade entre meios e fins (não

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

empregar meios imorais para alcançar fins morais), a obrigação de


respeitar o estabelecido e a obrigação de transgredir determinadas regras
quando o estabelecido for imoral.

• Em que situações podemos afirmar que o indivíduo é ético?


• Que condições ou situações evidenciam que o indivíduo é ético?

O indivíduo é um ser, uma pessoa moral que é instaurada pela vida


intersubjectiva e social, que necessita ser educado para os morais e para
as virtudes. Para Chauí (2000), o indivíduo ético ou moral precisa:

a) Ser consciente da existência de si mesmo e dos outros;


b) Ser capaz de controlar e orientar seus desejos, sentimentos e
tendências;
c) Ser responsável pelos efeitos e consequências de suas acções
sobre si mesmo e sobre os outros;
d) Ser capaz de se auto determinar, aplicando a si mesmo as regras
de conduta.

Nesse sentido, “a ética precisa contar com a capacidade de


os indivíduos encontrarem saídas plausíveis e racionais
para seu agir, pois nasce amparada no ideal da busca do
agenciamento do agir humano de tal forma que o mesmo
seja bom para todos.”
(PAIVA, 2005, p.25).

Ética na pesquisa

Antes de iniciarmos o estudo deste tópico, vejamos, a seguir, diversas


situações em torno da ética na pesquisa, apontadas por Scüklenk.
(2006, p. 60):

Nos campos de concentração, os médicos nazistas assassinaram ciganos gémeos


adolescentes para estudarem a razão de alguns deles terem olhos de diferentes cores.

Alguns prisioneiros foram contaminados com malária, febre tifóide e cólera, sem que
se tivessem predisposto voluntariamente a correr tal risco.

Prisioneiros de guerra eram forçados a beber água do mar para que averiguassem
quanto tempo um ser humano seria capaz de sobreviver sem água potável.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Para avaliar a eficácia da administrarão terapêutica


do vírus HIV para os fetos de mulheres grávidas, os
pesquisadores utilizaram um controle com placebo
ao invés de métodos terapêuticos já comprovados e
exigidos internacionalmente.

Agora perguntamos:
Placebo:
Medicamento
• É correcto aceitar que prisioneiros confinados em campos de ministrado em
refugiados participem numa pesquisa? pesquisas quando é
• É ético utilizar o controlo com placebo em pesquisas envolvendo dado a um grupo de
pacientes que
pacientes terminais? ignoram estar
• Qual a resposta ética ao incluir mulheres em idade reprodutiva em tomando o
experiências clínicas? medicamento cuja
acção se quer
investigar.
Actualmente a nomenclatura corrente é “participantes da pesquisa”, ao
invés de sujeitos de pesquisa. A justificação para tal mudança está no
reconhecimento do papel dessas pessoas nas pesquisas: de sujeitos
passivos passaram à condição de agentes activos.
(Scuklenk, 2006, p. 61).

Segundo Paiva (2006), “se a pesquisa env olve


pesquisadores e pesquisados é importante que a ética
conduza as ações de pesquisa, de modo que as
investigações não tragam prejuízo para nenhuma das partes
env olvidas.” Portanto, onde se situa os fundamentos
conceituais da ética na pesquisa?

O conceito de ética “é bastante abstrato fora da perspectiva teórica e


dissociada de sua aplicação às situações reais da vida cotidiana”
(Scuklenk, 2006, p. 64). É fundamental reconhecer que a ética na pesquisa
deve-se preocupar com a imprevisibilidade das consequências de uma
investigação, considerando sempre os aspectos legais, morais e éticos que
norteiam a pesquisa.

Achamos oportuno enfatizar os aspectos morais, que, segundo Francisconi


e Gondim (2006), além dos pesquisadores terem de se preocupar em não
causar riscos aos participantes envolvidos, em não violar as normas do
consentimento, em não converter recursos públicos em benefícios
pessoais, precisam estar conscientes dos deveres:

o Institucionais - honestidade, sinceridade, competência, aplicação,


lealdade e a discrição.
o Sociais - veracidade, não maleficência e a justiça.
o Profissionais - pesquisar adequada e independentemente, buscar
aprimorar e promover o respeito à sua profissão.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Em relação aos aspectos éticos aplicados à pesquisa, apontamos quatro


diferentes perspectivas relacionadas ao envolvimento com seres humanos,
com animais, com outros pesquisadores e com a sociedade.

1. O envolvimento de seres humanos - aos seres humanos devemos


preservar os princípios bioéticos fundamentais do respeito ao indivíduo,
beneficência e justiça. Para Paiva (2006), ao assegurarmos o tratamento
ético à pesquisa humana é fundamental:

a) privacidade, ou seja, protecção aos indivíduos que devem ser


mantidos no anonimato;

b) consciência de que a pesquisa pode ser intrusiva, ou seja, o


pesquisador não pode alterar o contexto pesquisado;

c) segurança em relação às consequências futuras dos participantes,


que ao omitirem opiniões contrárias aos sistemas, podem sofrer
represálias caso sejam identificados;

d) integridade da pesquisa, garantindo equidade com todos os


interessados, não beneficiando quem a financia;

e) metodologia que leve à recusa a tratamentos experimentais/


inovadores para grupos de controle tendo em vista a falta de
consenso (em pesquisas experimentais não se pode negar ao
grupo de controle tratamentos inovadores e benéficos ao grupo);

2. Pesquisa em animais – devemos prever um tratamento humanitário,


evitando dor e sofrimentos.

3. Relação com outros pesquisadores – devemos enfocar na pesquisa


as questões de autoria, considerando a lealdade, honestidade, justiça e
autonomia, evitando dessa forma a fraude.

4. Relação com a sociedade – devemos nos preocupar com a protecção


dos indivíduos, a divulgação dos resultados e a avaliação do retorno social
da pesquisa, ou seja, quais os benefícios e/ou contribuições que a
pesquisa irá gerar.

A finalizar, precisamos de estar conscientes de que somente a existência


de normas não é suficiente para o sucesso de uma pesquisa. É
fundamental que os envolvidos - pesquisador e participantes da pesquisa -
se mobilizem para impedir que abusos sejam cometidos, garantindo que
nenhuma pesquisa seja realizada sem que a questão ética seja bem
considerada.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Ao terminar estas orientações, esperamos que você, além de estar apto a


desenvolver os objectivos propostos tanto neste guia de estudos, quanto
no guia anterior, que você esteja consciente da relevância do estudo e que
ele tenha agregado valores substanciais não só à sua formação
académica, mas também como sujeito social activo, ético e crítico, de um
mercado de trabalho que espera dos seus profissionais habilidades e
competências empreendedoras, que subsidiem a formulação e a tomada
de decisões estratégicas nas organizações em que actuar.

Leituras Obrigatórias

Texto 1
APPOLINÁRIO, Fábio. As etapas do trabalho científico. In:___________.
Metodologia da ciência: Filosofia e prática da pesquisa. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006. Cap. VI, p. 73-83.

A leitura desse capítulo viabilizará o entendimento das etapas de uma


pesquisa, mesmo que essas etapas não sigam exactamente as
terminologias e a cronologia das etapas mencionadas no texto introdutório
deste Guia de Estudos.

Texto 2
APPOLINÁRIO, Fábio. Metodologia da ciência: Filosofia e prática da
pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.

Capítulo XI - Coleta e tabulação de dados quantitativos.


Capítulo XIII – Introdução à análise quantitativa dos dados.
Capítulo XIV – Introdução à análise qualitativa dos dados.

A leitura dos três capítulos indicados é de suma importância para a


fundamentação de parte das orientações disponíveis neste Roteiro, pois
eles subsidiarão os seus estudos, acerca das etapas da pesquisa científica
que envolvem a recolha, a tabulação e a análise quantitativa e qualitativa
dos dados.

Texto 3
SOUZA, Maria Helena L. ; ELIAS, Decio O. Apresentação do trabalho
científico: tutorial. Disponível em: <http://www.perfline.com/
tutorial/apres/indice.html>. Acesso em 02 out. 2006.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Este tutorial está organizado em dez partes – incluindo a introdução. Está


disponível na íntegra na Internet e faz uma abordagem interessante sobre
os aspectos que devem ser resguardados desde o planeamento até a
realização de apresentações em diversos eventos, entre eles, eventos de
natureza científica. É imprescindível a leitura de todas as dez partes deste
tutorial para que você possa ter acesso não só às orientações disponíveis
mas também aos exemplos de situações quotidianas tanto do planeamento
quanto da realização de apresentações em eventos científicos.

Texto 4
APPOLINÁRIO, Fábio. O sistema de produção científica. In:___________.
Metodologia da ciência: Filosofia e prática da pesquisa. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006. Cap. IV, p. 47-57.

Leituras Complementares

APPOLINÁRIO, Fábio. O sistema de produção científica. In: ______.


Metodologia da ciência: Filosofia e prática da pesquisa. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2006. Cap. IV, p. 48-57.

Este capítulo apresenta um detalhe interessante sobre o sistema de


produção e de publicação dos resultados obtidos a partir das pesquisas
realizadas. Além disso são abordados aspectos relevantes das diferentes
formas de socialização do conhecimento produzido pela comunidade
científica, enfatizando o importante papel das agências nacionais de
fomento à pesquisa.

Texto 1
Esta leitura foi indicada com o propósito de que você conheça mais sobre o
processo de veiculação e as formas de acesso às produções científicas
que temos à disposição.

Texto 2
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E ENSINO EM
TRANSPORTES – ANPET. Su gestões para p reparar sua ap r esen taç ão
n o c o n g r esso d e p esq uisa e en sin o em transportes. Disponível em:
<http://www.anpet2004.ufsc.br/trabalhos/instrucoes_apresentacao_ANPET
.pdf>. Acesso em: 01 out.2006.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Apesar deste documento ser um manual de orientações para a preparação


dos materiais e dos apresentadores de um evento específico, ele traz, de
forma bem prática e exemplificada, preocupações que devemos ter quando
estivermos preparando materiais e, até mesmo, nos preparando para
apresentações em eventos científicos. Leia as orientações deste
documento. Elas certamente contribuirão, significativamente, para a
qualidade da sua apresentação.

Texto 3
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023:
informação e documentação: referências elaboração. Rio de Janeiro,
2002.
_______.NBR 10.520: informação e documentação: citações em
documentos apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

Estas duas normas correspondem aos principais documentos nacionais


que regulamentam o uso das citações e das referências em trabalhos
científicos. Nesse sentido, tornam-se leituras extremamente adequadas às
discussões propostas neste Roteiro de Estudos.

Texto 4
BOMFÁ, C. R. Z. Revistas científicas em mídia digital: critérios e
procedimentos para publicação. Florianópolis: VisualBooks, 2003.

Há vários métodos adoptados pelas bibliotecas virtuais no processo de


seleção e de indexação de artigos para publicação em seus periódicos
científicos. Para que você tome conhecimento sobre a história desses
periódicos e como são estes métodos de seleção e
indexação, indicamos esta leitura.

Actividade

Associe a coluna A com a coluna B acerca dos elementos que compõem o


projecto de pesquisa, conforme apresentamos neste segundo roteiro de
estudos da metodologia da pesquisa científica.

Coluna A Coluna B

a) Anexos ( ) protecção externa do trabalho e sobre o qual se imprimem


as informações indispensáveis à sua identificação;

b) Revisão da ( ) espaço em que especificamos o por quê, ou seja, os


literatura motivos que nos levaram a desenvolver a pesquisa.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

c) Justificativa ( ) espaço em que detalhamos os procedimentos da


pesquisa, ou seja, como ela acontecerá.

d) Metodologia ( ) espaço destinado aos registos decorrentes das


publicações disponíveis acerca do assunto a ser
pesquisado.

e) Capa ( ) relação de documentos, nem sempre do próprio autor,


que servem de fundamentação, comprovação ou
ilustração.

f) Objectivos ( ) espaço em que especificamos o para quê, ou seja, quais


as finalidades da pesquisa.

g) Cronograma ( ) Apresenta as etapas da pesquisa e os períodos em que


serão realizadas

REFERÊNCIAS

Appolinário, F. (2006). Metodologia da ciência: filosofia e prática da


pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson Learning.

Barral, W. (2003). Metodologia da pesquisa jurídica. 2. ed. Florianópolis:


Fundação Boitex.

Cervo, A. L.. (2002). Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Pearson


Prentice Hall.

Chauí, M. (2000). Convite à Filosofia. São Paulo: Ática.

Cohem, C.; Segre, M. Breve Discurso sobre valores, moral, eticidade e


ética. In:
MINISTÉRIO DA SAUDE. Capacitação para comités de Ética em
Pesquisa. v. 1. Brasília DF
2006. p.14-19.

ENCICLOPÉDIA WIKIPEDIA. Disponível em:


<http://www.wikipedia.org/wiki>. Acesso em: out. 2006
.
Filho, D. P.; Santos, J. A..a. (2000). Metodologia científica. 3. ed. São
Paulo: Futura.

Francisconi, C. F. de M.; Goldim, J. R. Ética aplicada à pesquisa. In:


MINISTÉRIO DA SAÚDE. Capacitação para comitês de Ética em
Pesquisa. v. 1. Brasília DF 2006, p.53-54.
.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

Gil, A. C. (2002). Métodos e técnicas de pesquisa social.4.ed. São Paulo:


Atlas,.

Gil, A. C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo:


Atlas, , 174 p.

Gonçalves, H. de A. (2005). Manual de metodologia da pesquisa científica.


São Paulo: Avercamp,.

Lakatos, E. M.; Marconi, M. de A. (2001). Metodologia do trabalho


científico. 4. ed. São Paulo: Atlas..

Minayo, M. C. de S. et al. (Org.). (1994). Pesquisa social: teoria, método e


criatividade. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes.

Paiva, V. L. M. O. Reflexões sobre ética na pesquisa. Revista Brasileira de


Lingüística Aplicada. Belo Horizonte. v. 5, n. 1, p.43-61, 2005. Disponível
em: http://www.veramenezes.com/ética.htm. Acesso em ago. 2006.

Palácios, M.; Rego, S.; Schramm, F. R. A eticidade da pesquisa em seres


humanos. Disponível em:
<http://www.ensp.fiocruz.br/etica/docs/artigos/Eticidade.pdf>. Acesso em
set. 2006.

Rudio, F. V. (1998). Introdução ao projeto de pesquisa científica. 22. ed.


Petrópolis, RJ: Vozes.

Scüklenk, U. Introdução à ética na pesquisa. In: MINISTÉRIO DA SAÚDE.


Capacitação para comitês de Ética em Pesquisa. v. 1. Brasília, 2006. p. 60-
65.

Vergara, S. C. (2005). Projetos e relatórios de pesquisa em Administração.


6. ed. São Paulo: Atlas.

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Metodologia da Pesquisa Científica – Semestre 1

CHAVE DE CORRECÇÃO DAS


ACTIVIDADES

UNIDADE TEMÁTICA 1:
PESQUISA: DOS SABERES ESPONTÂNEOS AOS SABERES
CIENTÍFICOS.

Actividade 1
D, C, E, B, A

Actividade 2
D, E, C, A, B

Actividade 3
Para que sua resposta possa ser considerada correcta, é preciso que você
elabore, com suas palavras, um pequeno comentário de 5 a 10 linhas,
enfatizando a universalidade da ciência e a sua disponibilidade,
independentemente dos aspectos culturais e religiosos.

Actividade 4
a) F
b) V
c) F
d) V
e) F
f) F
g) F
h) V
ICULA

UNIDADE TEMÁTICA 2:
PESQUISA CIENTÍFICA: DO PLANEAMENTO À SOCIALIZAÇÃO DO
CONHECIMENTO CONSTRUÍDO.

Actividade 1
A) E
B) C
C) D
D) B
E) A
F) F
G) G
R

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