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ANDAR SEGUNDO

O ESPÍRITO

2018.1
Sumário
Orientações pedagógicas........................................................................................................................................................................4

Caráter cristão: integridade no serviço da missão............................................................................................. 7


Lição 01: Servir com integridade – Mateus 6.............................................................................................................................8
Lição 02: O Fruto do Espírito – Gálatas 5.22-24 ...................................................................................................................15
Lição 03: O Fruto na convivência – Gálatas 5.22-24; Col. 3. 9-17...................................................................................22
Lição 04: O caminho do relacionamento – Rute 1.1-22......................................................................................................29
Lição 05: Não julgueis – Mateus 7.1-5 .....................................................................................................................................36
Lição 06: O testemunho da verdade – 3João...........................................................................................................................43
Lição 07: “Lembrai-vos dos encarcerados” – Hebreus 13.3/Mateus 25. 32-36........................................................49
Lição 08: Convertei-vos dia a dia – Atos 9.10-19..................................................................................................................55
Lição 09: Construindo um lugar habitável – 2Reis 6.1-7....................................................................................................62
Lição 10: Nossa relação com a natureza – Romanos 8.19-23..........................................................................................69
Lição 11: O diálogo importa! – Gênesis 11.1-9/Atos 2. 1-13............................................................................................75
Lição 12: Deficiência não é castigo – João 9.1-7....................................................................................................................83
Lição 13: Compromisso com o corpo – Atos 5.1-11.............................................................................................................89

Parábolas ......................................................................................................................................................................... 97
Lição 14: O valor do Reino – Mateus 13.44-46 ....................................................................................................................98
Lição 15: Joio e trigo crescem juntos – Mateus 13.24-30 e 36-43.............................................................................. 105
Lição 16: Perseverando na oração – Lucas 18. 1-8 .......................................................................................................... 112
Lição 17: O administrador infiel – Lucas 16.1-17 .............................................................................................................. 118

Sermões de John Wesley..........................................................................................................................................127


Lição 18: Quase Cristãos – Atos 26.28................................................................................................................................... 128
Lição 19: A cura da maledicência – Tiago 1.26 / Mateus 18. 15-17............................................................................ 135
Lição 20: A negação de si mesmo – Lucas 9.23-25........................................................................................................... 142
Lição 21: A imperfeição do conhecimento humano – 1Coríntios 13.9........................................................................ 149

Tempo de Páscoa.........................................................................................................................................................157
Lição 22: O sepultamento de Jesus – João 19.38-42........................................................................................................ 158
Lição 23: Emaús: o caminho do (re)encontro – Lucas 24.13-35................................................................................... 164

Métodos de ensino na escola dominical..............................................................................................................171

Expediente
Em Marcha Colaboração Angular Editora
Revista para Escola Andreia Fernandes Departamento Editorial - Associação
Dominical – Adultos Eber Borges da Costa da Igreja Metodista
Professor(a) Edson Cortasio Sardinha Av. Piassanguaba, 3031 – Planalto
Eliana Estevam Emílio Paulista - 04060-004 – São Paulo
Secretaria Executiva Editorial Enoque Rodrigo de O. Leite Tel. (11) 2813-8643 / (11) 2813-8600
Joana D’Arc Meireles escoladominical@metodista.org.br
Hideide Brito Torres
www.angulareditora.com.br
José Geraldo Magalhães
Colégio Episcopal www.metodista.org.br/escola-dominical
Leandro Miranda de Paula
Hideide Brito Torres –
Marcio Divino de Oliveira Todos os direitos nacionais e
bispa assessora
internacionais reservados à
Coordenação editorial Revisão
Andreia Fernandes Oliveira Mauren Julião

Redação Projeto Gráfico e Editoração


Roseli Oliveira NLopez Publicidade 2018.1
Palavra
da redação
Olá professor(a),

Saudações em Cristo!

A nova edição da revista Em Marcha trabalha o tema do caráter cristão, um as-


sunto importante que tem a ver com a nova vida que recebemos de Cristo, que é
evidenciada pelo fruto do Espírito, a santidade e o testemunho cristão. Infelizmente
a Igreja de Cristo nem sempre tem se mantido íntegra no seu testemunho, assim,
repensar e trabalhar estes assuntos torna-se necessário para “... voltarmos à práti-
ca das primeiras obras...” (Apocalipse 2.5).
Para nos ajudar nesta reflexão dividimos nossos estudos em unidades. A pri-
meira trata de alguns princípios que, se praticados, nos ajudarão a viver em inte-
gridade diante de Deus e das pessoas. A segunda apresenta quatro lições sobre as
parábolas de Jesus, a terceira traz quatro estudos sobre sermões de Wesley. No
final da revista, apresentamos duas lições sobre Páscoa que, de acordo com o seu
planejamento podem ser estudadas por ocasião da Semana Santa.
Nesta edição você encontrará dicas para utilizar a revista de Escola Dominical
e algumas informações sobre métodos de ensino que podem ser utilizados. Ser
professor(a) é estar em constante processo de aprendizagem, de busca por mais
conhecimento e melhoria das suas práticas. Neste sentido, desejamos que as mais
ricas bênçãos do Senhor, a sabedoria e ousadia do Espírito Santo sejam derrama-
das de forma que você persevere nesse lindo ministério que Deus lhe confiou. Não
desanime! Você é uma bênção para a vida da sua igreja.
Desejamos que ao final de mais este tempo de aprendizado, possamos estar ain-
da mais convictos e convictas de que andar em Espírito é o chamado de Deus para
nós e o caminho para nos aproximarmos ainda mais do nosso Senhor e Salvador.
Bons estudos e que o Espírito de Deus nos traga entendimento sobre a sua palavra.

No amor de Cristo,

Roseli Oliveira, redatora


ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Caro(a) Professor(a):

Esperança e paz!

Esta revista é uma ferramenta para sua prática de ensino e visa o crescimento
e formação cristã dos discípulos e discípulas que participam da Escola Dominical.
Neste processo de formação a sua atuação como professor(a) é fundamental, pois
você é um importante instrumento de Deus para levar o conteúdo aqui apresenta-
do para os alunos e alunas, ajudando-os e estimulando-os a aproveitar também o
melhor deste material. Sendo assim, seu preparo e capacitação contínua vão ajudar
muito na efetividade de seu trabalho.
No intuito de colaborar com a sua prática, e visando o melhor aproveitamento do
material, partilhamos algumas dicas:

• Leia toda a revista para que você tenha uma visão total do material, assim
poderá adaptá-la à sua classe e igreja local, e planejar a ordem das aulas. Caso
perceba que é preciso inverter a ordem das lições, por exemplo, ministrar a ter-
ceira antes da segunda, faça sem hesitação. A visão total do material lhe dará
segurança para adaptá-lo à sua realidade. Não caia na tentação de querer ensi-
nar tudo de uma vez – você tem um curso pela frente.
• Procure iniciar o preparo da aula no início da semana que a antecede; isto lhe
dará mais tempo de estudo e possibilidades de encontrar materiais que sejam
úteis. Preste atenção nas notícias, fatos do cotidiano, situações da igreja, vídeos,
músicas, imagens etc., que podem ser usadas na aula.
• Ao planejar a aula, se possível, tenha um dicionário de português, mais de
uma versão da Bíblia Sagrada para comparação dos textos e outros materiais
de apoio, como dicionários e comentários bíblicos. Alguma literatura é citada na
Bibliografia e pode ampliar seu conhecimento.

4 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
• Dialogue sobre as dúvidas com o ministério pastoral ou alguém da equipe
pedagógica. Aproveite também os recursos humanos da Igreja, convide pessoas
que possam colaborar com a exposição da lição.
• Trabalhe com foco, objetividade e criatividade; aproveite as estratégias su-
geridas e conte com a ação e inspiração do Espírito Santo. Dedique tempo em
oração antes de fazer seu planejamento.
• Evite ler integralmente a revista na aula! (Faça leitura apenas dos destaques).
Use o texto para discussão em grupos, estimule a leitura prévia das lições pelos
alunos e alunas para melhor aproveitamento do tempo de aula.
• Relacione o tema com a realidade dos alunos e alunas, com a vida e missão
da Igreja, através de exemplos e dando oportunidade para a classe se expressar.
• Interceda por seus alunos e alunas: para que sejam frequentes, para que o co-
nhecimento transforme o caráter e a visão à luz da Palavra. Incentive-os a fazer
a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana.
• Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo de ensinar – desperta-
mento vocacional; uma estratégia pode ser desafiar alguém da classe de tem-
pos em tempos para dar a aula, com sua assessoria.
• Incentive o relacionamento para além da classe e procure, através da ob-
servação do controle de frequência, buscar as pessoas ausentes e afastadas.
Envolva as frequentes nesta tarefa.
• Mantenha uma linguagem simples e objetiva, tenha paciência para tirar as
dúvidas, seja amável e busque viver de modo coerente com o Evangelho. Sua
vida ensina tanto quanto suas palavras.

Ao final da revista, trazemos algumas metodologias que podem enriquecer suas


aulas. Leia com atenção e use conforme a necessidade, procurando variar as estra-
tégias para manter um ambiente interessante para a aprendizagem.

“Aquele que ensina, esmere-se no fazê-lo”. Romanos 12.7b.

Deus lhe abençoe.

Bom trabalho!

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO 5


Unidade I

Caráter cristão:
integridade no
serviço da missão
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro... e sustenta-me
com um espírito voluntário”. Salmo 51.10,12
Lição 01

Servir com
integridade*
Texto bíblico: Mateus 6

Todo o capítulo 6 de Mateus é uma grande compilação de ditos de Jesus acerca de


“princípios e valores”. Valores são as coisas que nos movem internamente, que são
de fato importantes para nós. Já os princípios são verdades profundas. Possuem um
caráter coletivo, e são a causa primária de nossos valores, os rudimentos, as origens
que fundamentam nossas escolhas. Por exemplo, o arrependimento é um princípio
bíblico pelo qual os valores de uma comunidade de fé se desenvolvem. As práticas
das igrejas podem ser diferentes em alguns aspectos, mas sempre estarão de algum
modo conectadas pelos princípios cristãos e tenderão a aproximar-se em aspectos
comuns. Se fugirem demais, esses valores estarão em desconexão com o princípio.

8 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
Fundamento Bíblico No restante do capítulo, o tema da
integridade se relaciona com a fé, ou-
No capítulo 6 de Mateus, Jesus coloca tro princípio, pois, “sem fé é impossível
a integridade como valor frente ao princí- agradar a Deus”. Se cremos em Deus,
pio da submissão a Deus e à sua vontade. então a totalidade de nossa entrega
Integridade, de acordo com o dicionário de deve ser manifesta. Não podemos ter
significados, “tem origem no latim integri- dúvidas de que Deus suprirá as neces-
tate, que significa a qualidade ou estado sidades físicas, emocionais e espirituais
do que é íntegro ou completo. É sinônimo que temos. Devemos consolidar nossa
de honestidade, retidão, imparcialidade.” fé, a fim de não ficarmos em um esta-
(https://www.significados.com.br/). do de divisão entre confiar e tentar gerir
Na prática, então, a integridade como nossa vida por nós mesmos(as).
valor aparece na pureza de intenção ao No verso 24, Jesus exemplifica o pro-
dar a esmola (2-4), ao orar (5-8) e ao blema da falta de integridade, que gera
jejuar (16-18). O objetivo dessas ações oscilação entre dois senhores. Ele utiliza
não é de apresentar-se aprovável e lou- o exemplo do dinheiro, pois se trata de
vável diante das pessoas, mas, fazer o um valor consistente para o ser huma-
bem e agradar a Deus. no. Almejamos uma boa vida, sonhamos
A oração do Pai Nosso (9-13) tam- com condições tranquilas ou de abun-
bém aparece como modelo por oposi- dância. O problema é que este valor,
ção ao falatório dos gentios. O objetivo desvirtuando-se, pode ser colocado no
da oração não é convencer Deus das lugar de Deus, gerando corrupção.
carências humanas, como os gentios
estavam ensinados a fazer. Ao contrá- Palavra que ilumina
rio, é relacionamento com Ele. Daí que a vida
a síntese dessa oração de Jesus ensina
que, ao orar, devemos realmente dizer Warren Wiersbe, no já clássico A crise
a verdade a Deus, em termos de neces- de integridade (1993), faz um duro diag-
sidades, mas também receber dele as nóstico sobre a perda de poder e de in-
orientações necessárias, rendendo-lhe fluência da Igreja no mundo. Segundo ele,
autêntica glória e louvor. Além disso, a “A Igreja acostumou-se a ouvir pessoas
oração expressa relacionamento com o contestarem a mensagem do Evangelho,
próximo e para ter o valor da integrida- porque essa mensagem é loucura para os
de é preciso orar para estar em contato perdidos. Mas hoje a situação está emba-
com Deus e sensível às necessidades raçosamente invertida, pois o mensageiro
das pessoas. Caso contrário, a oração se passou a ser suspeito. Tanto o ministério
torna hipócrita: parece, mas não é. quanto a mensagem perderam a credi-

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO 9


bilidade perante um mundo atento, que O que realmente faz diferença?
parece estar a divertir-se com o espetá- A integridade como valor é algo que
culo. ‘Por que é que havíamos de escutar precisa de perseverança e continuidade.
a igreja?’, pergunta o mundo crítico. ‘Com Para obtê-la no caminho do discipulado,
que autoridade vocês, cristãos, nos pregam precisamos ter cuidado com as influên-
sobre pecado e salvação? Ponham ordem cias em nossa vida.
na própria casa; depois talvez queiramos É comum termos pessoas que nos
escutá-los’.” (WIERSBE, 1993, p. 11) inspiram e nos orientam em várias di-
A maior dificuldade que a Igreja en- reções de nossa vida. Influenciamos e
frenta não é o pecado que existe no mun- recebemos influências o tempo todo.
do ou o sistema pecaminoso no qual ela Algumas dessas influências são per-
se insere, pois as Escrituras mesmo afir- ceptíveis e nítidas. Aparecem no nos-
mam que “o mundo jaz no maligno” (1Jo so comportamento, no modo de vestir,
5.19). O maior problema da Igreja hoje é nos ambientes que frequentamos, li-
a falta de autoridade e de poder, carac- vros que lemos, expressões de fala, etc.
terísticas reconhecidas no ministério de Outras são mais sutis e profundas e
Jesus e nos servos e servas que em todos podem emergir apenas em tempos de
os tempos atuaram em nome do Senhor. crises, de lutas profundas ou de gran-
Quando, no decorrer da história, a Igreja se des mudanças.
afastou dos padrões bíblicos de santidade Porém, estar por perto das boas
e pureza, sua autoridade se esvaziou e ela influências pode não ser o bastante.
perdeu o poder de salgar e iluminar. Com Judas esteve por perto de Jesus. Muitos
isso, a propagação do Evangelho transfor- dos companheiros próximos de Paulo
mador deixou de alcançar sua inteireza. o abandonaram quando ele estava a
Mas como Cristo é o Senhor da perigo. Da mesma forma, estar perto
Igreja, também por meio de seu Espírito de más influências também não quer
Santo Ele levanta pessoas dispostas a dizer a perdição total. Que o digam os
trazê-la de volta ao caminho da santi- amigos de Daniel, cercados por toda a
dade interior e prática. Todo avivamento idolatria e a opulência política perversa
começa por uma conversão, uma volta da Babilônia!
do povo de Deus aos princípios bíblicos
e aos valores da Igreja de Cristo. O reco- Então, o que pode, de fato, fazer a
nhecimento de que existe uma distân- diferença?
cia entre Deus e seus servos e servas Davi diz a Salomão para ser forte
é insuperável para que o derramar do (1Crônicas 28). A palavra em hebraico
Espírito Santo venha, trazendo a inte- para forte é transliterada como rhazac.
gridade outra vez. No hebraico, o termo pode ser entendido

10 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
como “ser constante, obstinado”. Também
Conclusão
pode ser traduzido como “fortalecer”. Davi
abençoa a Salomão com esta palavra e,
A integridade é uma experiência que
por ser um mandado de Deus, isso signi-
precisamos ter com o Espírito Santo,
fica que é uma bênção, uma ordem e uma
para não cairmos na tentação de fazer
palavra profética ao mesmo tempo.
as coisas “como os fariseus hipócritas”,
Porém, a perseverança ordenada e a
com uma face pública e uma face privada.
bênção predita possuem um condicional
Nossa vida precisa ser impactante para
muito claro. Várias vezes neste texto te-
as pessoas, a ponto de levá-las a desejar
mos uma pequena palavra que faz toda
uma experiência real com Cristo por meio
a diferença: “Se”. “Se perseverar ele em
daquilo que somos, fazemos e falamos.
cumprir os meus mandamentos e juízos”;
Isso só acontece quando o Espírito Santo
“Se o buscares, ele se deixará achar por ti;
gera essa integridade em nós, por meio do
se o deixares, ele te rejeitará para sempre”.
arrependimento e da conversão genuínos.
São os “ses” que nos explicam a maneira
de sermos fortes. A força de que a Palavra
Para conversar
fala é, portanto, a força de permanecer,
persistentemente, nos propósitos divinos.
Nosso ministério tem sido desenvol-
Assim como no exercício físico, é a
vido com integridade, à luz do que vimos
força da perseverança que garantirá
hoje? Que sinais apontam para isso? Há
a saúde e o vigor que impulsiona para
algo que precisa ser ajustado? Como fa-
obedecer ao serviço de Deus. E a pala-
zer?
vra que Deus profere é, em si mesma, a
garantia do cumprimento. A nossa parte
Leitura durante a
é sustentar-nos firmes no “se” para ter-
semana
mos o “sim”. Como disse Stanley Jones,
“Todas as vezes em que você se recusa
Domingo: Mateus 6**
a encarar a vida e os problemas, você
Segunda-feira: 1Crônicas 28
enfraquece o seu caráter”. Um caráter
Terça-feira: Lucas 16.10-11
fraco não gera integridade e por isso o
Quarta-feira: Provérbios 28.5-7
resultado do seu serviço não permanece.
Quinta-feira: 1Pedro 3. 13-17
Oremos como João Wesley: “Oh, Senhor,
Sexta-feira: Miqueias 6.6-8
não me deixe viver sem propósito!”.
Sábado: Salmo 25

*Esta lição é uma síntese adaptada da carta pastoral “Discípulas e discípulos nos caminhos da missão servem
com integridade”, do Colégio Episcopal da Igreja Metodista. Para conhecê-la na íntegra, acesse: https://goo.gl/tHFLK9.
**Leia os textos desta seção durante a semana para fixar a lição de hoje. Faça isto semanalmente para cada lição.

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO 11


CONTEÚDO PARA O(a) PROFESSOR(A)

Objetivos nhos da missão servem com integridade”,


do Colégio Episcopal da Igreja Metodista.
Refletir sobre integridade, tema que Procure lê-la na íntegra para facilitar sua
permeia toda a revista; enfatizar a im- compreensão sobre o assunto (disponível
portância de viver e servir a Deus com em: https://goo.gl/tHFLK9). Destacamos,
integridade, como fruto da obra trans- da carta, alguns trechos:
formadora do Espírito Santo em nós. Os autores e autoras que abordam o
tema da liderança nos advertem de que
Para início de conversa todas as pessoas e instituições pos-
suem valores. A questão é saber se eles
Inicie a aula perguntando à classe: a) o são bons ou não. O problema é que nem
que é integridade? b) Esse conceito varia sempre os valores declarados, aqueles
de tempos em tempos ou de lugar para que aparecem em nossas falas, car-
lugar? c) Quais os “inimigos da integrida- tazes e sermões, são os valores reais.
de hoje”? Anote num quadro ou cartaz as Dizemos que a oração é um valor, mas
respostas dadas e apresente a revista e o não oramos. Dizemos que a evangeliza-
tema da lição. Você pode ler com a clas- ção é um valor, mas não evangelizamos.
se a Palavra da Redação da revista do(a) Portanto, descobrimos nossos valo-
aluno(a) e apresentar os assuntos que res olhando para aquilo que fazemos.
serão tratados nesta edição. Enfatize Exemplificando isso, alguém declarou:
que embora a integridade e os valores da “As pessoas fazem o que elas valorizam
Palavra de Deus sejam banalizados hoje e valorizam o que fazem”. Um diagnós-
em dia, eles permanecem sólidos, não tico de nossas atitudes e práticas irá
são mutáveis e Deus espera que vivamos demonstrar nossos valores atuais e um
com integridade a nossa fé. arrependimento profundo e verdadei-
ro vai apontar as mudanças de valores
Por dentro do assunto a que o Espírito Santo nos quer condu-
zir. Podemos definir nossos valores como
Este estudo é uma síntese da carta pas- nossas práticas e hábitos. Já os princípios
toral “Discípulas e discípulos nos cami- são verdades profundas, entendidas como

12 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
autoevidentes. Possuem um caráter co- nhecem a diferença entre realidade
letivo, e são a causa primária de nossos e fingimento; o que a maioria cha-
valores, os rudimentos, as origens que ma de bênção, pode ser, na realida-
fundamentam nossas escolhas. Por de, julgamento de Deus (WIERSBE,
exemplo, o arrependimento é um prin- 1993, p. 17)
cípio bíblico pelo qual os valores de uma
comunidade de fé se desenvolvem. As Construindo a nossa integridade:
práticas de comunidade a comunidade caráter como inteireza de vida e
podem ser diferentes em alguns as- testemunho vital
pectos, mas sempre estarão de algum O famoso pregador Spurgeon escreveu:
modo conectadas pelo princípio e ten- “Senhor, nos ajude não apenas a sermos
derão a aproximar-se em aspectos co- capazes de discernir a diferença entre o
muns. Se fugirem demais, esses valores certo e o errado, mas, por favor, nos ajude
estarão em desconexão com o princípio. a discernir entre o certo e o quase certo”.
Por este entendimento, podemos dizer Muitas vezes, a sutileza das motivações
que Jesus está colocando nesse capítulo interiores pode nos levar para longe do
inteiro a integridade como valor frente verdadeiro serviço a Deus. Observe isso
ao princípio da submissão a Deus e à sua nos argumentos de Jesus: “Nem todo
vontade. aquele que diz a mim: ‘Senhor, Senhor!’
Temos o desafio de impactar, de fa- entrará no Reino dos céus, mas somente
zer a diferença e levar a transformação o que faz a vontade de meu Pai, que está
do Evangelho aos confins da terra, por nos céus. Muitos dirão a mim naquele dia:
meio da salvação e da vida abundante ‘Senhor, Senhor! Não temos nós profe-
prometidas por Jesus. Porém, todos os tizado em teu nome? Em teu nome não
dias, as igrejas ou seus representantes expulsamos demônios? E, em teu nome,
são denunciados por envolvimentos não realizamos muitos milagres?’ Então
em práticas frontalmente contrárias ao lhes declararei: Nunca os conheci. Afastai-
Evangelho que se propõem a pregar. O vos da minha presença, vós que praticais
que está errado? Wiersbe confronta: o mal” (Mateus 7.21-23). Apesar de as
obras exteriores apontarem uma fidelida-
Dizer as palavras certas, ter as cre- de ao mandamento de Jesus, este, que co-
denciais certas, pregar sermões de nhece as intenções, reprova as suas obras.
textos certos, ajudar pessoas com É o mesmo ponto do texto de Mateus 6,
problemas, e até mesmo fazer mi- que podemos entender como: ‘Não basta
lagres jamais pode tomar o lugar de fazer a vontade de Deus, é preciso fazer
fazer a vontade de Deus. A tragédia do jeito de Deus’. Aquilo que move mais
de hoje, porém, é que muitos não co- interiormente o ser humano é a chave

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO 13


de relevância que faz toda a diferença, Espírito Santo capacite os filhos e filhas
pois no Reino os fins nunca justificam os de Deus a viverem integramente como
meios. Em algum momento, as reais in- testemunhas verdadeiras do Senhor.
tenções de cada atitude aparecem e a
falta de integridade coloca tudo a perder: Bibliografia
credibilidade, resultados, expectativas, IGREJA METODISTA. Colégio Episcopal.
frutos... que não permanecem. Discípulas e discípulos nos caminhos
da missão servem com integridade. São
Por fim Paulo: 2017. Disponível em https://goo.
gl/NiNUxd. Acesso em 09/11/2017.
Encerre a aula orando pela Igreja de Dicionário de significados: https://goo.
Cristo espalhada na terra, para que o gl/fudE3h. Acesso em 09/11/2017.

Anotações

14 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
Lição 02

O Fruto do
Espírito
Texto bíblico: Gálatas 5.22-24

A Palavra de Deus nos chama a andar em novidade de vida e quando assim o


fazemos, dia a dia vamos nos trasnformando pelo agir do Espírito Santo. Este é um
dos assuntos apresentados pelo apóstolo Paulo em sua carta aos Gálatas.

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO 15


Fundamento bíblico a prática do pecado, quando na verdade
nossa inclinação deveria ser para uma
Quando Paulo escreveu essa carta vida com Deus.
às igrejas da Galácia (Gálatas 1.2), tinha As três primeiras obras da carne,
uma grande certeza em seu coração: a prostituição, impureza e lascívia, dizem
de que Cristo nos libertou para sermos respeito às antigas práticas dos gála-
livres e não devemos mais voltar ao jugo tas antes de serem alcançados pelo
da servidão (5.1). Essa certeza também evangelho de Cristo. A lista aumenta:
refletia uma preocupação (4.19-20), idolatria, feitiçaria (cultos pagãos), ini-
pois o povo crente destas igrejas estava mizades, brigas, ciúmes, acesso de rai-
enfrentando um tempo de dúvidas e por va, ambição egoísta, desunião, inveja e
isso, pensando em abandonar a fé e vol- divisões. E por fim, bebedices e gluto-
tar às antigas práticas (5.7). narias, que também eram práticas dos
Paulo tinha sido informado de que cultos pagãos. Tais cultos tinham o ob-
algumas pessoas de origem judaica jetivo de promover prazer nas pessoas
estavam visitando as novas igrejas e adeptas; muito embora esse prazer fos-
disseminando dúvidas no meio do povo se temporário (GIESE, 2016). Para todas
cristão (1.6-7), apresentando, inclusive, estas obras, a afirmação: “Não herdarão
questionamentos acerca do seu apos- o Reino de Deus os que tais coisas pra-
tolado (1.10-12). Estes afirmavam que ticam” (5.21).
a fé verdadeira e genuína só era válida A expressão grega “carne“ que Paulo
se mantivesse o rigor da observân- apresenta neste texto (5.19-21), não se
cia das leis de Moisés. Diante disto, o refere ao corpo humano, que é bom e
apóstolo exorta os Gálatas que voltar é transformado em templo do Espírito
a tais práticas era rejeitar a liberdade Santo (1Coríntios 6-19), mas refere-
conquistada por Cristo, por meio do sa- -se à inclinação humana para a prática
crifício da Cruz (3.1-5). do pecado. “A palavra ‘carne’ resume
Estes fatos levaram o apóstolo Paulo a tendência moral do ser humano que
a falar-lhes acerca da natureza humana, não é movido pelo Espírito de Deus”
da luta que se dá no interior de toda (ALBRECHT, 2016). A vida no Espírito é
pessoa cristã quando nossa natureza a única maneira de resistir às tentações
terrena (carne) e a natureza divina, ge- carnais e evitar o caos que elas trazem
rada pelo Espírito, entram em confli- (Gálatas 5.16).
to (5.17). Assim, Paulo apresenta uma Ao demonstrar que tais obras da car-
relação de quinze atitudes carnais, ou ne não podem mais dominar nossa vida,
atitudes de natureza humana. Estas ati- o apóstolo apresenta uma lista de virtu-
tudes apontam a nossa inclinação para des, que são fruto do Espírito, e encerra

16 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
afirmando que não é pelo rigor da lei que comunidade seja uma vida de qualidade,
se evidenciam estas virtudes (5.23b), Deus oferece 9 atitudes para melhorar
mas tudo é resultado da nova vida em significativamente a vida de cada um de
Cristo (5.24) e do mover do seu Espírito nós” (GIESE, 2016).
em nós (5.25). Dentre estas novas atitudes, des-
tacamos nesta primeira lição o amor, a
Palavra que ilumina alegria e a paz. Estas três virtudes são
a vida geradas em nós através do Espírito de
Deus, e em nada se comparam com o
A vida cristã deve ser um reflexo da amor, a alegria e a paz que o mundo está
pessoa de Jesus Cristo em nós. Ser uma acostumado a vivenciar. O fato de Paulo
pessoa cristã deve significar ser seme- utilizar a palavra “fruto” e não “obra”
lhante ao Mestre, ou como bem nos evidencia que tais atitudes não depen-
exortou o apóstolo Paulo, ser “imitadores dem de nós, não podem ser produzidas
de Deus, como filhos amados” (Efésios por nossa mera vontade, mas exclusiva-
5.1). Ao convidar as pessoas para se tor- mente pelo agir de Deus.
narem seus discípulos e discípulas, Jesus Através da ação do Espírito em nós
sempre enfatizava: Segue-me. Esse se- somos capazes de amar e receber amor.
guir a Cristo deveria ser muito mais do Não um amor qualquer, mas aquele
que ir por onde o nosso Senhor fosse, descrito em 1Coríntios 13: paciente,
era caminhar com ele, ouvir seus ensi- altruísta, honesto, bondoso, que não é
nos, observar o que Ele fazia, aprender, ciumento nem se porta inconveniente-
praticar seus ensinamentos, e assim, mente, um amor que jamais acaba.
ter a vida moldada e transformada para Também é só através do Espírito que
ser semelhante a Jesus. Desta forma, podemos nos alegrar mesmo diante das
cremos que ao andarmos com Jesus, ao dificuldades, como viveu e expressou o
nos deixarmos guiar pelo seu Espírito, salmista (Salmo 16.8-9; 28.7; 30.5), o
nosso modo de agir e nosso caráter são profeta (Isaías 61.10), e outros autores
gradualmente transformados e o fruto bíblicos (Romanos 5.1-5, 14,7; Tiago
do Espírito se torna uma característica 1.2-3). Note-se que esta alegria não é
visível em nossa vida. proveniente de situações agradáveis
O fruto é o resultado desta ação de apenas, mas de uma convicção da pre-
Deus em nós e as atitudes que esse fru- sença de Deus e do seu poder de fazer
to promove são dádivas que Deus nos todas as coisas cooperarem para nosso
concede para conseguirmos resistir às bem. Essa alegria não se explica bem.
tentações da carne. “Deus quer que se- Ela é sentida por quem se rende à ação
jamos o seu povo. E para que a vida em do Espírito Santo em sua vida.

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO 17


A paz é outra necessidade que é su- é, em meio à sociedade, é necessário vi-
prida pela presença do Espírito Santo. venciá-las verdadeiramente em nosso
Nós precisamos de paz em três aspec- ambiente de fé e comunhão.
tos: espiritual, que é a paz com Deus Somos pessoas pecadoras e ainda
(Romanos 5.1); emocional, que é a paz precisamos vigiar para não cair em ten-
de Deus, um sentimento interno de tação, porém Deus se faz presente em
bem-estar e ordem (Colossenses 3.15), nós através do seu Espírito. Precisamos
e nos relacionamentos, que é o que a deixar que Ele opere em nós, a fim de que
Bíblia chama de paz com as pessoas seus valores sejam os nossos também.
(Romanos 12.18). A paz nos relacio-
namentos reduz conflitos. Esta paz do Para conversar
Espírito que é completa nos dá tranqui-
lidade diante dos problemas e a sereni- Quais são os obstáculos que nos
dade necessária para enfrentá-los. atrapalham para viver o amor, a paz e
Amor, alegria e paz são extrema- a alegria do Espírito? Que passos de-
mente necessários à vida cristã. Aliás, vemos (ou podemos) dar para expres-
cada uma destas qualidades do fruto do sar verdadeiramente essas virtudes em
Espírito precisa se refletir primeiramen- nossa vida?
te na vida em comunidade.
Leia durante a semana
Conclusão
Domingo: Gálatas 5.22-24
O mundo e a humanidade estão caren- Segunda-feira: Efésios 5.1-11
tes destes bons frutos, principalmente de Terça-feira: 1Coríntios 6.12-20
amor, alegria e paz. Como cristãos e cristãs Quarta-feira: Gálatas 5.1-13
somos chamados e chamadas a vivenciar Quinta-feira: Gálatas 4.1-7
essas virtudes junto às pessoas. Porém, Sexta-feira: Gálatas 2.16-21
junto a qualquer ação do lado de fora, isto Sábado: Gálatas 6.15-18

18 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
CONTEÚDO PARA O(a) PROFESSOR(A)

Objetivos Por dentro do assunto

Refletir sobre a importância da Os cristãos e cristãs da Galácia


vida de santidade e o valor do fruto do eram ainda novos na fé quando rece-
Espírito que nos ajuda na luta contra as beram esta carta paulina. Convertidos
obras da carne; abordar as característi- do paganismo, precisavam viver a
cas do amor, paz e alegria como ferra- nova vida oferecida por Cristo e para
mentas que nos auxiliam na luta contra isso, abandonar antigas práticas era
as obras da carne. fundamental.
Um tema tratado pelo apóstolo nes-
Para início de conversa sa carta é a liberdade. Liberdade que
esse povo conquistou quando abraçou
Mostre ao grupo uma mexerica o Evangelho e abandonou a idolatria e
(tangerina) descascada. Tenha próxi- as práticas contrárias à fé (5.1). Para
ma a você sua Bíblia aberta no texto permanecerem nessa liberdade era ne-
proposto. Peça para que olhem para cessário andar no Espírito e dizer não
a fruta enquanto você faz a leitura aos desejos carnais (5.16), pois a práti-
do texto. Enquanto lê calmamente, ca das obras da carne era um retorno à
na medida em que for pronunciando escravidão (5.17).
as partes que compõem o fruto do O apóstolo então enumera as obras
Espírito, vá desmontando a mexerica da carne (5.19-21). “Essas obras co-
e levantando os gomos aos olhos da brem o âmbito do sexo, da religião, da
classe. Um gomo será o amor, outro a vida comunitária e das emoções. Elas
paz, e assim por diante. Por fim com- conduzem à exclusão do Reino de Deus”
plete a explicação, mostrando que as- (SCHMITT, 1998). Para combatê-las, já
sim como os gomos são muitos mas que o ser humano por si só não é capaz
o fruto – a mexerica (tangerina) – é de fazê-lo, Paulo apresenta o fruto do
um só, assim é o fruto do Espírito: um Espírito (5.22-23). Vivenciar o fruto é
único fruto, muitas virtudes. Prossiga viver livre do jugo da Lei, da escravidão
a aula. do pecado.

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO 19


Amor, alegria e paz são as primeiras Por fim
virtudes descritas na lista de característi-
cas do fruto do Espírito. Elas são dádi- Ao final da aula, desafie cada aluno
vas de Deus para nós, que nos tornam e aluna a pensar em quais tem sido os
realizados e realizadas nesta vida, mas “ladrões” da paz, alegria e amor em suas
ao mesmo tempo, são virtudes que vidas e convide-os para um momento
também se direcionam de nosso cora- de oração em que as dificuldades sejam
ção para Deus, “pois o primeiro amor do apresentadas a Deus, pedindo que Ele
cristão é o seu amor a Deus, sua princi- manifeste essas virtudes do Espírito em
pal alegria é a sua alegria em Deus e a cada vida.
sua mais profunda paz é a sua paz em
Deus” (STOTT, 2000, p.135). Bibliografia
“O amor faz a abertura, porque ―Deus ALBRECHT, Astor. Gálatas 5.1,13-25:
é amor”. No entanto, o amor permanece A dádiva de andar com Deus. Auxílio
presente até o fim da lista, de sorte que o Homilético. Proclamar Libertação:
resultado é um desdobramento do amor Vol. 40. Disponível em: https://goo.gl/
em nove aspectos. P. Burckhardt tenta DatYaB. Acesso em 11/10/2017.
fazer justiça à unidade dessa multiformi- BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo
dade, da seguinte maneira (pág 86, cita- Almeida. (RA). Notas introdutórias à
ções com pequenas alterações): alegria Carta aos Gálatas Barueri: Sociedade
como amor que jubila, paz como amor Bíblica do Brasil,1999.
que restaura, longanimidade como amor GIESE, Nilton. A natureza humana e os
que sustém, benignidade como amor frutos do Espírito de Deus. Disponível
que se compadece, bondade como amor em: https://goo.gl/cacFsX. Acesso em
que doa, fidelidade como amor confiável, 09/10/2017.
mansidão como amor humilde, domínio PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard F.
próprio como amor disposto a renunciar” &REA, John. Dicionário Bíblico Wycliffe.
(Pohl, 1999, pp. 127-128). Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
A pessoa que possui tais virtudes não SCHMITT, Flávio. Gálatas 5.1,13-
precisa viver atrás de satisfazer as pai- 25. Auxílio Homilético. Proclamar
xões da carne, pois tem em si o amor do Libertação. vol. 23. Disponível em:
Pai, a alegria verdadeira e a paz que ex- https://goo.gl/4H5zqN. Acesso em
cede o entendimento. Não se trata mais 04/12/2017.
daquilo que não podemos fazer, mas do STOTT, John R. W. A mensagem de
que não precisamos fazer, pois temos a Gálatas. São Paulo: Abu Editora, 2000.
satisfação que vem de viver com Cristo. Vivendo sempre na moral. Revista Cruz

20 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
de Malta: Por uma Igreja fiel a Palavra. POHL, Adolph. Carta aos Gálatas.
Revista do/a aluno/a. Produzido sob res- Comentário Esperança. Curitiba: Ed.
ponsabilidade da Igreja Metodista, 2012. Evangélica Esperança, 1999.

Anotações

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO 21


Lição 03

O fruto do
Espírito na
convivência
Textos bíblicos: Gálatas 5.22-24; Colossenses 3. 9-17

Na lição anterior, ao meditarmos sobre os ensinos paulinos aos Gálatas, analisa-


mos as obras da carne e o fruto do Espírito, dando ênfase a três das virtudes desse
fruto: amor, alegria e paz. Nesta lição nos dedicaremos aos demais atributos deste
fruto, como dádivas recebidas de Deus para termos um relacionamento saudável
com todas as pessoas.

22 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
Fundamento bíblico adversidades e com paciência extrema
à ofensa ou injúria recebida por parte
Como analisado na lição anterior, o de outras pessoas. A pessoa longâni-
fruto do Espírito é o produto resultante me não revida, não se rebela, não se ira.
do mover do Espírito de Deus em nós. Consegue aquietar o coração quando o
Os três primeiros benefícios desse fruto, desejo é “estourar” ou reclamar (Tiago
amor, alegria e paz, formam um conjun- 5.7; Efésios 4.2, 26).
to das qualidades espirituais fundamen- Benignidade: embora benignidade
tais na vida de uma pessoa. Eles estão na e bondade sejam termos parecidos, que
base da nossa relação com Deus, conos- muitas vezes se confundem, a benignida-
co mesmo, e com as demais pessoas. O de é mais do que ser uma pessoa bondosa,
apóstolo Paulo apresenta o amor como mas tem a ver com ter uma índole boa, um
o maior de todos os dons (1Coríntios caráter bom, o prazer em fazer o bem.
13.13) e em Romanos vemos que a ale- Bondade: generosidade de coração e
gria e a paz também são características ações bondosas.
do Reino de Deus (Romanos 14.17). Fidelidade: o termo usado no grego
Sem estas três virtudes a desespe- se traduz também por fé; porém, quan-
rança e o desespero se instalam diante do pensamos na necessidade de ser-
de circunstâncias adversas, que sabe- mos pessoas longânimes, benignas e
mos, vez ou outra nos atingem. O amor, bondosas, a palavra fidelidade é a que
a alegria e a paz gerados pelo Espírito melhor se adéqua, por significar lealda-
de Deus como fruto, são sentimentos/ de. Esta, com certeza, era uma virtude
virtudes que permanecem mesmo em que a comunidade da Galácia precisava,
meio a situações de tribulação. pois como vimos na lição anterior, não
As demais virtudes desse fruto, tam- estavam sendo leais nem ao ministério
bém fundamentais em nossa vida, se ma- de Paulo, nem ao evangelho de Cristo.
nifestam na vivência com outras pessoas: Assim, vemos que a fidelidade tem a ver
longanimidade, benignidade, bondade, com nossa relação com Deus e também
fidelidade (lealdade), mansidão e domínio com as pessoas.
próprio. Embora o domínio próprio tam- Mansidão: é o oposto da ira, da dis-
bém tenha a ver com nossa vida pessoal córdia, da gritaria, da violência e de tan-
e com a fidelidade/fé no nosso relaciona- tas outras atitudes que representam as
mento com Deus, estas virtudes também obras da carne e nos afastam das pes-
apontam para nossas relações sociais. soas. É sinônimo de serenidade, a quali-
Vejamos algumas de suas características: dade de quem possui gênio pacífico.
Longanimidade: é grandeza de ânimo; Domínio próprio: esta virtude fala
é a capacidade de resistir com coragem às da relação que uma pessoa tem com ela

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO 23


mesma. É a capacidade de “conter-se a maneira prática no serviço fraterno. É o
si mesma”, tradução que fica mais próxi- amor presente em nossa vida que tes-
ma do original. Esse fruto nos habilita a tifica de sua presença. ‘Os que vivem
vencer os desejos referentes às obras da sem amor são pesados para si mes-
carne que atingem diretamente nosso mos, enquanto que os que amam car-
corpo; prostituição, impurezas, bebedi- regam-se mutuamente’ (Agostinho).
ces e glutonarias (HENDRIKSEN, 1999, Isso precisa ser destacado: o amor não
p.321-324), e também a superar/evitar pode ser espiritualizado! Quando isso
as dificuldades nos relacionamentos. acontece, o próximo é esquecido. E isso
nós já não podemos chamar de amor.
Palavra que ilumina É preciso que o amor dê provas de sua
a vida autenticidade pelo serviço prestado
aos necessitados dentro da comunida-
O fruto do Espírito nos é dado por de, dentro de nossa família. Portanto,
Deus e nos habilita justamente a re- se temos tensões ou inimizades em
sistirmos às obras carnais, muitas das nossos relacionamentos, devemos ter
quais se manifestam em nossos rela- os olhos abertos: isso leva ao caos.
cionamentos interpessoais (inimizade, Precisamos mostrar na prática como
porfia [rixa], ciúmes, ira, discórdias, podemos, de maneira crescente, aju-
dissensões, facções, inveja). A fide- dar e cooperar uns com os outros...”
lidade, a mansidão e o domínio pró- (ALBRECHT, 2016). 
prio apontam para nossa relação com Sabemos quantas dificuldades sur-
Deus, pois nos permitem honrá-lo; gem em muitos relacionamentos e as
ainda assim, sem o respeito e amor ao obras da carne sugerem isso. Deus cer-
próximo, a relação com Deus fica pre- tamente sabe que nossas fragilidades e
judicada (1João 4.20-21). pecados interferem negativamente no
A Palavra de Deus constantemen- convívio com pessoas, por isso, ao nos
te nos exorta a cuidar da nossa relação conceder a graça do fruto do Espírito,
com nossos(as) semelhantes, a nos Ele deu muitas virtudes que nos capa-
dedicar por construir relacionamentos citam a trabalhar para a edificação dos
saudáveis e a perceber quando algumas relacionamentos interpessoais.
práticas presentes nessa relação são O fruto manifestado em nossa vida
destrutivas. Vejamos as recomendações não é para nós, mas para as pessoas
paulinas à Igreja de Colossos sobre esse ao nosso redor: “...o fruto produzido
assunto (Colossenses 3. 5-17). na minha vida é para sustento e pra-
O pastor Astor Albrecht explica que zer do meu semelhante. Eu sou uma
“andar no Espírito manifesta-se de árvore onde o fruto produzido é para

24 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
quem precisa, para quem tem fome... Conclusão
Quem não quer saber de uma árvore
com essas qualificações?! Quem não O amor ao próximo é um compro-
quer se aproximar de uma árvore cujo misso cristão, tendo em vista ser um
fruto é dessa qualidade divinal?! E, mandamento divino, um dos maiores
questionada sobre a qualidade do seu (Mateus 22.37-39). Nosso coração
fruto, sobre a sua origem, a árvore, precisa estar na direção das pessoas
humilde que é, só saberá apontar para se o quisermos direcioná-lo a Deus. Na
o Espírito Santo, pois o fruto é dele. E força do Espírito Santo e manifestando
quem não quer seguir esse Deus ma- o seu fruto seremos capazes de amar o
ravilhoso que transforma uma árvore próximo, conviver com todas as pessoas e
estéril, seca, numa árvore frondosa e testemunhar a presença de Cristo em nós.
frutífera?...” (EMERICH, 2010).
Toda pessoa cristã precisa mani- Para conversar
festar em sua vida o fruto do Espírito.
Só existe vida cristã se essa for guia- Que sinais podem indicar nosso dis-
tanciamento do Espírito Santo de Deus?
da pelo Espírito de Deus. Se o Espírito
O que fazer para manter o fruto do
Santo é quem nos guia, logo apare-
Espírito visível em nossa vida?
ce o fruto. Se ele não guiar, as obras
da carne se evidenciam. O fruto ou
Leia durante a semana
as manifestações dele, “revelam o
quão próximos estamos de Deus. Se
Domingo: Gálatas 5.22-24
não manifestarmos o fruto, prova- Colossenses 3. 9-17
velmente manifestaremos as obras Segunda-feira: Gálatas 5.22-24
da carne, evidenciando o quanto nos Terça-feira: Mateus 22.36-40
distanciamos de Deus. Se estamos Quarta-feira: 1João 4. 7-21
em Cristo, se andamos em Espírito, Quinta-feira: João 15.12-17
não tem como esse fruto não apare- Sexta-feira: João 13.34-35
cer (EMERICH, 2010). Sábado: Gálatas 5.13-15

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO 25


CONTEÚDO PARA O(a) PROFESSOR(A)

Objetivos beram em suas vidas o dom do Espírito


Santo e na força do Espírito passaram
Despertar para as características do a viver uma nova vida (Gálatas 3.2).
Espírito em nós que nos habilitam a vi- Abandonaram certos rituais judaicos,
ver a comunhão e o bom relacionamento dentre eles a circuncisão, e passaram a
com as pessoas; mostrar que as virtudes desfrutar de uma liberdade cristã (5.1),
do Espírito confrontam as obras da carne ou seja, uma nova vida sem o jugo da Lei. 
que se manifestam nos relacionamentos. O apóstolo Paulo, instruindo acerca
de muitas coisas, lhes revela a necessi-
Para início de conversa dade de continuarem andando em no-
vidade de vida (5.7), segundo o mover
Em um quadro, ou usando um com- do Espírito. Esta era a recomendação
putador com projetor, faça uma lista recebida do apóstolo.  Contudo, em sua
com todas as obras da carne. Cada par- ausência, os gálatas permitiram o aces-
ticipante da classe ficará responsável por so de outros pregadores entre eles, que
explicar, com suas palavras, o significado disseminando um evangelho deturpado,
dessa obra e quais as consequências dela tentavam arrastá-los de volta às práti-
na vida da pessoa cristã. Em seguida, cas da Lei (1.6-7), mais precisamente, à
também devem analisar qual virtude do prática da circuncisão.
fruto do Espírito é necessária para com- Com o surgimento de novas comuni-
bater tal obra carnal. Se a classe for gran- dades cristãs fora do mundo judaico, um
de divida a turma em grupos. Após alguns tema emergiu como importante questão
minutos de diálogo, prossiga a aula. teológica: a necessidade ou não de que
os novos convertidos seguissem a lei.
Por dentro do assunto Havia grupos de pessoas defensoras da
primeira opção, bem como da segunda.
Como vimos na lição anterior da re- Diante do impasse, Paulo, eleito após-
vista do(a) professor(a), os gálatas eram tolo dos gentios, sai em defesa destes,
um povo cristão recém-convertido. sustentando que a liberdade estaria aci-
Desde que creram no Evangelho, rece- ma da Lei (WITT, 1998).

26 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
Agora que os gálatas estavam em a Lei fosse observada (5.3), algo impos-
dúvida quanto à observância da Lei ou sível, dada a nossa condição pecamino-
não, Paulo os exorta, lembrando-lhes sa (3.22). “... se alguém for circuncidado,
que a salvação é dada por meio da gra- será salvo pela fé; se não o for, será sal-
ça em Jesus e não pelo cumprimento vo pela mesma fé em Cristo, a qual se
da Lei: “Porque em Cristo Jesus, nem manifesta por meio do amor (Gl 5.6).”
a circuncisão, nem a incircuncisão têm (WITT, 1998).
valor algum, mas a fé que atua pelo O que é importante nesse processo
amor” (5.6). “A argumentação do após- de salvação, mediante a fé e por meio da
tolo parte da afirmação de que tanto graça, é que cada pessoa cristã se deixe
judeus quanto não-judeus são aceitos guiar pelo Espírito de Deus (5.25; 6.15).
por Deus pela fé em Jesus Cristo, e não É o Espírito que renova nossa vida e
por fazer o que a Lei manda (Gl 2.16). manifesta nela o fruto da sua presença.
Se o cumprimento da Lei se mantém Todavia, a presença de obras da carne
como condição para ser aceito por revelam a ausência do fruto do Espírito.
Deus, então a morte de Cristo foi em Abandonar tais obras, algo que ainda
vão (Gl 2.21). Segue lembrando a pró- era visível nos gálatas (5.15), é uma con-
pria experiência feita pelos cristãos da dição para  produzir o fruto.
Galácia: eles receberam o Espírito de Quanto mais cheios e cheias do
Deus porque creram no Evangelho e não Espírito estivermos, menos espaço da-
por terem cumprido a Lei (Gl 3.2). Por remos para a permanência de obras car-
isso, os verdadeiros descendentes de nais em nós. Quanto mais alimentarmos
Abraão são os que têm fé, assim como tais obras, mais iremos nos afastando
ele também teve (Gl 3.7). Portanto, já do mover do Espírito.
não faz diferença cumprir ou não a lei
da circuncisão, mas sim a fé que age por Por fim
meio do amor (Gl 5.6). Cristo nos libertou
para que sejamos livres (Gl 5.1). Essa li- Orem por mais santidade buscando
berdade não significa dar oportunida- em Deus a graça para andar segundo o
de aos desejos da carne (Gl 5.13), mas Espírito.
deixar-se guiar pelo Espírito de Deus (Gl
5.16), produzindo frutos do Espírito (Gl Bibliografia
5.22).” (WITT, 1998). EMERICH, Telmo. Fruto do Espírito
Osmar l. Witt ainda afirma que o pro- Santo. Disponível em: goo.gl/8u9RoN.
pósito de Paulo era fazer com que os Acesso em 10/10/2017.
gálatas compreendessem que praticar ALBRECHT, Astor. Gálatas 5.1,13-25:
um ritual da  Lei só seria válido se toda A dádiva de andar com Deus. Auxílio

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO 27


Homilético. Proclamar Libertação: Vol. Cristã:São Paulo, 1999, 1ª ed, 367p.  
40. Disponível em: goo.gl/GpY4TD. WITT, O. L. Gálatas 6.14-18. Proclamar
Acesso em 11/10/2017. Libertação - Volume: XXIII. Disponível
HENDRIKSEN, William. Gálatas: comentá- em: goo.gl/EQ1Vjn. Acesso em
rio do Novo Testamento. Editora Cultura 04/12/2017.

Anotações

28 EM MARCHA – PROFESSOR(A)

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