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O ESPÍRITO
2018.1
Sumário
Orientações pedagógicas........................................................................................................................................................................4
Parábolas ......................................................................................................................................................................... 97
Lição 14: O valor do Reino – Mateus 13.44-46 ....................................................................................................................98
Lição 15: Joio e trigo crescem juntos – Mateus 13.24-30 e 36-43.............................................................................. 105
Lição 16: Perseverando na oração – Lucas 18. 1-8 .......................................................................................................... 112
Lição 17: O administrador infiel – Lucas 16.1-17 .............................................................................................................. 118
Tempo de Páscoa.........................................................................................................................................................157
Lição 22: O sepultamento de Jesus – João 19.38-42........................................................................................................ 158
Lição 23: Emaús: o caminho do (re)encontro – Lucas 24.13-35................................................................................... 164
Expediente
Em Marcha Colaboração Angular Editora
Revista para Escola Andreia Fernandes Departamento Editorial - Associação
Dominical – Adultos Eber Borges da Costa da Igreja Metodista
Professor(a) Edson Cortasio Sardinha Av. Piassanguaba, 3031 – Planalto
Eliana Estevam Emílio Paulista - 04060-004 – São Paulo
Secretaria Executiva Editorial Enoque Rodrigo de O. Leite Tel. (11) 2813-8643 / (11) 2813-8600
Joana D’Arc Meireles escoladominical@metodista.org.br
Hideide Brito Torres
www.angulareditora.com.br
José Geraldo Magalhães
Colégio Episcopal www.metodista.org.br/escola-dominical
Leandro Miranda de Paula
Hideide Brito Torres –
Marcio Divino de Oliveira Todos os direitos nacionais e
bispa assessora
internacionais reservados à
Coordenação editorial Revisão
Andreia Fernandes Oliveira Mauren Julião
Saudações em Cristo!
No amor de Cristo,
Esperança e paz!
Esta revista é uma ferramenta para sua prática de ensino e visa o crescimento
e formação cristã dos discípulos e discípulas que participam da Escola Dominical.
Neste processo de formação a sua atuação como professor(a) é fundamental, pois
você é um importante instrumento de Deus para levar o conteúdo aqui apresenta-
do para os alunos e alunas, ajudando-os e estimulando-os a aproveitar também o
melhor deste material. Sendo assim, seu preparo e capacitação contínua vão ajudar
muito na efetividade de seu trabalho.
No intuito de colaborar com a sua prática, e visando o melhor aproveitamento do
material, partilhamos algumas dicas:
• Leia toda a revista para que você tenha uma visão total do material, assim
poderá adaptá-la à sua classe e igreja local, e planejar a ordem das aulas. Caso
perceba que é preciso inverter a ordem das lições, por exemplo, ministrar a ter-
ceira antes da segunda, faça sem hesitação. A visão total do material lhe dará
segurança para adaptá-lo à sua realidade. Não caia na tentação de querer ensi-
nar tudo de uma vez – você tem um curso pela frente.
• Procure iniciar o preparo da aula no início da semana que a antecede; isto lhe
dará mais tempo de estudo e possibilidades de encontrar materiais que sejam
úteis. Preste atenção nas notícias, fatos do cotidiano, situações da igreja, vídeos,
músicas, imagens etc., que podem ser usadas na aula.
• Ao planejar a aula, se possível, tenha um dicionário de português, mais de
uma versão da Bíblia Sagrada para comparação dos textos e outros materiais
de apoio, como dicionários e comentários bíblicos. Alguma literatura é citada na
Bibliografia e pode ampliar seu conhecimento.
4 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
• Dialogue sobre as dúvidas com o ministério pastoral ou alguém da equipe
pedagógica. Aproveite também os recursos humanos da Igreja, convide pessoas
que possam colaborar com a exposição da lição.
• Trabalhe com foco, objetividade e criatividade; aproveite as estratégias su-
geridas e conte com a ação e inspiração do Espírito Santo. Dedique tempo em
oração antes de fazer seu planejamento.
• Evite ler integralmente a revista na aula! (Faça leitura apenas dos destaques).
Use o texto para discussão em grupos, estimule a leitura prévia das lições pelos
alunos e alunas para melhor aproveitamento do tempo de aula.
• Relacione o tema com a realidade dos alunos e alunas, com a vida e missão
da Igreja, através de exemplos e dando oportunidade para a classe se expressar.
• Interceda por seus alunos e alunas: para que sejam frequentes, para que o co-
nhecimento transforme o caráter e a visão à luz da Palavra. Incentive-os a fazer
a releitura da lição e as leituras bíblicas durante a semana.
• Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo de ensinar – desperta-
mento vocacional; uma estratégia pode ser desafiar alguém da classe de tem-
pos em tempos para dar a aula, com sua assessoria.
• Incentive o relacionamento para além da classe e procure, através da ob-
servação do controle de frequência, buscar as pessoas ausentes e afastadas.
Envolva as frequentes nesta tarefa.
• Mantenha uma linguagem simples e objetiva, tenha paciência para tirar as
dúvidas, seja amável e busque viver de modo coerente com o Evangelho. Sua
vida ensina tanto quanto suas palavras.
Bom trabalho!
Caráter cristão:
integridade no
serviço da missão
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro... e sustenta-me
com um espírito voluntário”. Salmo 51.10,12
Lição 01
Servir com
integridade*
Texto bíblico: Mateus 6
8 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
Fundamento Bíblico No restante do capítulo, o tema da
integridade se relaciona com a fé, ou-
No capítulo 6 de Mateus, Jesus coloca tro princípio, pois, “sem fé é impossível
a integridade como valor frente ao princí- agradar a Deus”. Se cremos em Deus,
pio da submissão a Deus e à sua vontade. então a totalidade de nossa entrega
Integridade, de acordo com o dicionário de deve ser manifesta. Não podemos ter
significados, “tem origem no latim integri- dúvidas de que Deus suprirá as neces-
tate, que significa a qualidade ou estado sidades físicas, emocionais e espirituais
do que é íntegro ou completo. É sinônimo que temos. Devemos consolidar nossa
de honestidade, retidão, imparcialidade.” fé, a fim de não ficarmos em um esta-
(https://www.significados.com.br/). do de divisão entre confiar e tentar gerir
Na prática, então, a integridade como nossa vida por nós mesmos(as).
valor aparece na pureza de intenção ao No verso 24, Jesus exemplifica o pro-
dar a esmola (2-4), ao orar (5-8) e ao blema da falta de integridade, que gera
jejuar (16-18). O objetivo dessas ações oscilação entre dois senhores. Ele utiliza
não é de apresentar-se aprovável e lou- o exemplo do dinheiro, pois se trata de
vável diante das pessoas, mas, fazer o um valor consistente para o ser huma-
bem e agradar a Deus. no. Almejamos uma boa vida, sonhamos
A oração do Pai Nosso (9-13) tam- com condições tranquilas ou de abun-
bém aparece como modelo por oposi- dância. O problema é que este valor,
ção ao falatório dos gentios. O objetivo desvirtuando-se, pode ser colocado no
da oração não é convencer Deus das lugar de Deus, gerando corrupção.
carências humanas, como os gentios
estavam ensinados a fazer. Ao contrá- Palavra que ilumina
rio, é relacionamento com Ele. Daí que a vida
a síntese dessa oração de Jesus ensina
que, ao orar, devemos realmente dizer Warren Wiersbe, no já clássico A crise
a verdade a Deus, em termos de neces- de integridade (1993), faz um duro diag-
sidades, mas também receber dele as nóstico sobre a perda de poder e de in-
orientações necessárias, rendendo-lhe fluência da Igreja no mundo. Segundo ele,
autêntica glória e louvor. Além disso, a “A Igreja acostumou-se a ouvir pessoas
oração expressa relacionamento com o contestarem a mensagem do Evangelho,
próximo e para ter o valor da integrida- porque essa mensagem é loucura para os
de é preciso orar para estar em contato perdidos. Mas hoje a situação está emba-
com Deus e sensível às necessidades raçosamente invertida, pois o mensageiro
das pessoas. Caso contrário, a oração se passou a ser suspeito. Tanto o ministério
torna hipócrita: parece, mas não é. quanto a mensagem perderam a credi-
10 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
como “ser constante, obstinado”. Também
Conclusão
pode ser traduzido como “fortalecer”. Davi
abençoa a Salomão com esta palavra e,
A integridade é uma experiência que
por ser um mandado de Deus, isso signi-
precisamos ter com o Espírito Santo,
fica que é uma bênção, uma ordem e uma
para não cairmos na tentação de fazer
palavra profética ao mesmo tempo.
as coisas “como os fariseus hipócritas”,
Porém, a perseverança ordenada e a
com uma face pública e uma face privada.
bênção predita possuem um condicional
Nossa vida precisa ser impactante para
muito claro. Várias vezes neste texto te-
as pessoas, a ponto de levá-las a desejar
mos uma pequena palavra que faz toda
uma experiência real com Cristo por meio
a diferença: “Se”. “Se perseverar ele em
daquilo que somos, fazemos e falamos.
cumprir os meus mandamentos e juízos”;
Isso só acontece quando o Espírito Santo
“Se o buscares, ele se deixará achar por ti;
gera essa integridade em nós, por meio do
se o deixares, ele te rejeitará para sempre”.
arrependimento e da conversão genuínos.
São os “ses” que nos explicam a maneira
de sermos fortes. A força de que a Palavra
Para conversar
fala é, portanto, a força de permanecer,
persistentemente, nos propósitos divinos.
Nosso ministério tem sido desenvol-
Assim como no exercício físico, é a
vido com integridade, à luz do que vimos
força da perseverança que garantirá
hoje? Que sinais apontam para isso? Há
a saúde e o vigor que impulsiona para
algo que precisa ser ajustado? Como fa-
obedecer ao serviço de Deus. E a pala-
zer?
vra que Deus profere é, em si mesma, a
garantia do cumprimento. A nossa parte
Leitura durante a
é sustentar-nos firmes no “se” para ter-
semana
mos o “sim”. Como disse Stanley Jones,
“Todas as vezes em que você se recusa
Domingo: Mateus 6**
a encarar a vida e os problemas, você
Segunda-feira: 1Crônicas 28
enfraquece o seu caráter”. Um caráter
Terça-feira: Lucas 16.10-11
fraco não gera integridade e por isso o
Quarta-feira: Provérbios 28.5-7
resultado do seu serviço não permanece.
Quinta-feira: 1Pedro 3. 13-17
Oremos como João Wesley: “Oh, Senhor,
Sexta-feira: Miqueias 6.6-8
não me deixe viver sem propósito!”.
Sábado: Salmo 25
*Esta lição é uma síntese adaptada da carta pastoral “Discípulas e discípulos nos caminhos da missão servem
com integridade”, do Colégio Episcopal da Igreja Metodista. Para conhecê-la na íntegra, acesse: https://goo.gl/tHFLK9.
**Leia os textos desta seção durante a semana para fixar a lição de hoje. Faça isto semanalmente para cada lição.
12 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
autoevidentes. Possuem um caráter co- nhecem a diferença entre realidade
letivo, e são a causa primária de nossos e fingimento; o que a maioria cha-
valores, os rudimentos, as origens que ma de bênção, pode ser, na realida-
fundamentam nossas escolhas. Por de, julgamento de Deus (WIERSBE,
exemplo, o arrependimento é um prin- 1993, p. 17)
cípio bíblico pelo qual os valores de uma
comunidade de fé se desenvolvem. As Construindo a nossa integridade:
práticas de comunidade a comunidade caráter como inteireza de vida e
podem ser diferentes em alguns as- testemunho vital
pectos, mas sempre estarão de algum O famoso pregador Spurgeon escreveu:
modo conectadas pelo princípio e ten- “Senhor, nos ajude não apenas a sermos
derão a aproximar-se em aspectos co- capazes de discernir a diferença entre o
muns. Se fugirem demais, esses valores certo e o errado, mas, por favor, nos ajude
estarão em desconexão com o princípio. a discernir entre o certo e o quase certo”.
Por este entendimento, podemos dizer Muitas vezes, a sutileza das motivações
que Jesus está colocando nesse capítulo interiores pode nos levar para longe do
inteiro a integridade como valor frente verdadeiro serviço a Deus. Observe isso
ao princípio da submissão a Deus e à sua nos argumentos de Jesus: “Nem todo
vontade. aquele que diz a mim: ‘Senhor, Senhor!’
Temos o desafio de impactar, de fa- entrará no Reino dos céus, mas somente
zer a diferença e levar a transformação o que faz a vontade de meu Pai, que está
do Evangelho aos confins da terra, por nos céus. Muitos dirão a mim naquele dia:
meio da salvação e da vida abundante ‘Senhor, Senhor! Não temos nós profe-
prometidas por Jesus. Porém, todos os tizado em teu nome? Em teu nome não
dias, as igrejas ou seus representantes expulsamos demônios? E, em teu nome,
são denunciados por envolvimentos não realizamos muitos milagres?’ Então
em práticas frontalmente contrárias ao lhes declararei: Nunca os conheci. Afastai-
Evangelho que se propõem a pregar. O vos da minha presença, vós que praticais
que está errado? Wiersbe confronta: o mal” (Mateus 7.21-23). Apesar de as
obras exteriores apontarem uma fidelida-
Dizer as palavras certas, ter as cre- de ao mandamento de Jesus, este, que co-
denciais certas, pregar sermões de nhece as intenções, reprova as suas obras.
textos certos, ajudar pessoas com É o mesmo ponto do texto de Mateus 6,
problemas, e até mesmo fazer mi- que podemos entender como: ‘Não basta
lagres jamais pode tomar o lugar de fazer a vontade de Deus, é preciso fazer
fazer a vontade de Deus. A tragédia do jeito de Deus’. Aquilo que move mais
de hoje, porém, é que muitos não co- interiormente o ser humano é a chave
Anotações
14 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
Lição 02
O Fruto do
Espírito
Texto bíblico: Gálatas 5.22-24
16 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
afirmando que não é pelo rigor da lei que comunidade seja uma vida de qualidade,
se evidenciam estas virtudes (5.23b), Deus oferece 9 atitudes para melhorar
mas tudo é resultado da nova vida em significativamente a vida de cada um de
Cristo (5.24) e do mover do seu Espírito nós” (GIESE, 2016).
em nós (5.25). Dentre estas novas atitudes, des-
tacamos nesta primeira lição o amor, a
Palavra que ilumina alegria e a paz. Estas três virtudes são
a vida geradas em nós através do Espírito de
Deus, e em nada se comparam com o
A vida cristã deve ser um reflexo da amor, a alegria e a paz que o mundo está
pessoa de Jesus Cristo em nós. Ser uma acostumado a vivenciar. O fato de Paulo
pessoa cristã deve significar ser seme- utilizar a palavra “fruto” e não “obra”
lhante ao Mestre, ou como bem nos evidencia que tais atitudes não depen-
exortou o apóstolo Paulo, ser “imitadores dem de nós, não podem ser produzidas
de Deus, como filhos amados” (Efésios por nossa mera vontade, mas exclusiva-
5.1). Ao convidar as pessoas para se tor- mente pelo agir de Deus.
narem seus discípulos e discípulas, Jesus Através da ação do Espírito em nós
sempre enfatizava: Segue-me. Esse se- somos capazes de amar e receber amor.
guir a Cristo deveria ser muito mais do Não um amor qualquer, mas aquele
que ir por onde o nosso Senhor fosse, descrito em 1Coríntios 13: paciente,
era caminhar com ele, ouvir seus ensi- altruísta, honesto, bondoso, que não é
nos, observar o que Ele fazia, aprender, ciumento nem se porta inconveniente-
praticar seus ensinamentos, e assim, mente, um amor que jamais acaba.
ter a vida moldada e transformada para Também é só através do Espírito que
ser semelhante a Jesus. Desta forma, podemos nos alegrar mesmo diante das
cremos que ao andarmos com Jesus, ao dificuldades, como viveu e expressou o
nos deixarmos guiar pelo seu Espírito, salmista (Salmo 16.8-9; 28.7; 30.5), o
nosso modo de agir e nosso caráter são profeta (Isaías 61.10), e outros autores
gradualmente transformados e o fruto bíblicos (Romanos 5.1-5, 14,7; Tiago
do Espírito se torna uma característica 1.2-3). Note-se que esta alegria não é
visível em nossa vida. proveniente de situações agradáveis
O fruto é o resultado desta ação de apenas, mas de uma convicção da pre-
Deus em nós e as atitudes que esse fru- sença de Deus e do seu poder de fazer
to promove são dádivas que Deus nos todas as coisas cooperarem para nosso
concede para conseguirmos resistir às bem. Essa alegria não se explica bem.
tentações da carne. “Deus quer que se- Ela é sentida por quem se rende à ação
jamos o seu povo. E para que a vida em do Espírito Santo em sua vida.
18 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
CONTEÚDO PARA O(a) PROFESSOR(A)
20 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
de Malta: Por uma Igreja fiel a Palavra. POHL, Adolph. Carta aos Gálatas.
Revista do/a aluno/a. Produzido sob res- Comentário Esperança. Curitiba: Ed.
ponsabilidade da Igreja Metodista, 2012. Evangélica Esperança, 1999.
Anotações
O fruto do
Espírito na
convivência
Textos bíblicos: Gálatas 5.22-24; Colossenses 3. 9-17
22 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
Fundamento bíblico adversidades e com paciência extrema
à ofensa ou injúria recebida por parte
Como analisado na lição anterior, o de outras pessoas. A pessoa longâni-
fruto do Espírito é o produto resultante me não revida, não se rebela, não se ira.
do mover do Espírito de Deus em nós. Consegue aquietar o coração quando o
Os três primeiros benefícios desse fruto, desejo é “estourar” ou reclamar (Tiago
amor, alegria e paz, formam um conjun- 5.7; Efésios 4.2, 26).
to das qualidades espirituais fundamen- Benignidade: embora benignidade
tais na vida de uma pessoa. Eles estão na e bondade sejam termos parecidos, que
base da nossa relação com Deus, conos- muitas vezes se confundem, a benignida-
co mesmo, e com as demais pessoas. O de é mais do que ser uma pessoa bondosa,
apóstolo Paulo apresenta o amor como mas tem a ver com ter uma índole boa, um
o maior de todos os dons (1Coríntios caráter bom, o prazer em fazer o bem.
13.13) e em Romanos vemos que a ale- Bondade: generosidade de coração e
gria e a paz também são características ações bondosas.
do Reino de Deus (Romanos 14.17). Fidelidade: o termo usado no grego
Sem estas três virtudes a desespe- se traduz também por fé; porém, quan-
rança e o desespero se instalam diante do pensamos na necessidade de ser-
de circunstâncias adversas, que sabe- mos pessoas longânimes, benignas e
mos, vez ou outra nos atingem. O amor, bondosas, a palavra fidelidade é a que
a alegria e a paz gerados pelo Espírito melhor se adéqua, por significar lealda-
de Deus como fruto, são sentimentos/ de. Esta, com certeza, era uma virtude
virtudes que permanecem mesmo em que a comunidade da Galácia precisava,
meio a situações de tribulação. pois como vimos na lição anterior, não
As demais virtudes desse fruto, tam- estavam sendo leais nem ao ministério
bém fundamentais em nossa vida, se ma- de Paulo, nem ao evangelho de Cristo.
nifestam na vivência com outras pessoas: Assim, vemos que a fidelidade tem a ver
longanimidade, benignidade, bondade, com nossa relação com Deus e também
fidelidade (lealdade), mansidão e domínio com as pessoas.
próprio. Embora o domínio próprio tam- Mansidão: é o oposto da ira, da dis-
bém tenha a ver com nossa vida pessoal córdia, da gritaria, da violência e de tan-
e com a fidelidade/fé no nosso relaciona- tas outras atitudes que representam as
mento com Deus, estas virtudes também obras da carne e nos afastam das pes-
apontam para nossas relações sociais. soas. É sinônimo de serenidade, a quali-
Vejamos algumas de suas características: dade de quem possui gênio pacífico.
Longanimidade: é grandeza de ânimo; Domínio próprio: esta virtude fala
é a capacidade de resistir com coragem às da relação que uma pessoa tem com ela
24 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
quem precisa, para quem tem fome... Conclusão
Quem não quer saber de uma árvore
com essas qualificações?! Quem não O amor ao próximo é um compro-
quer se aproximar de uma árvore cujo misso cristão, tendo em vista ser um
fruto é dessa qualidade divinal?! E, mandamento divino, um dos maiores
questionada sobre a qualidade do seu (Mateus 22.37-39). Nosso coração
fruto, sobre a sua origem, a árvore, precisa estar na direção das pessoas
humilde que é, só saberá apontar para se o quisermos direcioná-lo a Deus. Na
o Espírito Santo, pois o fruto é dele. E força do Espírito Santo e manifestando
quem não quer seguir esse Deus ma- o seu fruto seremos capazes de amar o
ravilhoso que transforma uma árvore próximo, conviver com todas as pessoas e
estéril, seca, numa árvore frondosa e testemunhar a presença de Cristo em nós.
frutífera?...” (EMERICH, 2010).
Toda pessoa cristã precisa mani- Para conversar
festar em sua vida o fruto do Espírito.
Só existe vida cristã se essa for guia- Que sinais podem indicar nosso dis-
tanciamento do Espírito Santo de Deus?
da pelo Espírito de Deus. Se o Espírito
O que fazer para manter o fruto do
Santo é quem nos guia, logo apare-
Espírito visível em nossa vida?
ce o fruto. Se ele não guiar, as obras
da carne se evidenciam. O fruto ou
Leia durante a semana
as manifestações dele, “revelam o
quão próximos estamos de Deus. Se
Domingo: Gálatas 5.22-24
não manifestarmos o fruto, prova- Colossenses 3. 9-17
velmente manifestaremos as obras Segunda-feira: Gálatas 5.22-24
da carne, evidenciando o quanto nos Terça-feira: Mateus 22.36-40
distanciamos de Deus. Se estamos Quarta-feira: 1João 4. 7-21
em Cristo, se andamos em Espírito, Quinta-feira: João 15.12-17
não tem como esse fruto não apare- Sexta-feira: João 13.34-35
cer (EMERICH, 2010). Sábado: Gálatas 5.13-15
26 EM MARCHA – PROFESSOR(A)
Agora que os gálatas estavam em a Lei fosse observada (5.3), algo impos-
dúvida quanto à observância da Lei ou sível, dada a nossa condição pecamino-
não, Paulo os exorta, lembrando-lhes sa (3.22). “... se alguém for circuncidado,
que a salvação é dada por meio da gra- será salvo pela fé; se não o for, será sal-
ça em Jesus e não pelo cumprimento vo pela mesma fé em Cristo, a qual se
da Lei: “Porque em Cristo Jesus, nem manifesta por meio do amor (Gl 5.6).”
a circuncisão, nem a incircuncisão têm (WITT, 1998).
valor algum, mas a fé que atua pelo O que é importante nesse processo
amor” (5.6). “A argumentação do após- de salvação, mediante a fé e por meio da
tolo parte da afirmação de que tanto graça, é que cada pessoa cristã se deixe
judeus quanto não-judeus são aceitos guiar pelo Espírito de Deus (5.25; 6.15).
por Deus pela fé em Jesus Cristo, e não É o Espírito que renova nossa vida e
por fazer o que a Lei manda (Gl 2.16). manifesta nela o fruto da sua presença.
Se o cumprimento da Lei se mantém Todavia, a presença de obras da carne
como condição para ser aceito por revelam a ausência do fruto do Espírito.
Deus, então a morte de Cristo foi em Abandonar tais obras, algo que ainda
vão (Gl 2.21). Segue lembrando a pró- era visível nos gálatas (5.15), é uma con-
pria experiência feita pelos cristãos da dição para produzir o fruto.
Galácia: eles receberam o Espírito de Quanto mais cheios e cheias do
Deus porque creram no Evangelho e não Espírito estivermos, menos espaço da-
por terem cumprido a Lei (Gl 3.2). Por remos para a permanência de obras car-
isso, os verdadeiros descendentes de nais em nós. Quanto mais alimentarmos
Abraão são os que têm fé, assim como tais obras, mais iremos nos afastando
ele também teve (Gl 3.7). Portanto, já do mover do Espírito.
não faz diferença cumprir ou não a lei
da circuncisão, mas sim a fé que age por Por fim
meio do amor (Gl 5.6). Cristo nos libertou
para que sejamos livres (Gl 5.1). Essa li- Orem por mais santidade buscando
berdade não significa dar oportunida- em Deus a graça para andar segundo o
de aos desejos da carne (Gl 5.13), mas Espírito.
deixar-se guiar pelo Espírito de Deus (Gl
5.16), produzindo frutos do Espírito (Gl Bibliografia
5.22).” (WITT, 1998). EMERICH, Telmo. Fruto do Espírito
Osmar l. Witt ainda afirma que o pro- Santo. Disponível em: goo.gl/8u9RoN.
pósito de Paulo era fazer com que os Acesso em 10/10/2017.
gálatas compreendessem que praticar ALBRECHT, Astor. Gálatas 5.1,13-25:
um ritual da Lei só seria válido se toda A dádiva de andar com Deus. Auxílio
Anotações
28 EM MARCHA – PROFESSOR(A)