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digitais-online-e-offline

Publicado em NOVA ESCOLA 10 de Fevereiro | 2021

Ferramentas

Ensino Híbrido: recursos on-line e


off-line
Conheça materiais e ideias colocadas em prática por professores de escolas
públicas
Ana Paula Bimbati

Consultoria Fernando Trevisani

Crédito: Getty Images

Antes da suspensão das aulas presenciais por causa da pandemia do coronavírus, a professora Magda
Rodrigues, de Língua Portuguesa, do Colégio Municipal José Botelho Athayde, em Volta Redonda (RJ),
trabalhou a sala de aula invertida com a turma do 6º ano. Os alunos precisavam pesquisar em casa
sobre a covid-19, anotar as informações encontradas, suas dúvidas, explicações e levar para aula. A
partir disso, a educadora levou os estudantes a criarem no aplicativo Canva cartazes informativos em
relação ao vírus. O tempo que, tradicionalmente seria gasto com explicações em sala de aula, foi usado
para atividades, troca de informações e esclarecimento de pontos que não ficaram claros na pesquisa
realizada em casa.

Quando se fala sobre ensino híbrido, há muitas dúvidas sobre os materiais e ferramentas que podem
ser usada pelos professores para aplicação de algum modelo em sala de aula. Antes de conhecer e se
inspirar com casos reais de professores de escolas públicas, é importante entender que a “tecnologia
por si só não vai potencializar, por exemplo, a personalização do ensino”, explica Leandro Holanda,
diretor da Tríade Educacional. “As ferramentas facilitam esse processo, mas é preciso fazer que esse
conteúdo [apresentado com o apoio da tecnologia] vire conhecimento”.

O professor doutor do departamento de Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e


especialista em ensino híbrido, Adolfo Tanzi Neto explica que é necessário que o design pedagógico da
aula tenha o objetivo de descentralizar o papel do professor e dar mais autonomia para o estudante.
“Só assim as ferramentas vão propiciar esse ambiente que potencializa a aprendizagem”, afirma.

Recursos digitais para usar no ensino híbrido


Para inverter a sala de aula da professora Magda e realizar uma atividade de criação de cartazes
digitais, ela pediu para que os alunos baixassem o aplicativo do Canva Free em seus celulares. “A turma
tinha bastante problema com internet. Por isso me programei com a antecedência para garantir que
daria tempo de coletarem as informações quando necessário. É um percurso longo e árduo com a falta
de recursos, mas é possível e, no final, o resultado é muito positivo”, diz. A proposta de construção dos
cartazes foi em grupo para trabalhar a colaboração.

A coleta de informações sobre a Covid-19 antes da aula foi fundamental para modificar a prática
presencial dos estudantes, que puderam comparar os dados trazidos por cada um com os dos colegas,
complementar as informações e produzir os cartazes solicitados pela professora. Cabe ressaltar que os
alunos que não tinham acesso em casa a computadores ou internet puderam pesquisar em revistas e
jornais tais informações, tornando possível que todos realizassem esta etapa da tarefa.

A escolha do uso do aplicativo, segundo Magda, foi para dar liberdade aos alunos para criar com
diferentes elementos digitais com as informações obtidas em casa. Um recurso que tem algumas
funcionalidades parecidas com o Canva é o Padlet. “O professor pode dividir o espaço de trabalho [tela
do aplicativo] em colunas e cada grupo pode trabalhar ali a apresentação de algo. Tem possibilidade de
colocar vídeo, gravação de áudio, link para o YouTube”, explica Adolfo. Por se tratar de um aplicativo
que mostra as alterações sendo feitas em tempo real, o docente consegue acompanhar todo o
processo de registro da atividade, o que colabora para que ele professor entenda o que os alunos
estão fazendo e como estão construindo seu conhecimento.

Magda também já usou bastante o “Clickers” (é possível encontrar várias versões gratuitas desse
recurso na internet), que permite montar testes de múltipla escolha. Após o estudo feito pelos alunos
em casa sobre determinado assunto, ela fazia a aplicação de testes rápidos, com perguntas que
deveriam ser respondidas por toda a sala simultaneamente em seus dispositivos móveis. “O objetivo
era que as respostas trouxessem resultados diretos sobre a aprendizagem”, explica. A computação das
respostas era exibida logo na sequência para comentários da turma e da professora, que reforçava
conceitos e explicava eventuais confusões que ainda houvessem sobre o tema.

Nas aulas de Matemática do professor Fernando Leonardi de Moraes, da Escola Estadual Benedito
Lázaro de Campo, em Itu (SP), o ensino híbrido aparece pelo menos uma vez no bimestre por três
modelos: rotação por estações, sala de aula invertida e laboratório rotacional. Na primeira opção,
Fernando conta que trabalha com 4 estações. “Uma fica na sala de aula com atividades da apostila;
outra vai ao laboratório de informática fazer pesquisas que serão usadas em aulas futuras sobre o
mesmo tema; uma terceira estação é um espaço em que os alunos precisam gravar uma videoaula
explicando os conceitos estudados anteriormente; e uma última traz desafios para serem resolvidos
pelos estudantes que coletam dados para eu analisar posteriormente”, explica o educador.

Na sala de aula invertida, Fernando usa o Formulário do Google para reunir os documentos que serão
estudados pelos alunos em casa. A plataforma permite a junção de diferentes materiais como textos
para leitura, vídeos sobre o tema em discussão e até mesmo atividades para entender se os
estudantes conseguem resolver a partir de suas leituras. “Por fim, peço para eles gravem um vídeo
curto falando a respeito daquilo que eles estudaram em casa e fazemos essa socialização dos vídeos
com os demais em sala”, explica. “A dica é não ter medo do novo e de aprender”.

O que você precisa saber sobre ensino híbrido


O ensino híbrido é composto por modelos de aula que integram atividades presenciais e on-line, no
qual os recursos digitais são utilizados para coletar dados e informações que serão analisadas pelo
professor com o objetivo de personalizar o ensino. Os modelos híbridos permitem ter um olhar mais
próximo do processo de aprendizagem do aluno do que em uma aula expositiva. Um dos modelos
mais aplicáveis quando falamos em ensino híbrido é a sala de aula invertida.

Quer entender mais sobre os conceitos e como funciona na prática? Clique aqui e confira
nossa série especial de reportagens sobre o tema!
Pouca tecnologia? Como fazer ensino híbrido com recursos off-line
Engana-se quem pensa que não existe ensino híbrido sem internet ou com poucos recursos digitais.
Para captar as percepções dos alunos e o entendimento deles, por exemplo, o professor Fernando
utiliza o celular para gravação de vídeos, já que não necessita de internet para execução da tarefa.

O modelo de sala de aula invertida, por exemplo, possibilita que o professor prepare atividades off-line
e entregue aos seus alunos como lição de casa. “Dá para fazer um trabalho com propostas impressas
em papel: o aluno leva uma lista de atividades para casa e na escola faz uma síntese do que ele fez em
casa, por exemplo, com os conhecimentos avançados”, explica Leandro. No entanto, o especialista
aponta que os recursos off-line acabam perdendo um pouco a velocidade de obtenção dos dados para
personalização do ensino, já que é preciso analisar as atividades individualmente dos alunos e
compilar as informações para análise.

Para usar nas aulas de Matemática e Língua Portuguesa

> Veja como uma professora usou o modelo de rotação por estações para a turma se aprofundar
em grandezas e medidas. Confira aqui

> Conheça aqui uma sugestão de atividade para trabalhar a rotação por estações para produzir
textos de campanha publicitária na alfabetização

> Como trabalhar transformações geométricas usando GeoGebra e elementos do ensino híbrido?
Leia essa sugestão de atividade

> Que tal levar sua turma para fazer uma pesquisa na sala de aula invertida?Vem conhecer como
uma professora sugeriu para os seus alunos.

Adolfo sugere que os professores que têm uma realidade mais escassa de recursos digitais foquem no
trabalho de ensino por meio de projetos. “Os alunos podem ser convidados a fazer pesquisas em livros,
experiências com materiais em casa, investigação no bairro, todas essas tarefas não necessariamente
estão ligadas a tecnologia”, explica. Veja outras ideias aqui.

Independente do recurso a ser utilizado, Leandro ressalta que é necessário que cada escola entenda as
possibilidades cabíveis para si. “O ensino híbrido não é um manual a ser seguido. As práticas podem
ajudar o professor a se inspirar, mas cada escola precisa entender o que tem disponível de recurso e
espaço e a partir daí criar o que funciona para sua realidade”, sugere.

Fique ligado!

Em fevereiro e março, NOVA ESCOLA vai fazer uma série de lives gratuitas especiais sobre o tema
Ensino Híbrido! Confira a programação e se inscreva aqui para ser notificado no dia da transmissão:

22/02 às 15h: Rotação por Estações


01/03 às 15h: Laboratório Rotacional
08/03 às 15h: Sala de Aula Invertida
15/03 às 15h: Modelo Virtual Aprimorado
22/03 às 15h: Como selecionar e trabalhar com os modelos

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