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10 ANOS PET UFFS:

NOVOS DESAFIOS,
OUTRAS PERSPECTIVAS

Organizadores:
Cleiton Edmundo Baumgratz
Leonardo Priamo Tonello
Graciela Paz Meggiolaro
Roque Ismael da Costa Güllich
Produção Grupos PET UFFS:

Financiamento:
SUMÁRIO
PREFÁCIO................................................................................................. 5

APRESENTAÇÃO..................................................................................... 8
Uma década de educação tutorial na UFFS.......................................................11

EXPERIÊNCIAS DA PESQUISA.............................................................. 19
A pesquisa como princípio formativo de professores de ciências..................20
A pesquisa científica no contexto universitário como construção
coletiva e a partir da realidade como instrumento de transformação............25
A pesquisa como princípio educativo no grupo PET Práxis/Licenciaturas.....30
A importância da pesquisa realizada pelo grupo PET
Medicina Veterinária/Agricultura Familiar.......................................................33
Caminhos da pesquisa no Pet Chapecó: relações entre
linguagem ambiental e mídia...............................................................................37

EXPERIÊNCIAS DO ENSINO.................................................................. 41
A importância do ensino na formação petiana.................................................42
Atuação do grupo PET no ensino de PLE.........................................................47
Grupo de estudos: a incompletude do ser, a curiosidade
e o ato de pensar certo..........................................................................................50
O ensino no petciências: a formação para investigação e ação.......................52
Projetos de ensino acadêmico promovem autonomia
e emancipação humana........................................................................................57

EXPERIÊNCIAS DA EXTENSÃO............................................................ 61
A democratização do conhecimento por meio da extensão............................62
Benefícios da ação extensionista desenvolvida pelo
grupo PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar...................................67
PET em movimento, uma busca por um ensino popular de qualidade.........71
PET sem fronteiras: extensão nos moldes do isolamento social.....................73
PETCiências no cenário pandêmico: (re)construção
das atividades de extensão....................................................................................77
PREFÁCIO

No ano em que a UFFS comemora seu décimo primeiro aniversário, envi-


dando esforços para apresentar seu primeiro recredenciamento institucional aos
órgãos reguladores, comemoramos, também, 10 anos de PET. Durante todo esse
tempo, as relações que se estabeleceram entre a UFFS (na posição de instituição
inovadora, inclusiva e compromissada com a educação de qualidade) e o PET
foram frutíferas e inúmeras.
Como bem destacam os organizadores desta obra, a Educação Tutorial é
uma marca da nossa Universidade, pois o PET, na UFFS, foi implementado com
a construção da própria instituição, ocorrida entre os meses de agosto e dezembro
de 2010.
Assim, imbricado radicalmente, desde o início, ao processo de implemen-
tação da UFFS, até o atual momento (fase de nova avaliação institucional, para
efeitos de recredenciamento), o PET assume um lugar para além da mera política
educacional estabelecida, pois se encontra mergulhado nas tintas que colorem
o mandato social da nossa Universidade. Tintas, após misturadas, criam novas
cores, sendo praticamente impossível separá-las.
Com isso, apresentam-se perfeitamente alocadas as intenções do capítulo
inicial, certamente franqueadas por todos os demais autores deste livro, o que é
justificado pelos organizadores desta obra quando referenciam o PET como um
espaço privilegiado para o desenvolvimento de pesquisa, ensino e extensão, além
da formação dos estudantes de graduação e de docentes. Ainda, porque, à luz da
Carta Constitucional de 1988, o ensino, a pesquisa e a extensão, assim como a
formação de pessoas, são pilares da universidade brasileira que estão circuns-
critos na raiz da missão da UFFS e se materializam via ações de compromisso
social universitário.
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Ao contribuir para o fortalecimento do compromisso social da UFFS e,


portanto, para o seu mandato social, o PET lhes carrega novas tintas e, dentre
elas, está a da inovação pedagógica.
O PET é, na UFFS, incontestavelmente, um importante meio para o desen-
volvimento da inovação pedagógica na medida em que esta se serve do conheci-
mento, condição sine qua non para sua existência. Assim, ao se pautar no coletivo
de formação potencializando os conhecimentos produzidos pela via da pesquisa na
constituição do professor-investigador, desde sua formação inicial, além de inovar,
o PET contribui sobremaneira para o processo de formação de professores e, em
decorrência disso: “Tem proporcionado uma formação intencionada e um quali-
ficado coletivo de professores investigadores, ampliando a pesquisa, contribuindo
para além da produção de conhecimento [...], mas também para a melhoria de
sua própria prática” (PETCiências).
Ainda, além da inovação pautada no conhecimento produzido via pesqui-
sa, o PET inova, também, nas dimensões de ensino e de extensão, conforme se
apresentam os textos de diferentes autores relativos às experiências de ensino
(em que se relatam experiências formativas, além de atividades no contexto pan-
dêmico, atuações com os PETianos e egressos, situações-problemas vivenciadas
na prática – tudo com foco no viés formativo dos estudantes) e concernentes às
experiências de extensão, que englobam temas e assuntos voltados a uma multi-
plicidade de saberes e conhecimentos, como se pode evidenciar nas produções
de autoria de diferentes estudantes e tutores.
Diante do exposto, por tudo o que é capaz de movimentar e implicar no
âmbito da UFFS, ou seja, no ensino, na pesquisa e na extensão e, em essência, nas
aspirações, sonhos e desejos das pessoas, o PET também é transformador, insti-
tuidor da mudança – aquela que carrega o desejo de encontrar sentidos e nexos
para as coisas, os projetos e as pessoas dentro e fora da Universidade.
Também, por tudo isso, o PET é paradigmático, no sentido de contribuir
com as reflexões acadêmicas que ensejam a necessária passagem dos paradigmas
tradicionais e conservadores de ensino, focados no acúmulo de conhecimentos e
informações, especialmente no tecnicismo, para um novo paradigma pedagógi-
co inovador, centrado no estudante, ancorado em processos coletivos e focados
no conhecimento, como fundamentos para a crítica, a reflexão e a emancipação.
É por tudo isso, enfim, que comemoramos os 10 anos PET UFFS em seus
novos desafios e outras perspectivas, que se materializam neste livro e evidenciam
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a todos(as) novos horizontes, perspectivas e possibilidades, prestigiando e hon-


rando a nossa UFFS.
A todos(as), uma excelente leitura!

Primavera de 2020.

Prof. Dr. Jeferson Saccol Ferreira


Pró-reitor de Graduação
UFFS
APRESENTAÇÃO

O livro 10 anos PET UFFS: novos desafios, outras perspectivas é uma propos-
ta de trabalho em conjunto com os grupos do Programa de Educação Tutorial
(PET) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em que serão apresen-
tados 16 capítulos contendo as principais experiências de Pesquisa, Ensino e Ex-
tensão do PET na UFFS. É fato que, em seu bojo/conjunto de desenvolvimento,
o PET não separa as ações, porém, para que os Grupos de Trabalho e Discussão
(GTDs) do Seminário Interno dos Grupos PET (SINPET) pudessem ser mais
bem organizados, os grupos foram convidados a escrever por eixo de formação
e, assim, o livro que reúne essa experiência da discussão dos eixos pelo coletivo
PET da UFFS também se apresenta em eixos.
O capítulo inicial é destacado pela importância e a excelência acadêmica
com a articulação dos pressupostos políticos e pedagógicos da modalidade que o
grupo PET possui na instituição da UFFS, tendo a Educação Tutorial como marca
da nossa Universidade, pois o PET na UFFS foi implementado com a construção
da própria instituição, o que ocorreu entre agosto e dezembro de 2010. O PET
tonou-se um espaço privilegiado para o desenvolvimento de pesquisa, ensino e
extensão, além da formação dos estudantes de graduação e de docentes, no qual
o primeiro SINPET ocorreu em 2013, no Campus Chapecó, e nesse mesmo ano
a comunidade PETiana passou a integrar os eventos da comunidade acadêmica
– SULPET e ENAPET, por intermédio de debates nacionais articulando-se com
a rede da Educação Tutorial em todo o Brasil.
Assim, os grupos PET/UFFS – PET Assessoria Linguística e Literária, PET-
Ciências, PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar, PET Políticas Públicas
e Agroecologia e PET Práxis – partilharam suas experiências formativas do VIII
SINPET, permitindo de modo inédito a construção deste livro como ferramenta
de divulgação e sistematização das atividades, em uma perspectiva de dimen-
sionamento do futuro do Programa Tutorial em nossa instituição (UFFS). Este
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livro foi desenvolvido com incentivo financeiro da Pró-Reitoria de Graduação


(PROGRAD) da UFFS, por meio de verba de custeio próprio do PET na UFFS.
Ao decorrer do livro, separamos em três seções destinadas à Pesquisa, ao
Ensino e à Extensão em relação à formação inicial de licenciandos e bacharéis dos
diferentes grupos PET da UFFS. Essas escritas organizadas em forma de trabalho
para discussão no VII SINPET advêm de atividades que são desenvolvidas arti-
culando os três eixos do Programa e perpassam diferentes temáticas que foram
organizadas a partir dos GDTs do evento para o livro.
Na seção Experiências de Pesquisa, que desenvolve os grupos PETs na UFFS,
demonstra-se um consolidado processo de investigação sobre diversos temas
e perspectivas, apresentando uma forte relação e entrelaçamento com a tríade
universitária. Nesse sentido, se percebe uma marca das pesquisas para além da
participação e ampla divulgação da Ciência produzida e discutida em eventos
científicos (congressos, exposições, feiras, workshops, seminários etc.); também
provém da realidade de atuação dos grupos, como instrumento de transforma-
ção desses diferentes contextos. A pesquisa ocorre de diversas maneiras, com
diferentes enfoques teóricos metodológicos e sob diversos temas: Ensino de Ci-
ências e a Formação de Professores da área das Ciências Naturais e suas Tecno-
logias (CNT); avaliação de resíduos químicos sintéticos e tóxicos (agrotóxicos)
presentes na água ingerida pela população e controle de plantas espontâneas e
valorização dos princípios da agroecologia; formação em metodologia da pes-
quisa, realizada no âmbito digital; necropsia e estudos sorológicos de animais,
avaliação, manejo, saúde e bem-estar animal e qualidade do leite das propriedades
rurais; Ecolinguística e imprensa: a sustentabilidade como discurso ambiental.
Referente à seção Experiência de Ensino, os grupos PET relatam suas expe-
riências formativas realizadas anualmente, além de abordarem a elaboração das
atividades no contexto pandêmico. Assim, encontram-se exposições de atuações
com os PETianos e egressos, compreendendo situações-problemas vivenciadas
na prática; o desenvolvimento de habilidades de comunicação oral e escrita bá-
sica em português; a investigação sobre a prática em um caminho reflexivo para
a constituição docente, almejando o viés formativo dos licenciandos; a utilização
das referências primordiais da Educação para a constituição crítica; agroecologia
e o acesso a Políticas Públicas como ferramentas de desenvolvimento do campo.
Nos relatos relacionados à seção Experiências de Extensão, encontram-se
discussões voltadas ao desenvolvimento de hortas urbanas/comunitárias, como
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ferramenta contra a insegurança alimentar e nutricional; concurso de desenhos


da campanha contra o uso de agrotóxicos; ciclo de debates referente ao diálogo
dos saberes; qualidade do leite e sustentabilidade em propriedades pertencentes
à agricultura familiar, com ações para melhorar a qualidade nutricional e mi-
crobiológica do leite; projeto como o Fantástico Mundo da Pesquisa; Cine De-
bate; Mateada PET; PET em debate em relação a discussões e reflexões acerca da
Educação Popular; ações voltadas à contação de histórias; CINE Sudaca como
circuito de oficinas; Clube de Leitura Travessia e grupo CON.T.R.A.C.A.P.A;
PETCiências vai à Escola; curso Ciência, Ambiente e Formação, e a Divulgação
Científica em mídias sociais.
Assim, o livro conta com experiências de ensino, pesquisa e extensão em
Educação Tutorial, sendo que essas vivências são lançadas como trajetórias de
aprendizagens construídas em cada contexto do programa PET e aqui se juntam
ao esboçar a experiência da UFFS. Na Educação Tutorial primamos por uma for-
mação científica, prática, humana, coletiva e compartilhada que nos seu conjunto
dá a excelência ao Programa. Convidamos a todos à leitura e ao diálogo, pois, ao
escrevermos, pretendemos encontrar pares para a experiência, encontrar a crítica
para o crescimento e, sobretudo, encontrar o outro que nos leia.

Abraço a todos, desde a Fronteira Sul do País.


Cleiton Edmundo Baumgratz
Leonardo Priamo Tonello
Graciela Paz Meggiolaro
Roque Ismael da Costa Güllich
(Organizadores do livro)
UMA DÉCADA DE EDUCAÇÃO
TUTORIAL NA UFFS

Thiago Ingrassia Pereira1

A trajetória de implantação e desenvolvimento do Programa de Educação


Tutorial (PET) se confunde com a história da Universidade Federal da Fronteira
Sul (UFFS). A expansão e a interiorização do sistema universitário federal, por
meio de política pública (REUNI), foi um fator relevante na primeira década do
século XXI no Brasil.
Não isento de contradições (PEREIRA, 2015), o incremento de matrículas
na graduação trouxe o desafio da permanência e da reorganização curricular das
instituições universitárias, em especial nas novas universidades que foram criadas.
Nesse contexto, a UFFS surge como uma universidade pensada em uma dimensão
pública e popular, fortemente comprometida com o desenvolvimento regional.
O projeto da UFFS é resultado da sinergia entre a política pública e a pressão
da sociedade civil organizada. O Movimento Pró-Universidade agregou pessoas
em torno da conquista de uma universidade pública federal em uma região his-
toricamente desassistida dessa oferta (BENINCÁ, 2011). Com a lei de criação
assinada em 15 de setembro de 2009, a UFFS iniciou suas atividades letivas em
março de 2010.
Nesse mesmo ano, a partir de Edital Nacional, a UFFS passou a contar com
cinco grupos PET em seus Campi. Desde então, a Educação Tutorial é parte de
construção da iniciação à extensão e pesquisa da UFFS, bem como fomentadora

1 Sociólogo, Doutor em Educação (UFRGS), com estágio de Pós-Doutorado na Universidade de Lisboa. Professor
Adjunto IV da área de Fundamentos da Educação e dos Mestrados Profissional em Educação e Interdisciplinar
em Ciências Humanas da UFFS Campus Erechim. Coordenador do Programa de Pós-Graduação Profissional
em Educação (PPGPE) e Tutor do Grupo PET Conexões de Saberes – Práxis/Licenciaturas (FNDE). Presidente
Nacional da ABECS. E-mail: <thiago.ingrassia@uffs.edu.br>.
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de atividades que articulam essas duas dimensões ao ensino. Assim, com sua
atuação no tripé que caracteriza a universidade brasileira, o PET, Programa
universitário tradicional da graduação brasileira desde o final dos anos 1970, é
importante para o desenvolvimento acadêmico da UFFS.
Ao completar uma década na universidade que completou igualmente uma
década de atividades letivas, os grupos PET podem olhar para o que fizeram para
projetar o que ainda vão fazer. Este texto, em formato ensaístico, vai destacar al-
guns momentos desse percurso da Educação Tutorial na UFFS. Não é um texto
de memórias, mas que tem memórias.

O EDITAL E SUAS POSSIBILIDADES

Construir uma universidade pública é algo relevante na carreira de um


professor. Tenho esse privilégio de estar desde o início envolvido nas atividades
da UFFS, particularmente do Campus Erechim, região Norte do Rio Grande do
Sul. Além dessa região, a nova universidade movimentou o sudoeste do Paraná
e o oeste de Santa Catarina.
Uma universidade não se forma apenas com prédios e diplomas, mas, sobre-
tudo, com gente. Gente que se encontra com outras gentes e faz a vida e constrói
a história. A UFFS nasceu para ser grande exatamente pelo seu propósito origi-
nal de valorização do local. Uma universidade com os pés no interior do Sul do
Brasil e com a cabeça no mundo.
O trabalho inicial não foi uma tarefa simples e isenta de conflitos. O espaço
acadêmico é um lugar do colóquio de ideias, de disputas de projeto e de visões
de mundo. No processo de construção das bases de uma universidade presente
em cidades de três estados, as divergências foram a regra. Isso nos colocou em
movimento, gerou tendências e preparou o cenário que estamos vivendo, ou seja,
uma universidade nunca está pronta, pois é um projeto vivo.
Nesse movimento (in)tenso de construção, oportunidades foram aparecendo
e sendo criadas pela comunidade universitária. Parte do grupo de servidores(as)
que estava em atividade em 2010 tinha a convicção de que uma universidade não
pode apenas ser um espaço para aulas. Os conhecimentos passam e vão além do
espaço da sala de aula, ainda mais dentro de uma visão instrucionista, voltada à
transmissão de conteúdos.
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Ter aula é importante e necessário, mas não suficiente para uma formação
universitária de qualidade. Lembro-me com alegria de uma das mais interessan-
tes ações institucionais da UFFS em seus dez anos: as bolsas de Iniciação Acadê-
mica. Financiado pela própria universidade, esse projeto inaugurou a iniciação
científica da UFFS e foi importante para a criação de um “espírito” acadêmico
na universidade que dava seus primeiros passos.
Entre inúmeras reuniões, preparação de novos concursos para a seleção de
docentes e técnico-administrativos e criação de órgãos e legislações internas, nos
deparamos com a publicação de um Edital do Ministério da Educação. Trata-se
do Edital nº 9 da Secretaria de Educação Superior (SESu) e Secretaria de Edu-
cação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD), publicado no Diário
Oficial da União, 02/08/2010, Seção 3, páginas 41 e 42.
Esse Edital abria seleção de propostas para a abertura de novos grupos do
PET. Organizado em seis lotes com algumas especificidades, o Edital previa a
criação de 150 novos grupos compostos por Tutor(a) e até doze estudantes de
graduação com bolsa remunerada. Uma novidade importante desse Edital e que
alterou o formato do PET foi a criação dos grupos na modalidade Conexões de
Saberes2. Essa modalidade abriu também 150 vagas para novos grupos, destacan-
do a política de ações afirmativas, a relação da universidade com a comunidade
e a permanência de estudantes de origem popular.
Penso que essa nova modalidade de grupos PET foi decisiva para o aco-
lhimento de propostas da UFFS, tendo em vista o seu Projeto Pedagógico Insti-
tucional (PPI). Logo que tive acesso ao Edital percebi que estava diante de uma
oportunidade muito interessante. Em especial, me interessei pela modalidade Co-
nexões de Saberes, pois tinha sido parte desse Programa na Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS) durante um pouco mais de dois anos. Na mesma
linha, minhas pesquisas de Mestrado e Doutorado (em andamento na oportuni-
dade) se situam na linha da Educação Popular a partir da obra de Paulo Freire.
Foi um feliz “casamento” que, passando por distintas fases, dura até hoje.
Portanto, nossos grupos PET da UFFS são originários desse Edital de agosto de
2010. A UFFS organizou o processo interno para atender ao Edital nº 9/PET/2010

2 O Programa Conexões de Saberes foi uma política de permanência universitária implantada no sistema universi-
tário a partir de 2004. Seu principal objetivo era fortalecer a presença de segmentos populares nas universidades,
ao mesmo tempo em que aproximava as universidades das comunidades. Em 2008, chegou a 33 universidades
e contava com 2.200 bolsistas. A partir de 2010, ocorreu a reorganização do Programa e sua fusão com o PET,
tornando-se uma modalidade de gestão pedagógica da Educação Tutorial.
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– MEC/SESu/SECAD por meio das Pró-Reitorias de Graduação (PROGRAD) e


de Extensão e Cultura (PROEC). Cada docente interessado(a) submeteu pro-
postas para uma primeira avaliação interna. Somente com a aprovação nessa
primeira etapa local é que o projeto deveria ser inscrito na plataforma SigProj
para a concorrência nacional.
O processo todo de seleção foi relativamente rápido. Em outubro de 2010,
durante o segundo semestre letivo da UFFS, foi publicado o resultado que in-
dicou a criação de cinco grupos PET em nossa universidade. Estava iniciando
a experiência da Educação Tutorial na UFFS. Deveríamos organizar os novos
grupos e fazer todo o registro formal nas devidas instâncias.
Entre outubro e novembro de 2010, o trabalho de montagem do PET na
UFFS foi realizado para que os(as) bolsistas pudessem iniciar o trabalho ainda
naquele ano. A data de registro oficial do início da minha tutoria é 7 de dezem-
bro de 2010. A condição de tutor desde então me permitiu uma rica experiência,
tanto que, quando vi, passou uma década.

O PET NA UFFS

Conforme destaquei, a construção do PET na UFFS aconteceu junto com


a construção da própria universidade. Isso trouxe desafios e possibilidades. A
dinâmica singular de construção de cada Campus demandava muito trabalho,
e nem sempre a articulação entre os Campi acontecia. Em parte, isso se explica
pela natureza das instituições Multicampi em suas distâncias, bem como pelo
intenso processo de chegada de novos(as) colegas em todas as áreas e setores.
De certa forma, a construção do PET deveria ter como pré-requisito a orga-
nização acadêmica e administrativa da UFFS. Por isso, mesmo que tendo início
ainda no ano de 2010 (dezembro), apenas a partir de 2012 é que efetivamente o
PET foi se assentando na estrutura da UFFS. O primeiro momento, entre 2011 e
2012, foi de início das ações formativas, de busca por espaços de trabalho nas es-
truturas provisórias dos Campi e de reconhecimentos – da proposta da Educação
Tutorial, do perfil de docentes e estudantes no Programa, do lugar administrati-
vo nos Campi e na administração central e, sobretudo, da identidade petiana (o
que nos torna diferentes de projetos de extensão, pesquisa e cultura, do PIBID e
outras bolsas de iniciação científica?).
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Assim, estávamos voltados(as) à dimensão interna de construção do PET


na universidade. Isso explica o fato de o primeiro evento interno do Programa –
Seminário Interno dos Grupos PET (SINPET) – ter sido realizado em 2013, no
Campus Chapecó. Da mesma forma, apenas nesse ano é que os grupos PET da
UFFS passaram a marcar presença nos eventos da comunidade petiana – SUL-
PET e ENAPET. Passávamos a nos integrar aos debates nacionais e nos articular
com a rede da Educação Tutorial em todo o Brasil.
Reputo o SINPET como um lugar muito especial na consolidação do Pro-
grama na nossa universidade. Esse evento deu visibilidade ao nosso trabalho,
aproximou tutores(as) e estudantes e colocou o PET no calendário acadêmico da
UFFS. Em grande parte, o SINPET é fruto das ações do Comitê Local de Acom-
panhamento e Avaliação (CLAA), instância prevista nas legislações do PET, que,
criado em 2011, se desenvolve e passa a ser um ator político relevante na UFFS
em 2012, quando é ampliado. Vale destacar que a Portaria nº 343, de 24 de abril
de 2013, alterou alguns aspectos da Portaria nº 976/MEC/2010 que regem o PET.
Ao se ambientar com esse cenário, a UFFS avançou na organização do seu CLAA
e na construção de espaços de fortalecimento dos grupos PET, como o SINPET.
Particularmente, minha integração ao debate nacional passou a ocorrer de
forma mais sistemática na participação no ENAPET de 2014, sediado na Uni-
versidade Federal de Santa Maria (UFSM). A partir de então, tive a oportuni-
dade de estar em eventos nacionais como o ENAPET – Pará, Acre e Brasília –,
regionais (SULPET em Londrina, Porto Alegre e Florianópolis) e local no âm-
bito do Estado do Rio Grande do Sul (PETchê em Santa Maria no ano de 2019).
Em 2017, coordenei um Grupo de Diálogo e Trabalho (GDT) no ENAPET de
Brasília, sediado na UnB.
Essas experiências foram fundamentais para a minha percepção sobre a
Educação Tutorial em suas múltiplas expressões. Minha longevidade na tuto-
ria do grupo PET Práxis/Licenciaturas, modalidade Conexões de Saberes, no
Campus Erechim é, em parte, explicada pela identificação com os fundamentos
da proposta do PET3 e pelo desejo militante de contribuir para a qualidade da
experiência tutorial em meu grupo e na UFFS como um todo.

3 Vide o Manual de Orientações Básicas (MOB). Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/pet/manual-de-orienta-


coes>. Acesso em: 09 out 2020.
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Minha participação periódica no CLAA como representante dos(as) tutores(as)


é uma expressão desse desejo de contribuir. Mesmo com algumas contradições,
típicas da natureza da proposta pedagógica dialógica buscada por mim na tuto-
ria do grupo, tenho consciência do enorme crescimento profissional que o lugar
de tutor me propiciou. Como tutor do PET/Práxis tive a oportunidade de orga-
nizar cinco coletâneas (livros) com o grupo de Erechim (a quinta a ser lançada
agora em 2020), participar de três livros coletivos com meus e minhas colegas
de PET da UFFS (incluindo este aqui) e organizar um livro de experiências dos
cinco grupos PET da UFFS junto com a Professora Josimeire Leandrini, tutora
do PET Políticas Públicas e Agroecologia do Campus Laranjeiras do Sul (Paraná).
Junto a isso, a publicação de artigos em revistas científicas e a participação
em eventos de iniciação científica e extensão integram um panorama formati-
vo denso. O PET é um Programa fundamental na universidade brasileira4 e, na
UFFS, já ocupa espaço privilegiado para a formação qualificada de docentes e
estudantes de graduação, inclusive com a progressiva relação com a pós-gradu-
ação stricto sensu, seja por intermédio de grupos de pesquisa, seja pela seleção
de estudantes egressos(as) em curso de Mestrado, seja pela participação dos(as)
tutores em Programas de Pós-Graduação.
Portanto, a Educação Tutorial vem percorrendo um caminho de afirmação
na UFFS. O trabalho desenvolvido pelos cinco grupos em atuação desde o resul-
tado do Edital de 2010 nos permite qualificar ainda mais essa experiência. Para
isso, temos alguns desafios.

DESAFIOS DA (IN)CONCLUSÃO: O NOSSO


CAMINHO SE FAZ CAMINHANDO

O PET, como o próprio projeto de educação pública e fomento da ciência e


da tecnologia, corre riscos no atual cenário administrativo do Brasil5 . A manu-

4 Há extensa bibliografia sobre a experiência histórica do PET na universidade brasileira. Não sendo meu objetivo
neste texto esse debate em específico, remeto a quem tiver curiosidade em saber um pouco mais desse assunto
aos recentes artigos de Carvalho et al. (2018) e Gama, Santos e Schneider (2020).
5 Em agosto de 2020, foi divulgado corte na ordem de R$ 4,2 bilhões do orçamento da Educação para 2021. Hou-
ve repercussão por parte de políticos e entidades acadêmicas. Fonte: Agência Senado. Disponível em: <https://
www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/08/12/senadores-criticam-corte-de-r-4-2-bi-do-orcamento-da-e-
ducacao-para-2021>. Acesso em: 09 out 2020.
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tenção das bolsas e da verba de custeio por meio do Fundo Nacional de Desenvol-
vimento da Educação (FNDE) não tem garantias diante do desprestígio do setor.
As ações dos 842 grupos PET presentes em 121 Instituições de Educação
Superior (IES) envolvem cerca de 11 mil pessoas. O último Edital para a criação
de novos grupos data de 2011, um ano após o Edital nº 9, que deu origem a mais
de 300 grupos (sendo cinco da UFFS) que seguem em atuação. Desde então, não
há mais possibilidade de expansão do Programa.
Nesse sentido, o principal desafio é a manutenção do custeio dos atuais
grupos PET e a busca de seu aumento quantitativo. Em segundo lugar, penso
que temos um desafio em nível local: a consolidação do lugar (lugares) do PET
na UFFS. E isso passa por alguns aspectos que resumo nos cinco pontos a seguir:
• Fortalecimento do CLAA com presença atuante das Pró-Reitorias de
Pesquisa e Pós-Graduação (PROPEPG) e Extensão e Cultura (PROEC);
• Política de fomento institucional (custeio) da UFFS a partir da PROGRAD;
• Reconhecimento institucional dos projetos de pesquisa e extensão
desenvolvidos pelos grupos PET e aprovados no planejamento anual
pelo CLAA;
• Fortalecimento do SINPET como evento anual e itinerante entre os
Campi da UFFS;
• Garantia de espaço adequado (sala) e equipamentos para o desenvol-
vimento das atividades dos grupos PET.
Assim, articularíamos a dimensão nacional a partir do Ministério da Edu-
cação com o apoio local da UFFS. O nosso trabalho nesta década nos autoriza a
buscar o fomento necessário à execução do planejamento dos grupos. Segundo
Braida e Costa (2019, p. 188), “a apropriação do PET pela comunidade acadêmica
da UFFS, especialmente pelos integrantes do Programa, imprimiu uma marca de
excelência no desempenho dos estudantes PETianos”. Portanto, um dos nossos
desafios é transbordar nossos grupos e chegar à UFFS como um todo.
Ser um grupo de excelência acadêmica é uma das metas do PET que, ar-
ticulada aos pressupostos políticos e pedagógicos da modalidade Conexões de
Saberes e do PPI da UFFS, nos desafia a inovar com responsabilidade e projetar
a Educação Tutorial como uma marca da nossa universidade.
Ao assumir a centralidade da formação científica, nossos grupos se posicio-
nam politicamente na defesa da universidade pública como patrimônio nacional.
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Programas como o PET são igualmente potentes canais de permanência estu-


dantil, e as bolsas contribuem para conter processos de evasão na universidade.
Viver o ambiente acadêmico em sua plenitude não deveria ser um privilégio,
visto que é um direito social. O PET é um programa previsto em Lei Federal (lei
nº 11.180/2005) e, há mais de quatro décadas, não isento de dificuldades, é um
espaço formativo de alto nível em nossas universidades. Ter o PET na construção
inicial da UFFS deve ser motivo de comemoração de toda a nossa comunidade
universitária. A manutenção e o desenvolvimento do nosso Programa passam
pelo apoio de toda a UFFS. E, para chegarmos nesse caminho, temos que seguir
caminhando, assim como estamos fazendo desde 2010.

REFERÊNCIAS

BENINCÁ, Dirceu. Uma universidade em movimento. In: BENINCÁ, Dirceu (Org.).


Universidade e suas fronteiras. São Paulo: Outras Expressões, 2011, p. 31-63.
BRAIDA, João Alfredo; COSTA, Debora Cristina. O Programa de Educação Tutorial na
Universidade Federal da Fronteira Sul. In: LEANDRINI, Josimeire; PEREIRA, Thiago
Ingrassia (Org.). Educação Tutorial em debate: os grupos PET da UFFS. Tubarão:
Copiart, 2019, p. 179-188.
CARVALHO, Cecília Resende et al. O Programa de Educação Tutorial (PET) no
contexto da crise econômica brasileira. Revista Extensão em Foco, n. 15, jan/jul, p.
28-45, 2018.
GAMA, Jean Carlos Freitas; SANTOS, Wagner dos; SCHNEIDER, Omar. O Programa
de Educação Tutorial Educação Física do CEFD/UFES: desmontando monumentos e
construindo uma história (1994 – 2018). J. Phys. Educ., v. 31, e3104, 2020.
PEREIRA, Thiago Ingrassia. Classes populares na universidade pública brasileira e
suas contradições: a experiência do Alto Uruguai gaúcho. Curitiba: CRV, 2015.
EXPERIÊNCIAS
DA PESQUISA
A PESQUISA COMO PRINCÍPIO FORMATIVO
DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS

Autores(as):
Leonardo Priamo Tonello, Mateus dos Santos Oliveira, Giordane
Miguel Schnorr, Victória Santos da Silva, Liandra Ruppenthal
Cardoso, Cleiton Edmundo Baumgratz, Karen Raffaely Rigodanzo
Teichmann, Riceli Gomes Czekalski, Jonatan Josias Zismann, Leticia
Barbieri Martins, Alessandra Nilles Konzen, Daniéli Vitória Goetz
Pauli, Vanessa Cléia Palinski, Gustavo Bueno Pozzobon1,
Graciela Paz Meggiolaro2
Tutor:
Roque Ismael da Costa Güllich (PETCiências) 3

O Programa de Educação Tutorial (PET) é o Programa educacional que está


há mais tempo em desenvolvimento no Brasil (desde 1979), buscando realizar de
forma articulada e integrada ações de ensino, pesquisa e extensão. Além disso, as
atividades que fazem parte do programa possibilitam aos estudantes de gradua-
ção oportunidades de viver momentos que vão além das estruturas curriculares
e que promovem o desenvolvimento de uma visão sistêmica de mundo, favore-
cendo o aprimoramento de sua formação acadêmica e pessoal (BRASIL, 2006).
Destacamos neste texto o contexto do PETCiências, da Universidade Federal
da Fronteira Sul (UFFS), Campus Cerro Largo/RS, que tem como foco temático
o Meio Ambiente e a Formação de Professores. O PETCiências tem apostado
em temas centrais da Educação Científica e na importância da pesquisa para a

1 Bolsistas do Programa de Educação Tutorial (PETCiências- SESu/MEC/FNDE), Universidade Federal da Fron-


teira Sul, Campus – Cerro Largo / RS (e-mail: Leonardo.priamo.tonello@gmail.com).
2 Professora colaboradora do PETCiências, Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus- Cerro Largo/RS
(e-mail: gracipmgg@gmail.com).
3 Tutor do grupo PETCiências, Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus – Cerro Largo / RS (e-mail: bioro-
que.girua@gmail.com).
21

formação do professor para a Educação Básica. A pesquisa assume papel fun-


damental nesse processo, necessitando de um rompimento com as compressões
dicotômicas entre teoria e prática, pesquisadores e professores, universidade e
escola, pesquisa e ensino, que têm marcado um dos grandes problemas históricos
da formação docente no Brasil (GATTI, 2010; GÜLLICH, 2013).
Dessa forma, neste trabalho, buscamos destacar atividades de pesquisa do
coletivo PETCiências, no processo de produção e construção de saberes que
constituem um professor pesquisador. Acreditamos em nossa contribuição para
a discussão permanente em torno da qualidade da formação docente em Ciên-
cias, por meio da potencialidade da organização metodológica do programa e
de suas experiências, especialmente as de pesquisa.
A pesquisa no grupo PETCiências desenvolve-se com orientação do Tutor
e cooperação de professores orientadores/colaboradores da UFFS, que são vin-
culados do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ensino de Ciências e Matemática
(GEPECIEM). Assim, buscamos potencializar, por meio de um grupo consolidado
de pesquisadores da universidade, a aproximação com o grupo de bolsistas, um
processo mútuo de constante interação entre orientador-orientando, em torno
da iniciação à prática científica. Vale ressaltar que as pesquisas buscam estimu-
lar a autonomia dos bolsistas, sendo que o processo formativo do PETCiências
está alicerçado na perspectiva da Investigação-Formação-Ação (IFA) (GÜLLI-
CH, 2013). Nesse viés, os PETianos realizam suas pesquisas pautadas em uma
abordagem qualitativa (LUDKE, ANDRÉ, 2013), direcionando-as aos temas que
norteiam o grupo, possibilitando que os licenciandos construam uma compre-
ensão articulada e integrada da sociedade, levando ao desenvolvimento de uma
consciência sistêmica (LOUREIRO, 2004).
O processo metodológico do coletivo PETCiências tem acreditado e desen-
volvido seus esforços para a formação de professores de Ciências da Natureza
(Biologia, Física e Química), que assumem a função para além dos processos
que concernem à prática pedagógica, apropriando-se também do papel de pes-
quisador dos processos imbuídos em seu contexto: o professor-investigador pela
via da IFA (GÜLLICH, 2013). Assim, no contexto do PETCiências, o processo
do qual os bolsistas e voluntários participam tem pelo menos dois grandes mo-
mentos formativos articulados, capazes de configurar a pesquisa como princí-
pio formativo docente em Ciências: i) a prática científica de iniciação à pesquisa
na universidade sobre temas do Ensino de Ciências, produzida em relatórios,
22

artigos e trabalhos para eventos; e ii) a contextualização de práticas pedagógicas


em contexto escolar, produzida em diários de formação e relatos de experiências.
No primeiro momento, a pesquisa ocorre de diversas maneiras, com dife-
rentes enfoques teóricos metodológicos e sob diversos temas que perpassam o
Ensino de Ciências e a Formação de Professores e outros assuntos com os quais
os PETianos são instigados a trabalhar/pesquisar: narrativas de formação em
Ciências, aspectos históricos e epistemológicos da Ciência, conceitos e práticas
pedagógicas nos livros didáticos de Ciências; epistemologia e formação de pro-
fessores, práticas educativas no campo Ciência-Tecnologia-Sociedade, textos de
divulgação científica na formação inicial de professores de Química, problemas
clássicos da Física com abordagem para subsídio do professor, concepções e prá-
ticas de ensino, currículo, conceitos e temáticas no Ensino de Ciências e Biologia
no Brasil; ensino de Ecologia; Meio Ambiente e Educação Ambiental; tendências
e perspectivas para a Educação em Saúde no Ensino de Ciências e formação de
professores; iniciação à docência em Ciências Biológicas, com enfoque em impli-
cações na Educação Ambiental; a temática ambiental no Ensino de Ciências da
Natureza e formação de professores; (re)configurações do trabalho do professor
que ensina Matemática, dentre outros.
No segundo momento, incorpora-se a Investigação-Formação-Ação (IFA),
conforme Güllich (2013), a um movimento continuum reflexivo sobre as pesquisas
e as práticas. Assim, desenvolvendo uma integração entre a produção científica e
a formação docente em contexto situado. Desta forma, a pesquisa assume papel
central e articuladora na tríade universitária, na íntima relação com as demais
dimensões formativas e temas da Educação Científica/Ensino de Ciências.
Percebemos que esse processo metodológico tem possibilitado a familia-
ridade com a qualificação profissional do professor-investigador, além de pos-
sibilitar mais facilmente a continuidade dos estudos na pós-graduação, como
tem feito a grande maioria dos integrantes do programa. Em digressão histórica
e diagnóstica, se percebe esse movimento e a motivação dos PETianos, que se
sentem imbuídos no ambiente de pesquisa. O processo da IFA tem permitido,
além da pesquisa da própria prática, a análise, o diálogo formativo entre os inte-
grantes do grupo e entre os demais autores das práticas compartilhadas tanto na
universidade quanto na escola, a escrita narrativa e o (re)planejamento da ação –
um movimento recorrente e transformador das ações e quiçá do contexto social.
23

A sistematização dessas experiências tem se mostrado fundamental, a exem-


plo dos diversos relatos de experiências das ações que se tornam publicações e
são discutidos em eventos científicos, fundamentais à formação acadêmica, além
de possibilitarem aos PETianos compartilhar suas experiências com o coletivo de
pesquisadores, fazendo com que a prática e a teoria se assumam de forma mais
integrada. Assim, no coletivo de formação, potencializam-se os conhecimentos
produzidos pela via da pesquisa na constituição do professor-investigador desde
sua formação inicial.
Temos indícios de que o processo metodológico desenvolvido pelo PET-
Ciências tem proporcionado uma formação intencionada e um qualificado co-
letivo de professores investigadores, ampliando a pesquisa, contribuindo para a
produção de conhecimento relacionado ao campo de estudo e, também, para a
melhoria de sua própria prática – o desenvolvimento profissional docente, por
meio dos seguintes aspectos: i) inserção social dos egressos como professores
de escolas, institutos federais e universidades; ii) impacto da produção do PET-
Ciências em revistas e eventos; ii) inserção dos egressos em Programas de Pós-
-Graduação (mestrado e doutorado); e iv) inserção dos egressos em programas
de formação continuada de professores como os Ciclos Formativos no Ensino
de Ciências, entre outros.
Podemos considerar que a pesquisa, mediada pela IFA no contexto do PE-
TCiências, potencializa a formação de professores pesquisadores e possibilita
um forte desenvolvimento profissional e pessoal ao contribuir com a produção
do conhecimento e qualificar sua própria prática de forma integrada. Além dis-
so, consideramos que os elementos como coletividade, a partir de um contex-
to situado, tem proporcionado uma formação pautada em um processo crítico
transformador e reflexivo, no qual se insere os sujeitos e a própria ação de sua
produção: Ensino de Ciências. Acreditamos que, aproximando pesquisa de seus
respectivos contextos de ensino, desde a produção até a investigação sobre a prá-
tica em um caminho reflexivo, estaremos também produzindo o viés formativo
no coletivo PETCiências.
24

PALAVRAS-CHAVE

Pe s qu is a ; Pro g r ama d e E du c a ç ã o Tutor i a l ; PETC i ê nc i as ;


Investigação-Formação-Ação.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Secretaria de Educação Superior. Programa de Educação


Tutorial-PET: Manual de Orientações Básicas. Brasília: SEB, 2006.
GATTI, Bernardete A. Formação de professores no Brasil: características
e problemas. Educação & Sociedade, v. 31, n. 113, p. 1355-1379,
2010. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/es/v31n113/16.
pdf?origin=publication_detail>. Acesso em: 13 jul. 2020.
GÜLLICH, Roque Ismael da Costa. Investigação-formação-ação em
Ciências: um caminho para reconstruir a relação entre livro didático, o
professor e o ensino. Curitiba: Prismas, 2013.
LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Educar, participar e transformar
em educação ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental, n.
0, p. 13-20, 2004. Disponível em: <https://periodicos.unifesp.br/index.
php/revbea/article/view/1859/1264>. Acesso em: 13 ago. 2020.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. E. D. A. Pesquisa em educação:
abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 2001.
A PESQUISA CIENTÍFICA NO CONTEXTO
UNIVERSITÁRIO COMO CONSTRUÇÃO
COLETIVA E A PARTIR DA REALIDADE COMO
INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO

Autores(as):
Matthieu Octaveus, Cassiane Uliana, Leonardo Lucio Antonowicz
de Souza, Luana Antonowicz de Souza, Matheus dos Santos Macha-
do, Karina Mariano de Veiga Bidin, Cristina Colling Fockink, Vanessa
Klaczik1
Tutor:
Josimeire Aparecida Leandrini2
(PET – Conexões de Saberes Políticas Públicas e Agroecologia)

No Ensino Superior, o aprendizado ocorre para além da didática em sala de


aula. Ele se consolida também na busca por soluções para problemas cotidianos
pessoais e coletivos. Dessa forma, configura-se a tríade ensino, pesquisa e exten-
são (GOMES et al., 2015). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996,
nos artigos 43 a 57, mostra que a educação superior tem por finalidade estimu-
lar a criação cultural e o desenvolvimento do pensamento científico e reflexivo.
Assim, a universidade é um espaço de fomentar a criatividade e o desenvolvi-
mento humano. A LDB vai além: o ensino superior deve formar profissionais em
diferentes áreas do conhecimento, aptos a se inserirem no mercado de trabalho;
incentivar a pesquisa e a iniciação científica, bem como o desenvolvimento da
ciência e da tecnologia e a difusão da cultura; suscitar o desejo de aperfeiçoar-se

1 Bolsistas do PET- Conexões de Saberes Políticas Públicas e Agroecologia, Universidade Federal da Fronteira Sul.
2 Tutora do PET- Conexões de Saberes Políticas Públicas e Agroecologia, Universidade Federal da Fronteira Sul
(e-mail: jaleandrini@uffs.edu.br)
26

cultural e profissionalmente; propiciar o conhecimento e promover de maneira


aberta a participação de todos.
O Programa de Educação Tutorial (PET), ao ser institucionalizado, visa
também à formação integral do estudante. O PET, Conexões Saberes Políticas
Públicas e Agroecologia da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Laran-
jeiras do Sul, teve suas atividades iniciadas em fevereiro de 2011 e, não diferente
do programa nacional, procura propiciar formação acadêmica diferenciada, com
o desenvolvimento de atividades extracurriculares de maneira interdisciplinar,
objetivando o desenvolvimento social e individual. Buscando, sempre, o aper-
feiçoamento dos seus participantes por meio de desenvolvimento de pesquisas,
leitura de artigos científicos, participações em congressos, seminários, cursos,
workshops, entre outros.
Em um contexto amplo, os trabalhos científicos têm a função de publicar
e informar os resultados oriundos de pesquisas, permitindo que os acadêmicos
tenham um maior compromisso, com a sociedade, de fazer a pesquisa e divulgá-
-la. Cabe lembrar que a universidade tem por objetivo aperfeiçoar o ensino, a
pesquisa e a extensão do acadêmico, ou seja, é a pesquisa científica como meio
de desenvolvimento social e tecnológico. (KUNSCH, 2001).
Não é de hoje que vivenciamos cortes nas pesquisas. Isso se destaca na capa
das principais revistas do Brasil, cortes nas bolsas das pós-graduações, mestrados,
doutorados e pós-doutorados. Uma reportagem apresentada pela Folha de São
Paulo, em 2019, Flávia Calé comentou: “[...] O que eles estão propondo é a morte
da pesquisa no Brasil por inanição. Cortar metade do orçamento é inviabilizar
o trabalho da pós-graduação”. As notícias no ano de 2020 não foram diferentes,
agravadas pela pandemia da covid-19. O programa PET não sofreu com cortes
ainda, contudo, ocorreram atrasos nas bolsas a partir do segundo semestre de
2019. Além disso, as verbas de custeio chegam em geral a partir da metade do
ano e, neste ano, não há previsão de liberação, o que acaba prejudicando o pla-
nejamento dos grupos, e isso reflete no desenvolvimento dos trabalhos de pes-
quisa e extensão principalmente porque são necessárias, muitas vezes, saídas de
campo ou compra de materiais diversos.
O grupo PET no Campus de Laranjeiras do Sul desenvolve projetos de pes-
quisas como temas que possibilitam a interdisciplinaridade, englobando, assim,
alunos dos cursos de Agronomia, linha de formação em Agroecologia, Enge-
nharia de Alimentos, Engenharia de Aquicultura, Ciências Econômicas, linha de
27

formação em Desenvolvimento e Cooperativismo e Licenciatura Interdisciplinar


em Educação do Campo: Ciências Naturais, Matemática e Ciências Agrárias.
Assim, temos diferentes áreas do conhecimento, tornando possível refletir criti-
camente sobre fenômenos que ocorrem na sociedade, levando em conta as suas
conexões ou a pergunta investigada, visando a uma maior clareza da explicação
obtida. O objetivo deste trabalho é colocar em evidência quais são as pesquisas
que o grupo PET/Conexão de Saberes Políticas Públicas e Agroecologia realizou
no ano de 2019 e quais estão sendo realizadas atualmente.
A metodologia de pesquisa utilizada foi a qualitativa, já que foram observa-
dos somente dados dos projetos. Pesquisas científicas podem ter uma abordagem
quantitativa e qualitativas e usar a estatística como ferramenta para trabalhar os
diversos dados gerados numericamente. Já os dados de levantamentos bibliográ-
ficos contidos em um campo científico buscam identificar o que foi produzido
pela comunidade científica sobre determinado tema e avaliar as tendências da
pesquisa sobre o assunto. Ao iniciar uma pesquisa acadêmica, tudo o que está
sendo discutido, gerado e publicado de conhecimento deve ser mapeado para
a construção do estudo. Para a ciência moderna, o trabalho de pesquisa deve
atender aos requisitos de ter controle, ser sistemático, rigoroso, válido e verifi-
cável (TREINTA et al., 2013).
A partir de dados vindos de outras pesquisas e dos trabalhos de extensão,
surgiu a demanda de desenvolver projetos que avaliassem a quantidade de resí-
duos de contaminantes químicos, sintéticos e tóxicos presentes na água ingerida
pela população laranjeirense e o projeto para o Controle de Plantas Espontâneas.
O grupo PET, desde há muito tempo, tem estudado a problemática que en-
volve a comercialização e o uso de agrotóxicos na produção agrícola da região.
No ano de 2019, foi elaborado o projeto Análise de Resíduos de Agrotóxicos na
água do Rio do Leão. O projeto passou por avaliação junto a outros pesquisa-
dores que contribuem para o grupo, e foi sugerido o levantamento das ativida-
des agrícolas no entorno das margens do rio e entrevistas com os agricultores e
outros moradores, quanto ao uso de agrotóxicos. Para entender como o resíduo
chegava ao rio, foi proposto fazer o mapeamento de uso e ocupação do solo. O
grupo realizou o mapeamento das margens por meio das imagens disponíveis no
Google Earth, e foram feitas observações de campo para confirmação dos dados.
Durante esse período, foi elaborado um roteiro para realizar as entrevistas junto
aos agricultores para verificar quais agrotóxicos são usados e as épocas de aplicação.
28

Essa proposta levou ao desenvolvimento do projeto de TCC de uma ex-


-bolsista PET, egressa do curso de Engenharia de Aquicultura. No segundo se-
mestre de 2019, foram coletadas amostras de água do Rio do Leão, que foram
colocadas em cultivo. Depois de duas semanas, foram isolados os indivíduos que
apresentaram o maior número de células (Scenedesmus sp. e Monoraphidium
sp.) e cultivadas, depois submetidas a três dosagens diferentes de glifosato onde
foram avaliados comportamento, tempo de morte e modificações morfológicas.
Com a pandemia, foi elaborado, no primeiro semestre de 2020, um esboço do
material que será entregue aos agricultores, durante as entrevistas a serem rea-
lizadas. O material consiste em informações quanto às mudanças na legislação
sobre o nível de toxicidade e rotulagem dos frascos de agrotóxicos e sobre a di-
vulgação da Agroecologia, e ressalta a importância da produção de alimentos
livres de agrotóxicos.
Outro projeto de pesquisa em andamento desde 2019 é o Controle de Plan-
tas Espontâneas; já foi realizada a habilitação (adaptação) dos equipamentos. No
segundo semestre de 2019, foi implantado experimento, o TCC de um ex-bolsista
do curso de Agronomia. As atividades ainda estão em fase experimental, é preci-
so buscar alternativas para capina química realizada no campo e na cidade, para
que a redução da exposição ao agroquímicos possa ocorrer de forma sustentável,
sem prejuízo aos agroecossistemas e à população de forma geral, seja ela urbana,
seja rural, valorizando os princípios da Agroecologia.
Com a pesquisa, o indivíduo vivencia a experiência, tira suas conclusões,
muda o modo de pensar, de raciocinar, criar, julgar e avançar no conhecimento,
além de desenvolver a leitura e a escrita de forma crítica. Evidentemente, todos
esses aspectos elencados terão influência sobre diferentes aspectos de nossas vi-
das. Assim, talvez possa ser considerada como processo de constante reflexão e
novos questionamentos, já que, ao apresentar dados, automaticamente, abrimos
portas a uma análise e a pensamentos críticos, os quais resultam em um cresci-
mento individual e coletivo. Como sabemos, o continuum da vida acadêmica/
vida profissional ocupa, em termos temporais, a metade de nossa vida cotidiana.
29

PALAVRAS-CHAVE

Pesquisa; Desenvolvimento; Qualidade; Ensino; Integração.

REFERÊNCIAS

GOMES, Jaqueline M. Ferreira; PIRES, Rafaela Pires de. A importância


da pesquisa científica no ensino superior: o professor pesquisador.
Faculdade Alfredo Nasser, 2015. Disponível em: <http://www.
faculdadealfredonasser.edu.br/files/Pesquisar_4/T%202.12%20A%20
IMPORT%C3%82NCIA%20DA%20PESQUISA%20CIENTIFICA%20
NO % 2 0 E N SI NO % 2 0 SU PE R IOR % 2 0 O % 2 0 PROF E S S OR % 2 0
PESQUISADOR.pdf>. Acesso em: 12 set. 2020.
KUNSCH, Margarida M. Kunsch. A produção científica em relações
públicas e comunicação organizacional no Brasil: análise, tendências
e perspectivas. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/associa/
alaic/boletin11/kunsch.htm#:~:text=Produ%C3%A7%C3%A3o%20
cient%C3%ADfica%20%C3%A9%20a%20forma,de%20um%20
pa%C3%ADs%3B%20%C3%A9%20a>. Acesso em: 12 set. 2020.
GOVERNO Bolsonaro anuncia novo corte e cancela 5,8 mil bolsas
de pesquisa. Rede Brasil Atual. 2019. Disponível em: <https://www.
redebrasilatual.com.br/educacao/2019/09/governo-bolsonaro-anuncia-
novo-corte-e-cancela-58-mil-bolsas-de-pesquisa/>. Acesso em: 12 set.
2020.
TREINTA, Fernanda Tavares et al. Metodologia de pesquisa bibliográfica
com a utilização de método multicritério de apoio à decisão. Prod., v. 24
n. 3, São Paulo jul/set. 2014, Epub out. 2013. Disponível em <https://doi.
org/10.1590/S0103-65132013005000078>. Acesso em: 10 set. 2020.
A PESQUISA COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO
NO GRUPO PET PRÁXIS/LICENCIATURAS

Autores(as):
Luíza Zelinscki Lemos Pereira, Thífany Piffer1
Tutor:
Thiago Ingrassia Pereira2
(PET Práxis – Conexões de Saberes/Licenciaturas)

A produção do conhecimento é fundamental para a construção de


universitários(as) e, para além disso, de sujeitos da sua própria história. Desse
modo, a formação em fundamentos da pesquisa científica assume centralidade no
trabalho dos grupos de Educação Tutorial. No Grupo PET Práxis – Conexões de
Saberes/Licenciaturas da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus
Erechim (RS), é parte de seu planejamento o investimento em pesquisa social
empírica (SYCHOCKI; LEMOS E PEREIRA, 2020), assim como a construção
de projetos e estudos sobre epistemologia e metodologia de pesquisa.
Nesse sentido, este trabalho apresenta uma reflexão sobre a formação em
metodologia da pesquisa realizada de forma remota durante o período da pan-
demia de covid-19 no ano de 2020. Realizada em dois encontros, a formação
teve como ementa: tipos de conhecimento, conceito de pesquisa, aspectos teó-
ricos e metodológicos da pesquisa científica e projeto de pesquisa. O objetivo
foi apresentar conceitos-chave para a compreensão do fazer científico. A estra-
tégia metodológica centrou-se em leituras e fichamentos de textos e participa-
ção nas discussões via plataforma interativa – Skype. Foram tratados aspectos

1 Bolsistas Programa de Educação Tutorial (PET Práxis – Conexões de Saberes/Licenciaturas), Universidade Fede-
ral da Fronteira Sul.
2 Tutor do Programa de Educação Tutorial (PET Práxis – Conexões de Saberes/Licenciaturas), Universidade Fede-
ral da Fronteira Sul. (email: Thiago.ingrassia@uffs.edu.br)
31

relacionados aos tipos de pesquisa, definição de metodologia e o debate sobre


aspectos quantitativos e qualitativos.
Nessa linha, o diálogo sobre o projeto de Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) foi explorado na tentativa de subsidiar bolsistas que terão essa atividade
pela frente. Considerando a proposta formativa do Grupo PET Práxis/Licencia-
turas, essa formação produziu uma cadeia de significantes acerca da produção e
da formação de pesquisadores(as). Como apresentam Gerhardt e Silveira (2009),
é irreal e ilusória a visão romântica de que pesquisadores(as) são sujeitos geniais,
“à frente de seu tempo”, que inventam e promovem descobertas fascinantes. Na
verdade, deve-se, em primeiro lugar, levar em consideração e respeitar nossas
próprias limitações, histórias e caminhadas.
O conhecimento científico se constitui como estudo aprofundado e me-
tódico de uma determinada realidade, ou seja, a partir de um recorte, de um
problema de pesquisa, busca-se possibilitar respostas para as nossas inquieta-
ções e curiosidades. No limite, para o que nos toca e nos atravessa na posição de
sujeitos e de pesquisadores(as). Dessa forma, é importante destacar que jamais
conseguiremos abarcar, resolver ou responder a todas as problemáticas que nos
cercam, visto que o conhecimento é um processo dinâmico e inacabado. Sem-
pre surgirão novos questionamentos para que desenvolvamos processos outros
de conhecimento, de interpretação e de intervenção nas diferentes realidades.
Assim, a partir da formação em metodologia da pesquisa, realizada no âm-
bito digital, observou-se a necessidade de dialogar e desmistificar o desenvolvi-
mento científico como uma ciência “dura” e “para poucas e poucos”. Tendo em
vista que a História não está limitada aos estudos sobre o passado e que, de fato,
continua a acontecer dia após dia, a se Presentificar nos nossos cotidianos, é vá-
lido ressaltar que a visão das universidades como “catedrais do conhecimento”
não permaneceu presa a um cenário longínquo, distante. Com isso, mesmo que
as universidades tenham se transformado, nos últimos anos, de espaços extrema-
mente elitistas para lugares de integração Popular, mas não populista, os discur-
sos de meritocracia permanecem acesos, perpetuando a ideia de que a pesquisa
é uma resolução quase impossível, destinada a “seres superiores”. Dessa forma,
por vezes, acaba-se silenciando e desvalorizando conhecimentos e saberes outros,
justamente, por se afastarem do cânone oficial.
Mais do que nunca, é necessário reafirmar que nossas pesquisas científicas
são fruto do momento histórico em que vivemos. Concatenado a isso, Pedro
32

Demo, na entrevista intitulada Metodologia do conhecimento científico, expõe


que, para as classes dominantes, o conhecimento não pode ser muito populari-
zado, visto que é fácil lidar com pessoas famintas, mas que tal lidar com sujeitos
populares que sabem pensar? Com um governo que nos quer ignorantes, nada
mais revolucionário do que questionarmos, desconstruirmos, reconstruirmos e
produzirmos ciência.

PALAVRAS-CHAVE

Educação Popular; Fazer Científico; Metodologia da Pesquisa; Processos


de Conhecimento.

REFERÊNCIAS

Formação em Metodologia de Pesquisa. Disponível


em: <https://petconexoesdesaberes-uffs.blogspot.com/2020/05/formacao-em-
metodologia-da-pesquisa-do.html>. Acesso em: 23 set. 2020.
ATTA MÍDIA E EDUCAÇÃO. Metodologia do conhecimento científico - com Pedro
Demo. Youtube. Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=7hLqaJLQ5Q4>.
Acesso em: 23 set 2020.
GERHARDT, Tatiana E.; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Planejamento
e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. Porto Alegre: Editora da
UFRGS, 2009.
SYCHOCKI, Gabriela et al. A pesquisa participante como estratégia política, científica
e pedagógica na educação tutorial. In: Orgs. STARIKOFF, Karina Ramires; FERREIRA,
Eric Duarte. Caminhos investigativos na educação tutorial: a pesquisa científica no
PET UFFS. Bagé: Editora Faith, 2020. p. 29-36.
A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA REALIZADA
PELO GRUPO PET MEDICINA VETERINÁRIA/
AGRICULTURA FAMILIAR

Autores(as):
Daniela Hemsing1, Heloísa Busatta1, Maria Eduarda Artuso
Schnorr1, Débora dos Santos Amancio1, Janaina Hillesheim1, João
Vitor Pchirmer2, Samoel Ricardo Maldaner1, Amanda Knorst
Bellon , Eloize de Souza1, Fabiana Rankrape1, Gabriela Vasconcelos1,
2

Guilherme Henrique Malinowski1, Mariana Casagrande1, Mayara


Cristina Stumm1, Naiara Vitoria Ferreira Cortes Koprovski1, Simone
Menegotto2
Tutor:
Karina Ramirez Starikoff3
(PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar)

A pesquisa é um método de investigação em que se utiliza de técnicas para


a resolução de um problema. Porém, é essencial analisar se a problemática será
de interesse da comunidade científica e se o estudo vai contribuir com resul-
tados relevantes para o meio social e profissional (SILVA, 2014). Desse modo,
três requisitos são essenciais para a sua execução, sendo eles: a criação de uma

1 Bolsistas do grupo PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar, Universidade Federal da Fronteira Sul, Cam-
pus Realeza / PR (e-mails: hemsingdaniela@gmail.com, heloisabusatta17@gmail.com, contato.debs@gmail.com,
janahillesheim2@gmail.com, samoel.maldaner@gmail.com, eloizedesouza@gmail.com, fabianarankrape@gmail.
com, gabrielasalete123@gmail.com, guilherme.malinowski@estudante.uffs.edu.br, mayarastumm@gmail.com,
vitoriakoprovski@gmail.com).
2 Voluntários do grupo PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar, Universidade Federal da Fronteira Sul,
Campus Realeza / PR (e-mails: petmedvetuffs@gmail.com, mariana.casagrande@estudante.uffs.edu.br, aman-
dabellon34@gmail.com, maria-eduardaaschnorr@hotmail.com, pchirmer@gmail.com, simone.menegotto3@
gmail.com).
3 Tutora do grupo PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar, Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus
Realeza / PR (e-mails: petmedvetuffs@gmail.com, karina.starikoff@uffs.edu.br).
34

pergunta para responder, o desenvolvimento de estratégias para alcançar respos-


tas e as evidências para indicar o grau de confiabilidade nos resultados obtidos
(GOLDENBERG, 2004).
Além disso, a pesquisa é uma ferramenta que se faz necessária para com-
plementar a educação superior, que ajuda a suplantar a ideia de empregabilidade,
conceito que foi incorporado pelas universidades, trocando tarefas educacionais
e culturais para mirar no preparo dos acadêmicos na busca por um emprego fu-
turo. Para mudar esses fatores, é necessário unir o laço entre educação e ciência,
de forma a enriquecer a vida acadêmica, constituindo, assim, uma base para a
educação, e levando a interação da pesquisa até a sociedade (NÓVOA, 2015).
O Programa de Educação Tutorial – PET tem como princípio norteador
proporcionar uma formação acadêmica de excelência aos participantes e desen-
volver atividades com a integração das ações no ensino, na pesquisa e na extensão.
Sendo assim, essas atividades surgem com o intuito de promover aos integrantes a
ampliação de suas experiências como acadêmicos e cidadãos, com o estímulo de
desenvolver a aprendizagem dos participantes por meio de vivências, reflexões e
discussões, por intermédio da cooperação (MOB, 2002). Assim, o objetivo deste
trabalho é apresentar algumas das atividades de pesquisa desenvolvidas pelo PET
Medicina Veterinária/Agricultura Familiar da Universidade Federal da Fronteira
Sul, Campus Realeza, e o impacto positivo desses trabalhos para a formação dos
acadêmicos e o benefício da sociedade.
O PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar foi idealizado e cria-
do no ano de 2010 com intuito de contribuir para a realidade da região onde a
instituição está inserida, caracterizada por uma bacia leiteira composta, em sua
maioria, por produtores da agricultura familiar.
As linhas de pesquisa do grupo estão baseadas na percepção da extensão.
Assim, já foram desenvolvidas inúmeras pesquisas abordando os mais variados
temas. Dentre eles, podem ser citados estudos envolvendo necropsia e estudos
sorológicos de animais, por meio dos quais buscou-se investigar a presença de
alterações morfológicas relacionadas à ocorrência de enfermidades do rebanho,
como tristeza parasitária bovina, brucelose, tuberculose, leucose enzoótica bo-
vina e intoxicação por ingestão de plantas tóxicas.
Outra temática do grupo se resume em estudos focados na avaliação da qua-
lidade do leite das propriedades assistidas. Amostras de leite foram coletadas para
a investigação de agentes patogênicos, e ocorreu realização de antibiograma para
35

orientar a escolha de um tratamento eficaz para a mastite, avaliação da condição


inflamatória da glândula mamária etc. Outras amostras também foram utilizadas,
como a água, pois influencia diretamente a qualidade do alimento produzido e
a sanidade dos animais.
Além disso, estão em andamento estudos relacionados ao bem-estar animal,
em que serão avaliados parâmetros relacionados aos indicadores de conforto dos
animais, focando, dessa forma, nas instalações, alimentação, comportamento e
na saúde dos animais.
As pesquisas desenvolvidas geraram resultados que são de interesse para
o grupo em virtude de ampararem as informações coletadas e repassadas aos
produtores atendidos. Além disso, resultaram em diversas publicações em anais
de eventos, assim como na compilação de capítulos de livros e publicações em
revistas. Também proporcionaram aos PETianos um meio para enriquecer seus
conhecimentos, colocar em prática ensinamentos e estimular o senso crítico.
Ao considerarmos o fundamento, os objetivos e os resultados de cada es-
tudo realizado, é evidente a complementaridade que a pesquisa faz à extensão.
Nos estudos sobre intoxicação dos animais pela ingestão de plantas tóxicas, foi
possível constatar as espécies presentes na região e, dessa forma, levar conhe-
cimento aos produtores, sendo que muitos não possuem discernimento sobre
a possibilidade de tal situação. Ainda, este estudo permitiu aos alunos comple-
mentar seu conhecimento sobre Toxicologia.
Em relação à avaliação dos indicadores de qualidade do leite, os resultados
são consequência das condições em que o leite foi produzido. A partir disso, foi
possível constatar que muitos produtores não se encontram dentro dos padrões
mínimos exigidos por lei e, também, ter uma percepção sobre a presença de en-
fermidade na glândula mamária dos animais.
A inflamação da glândula mamária, chamada de mastite, é uma doença
comum nos rebanhos leiteiros e ocorre pela presença e pela multiplicação de
patógenos. Essa enfermidade acarreta prejuízos econômicos devido à diminui-
ção da produção de leite e ainda pode interferir em sua qualidade. A partir da
investigação e do conhecimento do acometimento do rebanho, os produtores
podem intervir de forma eficiente para melhorar sua produção, tanto em quan-
tidade como em qualidade.
A qualidade da água é outro aspecto importante na obtenção do leite, já que
é uma fonte indispensável para os animais, além de ser utilizada nos processos
36

de higienização dos equipamentos e utensílios. A qualidade da água interfere


diretamente na quantidade de ingestão e, em razão da percepção de odores e
diferenças da palatabilidade, os animais podem diminuir sua ingestão, o que irá
ocasionar a diminuição de produção do leite (BENEDETTI, 2007). Nas pesqui-
sas realizadas, foram observadas diversas inadequações, desde cochos sujos até
contaminação da água.
O desenvolvimento da pesquisa é de fundamental importância, uma vez que,
além de incentivar e instigar os próprios membros do grupo a obterem melhores
resultados na execução dos projetos rotineiros, ainda contribui para melhores
resultados para os produtores, que, assim, conseguem incrementar sua renda a
partir dos resultados obtidos das pesquisas. Ademais, é por meio das pesquisas que
surgem novas ideias e novas perguntas para resolver os problemas da sociedade.

PALAVRAS-CHAVE

Bovinocultura leiteira; Ciência; Exploração; Investigação.

REFERÊNCIAS

BENEDETTI, Edmundo. Água na nutrição de ruminantes. Curso de Pós-graduação


“lato sensu” em Nutrição e Alimentação de Ruminantes. Uberaba: FAZU, 2007.
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa. 8 ed. Rio de Janeiro:
Record, 2004. p.103-107.
NÓVOA, António. Em busca da liberdade nas universidades: para que serve a pesquisa
em educação? Educação e Pesquisa, v. 41, n. 1, p. 263-272, 2015.
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIA - PET. Manual de orientações básicas.
Departamento de modernização e Programas da Educação Superior, Coordenação Geral
de Relações Acadêmicas de Graduação, Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Superior, 2002.
SILVA, Antônio João Hocayen. Metodologia de pesquisa: conceitos gerais. Guarapuava:
Editora Unicentro, 2014.
CAMINHOS DA PESQUISA NO PET CHAPECÓ:
RELAÇÕES ENTRE LINGUAGEM
AMBIENTAL E MÍDIA

Autores(as):
Ester Foelkel1, João Vitor Pchirmer2
Tutor:
Eric Duarte Ferreira
(PET Assessoria Linguística e Literária)

A pesquisa intitulada Ecolinguística e imprensa: a sustentabilidade como dis-


curso ambiental está sendo desenvolvida pela petiana Ester Foelkel, sob orientação
do professor Dr. Eric Duarte Ferreira, desde o início de 2019. A ecolinguística,
também conhecida como linguística ambiental, é um novo ramo dos estudos
do discurso que explica fenômenos linguísticos existentes em um ecossistema
específico (COUTO, 2009). Isso possibilita avaliar efeitos de sentido presentes
em discursos midiáticos de conscientização ambiental, quando esses discursos
são associados à demanda pela preservação do meio ambiente.
Investigações que analisam esse tipo de discurso ainda são incipientes no
Brasil. Ademais, ferramentas da mídia, como jornais impressos e digitais, são
importantes para a preservação do meio ambiente por levarem informações de
forma rápida até mesmo para locais mais remotos (GUIDDENS, 2005). Nesse
sentido, o objetivo deste trabalho é realizar um breve relato sobre as principais
características da pesquisa sobre ecolinguística e mídia, seus materiais e métodos,

1 Ex-bolsista do PET Chapecó e atualmente voluntária – Universidade Federal da Fronteira Sul (e-mail: ester.foel-
kel@gmail.com).
2 Tutor do grupo PET Assessoria Linguística e Literária da UFFS Chapecó (e-mail: e ric@uffs.edu.br). Tutor do
grupo PET Assessoria Linguística e Literária da UFFS Chapecó (e-mail: e ric@uffs.edu.br).
38

analisar e discutir alguns de seus resultados ainda preliminares sobre esse olhar
da linguística ambiental em jornais de Chapecó (SC).
Foram coletados exemplares dos jornais SulBrasil e Diário do Iguaçu duran-
te a Semana Mundial do Meio Ambiente dos anos de 2019 (de 3 a 9 de junho) e
de 2020 (de 1 a 8 de junho). Em seguida, as ferramentas teórico-metodológicas
da ecolinguística foram mobilizadas para analisar o discurso da demanda pela
conscientização ambiental. No ano de 2020, foi analisado um dia a mais no Jor-
nal SulBrasil, visto que o Dia do Meio Ambiente foi na sexta-feira, e o presente
jornal não possui exemplar específico para o final de semana, como ocorre com
o Diário do Iguaçu. Assim, no total, serão 23 exemplares estudados, sendo 11 do
SulBrasil e 12 do Diário do Iguaçu.
Metodologicamente, os temas relacionados à sustentabilidade, à preservação
e à conscientização foram quantificados, assim como imagens, gráficos, figuras,
textos e discursos que remetem a questões ligadas à área ambiental. Em seguida,
as matérias sobre o meio ambiente de ambos os jornais foram separadas em três
focos: as que envolvem o agronegócio (questões econômicas), as que abordam
a necessidade de consciência ambiental e as que indicam que essa necessidade
deve ser atendida via educação ambiental. Posteriormente, serão examinados os
modos de interpelação do leitor, via recursos retóricos de conscientização (pro-
posição de mudança de atitude).
A coleta de materiais já foi encerrada, bem como a análise dos dados quan-
titativos para o jornal SulBrasil. Porém, para o jornal Diário do Iguaçu, os dados
ainda estão sendo analisados. Até o momento, os resultados quantitativos de com-
paração entre os dois jornais para o ano de 2019 foram finalizados. Em relação
ao espaço dado pelos jornais para a semana do meio ambiente de 2020, ainda
está em andamento o processo de análise e de comparação entre esses jornais.
Para 2019, os resultados já avaliados apontam que há uma tendência do
jornal SulBrasil em ser mais reflexivo em termos ambientais do que o Diário do
Iguaçu, apesar de ambos apresentarem matérias envolvendo a temática ambien-
tal durante a Semana do Meio Ambiente. Das 133 matérias existentes nos cinco
exemplares do jornal SulBrasil, 22,55% envolviam alguma questão ambiental. Já
para o jornal Diário do Iguaçu, totalizaram-se 327 matérias presentes nos seis
exemplares da Semana do Meio Ambiente, porém apenas 7,65% apresentavam
assuntos relacionados ao tema.
39

Em relação ao foco das reportagens ambientais de 2019, o jornal SulBrasil


aparenta ser ambientalmente mais crítico do que o Diário do Iguaçu, visto que
a maioria das reportagens ambientais (46,86%) aborda a consciência ambiental,
contra 40,6% que englobam temas econômicos (agronegócio) e 12,5% que pos-
suem o foco na educação ambiental. Essa última temática (educação ambiental)
não foi encontrada em reportagens do Diário do Iguaçu, as quais se baseavam em
temas do agronegócio, com 68% contra 32% ligadas à conscientização ambiental.
Já no ano de 2020, do total de 135 reportagens existentes nos seis exempla-
res analisados do jornal SulBrasil, apenas 11 apresentavam assuntos ligados ao
meio ambiente. Isso representou apenas 8,14% do total de reportagens. Porcen-
tagem bastante inferior aos 22,55%, em 2019, desse jornal. Em relação ao foco
das reportagens ambientais em 2020, a conscientização, que representava 46,86%
da temática de 2019, perdeu espaço para o foco do agronegócio. Essa temática
esteve presente em 58,33% das reportagens ambientais de 2020. As reportagens
que envolveram conscientização representaram 33,33%, e as de educação am-
biental, apenas 8,33% em 2020.
Esperava-se que houvesse um aumento das reportagens ambientais de um
ano para o outro, visto que a temática ambiental se apresenta em ascensão na so-
ciedade. Porém, isso não foi observado no jornal SulBrasil durante os dois anos
de estudo. O que pode ter contribuído para a redução do número de matérias
ambientais de um ano para o outro neste jornal seria a magnitude do impacto
da crise do coronavírus na sociedade, pandemia que modificou drasticamente
o cotidiano da vida da população chapecoense e mundial. Na visão de Nunes
(1999), o impacto das imagens simbólicas na sociedade é que faz com que as no-
tícias se reproduzam e se alastrem para outras partes do mundo. No momento,
a crise do coronavírus se reproduz com maior rapidez do que a problemática
ambiental, mesmo na Semana do Meio Ambiente.
Por fim, apesar de não haver crescimento do número de reportagens ambien-
tais de um ano para o outro no jornal SulBrasil, os resultados são preliminares e,
ao longo das análises do jornal Diário do Iguaçu de 2020, essa resposta pode se
modificar. Ambos os jornais do estudo parecem obedecer à tendência da mídia
global de preocupação com a temática ambiental, apesar de as questões ligadas
ao agronegócio disputarem espaço nesses veículos de imprensa.
40

PALAVRAS-CHAVE

Ecolinguística; Meio ambiente; Estudos do discurso; Discurso midiático.

REFERÊNCIAS

COUTO, Hildo Honório do. Ecolinguística. Cadernos de Linguagem e Sociedade,


[S.l], v.10, n.1, 2009.
GIDDENS, Anthony. A mídia e as comunicações de massa. In.: ______. Sociologia. 4
ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 367-368.
MENEZES, Flávia Pereira Dias. Mídia e questões ambientais: análise de discurso
ambiental em jornais mineiros. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Programa
de Pós- Graduação, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Viçosa, 2008.
Disponível em: <https://www.locus.ufv.br/handle/123456789/4092>. Acesso em: 18
set. 2017.
ACHARD, Pierre. Memória e produção discursiva do sentido In.: ______. (Org.) Papel
da memória. Tradução e introdução José Horta Nunes. Campinas: Pontes, 1999.
EXPERIÊNCIAS
DO ENSINO
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO
NA FORMAÇÃO PETIANA

Autores(as):
Eloize de Souza, Fabiana Rankrape, Guilherme Henrique Malinowski,
Mariana Casagrande, Daniela Hemsing, Débora dos Santos Amancio1,
Heloísa Busatta1, Gabriela Salete Vasconcelos1, Janaina Hillesheim1,
Amanda Knorst Bellon2, Maria Eduarda Artuso Schnorr2, Mayara
Cristina Stumm1, João Vitor Pchirmer2, Naiara Vitoria Ferreira Cortes
Koprovski1, Samoel Ricardo Maldaner1, Simone Menegotto
Tutor:
Karina Ramirez Starikoff3
(PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar)

A universidade tem como um dos seus pilares e como atividade explícita a


prática do ensino, sendo este capaz de integrar o conhecimento adquirido por
meio da pesquisa, mas também observando e atentando-se às necessidades da
sociedade por meio da extensão. O ensino proporciona aos acadêmicos a atu-
alização dinâmica dos conhecimentos, possibilitando a formação de pesquisa-
dores críticos e que se preocupam com os problemas que existem na sociedade
(MOITA, 2009).

1 Bolsistas do grupo PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar,, Universidade Federal da Fronteira Sul, Cam-
pus Realeza/PR (e-mail: eloizedesouza@gmail.com, fabianarankrape@gmail.com, guilherme.malinowski@estu-
dante.uffs.edu.br, hemsingdaniela@gmail.com, contato.debs@gmail.com, heloisabusatta17@gmail.com, gabrie-
lasalete123@gmail.com, janahillesheim2@gmail.com, mayarastumm@gmail.com, vitoriakoprovski@gmail.com,
samoel.maldaner@gmail.com).
2 Voluntários do grupo PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar, Universidade Federal da Fronteira Sul,
Campus Realeza/PR (e-mail: mariana.casagrande@estudante.uffs.edu.br, amandabellon34@gmail.com, maria-e-
duardaaschnorr@hotmail.com, pchirmer@gmail.com, simone.menegotto3@gmail.com).
3 Tutora do grupo PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar, Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus
Realeza/PR (e-mail: karina.starikoff@uffs.edu.br).
43

Em vista da importância do ensino para a formação de bons profissionais,


o Programa de Educação Tutorial – PET Medicina Veterinária/Agricultura Fa-
miliar organizou, em 2020, atividades visando aperfeiçoar o conhecimento téc-
nico-científico para a qualificação profissional, o estímulo à leitura científica, o
senso crítico e o debate entre os alunos; contribuir para a formação acadêmica
de excelência; promover a integração dos acadêmicos com profissionais da área
e aprimorar a capacidade de síntese, liderança e comunicação.
As atividades desenvolvidas foram:
1. I Ciclo de Palestras, que ocorreu no auditório da Universidade Federal da
Fronteira Sul, Campus Realeza – PR, em 5 de março, com uma palestra abordan-
do os princípios básicos para dietas de vacas leiteiras, ministrada por um petia-
no egresso que atualmente trabalha em uma empresa privada do ramo; e outra
sobre gestão e empreendedorismo na pecuária, ministrada por um zootecnista
de uma empresa privada de consultoria. O evento teve duração de quatro horas
e contou com a participação de 85 pessoas, entre acadêmicos, pós-graduandos,
professores e médicos veterinários. Sobre a avaliação do evento: 96% dos par-
ticipantes destacaram que o evento atendeu às expectativas; 96,2% avaliaram o
evento entre excelente e muito bom; e 99% dos participantes afirmaram ter ad-
quirido novos conhecimentos.
2. I SimpoPet de Bovinocultura Leiteira, que ocorreu durante os dias 11 e 15
de maio de forma remota. O primeiro dia foi destinado à integração entre os 31
grupos apoiadores para troca de experiências sobre as atividades desenvolvidas,
seguido por quatro dias de palestras, que foram: Manejo de pastagem, Instrução
normativa na pecuária leiteira, Gestão em propriedades leiteiras e Cultura mi-
crobiológica na fazenda. As palestras foram ministradas por profissionais quali-
ficados (médicos veterinários e engenheiro agrônomo). O evento teve duração
de 20 horas e contou com 883 inscritos, sendo que 99% dos participantes des-
tacaram que este atendeu ou superou as expectativas. Sobre a aprovação, 62,3%
classificaram o evento como excelente, 34,1% como muito bom, 3,1% como bom
e 0,4% como ruim.
3. I Ciclo de seminários internos (apresentados apenas entre os PETianos),
que ocorreu de forma on-line entre os dias 17 de abril e 29 de maio, com duração
de 20 minutos cada. Foi organizado em seis duplas com temas de relevância para
atuação nas propriedades leiteiras atendidas pelo grupo. Após a apresentação, os
44

demais PETianos e a tutora fizeram considerações quanto ao layout dos slides,


postura de apresentação e relevância do assunto abordado.
4. Oficina de Produção Textual, que ocorreu nos dias 18 e 25 de junho e 2
de julho, com duração de 8 horas. Foi ministrada on-line por um professor e aca-
dêmicas do curso de Letras exclusivamente para os integrantes do PET Medicina
Veterinária/Agricultura Familiar. Os temas abordados foram de importância para
a produção de textos acadêmicos, como: discussão sobre os tipos de resumo, uso
de preposições, conjunções e locuções adverbiais, plágio, citações e referências.
5. Curso de Nutrição de Bovinos Leiteiros, que foi ministrado on-line por
um PETiano egresso e ocorreu dos dias 20 a 22 de agosto e 24 de agosto, com du-
ração de 8 horas. Contou com a participação de 20 pessoas, maioria integrantes
e egressos do PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar. Os participantes
tiveram a oportunidade de entender e aplicar os conceitos de nutrição com ba-
lanceamento de dietas para diferentes rebanhos.
As atividades abertas desenvolvidas de maneira on-line, por causa da pan-
demia da covid-19, contaram com um expressivo número de participações, pois
pessoas dos mais diversos lugares do Brasil puderam prestigiá-las, reduzindo
custos e possibilitando palestras com profissionais renomados em suas áreas de
atuação. Além disso, a cooperação com outras instituições, com outros grupos
PET, grupos de estudo, diretórios ou centros acadêmicos e outras representações
de diversas universidades do Brasil possibilitou a integração entre estudantes de
várias instituições. A forma remota possibilita a aprendizagem e o debate de ideias
assim como na sala de aula, entretanto, tem a vantagem de abranger pessoas que
não estão em uma mesma localidade. Ainda, para a aprendizagem, o aluno não
deve apenas reproduzir o que aprendeu de forma impensada e inadvertida, é pre-
ciso que ele interprete, critique e restaure o conhecimento (PAIVA et al., 2016).
Visando ao aperfeiçoamento dos conhecimentos técnico-científicos, os semi-
nários foram apresentados internamente pelo grupo PET e serviram para estimular
a leitura científica, bem como a troca de ideias. Essa atividade possibilitou uma
rotina de leituras científicas e discussões sobre a realidade das propriedades com
as quais o grupo atua na extensão. Mostraram-se eficientes no desenvolvimento
da formação dos PETianos e possibilitaram novos conhecimentos a respeito das
atividades desenvolvidas, fazendo com que a equipe obtivesse mais informações
e desempenhasse as atividades propostas com excelência. Os temas abordados
fazem parte da rotina dos trabalhos das visitas às propriedades rurais, portanto,
45

tornam a assistência técnica ainda mais efetiva e fazem com que a formação do
grupo seja de excelência.
É notória a importância da troca de saberes entre os diversos cursos de uma
universidade. Isso ficou evidenciado na oportunidade aproveitada no curso de
produção textual, o que fez com que as fronteiras do conhecimento se aproximas-
sem. O curso permitiu aos PETianos uma reflexão acerca das próprias produções,
estimulando a construção e o aperfeiçoamento futuro da escrita científica com
excelência, além do olhar crítico ao analisar os trabalhos realizados anteriormente.
O PET trabalha com a filosofia da ação coletiva, comunicação e troca de
conhecimentos de forma benéfica e da interação com a comunidade acadêmica.
E, por meio dos eventos realizados, os discentes tiveram a oportunidade de ad-
quirir conhecimentos relacionados à escrita científica, à medicina veterinária em
sua amplitude e ao empreendedorismo na pecuária. Esses eventos, que visaram
ao ensino complementar, foram de extrema importância, pois possibilitaram o
compartilhamento dos conhecimentos e experiências dos palestrantes, que nem
sempre são abordados no ensino regular. Além disso, o público teve a oportuni-
dade de experienciar um pouco o dia a dia da profissão e os desafios enfrenta-
dos pelos profissionais das ciências agrárias nas mais diversas áreas de atuação.
Assim, todas as ações desenvolvidas no eixo de ensino foram de grande valia
para a formação técnica e humana dos petianos, que tiveram acesso a uma gama
de conhecimentos e networking. Entretanto, com os eventos sendo realizados de
forma on-line, o aprendizado referente ao uso das tecnologias tornou-se impres-
cindível para o bom andamento dos eventos.

PALAVRAS-CHAVE

Aperfeiçoamento técnico; Conhecimento; Comunicação; Educação.

REFERÊNCIAS

MOITA, Filomena Maria Gonçalves da Silva Cordeiro; ANDRADE, Fernando Cézar


Bezerra de. Ensino-pesquisa-extensão: um exercício de indissociabilidade na pós-
graduação. Revista brasileira de educação, v. 14, n. 41, p. 269-280, 2009.
46

PAIVA, Marla Rúbya et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem: revisão


integrativa. S A N A R E - Revista de Políticas Públicas, Sobral, v. 15, n. 2, p.145-153,
jun./dez. 2016.
ATUAÇÃO DO GRUPO PET NO ENSINO DE PLE

Autores(as):
Ana Paula Reis, Luiz Carlos Rodrigues,
Cláudia Andrea Rost Snichelotto4
Tutor:
Eric Duarte Ferreira5
(PET Assessoria Linguística e Literária)

Desde o ano de 2016, são desenvolvidos projetos voltados para o ensino de


português brasileiro para imigrantes e refugiados, com o intuito de beneficiar a
população estrangeira que, nos últimos anos, chega a Chapecó e região, com a
intenção de trabalhar e buscar melhores oportunidades de vida. Atualmente, o
PET Chapecó desenvolve projetos na área de Português como Língua Estrangeira
(PLE), em parceria com o Centro de Línguas – CELUFFS, como o “Português
brasileiro para Imigrantes e Refugiados residentes em Chapecó e região”, desen-
volvido na Universidade Federal da Fronteira Sul, com turmas de níveis A1, A2 e
A3; o “Curso de Português para Imigrantes e Refugiados residentes em Chapecó
e região: uma parceria com a Diocese de Chapecó”, com turmas de níveis A1 e
A2; e o “Português brasileiro: brincando e aprendendo”, uma parceria com a EBM
Jardim do Lago (o projeto se destaca por ser o primeiro voltado para crianças
imigrantes, dos cinco aos dez anos).
Os projetos são orientados pela Profa. Dra. Cláudia Andrea Rost Sniche-
lotto, e as aulas são ministradas por graduandos do curso de Letras Português
e Espanhol – Licenciatura – e bolsistas do PET, além de contar com um aluno

4 Bosistas do Programa de Educação Tutorial (PET Assessoria Linguística e Literária), Universidade Federal da
Fronteira Sul.
5 Tutor do PET Assesoria Linguística e Literária, Universidade Federal da Fronteira Sul (e-mail: eric@uffs.edu.br)
48

voluntário, estudante do curso de Filosofia, de nacionalidade haitiana, que au-


xilia na tradução durante as aulas dos cursos.
O principal objetivo do curso é desenvolver as habilidades de comunica-
ção oral e escrita básica em português, com ênfase na ampliação de noções gra-
maticais, funções comunicativas, aspectos culturais e vocabulário. Além disso,
o curso também contribui para a formação de professores na área de Ensino de
Português como Língua Estrangeira (EPLE).
Com o intuito de desenvolver a competência comunicativa de estrangeiros
que desejam aprender o português brasileiro, foi adotado o método comunica-
tivo para o ensino de PLE/PLA, a partir de atividades orais e/ou discussões e de
leitura e escrita realizadas individualmente, em duplas ou até mesmo em grupos.
Já no projeto que possui o público infantil, são adotados materiais infantis: contos,
lendas, brincadeiras e canções, que instigam e provocam os alunos e ao mesmo
tempo os aproximam de uma “infância brasileira” e, dessa maneira, diminuem
a segregação e o distanciamento que enfrentam no ambiente escolar.
Os cursos de Português como Língua Estrangeira ou Língua Adicional (PLE/
PLA) têm periodicidade semestral, são gratuitos e destinados a imigrantes de
diferentes procedências, que chegam a Chapecó por variadas razões. Estudantes
que precisam ter o primeiro contato formal com a aprendizagem do Português
Brasileiro são o público-alvo. O público provém da comunidade interna, estu-
dantes haitianos ingressantes pelo Programa de Acesso à Educação Superior da
UFFS para Estudantes Haitianos (PROHAITI) e estudantes dos países convenia-
dos do Pré-Programa de Estudantes – Convênio de Graduação (PEC-G) e do
ensino fundamental do EBM Jardim do Lago e da comunidade externa.
Quanto à avaliação, para que o aluno obtenha a aprovação no curso, é ne-
cessário ter, no mínimo, 75% (setenta e cinco por cento) de frequência e nota 6,0
(seis vírgula zero) nas avaliações escritas aplicadas. Já o projeto que é realizado
nas dependências da escola municipal não possui avaliação por nota, mas sim
pelo desempenho e pela participação nas atividades propostas.
É possível perceber que os alunos beneficiados vão desenvolvendo cada vez
mais suas habilidades linguísticas na variante brasileira do português, devido às
atividades práticas realizadas em sala de aula. No decorrer dos cursos, é possível
perceber os avanços que ocorrem e, ao final, espera-se vislumbrar quanto cada
aprendiz conseguiu se apropriar da nova língua. Além disso, vale salientar a
49

importância da oportunidade e da aprendizagem para os acadêmicos que minis-


tram o curso, já que as trocas culturais estão sempre presentes e são de grande valia.
Ademais, o projeto também proporciona aos estudantes de Letras (português
e espanhol) e de Filosofia a experiência com o ensino e, principalmente, com o
PLE, para uma formação acadêmica mais ampla e abrangente, condicionada à
realidade e à demanda do atual cenário local e nacional.

PALAVRAS-CHAVE

Português brasileiro; Língua Estrangeira; Língua Adicional.

REFERÊNCIAS

FERNANDES, Gláucia Roberta Rocha et al. 2008. Muito Prazer: fale o Português do
Brasil. Barueri: Disal.
FEITOSA, Jacqueline et al. Pode Entrar: Português do Brasil para refugiadas e
refugiados. São Paulo, São Paulo, 2015.
GRUPO DE ESTUDOS: A INCOMPLETUDE
DO SER, A CURIOSIDADE E
O ATO DE PENSAR CERTO

Autores(as):
Alex Dos Santos, Gabriela Carla Sychocki1
Tutor:
Thiago Ingrassia Pereira2
(PET Práxis)

O presente trabalho trata-se de uma conjuntura do grupo de estudos, em


que aconteceu o debate sobre o livro Pedagogia do Compromisso, de Paulo Frei-
re. A discussão teórica que serviu como base e metodologia para este trabalho
ocorreu entre outubro de 2019 e maio de 2020, manuseando a metodologia bi-
bliográfica. O trabalho tem como objetivo exemplificar alguns dos vários con-
ceitos trabalhados por Paulo Freire no livro Pedagogia Do Compromisso, com
um enfoque especial para a incompletude do ser, a curiosidade, a educação e o
ato de pensar certo.
O resultado foi uma grande contribuição para uma assimilação dos conceitos
trabalhado por Paulo Freire em seu livro, visto que guiou para o entendimento
do ser incompleto e sua eterna busca por significado na existência, mostrando a
possibilidade da educação e a viabilidade da educação do ser, e salientando a im-
portância da curiosidade, uma vez que, sem ela, a educação não seria algo possível,
pois a curiosidade “realiza” o mundo e move as pessoas. Destaca-se igualmente
a educação e suas perspectivas, a necessidade da educação em caminhar com a

1 Bolsistas Programa de Educação Tutorial (PET Práxis – Conexões de Saberes/Licenciaturas), Universidade Fede-
ral da Fronteira Sul.
2 Tutor do Programa de Educação Tutorial (PET Práxis – Conexões de Saberes/Licenciaturas), Universidade Fede-
ral da Fronteira Sul. (email: Thiago.ingrassia@uffs.edu.br)
51

curiosidade e dois de seus vieses: Educação Bancária e Educação Popular. Edu-


cação Bancária é algo muito utilizado até o presente, é uma educação insensível
e ímpia, pensando os educandos e as educandas como ordinários(as) depósitos,
nos quais os educadores e educadoras apenas depositam os conteúdos.
Em confronto à Educação Bancária, se apresenta a Educação Popular, uma
educação voltada ao ser, uma educação que respeita o contexto em que os su-
jeitos estão inseridos, os quais, assim, aprendem de acordo com a realidade em
que vivem. A Educação Bancária se fundamenta na decoração mecânica, o que
Paulo Freire chama de “pensar errado”, contrariamente à Educação Popular, que
se embasa no “pensar certo”, com a qual os educandos e as educandas pesquisam
e debatem acerca da realidade, tornando-se, dessa forma, em sujeitos críticos.
Um ser incompleto e curioso, por meio da Educação Popular, torna-se um su-
jeito crítico, que, além de “pensar certo”, ajuda a criar uma sociedade mais justa
e igualitária para todos e todas.

PALAVRAS-CHAVE

Paulo Freire; Curiosidade; Pensar Certo; Educação Bancária; Educação Popular

REFERÊNCIA

FREIRE, Paulo. Pedagogia do compromisso: América Latina e educação popular.


Editora Paz e Terra, 2018.
O ENSINO NO PETCIÊNCIAS: A FORMAÇÃO
PARA INVESTIGAÇÃO E AÇÃO

Autores(as):
Karen Raffaely Rigodanzo Teichmann, Letícia Barbieri Martins,
Alessandra Nilles Konzen, Leonardo Priamo Tonello, Cleiton
Edmundo Baumgratz, Giordane Miguel Schnorr, Jonatan Josias
Zismann, Mateus Dos Santos Oliveira, Riceli Gomes Czekalski,
Danieli Vitória Goetz Pauli, Victória Santos da Silva, Vanessa Cléia
Palinski, Gustavo Bueno Pozzobon, Liandra Ruppenthal Cardoso1,
Graciela Paz Meggiolaro2
Tutor:
Roque Ismael da Costa Güillich3
(PETCiências)

A Educação apresenta um papel fundamental na sociedade, e a esta é indis-


sociável o processo de Ensino, um dos eixos dos Programas de Educação Tutorial
(PET). A formação de professores consiste em um desafio e um paradigma, pois
influi diretamente nas metodologias de Ensino, as ideias que serão propagadas,
sendo determinantes à ciência. O educador “mostra a vida a quem ainda não a
viu” (ALVES, 2018), dá aos estudantes outras formas de interpretar tanto a vida
quanto os conteúdos. Sendo esse um dos motivos pelos quais o docente tem fun-
damental importância na formação dos estudantes. Assim, educar não pode ser
visto como um simples ato de depositar e transmitir valores e conhecimentos

1 Bolsistas do grupo PETCiências, Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Cerro Largo / RS (e-mail:
kahteichmann@gmail.com, leticiabmartins25@gmail.com, alessandrakonzen2016@gmail.com).
2 Professora colaboradora do grupo PETCiências, Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus- Cerro Largo/
RS (e-mail: gracipmegg@gmail.com).
3 Tutor do grupo PETCiências, Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Cerro Largo / RS (e-mail: bioroque.
girua@gmail.com).
53

aos alunos, uma vez em que é parte de uma complexa rede de interações, cren-
ças e influências.
As questões relativas à importância dos processos que envolvem o ensino
são ressaltadas quando tratamos de um coletivo tal qual o nosso, que é composto
por cursos de Licenciatura. O presente trabalho tem como objetivo tratar da ex-
periência do PETCiências com enfoque no eixo de ensino, abordando os desafios
e as possibilidades na formação de professores de Ciências, uma vez em que o
coletivo PETCiências se utiliza de espaços e ferramentas voltadas à reflexão da,
sobre, na e para prática docente. Essa reflexão engloba os momentos anterior, du-
rante e posterior às práticas, potencializando a experiência formativa, o processo
constitutivo de professores prático-reflexivos na área de Ciências da Natureza,
assim como a Educação Científica/Ensino de Ciências em si (GÜLLICH, 2013).
Temos como um grande desafio os processos de ensino na Educação Básica,
para que esta se desenvolva a partir de novos horizontes, sendo capaz de integrar
a educação científica como um eixo articulador do ensino, abordando temáticas
de importância fundamental e por vezes esquecidas, como ciência, tecnologia,
sociedade, meio ambiente, saúde, qualidade de vida e cidadania. São temáticas
fundamentais à contextualização do ensino e formação cidadã, abordadas com o
intuito de modificar cenários tradicionais da Educação, especialmente no Ensino
de Ciências, em que, muitas vezes, os conteúdos se apresentam distantes da rea-
lidade, descontextualizados, tornando-se vazios de significado para o estudante
(FREIRE, 1980). Da mesma forma, essas temáticas se tornam necessárias para
agregar conhecimentos com o contexto social, objetivando preparar cidadãos
capacitados para avaliar e julgar possibilidades e limitações do desenvolvimento
de problemáticas de seu cotidiano, promovendo uma formação que possibilite
aos indivíduos a tomada de decisões responsáveis acerca da qualidade de vida
em uma sociedade impregnada de ciência e também de tecnologia. Para que
possamos avançar nesses objetivos, temos que pautar e transformar o processo
de Ensino Superior, ou seja, a formação de novos professores.
O currículo escolar costuma apresentar aspectos que compactuam com as
perspectivas dessas temáticas, considerando temas transversais e fundamentais
à constituição dos sujeitos, tais como meio ambiente, saúde, educação ambien-
tal, orientação sexual, alimentação e nutrição, ética, pluralidade cultural. Entre-
tanto, apenas a presença no currículo não garante a abordagem reflexiva de tais
temas e, por isso, influi na qualidade da educação almejada o papel da formação
54

docente. O papel dos professores da área Ciências da Natureza e suas Tecnolo-


gias (CNT), por causa de suas formações, se mostra essencial no atendimento a
várias demandas sociais. Dessa maneira, objetivamos tratar da experiência do
PETCiências na formação de professores de Ciências da Natureza, com suas te-
máticas abordadas, defesas, motivações e perspectivas executadas e/ou futuras
nessa formação prático-reflexiva.
O PETCiências conta com uma temática central situada em: “Meio Ambiente
e Formação de Professores”, com objetivo de integrar e envolver as Licenciaturas
de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (CNT) que se encontram no Campus
Cerro Largo: Ciências Biológicas, Física e Química, no pensar de temáticas pri-
mordiais a serem trabalhadas nas atividades de ensino, ampliando a formação
geral e específica com reflexões do processo. O coletivo realiza discussões sema-
nalmente, além de articular dialogicamente com outros programas de formação
de professores, como o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID), Programas de Iniciação Científica da UFFS (FAPERGS, CNPq e UFFS)
e Residência Pedagógica (RP) mensalmente nos encontros dos Ciclos Formativos
no Ensino de Ciências e Matemática. Em ambos os espaços, os petianos se ba-
seiam nos princípios da reflexão-ação-reflexão (ALARCÃO, 2010) para realizar
suas ações, buscando constantemente dialogar criticamente, tendo, dessa forma,
uma avaliação contínua.
A Investigação-Formação-Ação (IFA) (ALARÇÃO, 2010; GÜLLICH, 2013)
é a metodologia empregada pelo grupo, sendo que, nesta, os professores em for-
mação desenvolvem a pesquisa de sua própria prática, como sujeitos críticos e
autorreflexivos, ou sujeitos prático-reflexivos, conforme Alarcão (2010). Como
contribuinte desse processo, utilizamos o diário de formação, que pode ser in-
terpretado como um guia da reflexão sobre a prática, estimulando a tomada de
consciência do sujeito sobre sua práxis (PÓRLAN; MÁRTIN, 1997), em que
descrevemos processos formativos das vivências que temos nos diferentes con-
textos nos quais nos inserimos como petianos, aproximando, assim, a formação
da realidade do exercício profissional, reforçando o movimento reflexivo.
Nos encontros do grupo, por meio do ensino, integram-se as dimensões
da pesquisa e da extensão, que também são discutidas e refletidas, o que é fun-
damental ao processo da IFA, uma vez em que este perpassa da prática ao mo-
mento de pensar a experiência em uma comunidade autorreflexiva (ALARCÃO,
55

2010) – coletivo do PETCiências, socializando e sistematizando-a, discutindo e


ampliando a experiência compartilhada entre os pares.
Ademais, também partilhamos algumas experiências do programa PET-
Ciências (atividades internas entre os integrantes do grupo) com a comunida-
de acadêmica da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Cerro
Largo, como o Curso Ciência, Meio Ambiente e Formação. Além disso, realiza-
mos a integração com outros grupos, objetivando a formação de professores de
Ciências, no Projeto de Extensão/formação continuada Ciclos Formativos no
Ensino de Ciências, baseado na IFA. Dessa maneira, o PETCiências possibilita a
significação de suas ações com as escolas de atuação e seus atores, desenvolvido
na inserção dos bolsistas em escolas de Educação Básica, visando a uma melho-
ria na qualidade da Educação Científica e nas contribuições para a formação dos
licenciandos em sua iniciação à docência, formação continuada dos professores
da educação básica e na universidade, estabelecendo uma ressignificação de ações
e crescimento mútuo, com propósito de desenvolvimento da autonomia, do sen-
so crítico, da capacidade de comunicação e da tomada de decisões conscientes.
A partir das ações e reflexões docentes colaborativas, compartilhadas e crí-
ticas, são subsidiadas mudanças significativas do pensamento dos estudantes, em
seus mais diversos aspectos, como na questão ambiental e social, agindo como
um cidadão crítico. Acreditamos que o processo de IFA em Ciências (IFAC) de-
senvolvido é capaz de, em médio e longo prazos, transformar teorias, práticas e
ações pedagógicas nos cursos da UFFS e, também, nas escolas que estabelecem
um diálogo com essa proposta pela qualificação dos espaços de interação e for-
mação. Além disto, apostamos que a IFAC e o coletivo do PETCiências sejam
um meio de fortalecer a formação crítica da sociedade, pois o processo reflexivo
se associa à criticidade. Sendo assim, o PETCiências favorece o trabalho grupal
por intermédio da colaboração e da participação dos componentes do coletivo,
possibilitando o desenvolvimento da reflexão como categoria formativa e, por
consequência, a autonomia dos licenciandos envolvidos: formando novos pro-
fessores de CNT.
56

PALAVRAS-CHAVE

Formação de Professores; Ensino de Ciências; Pesquisa da Própria Prática;


Reflexão Crítica.

REFERÊNCIAS

ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 11 ed. São Paulo:
Cortez, 2010.
REVISTA PAZES. “Sem a Educação das Sensibilidades, todas as habilidades são
tolas e sem sentido” – afirmou Rubem Alves. 2018. Disponível em: <https://www.
revistapazes.com/educacao-sensibilidades-rubem-alves>. Acesso em: 01 de set de
2020.
FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação. São Paulo: Moraes,
1980.
GÜLLICH, Roque Ismael da Costa. Investigação-formação-ação em Ciências: um
caminho para reconstruir a relação entre livro didático, o professor e o ensino. Curitiba:
Prismas, 2013.
PORLÁN, Rafael; MARTIN, José. El diário del profesor: um recurso para la
investigación en el aula. Sevilla: Díada, 1997.
PROJETOS DE ENSINO ACADÊMICO
PROMOVEM AUTONOMIA
E EMANCIPAÇÃO HUMANA

Autores(as):
Karina Mariano de Veiga Bidin, Jaíne do Amaral Pare, Matthieu
Octaveus, Adriana Santos das Chagas, Rivael de Jesus Oliveira,
Vanessa Klaczik, Matheus dos Santos Machado, Daniele Drabeski,
Leonardo Lucio Antonowicz de Souza1
Tutor:
Josimeire Aparecida Leandrini2
(PET-Conexões de Saberes Políticas Públicas e Agroecologia)

A atividade de ensino e aprendizagem possui uma dimensão epistemoló-


gica: sendo a perspectiva do conhecimento, a qual se conhece construindo o
saber. Contendo uma dimensão pedagógica: a perspectiva decorrente de sua
relação com a aprendizagem. Assim, só se aprende e ensina pela efetiva prática
da pesquisa. Além disso, possui uma dimensão social: a perspectiva da extensão
(SEVERINO, 2000, p. 26). Nesse contexto, o processo de ensino-aprendizagem
torna-se um conjunto de conhecimentos aplicados à prática.
Nessa relação de ensino-aprendizagem, Freire (1977) enfatiza a importância
do diálogo de saberes epistemológicos na escola com o conhecimento ou saber
popular adquirido por meio da experiência de vida. O diálogo pressupõe uma
troca. Ambos, educador e educando, nenhum é melhor ou mais que o outro e

1 PETianos(as) do grupo PET- Conexões de Saberes Políticas Públicas e Agroecologia, Universidade Federal da
Fronteira Sul, Campus – Laranjeiras do Sul / PR (e-mail: petuffs@gmail.com).
2 Tutora do grupo Conexões de Saberes Políticas Públicas e Agroecologia, Universidade Federal da Fronteira Sul,
Campus – Laranjeiras do Sul / PR (e-mail: josemeire.leandrini@gmail.com).
58

ambos são possuidores de conhecimentos, cientificamente ou apenas social-


mente construídos.
Atrelada a essas indagações, nota-se a importância de grupos interdiscipli-
nares que contribuam para o desenvolvimento de ensino. O Programa de Edu-
cação Tutorial (PET) Conexões de Saberes Políticas Públicas e Agroecologia da
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Laranjeiras do Sul, tem
por objetivo promover discussões e propor soluções de diversas áreas de conhe-
cimento, sobre Agroecologia e acesso a políticas públicas como ferramentas de
desenvolvimento do campo, formando indivíduos e profissionais com senso
crítico, consciência cidadã, responsabilidade social e ambiental e com facilidade
de trabalhar em grupo. Os projetos de ensino visam ao aperfeiçoamento de seus
membros, propondo leituras de artigos científicos, organização e participação
em seminários, cursos, congressos, workshops e afins. O PETiano compreende,
reescreve e propõe novos conhecimentos e que podem mudar o indivíduo e o
social, uma vez que parte de um processo que exercitar a práxis.
O ensino deve atender às necessidades pedagógicas de cada educando, pois
nem todos têm acesso ao mundo tecnológico, existindo a necessidade de o co-
nhecimento chegar ao indivíduo de acordo com sua realidade. Deve-se promover
uma construção de diálogos e conhecimentos de maneira dinâmica e coletiva.
Brandão e Carlos (2002), ao falarem sobre educação, afirmam: “Quando falamos
de educação, logo nos chega a imagem da escola, mas os antropólogos, ao se refe-
rirem sobre o assunto, pouco querem falar de processos formalizados de ensino.
Esses estudiosos identificam processos sociais de aprendizagem onde não existe
ainda nenhuma situação propriamente escolar de transferência do saber [...]”.
A educação é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de uma
sociedade igualitária, já que o acesso a esse importante mecanismo não se limita
apenas à renda ou a chances de se obter um emprego, mas sim ao ato de garantir
o desenvolvimento social, econômico e cultural. Sabendo do papel transforma-
dor exercido pelo ensino, o PET desenvolve atividades ligadas a diversas áreas,
resultando em um futuro profissional de múltiplas experiências extensionais.
Com isso, o presente trabalho tem como objetivo abordar a importância
dos projetos de ensino (Elaboração de Materiais e o Plano de Formação Interna
– PFI) dentro do Grupo PET, descrevendo a relevância desses projetos para os
seus membros no aperfeiçoamento de sua formação acadêmica e pessoal.
59

Os projetos de ensino estão sendo realizados da seguinte maneira: Os PE-


Tianos foram divididos para elaboração de materiais em grupos de trabalho, com
reuniões periódicas. Foram constituídos três grupos distintos: Grupo 1, para ela-
boração de calendários e jogos. Esse material será distribuído em escolas e para
agricultores da região e nele serão usadas, como ilustrações, imagens das ativi-
dades do próprio grupo, desenhos do concurso de desenho, a fim de divulgar o
rico material acumulados nestes anos. Grupo 2, produção de um livro a partir
dos desenhos feitos pelas escolas. São cinco concursos de desenhos, em média
temos 1.100 desenhos por concurso, o que nos dá um material riquíssimo e que
ilustra as atividades no campo, com e sem o uso de agrotóxicos. Grupo 3, atuali-
zação da cartilha. A primeira cartilha elaborada pelo PET tem um jogo de trilha,
contudo, ao ser utilizada, observou-se que há uma série de atividades a avançar
e que podem tornar a cartilha mais informativa e mais ilustrada.
Cada grupo precisou: a) Definir o tema e os recursos que serão utilizados
para produzir cada material específico; b) Após os materiais prontos, fazer sua
divulgação e distribuição da maneira que o grupo escolheu; c) Analisar quais
foram os resultados da elaboração e distribuição desses materiais. Essa mesma
metodologia tem sido aplicada para os projetos que interagem como ensino-
-pesquisa e ensino-extensão.
O PFI baseia-se na leitura de artigos, resumos, livros e outros, na partici-
pação em palestras, oficinas e cursos. E, posteriormente, na elaboração de um
pequeno resumo, em que haja os pontos principais e as questões a serem levan-
tadas das atividades realizadas e postadas no Google Drive.
Dentre as atividades que são realizadas, temos “Elaboração de Materiais”,
como criação de livros e calendários, atualização de cartilhas e afins. Esse projeto
também trabalha de forma interligada com os projetos de extensão e pesquisa,
contribuindo com a produção de duas cartilhas, uma para o projeto “Hortas Ur-
banas” e a outra na construção de uma cartilha informativa, desenvolvida pelo
projeto “Levantamento dos agrotóxicos utilizados na agricultura convencional
às margens do Rio Leão, Laranjeiras do Sul – PR”.
O Plano de Formação Interno tem indicado resultados já alcançados dentro
do grupo, visto que os PETianos têm conseguido demonstrar maior domínio so-
bre os temas dos projetos nos quais estão inseridos e apontar sugestões e produ-
zir novos materiais. A leitura exigida e as constantes discussões têm promovido
uma melhoria e desenvoltura na escrita de alguns. Portanto, este trabalho teve
60

o objetivo de esmiuçar projetos de ensino acadêmico, demonstrar como estes


podem promover a autonomia e a emancipação dos indivíduos e como podem
contribuir para a transformação social.
Fica fácil perceber o quanto o ensino é necessário e faz parte da formação
do ser humano e de todas as suas habilidades. Desde a infância até a fase adulta,
no decorrer do caminho, vamos absorvendo conhecimento de todas as formas,
política, social, econômica, cultural e educacional. O acesso à educação de qua-
lidade pública e gratuita é assegurada pela constituição brasileira, porém, no
Brasil, nem todos têm acesso fácil a ela. No entanto, temos a obrigação de lutar
por um ensino público de qualidade. Assim, o ensino atinge diretamente e indi-
retamente a sociedade, de forma ampla, proporcionando um desenvolvimento
histórico, social, analista e crítico.

PALAVRAS-CHAVE

Educação; Inovação; Promoção; Competência; Construção.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 28 ed. São Paulo: Brasiliense,


Coleção Primeiros Passos, 1993.
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
OLIVEIRA-MARTINS, Guilherme. Europa – Unidade e diversidade, educação e
cidadania. Colóquio: Educação e Sociedade, 1992.
POMBO, Olga. Epistemologia da Interdisciplinaridade. Revista do Centro de
Educação e Letras, v. 10, n. 1, p. 9-40, 2008.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21 ed. São Paulo:
Cortez, 2000.
61

EXPERIÊNCIAS
DO ENSINO
A DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
POR MEIO DA EXTENSÃO

Autores(as):
Adriana Santos das Chagas, Cristina Colling Fockink, Jaíne Amaral
Pare, Daniele Drabeski, Cassiane Uliana, Luana Antonowicz de Souza,
Rivael de Jesus Oliveira1
Tutor:
Josimeire Aparecida Leandrini2
(PET Conexões de Saberes - Políticas Públicas e Agroecologia)

As universidades têm em sua matriz acadêmica o tripé: ensino, pesquisa e


extensão, a fim de tornar a formação um contexto amplo, ou seja, esta deve ex-
plorar todas as áreas do conhecimento científico por meio de multidisciplinari-
dade e interdisciplinaridade. Neste trabalho, falaremos sobre a extensão definida
por Rodrigues (2003) como um processo científico e educativo que articula a
pesquisa e o ensino em conjunto. De acordo com Chauí (2001, p. 35), a univer-
sidade deve ser considerada “uma instituição social. Isso significa que ela realiza
e exprime de modo determinado a sociedade de que é e faz parte. Não é uma
realidade separada, e sim uma expressão historicamente determinada de uma
sociedade determinada”. Com isso, a extensão na academia tem como papel so-
cializar o conhecimento trazido pelo ensino e gerado pelas pesquisas científicas
para a sociedade, promovendo o desenvolvimento regional de maneira susten-
tável e solidária.

1 PETianos(as) do grupo PET- Conexões de Saberes Políticas Públicas e Agroecologia, Universidade Federal da
Fronteira Sul, Campus – Laranjeiras do Sul / PR (e-mail: petuffs@gmail.com).
2 Tutora do grupo Conexões de Saberes Políticas Públicas e Agroecologia, Universidade Federal da Fronteira Sul,
Campus – Laranjeiras do Sul / PR (e-mail: josemeire.leandrini@gmail.com).
63

A extensão deve originar a troca de saberes entre a comunidade acadêmica


e externa, firmando relações sociais transformadoras como parte de soluções
de problemas, ou seja, a extensão universitária se configura como um proces-
so educativo e científico. Ao promovê-la, estamos produzindo conhecimento
de importância, de mão dupla, que viabiliza a relação transformadora entre a
universidade e a sociedade e vice-versa. Assim, são potencializadas as relações
entre a universidade e a comunidade regional, com o intuito de ampliarmos a
oferta de processos formativo-educativos, que, desde uma concepção dialógica
e popular de educação, contribuem para problematizar tais dilemas e apontar
possibilidades de mudança (FROTA, 2017).
O Programa de Educação Tutorial (PET), Conexões de Saberes Políticas
Públicas e Agroecologia da UFFS, Campus Laranjeiras do Sul – PR, oferece a
possibilidade aos seus integrantes de participarem de projetos que contenham
atividades de extensão, já que elas contribuem para a formação e utilizam o co-
nhecimento adquirido de maneira interdisciplinar para construir relações com a
natureza e com a sociedade, também contribuindo para a formação profissional,
pois instiga a necessidade de solução de problemas e ajuda no aperfeiçoamento
no modo de trabalhar em grupo/equipe. As atividades extracurriculares garantem
aos discentes vivenciar experiências não convencionais que favorecem a forma-
ção acadêmica e pessoal, as quais futuramente auxiliarão no envolvimento com
o mercado de trabalho e os programas de pós-graduação. O grupo PET conta
com os seguintes projetos de extensão: “Desenvolvimento de Hortas Urbanas/
Comunitárias, como Ferramenta contra a Insegurança Alimentar e Nutricional”;
o concurso de desenhos da Campanha Nacional Contra o Uso De Agrotóxicos
e pela Vida; ciclo de debates “Diálogo dos Saberes”; a participação na “Feira
Regional de Economia Solidária e Agroecologia (FESA)”; CinePET; Centro de
Documentação em Cooperativismo e Desenvolvimento Regional – Padre Ariz-
mendiarrieta (CEDOC). Sendo que alguns destes projetos abrangem a articula-
ção entre extensão e ensino.
Para melhor entender como estes projetos atuaram foram utilizados da-
dos contidos em resumos de eventos científicos, relatórios, ou notas publicadas
sobre os mesmos. O material analisado priorizou os anos de 2019 a 2020, onde
foram levantados dados qualitativos e quantitativos, que visa à compreensão da
significância de atividades de extensão perante a comunidade interna e externa
64

a UFFS e também como esta poderia interferir na formação profissional e social


dos acadêmicos.
No ano de 2019, o ciclo de debates “Diálogo dos Saberes” obteve, em suas
palestras e discussões, um total de 267 participantes certificados. Todas as ações
foram feitas de forma presencial. Já no ano de 2020, com o advento da pandemia
da covid-19, as palestras foram realizadas de forma on-line, como lives gravadas
e vídeos, os quais foram disponibilizados nas mídias sociais do PET. Com isso,
houve um aumento significativo de participações (visualizações). O vídeo “Saúde
mental em meio à pandemia da covid-19”, por exemplo, somou 480 visualizações.
Além disso, outro vídeo, “Hortas em pequenos espaços”, chegou a 500 par-
ticipações indiretas nas mídias sociais. Esse tema buscou incentivar a produção
de alimentos saudáveis, visando melhorar a alimentação e o aproveitamento de
pequenos espaços disponíveis nas residências. Até o mês de agosto, foram rea-
lizadas, também, formações sobre Aquaponia e oficinas sobre a importância do
correto preenchimento do currículo lattes, somando em torno de 115 nomes
para certificação. Por meio do incremento das plataformas digitais, ampliou-se
os horizontes de acesso, o que tornou possível contemplar um maior número de
pessoas especialmente da comunidade externa.
Em relação ao V Concurso de Desenhos, “O que vamos comer amanhã”, com
promoção da Campanha Nacional Contra o Uso De Agrotóxicos e pela Vida no
ano de 2019, foram contabilizados no projeto 282 escolas, entre os 23 municí-
pios pertencentes à região da Cantuquiriguaçu, no estado do Paraná. Foram re-
alizadas palestras em sete escolas regionais e recebidos mais de 900 desenhos de
alunos da rede pública de educação de escolas de ensino primário, fundamental,
médio, CEEBJA e APAE. São dados que mostram que essa atividade contribui
para levar informação sobre os riscos e agravos provocados pelo uso agrotóxicos
à saúde. Os bolsistas e voluntários interagem com comunidade escolar, discutem
estratégias de apresentação, ouvem relatos de como escolas do campo enfrentam
problemas devido a intoxicação e pulverização.
O projeto CinePET promove eventos com sugestões de filmes e documen-
tários para debate, com o intuito de aprimorar habilidades analíticas, desenvolver
ponto de vista crítico e fomentar debates com assuntos ligados à sociedade (ra-
cismo, direitos humanos, violência entre outros). Até o momento, foram realiza-
das três edições do CinePET em 2020. O filme brasileiro “Bacurau”, que retrata
a desigualdade social, xenofobia, pobreza, violência no sertão nordestino; “O
65

Preço do Amanhã”, filme que teve como objetivo o debate sobre o sistema “ca-
pitalista” em uma sociedade futurista, tratando da desigualdade entre classes e
da democracia; e o filme “O Compasso de Espera”, que traz o preconceito racial
enraizado na sociedade. Os membros da sociedade que participaram trouxeram
elementos para discussão e abriram o convite para participação e um grupo de
consciência negra.
Já a Feira Regional de Economia Solidária e Agroecologia (FESA), é a prin-
cipal atividade de propaganda, comercialização de produtos agroecológicos e
formação em Agroecologia no território da Cantuquiriguaçu – PR e suas proxi-
midades. A participação nesse evento proporciona aos PETianos contato direto
com agricultores que comercializam sua produção, a organização de oficinas de
praticas agroecológica e tendo como ponto alto do evento é troca sementes en-
tre os agricultores e entres os povos da cidade. O compartilhamento de saberes
realizado é intenso entre os agricultores e participantes. Além disso, o dia conta
com apresentações artísticas.
Os projetos “Desenvolvimento de Hortas Urbanas/Comunitárias como Fer-
ramenta contra a Insegurança Alimentar e Nutricional” e “Centro de Documen-
tação em Cooperativismo e Desenvolvimento Regional - Padre Arizmendiarrieta
(CEDOC)” ainda não tiveram suas atividades de extensão realizadas devido ao
contexto de pandemia. O projeto de Hortas Urbanas/Comunitárias promoverá
a comunicação entre os PETianos e as comunidades carentes de Laranjeiras do
Sul, o CEDOC, conta com um vasto acervo produzido pelos movimentos sociais
sobre educação e materiais sobre cooperação e Agroecologia.
Portanto, este trabalho é uma tentativa de destacar como a extensão pode
contribuir para a formação acadêmica, trazendo elementos da comunidade re-
gional, o aperfeiçoamento da comunicabilidade entre educando e educador, entre
universidade e comunidade, possibilitando também aos acadêmicos extensionistas
a convivência com a realidade social e prática profissional. É necessário destacar
a importância da troca de saberes, conhecimentos culturais entre a universidade
e a comunidade externa, oferecendo a oportunidade de geração de conhecimento
e aperfeiçoamento das práticas sociais e comunitárias.
66

PALAVRAS-CHAVE

Troca de saberes; Formação; Atividades extensionistas; Interação.

REFERÊNCIAS

CHAUÍ, Marilena de Souza. Escritos sobre a universidade. São Paulo: Unesp, 2001.
FROTA, Mariângela Brum. A Extensão Universitária como Estratégia para o
Desenvolvimento Regional: O Caso da Universidade Federal Da Fronteira Sul -
Campus Cerro Largo. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Políticas Públicas).
Cerro Largo, RS: UFFS, 2017.
RODRIGUES, Marilúcia de Menezes. Revisitando a história – 1980-1995: A extensão
universitária na perspectiva do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das
Universidades Públicas Brasileiras. Revista Portuguesa de Educação, Braga, v. 2, n. 16,
p.135-175, 2003. Disponível em: <https://goo.gl/7er5Gr>. Acesso em: 12 de set. de 2020.
BENEFÍCIOS DA AÇÃO EXTENSIONISTA
DESENVOLVIDA PELO GRUPO PET MEDICINA
VETERINÁRIA/AGRICULTURA FAMILIAR

Autores(as):
Débora dos Santos Amancio1, Janaina Hillesheim1, João Vitor
Pchirmer2, Samoel Ricardo Maldaner1, Amanda Knorst Bellon2,
Daniela Hemsing1, Eloize de Souza1, Fabiana Rankrape1, Gabriela
Vasconcelos1, Guilherme Henrique Malinowski1, Heloísa Busatta1,
Maria Eduarda Artuso Schnorr2, Mariana Casagrande1, Mayara
Cristina Stumm1, Naiara Vitoria Ferreira
Cortes Koprovski1, Simone Menegotto
Tutor:
Karina Ramirez Starikoff3
(PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar)

A Extensão Universitária é uma prática muito antiga, portadora de vários


conceitos, mas que sempre está associada a um processo educativo, cultural e/ou
científico. Por meio dela, a universidade conecta-se inteiramente com a sociedade
na qual está inserida, os extensionistas levam conhecimento teórico e assistência
e, como uma via de mão dupla, adquirem experiências valiosas. Comunidade e

1 Bolsistas do grupo PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar. Universidade Federal da Fronteira Sul,
Campus – Realeza / PR (e-mails: contato.debs@gmail.com, janahillesheim2@gmail.com, samoel.maldaner@
gmail.com, hemsingdaniela@gmail.com, eloizedesouza@gmail.com, fabianarankrape@gmail.com, gabrielasa-
lete123@gmail.com, guilherme.malinowski@estudante.uffs.edu.br, heloisabusatta17@gmail.com, mariana.casa-
grande@estudante.uffs.edu.br, mayarastumm@gmail.com, vitoriakoprovski@gmail.com).
2 Voluntários do grupo PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar, Universidade Federal da Fronteira Sul,
Campus – Realeza / PR (e-mail: pchirmer@gmail.com, amandabellon34@gmail.com, maria-eduardaaschnorr@
hotmail.com, simone.menegotto3@gmail.com).
3 Tutora do grupo PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar, Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus
– Realeza / PR (e-mail:karina.starikoff@uffs.edu.br).
68

universidade, juntas, têm grande capacidade transformadora, pois, por meio des-
sa troca, criam projetos que se tornam imprescindíveis para o futuro e permitem
o envolvimento de segmentos ignorados da população, tornando-se potenciais
redutores da desigualdade e exclusão social (NUNES, 2011).
Dentre os pilares do Programa de Educação Tutorial – PET, juntamente
com o ensino e a pesquisa, o programa colabora para a formação de cidadãos,
estimulando concepções críticas e o profissionalismo interdisciplinar (BRASIL,
2010). As atividades extensionistas permitem a associação da teoria, muitas ve-
zes subjetiva, com a prática, por meio do contato direto dos alunos com a rea-
lidade enfrentada pelos setores da sociedade, incluindo situações positivas e de
dificuldades. Com isso, as universidades cumprem seu papel, sendo transmisso-
ras de conhecimentos e formadoras de profissionais aptos a atuarem no mundo
(NUNES, 2011).
O PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar está localizado no Sudoeste
do Paraná, região onde a bovinocultura de leite é predominante, porém, 71,58%
das propriedades são da agricultura familiar (IBGE, 2006), que apresenta difi-
culdades maiores, devido à baixa disponibilidade de investimentos e tecnologias.
Nesse contexto, este PET tem atuado na qualidade do leite e sustentabilidade
em propriedades pertencentes a agricultura familiar, com ações para melhorar a
qualidade nutricional e microbiológica do leite produzido nas propriedades. As
propriedades assistidas foram selecionadas por alguns requisitos, como serem
de agricultura familiar, pequenos produtores e que têm a produção de leite como
principal forma de renda econômica.
Após a escolha da propriedade, era realizada uma visita para levantamento
de todas as informações necessárias para montar um plano de ações. Neste con-
tinha todos os problemas e pontos positivos encontrados, ações corretivas que
seriam necessárias e metas a serem atingidas em curto, médio e longo prazos.
Nessa visita, eram verificados todos os requisitos importante e de impacto direto
ou indireto na produção, podendo-se citar a qualidade do processo de ordenha,
higienização dos equipamentos, condições sanitárias e nutricionais dos animais,
disponibilidade e organização de sua alimentação, criação das bezerras, mão de
obra disponível, condição financeira para investimentos, entre outros.
Com os dados básicos disponíveis, buscava-se meios para aplicar as infor-
mações presentes no plano de ações, incentivando, dessa maneira, os alunos a
69

buscarem novos conhecimentos e métodos eficientes e didáticos para repassar


as orientações aos produtores.
As visitas nas propriedades eram realizadas mensalmente, conforme a dis-
ponibilidade dos PETianos e dos produtores, e duravam de duas a seis horas.
Em cada uma delas, era verificado se o produtor estava seguindo as orientações,
se estas estavam tendo o efeito esperado e se havia necessidade de mudanças de
metodologias.
Outras ações extensionistas também foram realizadas, como: “O fantásti-
co mundo da pesquisa”, que teve o objetivo de apresentar projetos de pesquisa,
ensino e/ou extensão desenvolvidos pelos docentes da Universidade Federal da
Fronteira Sul, Campus Realeza, além das aplicações e implicações desses serviços
na sociedade. Foram confeccionados vídeos para cada docente, os quais, poste-
riormente, foram postados nas mídias sociais; o “Cine Debate”, que teve como
objetivo discutir assuntos de relevância para a sociedade e que, por vezes, não
eram temáticas ministradas dentro do curso acadêmico, mas que estavam em
destaque nas mídias. A atividade ocorreu por meio de palestras, e foram convi-
dadas pessoas com experiência e conhecimentos sobre os assuntos abordados;
A “Mateada PET”, que, em 2020, foi realizada de forma on-line, por meio de um
concurso de fotografia com a temática do consumo de chimarrão. O objetivo foi
valorizar a cultura gaúcha. A votação e a seleção da imagem ocorreu por meio
da mídia social do grupo (Instagram), que foi premiada com um kit chimarrão.
A universidade deixou de ser um local que favorece somente o grupo que
circula dentro de sua infraestrutura. A presença da instituição também tem o
poder de gerar modificações, por intermédio da difusão do conhecimento, na
sociedade em seu entorno (BRANDALISE et al., 2013).
Os projetos de extensão permitiram aos alunos utilizar o conhecimento ad-
quirido em outras disciplinas da grade curricular ao mesmo tempo e, também,
permitiram vivenciar a futura profissão, com o amparo dos professores e da uni-
versidade. Aos produtores, a assistência técnica traz como benefícios a melhoria
na qualidade do produto produzido – o que também afeta a população que vai
consumir esse produto –, a adequação às normas de produção, o aumento na
produtividade, a melhoria econômica do negócio e até as melhorias na qualidade
de vida do produtor e de sua família.
70

PALAVRAS-CHAVE

Bovinocultura de leite; Sociedade; Desenvolvimento rural; Formação


acadêmica.

REFERÊNCIAS

NUNES, Ana Lúcia de Paula Ferreira et al. A extensão universitária no ensino superior
e a sociedade. Mal-Estar e Sociedade, v. 4, n. 7, p. 119-133, 2011.
BRANDALISE, Loreni Teresinha et al. O papel social da universidade no preparo
profissional: uma pesquisa junto aos egressos de administração da UNIOESTE-
Cascavel. Revista Gestão Universitária na América Latina-GUAL, v. 6, n. 1, p. 176-
196, 2013.
BRASIL. Portaria Nº 976, de 27 de julho de 2010. Portaria MEC nº 591, de 18 de junho
de 2009, com as alterações da Portaria MEC nº 975, de 27 de julho de 2010. Diário
Oficial da União, Brasília, 2010. Disponível em: <http://sigpet.mec.gov.br/docs/
Portaria_976_2010.pdf>. Acesso em: 03 set. 2020.
IBGE-INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo
Agropecuário. Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA. 2006. Disponível
em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1267#resultado>. Acesso em: 07 set. 2020.
PET EM MOVIMENTO, UMA BUSCA POR UM
ENSINO POPULAR DE QUALIDADE

Autores(as):
André Lira, Jeann Medeiros, Milena Stefani1
Tutor:
Thiago Ingrassia Pereira2
(PET Práxis)

O presente trabalho irá tratar de um dos projetos de grande relevância ao


longo da existência do Programa de Educação Tutorial da Universidade Federal
da Fronteira Sul, Campus Erechim. Inicialmente, o projeto teve o nome “PET
em debate”, que, por meio de atividades bimestrais e ou trimestrais, promovia
debates sobre temas complementares à licenciatura. Entretanto, no ano de 2018,
o grupo percebeu a necessidade de remodelar o programa, buscando ampliar as
discussões. O PET em debate se esgota à medida que sente a urgência em abrir-
mos o projeto a toda a comunidade acadêmica.
Foi criado, então, o atual PET em movimento, que articula ensino, pes-
quisa e extensão e tem como objetivo proporcionar um espaço de diálogo com
temas e discussões emergentes dentro da comunidade em geral, articulados à
educação popular, visando “criar uma ponte” entre O PET e os universitários
e sujeitos sociais. Assim, intenciona proporcionar discussões e reflexões acerca
da Educação Popular, pretendendo viabilizar um espaço mais amplo e inclusi-
vo dentro da universidade, tanto para a comunidade universitária quanto para
a regional. Ademais, fomentar a importância da inclusão e da permanência de

1 Bolsistas do grupo PET Práxis, Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus – Erechim / RS.
2 Tutor do grupo PET Práxis, Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus – Erechim / RS (e-mail: thiago.in-
grassia@uffs.edu.br).
72

universitários de origem popular, em especial dos cursos de licenciatura da UFFS


– Campus Erechim.
Para isso, o projeto organiza ações afirmativas por uma semana, observando
alguma temática emergente no âmbito cultural, político e ou científico, fazendo
atividades como roda de conversa, atividades culturais, Cine Debate. O PET em
Movimento busca, em si, construir um espaço de diálogo acadêmico e político
dentro do Campus Erechim UFFS, incentivando o envolvimento entre diferen-
tes sujeitos sociais e universitários. O projeto, em sua avaliação, que é contínua
e processual, ocorre por meio de diálogo entre os grupos de pesquisa e extensão
parceiros, assim como todos os envolvidos nas “rodas” e demais atividades. Atu-
almente, o projeto, assim como o Grupo PET, entende a necessidade de uma ini-
ciativa, mesmo que de forma experimental, uma vez que o isolamento social, por
causa da pandemia, é uma novidade para todos. É preciso manter as atividades,
realizando-as da melhor forma possível, manter em foco o ensino, a pesquisa e
a extensão. Sendo assim, o projeto PET em Movimento permanece em agenda,
em forma remota, on-line.

PALAVRAS-CHAVE

Pesquisa; Extensão; Espaço de diálogo; Inclusão.

REFERÊNCIA

GRUPO PRÁXIS. PET/Conexões de saberes, 2020. Página inicial. Dispo-


nível em: <https://petconexoesdesaberes-uffs.blogspot.com/>. Acesso em: 12 de
set. de 2020.
PET EM MOVIMENTO, UMA BUSCA POR UM
ENSINO POPULAR DE QUALIDADE

Autores(as):
Cintia Maria Vicente, Dara Manoelli Cecon, Débora Laís da Rosa,
Nilson Júnior Arruda1, Mary Stela Surdi2,
Solange Labbonia3, Valdir Prigol4
Tutor:
Eric Duarte Ferreira5
(PET Assessoria Linguística e Literária)

O contexto pandêmico pode ter limitado muitos dos nossos recursos para
execução de atividades, porém nos motivou a encontrar formas de adaptar e
expandir nossos projetos, ampliando nossa visão e nos abrindo um leque de
possibilidades. Se por um lado nos falta o calor humano do contato com a co-
munidade acadêmica, por outro passamos a pensar numa forma de atingir ainda
mais pessoas, ir além dos cursos de Letras e Pedagogia, extravasar a academia
e, de forma efetiva, estender o conhecimento à comunidade externa. Alguns de
nossos projetos precisaram ser novamente moldados, e novos projetos já foram
pensados levando em consideração o isolamento social. Projetos como Contação
de Histórias e CINE Sudaca, que já estavam sendo executados, foram ajustados, e
novos projetos, como o Circuito de Oficinas, Clube de Leitura Travessia e o Gru-
po CON.T.R.A.C.A.P.A (Conjunto Teatral de Rompimentos Artísticos Criativos

1 Bolsistas do grupo PETCiências, Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus – Chapecó / SC (e-mail: cintia-
vicenteuffs@outlook.com, daracecon@gmail.com, deboralais.rosa@gmail.com, juniordarruda@gmail.com).
2 Professora do Curso de Letras e de Pedagogia da UFFS Chapecó (e-mail: stela@uffs.edu.br).
3 Professora do Curso de Letras da UFFS Chapecó (e-mail: solange.labbonia@uffs.edu.br).
4 Professor do Curso de Letras da UFFS Chapecó (e-mail: valdirprigol@uffs.edu.br).
5 Tutor do grupo PET Assessoria Linguística e Literária da UFFS Campus Chapecó (e-mail: eric@uffs.edu.br).
74

e Atrevimentos Processuais Amadores), surgem da necessidade de manter em


unidade os acadêmicos, para que se envolvam com atividades extraclasse, e de
possibilitar uma conexão com a comunidade externa interessada, divulgando a
literatura e fomentando a formação de leitores.
O projeto de Contação, orientado pela professora Mary Stela Surdi, é uma
iniciativa de levar para as escolas públicas autores nacionais e suas obras, com
teatro, brincadeiras e contação de histórias, sempre trazendo temas atuais com
uma abordagem infantil, contribuindo para a reflexão crítica dos ouvintes. De-
vido à pandemia, essa ação não foi realizada com o público infantil. Na situação
atual, as atividades foram organizadas para o meio acadêmico, com palestras e
debates de livros sobre o tema contação de histórias e suas metodologias.
O projeto CINE Sudaca, orientado pelo professor Eric Duarte Ferreira, une
os cursos de Letras e de Pedagogia, com o propósito de criar um público apre-
ciador do audiovisual Sul Americano. Pretende-se, a partir da atividade, mobi-
lizar o cinema como propulsor de debates e de rodas de conversa, despertando
no público a sensibilidade e a percepção da importância do audiovisual como
ferramenta crítica e de aproximação cultural. No momento atual, essa ação será
realizada on-line, por meio de grupos em aplicativos e envio dos filmes, e os
debates serão feitos via Webex, abertos para a comunidade acadêmica em geral.
O Projeto Circuito de Oficinas, orientado pela professora Mary Stela Surdi,
tem como objetivo trazer aos discentes do curso de Pedagogia oficinas práticas
para aprimoramento das múltiplas linguagens e de como usá-las em sala de aula.
O trabalho seria feito presencialmente nos dois semestres de 2020, entretanto, de-
vido à pandemia, precisamos repensar e adaptar o projeto, promovendo eventos
culturais que envolvam, além de estudantes do curso de Pedagogia, estudantes de
todos os cursos que queiram participar. Dessa forma, as oficinas poderão levar o
PET e o projeto ao conhecimento de toda a comunidade discente.
O Clube de Leitura Travessia, orientado pelo professor Valdir Prigol, com a
colaboração do Tutor e da professora Angela Derlise Stübe, é produto da deman-
da dos alunos quanto à necessidade de incluir mais literatura em nosso campus
e também ao desejo de expandir o gosto pela leitura, suscitar, assim, o debate
e aprimorar habilidades de leitura e de escrita dos participantes. O Travessia
foi pensado, também, como prevê o nome, como uma forma que encontramos
de “atravessar” o cenário em que vivemos, uma travessia em meio ao cenário
75

pandêmico, por meio da literatura; uma travessia, também, do leitor por entre
o mundo literário, o imaginário e a cultura.
A importância da leitura é inquestionável: como futuros docentes, pensamos
na literatura como a possibilidade de proporcionar um mundo além do físico,
uma cultura diferente da nossa, causar o desconforto e, assim, tirar as pessoas
do senso comum, fomentar o pensamento crítico, tão limitado em um mundo
imediatista e mecanizado, apresentando elementos que nos desloquem do que
já foi mapeado por nossas experiências. Esse é o nosso objetivo como futuros
docentes, valorizar o já conhecido, proporcionando contato com o diferente:

Em síntese, os objetos de educação e as práticas de ensino não podem ser sub-


missos aos interesses e às necessidades da pragmática. Levar esses interesses
em consideração é uma atitude que se justifica desde que a finalidade não seja
a de simplesmente satisfazê-los, mas sim de superá-los (BRITTO, 2012, p. 55).

Visando superar o senso comum e ampliar as competências dos partici-


pantes, o projeto também contará com oficinas destinadas à produção de textos
do gênero acadêmico, além da discussão e do debate sobre livros selecionados
pelos ministrantes – cada livro demandará pelo menos três encontros de 2h. Os
encontros acontecerão de forma on-line e serão espaço para cada pesquisador
explanar aspectos literários sobre o livro escolhido, instigando o debate dentre os
demais participantes. Como resultado, esperamos a ampliação do debate acerca
dos textos e a realização de exercícios de escrita.
O recém-criado Grupo CON.T.R.A.C.A.P.A conta com a orientação da
professora Solange Labbonia. O grupo buscará expandir os conhecimentos
dos participantes acerca da arte e da dramaticidade teatral. Atualmente, o gru-
po é composto por 10 acadêmicos, com encontros realizados semanalmente às
segundas-feiras, em horário noturno. Nessas reuniões semanais, temos a opor-
tunidade de discutir e de estudar sobre leituras teóricas e, de forma gradativa,
cessar a automatização de movimentos e ações corporais de forma a entender
sua linguagem e seu significado dentro do contexto teatral. Além disso, também
realizamos atividades práticas, transpondo a teoria e indo em direção à prática,
de uma forma muito proveitosa e de simples compreensão.
Pelo fato de nos encontrarmos em um contexto totalmente atípico, de pande-
mia e de isolamento social, muitas questões sobre como levaríamos as atividades
76

foram surgindo ao longo do período de suspensão do calendário acadêmico da


UFFS. Até o presente momento, temos conseguido atingir satisfatoriamente nos-
so objetivo de adaptar os conteúdos e ações ao trabalho remoto.

PALAVRAS-CHAVE

Pensamento crítico; Expressão teatral; Leitura e escrita; Cultura sul-americana.

REFERÊNCIA

BRITTO, Luiz Percival Leme. Leitura e formação na educação escolar. Inquietudes e


Desacordos: a leitura além do óbvio. São Paulo: Mercado das Letras, 2012. p. 35- 62.
PETCIÊNCIAS NO CENÁRIO PANDÊMICO:
(RE)CONSTRUÇÃO DAS ATIVIDADES
DE EXTENSÃO

Autores(as):
Jonatan Josias Zismann, Cleiton Edmundo Baumgratz, Riceli Gomes
Czekalski, Leonardo Priamo Tonello, Karen Raffaely Rigodanzo
Teichmann, Mateus dos Santos Oliveira, Leticia Barbieri Martins,
Alessandra Nilles Konzen, Giordane Miguel Schnorr, Victória Santos
da Silva, Vanessa Cléia Palinski, Danieli Vitória Goetz Pauli, Gustavo
Bueno Pozzobon, Liandra Ruppenthal Cardoso1,
Graciela Paz Meggiolaro2
Tutor:
Roque Ismael da Costa Güllich3
(PETCiências)

O Programa de Educação Tutorial (PET), desenvolvido pelo coletivo PET-


Ciências da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Cerro Largo,
desenvolve atividades de extensão articuladas à tríade: ensino, pesquisa e exten-
são. Neste trabalho, iremos relatar e analisar o papel das ações ligadas ao eixo
extensão: “PETCiências vai à Escola”, “Curso Ciência”, “Ambiente e Formação” e
“Divulgação Científica em mídias sociais”.

1 Bolsistas do grupo PETCiências (PETCiências- SESu/MEC/FNDE), Universidade Federal da Fronteira Sul, Cam-
pus – Cerro Largo / RS (e-mails: jonatanzismann@gmail.com, cleitonbiobaumgratz@gmail.com, ricelicgbio@
gmail.com).
2 Professora colaboradora do grupo PETCiências, Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus- Cerro Largo/
RS (e-mail: gracipmegg@gmail.com).
3 Tutor do grupo PETCiências, Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus – Cerro Largo / RS (e-mail: bioro-
que.girua@gmail.com).
78

A ação denominada “PETCiências vai à Escola” está centrada na iniciação


à docência de licenciandos dos cursos de Ciências Biológicas, Física e Química,
movimento em que os licenciandos são destinados às escolas para alinhar o co-
nhecimento teórico à prática, com o auxílio de um professor supervisor da esco-
la e orientação integrada na UFFS pelo tutor e por professores colaboradores, a
partir dos referenciais: Educar pela Pesquisa (EP) e Ensino por Investigação (EI).
A principal ação do PETCiências vai à Escola é proporcionar a vivência escolar
e incentivar os licenciandos a desenvolverem aulas com diferentes metodologias,
as quais têm como objetivo estimular o conhecimento do aluno, possibilitando a
significação da compreensão em Ciências por intermédio de dinâmicas, leituras,
jogos didáticos, laboratórios, oficinas e Tecnologias da Informação e Comuni-
cação (TIC). As atividades de extensão são pensadas em prol da construção de
conhecimento científico teórico/conceitual e prático, que também viabiliza a
reflexão e a partilha de experiências desde o campo prático escolar.
Considerando a pandemia causada pela covid-19 e o cenário de adiamento
de aulas nas escolas de Educação Básica, ocorreu a necessidade de o programa
adaptar suas atividades extensionistas. As ações nas escolas foram realocadas,
fazendo uso de mídias sociais, compartilhando seus planos no FaceGrupo “Ciên-
cias na Escola”, Projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação
em Ensino de Ciências (PPGEC), que é um projeto de extensão que enfatiza o
diálogo formativo entre todos os níveis de ensino, contribuindo para o alcance
de mais professores e licenciados da área, possibilitando uma troca mútua de
conhecimentos e experiências. Atualmente participam do grupo 1.500 pessoas.
Na ação “PETCiências vai à Escola”, os PETianos organizam planos de ensino
com diferentes metodologias, auxiliando os professores em seus planejamentos.
Após o desenvolvimento dos planejamentos, estes são também postados/compar-
tilhados no Facegrupo Ciências na Escola, dando mais visibilidade ao processo,
atingindo, assim, a dinâmica da formação docente e inúmeras escolas do Brasil
todo. A extensão universitária é um dos caminhos para desenvolver uma forma-
ção acadêmica completa, pois possibilita integrar a teoria e a prática por meio
da comunicação, propiciando uma troca de saberes. Quando tratamos de cursos
de licenciatura, a extensão permite o contato direto para o desenvolvimento da
prática docente, aproximando os licenciandos de metodologias de ensino que
potencializam sua formação acadêmica (MANCHUR; SURIANI; CUNHA, 2013).
79

Além da iniciação à docência, o PETCiências tem desenvolvido o Curso


de Extensão “Ciência, Ambiente e Formação”, que tem como objetivo envolver
e integrar a área da Ciências da Natureza (CNT), norteado pelo embasamento
teórico da IFA, por meio de encontros de uma comunidade autorreflexiva de
aprendizagem (ALARCÃO, 2010). Para o desenvolvimento do curso, realizamos
atividades que contribuem para a formação inicial e continuada de professores de
Ciências e que estejam direcionadas a interessados da comunidade em geral. Os
encontros são realizados mensalmente na UFFS, Campus Cerro Largo, entretan-
to, no contexto da pandemia, estão sendo realizados virtualmente, por meio de
lives na rede social Facebook, na fanpage oficial do PETCiências: <https://www.
facebook.com/PetCiencias>. Contudo, o propósito vigente para o curso perma-
neceu, visando proporcionar um meio fortalecedor para a formação científica
dos professores em formação (inicial e continuada), bem como da comunidade
ampliada/participante.
A terceira atividade de extensão destacada refere-se à divulgação científica
nas mídias sociais, que surgiu devido à grande preocupação da população na
busca descontrolada de informações relacionadas à pandemia da covid -19, por
causa do grande número de fake news existentes. O programa utilizou os espa-
ços midiáticos para cumprir seu papel social, político, científico e educacional,
uma vez que as fake news vêm tomando espaço dentre as mídias digitais e tendo,
assim, grande repercussão, o que pode ser desastroso, já que grande parte da
população não é alfabetizada cientificamente, ou seja, não consegue enxergar o
mundo pelos óculos da ciência (CHASSOT, 2003), acreditando em tudo que lê
ou escuta, sem questionar as verdades/certezas postas.
Esses diálogos buscam integralizar a divulgação científica com possíveis
contribuições em diferentes áreas de atuação da realidade/contexto pandêmico,
possibilitando aos visualizadores novas perspectivas. Além disso, a utilização de
textos que visam à divulgação científica pode ser um recurso didático para os
professores explorarem novas metodologias de trabalho (ROCHA, 2012). Sen-
do assim, buscamos ferramentas hiperculturais de fácil acesso da população, a
fim de propiciar conteúdos condizentes com o rigor científico e as propostas do
grupo, em atenção especial ao tema central do PETCiências: Meio Ambiente e
Formação de Professores. Disponibilizados no blog (petciencias.blogspot.com),
Instagram (@pet_ciencias) e Facebook (facebook.com/PetCiencias).
80

Essas matérias compartilhadas em nossas redes sociais são elaboradas indi-


vidualmente pelos PETianos; cada um escreve sua produção a partir de leituras,
aprofundamentos teóricos e temas de seu interesse, relacionados ao ensino, à
Ciência, à saúde, ao meio ambiente e à sociedade. Neste momento de pandemia,
baseando-se em fontes e linguagens adequadas, porém de fácil compreensão.
Isso possibilita aos alunos de graduação oportunidades no aprimoramento de
sua formação acadêmica e pessoal (BRASIL, 2006).
Destacamos entre as matérias as seguintes temáticas: cuidados básicos para
diminuir a curva de contágio, bem como o avanço de casos confirmados no Brasil,
comparados a outros países do mundo; a relação entre ambiente, biodiversidade
e coronavírus, com reflexões da degradação ambiental e o surgimento de novas
doenças; a relação da origem do coronavírus com a xenofobia; a importância do
uso correto e como preparar a máscara; o cuidado com a saúde mental em tem-
pos de pandemia; as perspectivas e entraves do ensino remoto no cenário atual;
a educação em saúde por meio do livro didático e, por último, mas não menos
importante, uma proposta de entretenimento e conhecimento apresentando uma
ferramenta que permite, de forma virtual, visitar os mais importantes museus
do Brasil e do mundo.
Além das matérias que são sempre textualizadas, o PETCiências também
realiza entrevistas com profissionais de diferentes áreas do conhecimento, cujos
temas estão voltados à pandemia da covid-19. Destacamos a participação de
um professor e pesquisador da Universidade Pedagógica Nacional de Bogotá,
Colômbia – CO, que, em sua fala, tratou de questões essenciais ao que estamos
vivendo. No Dia do Enfermeiro, para parabenizarmos esses profissionais que
estão ajudando a combater a pandemia na linha de frente, decidimos fazer uma
entrevista com um enfermeiro que expôs a importância de ficarmos em casa para
a diminuição do contágio do vírus. E diversas outras temáticas que nos permi-
tem refletir e entender sobre este momento.
Portanto, mais que propiciar a experiências dessas ações de extensão entre
licenciandos, professores e comunidade, reiteramos a importância do PETCi-
ências nas atividades produzidas, nos mostrando que as mídias sociais são nos-
sas aliadas neste momento de pandemia. E que, por mais desafiadora que seja
lidar com a divulgação científica e a iniciação à docência dos licenciandos neste
momento de aulas remotas, o resultado é gratificante quando existe retorno da
população envolvida.
81

PALAVRAS-CHAVE

Formação Inicial; Interdisciplinaridade; Extensão; Ensino Remoto; Mídias


sociais.

REFERÊNCIAS

ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 7 ed. São Paulo:
Cortez, 2010.
BRASIL, Secretaria de Educação Superior. Programa de Educação Tutorial-PET:
Manual de Orientações Básicas. Brasília: SEB, 2006.
CHASSOT, Attico. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social.
Revista Brasileira de Educação, n. 22, p. 89-100, 2003.
MANCHUR, Josiane et al. A contribuição de projetos de extensão na formação
profissional de graduandos de licenciaturas. Revista Conexão UEPG, v. 9, n. 2, p. 334-
341, 2013.
ROCHA, Marcelo Borges. O potencial didático dos textos de divulgação científica
segundo professores de Ciências. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia,
v. 5, n. 2, 2012.
Organizadores(as) Diagramação
Cleiton Edmundo Baumgratz, Leonardo Priamo COMUNICA (Agência de Comunicação EIRELI)
Tonello, Graciela Paz Meggiolaro, Roque Ismael da
Costa Güllich Capa
Jonatan Josias Zismanne e
Revisão dos textos Karen Raffaely Rigodanzo Teichmann
COMUNICA (Agência de Comunicação EIRELI)
Formato do e-book
Projeto Gráfico PDF
Mariah Carraro Smaniotto

D532 10 anos PET UFFS: novos desafios, outras perspectivas / Cleiton


Edmundo Baumgratz (org.) … [et al.]. – Cerro Largo, RS : [s.n.],
2020.
61 p. : il.

ISBN: 978-65-86545-30-2 (PDF)


978-65-86545-41-8 (impresso)

1. Educação 2. Inovação pedagógica 3. Prática de ensino 4.


Extensão universitária I. Baumgratz, Cleiton Edmundo (org.)

CDD: 370

Ficha catalográfica elaborada pela


Divisão de Bibliotecas – UFFS
Franciele Scaglioni da Cruz
CRB - 14/1585

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