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1.

0 - INTRODUÇÃO

Solução tampão é aquela capaz de resistir a variações bruscas de pH. Em geral, são
compostas por um ácido fraco e sua base conjugada, ou por uma base fraca e seu ácido
conjugado. O cenceito de solução tampão surgiu à partir de estudos voltados à análise
bioquímica, quando em diversas situações se fazia necessário manter em índice constante, o
pH das amostras de estudo. Materiais biológicos, como proteínas, enzimas e vitaminas, têm
suas atividades muito sensíveis a mudanças de pH, sofrendo o efeito de desnaturação e,
inatividade.

Em 1900 por vias experimentais, Fernbach e Hubert descobriram em um de seus


estudos com a enzima amilase, que uma solução fraca de ácido fosfórico, parcialmente
neutralizada, resistia a alterações de acidez e basicidade, com alto grau de eficiência. A esse
comportamento de estabilização hidrogeniônica de uma solução deu-se o nome de "ação
tamponante", por evitar elevadas alterações no pH.

Partindo desses conhecimentos, em 1904 Fels definiu a associação de ácidos fracos


e/ou bases fracas, com seus respectivos sais, vinculada a ação tamponante de uma solução,
de cuja acidez ou basicidade, não era influenciada por focos de impureza ácida ou básica do
solvente, ou dos sais utilizados no preparo.

A partir da necessidade de se expressar em índices numéricos, o nível de acidez ou


basicidade de uma solução, Sørensen em 1909 introduziu o conceito de pH (potencial
hidrogeniônico), como sendo a escala com valores dentro do intervalo [1, 14] que expressa o
caráter químico das soluções. Dentro dessa escala, uma solução neutra apresenta pH 7.
Soluções ácidas apresentam valores inferiores a 7, e soluções básicas, valores superiores.
Ainda nesse ano, Henderson indicou a importante função do íon bicarbonato, na
manuntenção do pH sanguíneo, cuja sua concentração pode ser definida matematicamente,
pela expressão a seguir:

[H+] = K [ H2CO3 ]/ [HCO3-]

A constante K representa o equilíbrio da primeira ionização do ácido carbónico, e nos


remete ao equilíbrio químico de quaisquer espécies químicas. Trata-se de uma constante
adimensional, dependente da temperatura do sistema. Para a temperatura corporal, está
invariável para 37 °C, já para considerações da temperatura ambiente, está constante para
25 °C. Os valores são predefinidos. Com base nesse conhecimento constatou-se que o íon
bicarbonato, em razão constante, previne contra as variações no pH sanguínea, o qual
poderia ser influenciado pela alimentação e pelos próprios mecanismos metabólicos do
organismo. O sangue está tamponado em torno de 7.3 - 7.8 na escala de pH. E uma simples
alterações de 0.4 seria o suficiente para ocasionar disfunções enzimáticas ou protéicas.

Em 1916, Hasselbach redefiniu a equação de Henderson em termologia logarítmica,


simplificando sua aplicação para as diversas áreas da quimica.

pH = - pKa + logo [ HCO3-]/ [H2CO3]

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2.0 - OBJETIVO

- Preparar solução de hidróxido de sódio (NaOH) e comprovar a concentração da


solução padrão de ácido acético (0.5 mol/L) por meio da titulação ácido/base.

- Preparar solução-tampão, de pH = 6.86, à partir da solução de ácido acético (0.002


mol/L), e comprovar acurácia dos resultados, via método instrumental.

3.0 - MATERIAIS E REAGENTES

- 03 Balões volumétricos de 100 mL;

- 02 Pipetas de Pasteur;

- 02 Pipetas graduadas de 10 mL;

- 01 Pêra de borracha;

- 01 Balança semi-analítica;

- 01 Bureta de 25 ml;

- 01 Suporte universal com Garra;

- Ácido acético glacial (CH3COOH);

- Hidróxido de sódio (NaOH);

- Água destilada;

- Fenolftaleína (C2H14O4).

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4- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

l- Inicialmente tencionou-se preparar uma solução de ácido acético, a 0.5 mol/L. Para
tanto, introduziu-se em um balão volumétrico de 100 mL, 2.86 mL de ácido acético
concentrado. Preenchendo-de até o menisco, o volume restante com água destilada, até o
volume total de de 100 mL do balão volumétrico;

II- Em seguida, a partir da solução de 0.5 mol/L, uma segunda solução foi preparada,
a 0.002 mol/L. Para a nova concentração, foram pipetados 0.4 mL da primeira amostra,
preenchendo o volume total até o menisco com água destilada;

III- Em um béquer de 50 mL preparou-se uma solução de hidróxido de sódio, a 0.02


mol/L. Transferindo-se 20 mL da solução para um balão volumétrico.

IV- Realizou-se a titulação da solução de hidróxido de sódio, à partir da solução


padrão de ácido acético, aferida na bureta. Os cálculos foram feitos para averiguar a
validade dos resultados referentes a concentração do titulante;

V- À partir da solução de ácido acético a 0.002 mol/L, preparou-se a solução-


tamponante. Para tal, adicionou-se uma massa de 3.5848 g de acetato de sódio (C2H3NaO2),
em 100 mL da solução de ácido acético (0.002 mol/L);

VI- Avaliou-se em pHâmetro o pH da solução-tampão.

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5- RESULTADOS E DISCUSSÕES

Cálculo da solução de ácido acético (0.5 mol/L)

Para o preparo da solução de ácido acético, a 0.5 mol/L, considerou-se inicialmente


valores tabelados da massa molar do respectivo ácido, em estado puro. Por associação
matemática da massa, em gramas, e a molaridade das soluções, definiu-se a massa, expressa
em gramas, correspondentes a 0.5 mol do composto.

X = 3.0 g
X g .................. 0.5 mol
60 g .................. 1 mol

eq. 1.0.1

Como se trata de uma solução, devemos considerar o volume a ser aferido. Para isso,
tomemos conhecimento da equação que define a densidade, bem como o valor da
constante que representa a densidade do ácido acético glacial:

ρCH3COOH = 1.05 g/cm³


V = 2.86 mL
V = 3.0 g/ 1.05 (g/ml)
V = m/ρ
ρ = m/V

eq. 1.0.2

Para pureza de 99.7% do composto, o valor exato a ser considerado seria:

X = 2.9 mL
X ................................ 100%
2.86 ................................ 99.7%

eq. 1.0.3

Desta forma, 2.9 mL de ácido acético foi adicionado no balão volumétrico de 100 mL.
Um volume adicional de água destilada foi introduzido até o menisco para o preenchimento
total da solução. A amostra foi isolada para a etapa seguinte.

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Cálculo da solução de ácido acético (0.002 mol/L)

Para determinar o volume de ácido acético a ser retirado da solução a 0.5 mol/L.
Recorreu-se ao cálculo de correlação entre a concentração e o volume inicial C1, V1,
respectivamente, e a concentração e o volume final, C2, V2. A exemplo do caso, as
concentrações já estavam definidas, simplificando o cálculo, e permitindo relacionar as
informações ao valor desconhecido que precisávamos descobrir.

V1 = 0.4 mL
0.5 • V1 = 0.002 • 0.1
C1 • V1 = C2 • V2

eq. 1.0.4

Cálculo da solução de hidróxido de sódio 0.02 mol/L

Para a realização da prática, a solução de hidróxido de sódio, a 0.02 mol/L, já estava


previamente pronta para o uso, contudo, para termos de esclarecimento, será demonstrado
como a solução poderia ser definida, caso fosse necessário.

Determinou-se, inicialmente a massa, expressa em gramas, necessária para a


molaridade de 0.02 mol. Como segue adiante, mais uma vez aplicou-se uma simples lógica
matemática para correlacionar as variáveis e determinar o termo incógnito da equação, que
neste caso, se trata da massa do hidróxido de sódio puro.

mmNaOH = 40 g/mol
X = 0.8 g
0.002 mol NaOH ................ X g
1 mol NaOH ................. 40 g

eq. 1.0.5

Admitindo-se um volume de 100 mL, a proporção do reagente estaria para o


quociente da massa:

X = 0.08 g de NaOH
X = 80 g • mL / 1000 mL
X g NaoH .................... 100 mL
0.8 g NaOH .................... 1000 mL

eq. 1.0.6

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Determinacao da acurácia da concentração de ácido acético (0.5 mol/L)

A fim de se comprovar experimental a real proporção do ácido acético, realizou a


titulação da base, a 0.02 mol/L, com o ácido padronizado a [0.5 mol L]. O volume do titulante
consumido no processo até o ponto de equivalência, foi 1.3 mL.

C2 = 0.308 mol/L
0.02NaOH • 20 = C2 • 1.3CH3COOH
C1 • V1 = C2 • V2

eq. 1.0.7

Obs: Como sugerido pelo cálculo, a solução não estava precisamente padronizada a 0.5
mol/L. Contudo, cabe ressaltar que, o experimento foi executado uma única vez, e que
talvez erros do operador ou do equipamento possam ter influenciado na credibilidade dos
resultados, deixando passar um volume do titulante, superior ao ponto de equivalência.
Entretanto, para fins experimentais, o erro será admitido.

Preparo da solução-tampão

pH(desejado) = 6.86

Ka(CH3COOH) = 1.8 • 10-5

Para determinar a massa de acetato de sódio necessária para tamponar a solução de


ácido acético a 0.002 mol/L recorreu-se à equação de Hasselbach.

[ CH3COO- ] = 0.2636 mol/L


10^2.12 = [ CH3COO- ]/ 0.002 mol/L
2.12 = log [ CH3COO- ]/0.002 mol/L
6.86 = 4.74 + log [CH3COO-]/0.002 mol/L
pH(CH3COOH) = 4,74
pKa(CH3COOH) = - log 1.80 • 10-5
pKa = - log Ka
pH = pKa + log [ CH3COO-]/[CH3COOH]

eq. 1.0.8

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A partir da concentração obtida para o íon acetato, realizou-se o cálculo para
determinar a massa correspondente à sua proporção em base molar. Para tanto, bastou
equacionar a sua molaridade em função do volume (eq. 1.0.9), e sua massa em função da
m = 3.5849 g
proporção molar (eq.1.2.0), admitindo mmC2H3NaO2•3H2O = 136 g/mol.
X = 0.02636 mol/L
m = 0.2636 • 136 • 0.1
X = 26.36 mol/ 1000 mL
X1000 = 26.36 mol m = C • mm • V
X mol ................... 100 mL C = m/mm • V
0.2636 mol .................. 1000 mL C = n/V

eq. 1.0.9 eq. 1.2.0

Desta forma, a solução-tampão foi preparada, a partir dos valores obtidos. Contudo,
seu pH não pôde ser determinado mediante método instrumental, pois o pHâmetro do
laboratório estava em processo de manuntenção. Todavia, como constatado visualmente, a
solução tamponada resistiu efetivamente a variações de pH, sob estabilização na coloração
sinalizada pela adição do indicador fenolftaleína.

6- CONSIDERAÇÕES FINAIS

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