Definição das diferentes formas de tributação das atividades comerciais e seus impactos
contábeis.
PROPÓSITO
Compreender o conceito e a importância das diferentes formas de tributação das atividades
comerciais para o cálculo correto margem de lucro da empresa e decisões acerca de seu
funcionamento.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos recursos computacionais, com acesso
a planilhas eletrônicas (Excel) e calculadora, visando efetuar o cálculo das questões.
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OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 4
INTRODUÇÃO
A tributação de uma empresa afeta as suas demonstrações contábeis e o seu resultado
financeiro. É fundamental para a tomada de decisão que a empresa conheça as suas formas
de tributação.
Para compreender como uma empresa é tributada, você precisará conhecer os diferentes tipos
de tributos, tanto federais como estaduais e municipais, bem como os tratamentos contábeis
para esses tributos e os possíveis créditos por eles gerados. /
Os principais tributos que serão estudados neste conteúdo são: o Imposto de Renda e a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (competência federal), o Imposto sobre Circulação
de Mercadorias (competência estadual) e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza
(competência municipal).
MÓDULO 1
CONCEITO DE TRIBUTO
Tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas precisam pagar tributos, taxas, impostos e
contribuições.
Fonte: Shutterstock.com
O conceito de tributo está regulado no artigo terceiro da Lei 5.172/1996 (Código Tributário
Nacional), que o define como “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir, que não constitua de ato ilícito, instituída em lei cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada”. Ou seja, o tributo é caracterizado como “toda
prestação pecuniária compulsória” que o poder público estabelece.
TAXAS
Já as taxas são diferentes dos impostos, pois é necessário que estejam vinculadas à prestação
de um serviço público específico, como é o caso da taxa de emissão de um passaporte ou a
taxa de coleta de lixo.
Em muitos casos, nenhuma taxa é devida pelo contribuinte se ele não utiliza o serviço público
específico em questão. Por exemplo, se um contribuinte não possui um veículo, então, não
precisa pagar a taxa de licenciamento anual, ou se um contribuinte não possui um passaporte,
não precisou pagar a taxa de emissão de um passaporte.
CONTRIBUIÇÕES
As contribuições, por sua vez, são utilizadas de forma não sistemática pelo governo. Por
exemplo, embora a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido tenha a palavra “contribuição”
em seu nome, muitos autores a definem como imposto, pois as contribuições, assim como as
taxas, normalmente são relativas a um serviço específico do governo (contribuições de
melhoria) ou a um propósito específico (como a contribuição do PIS/Pasep).
Antes de você conhecer os entes tributários brasileiros, vamos falar sobre dois conceitos muito
importantes para a correta apuração de impostos.
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O segundo é o fato gerador, ele que faz nascer a obrigação tributária.
Uma operação de câmbio é um dos fatos geradores do Imposto sobre Operações Financeiras,
e assim em diante.
Prestar atenção ao fato gerador é importante por dois motivos: primeiro ele gera (como diz o
próprio nome) a obrigação de se pagar o tributo. Em segundo lugar, normalmente as
legislações tributárias dão um prazo para a realização do pagamento do tributo, e este,
normalmente, é contado a partir do fato gerador. Por exemplo, o vencimento para o pagamento
de um imposto pode ser de 20 dias corridos após o último dia do mês em que ocorreu o fato
gerador. Então, se o fato gerador ocorreu em 12 de março, o pagamento do tributo deverá ser
recolhido até 20 de abril.
Fonte: Shutterstock.com
ENTES TRIBUTÁRIOS
No Brasil, os entes tributários são os que possuem a competência para cobrar impostos, taxas
e contribuições. Essas competências são estabelecidas de modo que certos impostos, taxas e
contribuições sejam exclusivos de certos entes.
EXEMPLO
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Nos EUA existe a figura do Imposto de Renda Federal, assim como no Brasil, mas também há
os Impostos de Renda Estaduais e, em alguns locais, o Imposto de Renda Municipal. No Brasil,
isso seria ilegal, pois a competência para a cobrança de Imposto de Renda é apenas do ente
federativo, ou seja, da União (governo federal), e, portanto, estados e municípios não poderiam
instituir algum tipo de imposto cuja base de cálculo seja a renda.
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COMPETÊNCIAS DOS ENTES TRIBUTÁRIOS
Imposto de Importação (II), que tem como fato gerador a entrada de produtos do exterior
em território nacional;
Imposto de Exportação (IE), que tem como fato gerador a saída de produtos nacionais do
território nacional;
Imposto de Renda (IR), que tem como fato gerador a aferição de renda por pessoa física
(IRPF) ou a existência de lucro na Pessoa Jurídica (IRPJ);
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que tem como fato gerador a produção de
bens industrializados;
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que tem como fato gerador operações
financeiras específicas;
Imposto Territorial Rural (ITR), que tem como fato gerador a propriedade de imóvel fora
do perímetro urbano;
Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), que, embora tenha previsão legal, ainda não foi
regulamentado;
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Contribuições (como CSLL, PIS/PASEP, COFINS, CIDE, etc.), cada uma com seus fatos
geradores específicos.
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que tem como fato gerador
a circulação (ou seja, a venda) de produtos em geral dentro do território nacional, da
importação de produtos do exterior e de serviços específicos;
Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), que tem como fato gerador a
transmissão de bens por falecimento ou por doação;
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), que tem como fato
gerador a propriedade de veículos automotores.
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que tem como fato gerador a propriedade de
imóvel dentro do perímetro urbano;
Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que tem como fato gerador a compra
e venda de bens imóveis.
Imposto sobre Serviços (ISS), que tem como fato gerador a prestação de serviços que
não estão enquadrados no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS);
Uma grande crítica que é feita a esse modelo de repartição de competências é o fato de que a
repartição dessas competências foi realizada em 1988, quando o cenário econômico era muito
diferente do atual.
Nos últimos anos, vêm crescendo a pressão para uma reforma tributária que simplifique a
tributação, a legislação e os recursos gastos para fazer a aferição dos impostos. Tal ganho
também poderia resultar numa simplificação da fiscalização pelos entes públicos.
Embora muitas propostas tenham sido ventiladas, até o momento não existe nenhuma que
unificasse o apoio no Congresso Nacional. Consequentemente, este tema focará apenas em
analisar os atuais tributos sem entrar em detalhes sobre possíveis modificações.
Para finalizar esta seção, é preciso entender que, na operação de uma empresa, muitos
impostos podem ser devidos ao mesmo tempo. Por exemplo, uma empresa ao vender um
produto, paga o ICMS, porém, caso possua lucro, também paga o IRPJ e a CSLL, além do
PIS/Confins e outros impostos, como IPVA e IPTU. Portanto, a empresa deve estar sempre
atenta ao pagamento desses impostos, a fim de não se envolver em problemas com o fisco.
Esse trabalho para as empresas de pequeno porte e as microempresas foi facilitado com a
implementação do Simples Nacional, que permite haver o recolhimento de diferentes tipos de
impostos em uma única guia. Você vai se aprofundar nos conhecimentos do Simples Nacional
no Módulo 3.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Os tributos são definidos como toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua de ato ilícito, instituída em lei cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.
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B) No Brasil, existem três tipos de tributos: os impostos, as taxas e as contribuições.
D) As taxas são diferentes dos impostos porque são vinculadas à prestação de serviço de um
ente público.
E) Os impostos são normalmente calculados a partir de uma porcentagem aplicada sobre uma
base de cálculo.
E) Embora tenha o nome de “Imposto” o “Imposto sobre Serviços”, mais conhecido como ISS,
se caracteriza como uma taxa do ente municipal.
GABARITO
De acordo com o artigo terceiro da Lei 5.172/1996, os tributos são definidos como toda
prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
constitua de ato ilícito, instituída em lei cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada. No Brasil, existem três tipos de tributos: os impostos, as taxas e as contribuições. O
ICMS é um imposto de competência do ente estadual e, portanto, não se enquadra como
contribuição. As taxas são diferentes dos impostos porque são vinculadas a uma prestação de
serviço de um ente público. Os impostos são normalmente calculados a partir de uma
porcentagem aplicada sobre uma base de cálculo.
MÓDULO 2
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IMPOSTOS MAIS COMUNS: IR, CSLL E
PIS/COFINS
IMPOSTO DE RENDA
O Imposto de Renda, devido tanto pelas pessoas jurídicas, quanto pelas físicas, é um dos
impostos mais conhecidos.
O IRPF é devido por todas as pessoas físicas que aferiram renda tributável além do limite de
isenção.
Por via de regra, toda renda é tributável a não ser renda de natureza indenizatória ou outros
tipos de renda tais como bolsas de estudo, poupança, dividendos etc. Caso a pessoa seja
empregada e tenha um contracheque, o imposto já é calculado automaticamente e o valor
deduzido do seu pagamento, caso contrário deverá emitir uma Guia do Carnê-Leão para o seu
pagamento.
No início de cada ano é feita a Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPF) e,
portanto, os valores da renda daquela pessoa de todo ano anterior (o ano-calendários) são
juntados, incluindo as deduções legais.
Assim é feita a base de cálculo do imposto para se verificar se a pessoa recolheu imposto a
maior ou a menor. Caso a pessoa tenha recolhido imposto, a maior é feita a devolução do
imposto de renda, caso o imposto tenha sido recolhido, a menor a pessoa deverá realizar o
pagamento da diferença entre eles.
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IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA
Nesse caso, é aplicado uma alíquota para compor a base de cálculo diretamente sobre o valor
da receita da empresa. Em regra geral, o setor de serviços tem uma alíquota de base de
cálculo de 32%, enquanto os outros setores têm uma alíquota de 8%.
EXEMPLO
No caso de uma empresa que faturou R$5.000.000,00 em um ano, ela pagaria IRPJ apenas
sobre uma base de cálculo de R$1.600.000,00, se fosse do setor de serviços, ou em cima de
R$400.000,00 se fosse de outros setores, como comércio.
Já no Lucro Real, a empresa teria que calcular o seu lucro líquido real (de acordo as regras
estabelecidas pela Receita Federal) e pagar o imposto sobre esse valor. Uma vantagem
tributária para o cálculo via Lucro Real ocorre para empresas que possuem margem de lucro
menor do que o arbitrado pelo Lucro Presumido.
SAIBA MAIS
Outra vantagem da tributação via Lucro Real é a possibilidade de compensar prejuízos. Por
exemplo, se uma empresa teve prejuízo de R$1.000.000,00 no ano 1 e lucro de R$800.000,00
no ano 2, ela não vai pagar IRPJ no ano 1 (pois não teve lucro, teve prejuízo) e nem no ano 2
(pois ela teve um prejuízo acumulado de R$200.000,00 nos dois anos).
Tanto no Lucro Real quanto no Lucro Presumido a alíquota do IRPJ é de 15% sobre a base
de cálculo, com adicional de 10% sobre a parcela do lucro que exceda R$20.000,00 no mês.
Tendo em vista que o valor de R$20.000,00 é bem pequeno para empresas de grande e médio
porte, é comum dizer que a alíquota IRPJ para fins práticos é de 25%.
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VAMOS CALCULAR ENTÃO: UMA EMPRESA DO
SETOR DE SERVIÇOS TEVE RECEITA BRUTA DE
R$8.000.000,00 E LUCRO DE R$3.500.000,00.
QUANTO ELA PAGARIA DE IR E DE CSLL SE
ELES FOSSEM APURADOS VIA LUCRO
PRESUMIDO? E VIA LUCRO REAL? QUAL SERIA
O MAIS VANTAJOSO?
RESPOSTA
Nota-se, portanto, que para fins de IRPJ é mais favorável que a empresa se enquadre no
Lucro Presumido.
Nem todas as empresas, porém, podem optar pelo lucro presumido, apenas empresas com
receita menor do que R$78.000.000, não financeiras (como bancos, corretoras, seguradoras
etc.), não podem receber lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior e não
podem usufruir de benefícios fiscais.
A Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) é muitas vezes agrupada junto com o
Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ), tendo em vista que ambos possuem como
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base de cálculo o lucro da empresa.
Assim como o IRPJ, a CSLL tem três formas de apuração: Simples, Lucro Presumido e Lucro
Real. A regulamentação é a mesma do IRPJ, e a alíquota é de 9%. Por isso, é comum dizer
que o imposto sobre o lucro das empresas é de 34% (9% da CSLL e 25% do IRPJ).
RESPOSTA
PIS/COFINS
As contribuições PIS e Cofins, embora tenham objetivos diferentes (um é para o pagamento do
PIS, e a outra para a Seguridade Social) são normalmente tratadas juntas, pois possuem os
/
mesmos fatos geradores e as mesmas bases de cálculo.
No regime cumulativo, o cálculo é bem simples: aplica-se a alíquota de 3,65% (3% a título de
Cofins e 0,65% a título de PIS) sobre a receita bruta da empresa, que seria a base de cálculo
nesse regime cumulativo. Já no regime não cumulativo, o valor é de 9,25% (7,6% a título de
Cofins e 1,65% a título de PIS), mas exclui-se do valor final do imposto os créditos obtidos nas
compras de produtos ou serviços.
Fonte: Shutterstock.com
Um passo importante para a empresa que importa produtos de origem estrangeira é que ela
deve habilitar-se para operar no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex),
procedimento regido pela Instrução Normativa RFB n. 1.603/2015.
IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO
SISBACEN
Por via de regra, a alíquota do Imposto de Exportação é de 30%, mas o governo federal pode
decidir aumentá-la ou reduzi-la de acordo com sua política externa e/ou cambial. Ressalta-se,
porém, que a alíquota do Imposto de Exportação nunca poderá ser superior a 150%.
O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incide nas seguintes etapas da produção:
transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento (ou recondicionamento), ou
renovação (ou recondicionamento).
Artesanato;
Construção civil;
Energia elétrica.
O IPI também pode ser encarado como um imposto utilizado como regulador pelo governo
federal, que pode aumentar o IPI de produtos aos quais queira desestimular a compra, ou
reduzir o tributo a fim de incentivar o consumo.
O fato gerador do Imposto Territorial Rural (ITR) é definido como o domínio útil ou a posse do
imóvel, localizado fora do perímetro urbano do município.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) R$62.500,00
B) R$68.000,00
/
C) R$200.000,00
D) R$625.000,00
E) R$850.000,00
A) R$16.250,00
B) R$75.000,00
C) R$85.000,00
D) R$91.250,00
E) R$231.250,00
GABARITO
1. Uma empresa do Lucro Presumido do setor de comércio teve uma receita anual de
R$2.500.000,00. Considerando uma alíquota do IRPJ de 25%, quanto essa empresa
pagou de IRPJ/CSLL nesse ano?
A alíquota para calcular a base de cálculo a fim de encontrar o valor devido tanto de IRPJ
quanto de CSLL para empresas comerciais é de 8%. Ou seja, a base de cálculo do IRPJ seria
de 8% aplicado sobre o valor da receita, o que daria o valor de 8% x R$2.500.000,00 =
R$200.000,00. Como o exercício pede para aplicar o valor de 25% no IRPJ, a carga tributária
total seria de 25% + 9% = 34%. Portanto o valor devido é de 34% x R$200.000,00 =
R$68.000,00.
2. Uma empresa do Lucro Presumido do setor de comércio teve uma receita anual de
R$2.500.000,00. Quanto essa empresa comercial pagou de contribuições PIS/Cofins
nesse ano?
/
A alternativa "D " está correta.
MÓDULO 3
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Portanto, se um consumidor do estado de Pernambuco comprar um produto do estado de São
Paulo, o ICMS será recolhido em Pernambuco.
Por causa disso, e também do fato que cada estado possuir a sua regulamentação legal, esse
é o imposto mais complexo de cálculo. Com as vendas via Internet ficou cada vez mais comum
a prática de vender para diferentes estados, o que faz com que uma empresa tenha que, em
caso extremo, recolher o ICMS em todos as 27 unidades da federação, cada uma com suas
regras e alíquotas específicas.
ATENÇÃO
Essas alíquotas interestaduais variam entre 7% e 12%, mas as estaduais variam entre 17% e
20% (no caso do Rio de Janeiro, estado com o maior ICMS do Brasil). Essa diferença entre as
alíquotas, chamado de Difal (diferencial de alíquotas) é recolhida no estado de destino, a fim de
manter a igualdade tributária.
Normalmente, os tributos são calculados “por fora”, mas o ICMS é calculado “por
dentro”, ou seja, considera-se o valor do imposto na sua base de cálculo.
EXEMPLO
Suponhamos que há uma empresa comercial, em um estado com alíquota do ICMS de 18%,
que realizou uma venda com as seguintes características:
Tendo em vista que a alíquota do imposto é de 18%, devemos dividir o valor da Nota Fiscal por
/
0,82 (100% - 18%) antes de aplicar a alíquota:
R$2.800,00/0,82 = R$3.414,63
R$3.414,63 x 18% = R$614,63
Portanto, o valor do ICMS a pagar seria de R$614,63. Note que a diferença entre R$3.414,63 e
o valor de R$2.800,00 é justamente o valor de R$614,63, e por isso esse tipo de cálculo é
chamado de “por fora”. Note ainda que, nesse caso, a alíquota real foi de 21,95%, que é a
razão entre o imposto de R$614,63 e o valor original da Nota Fiscal. Caso o imposto fosse “por
dentro”, o valor do ICMS seria de R$2.800,00 x 18% = R$504,00, e o valor da Nota Fiscal seria
de R$2.800,00 + R$504,00 = R$3.304,00 em vez de R$3.414,63.
O ICMS também funciona por meio do sistema de créditos, no qual a empresa poderá
descontar o ICMS pago anteriormente para evitar o chamado “efeito cascata”. No exemplo
anterior, a empresa comprou R$2.000,00 de produtos, gerando um crédito de 18% do ICMS
que já foi pago anteriormente, de modo que a empresa deverá pagar o valor de:
Por fim, devemos falar da Substituição Tributária (ST). Esse é o regime pelo qual a
responsabilidade pelo ICMS devido em relação às operações ou prestações de serviços é
atribuída do contribuinte substituído ao contribuinte substituto. Ou seja, a obrigação de um
contribuinte que deveria recolher o ICMS é transferida a outro contribuinte. Essa legislação
varia de estado para estado e não nos aprofundaremos nela.
EXEMPLO
Uma empresa de São Paulo vende uma mercadoria para o Rio de Janeiro e, nesse caso, a
alíquota interestadual é de 12%, a alíquota de São Paulo é de 18% e a alíquota do Rio de
Janeiro é de 20%. Ela pagou R$10.000,00 pelo produto. Logo em seguida ela revendeu o
produto por R$15.000,00 (sem incluir nesse valor o ICMS) para o consumidor final no próprio
Rio de Janeiro. Qual é o valor de ICMS que a empresa pagará nessas operações?
Como a empresa comprou de São Paulo para o Rio de Janeiro, a empresa fluminense terá de
pagar o DIFAL de 20% - 12% = 8% para o Rio de Janeiro, e poderá utilizar os 12% como
crédito de ICMS. Ou seja:
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• DIFAL = 8% x R$10.000,00 = R$800,00
• Crédito do ICMS = 12% x R$10.000,00 = R$1.200,00
Porém, como ela tem créditos de ICMS no valor de R$1.200,00, pagará o valor de R$3.750,00
– R$1.200,00 = R$2.550,00.
Juntamente com esse imposto, podem estar associadas outras taxas, como a de licenciamento
anual e a de vistoria do veículo. As regulações variam de estado para estado.
O Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação, também conhecido como ITCMD, assim
como o ICMS e o IPVA também é de competência estadual. É popularmente conhecido como o
“imposto de herança”, pois o fato gerador desse imposto é a morte e a transmissão do bem aos
seus herdeiros. Em diversos estados, inclusive, a alíquota do imposto varia com o grau de
parentesco do contribuinte.
Além disso, como diz o nome do imposto, outro fato gerador que enseja na incidência dessa
obrigação tributária é a doação, agrupada com a herança justamente por ser, em geral, um
instrumento de planejamento sucessório muito utilizado, principalmente por empresas
familiares, com a doação (ou venda por valor simbólico) de participação acionária do sucedido
a seu(s) sucessor(es).
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TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA ESTADUAL –
TIPOS E CARACTERÍSTICAS
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IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS
O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, também conhecido como ISSQN, ou mais
comumente chamado de Imposto sobre Serviços, ou pelo acrônimo ISS, é um imposto de
competência municipal (e do Distrito Federal), que incide, como diz o próprio nome, sobre
serviços de qualquer natureza prestados em território nacional (conforme vimos anteriormente,
os serviços prestados em território estrangeiro contribuem como ICMS de competência
municipal).
O fato gerador é, portanto, a prestação de serviços, a base de cálculo é o valor cobrado pelo
serviço prestado e a alíquota varia conforme municípios e atividades, mas, normalmente, fica
na casa de 2% a 5%. Diferentemente do ICMS, ele é calculado “por fora”.
Essa parte da lei está sendo judicializada junto ao Supremo Tribunal Federal devido ao fato
que isso criaria uma obrigação de difícil operacionalização, tendo em vista que há mais de
5.000 municípios no Brasil e o recolhimento do ISS em cada um deles seria extremamente
dispendioso para as empresas.
Para fins de exemplificação, suponhamos que uma empresa tenha prestado um serviço no
valor de R$10.000,00 e a alíquota do ISS é de 5%. Nesse caso, o ISS a recolher seria de
R$10.000,00 x 5% = R$500,00.
O Imposto Predial e Territorial Urbano, mais conhecido como IPTU, é cobrado dos proprietários
de imóveis urbanos pelos municípios. O fato gerador é a propriedade de imóvel em perímetro
urbano, e o imposto é de periodicidade anual.
A base de cálculo do IPTU é o valor arbitrado do imóvel pela prefeitura e a alíquota varia de
acordo com o valor da propriedade e de acordo com a legislação municipal. Por ser um
imposto que o proprietário de um imóvel repassa para o locatário, todas as empresas tendem a
ser contribuintes do IPTU, mesmo que a propriedade seja própria ou alugada. /
IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS
IMÓVEIS
O Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis, mais conhecido como ITBI, é cobrado dos
compradores de imóveis pelos municípios. O fato gerador é a transmissão de propriedade do
imóvel dentro do município, e o imposto é devido apenas quando o imóvel muda de
proprietário.
É importante lembrar que o ITBI só é devido em transmissão inter vivos (compra ou doação),
ou seja, se for herança ou inventário, o imposto correto é o ITCMD, imposto de competência
estadual.
Fonte: Shutterstock.com
SIMPLES NACIONAL
O Simples Nacional é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de
tributos aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte, previsto na Lei
Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Os tributos unificados no Simples Nacional
são IRPJ, CSLL, PIS/Cofins, IPI, ICMS, ISS e Contribuição Previdenciária.
Todos esses impostos são calculados e pagos em apenas uma guia. Isso facilita muito o
cálculo de tributos e o seu recolhimento por microempresas e empresas de pequeno porte, que
deixam de se preocupar com o pagamento para os diferentes entes.
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SAIBA MAIS
Para ser considerada microempresa, é necessário que a receita anual seja inferior a
R$360.000,00. Já para ser considerada empresa de pequeno porte, deve-se ter receita anual
superior a R$360.000,00 e inferior a R$4.800.000,00. Além disso, as atividades ― listadas no
Cadastro Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) ― devem ser compatíveis com o
cadastro no Simples Nacional.
Os requisitos para MEI são: ter receita máxima de R$81.000,00 por ano (R$6.750,00 por mês),
não ser sócio de nenhuma outra empresa, possuir no máximo um emprego registrado, e que o
CNAE da ocupação esteja entre as ocupações elegíveis para se fazer parte do MEI (por
exemplo, via de regra, serviços regulados e/ou que precisem de ensino superior para serem
prestados não podem se registrar como MEI, tais como engenheiros, advogados, médicos,
etc.).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) R$216,00
C) R$144,00
D) R$360,00
E) R$439,02
A) R$250.000,00
B) R$150.000,00
C) R$100.000,00
D) R$50.000,00
GABARITO
1. Uma empresa realiza a venda de um produto que ela havia comprado por R$1.200,00.
O valor da nota foi de R$ 2.000,00 (já incluso o valor do ICMS) e não houve a incidência
de IPI. A alíquota do ICMS que ela deve recolher é de 18%. Levando em consideração
que a empresa não possui outros créditos de ICMS, qual é o valor do ICMS a ser
recolhido por essa empresa comercial?
Tendo em vista que o valor da nota já inclui o do ICMS, precisamos descobrir o valor da nota
sem o ICMS a partir da seguinte fórmula: X/0,82 = R$2.000,00, logo X = 0,82 x R$2.000,00 =
R$1.640,00. Portanto, o ICMS da nota é de R$2.000,00 – R$1.640,00 = R$360,00. Porém, a
/
empresa possuía créditos de ICMS no valor de R$1.200,00 x 18% = R$216,00. Portanto, o
ICMS a ser recolhido é de R$360,00 – R$216,00 = R$144,00.
O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, mais conhecido como Imposto sobre
Serviços ou ISS, é calculado sobre o valor bruto da despesa, portanto, o valor do imposto deve
levar em consideração como base de cálculo o valor da receita bruta de R$5.000.000,00.
Sobre esse valor, é aplicado o percentual na alíquota de 5%, totalizando R$250.000,00 de
imposto devido.
MÓDULO 4
INTRODUÇÃO
Até este momento, consideramos os aspectos financeiros dos tributos dos três tipos de entes:
federais, estaduais e municipais, tais como os fatos geradores, as bases de cálculo e as
alíquotas. A partir de agora, iremos considerar como é realizado o tratamento contábil desses
tributos.
5 de agosto
D – Despesa Tributária = R$50,00 (5% x R$1.000,00)
C – Tributos a Recolher = R$50,00
20 de setembro
D – Tributos a Recolher = R$50,00
C – Caixa e Equivalentes = R$50,00
Note, portanto, que após o pagamento contabilizou-se a despesa contra a conta de caixa, já
que houve a saída de recursos da entidade que estavam no caixa para o pagamento desse
imposto.
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Fonte: Shutterstock.com
Um outro ponto importante é que a empresa também pode conseguir ativos por meio de
créditos tributários. Isso é comum quando a empresa possui créditos de ICMS obtidos
mediante compras de produtos ou com pagamentos a maior de Imposto de Renda, que
acontecem quando a empresa tem prejuízo ao fim do ano, mas recolheu tributos em algum
trimestre durante o ano.
São contabilizados como ativos pela entidade, pois vão reduzir o tributo a ser pago no futuro.
São normalmente contabilizados como Ativo Circulante, pois os créditos são normalmente
utilizados em menos de 12 meses em empresas comerciais.
De acordo com o CPC 32: “Ativo fiscal diferido é o valor do tributo sobre o lucro recuperável em
período futuro relacionado a: (a) diferenças temporárias dedutíveis; (b) compensação futura de
prejuízos fiscais não utilizados; e (c) compensação futura de créditos fiscais não utilizados”.
Ainda de acordo com o CPC 32, o ativo fiscal diferido é reconhecido no período em que
surgem as diferenças temporárias dedutíveis.
EXEMPLO
Vamos supor que no dia 2 de julho a empresa compre um produto no valor de R$1.000,00, e o
venda no dia 8 de agosto com margem de lucro de 50% sobre o valor de R$1.000,00. O ICMS
/
incidente foi de 18% tanto na entrada quanto na saída, e realizou o pagamento do ICMS no dia
10 de setembro. Considere que não houve a incidência de nenhum outro imposto. Qual foi o
valor de venda do produto? E quais foram os lançamentos contábeis?
A empresa quer vender o produto, sem o ICMS, a R$1.500,00. Como o ICMS é de 18%, ela
deverá pagar R$1.500,00/0,82 – R$1.500,00 = R$329,27. Porém, como a empresa tinha
crédito de ICMS no valor de R$180,00 (18% aplicado sobre o valor de compra de R$1.000,00),
o valor de venda deve ser de R$1.500,00 + R$329,27 – R$180,00 = R$1.649,27, com o valor
de R$149,27 sendo recolhido pela empresa a título de ICMS.
Lançamentos contábeis
2 DE JULHO
8 DE AGOSTO
10 DE SETEMBRO
2 DE JULHO
D – Estoque = R$820,00
D – ICMS a Recuperar = R$180,00
C – Caixa e Equivalentes = R$1.000,00
8 DE AGOSTO
/
10 DE SETEMBRO
Note que, do ponto de vista do caixa da empresa, ela teve os seguintes lançamentos:
Como seria, então, o valor do produto caso a margem de lucro da empresa não considerasse o
valor de caixa, mas o valor contabilizado no estoque, i.e., excluindo o valor do ICMS pago na
compra?
Nesse caso, a empresa teria como margem o valor de 50% x R$820,00 = R$410,00. O valor
que a empresa cobraria seria de R$1.000,00 + R$410,00 = R$1.410,00 sem o ICMS.
Considerando o ICMS, o valor seria de R$1.410,00/0,82 – R$1.410,00 = R$309,51, mas como
a empresa possui créditos de ICMS de R$180,00, o valor do ICMS a recolher seria de
R$129,51. Portanto, o valor do produto seria de R$1.539,51.
Lançamentos contábeis
2 DE JULHO
8 DE AGOSTO
10 DE SETEMBRO
2 DE JULHO
/
D – Estoque = R$820,00
D – ICMS a Recuperar = R$180,00
C – Caixa e Equivalentes = R$1.000,00
8 DE AGOSTO
10 DE SETEMBRO
Portanto, a empresa tem de decidir, no seu planejamento, como calcular a margem de seus
produtos, considerando ou o valor pago (i.e., considerando o valor do dispêndio de caixa), ou o
valor do bem no estoque. Essa diferença tem impacto direto na política de preços dos
produtos, como pudemos ver.
/
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
Como a empresa possui uma obrigação, ela deverá ser reconhecida no Passivo. O valor a ser
reconhecido no Passivo é de R$2.500,00 x 4% = R$100,00.
O valor do crédito de ICMS é de 18% x R$2.750,00 = R$ 495,00. Esse valor deverá ser
contabilizado pela empresa como Ativo Circulante, pois ela tem o direito de recuperar esse
/
tributo na venda do produto, e como trata-se de uma empresa comercial, pressupõe-se que ela
efetuará a venda em curto espaço de tempo, ou seja, em até 12 meses.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, você aprendeu sobre os principais tributos, federais, estaduais e municipais, com
foco em empresas da área comercial. Foram abordadas a decisão entre ser enquadrada no
Lucro Real ou no Presumido, bem como o tratamento contábil desses tributos, além do caso de
tributos diferidos.
Além disso, abordamos outros tipos importantes de impostos que, não necessariamente, são
comuns para empresas comerciais, tais como o Imposto sobre Produtos Industrializados ou o
Imposto sobre Serviços. Foi dada atenção especial ao Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços, muito importante para as empresas do ramo comercial.
REFERÊNCIAS
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DECRETO-LEI Nº 1.578, DE 11 DE OUTUBRO DE 1977. Presidência da República ― Casa
Civil ― Subchefia para Assuntos Jurídicos
EXPLORE+
Para quem quiser se aprofundar nos aspectos minuciosos dos tributos brasileiros, é
recomendável a leitura da obra Manual de Contabilidade Tributária, 9ª edição, de Paulo
Henrique Pêgas, considerada a mais completa da área.
CONTEUDISTA
Rodrigo de Oliveira Leite
CURRÍCULO LATTES