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A casa do rio finalmente ficou silenciosa após a estridente festa de Solstício de Inverno, as

luzes feéricas escurecendo para lançar pequenas piscinas de ouro em meio à sombra profunda
da noite mais longa do ano.
Amren, Mor e Varian finalmente foram para a cama, mas Azriel se viu demorando lá
embaixo.
Ele sabia que deveria dormir um pouco. Ele precisaria quando amanhecesse, para a guerra
de bolas de neve na cabine. Cassian mencionou nada menos que seis vezes esta noite que
tinha um plano secreto sobre sua chamada vitória iminente. Az deixou seu irmão se gabar.
Especialmente desde que Azriel estava planejando sua própria vitória há um ano.
Cassian não saberia o que estava por vir para ele. E Az planejou capitalizar totalmente o fato
de que Nestha provavelmente não deixaria Cassian dormir muito hoje à noite.
Az riu para si mesmo, para às sombras ouvindo ao seu redor.
Durma, elas pareciam sussurrar no ouvido dele. Durma.
Eu queria poder, ele respondeu silenciosamente. Mas o sono raramente o encontrava
atualmente.
Muitos pensamentos afiados o cortavam a qualquer momento que ele permanecia parado o
suficiente para que eles atacassem. Muitos desejos e necessidades deixaram sua pele
superaquecida e esticada através de seus ossos. Então ele dormia apenas quando seu corpo
desistia, e mesmo assim apenas por algumas horas.
Azriel analisou a sala vazia, presentes e fitas entrelaçando os móveis. Cassian e Nestha não
reapareceram lá embaixo, embora isso não tenha sido surpresa. Ele estava feliz por seu irmão,
mas ainda assim...
Azriel não conseguiu deter. A inveja no seu peito. De Cassian e de Rhys.
Ele sabia que seria engolido por ela se fosse até seu quarto, então ele permaneceu aqui, na
luz moribunda do fogo.
Mas mesmo o silêncio pesava muito, e embora as sombras o fizessem companhia, como
sempre fizeram, como sempre fariam, ele se viu saindo da sala. Entrando no saguão.
Passos macios acolchoados soaram sob o arco da escada, e lá estava ela. As luzes feéricas
douraram o cabelo solto de Elain, fazendo-a brilhar como o sol ao amanhecer. Ela parou, sua
respiração presa na garganta.
“Eu...”, Ele a assistiu engolir. Ela segurava um pequeno presente nas mãos. “Eu estava vindo
deixar isso na sua pilha de presentes. Esqueci de dar a você mais cedo.”
Mentira. Bem, a segunda parte foi uma mentira. Ele não precisava de suas sombras para ler
o tom dela, a leve contração do seu rosto. Ela ia esperar até que todos estivessem dormindo
antes de se aventurar no andar de baixo, onde ela deixaria seu presente entre os outros
presentes abertos, sutil e despercebido.
Elain encurtou a distância, e sua respiração acelerou quando ela parou novamente, agora a
um pequeno passo longe. Ela estendeu o presente amarrado, sua mão tremendo. “Aqui.”
Az tentou não olhar para seus dedos com cicatrizes enquanto pegava o presente. Ela não
tinha trazido um presente para seu parceiro. Mas ela tinha trazido Azriel um no ano passado —
um pó para dor de cabeça que ele manteve em sua mesa de cabeceira na Casa de Vento. Não
para usar, só para olhar. O que ele fazia todas as noites, quando ele dormia lá. Ou quando
tentava dormir lá.
Azriel desembrulhou a caixa, olhando para o cartão que simplesmente dizia “Você pode
achar isso útil na Casa atualmente”, e depois abriu a tampa.
Duas bolhas de tecido pequenas em forma de feijão estavam dentro. Elain murmurou,
“Você os coloca em seus ouvidos, e eles bloqueiam qualquer som. Com Nestha e Cassian
morando lá com você...”
Ele riu, incapaz de suprimir o impulso. “Não é à toa que você não queria que eu o abrisse na
frente de todos.”
A boca de Elain se contraiu em um sorriso. “Nestha não apreciaria a piada.”
Ele lhe ofereceu um sorriso de volta. “Eu não tinha certeza se deveria lhe dar o seu
presente.”
Ele deixou o resto não dito. Porque o parceiro dela estava aqui, dormindo no andar de cima.
Porque seu parceiro esteve na sala e Azriel precisou ficar perto da porta o tempo todo porque
ele não suportava a visão, o cheiro do vínculo da parceria deles, e precisava ter a opção de sair
se isso tornasse demais para aguentar.
Os grandes olhos castanhos de Elain piscaram, bem cientes de tudo isso. Assim como ele
sabia que ela também sabia porque Azriel raramente vinha a jantares em família hoje em dia.
Mas hoje à noite, aqui no escuro e na quietude, sem ninguém para ver... Ele puxou a
pequena caixa de veludo das sombras ao seu redor. Abriu para ela.
Elain sugou um hálito suave que sussurrou sobre sua pele. Suas sombras retrocederam ao
som. Elas sempre foram propensas a desaparecer quando ela estava por perto.
O colar dourado parecia comum — sua corrente ordinária, o amuleto minúsculo o suficiente
para que pudesse ser descartado como um charme diário. Era uma rosa pequena e plana feita
de vitrais, projetada para que, quando mantida à luz, a verdadeira profundidade das cores se
tornasse visível. Algo de beleza secreta e adorável.
“É lindo”, ela sussurrou, levantando-o da caixa. A luz feérica dourada brilhou através das
pequenas facetas de vidro, fazendo o charme brilhar com tons de vermelho e rosa e branco.
Azriel deixou suas sombras tirarem a caixa enquanto ela dizia suavemente: “Coloque-o em
mim?”.
A cabeça dele ficou quieta. Mas ele pegou o colar, abrindo o fecho enquanto ela expôs suas
costas, varrendo o cabelo em uma mão para desnudar seu pescoço longo e cremoso.
Ele sabia que era errado, mas lá estava ele, deslizando o colar ao redor dela. Deixando seus
dedos com cicatrizes tocarem sua pele imaculada. Deixando-os escovar o lado da garganta,
saboreando a textura macia de veludo. Elain tremeu e ele levou muito tempo prendendo o
fecho.
Os dedos de Azriel permaneceram em sua nuca, no topo do primeiro botão de sua coluna
vertebral. Lentamente, Elain girava em seu toque. Até que sua palma da mão ficou plana
contra o pescoço dela.
Nunca tinha ido tão longe. Eles trocaram olhares, o toque ocasional dos dedos, mas nunca
isso. Nunca toque flagrante e irrestrito.
Errado — era tão errado.
Ele não se importava.
Ele precisava saber como era o gosto da pele do pescoço dela. Como era o gosto daqueles
lábios perfeitos. Os seios dela. O sexo dela. Ele precisava que ela gozasse em sua língua —
O pau de Azriel se tencionou atrás da calça, doendo tão ferozmente que mal conseguia pensar.
Ele orou para que ela não espreitasse. Rezou para que ela não entendesse a mudança no
cheiro dele.
Ele só se permitiu ter esses pensamentos na calada da noite. Só tinha permitido que sua
mão masturbasse seu pau e pensasse nela então, quando até mesmo suas sombras tinham ido
dormir. Como esse rosto bonito pareceria quando ele entrasse nela, que sons ela faria.
Elain mordeu o lábio inferior, e foi preciso cada grama de repressão de Azriel para evitar
colocar seus próprios dentes lá.
“Eu deveria ir”, disse Elain, mas não fez nenhum movimento para sair.
“Sim”, disse ele, seu polegar varrendo longos golpes ao longo do lado da garganta dela.
Sua excitação subiu até ele, e seus olhos quase rolaram de volta na cabeça para o doce
cheiro. Ele imploraria de joelhos por uma chance de prová-lo. Mas Azriel apenas acariciou seu
pescoço novamente.
Elain estremeceu, se aproximando. Tão perto que uma respiração profunda encostaria os
seios contra o peito dele. Ela olhou para ele, seu rosto tão confiante, esperançoso e aberto que
ele sabia que ela não tinha ideia de que ele tinha feito coisas indescritíveis que manchavam
suas mãos muito além de suas cicatrizes.
Coisas tão terríveis que era um sacrilégio para seus dedos tocar sua pele, manchando-a com
sua presença.
Mas ele poderia ter isso. Esse único momento, e talvez um gosto, e seria isso.
“Sim”, Elain respirou, como se ela lesse sua decisão. Só esse gosto na calada da noite mais
longa do ano, onde só a Mãe poderia testemunhá-los.
A mão de Azriel deslizou acima de seu pescoço, se enterrando no seu cabelo fino. Virando
seu rosto do jeito que ele queria. A boca de Elain se separou levemente, seus olhos varrendo
os seus antes de fechá-los.
Oferenda e permissão.
Ele quase grunhiu com alívio e necessidade quando ele abaixou sua cabeça em direção a
dela.
Azriel.
A voz de Rhys trovejou através dele, parando-o apenas há alguns centímetros da doce boca
de Elain.
Azriel.
O comando implacável encheu seu nome, e Azriel olhou para cima.
Rhysand estava no topo da escada. Encarando-os.
Meu escritório. Agora.
Rhys desapareceu, e Azriel foi deixado de pé diante de Elain, que ainda esperava seu beijo.
Seu estômago se torceu enquanto ele puxava a mão da mão dela e recuou. Forçar-se a dizer,
“Isso foi um erro”.
Ela abriu os olhos, dor e confusão guerreando neles antes de sussurrar, “Sinto muito”.
“Você não– Não se desculpe”, ele conseguiu dizer. “Nunca se desculpe. Deveria ser eu que
deveria...” Ele balançou a cabeça, incapaz de enfrentar o vazio que ele trouxe a sua expressão.
“Boa noite”.
Azriel se dissipou em sombras antes que ela pudesse dizer algo, aparecendo em frente as
portas do escritório de Rhys um batimento cardíaco depois. Suas sombras sussurraram em seu
ouvido que Elain tinha subido as escadas.
Rhys estava sentado a sua mesa, fúria como uma noite sem lua em seu rosto. Ele perguntou
suavemente, “Você está maluco?”
Azriel vestiu a máscara congelada que ele aperfeiçoou enquanto estava no calabouço de
seu pai. “Eu não sei do que você está falando.”
O poder de Rhys rasgou a sala como uma nuvem escura. “Estou falando de você, prestes a
beijar Elain, no meio de um corredor onde qualquer um poderia vê-lo”, ele rosnou. “Incluindo
minha parceira”.
Azriel endureceu. Deixou sua raiva fria subir à superfície, a raiva que ele só deixava Rhysand
ver, porque ele sabia que seu irmão poderia se igualar. “E se o Caldeirão tiver errado?”
Rhysand piscou. “E a Mor, Az?”.
Azriel ignorou a pergunta. “O Caldeirão escolheu três irmãs. Diga-me como é possível que
meus dois irmãos estejam com duas dessas irmãs, mas a terceira foi dada a outro.” Ele nunca
se atreveu a falar as palavras em voz alta.
O rosto de Rhys drenou de cor. “Você acredita que merece ser o parceiro dela?”
Azriel se emburrou. “Acho que Lucien nunca será bom o suficiente para ela, e ela não tem
interesse nele, de qualquer maneira.”
“Então você vai o quê?” A voz de Rhys era puro gelo. “Seduzi-la para longe dele?”
Azriel não disse nada. Ele não tinha chegado tão longe com seu planejamento, certamente não
além das fantasias em que ele se agradou.
Rhys rosnou, “Permita-me deixar algo bem claro. Você vai ficar longe dela.”
“Você não me mandar fazer isso.”
“Oh, eu posso, e eu vou. Se Lucien descobrir que você ainda a perseguindo, ele tem todo o
direito de defender seu laço como ele achar melhor. Incluindo evocar o Duelo de Sangue.”
“Essa é uma tradição da Corte Outonal.” A batalha até a morte era tão brutal que somente
era decretada em casos raros. Apesar de ser um intruso, Azriel já quis invocá-lo quando ele
encontrou Mor todos aqueles anos atrás. Estava pronto para desafiar tanto Beron quanto Eris
para o Duelo de Sangue e mata-los. Só o direito de Mor de reclamar a cabeça deles em
vingança o segurou de fazê-lo.
“Lucien, como filho de Beron, tem o direito de demanda-lo a você.”
“Eu vou derrotá-lo com pouco esforço.” Pura arrogância envolvia cada palavra, mas era a
verdade.
“Eu sei.” Os olhos de Rhys piscaram. “E você fazendo isso vai partir qualquer frágil paz e
alianças que temos, não só com a Corte Outonal, mas também com a Corte Primaveril e Jurian
e Vassa.” Rhys expôs os dentes. “Então você deixará Elain em paz. Se você precisa fuder
alguém, vá para uma casa de prazeres e pague por uma, mas fique longe dela.”
Azriel rosnou.
“Rosne o quanto quiser.” Rhys se recostou na cadeira. “Mas se eu te ver ofegando atrás
dela de novo, eu vou te fazer se arrepender.”
Rhys raramente ameaçava punições ou uma demissão. Chocou Azriel o suficiente para que
ele saísse da sua raiva.
Rhys indicou a porta com o queixo, “Saia”.
Azriel dobrou as asas e saiu sem dizer outra palavra, seguindo pela casa e o gramado da
frente para sentar-se na luz estelar gelada. Deixou a geada em suas veias combinar com o ar
ao seu redor.
Até que ele não sentiu nada. Era, novamente, nada.
Então ele voou para a Casa do Vento, sabendo que se dormisse na casa do rio, faria algo
que se arrependeria. Ele estava tão vigilante em se manter longe de Elain o máximo possível, e
ficou aqui para evitá-la, e hoje à noite... esta noite provou que tinha razão em fazê-lo.
Ele almejava o ringue de treinamento, cedendo à necessidade de resolver a tentação, a
raiva, a frustração e a necessidade compulsiva.
Ele o achou já ocupado. Suas sombras não o avisaram.
Era tarde demais para sumir sem parecer que ele estava fugindo. Azriel pousou no anel a
poucos metros de onde Gwyn praticava na noite gelada, sua espada brilhando como gelo ao
luar.
Ela parou no meio do golpe, girando para encara-lo. “Sinto muito. Eu sabia que todos vocês
iam para a casa do rio, então eu não achei que ninguém se importaria se eu subisse, e—”.
“Está tudo bem. Eu vim pegar algo que esqueci.” A mentira era suave e tranquila, como ele
sabia que seu rosto também era. Suas sombras a espiaram sob suas asas.
A jovem sacerdotisa sorriu — e Azriel pensou que poderia ter sido direcionado para suas
curiosas sombras. Mas ela só enganchou o cabelo castanho atrás de uma orelha arqueada. “Eu
estava tentando cortar a fita.” Ela apontou com a espada para a fita branca, que parecia brilhar
em prata.
“Você não está com frio?” Sua respiração nublou na frente dele.
Gwyn deu de ombros. “Uma vez que você se move, pare de perceber.”
Ele balançou a cabeça, e o silêncio caiu. Por um batimento cardíaco, seus olhares se
encontraram. Ele bloqueou a memória sangrenta que piscava, então, bem diferente da Gwyn
que ele viu a sua frente.
A cabeça dela se abaixou, como se estivesse se lembrando também. Que foi ele quem a
encontrou naquele dia em Sangravah. “Feliz Solstício”, disse ela, tanto em despedida quanto
em felicitação.
Ele bufou. “Você está me expulsando?”
Os olhos azul-petróleo de Gwyn piscaram de alarme. “Não! Quero dizer, não me importo de
compartilhar o ringue. Eu só... Eu sei que você gosta de ficar sozinho.” Sua boca se afastou
para o lado, amassando as sardas no nariz. “É por isso que você veio aqui?”.
Mais ou menos. “Esqueci algo”, ele a lembrou.
“Às duas da manhã?” Pura diversão brilhou em seu olhar. Melhor do que a dor e a tristeza
que ele havia espionado um momento antes. Então ele lhe ofereceu um sorriso torto. “Não
consigo dormir sem minha adaga favorita.”
“Um conforto para cada criança em crescimento.” Os lábios de Azriel se contraíram. Ele se
absteve de mencionar que realmente dormia com uma adaga. Muitas adagas. Incluindo uma
debaixo do travesseiro.
“Como foi a festa?” Sua respiração se enrolou na frente de boca e uma de suas sombras se
lançou para dançar com ele antes de girar de volta para ele. Como se ouvisse música
silenciosa.
“Foi bem”, disse ele, e percebeu um batimento cardíaco mais tarde que não era uma
resposta socialmente aceitável. “Foi tudo bem.”
Não muito melhor. Então ele perguntou, “Você e as sacerdotisas tiveram uma celebração?”
“Sim, embora o serviço tenha sido o principal destaque.”
“Entendi”.
Ela inclinou a cabeça, o cabelo brilhando como metal fundido. “Você canta?”.
Ele piscou. Não era todos os dias que as pessoas o pegavam de surpresa, mas... “Por que
você pergunta?”.
“Eles te chamam de encantador de sombras. É porque você canta?” (A piada aqui é que
encantador de sombras em inglês é “shadowsinger” e “singer” significa “cantor”).
“Eu sou um encantador de sombras — não é um título que alguém inventou.”
Ela deu de ombros novamente, irreverentemente. Az estreitou os olhos, estudando-a. “Mas
você faz?”, ela pressionou. “Cantar?”.
Azriel não pode evitar sua risada macia. “Sim”. Ela abriu a boca para perguntar mais, mas
ele não teve vontade de explicar. Ou demonstrar, já que certamente era isso que ela pediria a
seguir. Então Az empurrou o queixo até a espada pendurada na mão dela. “Tente cortar a fita
novamente.”
“O quê? — com você assistindo?”
Ele concordou.
Ela considerou, e ele se perguntou se ela diria não, mas Gwyn soprou a respiração,
equilíbrando os pés e o balanço, e cortou. Um golpe bonito e preciso, mas não partiu a fita.
“De novo”, ele ordenou, esfregando as mãos contra o frio, grato por sua mordida
fortificante e pela distração desta lição improvisada.
Gwyn cortou novamente, mas a fita permaneceu inflexível.
“Você está girando a lâmina uma fração à medida que ela se aproxima do chão.” Azriel
explicou, desembainhando sua lâmina Illyriana de suas costas. “Assista.” Ele lentamente
demonstrou, girando o pulso onde ela o fez. “Você vê como se abre aqui?” Ele corrigiu sua
posição. “Mantenha seu pulso assim. A lâmina é uma extensão de seu braço.”
Gwyn tentou o movimento tão devagar quanto ele, e ele a observou se auto corrigir,
lutando contra a mania de abrir o seu pulso e girar a lâmina. Ela fez isso três vezes antes de
parar de cair no mau hábito. “Eu culpo Cassian por isso. Ele está muito ocupado olhando para
Nestha para notar tais erros atualmente.”
Azriel riu. “Eu te dou razão nisso.”
Gwyn sorriu amplamente. "Obrigada."
Azriel mergulhou a cabeça em um esboço de reverência, algo agitado se instalando nele.
Até mesmo suas sombras se acalmaram. Como se se contentassem em relaxar nos seus
ombros e assistir.
Mas — dormir. Ele precisava pelo menos tentar.
“Feliz Solstício”, disse Azriel antes de se voltar para o arco da Casa. “Não fique muito mais
tempo aqui fora. Você vai congelar.”
Gwyn balançou a cabeça em despedida, novamente encarando a fita. Um guerreiro
avaliando um oponente, todos os vestígios dessa irreverência encantadora se foram.
Azriel entrou no calor da escada e, ao descer, poderia ter jurado um canto fraco e bonito o
seguiu. Poderia ter jurado que suas sombras cantavam em resposta.
Ele dormiu tão bem quanto o esperado, mas quando Azriel retornou à casa do rio para
pegar seus presentes antes do amanhecer, ele achou o colar de Elain entre as pilhas. Ele o
guardou. Passou o resto do seu dia, mesmo durante a barulhenta luta na neve, com toda a
intenção de devolve-lo para o Palácio de Linhas e Joias.
Mas quando ele retornou da cabine das montanhas, ele não foi ao mercado.
Ao invés disso, ele se encontrou na livraria abaixo da Casa de Vento, parado em frente a
Clotho enquanto o relógio bateu sete da manhã.
Ele escorregou a pequena caixa através da sua mesa. “Se você ver Gwyn, você daria isso a
ela?”
Clotho inclinou sua cabeça encapuzada, e sua caneta encantada escreveu em um pedaço de
papel, “Um presente de Solstício de você?”
Azriel encolheu os ombros. “Não conte a ela que veio de mim.”
“Por quê?”
“Ela precisa saber? Só conte a ela que foi um presente de Rhys”
“Isso seria uma mentira.”
Ele evitou o desejo de cruzar os braços, não querendo parecer intimidante. Ele bloqueou a
memória que brilhou — de sua mãe se encolhendo diante de seu pai, o macho de pé com os
braços cruzados de tal forma que o fez parecer desgostoso antes de abrir sua boca odiosa.
“Olhe, eu...” Az procurou as palavras, sua voz ficando quieta. “Se houver outra sacerdotisa
aqui que possa apreciá-lo, dê a ela. Mas não vou levar esse colar comigo quando sair.”
Ele esperou pela caneta encantada de Clotho terminar de escrever. “Seus olhos estão
tristes, Encantador de Sombras.”
Ele ofereceu a ela um sorriso triste. “Eu perdi a guerra de bolas de neve hoje.”
Clotho era esperta o suficiente para ver através da sua mudança de assunto. Ela escreveu, “Eu
darei a Gwyn. Direi a ele que foi um amigo que o deixou para ela.”
Ele não iria tão longe ao chamar Gwyn de amiga, mas... “Tudo bem. Obrigado.”
A caneta de Clotho se moveu mais uma vez. “Ela merece algo tão bonito quanto isso. Eu que
te agradeço pela alegria que isso dará a ela.”
Algo brilhou no peito de Azriel, mas ele somente acenou em agradecimento e saiu. Mas ele
podia imaginar, enquanto subia as escadas de volta a propriedade da Casa. Como os olhos
azul-petróleo de Gwyn poderiam acender ao ver o colar. Por qualquer que fosse a razão... Ele
conseguia ver.
Mas Azriel escondeu o pensamento, conscientemente apagando o leve sorriso que ele
trouxe ao seu rosto. Enterrou as imagens bem fundo, onde brilhou silenciosamente.
Algo de beleza secreta e adorável.

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