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Processo Dialéctico entre o Homem e o Meio - transformação do meio pelo homem e deste pelo
meio. Isto significa que se estabelecem relações nos dois sentidos, isto é, relações de
interdependência. O Homem, como ser actuante, à medida que atinge estádios superiores de
conhecimento, exerce uma maior acção sobre o seu ambiente, garantindo assim a sua sobrevivência e
aumentando a qualidade de vida, o bem estar, a inteligência, entre outros. A natureza condiciona
também o homem.
A Realidade Social é una, não se encontrando compartimentada. Mas para que todas as suas vertentes
possam ser estudadas e aprofundadas com uma fácil análise pelas diferentes ciências, está
artificialmente compartimentada. Todas as ciências sociais se ocupam da mesma realidade social mas
são distintas entre si devido ao seu ponto de vista ou leitura própria, fornecendo uma visão parcelar
da realidade. Se conhecermos todas essas visões parcelares, então obteremos uma compreensão mais
correcta e profundas do fenómeno social analisado, ou seja, a realidade social é tão complexa, tem
uma tão grande diversidade de situações, de fenómenos, que é necessário recorrer à
pluridisciplinaridade como atitude metodológica a tornar para a análise dos factos e fenómenos sociais
por forma a adquirir um conhecimento mais profundo e correcto da realidade. A realidade é portanto
pluridimensional, pois é passível de várias abordagens.
Complementaridade entre as diferentes ciências - para se poder chegar a uma visão e compreensão
total do fenómeno em causa, torna-se imprescindível que as várias análises parcelares se completem
umas às outras. As Ciências Sociais são reciprocamente complementares, pois a leitura que cada uma
faz da realidade social completa ou complementa as leituras feitas pelas outras ciências.
Interdependência entre as diferentes ciências - uma vez que os múltiplos aspectos dos fenómenos
sociais não são mais do que diferentes aspectos de uma só realidade social (uma unidade sob a
diversidade (ou diferenciação) das disciplinas), eles não podem ser independentes uns dos outros; pelo
contrário, eles interferem entre si.
Os diferentes aspectos de um fenómeno interferem entre si na explicação desse mesmo fenómeno. A
complexidade da sociedade actual exige o recurso às várias disciplinas relacionando-as entre si de
forma a adquirir um conhecimento mais profundo da realidade social e de modo a que este
conhecimento seja o mais próximo possível da verdade.
Fenómeno Social Total - são todos os fenómenos sociais, pois todos eles são plurifacetados e
resultantes da complexidade das relações sociais, podendo ser objecto de estudo de várias disciplinas
para melhor compreender o fenómeno. Todos eles têm implicações em diferentes níveis do real
(sociológico, económico, religioso, etc.).
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
Objecto da Sociologia - Factos sociais - situações que ocorrem na vida social entre os grupos e
instituições sociais (nomeadamente as relações recíprocas - relações estabelecidas entre os indivíduos
duradouramente resultantes de determinadas funções sociais desempenhadas). Estes factos estudados
dividem-se em: - acção social (como existem e são mantidas as colectividades humanas e como se liga
o indivíduo a essas colectividades); - organização social (como se organizam e estruturam os quadros
sociais da vida humana); - mudança social (como se produz a evolução das sociedades humanas).
Os factos sociais são relativos, pois um facto social só faz sentido quando está integrado no
contexto natural e social onde ocorre; verificam-se num determinado espaço e tempo, sendo
condicionados pelos elementos do próprio contexto. Os factos sociais são também exteriores aos
indivíduos, pois existem fora das consciências individuais (a sociedade impõe aos indivíduos modelos
de comportamento (determinadas maneiras de pensar, sentir e agir) independentemente da sua
vontade).
Sociologia Geral - estuda o funcionamento da sociedade, a sua evolução, a mudança social, isto de
um ponto de vista global e geral.
Sociologia Especializada - estuda mais aprofundadamente os aspectos particulares sociais (influência
das forças sociais sobre o comportamento dos indivíduos em grupo (escola, família, etc.).
Método da Sociologia: - Atitude Científica - a Sociologia como ciência estuda a realidade de forma
objectiva, procurando estabelecer causas e relações entre os fenómenos. Utiliza o método científico,
conduzindo por isso à formação de ciências.
- Atitude Ideológica - pronuncia juízos de valor relativamente aos fenómenos em estudo. Esta atitude
valorativa não tem em conta o estudo científico dos factos, originando o aparecimento de doutrinas.
O Método Científico como método de estudo dos fenómenos sociais foi defendido por Auguste
Comte, considerado como o “pai da Sociologia”.
Antes de Auguste Comte, as análises/investigações não aprofundavam todas as vertentes dos
fenómenos, havia uma tendência para se formularem apreciações de carácter ético-valorativo
(considerações não válidas cientificamente, pois o cientista recorria normalmente a princípios
normativos e filosóficos para explicar um fenómeno).
Comte então “desenvolveu” a Sociologia como ciência social, defendendo o Método Científico para
o estudo dos problemas sociais. Deste modo, o cientista no seu trabalho de investigação deverá
percorrer várias etapas, onde o confronto das suas propostas com as diferentes provas de validação
darão validade científica às soluções apontadas.
O Método Científico é constituído por 4 fases: a Observação, a Formulação de Hipóteses, a
Experimentação e por fim a Conclusão.
Deste modo passou a existir uma ordem, uma organização na pesquisa científica.
No entanto, o Método Científico não permite prever o comportamento individual, só se aplica
unicamente em relação à generalidade da população. Nas ciências naturais um acontecimento é
sempre verificável, mas nas ciências sociais as leis só se aplicam na generalidade dos casos
(representam uma tendência do comportamento da população mas esse comportamento poderá ser
incerto, isto devido à complexidade dos fenómenos sociais). É o caso de um objecto que é mais
procurado quando está na moda. Este comportamento verifica-se em relação à generalidade da
população, mas não se pode verificar caso a caso, pois nem todos os indivíduos irão procurar esse
objecto pelo facto de ele estar na moda.
Uma ciência social procura a verdade objectiva, então o sociólogo terá de utilizar uma atitude
objectiva no estudo dos fenómenos. Para isso ele deverá estudar os fenómenos ou factos sociais como
“coisas”, isto é, terá de se colocar perante os factos (nos quais ele próprio está envolvido devido ao
seu relacionamento dentro dos grupos sociais) com um certo distanciamento, de modo a que a
investigação não seja influenciada pelos seus sentimentos e envolvimento na sociedade,
principalmente pelos juízos de valor (opiniões pejorativas ou favoritismo) e outros factores externos,
os quais distorceriam a realidade.
O sociólogo deverá fundamentar as suas conclusões com base na observação e experimentação,
utilizando o método científico para que análise da realidade seja objectiva.
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
- A COMPREENSÃO E A EXPLICAÇÃO -
Para se atingir o rigor científico, será necessário testar, na fase da experimentação, todas as
hipóteses explicativas e utilizar diferentes técnicas para a análise do fenómeno estudado.
Deste modo será obtida uma conclusão mais rigorosa no ponto de vista científico.
Gurvitch distingue três tipos de formas de sociabilidade, de acordo com uma maior ou
menor intensidade do processo de fusão parcial, a qual depende do grau de solidariedade
entre os membros:
- Massas - caracterizam-se pela fraca intensidade da solidariedade (este sentimento nasce,
geralmente, da participação semelhante em certos valores) ou baixo grau de consciência da
ligação das partes ao “todo”, pela alguma proximidade psicológica entre os elementos
integrantes e uma predisposição potencial para a acção conjunta quando a ocasião surge,
podendo existir uma espécie de capacidade para compreender os outros. Um exemplo de
Massas será a Moda - as pessoas consomem um determinado produto influenciadas pelas
massas.
- Comunhões - caracterizam-se pela solidariedade e forte intensidade da consciência da
ligação dos elementos ao grupo, fazendo com que, em determinadas situações de grande
emoção, os indivíduos sejam capazes de passar à acção, anulando-se pelo todo (as
personalidades individuais e as suas interiorizações atenuam-se a favor dos comportamentos
comuns). Nas comunhões os elementos estão em harmonia e em sintonia, sacrificando-se pelo
“Todo”, actuando em favor do grupo onde se inserem.
- Comunidades - caracterizam-se pela intensidade média da consciência da ligação dos
elementos ao “todo” e pela existência de agrupamentos estruturados, estáveis e permanentes
que tenham por base um certo elemento material comum: um território, uma vivência de
acordo com um estilo próprio e o respeito pelas mesmas tradições, crenças, ideias, costumes,
etc. Isto constitui o seu “património” com uma base cuja única significação é ser propriedade
indivisível de cada um dos membros da comunidade.
É o oposto da sociabilidade por fusão parcial. Neste caso os elementos (mesmo que actuem
em conjunto) agem em função do seus interesses individuais e na salvaguarda da sua
personalidade. Esta acção em conjunto resulta de uma situação em que os interesses do grupo
convergem. Predomina a individualidade, mesmo que haja uma conjugação de forças para se
atingir um determinado objectivo. As pessoas não estão motivadas para defender o todo (uma
causa comum). O atributo parcial que caracteriza esta forma de sociabilidade é a oposição não
ser permanente nem total, por isso não há antagonismo. É uma heterogeneidade parcial que
não se aplica unicamente aos relacionamentos que impliquem lutas, conflitos, delimitações
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
SOCIABILIDADE E ASSOCIAÇÃO/DISSOLUÇÃO
Processos Dissociativos - processos de relação com outrem que constituem casos particulares
da sociabilidade por oposição parcial. A oposição não é geral mas é orientada.
Os Processos Dissociativos são constituídos por:
- Oposição - Quando um elemento do grupo impede outro de atingir os seus objectivos. É o
exemplo, a nível político, dos partidos da oposição em relação ao governo.
- Conflito - No conflito cada elemento do grupo tenta prejudicar o adversário, destruindo-o,
enquanto que na oposição o objectivo não é prejudicar mas sim impedir o outro membro do
grupo de atingir os seus objectivos. Quando este conflito se verifica entre classes há uma luta
de classes; quando se verifica entre nações teremos uma guerra.
- Competição - Na competição cada elemento tenta superar o outro nos seus objectivos. Ao
contrário da oposição e do conflito, não se pretende impedir ou anular o outro elemento, mas
sim atingir mais depressa os mesmos objectivos com base no esforço pessoal.
TIPOS DE AGRUPAMENTOS
COLECTIVIDADES ESTRUTURADAS
TIPOS DE GRUPOS
RELACIONAMENTO
apresentados por esse grupo padrão que se deseja pertencer. Quanto maior for a proximidade
desses padrões, mais se julga estar próximo do grupo de referência.
(dura enquanto existir uma justificação da presença dos elementos num determinado lugar). É
o caso, por exemplo, das pessoas que aguardam a chegada do autocarro. Uma multidão pode
dar origem a um ajuntamento.
Ajuntamento - caracteriza-se pela motivação individual dos indivíduos a reunirem-se com
outros; é estabelecido um processo de comunicação de que resultam comportamentos
expontâneos, não estruturados e imprevisíveis (são partilhados pontos de vista, emoções,
reacções e atitudes colectivas); os elementos estão próximos fisicamente e psicologicamente,
dependendo o grau de proximidade da causa do ajuntamento; alguns conjuntos de indivíduos
estimulam a reacção colectiva; as reuniões têm duração temporária ou muito limitada. É o
caso, por exemplo, das pessoas que aguardam a chegada do autocarro e que assistem a um
acidente, dando início a um processo de comunicação entre elas, partilhando opiniões e
sentimentos.
2º- Público:
- conjunto de pessoas reunidas na mente do observador, que têm a característica de se
interessar por determinado bem (material, cultural, artístico, etc.) e para quem uma
determinada campanha publicitária é planeada e dirigida, por exemplo.
–––//–––
O tipo de cultura condiciona a maneira de pensar, agir e fazer as coisas, pois face a uma
determinada situação, um indivíduo reage de acordo com o seu sistema de elementos culturais
espirituais e materiais.
ELEMENTOS DE CULTURA:
- Espirituais (elementos abstractos) - compreendem as ideias, crenças, normas, valores, usos e
costumes do grupo. Deste conjunto ressalta, pela sua importância, os valores, pois toda a
vivência colectiva se realiza e se ajuíza em função deles. A actividade do indivíduo é
condicionada pelas ideias do bem e do mal, da justiça, da beleza, da liberdade, etc. Há ainda a
referir que estes traços espirituais são transmitidos de geração em geração e reconhecidos ou
aceites por cada um de nós.
- Materiais - são as obras realizadas, as técnicas ou os instrumentos de trabalho do grupo que
lhe permitem controlar a Natureza (garantindo a sua sobrevivência) e exprimir o universo
espiritual do homem. Essencialmente, os traços materiais são a maneira de fazer as coisas
(modo de actuar e de realizar as coisas).
Estes elementos, ao fazerem parte integrante da cultura, não podem ser separados, pois
entre eles há uma interacção dialéctica mutua, o que produz a cultura.
Os elementos espirituais condicionam as acções ou o comportamento dos indivíduos (ex.:
os povos que não podem comer carne de vaca, a qual é sagrada), enquanto que os elementos
espirituais condicionam directamente os elementos espirituais da cultura, o que é verificável
nas situações de ruptura histórica e social. A inovação tecnológica que permitiu ao Homem
dominar a Natureza acarretou diversas alterações nas ideias e nos valores sociais. É o
exemplo da evolução do conceito de “aldeia global”, o qual permitiu o contacto entre
culturas, levando a uma alteração das normas, costumes, etc.
Cada grupo ou sociedade tem os seus padrões que se esperam que sejam respeitados pelos
comportamentos dos seus membros, os quais variam de sociedade para sociedade. Esses
comportamentos são exclusivos de cada grupo. Para que um grupo se preserve, as condutas
individuais deverão assemelhar-se, obedecendo a um conjunto de normas próprias (a um
padrão social) que defendam e garantam a ordem social; caso contrário, a vida em grupo será
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
Folkways - são as “maneiras normais de fazer as coisas” para cada comunidade, sendo
portanto traços culturais. São estes traços ou padrões culturais que distinguem as
comunidades, sendo transmitidos de geração para geração (entre os membros dessa
comunidade).
As novas gerações absorvem os folkways quer por ensinamento deliberado, quer por
observação directa e por tomar parte na vida em relação a eles, tornado-se portanto esses
folkways num modo de vida. Para a criança, os hábitos de outras culturas vão-lhe parecer
estranhos e pouco práticos, situação que se verificará do mesmo modo na outra cultura.
Deste modo, as normas e regras exteriores ao indivíduo são-lhe imputadas
independentemente da sua vontade, sendo o respeito por elas obrigatório para que o indivíduo
seja reconhecido e aceite como membro do grupo.
Valores - são as concepções gerais do que é o bem para uma comunidade e legitimam os
modelos e as regras de funcionamento das comunidades, mantendo a coesão social.
Os valores:
- são ideias que exprimem qualidades, conduzindo as pessoas a agir de acordo com
determinados ideais;
- são ideias que inspiram juízos de valor (exemplos de valores: coragem, justiça, o bem, etc.;
juízos de valor - julgamentos que se emitem em relação a condutas ou comportamentos à luz
de determinados valores (ex.: o ser bonito/feio, ser bom/mau, etc.) );
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
- servem de guia para as condutas, e estas são sempre julgadas à luz desses valores;
- são relativos - cada sociedade tem os seus próprios valores de acordo com os seus ideais;
- reflectem sempre uma certa carga afectiva porque estão relacionados com os sentimentos;
- encontram-se dispostos segundo uma ordem hierárquica, porque a mesma pessoa pode
revelar diferentes valores de acordo com os papéis que exerce e com o contexto em que se
encontra integrado (ex.: um pai tem um filho que fez algo mau, mas o facto se ser filho vai
influenciar a decisão do pai; mas se quem tivesse feito algo de mau fosse outra pessoa, a
situação poderia ser diferente).
Cada cultura possui um carácter exclusivo devido aos seus padrões culturais próprios, tipos
formais e categorias de comportamento individual e colectivo que condicionam, explicam e
explicitam as atitudes no e do grupo. Esta exclusividade e relativismo cultural de cada grupo
muitas vezes é desconhecida ou não é entendida, por isso desde sempre tem havido o
impedimento de que alguns grupos aceitem a existência de outros para além do deles, pois o
seu grupo é único e superior. Esta situação denomina-se por Etnocentrismo Cultural
(atitude baseada na convicção de que o povo a que se pertence, com as suas crenças, tradições
e valores, é um modelo a que tudo deve referir-se), sendo característica dos grupos fechados.
Esta situação está na base dos preconceitos (nomeadamente os raciais) associados à
superioridade.
que um indivíduo nasce que é ensinado a comportar-se e a reagir em cada situação segundo as
normas.
Por vezes essas normas não são acatadas de forma pacífica, ocorrendo deste modo desvios à
normalidade, ou seja, surgem comportamentos desviantes (comportamentos que se
diferenciam dos padrões considerados “normais”, pondo em causa a coesão social).
Por vezes a ordem social é ameaçada pelos comportamentos desviantes, os quais são
eficazmente anulados pelo grupo em que esses comportamentos se verificam.
Para combater estes desvios e manter a ordem social o grupo recorre a mecanismos de
controlo social que podem ser de vários tipos:
- controlo físico - ex.: bofetada, algemas, carícias;
- controlo legal ou institucional - ex.: tribunal, leis, regulamentos;
- controlo organizativo ou grupal - ex.: chefe, departamento, horário, toque escolar;
- controlo psicológico - ex.: elogio, crítica, remorso, efeitos de uma recompensa.
Estes mecanismos de controlo social podem ter uma função repressora, orientadora ou
educadora, sendo exercidos na sua maioria pelos grupos secundários e mistos (há neste
aspecto uma cooperação entre as instituições para esse efeito, nomeadamente as escolas,
famílias, TV, polícia, justiça, etc.). Deste modo o grupo vai exercer um certo
constrangimento social sobre os seus membros de modo a prevenir estes comportamentos
desviantes, pois submete os indivíduos às normas do grupo, impedindo-o de realizar actos
contrários a essas normas. Por vezes este constrangimento social é insuficiente, recorrendo-se
por isso a coacções físicas, como por exemplo a pena de morte.
Existem muitas formas de sanções utilizadas pelas sociedades para prevenir e/ou corrigir os
comportamentos desviantes dos seus membros. Podem ter a forma de:
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
Deste modo, podemos definir Controlo Social como o conjunto de meios utilizados pela
sociedade em geral e pelos grupos em particular para obterem a harmonia entre o
comportamento dos seus membros e as normas, valores e padrões estabelecidos pelo grupo.
Uma criança quando nasce não possui cultura, embora ela rapidamente assimile as maneiras
de pensar e agir do grupo. Deste modo a criança, no seu desenvolvimento físico e intelectual,
é “modelada” pelos valores e normas do grupo em que se insere, adquirindo os seus modelos
de comportamento. Deste modo os indivíduos surgem como o produto de uma cultura. Esta
cultura é imposta pelo exterior ao indivíduo, sendo transmitida por herança, como se fosse um
bem patrimonial.
Por outro lado, a cultura, ao ser a forma como um grupo se expressa e se realiza, recebe de
cada geração novas normas e valores, sendo portanto cumulativa e evolutiva. Deste modo a
cultura vai-se alterando ao longo do tempo pelos grupos, os quais a herdam como um
património, trabalhando-a. Então, como um indivíduo, sendo um produto de uma cultura,
pode alterar essa cultura, sendo então também um produtor da cultura.
O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO
A criança ao nascer é um ser sem cultura, a qual vai adquirindo à medida que toma contacto
com o ambiente do grupo em que está inserida, pois ela vai tomando consciência do que lhe é
exterior, repetindo e imitando atitudes e comportamentos de outros indivíduos (sendo estes na
fase inicial os seus familiares). Gradualmente a criança irá assimilando valores, normas,
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO
grupo familiar de importância vital para esse efeito. Nesta fase, a criança vai aprendendo
apenas o que os familiares fazem, sendo a socialização realizada pela via afectiva e
emocional, o que faz com que a criança (de modo inconsciente) se abra ao conhecimento e à
assimilação de novos conhecimentos.
Ao sairmos do grupo familiar, somos forçados a inserir-nos noutros grupos, continuando a
nossa aprendizagem. Nestes novos grupos surge a escola como o grande agente de
socialização, pois é lá que o jovem passa a maior parte do seu tempo. A escola tem a função
de fornecer os conhecimentos e desenvolver as capacidades da criança para que seja um ser
“útil” à sociedade.
Hoje em dia existe outro importante agente de socialização: os meios de comunicação de
massas, como é o caso da televisão, rádio, jornais, cinema, etc., os quais são poderosos
instrumentos de aprendizagem, pois inculcam-nos normas, crenças, valores, condutas, etc.
Deste modo, estes meios de comunicação têm o poder de nos moldar os comportamentos,
logo desde a nossa infância, pois a sua acção faz-se sentir desde logo no seio da sociedade.
chefe de família estes comportamentos são considerados como naturais, pois ao longo da sua
vida ele foi tomando conhecimento do papel de chefe de família e foi interiorizando os
comportamentos que lhe são próprios.
Deste modo, a sociedade espera de cada um de nós determinados comportamentos, dando-
se a estas expectativas da sociedade, relativamente ao nosso comportamento numa
determinada circunstância, a designação de Papel Social.
Como este papel social implica expectativas por parte dos outros intervenientes na relação
social, um papel existe apenas em relação com outros papéis, pois, por exemplo, o papel de
pai implica o papel de filho, o papel de médico implica o papel de doente, o papel de
professor implica o papel de aluno, etc.
No entanto, não é só a sociedade que espera determinado comportamento por parte de cada
membro no exercício das suas funções; cada um de nós também espera um determinado
comportamento por parte dos restantes membros da colectividade que se encontram em
idêntica situação. O comportamento que esperamos de um professor é o mesmo que esse
professor espera dos restantes professores, pois eles realizam funções idênticas. Por outro
lado (devido ao facto de um papel só existir em relação a outros papéis), esse professor
esperará dos seus alunos o cumprimento dos seus papéis.
Estas expectativas mútuas (o que se espera de nós e o que esperamos dos outros)
demonstram a relação dialéctica existente entre nós, os outros e a sociedade.
exporem a sanções). É o caso da Ordem dos Médicos, a qual tem um código específico de
comportamento que deverá ser cumprido pelos seus membros, caso contrário serão
censurados e provavelmente excluídos.
- Nas expectativas facultativas há uma liberdade relativa no seu respeito, pois não há
sanções. Neste caso os outros membros do grupo deixam simplesmente perceber ao infractor
que ele está agindo mal, sendo o escândalo e o medo de um escândalo uma sanção e um meio
de pressão.
Estas expectativas são normalmente compensadas por sanções positivas, recompensas e
prémios, enquanto que nas necessárias a lei é cumprida no caso de uma infracção, não
havendo portanto recompensa (um assaltante não é recompensado pelo facto de ter furtado e
sido preso); nas obrigatórias a pessoa limita-se a satisfaze-las cumprindo o seu dever (um
caixa que não comete um desfalque não é recompensado por isso). Nas facultativas, ao
desempenhar satisfatoriamente o seu papel, uma pessoa conquista êxito e sorrisos; ao
desempenhar bem o seu papel, ela coopera com o funcionamento da máquina social, e todo o
mundo mostra o seu reconhecimento.
O controlo social recorre mais às sanções positivas do que às negativas. Habitualmente
aparecem sanções de ordem jurídica, mas elas actuam mais frequentemente em função do
medo que provocam do que pela sua aplicação directa. O jogo social funciona por meio de
sanções positivas que têm o objectivo de estimular os indivíduos a desempenhar os seus
papéis o melhor possível. O indivíduo que tem por objectivo uma vida sem percalços ou que
deseja obter êxito no seu grupo social faz tudo para não decepcionar as expectativas dos
outros, desempenhando da melhor maneira possível o seu papel social. Deste modo ele vai
obter recompensas por fazer uma carreira fácil ou irá adquirir uma forma ou outra de
reconhecimento ou prestígio social.
originar situações de conflito entre os papéis desempenhados pelo indivíduo: por exemplo o
seu papel de funcionário poderá colidir com o de grevista.
Um indivíduo também se relaciona com outros quando desempenha as suas funções. Esses
outros indivíduos também desempenham os seus papéis, portanto existe um conjunto de
papéis que se pode definir como a totalidade dos papéis representados por determinado
indivíduo e pelos restantes a ele ligados, no desempenho de uma determinada função social.
Deste modo também pode haver, do mesmo modo que nos papéis múltiplos, conflitos entre o
conjunto de papéis.
Uma socialização correcta fará com que a multiplicidade de papéis que são atribuídos a um
indivíduo sejam cumpridos. No entanto, uma boa socialização não implica a inculcação rígida
de regras, o que poderia ser prejudicial e provocar frustração, mas deverá sim ser, enquanto
processo de aprendizagem de papéis, flexível de modo a permitir uma fácil integração de um
indivíduo em qualquer grupo.
A socialização é então um processo de aprendizagem de papéis, pois a integração de cada
um de nós nos diversos grupos a que pertencemos é tanto mais fácil quanto melhor tivermos
interiorizado os comportamentos típicos atribuídos ao papel que iremos desempenhar. É por
isso que, durante a infância, é ensinado às meninas a brincar com bonecas, a tratar da casa,
etc., isto com o objectivo de que elas venham a ser boas mães e boas donas de casa. Hoje em
dia as profissões escolhidas preferencialmente pelas mulheres (professoras, enfermeiras,
secretárias, etc.) ainda se encontram estreitamente ligadas ao seu processo de socialização.
A socialização é um processo que transmite aos indivíduos a cultura do grupo a que estão
ligados e o modelo de organização social vigente. O respeito pelas regras, papéis e estatutos
faz com que o indivíduo se acomode e se adeque às normas do grupo, portanto a socialização
tem um importante papel no processo de aceitação dos indivíduos que ocupam posições
diferentes numa sociedade estratificada.
Desde há muito que se faz uma diferenciação entre hierarquias de indivíduos e de funções.
Para Karl Marx, a sociedade era um conjunto de indivíduos que tinham uma comunhão de
sentimentos e de posição social (pontos em comum). Esta classe de indivíduos podia entrar
muitas vezes em conflito com a sociedade global, para eliminar as desigualdades e formar
uma sociedade sem classes sociais.
Existem hierarquias naturais que distinguem os indivíduos: os belos/feios, os sãos/doentes,
os jovens/velhos, etc. Estas poderão estar relacionadas com as hierarquias sociais (a profissão,
por exemplo), mas esta relação não é constante nem necessária.
A estratificação social pode ser definida pelas oportunidades que o indivíduo pode ter,
segundo a sua situação social, de receber em maior ou menor quantidade as coisas que, na
sociedade, têm valor ou de participar mais ou menos nos valores essenciais. Os indivíduos
que têm oportunidades mais ou menos iguais dentro de cada uma das hierarquias relativas a
um valor (riqueza ou prestígio, por exemplo) constituem um estrato.
Os critérios de estratificação social poderão ser:
- subjectivos - prestígio e imagem social (depende de uma avaliação feita por outra pessoa e
da avaliação que cada um faz de si próprio).
- objectivos - que se dividem em quantitativos (ou quantificáveis - ex.: riqueza, rendimento,
grau de escolaridade) e em qualitativos (ex.: raça, etnia, traços culturais).
Como a mobilidade social leva a uma mudança de estatuto, acarreta também novos papéis e
estatutos sociais. Esta não acontece de forma igual em todas as sociedades, pois depende dos
seus valores e critérios de estratificação.
As sociedades antigas são fortemente hierarquizadas, sendo os seus grupos fechados. Isto
leva a que a mobilidade social nessas sociedades seja muito dificultada, senão impossível,
pois será muito difícil para um indivíduo ou grupo libertar-se dos estatutos que lhe foram
atribuidos.
Uma das características das sociedades modernas é a mobilidade social, pois os novos
critérios de estratificação social não estão rigidamente implantados. O desejo de ascensão
social está sempre patente nas atitudes e realização dos indivíduos ou grupos. Esta mobilidade
social só é possível devido à abertura e menor rigidez dos estratos sociais. Entre eles existem
canais de acesso, principalmente a instrução, sendo permitida a competição. Nestas
sociedades, a ascensão social depende mais do mérito e talento individuais do que a
ascendência social, sexo, religião, etc.
Estas sociedades são desenvolvidas do ponto de vista económico, social e tecnológico, o
que levou à criação de novas profissões, novos postos de trabalho, etc., com a consequente
criação de novos estatutos (alterando o sistema de estratificação social).
Todavia, para que um indivíduo seja realmente aceite pelos membros do estrato a que ele
pretende ascender, é necessário que esse indivíduo assimile na sua mobilidade os elementos
culturais do novo estrato, de modo a agir segundo os respectivos padrões de comportamento.
Caso isso não se verifique, ele será olhado como um estranho ou um recém chegado, nunca
sendo considerado por isso como um igual. Portanto, num processo de mobilidade social, os
indivíduos são forçados a socializarem-se de acordo com os valores do grupo de referência a
que querem vir a pertencer e que lhes serve como referencial de comportamentos.
(dominantes) e inferiores (subordinados). Esta situação leva à ligação entre o estatuto social e
as sociedades estratificadas.
O estatuto social difere de indivíduo para indivíduo ou de grupo para grupo, consoante os
critérios de valor social vigentes e aceites pela sociedade, como por exemplo a cor, sexo,
idade, religião, etc. Deste modo, cada sociedade inculca aos seus elementos as características
próprias do grupo, tendo esses membros o dever de as aprender e aceitar. Deste modo, é
normal o estatuto de inferioridade da mulher face ao homem, do negro face ao branco ou do
jovem face ao adulto.
O estatuto social atribuído é o lugar que cada indivíduo ocupa nos diferentes grupos a que
pertence ou no conjunto da sociedade global e que lhe foi inquestionavelmente transmitido ou
atribuído. É o caso, por exemplo, de um estatuto de filho, herdeiro ou monarca que ascende
ao trono por via hereditária, o caso de um administrador de um conjunto de empresas que
sucede ao seu progenitor ou o factor cultural que determina à partida que a mulher terá a
função de “dona de casa”. Nestes casos, os indivíduos nada fizeram para terem direito ao
cargo ou posição social que ocupam. Esta situação é característica das sociedades tradicionais,
as quais têm falta de dinamismo e de abertura, logo são pouco permeáveis à mudança. Nelas,
os papéis e os estatutos sociais estão previamente distribuídos a determinados indivíduos que
apresentam os requisitos biológicos, sociais e culturais necessários. Isto vai retardar ou
condicionar a mudança, assegurando-se a reprodução social existente.
O estatuto social adquirido resulta por sua vez de um certo esforço dos indivíduos para o
alcançar. É o caso de um indivíduo casado, com profissão ou de um candidato a um cargo
político. Nestes casos, o indivíduo tem de agir para conseguir este novo estatuto. As
sociedades democráticas caracterizam-se pelas possibilidades que proporcionam aos seus
membros de adquirirem estatutos que lhes sejam mais favoráveis. É concedido, por exemplo,
aos jovens a possibilidade de estudar e adquirir os conhecimentos necessários a uma
profissão, de modo a que eles obtenham uma posição social e o respectivo estatuto superiores
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
aos dos pais. Claro que o subir numa hierarquia depende das capacidades (talento e
competência) do próprio indivíduo.
Assim, numa sociedade aberta (ainda que estratificada), há uma grande possibilidade de
mobilidade social, desde que o indivíduo respeite os valores e objectivos dela.
Desde há muito que se faz uma diferenciação entre hierarquias de indivíduos e de funções.
Já antes de Cristo, Aristóteles fazia uma hierarquização, ao afirmar que a população se
repartia por três grupos: os muito ricos, os medianamente ricos e os muito pobres.
Desde aí tem sempre havido uma tendência para hierarquizar a sociedade segundo
diferentes critérios: tipo de trabalho, riqueza, habilidades e capacidades, etc. Deste modo,
sempre houve grupos e indivíduos que ocupam posições específicas, havendo assim uma
atribuição de estatutos hierarquicamente dispostos. Esta hierarquização de estatutos vai
influenciar o modo como os indivíduos se relacionam entre si. O modo como um aluno se
dirige a um colega será (à partida) diferente de quando se dirige a um professor. Esta situação
leva a que, por exemplo, a comunicação entre um indivíduo e os outros que ele considera
como seus iguais seja muito mais fácil do que a comunicação com os restantes indivíduos,
quer sejam de estatutos superiores, quer inferiores. Isto deve-se ao conjunto de códigos
linguísticos e comportamentais que torna mais simples a comunicação entre os iguais.
A hierarquização social tornou-se necessária na sociedade moderna devido à sua
complexificação e desenvolvimento tecnológico, o que levou ao surgimento de inúmeras
funções sociais e à necessidade da atribuição de funções, deveres e privilégios diferentes aos
indivíduos. Esta hierarquização resulta dos critérios e valores estabelecidos e aceites pela
sociedade e que foram, na socialização, imputados nos indivíduos. O respeito por estas regras,
papéis e estatutos fazem com que o indivíduo seja posicionado hierarquicamente.
Existem hierarquias naturais que distinguem os indivíduos: os belos/feios, os sãos/doentes,
os jovens/velhos, etc. Estas poderão estar relacionadas com as hierarquias sociais (a profissão,
por exemplo), mas esta relação não é constante nem necessária.
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
Uma hierarquia supõe uma referência a valores: os homens podem ser mais ou menos belos,
ricos, virtuosos, influentes, etc., pois a beleza, a riqueza, a virtude, a influência são valores
que se podem situar numa escala de apreciação. Os valores que estão directamente
relacionados com o seu lugar na sociedade são os que se baseiam na ESTRATIFICAÇÃO
SOCIAL, a qual pode ser definida como a disposição hierárquica de indivíduos de um grupo
ou sociedade que apresentam características idênticas, dando-lhes a oportunidade, segundo a
sua situação social, de receber em maior ou menor quantidade as coisas que, na sociedade,
têm valor ou de participar mais ou menos nos valores essenciais. Os indivíduos que têm
oportunidades mais ou menos iguais dentro de cada uma das hierarquias relativas a um valor
(riqueza ou prestígio, por exemplo) constituem um ESTRATO. Esta hierarquização de
estatutos ou posições sociais vai levar a uma desigualdade tanto na divisão das coisas que têm
valor social como na participação nos valores sociais.
Como a estratificação social pressupõe determinada categoria, são necessários critérios para
que ela seja efectuada.
Normalmente os utilizados são os critérios económico (situação económica e financeira das
famílias, a qual deriva da desigual repartição dos bens e rendimentos da sociedade), político
(importância política de cada indivíduo ou grupo) e sócio-profis-sional (resultante da
diferente importância atribuida a cada profissão), os quais poderão ter elementos:
- subjectivos, os quais variam de sociedade para sociedade e de contexto para contexto,
baseando-se no prestígio e imagem social (depende de uma avaliação feita por outra pessoa e
da avaliação que cada um faz de si próprio).
- objectivos - são observáveis e mensuráveis, dividindo-se em quantitativos (ou quan-
tificáveis - ex.: riqueza, rendimento, grau de escolaridade) e em qualitativos (produ-zem uma
hierarquia escalonada de categorias discretas e delimitadas. Ex.: raça, etnia, traços culturais).
Portanto, existem inúmeros critérios, não havendo entre eles limites rígidos e precisos. Cada
sociedade possui os seus critérios de estratificação, os quais podem variar de grupo para
grupo ou podem não estar perfeitamente definidos. Muitas vezes é difícil enquadrar os
indivíduos num estrato social específico, pois a maior parte dos indivíduos pertencem a
estratos diferentes.
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
Para Marx, as classes sociais eram constituídas por indivíduos que, por existir entre eles
uma certa comunhão de aspirações e de papéis a desempenhar, se posicionavam em relação à
sociedade global, defendendo os seus interesses e liderando ou participando no poder.
Portanto, as classes sociais eram constituídas por indivíduos que representavam uma classe
em si e simultaneamente uma classe para si, a qual era consciente de si própria, tendo uma
capacidade de decisão e acção concertada e colectiva. As classes sociais dependiam da
instituição da propriedade, por isso haveria uma divisão entre a classe dos proprietários dos
meios de produção e a classe dos não proprietários. Marx defendia a abolição da propriedade
privada dos meios de produção, de modo a que houvesse uma sociedade sem classes. Isto
seria possível por meio de uma luta de classes (devido às desigualdades existentes), pois uma
classe só existe para si em oposição às outras. Por meio desta luta, a classe em si transformar-
se-ia num agente histórico.
Então, o conceito de classe social é diferente do de estrato social, pois uma classe social
representa uma divisão efectiva da sociedade que implica lutar contra a classe antagónica,
desde que essa classe tenha uma consciência científica e objectiva, enquanto que um estrato
social representa apenas uma divisão metodológica e ideológica que vai confrontar a posição
desse estrato com os outros.
Existem tantos estratos sociais quantos os critérios adoptados pela sociedade, os quais
variam no espaço e no tempo. É o caso dos factores raça, nobreza, religião, riqueza, etc.
Classes sociais só existem duas, as quais se definem segundo um critério real: a propriedade
dos meios de produção. Este critério é objectivo, pois o acto de produzir é indispensável à
sobrevivência dos indivíduos. Deste modo, segundo este critério, existem duas classes sociais:
a dos proprietários: burguesia, e a dos não proprietários: proletariado.
O conceito de classe social de Max Weber diverge do de Karl Marx no que respeita ao
papel da ideologia da criação das classes sociais. Para ele, uma classe social identifica-se com
a situação de classe dos indivíduos consoante a posição que ocupam na sociedade, de acordo
com os critérios (económico, social e político) que ele definiu.
Sorokin, por sua vez, caracteriza classe social como uma forma de grupo: - aberto mas, na
prática, semi-fechado; - solidário; antagónico, relativo a outros; - semi-organizado; em parte
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
ascensão social depende mais do mérito e talento individuais do que a ascendência social,
sexo, religião, etc.
Estas sociedades são desenvolvidas do ponto de vista económico, social e tecnológico, o
que levou à criação de novas profissões, novos postos de trabalho, etc., com a consequente
criação de novos estatutos (alterando o sistema de estratificação social).
Todavia, para que um indivíduo seja realmente aceite pelos membros do estrato a que ele
pretende ascender, é necessário que esse indivíduo assimile na sua mobilidade os elementos
culturais do novo estrato, de modo a agir segundo os respectivos padrões de comportamento.
Caso isso não se verifique, ele será olhado como um estranho ou um recém chegado, nunca
sendo considerado por isso como um igual. Portanto, num processo de mobilidade social, os
indivíduos são forçados a socializarem-se ou ressocializarem-se de acordo com os valores do
grupo de referência a que querem vir a pertencer e que lhes serve como referencial de
comportamentos.
Muitas vezes os novos grupos que dominam os novos processos de produção e de
informação tornam-se como grupos de referência para uma grande parte dos membros da
sociedade, enquanto os tradicionais grupos sociais privilegiados sentem o seu poder e estatuto
diminuir, sendo obrigados a resistir ou a adaptar-se.
Deste modo, surgem por vezes entre os diversos grupos relações de certo modo conflituais,
repercutindo-se nos indivíduos em geral. De um lado surgem os que, ao caminharem de modo
ascendente, defendem a mudança; do outro lado estão os que defendem a fidelidade e o
respeito pelas tradições, alertando para os perigos, incerteza e insegurança da mudança, do
novo, do desconhecido e elogiando as vantagens do antigo.
Assim, a acção dos agentes em cada momento e nomeadamente nas sociedades mais
modernas pode ser contraditória e conflitual, contribuindo para o acelerar ou retardar da
mudança.
É através da socialização que nos tornamos «iguais» e somos aceites pelos nossos «pares».
Então, a interiorização gradual das normas e valores do grupo pelo indivíduo fazem com que
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
ele seja aceite como membro, com iguais direitos e deveres no grupo. Essa interiorização
realiza-se ao longo de períodos longos e de forma tão natural que os indivíduos dificilmente
discutem esses valores apreendidos. Neste sentido, um eficaz processo de socialização é um
factor indispensável à aceitação total das normas e valores do grupo, contribuindo para a
respectiva reprodução social.
Simultaneamente, a socialização adquire também o estatuto de controlo social, na medida
em que ela impede que os indivíduos actuem de forma diferente da esperada (impede os
indivíduos de se afastarem das normas, isto é, de terem comportamentos desviantes). Assim, a
socialização contribui para a reprodução social, assumindo a natureza de uma verdadeira
forma de controlo social.
O contributo do processo de socialização para a reprodução social varia de sociedade para
sociedade, ou na mesma sociedade ao longo do tempo.
De facto o controlo social exercido pela socialização é mais eficaz numa sociedade fechada,
pois é nestas onde tudo se faz conforme as regras impostas, enquanto que numa sociedade
aberta aparecem novas formas de relacionamento em cada momento, originando-se novas
colectividades, normas e valores, o que vai exigir novos processos de socialização.
Uma formação social é sempre solicitada a produzir os bens necessários à sua sobrevivência
imediata, mas para que a sua continuidade seja assegurada, é necessário garantir também às
gerações futuras a possibilidade de produção para que se verifique a sua reprodução. Além da
reprodução material, a sociedade também deverá garantir a sua reprodução cultural e
ideológica, para que as relações de produção (cuja reprodução é essencial) não se
transformem, e com elas todas as características da formação social.
Caso uma formação social utilizasse em certo momento todos os seus recursos, não poderia
continuar a satisfazer as necessidades dos seus membros, pois a actividade produtiva viria a
terminar.
Portanto, para que a formação social se reproduza, ela deverá garantir a utilização dos
meios de produção nos anos vindouros, ou seja, os meios de trabalho (estradas, edifícios,
máquinas, terras, etc.) e os objectos de trabalho (matérias-primas e matérias auxiliares). Deste
modo, a actividade produtiva deverá não só produzir os bens essenciais à nossa subsistência
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
Uma formação social, além de assegurar a reprodução dos meios de produção e da força de
trabalho, também pretende ver reproduzido o seu modo de produção dominante. Por isso, a
reprodução social também reproduz o sistema de estratificação social que caracteriza a
formação social (portanto, é mantida a dominância das classes e estratos dominantes).
É necessário que se reproduzam as condições sociais de produção (as relações de
dependência e de subordinação estabelecidas entre os indivíduos ao longo do processo
produtivo) para que haja uma reprodução do modo de produção dominante. Portanto, a
reprodução social exige tanto a reprodução das forças produtivas (força de trabalho e meios
de produção) como também a reprodução das relações sociais de produção.
certa leitura do real, apresentando a cada grupo um sistema de ideias, crenças e valores
coerentemente organizado que traduz o que ele é e propõe a necessária orientação futura.
A cultura, por sua vez, abarca todo um conjunto de elementos de ordem espiritual e de
ordem material que influenciam, condicionam e explicam os comportamentos dos indivíduos
em sociedade.
A relação entre ideologia e cultura prende-se no facto da ideologia ser um conjunto de
ideias que explicam as “coisas”, portanto isto faz com que ela esteja contida na cultura; por
sua vez, a cultura (com base nos seus valores materiais e espirituais) condiciona o nosso
modo de actuar e agir - como só agimos em função das nossas ideias, a cultura está
relacionada com a ideologia.
A ideologia, ao traduzir uma certa leitura do real (pois apresenta a cada grupo um sistema
de ideias, crenças e valores organizados) torna-se o campo privilegiado de criação de novos
valores ou recriação dos velhos lidos com novo sentido.
Para além disto a ideologia é voluntária, pois apela para determinado tipo de acção. Se a
cultura e a ideologia revelam, ambas, da vida social, a ideologia adianta-se à cultura
exactamente na medida em que não propõe, apenas, a aceitação dos comportamentos sociais,
antes pode produzir acção não conformista. Todavia, ao condicionar e motivar
comportamentos, a ideologia enquadra-se no conceito sociológico de cultura. Portanto, a
ideologia é um dos elementos fundamentais da cultura.
2.2 - A IDEOLOGIA
comum à colectividade e de forma penetrante. A classe dominante usa diversos meios (entre
os quais sobressai a comunicação social) para a ideologia dominante penetrar na ideologia
dominada, impedindo o desenvolvimento das ideias da classe dominada.
Embora as ideias da classe dominante sejam as da classe dominada, existe na sociedade
uma produção científico-ideológica que registará as aspirações mais importantes da classe
dominada. Assim existe no seio da classe dominada um grupo de indivíduos que, conscientes
da sua posição, produzirão um sistema de representações que orientará a actuação da classe.
Então, como as ideologias não são mais do que os prolongamentos teóricos das classes
“rivais”, a oposição classe dominante/classe dominada deverá conduzir ao nascimento e
desenvolvimento do antagonismo ideologia dominante/ideologia dominada.
As práticas sociais das instituições vão-se sedimentado até constituírem formas “sólidas” de
procedimento. Assim, é possível identificar a instituição pelo reconhecimento dos seus
procedimentos institucionalizados. É o caso de uma luta entre dois boxeurs - é uma
instituição, mas a luta entre dois alunos de uma escola não é um procedimento instituído.
- as Necessidades Sociais de Base - as instituições são constituídas devido à existência de
necessidades. É o caso da escola, que dá resposta à necessidade de formação dos jovens.
- as Maneiras de Solucionar tais Necessidades - cada instituição tem a sua forma de dar
resposta às suas necessidades sociais de base. Ao identificar-mos as maneiras de solucionar as
necessidades de uma instituição, saberemos de que instituição se trata. É o caso da escola, a
qual responde às necessidades de formação dos alunos por meio das aulas, realização de
trabalhos de pesquisa, investigação prática, esclarecimento de dúvidas, etc.
Um último elemento institucional é formado pelos símbolos culturais, como uma aliança,
por exemplo, que tem a função de lembrar aos membros das instituições os seus papéis (neste
caso a aliança serve para recordar a um indivíduo o casamento...).
Só quando cada indivíduo se convencer de que o lugar que lhe foi destinado na formação
social é o único e legítimo lugar que deve ocupar, é que a reprodução das relações de
produção se encontra assegurada. A reprodução da força de trabalho exige, portanto, não só a
sua reprodução física, mas também a reprodução da sua submissão às normas e regras da
ordem estabelecida, isto é, à ideologia dominante na formação social.
Tal ideologia é-nos veiculada por inúmeras instituições com personalidade jurídica própria
que, não se confundindo com o estado, contribuem para a manutenção do status quo, mesmo
quando se antagonizam de forma pontual.
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
SOCIAL
Por outro lado, a escola também é um dos mais importantes agentes de socialização, pois
transmite conhecimentos e prepara os indivíduos para as funções solicitadas pela divisão
social do trabalho e pelos novos processos de produção, dadas as exigências no
desenvolvimento da sociedade industrial, assim como garante a reprodução do novo sistema
de estratificação e contribui para inculcar a ideologia dominante, no sentido se assegurar a
reprodução das relações de produção. As suas funções específicas são: a preparação dos
jovens para a vida activa; a familiarização dos jovens com os papeis sociais que irão
desempenhar; a contribuição para a mudança através da educação para a iniciativa e
criatividade e da investigação pedagógica; a estimulação da adaptação dos jovens à sociedade
através do processo de socialização.
Os meios de comunicação estão nos nossos dias, a par da escola, a tornar-se o meio mais
poderoso para veicular a ideologia dominante, no sentido de assegurarem a reprodução das
relações de produção, dada a natureza envolvente e penetrante dos processos utilizados para
chegar, em cada momento, a todos nós.
Os meios de comunicação social têm as seguintes funções: - como já foi referido e tal como
as instituições, são um meio de veicular a ideologia dominante, assegurando a reprodução
social; - servem para impor e legitimar o status social (conferem prestígio e autoridade); -
impõem normas sociais (revelam situações ou actos em desacordo com a norma ou moral
pública); - manipulam a opinião pública (controlam os seus comportamentos).
Controlo Social é o conjunto de processos sociais pelos quais uma sociedade impõe a ordem
social sobre os indivíduos e mantém a sua coesão. Para tal, tais processos constróem e
mantêm a organização social, formam a personalidade humana, socializando o indivíduo e
tornando-o responsável relativamente à sociedade que integram. No entanto, o controlo social
não é necessariamente conservador, pois pode preservar a unidade social na mudança,
levando cada indivíduo a desempenhar o seu papel numa evolução ou mesmo numa
revolução. Este controlo social tem um aspecto constrangedor, sendo inconscientemente
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
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MUDANÇA SOCIAL
Uma Mudança Social é uma qualquer alteração estrutural ou funcional ocorrida numa
organização social ou numa organização mental dos indivíduos ou grupos.
Uma mudança social deverá satisfazer certos requisitos. Deverá:
- ser um fenómeno colectivo, que afecte e implique um conjunto substancial de indivíduos
que verão, assim, alterados o seu modo e condições de vida;
- corresponder a uma mudança de estrutura e não a uma adaptação funcional das
estruturas existentes. Assim, tornar-se-á possível observar alterações profundas na forma de
organização social passíveis de comparação com as formas anteriores.
- ser possível identificá-la no tempo, o que nos permite detectar e descrever as alterações
estruturais a partir de um ponto de referência. Assim, a mudança social será a diferença
observável entre dois estados da realidade social.
- ser permanente. Qualquer evento passageiro, independentemente da sua força de pressão e
de desorganização social, não conduz à mudança social, pois os seus efeitos desaparecem
progressivamente com a adaptação funcional do sistema cultural existente.
RESUMO DA MATÉRIA DE SOCIOLOGIA
BOA SORTE!