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UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL

Escola da Saúde
Curso de Psicologia
Disciplina de Neurociências I: Anatomia e Fisiologia
Prof. Marc Strasser

Nome: Priscila Marchi dos Santos RA: 7176332 - 1BM


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Comunicação social no Espectro autista

Ao assistir uma série, novela ou filme, é comum observar algum personagem que é taxado como
esquisito, estranho, retardado, esse é o caso de Samuel, um adolescente autista de 18 anos
retratado na série Atypical. A série exibe cenas nas quais Sam sofre bullying e exclusão social
devido a falta de informação e preconceito de seus colegas de escola. A maioria das situações
envolvem o fato de Sam ser totalmente literal, possuir dificuldade em entender comunicação não
verbal e regras sociais. A hipersensibilidade auditiva significa que ele é mais sensível aos sons que
passam despercebidos pela maioria das pessoas, esta característica contribui com crises de
ansiedade reforçando o estereótipo de louco e estranho. Comportamentos repetitivos, interesses
intensos e persistentes também dificultam a sociabilidade de pessoas com o espectro autista.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma perturbação do neurodesenvolvimento presente


desde o início da infância que pode afetar inúmeras áreas cerebrais proporcionando variação nas
características sintomáticas. As características clínicas fundamentais que definem o autismo são a
deficiência social, dificuldades de comunicação, interesses restritos, fixos e intensos e
comportamentos repetitivos, que não são universais pois mudam segundo o nível cognitivo da
criança, a etapa de desenvolvimento em que se encontra e o tipo de estrutura social.

De acordo com o artigo “Características e Especificidades da Comunicação Social na


Perturbação do Espectro do Autismo” pessoas com autismo apresentam, de forma geral,
dificuldades de comunicação social. Isso ocorre devido ao fato das competências necessárias para o
envio de uma mensagem para um parceiro social apresentarem graves alterações, tais como a
atenção conjunta (direcionar a atenção de um parceiro social para objetos/acontecimentos/pessoas
objetivando compartilhar a experiência com essa pessoa), a capacidade de perceber o contexto
social alternando o olhar entre pessoas e objetos, a descrição de seu estado emocional para outros
(principalmente quando este é feito por meio de expressões faciais), o ato de interpretar as emoções
do próximo, utilização de gestos, tons de voz e contato físico.
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A produção científica também descreve a Teoria da Mente que considera as pessoas capazes de
atribuir estados mentais a elas mesmas e a outras pessoas e dessa forma podem predizer o
comportamento dos outros a partir das suas crenças, desejos e intenções representadas no estado
mental. O impulso inicial para esta capacidade representacional seria inato mas o processo de
representação dos estados mentais seria desenvolvido através da interação social, ou seja, a
dificuldade na representação mental aparece também na compreensão das relações humanas, que
é o ponto destacado no autismo.

O déficit na Teoria da Mente significa comprometimento na provisão de uma nova informação


baseada na compreensão da informação dita pelo interlocutor, ou seja, é difícil acrescentar novas
informações e estender tópicos de conversação longos devido ao fato da grande parte dos autistas
usarem a conversação para extrair informações que desejam descobrir e entender ao invés de a
utilizarem para a simples troca de informação.

A dificuldade em perceber intenções e pontos de vista juntamente com a interpretação literal são
empecilhos para interagir socialmente com um autista mas na série Atypical percebe-se que a
sociedade sustenta um estereótipo de perfeição, na qual, comportamentos diferentes não são
aceitos. Sam é ridicularizado porque usa fones de ouvidos anti ruído grandes mas eles são
necessários devido a hipersensibilidade auditiva, um adolescente de 18 anos usar uma camiseta de
baleia (está relacionado com os interesses restritos, fixos e intensos presentes no autismo) é motivo
de piada e a dificuldade em entender regras sociais e comunicações não verbais também alvo de
bullying.

O artigo comprova as dificuldades que os autistas enfrentam para interagir socialmente e a série
demonstra que é possível, que existe a possibilidade deles namorarem, casarem, terem amigos,
fazerem faculdade e morarem sozinhos. Conclui-se que a sociedade deve se adaptar para aceitar as
diferentes maneiras como os autistas se expressam a fim de se tornar inclusiva.

Referências Bibliográficas
REIS, Helena Isabel da Silva; PEREIRA, Ana Paula da Silva ;ALMEIDA, Leandro da Silva. (2016).
Características e Especificidades da Comunicação Social na Perturbação do Espectro do Autismo.
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